A Tocha Dos Puritanos PDF
A Tocha Dos Puritanos PDF
A Tocha Dos Puritanos PDF
OS PURITANOS
em 1995
Joel R. Beeke
PES
2
Ao irmo, amigo e conselheiro, Olin Coleman, grande
incentivador da literatura reformada e puritana.
3
NDICE
Prefcio
4
PREFCIO
8
Caro leitor, aproveite das palavras escritas neste livro e, com
a ajuda de Deus, seja um evangelista fiel.
Manoel Canuto
9
1
NO NOVO TESTAMENTO
Introduo
A quem evangelizar?
Onde iniciar?
Paulo, o evangelista
Conscincia testa
Mensagem de despertamento
21
Pregar Cristo - a reconciliao
22
Em primeiro lugar, a nossa dvida completa precisa ser paga.
Pecado uma coisa to sria, que traz a morte, conforme nos diz a
Bblia, em Romanos, captulo 6. Jesus disse que estava pronto para
morrer pelos pecadores. Jesus, nesta obedincia passiva, suportou a
ira de Deus por causa dos nossos pecados. Paulo diz que Ele Se deu a
Si mesmo por Sua Igreja - sofrendo a morte na cruz. A segunda coisa
que Ele faz e que ns no podemos fazer, que Ele, de forma
perfeita, obedece lei em nosso lugar. A lei exige que amemos a
Deus sobre todas as coisas e ao prximo como a ns mesmos. Cristo
fez isso, de forma perfeita, por 33 anos. No por Ele mesmo, mas por
aqueles pecadores a quem salvar. Chamamos a isso de Sua
obedincia ativa e dinmica, pois dessa forma ele obedeceu a lei. Por
Sua obedincia ativa e passiva, obedecendo lei e pagando o preo
do pecado, Ele satisfez a justia de Deus. Dessa forma Deus est
reconciliado com o pecador. Ele concede o Seu Esprito para que
esse mesmo Esprito opere a Sua salvao na mente e no corao dos
pecadores e o pecador perca todo seu sentimento de justia
rendendo-se inteiramente ao caminho da salvao de Deus, aos ps
da cruz. Ao serem assim reconciliados com Deus, l na cruz, Deus
est reconciliado com o homem e o homem com Deus. Atravs da
cruz Deus leva os pecadores a se reconciliarem com Ele mesmo.
Percebe que tudo est centralizado na cruz? O apstolo Paulo diz que
a cruz exige uma vida que produza frutos.
24
2
A TOCHA DA EVANGELIZAO
O destaque de Calvino
Sua vida
26
Calvino viu um exemplar da Bblia pela primeira vez em sua
vida quando tinha 14 anos de idade. Era seu desejo, como
adolescente, tornar-se um padre, um sacerdote. Ele ficou muito
interessado, enquanto ainda jovem, no debate que estava em
andamento entre catlicos e protestantes. Seu pai, no entanto,
interrompeu os seus planos, pois teve uma discusso muito sria com
um padre na escola onde Calvino estudava. Isso motivou a retirada
dele daquela escola e o seu pai o colocou para estudar direito. Aos
vinte anos de idade Calvino j tinha se formado em advocacia. Na
Sua providncia, Deus usou esse treinamento para que ele pudesse
ter um pensamento claro e lgico em sua teologia. Quando Calvino
tinha 21 anos seu pai morreu e ele matriculou-se novamente numa
escola de teologia.
27
Calvino deixou a Frana por causa de uma perseguio em
potencial e foi para Basilia na Sua. No seu caminho a Basilia, ele
foi interceptado por Guilherme Farei. Farei persuadiu Calvino a ficar
com ele em Genebra para que juntos pudessem reformar a cidade.
Eles trabalharam arduamente por trs anos e foram rejeitados pelo
povo de Genebra, pelo menos pela maioria do povo e a maioria dos
que compunham o Conselho da cidade. Assim, em 1538 ele foi
banido da cidade de Genebra por deciso do Conselho daquela
cidade. Foi para Estrasburgo onde passou os quatro anos mais
silenciosos e quietos de toda sua vida. L foi pastor de uma igreja
reformada. Em 1541 foi chamado de volta a Genebra pela primeira
vez. Naturalmente ele rejeitou esse chamado - mas insistiram. Ele
escreveu dizendo que jamais voltaria a um lugar de tanta
perseguio. Eles o chamaram pela terceira vez. Depois de muita luta
Calvino aceitou e escreveu o seguinte: "Quando considero que no
estou debaixo da minha prpria autoridade, eu quero oferecer o meu
corao como uma vtima a ser morta em sacrifcio para o Senhor".
28
Calvino trabalhou de forma dedicada e formou um
movimento em Genebra que veio a influenciar toda a Europa. Ele
trabalhou at o ltimo dia da sua vida e com 55 anos de idade
morreu. Certo estudioso e pesquisador analisou que 83 diferentes
enfermidades estavam "minando" seu corpo. Esta afirmao uma
"cauda de raposa" muito comprida, deste pesquisador. Contudo, o
ponto que Calvino, mesmo sofrendo grandes dores, perseverou at
o fim. Ele disse queles que estavam ao redor do seu leito de morte:
"Senhor, eu retenho a minha lngua porque sei que isto vem de Ti. Eu
estou chorando como um co. Tu tens me modo e me transformado
em p, mas isto me basta porque compreendo que a Tua vontade.
Quero oferecer-Te meu corpo e minha alma de forma pronta e
sincera". Calvino fez apenas um pedido ao morrer: no colocarem
nenhuma na sua sepultura, porque dizia que no era digno e
merecedor de nenhuma honra, de nenhuma glria. Assim viveu,
assim morreu defendendo as doutrinas da graa soberana de Deus.
Ele teve suas falhas como qualquer um de ns. Teve seus erros, mas
foi um homem de Deus, salvo pela graa de Cristo
Seu ensino
O cristo, diz Calvino, aquele que diz assim: "J que Deus
pde me salvar Ele pode salvar a qualquer um na face da terra".
Calvino disse: "Nada mais incoerente com a natureza da f do que
aquela mortificao que leva a pessoa a desconsiderar seus
semelhantes, e assim, de uma forma errnea, guardar a luz e a graa
de Cristo somente no seu peito". Portanto, Calvino ensinou que a
evangelizao a tarefa de todo cristo. Assim, cada cristo deve
trabalhar e buscar pecadores para Cristo; essa a sua tarefa
31
sacerdotal. Cada cristo deve instruir outros no caminho da
salvao; essa a sua tarefa proftica. Cada cristo chamado a
discipular outros; essa a sua tarefa real. Calvino, no entanto,
pensou e ensinou que essa tarefa, que sacerdotal, proftica e real,
preferencialmente ligada queles que foram chamados e ordenados
por Deus para o ministrio. Calvino sempre desejou ligar a
evangelizao com a Igreja. Dessa forma, cristos que ainda no
tinham conhecimento prprio, completo, no iriam evangelizar de
forma correta, agindo como se no devessem prestar contas a
ningum e acabariam ensinando coisas erradas ao povo. O que
Calvino jamais fez, foi pegar o novo convertido e dizer que ele
estava por "conta prpria", e que devia partir para evangelizar. Esta
alerta de Calvino tem feito com que ele receba um "rtulo", da parte
de alguns, como se ele fosse contrrio evangelizao. Calvino no
era contra evangelizao, mas era contra evangelizao errada.
Era contrrio, por exemplo, evangelizao individualista que
pudesse levar a um caminho errneo.
Aspectos prticos
Concluses
36
manter as nossas mos no arado e a pensar menos no que os outros
pensam a nosso respeito. Calvino trabalhava vinte horas por dia por
causa da evangelizao. Todavia no isso o que as pessoas falam
sobre ele. Afirmam que ele no era um evangelista. Se ele fosse vivo
hoje certamente diria: "No importa o que os homens pensam de
mim, e sim, o que Deus pensa a meu respeito. Um dia eu
comparecerei na presena de Deus, no na presena de homens". Isso
no quer dizer que devemos passar por cima do sentimento das
pessoas, pois devemos trabalhar para que tenhamos uma conscincia
boa e clara diante dos homens e diante de Deus. Mas ns no vamos
cair nessa idia de evangelizar pensando no que as pessoas pensam
sobre a nossa evangelizao. O que devemos fazer olhar para Deus
e perguntar o que Ele pensa sobre o que estamos fazendo.
37
3
A TOCHA DA EVANGELIZAO
38
3. Com a necessidade de uma vida eclesistica baseada nas
Escrituras, onde o Deus trino adorado conforme as determinaes
de Sua Palavra.
Convico de pecado
46
chegando at a cruz e clamando como aquele publicano que disse em
sua orao: " Deus, tem misericrdia de mim pecador".
Avivamento
Arrependimento
47
resposta sim! esse tipo de homem, que de forma incisiva, se
dirige convico da conscincia, de uma forma bem aguada. Eles
mostram aos pecadores de forma clara a necessidade de
arrependimento e o Esprito Santo Se agrada em honrar e abenoar a
Sua Palavra quando este homem prega de forma convincente. O que
aconteceu com Joo Batista quando ele comeou a pregar com
convico? Os homens comearam a fugir da ira vindoura. O que
aconteceu quando Pedro pregou com profunda convico no dia de
Pentecoste? O Esprito Santo desceu sobre os que ouviam a sua
palavra.
Evangelizao moderna
48
imediatamente ao evangelho, na verdade alguma coisa que impede
a evangelizao.
Evangelizao puritana
50
Os puritanos no faziam na sua evangelizao nada que os
apstolos e o prprio Senhor Jesus no fizesse. Eles pregavam a lei
para que os pecadores se sentissem culpados perante Deus e a
pregavam Cristo, no um Cristo de 12 centmetros de profundidade,
e sim, Cristo completo na Sua altitude, na Sua amplitude e na Sua
profundidade. Pregavam Cristo destacando Seus ofcios, Seus nomes
e Seus ttulos. Pregavam Sua natureza e Sua Pessoa,pregavam-no
plenamente. Isso nos leva a uma concluso: o que ns estamos
precisando desesperadamente de uma evangelizao centralizada
em Deus; uma evangelizao centralizada na mensagem; centralizada
na Bblia; no uma evangelizao feita pelo homem, mas uma
evangelizao onde o Esprito Santo est agindo na Palavra e por
meio dela. Para este fim voc e eu, como evangelistas, ns mesmos
fomos restaurados para um relacionamento mais vital e ntimo com
Deus por Jesus Cristo. O que ns precisamos desesperadamente de
carregadores da tocha, homens e mulheres que estejam em chamas
por Deus. No de homens que estejam em fogo por ensinos no
bblicos, mas de homens inflamados pelo ensino da Palavra de Deus
- sim, de homens cheios daquele temor filial a Deus. Voc j
percebeu que todas as vezes que Paulo fala a pastores e presbteros
para dar-lhes algum conselho ele sempre diz, "Tem cuidado de ti
mesmo e depois do rebanho"?
Concluso
51
Queridos amigos, o tempo est curto, muito cedo vamos
pregar nosso ltimo sermo, fazer a nossa ltima orao, participar
da nossa ltima conferncia, e a nica coisa que realmente vai contar
a seguinte: conhecemos realmente a Deus e a Jesus Cristo a quem
Ele levou assunto aos cus? Que Deus nos faa portadores da tocha
da evangelizao puritana em nossa gerao.
52
4
A TOCHA DA EVANGELIZAO
56
mais simples possa entender o que esteja sendo ensinado, como se
ele estivesse ouvindo seu prprio nome ser chamado.
(1) Escolhem e estudam seu texto. (2) Fazem uma exegese desse
texto, dando o seu sentido bsico, e em seguida coletam do texto
duas ou trs doutrinas, que fluem dele. (3) Em seguida, aplicam estas
doutrinas de uma forma prtica ao corao dos seus ouvintes. Dessa
forma, a primeira parte do sermo exegtica, a segunda parte
doutrinria e a terceira aplicativa. quarta parte eles chamavam
de "como usar", que a parte prtica do sermo, como usar os
ensinos na vida diria. Eles dividem a aplicao em duas partes, uma
para os ouvintes que so salvos, e a outra para os no salvos.
Aplicam a cada indivduo o que o texto pregado tem a dizer para ele.
Dessa forma, o ouvinte, ao sair da igreja, sabia com toda clareza o
que aquele texto do sermo tinha a dizer a si em particular.
59
Disposio interna do evangelista puritano
Vida coerente
Concluso
Dessa forma vamos nos desafiar uns aos outros para crermos
no Deus dos puritanos. Quem tem a coragem de ir alm de uma
simples leitura dos escritos dos puritanos? De ir alm de uma
apreciao das idias dos puritanos e viver uma vida como eles
viveram, levando avante a obedincia e a santidade a Deus? Embora
amemos a Cristo, como os puritanos O amaram, ser que estamos
servindo a Deus como eles O serviram? O Senhor nos fala em
Jeremias 6:16: "Assim diz o Senhor: ponde-vos margem no
62
caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual o bom
caminho; andai por ele e achareis descanso para as vossas almas".
63
5
70
uma delas no conhecer bem ao Senhor". Precisamos orar e
precisamos pedir graa para ter uma vida verdadeira de orao.
Voc poderia perguntar: por que Deus faz isso? Por que Ele
nos santifica atravs da aflio? Por muitas razes. Uma aflio
santificadora leva-nos para mais perto de Jesus Cristo. Quando
Estvo ia ser apedrejado, ele elevou os olhos e viu o cu aberto.
Uma aflio santificadora faz com que caminhemos pela f. Uma
aflio santificadora faz com que fiquemos contentes por no
termos nada de ns mesmos. Faz com que nos inclinemos perante o
Senhor dizendo: seja feita a Tua vontade. Uma aflio santificadora
tambm nos conduz orao. Torna-nos teis de vrias maneiras.
Por isso o grande pregador batista calvinista, Spurgeon, disse para
alguns estudantes de teologia: "Preparem-se, meus irmos, para se
tornarem cada vez mais fracos; preparem-se para se afundarem cada
vez mais em vocs mesmos. Preparem-se a vocs mesmos para uma
auto-aniquilao e orem a Deus para que Ele apresse o processo".
Que orao surpreendente! Orar para que voc se torne nada, para
que Deus seja tudo em todos. Isso que santificao genuna.
73