Instrucionismo Construcion Valente OK
Instrucionismo Construcion Valente OK
Instrucionismo Construcion Valente OK
Embora nesse caso o paradigma pedaggico ainda seja o instrucionista, esse uso do
computador tem sido caracterizado, erroneamente, como construtivista, no sentido
piagetiano, ou seja, para propiciar a construo do conhecimento na "cabea" do
aluno. Como se o conhecimento fosse construdo atravs tijolos (informao) que
devem ser justapostos e sobrepostos na construo de uma parede. Nesse caso, o
computador tem a finalidade de facilitar a construo dessa "parede", fornecendo
"tijolos" do tamanho mais adequado, em pequenas doses e de acordo com a
capacidade individual de cada aluno.
Com o objetivo de evitar essa noo errnea sobre o uso do computador na educao,
Papert denominou de construcionista a abordagem pela qual o aprendiz constri, por
intermdio do computador, o seu prprio conhecimento (Papert, 1986). Ele usou esse
termo para mostrar um outro nvel de construo do conhecimento: a construo do
conhecimento que acontece quando o aluno constri um objeto de seu interesse, como
uma obra de arte, um relato de experincia ou um programa de computador. Na noo
de construcionismo de Papert existem duas idias que contribuem para que esse tipo
de construo do conhecimento seja diferente do construtivismo de Piaget. Primeiro, o
aprendiz constri alguma coisa, ou seja, o aprendizado por meio do fazer, do
"colocar a mo na massa". Segundo, o fato de o aprendiz estar construindo algo do
seu interesse e para o qual ele est bastante motivado. O envolvimento afetivo torna a
aprendizagem mais significativa.
Entretanto, na minha opinio, o que contribui para a diferena entre essas duas
maneiras de construir o conhecimento a presena do computador -- o fato de o
1
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/tecnologia/tec03b.htm
aprendiz estar construindo algo usando o computador (computador como mquina
para ser ensinada). Nesse caso, o computador requer certas aes que so bastante
efetivas no processo de construo do conhecimento (Valente, 1993).
Para explicar o que acontece nessa interao com o computador vou me concentrar,
inicialmente, na tarefa de programar o computador para resolver um desenho usando
o Logo grfico (Tartaruga).
Quando o aluno usa o Logo grfico para resolver um problema, sua interao com o
computador mediada pela linguagem Logo, mais precisamente, por procedimentos
definidos usando a linguagem Logo de programao. Essa interao uma atividade
que consiste de uma ao de programar o computador ou de "ensinar" a Tartaruga a
como produzir um grfico na tela. O desenvolvimento do programa (procedimentos) se
inicia com uma idia de como resolver o problema ou seja, como produzir um
determinado grfico na tela. Essa idia passada para a Tartaruga na forma de uma
seqncia de comandos do Logo. Essa atividade pode ser vista como o aluno agindo
sobre o objeto "computador". Entretanto, essa ao implica na descrio da soluo do
problema usando comandos do Logo (procedimentos Logo).
O computador, por sua vez, realiza a execuo desses procedimentos. A Tartaruga age
de acordo com cada comando, apresentando na tela um resultado na forma de um
grfico. O aluno olha para a figura que est sendo construda na tela e para o produto
final e faz uma reflexo sobre essas informaes.
Referncias Bibliogrficas
MANTOAN, MTE. (1991). O processo de conhecimento - tipos de abstrao e tomada
de conscincia. NIED-Memo, Campinas, So Paulo.
PAPERT, S. (1986). Constructionism: A new opportunity for elementary science
education. A proposal to the National Science Foundation, Massachusetts Institute of
Technology, Media Laboratory, Epistemology and Learning Group, Cambridge,
Massachusetts.
PIAGET, J. (1977). Recherches sur l'abstraction rflchissante. tudes d'pistemologie
gntique. PUF, tome 2, Paris.
VALENTE, JA (1993). Computadores e conhecimento: repensando a educao.
Campinas: Grfica da UNICAMP.
Outras Referncias
MORAES, MC (1997). Informtica educativa no Brasil: uma histria vivida e vrias
lies aprendidas. Revista Brasileira de Informtica na Educao, Sociedade Brasileira
de Informtica na Educao, n 1, pp. 19-44.
MORAES, MC (1997). O paradigma educacional emergente. Campinas: Papirus.
VALENTE, JA & ALMEIDA, FJ (1997). Viso analtica da informtica na educao: a
questo da formao do professor. Revista Brasileira de Informtica na Educao,
Sociedade Brasileira de Informtica na Educao, n 1, pp. 45-60.
VALENTE, JA (1996). O professor no ambiente Logo: formao e atuao. Campinas:
Grfica da UNICAMP.
Fonte: http://www.futurarte.com.br/artigos/valente2