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Psicologia da sade

Psicologia da sade

Psicologia
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a prtica terapia
terapia
cognitivo-comportamental
cognitivo-comportamental
ememhospital geral
hospital geral
P974
Psicologia da sade: a prtica de terapia cognitivo-com
portamental em hospital geral / organizado por Tnia
Rudnicki e Marisa Marantes Sanchez... [et al.]
Novo Hamburgo : Sinopsys, 2014.
16x23 cm ; 384p.

ISBN 978-85-64468-15-3

1. Psicologia Sade Terapia cognitivo-comportamental


Hospital geral. I. Sanchez, Marisa Marantes II. Ttulo.

CDU 159.922:614

Catalogao na publicao: Mnica Ballejo Canto CRB 10/1023


Psicologia
Psicologia
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Psicologia
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geral
hospital geral
geral
geral

Tnia Rudnicki
Marisa Marantes Sanchez
organizadoras
Sinopsys Editora e Sistemas Ltda.
Psicologia da sade: a prtica de terapia
cognitivo-comportamental em hospital geral.

Tnia Rudnicki, Marisa Marantes Sanchez (organizadoras)

Capa: Maurcio Pamplona

Reviso: Alexandre Mller Ribeiro

Superviso editorial: Mnica Ballejo Canto

Editorao: Formato Artes Grficas

Sinopsys Editora
Fone: (51) 3066-3690
E-mail: [email protected]
Site: www. sinopsyseditora.com.br
Minha energia sempre um desafio.
No importa onde parei.
O segredo seguir em frente.
Marcos, Tamara, Francisco,
Alexandre e Ricardo,
A vocs
Tnia Rudnicki

A meus filhos Bruno, Rafael e Eduardo, fonte


genuna de alegria, satisfao e motivao.
Aos bebs e crianas hospitalizadas,
estmulo para reflexo e estudos.
Marisa Marantes Sanchez
Autores

Tnia Rudnicki (org.). Psicloga. Doutora em Psicologia. Ps-Doutoranda ISPA/


PT. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Avaliao e Atendimento em Psicoterapia
Cognitiva do Programa de Ps-Graduao da Pontifcia Universidade Catlica do
Rio Grande do Sul (PUCRS). Membro do Grupo de Trabalho (GT/ANPEPP)
Psicologia da Sade em Instituies e na Comunidade.
Marisa B. L. Marantes Sanchez (org.). Psicloga. Mestre em Psicologia/PUCRS. Es-
pecialista em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental com formao em Terapia do
Esquema/WP-NJ Institute of Schema Therapy. Docente na Ulbra. Tutora da Aten-
o Humanizada ao Recm-Nascido do baixo peso pela Secretaria Estadual da Sade
(SES/RS) e Ministrio da Sade (MS/BR).

Ana Teresa de Abreu Ramos Cerqueira. Doutora. Psicloga e Professora do De-


partamento de Neurologia, Psicologia e Psiquiatria da Faculdade de Medicina de
Botucatu (UNESP).
Armando Ribeiro das Neves Neto. Psiclogo. Coordenador do Programa de
Avaliao do Estresse do Hospital Beneficncia Portuguesa de So Paulo e Hos-
pital So Jos. Mestre em Cincias pelo departamento de Medicina (Gastroente-
rologia) da Universidade Federal de So Paulo (UNIFESP). MBA em Aspectos
Psicobiolgicos em Sade do Trabalhador pela UNIFESP, especializao em Me-
dicina Integrativa pelo Hospital Israelita Albert Einstein, especializao em Neu-
ropsicologia pela UNIFESP, Professor e supervisor clnico do curso de ps-gradu-
ao em Terapia Cognitivo-Comportamental em Sade Mental do Programa
de Ansiedade (AMBAN) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clnicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo.
viii Autores

Carla Giovanna Belei Martins. Psicloga pela UEL. Aprimoranda em Psicologia


da Sade pela FAMERP.
Carolina Ribeiro Seabra. Psicloga Clnica e voluntria do Instituto da Mama
do RS (IMAMA). Psico-oncologista pela Faculdade de Cincias Mdicas/MG.
Especialista em Psicologia Hospitalar pelo Conselho Federal de Psicologia. Es-
pecialista em Psicologia Mdica pela Universidade Federal de Juiz de Fora/MG.
Membro da Sociedade Brasileira de Psico-oncologia, Sociedade Brasileira de Psi-
cologia Hospitalar e da Associao Nacional de Cuidados Paliativos.
Cristiane Figueiredo. Psicloga. Mestre em Psicologia Social.
Cristiane Lara Mendes-Chiloff. Doutora. Psicloga do Hospital das Clnicas da
Faculdade de Medicina de Botucatu (UNESP).
Cristiano Oliveira. Psiclogo do Centro de Psico-Oncologia da Clinionco. Mes-
trando em Psicologia Clnica pela PUCRS.
Dionia Luciane Mendes. Psicloga. Mestre em Psicologia PUCRS. Especialista
em Terapia Cognitivo-Comportamental pela WP.
Eliane Nbrega Albuquerque. Psicloga Clnica. Mestre em Hebiatria pela
Universidade de Pernambuco (UPE). Coordenadora do Servio de Psicologia do
IMIP. Tutora da disciplina Psicologia Hospitalar e Coordenadora da Especializa-
o em Psicologia Hospitalar da Faculdade Pernambucana de Sade (FPS).
Elisabeth Meyer. Terapeuta Cognitivo-Comportamental com treinamento no
Beck Institute, Filadlfia. Mestre e Doutora em Psiquiatria pela Universidade Fe-
deral do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Flvio O. Pileggi. Cirurgio Peditrico. Assistente Responsvel pelo Ambulat-
rio de Cirurgia Geral daDisciplina de Cirurgia Peditrica doHCFMRPUSP.
Kazuo Kawano Nagamine. Professor Adjunto do Departamento de Epidemio-
logia e Sade Coletiva da FAMERP.Coordenador do Laboratrio de Atividade
Fsica e Sade (LAFIS).
Leopoldo Nelson Fernandes Barbosa. Psiclogo clnico. Doutor em Neuropsiquia-
tria e Cincias do Comportamento pela Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE). Supervisor do Estgio em avaliao psicolgica do Instituto de Medicina
Integral.
Letcia Galery Medeiros. Psicloga. Especialista em Psicologia da Sade (ULBRA)
e Psicologia Hospitalar (HPS/Porto Alegre). Mestre em Psicologia Clnica (UNI-
SINOS). Doutoranda em Sade e Comportamento (UCPel, Bolsista CAPES/
FAPERGS).
Autores ix

Maria Cristina de Oliveira Santos Miyazaki. Professora Adjunta do Departa-


mento de Psiquiatria e Psicologia da FAMERP, responsvel pelo Laboratrio de
Psicologia e Sade. Doutora em Psicologia pela USP. Ps-doutorado pela Univer-
sidade de Londres, livre-docncia pela FAMERP. Membro do Grupo de pesquisa
em Ps-Graduao em Psicologia da Sade em Instituies e na Comunidade da
Associao Nacional de Pesquisa em Ps-Graduao em Psicologia ANPEPP.
Maria de Ftima G. S. Tazima. Cirurgi Peditrica. Docente da Disciplina de
Cirurgia Peditrica. Responsvel pelaCirurgia Peditrica no Hospital Secundrio
doHCFMRPUSP.
Maria Pia Coimbra. Psicloga. Especialista em Psicologia da Sade.
Mariana Canellas Benchaya. Psicloga. Mestre em Cincias da Sade pela
UFCSPA. Supervisora do Servio Nacional de Orientaes e Informaes sobre a
Preveno do Uso de Drogas (Vivavoz). Vice-Coordenadora do Comit de Terapia
Cognitivo-Comportamental da Infncia e Adolescncia da Sociedade de Psicolo-
gia do Rio Grande do Sul.
Marina Marins da Fonseca Ramos. Psicloga Clnica e Hospitalar. Especialista
em Psicologia Clnica/Hospitalar aplicada Cardiologia pelo Instituto do Corao
(HCFMUSP). Formao em Terapia Cognitivo-Comportamental para Crianas
e Adolescentes pelo IPQ-HCFMUSP. Especializanda em Neuropsicologia pelo
Inesp. Psicloga da Unidade de Nefrologia e Cirurgia Cardaca do HCor.
Nadia Krubskaya Bisch. Psicloga. Mestre em Cincias da Sade pela Univer-
sidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre (UFCSPA). Supervisora do
Servio Nacional de Orientaes e Informaes sobre a Preveno do Uso de
Drogas (Vivavoz).
Neide Aparecida Micelli Domingos. Professora Adjunta do Departamento de
Psiquiatria e Psicologia da FAMERP, Laboratrio de Psicologia e Sade da FA-
MERP. Doutora em Psicologia pela PUCCAMP. Ps-doutorado pela PUCCAMP
e Laboratrio Psicofisiolgico do Stress.
Nelson Iguimar Valerio. Psiclogo. Ps-Graduado em Psicologia Organizacional
pela Gusmo Consultores. Ps-Graduado (formao) em Psicodrama Teraputico
pelo IRP. Especialista em Psicologia Hospitalar pelo Conselho Federal de Psico-
logia. Especialista em Psicologia da Sade pela FAMERP/FUNDAP. Mestre em
Psicologia Clnica pela PUCCampinas. Doutor em Psicologia como Cincia e
Profisso pela PUCCampinas.
Renata Panico Gorayeb. Doutora em Cincias Mdicas pelaFaculdade de Medi-
cina de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo (HCFMRPUSP). Psicloga
x Autores

Assistente Responsvel pelo Servio de Psicologia Mdica nas Divises de Cirur-


gia Infantil e Medicina Fetal do HCFMRP.
Ricardo Gorayeb. Psiclogo. Livre Docente. Responsvel pela Disciplina de Psi-
cologia Mdica doHCFMRPUSP.
Silvia Maria Cury Ismael. Psicloga Clnica e Hospitalar (CFP). Mestre e Dou-
tora em Cincias pela FMUSP. Presidente da SBPH binio 2003/2005. Coorde-
nadora do Programa de Ateno Integral ao fumante do HCor. Especializao
em Controle do Tabagismo pela Johns Hopkins Bloomberg School of Public
Health. Professora do MBA em Qualidade de Vida e Sade da Ps-graduao da
Universidade So Camilo.
Silvio Tucci Jr. Urologista Infantil. Docente Chefe da Disciplina de Urologia
Infantil doHCFMRPUSP.
Vanessa Cristina Paduan. Mestre. Psicloga do Hospital das Clnicas da Facul-
dade de Medicina de Botucatu (UNESP).
Yvone A. M. V. A. Vicente. Cirurgi Peditrica. Docente Chefe da Disciplina de
Cirurgia Peditrica doHCFMRPUSP.
Sumrio

Apresentao..................................................................................... 15
Tnia Rudnicki e Marisa Marantes Sanchez

Prefcio.............................................................................................. 17
Carmem Beatriz Neufeld

Parte I
Princpios da Interveno em Sade
1 Psicologia da Sade: Bases e Interveno em Hospital Geral.......... 20
Tnia Rudnicki
2 Avaliao Psicolgica no Contexto Hospitalar:
Possibilidades de Interveno.......................................................... 47
Leopoldo Nelson Fernandes Barbosa e Eliane Nbrega Albuquerque
3 A Entrevista Motivacional em Sade................................................ 70
Elisabeth Meyer
4 Pesquisa em Psicologia da Sade..................................................... 90
Maria Cristina de Oliveira Santos Miyazaki,
Neide Aparecida Micelli Domingos, Kazuo Kawano Nagamine,
Carla Giovanna Belei Martins e Nelson Iguimar Valerio
12 Sumrio

Parte II
Especialidades em Sade Ciclo Vital e Sade
5 A Terapia Cognitivo-Comportamental na
Ateno Me-Beb: Uma Nova Proposta......................................... 102
Marisa Marantes Sanchez
6 Cirurgia Peditrica: Ansiedade e Interveno
no Processo Pr e Ps-Cirrgico....................................................... 121
Marisa Marantes Sanchez
7 Ateno Psicolgica no Cuidado Peditrico Hospitalar
em Procedimentos Invasivos do Feto ao Adolescente..................... 139
Renata P. Gorayeb, Yvone A.M.V.A.Vicente, Flvio O. Pileggi,
Maria de Ftima G. S. Tazima, Silvio Tucci Jr. e Ricardo Gorayeb
8 Adolescncia e a Vulnerabilidade ao Uso de Drogas:
Estratgia de Interveno................................................................. 153
Nadia Krubskaya Bisch e Mariana Canellas Benchaya
9 A Revelao do Diagnstico na Perspectiva
das Crianas Vivendo com HIV/AIDS................................................ 179
Nadia Krubskaya Bisch e Marisa Marantes Sanchez
10 Intervenes para Cuidadores de Idosos......................................... 208
Vanessa Cristina Paduan, Cristiane Lara Mendes-Chiloff
e Ana Teresa de Abreu Ramos Cerqueira

Parte III
Especialidades em Sade Tpicos Especiais
11 A Interface entre Psicologia e Cardiologia........................................ 232
Silvia Maria Cury Ismael e Marina Marins da Fonseca Ramos
12 Doena Crnica e Sade: Enfermos em
Tratamento de Hemodilise............................................................. 255
Tnia Rudnicki
13 O Atendimento Psicolgico ao Paciente Vtima
de Trauma por Queimadura............................................................. 275
Maria Pia Coimbra e Cristiane Figueiredo
Sumrio 13

14 Contribuies da Psicologia da Sade


Aplicada em Gastroenterologia........................................................ 295
Armando Ribeiro das Neves Neto
15 Interveno Psicolgica em Oncologia............................................. 319
Cristiano Oliveira, Carolina Ribeiro Seabra e Tnia Rudnicki
16 Atendimento a Pessoas em Situao de
Terminalidade, Morte e Luto............................................................ 333
Letcia Galery Medeiros
17 Treino em Habilidades Sociais e Interveno
Cognitivo-Comportamental em Grupo de Enfermagem.................. 365
Dionia Luciane Mendes
Apresentao

Por que organizar este livro? Porque em nossa caminhada, na rea


da sade e hospitalar, adquirimos um aprendizado que queremos dividir,
o qual incrementado pela experincia e pelo conhecimento de vrios
colegas dedicados pesquisa e prtica em Psicologia da Sade e Hospi-
talar. Queremos falar diretamente ao profissional e ao estudante da rea
da sade e hospitalar, que realizam os seus estudos e praticam a sua profis-
so com satisfao pessoal.
Notamos a ausncia de uma obra especfica sobre a interveno do
psiclogo, nesse mbito, sob uma perspectiva cognitivo-comportamental.
Por essa razo, reunimos psiclogos de diferentes Estados de norte a sul
do Brasil , a fim de melhor ilustrar a prtica que vem sendo desenvolvida
em nosso pas.
Escrever no fcil para ningum. Requer disciplina e fora de
vontade. Foi essencial a ajuda prestada por nossos colegas para a construo
do livro Psicologia da Sade: a prtica de Terapia Cognitivo-Comportamental
em hospital geral.
Somos imensamente gratas a todos e queremos agradecer nominal
mente, por sua colaborao e apoio. Agradecemos a: Carmem Beatriz
Neufeld, Leopoldo Nelson Fernandes Barbosa e Eliane Nbrega Albuquer
que, Elisabeth Meyer, Maria Cristina de Oliveira Santos Miyazaki, Neide
Aparecida Micelli Domingos, Kazuo Kawano Nagamine, Carla Giovanna
Belei Martins e Nelson Iguimar Valerio, Renata P. Gorayeb, Yvone A. M.
V. A. Vicente, Flvio O. Pileggi, Maria de Ftima G. S. Tazima, Silvio
16 Apresentao

Tucci Jr. e Ricardo Gorayeb, Nadia Krubskaya Bisch e Mariana Canellas


Benchaya, Vanessa Cristina Paduan, Cristiane Lara Mendes-Chiloff e Ana
Teresa de Abreu Ramos Cerqueira, Silvia Maria Cury Ismael e Marina
Marins da Fonseca Ramos, Maria Pia Coimbra e Cristiane Figueiredo,
Armando Ribeiro das Neves Neto, Cristiano Oliveira e Carolina Ribeiro
Seabra, Letcia Galery Medeiros e Dionia Luciane Mendes.
Quanto reviso dos captulos da obra, agradecemos a Mnica
Ballejo Canto, por sua competncia e sua pacincia, e ao Ricardo Gus-
mo, que confiou em nosso trabalho.
A vida nos colocou juntas e nos dotou de empatia mtua, e isso
vem permitindo uma profcua parceria. Desejamos que os captulos aqui
apresentados contribuam para a prtica profissional do nosso leitor.
Boa leitura e obrigada a todos,

Tnia Rudnicki
Marisa Marantes Sanchez
Prefcio

A presente obra vem ocupar um papel diferenciado no mercado editorial


brasileiro. Psicologia da Sade: a prtica de Terapia Cognitivo-Comportamental
em hospital geral debrua-se sobre o trabalho realizado no ambiente hospitalar
sob uma perspectiva cognitivo-comportamental, em um momento em que,
cada vez mais, os espaos de sade visam prticas baseadas em evidncias.
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) individual ganhou
notoriedade nacional e internacional. Contudo, o movimento de adaptao
e de produo de conhecimentos da TCC em outros contextos que ex
trapolam a clnica ainda relativamente recente. O contexto da sade em
uma perspectiva ampliada demanda novos fazeres em Psicologia, e a pre
sente obra lana-se sobre essa fascinante e desafiadora tarefa.
A prpria atuao da Psicologia em hospital geral ainda no pode ser
considerada uma prtica sedimentada em nosso pas. Os desafios do tra
balho multiprofissional e das especificidades do campo tm sido respon
sveis, em grande parte, pela incurso ainda tmida da TCC nesse contexto
em muitos Estados do Brasil. Em contrapartida, existem centros que exi
bem uma prtica sedimentada por dcadas de produo de conhecimentos
na rea. Porm, para o profissional que desejava se especializar e tornar seu
trabalho uma prtica baseada em evidncias, ainda faltavam, muitas vezes,
recursos terico-prticos, devido escassez da literatura nacional especfica
que compilasse essa prtica de TCC em Psicologia da Sade.
As organizadoras conseguiram reunir nesta obra pesquisadores e psi
clogos hospitalares firmemente ancorados na dade pesquisa e prtica.
18 Prefcio

Seu background na produo de conhecimentos no dia a dia do trabalho


em sade, bem como a sua aplicao nesse mesmo contexto, certamente
um diferencial que se torna o fio condutor desta obra. Tal qualidade faz
com que ela se torne leitura bsica tanto para os profissionais iniciantes
como para os mais experientes, focando a prtica profissional solidamente
calcada em pesquisas.
O livro apresenta duas unidades principais. A primeira introduz o leitor
ao estado da arte da prtica, da teoria e da pesquisa em sade. Os diferentes
autores discorrem sobre os conceitos que embasam a prtica e localizam
generosamente o leitor nas especificidades do campo, passando por tpicos
como conceitos bsicos, avaliao psicolgica, entrevista motivacional e pes
quisa em contexto de sade. A segunda unidade prope-se a mapear de forma
abrangente e fundamentada o campo das especialidades em sade, sempre
tomando como pano de fundo a TCC. Essa unidade se subdivide em dois
enfoques: um enfoque voltado para as diferentes fases do desenvolvimento, o
outro, para tpicos importantes da prtica cotidiana em sade.
A obra traz como contribuio irrefutvel a experincia e os dados da
literatura de um ponto de vista de profissionais de diferentes frentes no
campo da sade. A diversidade que se pode encontrar na proposta enriquece
a leitura, gerando uma aprendizagem quase que imediata. Neste mesmo sen
tido, as organizadoras fizeram a opo de dar voz para profissionais de dife
rentes regies do nosso pas. Essa escolha contribui para a percepo da
diversidade do campo, alm de instigar o leitor a uma perspectiva de aplicao
da TCC em contextos de sade que, apesar de slida, pode ser criativa.

Dra. Carmem Beatriz Neufeld


Doutora em Psicologia pela PUCRS; Coordenadora do Laboratrio de Pesquisa
e Interveno Cognitivo-Comportamental (LaPICC); Docente Orientadora
do Programa de Ps-Graduao em Psicologia do Departamento de
Psicologia da Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras de Ribeiro Preto
da Universidade de So Paulo; Presidente da Federao Brasileira de
Terapias Cognitivas (FBTC), Gesto 2011-2013/ 2013-2015.
Parte I
Princpios da
Interveno em Sade
1
Psicologia da Sade: Bases e
Interveno em Hospital Geral

Tnia Rudnicki

A interveno psicolgica em hospital geral busca aportes tericos


para lidar com situaes que se apresentam com os dois lados de um mesmo
segmento sade e doena. Isso porque, em algum momento da vida de
qualquer pessoa, um hospital se far presente. A preocupao com sade e
doena inerente natureza humana, pois vincula-se diretamente sua
sobrevivncia. Pode-se, assim, vislumbrar uma variedade de papis e re
presentaes, bem como diferentes abordagens de intervenes psicolgicas
que j chegaram ao hospital geral apresentando, cada uma delas, peculia
ridades e aplicabilidades, pautadas no seu referencial terico, cujo resultado
prtico trar grande riqueza, atravs da qualificao de vrios conceitos e
aplicaes prticas.
O psiclogo que exerce atividades na rea da sade necessita de um
instrumental terico-tcnico, como uma caixa de ferramentas, no dizer
de Foucault. No se pode esperar envolvimento no trabalho de quem no
se sente vontade nele. preciso ter claro que toda escolha supe um ato
de vontade, e cada escolha significa encontrar uma sada entre distintas
tendncias. Uma ocupao que seja resultado de uma escolha impede uma
atividade insatisfatria, comportando a participao interna da pessoa. A
civilizao humana foi decisivamente marcada pela sua capacidade de
articulao social (Engels, 1986), polmica e complexa, e que supe tam
Psicologia da Sade 21

bm mudanas, diversidade de condies e de estilos de vida, de padres


de bem-estar, de necessidades humanas e de desenvolvimento. Dessa forma,
a ordenao dos aportes precisa ser feita a partir de uma perspectiva
psicossocial, estabelecendo relaes entre os distintos nveis implicados,
seja individual, seja grupal e poltico-institucional.
Quando as pessoas se referem sade, geralmente centralizam suas
preocupaes no aspecto orgnico, raramente nos aspectos emocionais,
comportamentais e/ou econmicos a ela associados. Modelos de sade j
sofreram grandes mudanas e, a partir do paradigma biopsicossocial, vrias
contribuies concorreram para uma aproximao terica e clnica mais
compreensiva. Entre elas, a mudana na prevalncia de doenas infecciosas
para enfermidades crnicas com o elevado custo dos cuidados de sade e
nfase na qualidade de vida (Bishop, 1994). O desenvolvimento trazido
pelo sculo XIX melhorou as condies de sade dos indivduos, alm do
progresso alcanado por alguns estudos voltados imunologia, sade
pblica, entre outros. Ao longo do sculo XX, o avano na rea mdica foi
decisivo, minimizando sensivelmente as taxas de mortalidade de diversas
doenas (Straub, 2005).
No cenrio nacional, a partir do final da dcada de 1950 e incio da de
1960, a Psicologia iniciou suas atividades no contexto do hospital geral,
respondendo a novas tendncias que mostravam a necessidade da expanso do
saber biopsicossocial na compreenso do fenmeno da doena, visando mo
dificar concepes habituais, cristalizadas pelo modelo biomdico (Chiattone,
2003). Em 1978, a American Psychological Association (APA) criou a Diviso
38, da Psicologia da Sade e, em 1986, foi criada na Europa a European Health
Psychology Society (EHPS), a partir da qual foram lanadas diversas revistas
especializadas em vrios pases europeus. A Psicologia da Sade, como disciplina
da Psicologia, aplica princpios e pesquisas psicolgicas para a melhoria,
tratamento e preveno de doenas, bem como para promoo de sade.
Assim, ela no se restringe noo de sade como um mero estado de ausncia
de doena. Ao contrrio, apoia-se na definio de sade da Organizao
Mundial de Sade, de 1948 (Straub, 2005).
No Brasil, a disciplina recente, transparecendo seu dinamismo a
partir do surgimento de um amplo conjunto de propostas tericas e
22 Psicologia da Sade: Bases e Interveno em Hospital Geral

prticas. Por sua prpria formao, compreende uma considervel rea


conceitual, metodolgica e profissional, incluindo, em sua finalidade, a sade
fsica e mental. Por meio do paradigma biopsicossocial, engloba o campo
mdico e o transcende, incluindo fatores sociais, econmicos, culturais, eco
lgicos, espirituais, entre outros, todos relacionados sade e doena (Go
rayeb, 2010). Nos ltimos anos, seus avanos vm-se mostrando relevantes,
indicam o caminho a ser seguido no atendimento na rea da sade, com
incluso do paciente hospitalizado. O interesse dos profissionais, os estudos
de investigao, a incluso da disciplina no currculo de cursos de formao
em Psicologia so provas de que a Psicologia da Sade uma rea de co
nhecimento e interveno que veio para ficar. Conforme Dimenstein (2000),
o psiclogo capacitado para trabalhar em sade precisa receber, em sua
formao, as bases necessrias para essa prtica. Necessita da teoria, da tcnica
e precisa estar comprometido com o social, preparando-se para lidar com os
problemas de sade de sua comunidade e ter condies de atuar em equipe
multi e/ou interprofissional.
Com base no paradigma biopsicossocial, a Psicologia da Sade utiliza
os conhecimentos das cincias biomdicas, da Psicologia Clnica, da Psico
logia Social, Comunitria, do Desenvolvimento, entre outras (Remor, 1999).
Por isso, o trabalho com outros profissionais imprescindvel dentro dessa
abordagem. Gorayeb (2010) aponta que o termo Psicologia da Sade tem
sido confundido com outros, tais como Psicologia Clnica, sendo que essa
discusso j foi tambm estabelecida em vrios outros artigos (Yamamoto
& Cunha, 1998; Kerbauy, 2002; Miyazaki, Domingos, Valrio, Santos, &
Rosa, 2002; Yamamoto, Trindade, & Oliveira, 2002; Castro & Bornholdt,
2004). Psicologia da Sade no a Psicologia Clnica aplicada ao ambiente
da sade. Esta ltima uma prtica da Psicologia, existente desde seus
primrdios. Em geral, envolve o atendimento ou tratamento psicoterpico
de uma pessoa que padece de algum transtorno emocional e/ou de com
portamento.
Outra questo importante est na diferenciao entre Psicologia da
Sade e Psicologia Hospitalar, como conceitos diferenciados. A Psicologia
Hospitalar uma rea importante inserida na Psicologia da Sade, neces-
sitando de uma interveno precisa e adequada em um ambiente acostu-
Psicologia da Sade 23

mado a raciocinar com base em evidncias (Gorayeb, 2001; Gorayeb &


Guerrelhas, 2003). No artigo, Psicologia da Sade x Psicologia Hospitalar:
definies e possibilidades de insero profissional, Castro e Bornholdt
(2004) apontam para uma confuso dos termos no campo de ao. Os ter-
mos acabaram sendo confundidos entre si, e isso resultante, em parte, do
fato de que uma grande quantidade de psiclogos brasileiros que iniciaram a
trabalhar em Psicologia da Sade o fez em ambientes hospitalares, ficando
estabelecido o local de atuao como rea do conhecimento. Psicologia da
Sade foi definida a partir da proposio de Joseph Matarazzo (1980), pio-
neiro no desenvolvimento das reas de Medicina Comportamental, Sade
Comportamental e Psicologia da Sade.Sua pesquisa teve trs focos: a entre-
vista clnica, funes cognitivo-intelectuais e Psicologia da Sade, tendo uma
carreira de destaque na Psicologia americana e internacional.
Para o profissional psiclogo, trabalhar na rea da sade, importante
conhecer o contexto em que vai atuar, seja em hospital, ambulatrio, unidade
bsica de sade, comunidade ou empresa/organizao. Assim, o ambiente
quase sempre determinante dos procedimentos que podero ser utilizados e,
evidentemente, determinante tambm dos padres comportamentais de
adoecer, ficar saudvel ou melhorar a qualidade de vida. Geralmente, tra
balha-se no prprio contexto onde a situao/comportamento ocorre; assim,
conhecimento sobre epidemiologia, fatores psicossociais de risco para doenas
fsicas, habilidades de relacionamento interpessoal, familiaridade com outras
reas de conhecimento, como Medicina, Enfermagem, Fisioterapia, Nutrio,
entre outras, so importantes e necessrias para atuao profissional do
psiclogo da sade (Casseb, 2011).
Em Psicologia da Sade, os atendimentos no precisam ter motivo,
necessariamente, por algum transtorno psicolgico. um campo diferen
ciado de outras reas da Psicologia, considerando que seus usurios tm,
em geral, algum problema ligado sade fsica, que apresentam diferenas
quanto forma ou gravidade. Usualmente, refere-se a um indivduo que
sofre com algum problema orgnico relacionado a aspectos comportamentais
ou emocionais, podendo ser causa ou consequncia desta relao tanto a
dificuldade orgnica como os aspectos comportamentais/emocionais (Ro
drguez-Marn, 2003).
24 Psicologia da Sade: Bases e Interveno em Hospital Geral

A Psicologia da Sade se desenvolveu particularmente a partir da


dcada de 1970, fundamentada em uma abordagem holstica da sade e da
doena, tomando como referncia e unificando os campos da sade e me-
dicina comportamental, sendo rea de interveno e investigao especifi-
camente psicolgica que, levando em considerao o sujeito, a famlia, o
apoio social e os riscos ecolgicos e econmicos para a sade, permitiu
integrar mais harmoniosamente os trs clssicos nveis de preveno. Defi-
nida por Matarazzo (1980) como a soma de contribuies educacionais,
cientficas e profissionais da Psicologia para a promoo e a manuteno da
sade, para a preveno e o tratamento de doenas, incluindo a identifica-
o da etiologia e o diagnstico dos fatores associados sade, doena e
a outras disfunes associadas, bem como a anlise do sistema de sade,
com o auxlio a este e, ainda, formao de polticas de sade, a Psicologia
da Sade est se introduzindo na formao de diversos profissionais da
rea, conduzindo a interessantes resultados tanto no desenvolvimento in-
terno como na aceitabilidade da especialidade.
Quanto ao hospital, este entendido como instituio de atendi-
mento sade, cuja finalidade especfica exige dos profissionais conheci-
mentos distintos para sua atuao junto aos que precisam de assistncia no
processo diagnstico-teraputico (Collet & Oliveira, 2002). A Psicologia,
como cincia e profisso, contribui para o desenvolvimento da sade dos
indivduos, atendendo tambm s suas necessidades na instituio hospita-
lar. Nesse contexto, a atuao do psiclogo depende de sua formao te-
rica e de sua atuao prtica. A inexistncia inicial de um paradigma claro
que pudesse definir estratgias trouxe dificuldades na legitimao do espa-
o psicolgico na instituio. Esse profissional da sade o psiclogo
possui um papel clnico, social, organizacional e educacional, buscando a
promoo, a preveno e a recuperao do bem-estar do doente, de modo
global, implicando que aspectos fsicos e sociais sejam considerados em
interao contnua na composio do psiquismo desse mesmo paciente
(Campos, 1995).
A contribuio da Psicologia no contexto da sade, especialmente na
rea hospitalar, foi de extrema importncia nos ltimos anos, na medi-
da em que buscou resgatar o ser humano para alm de sua dimenso fsi-
Psicologia da Sade 25

co-biolgica, situando-o em um contexto maior de sentido e significado


nas suas dimenses emocional, social e espiritual (Rodrguez-Marn, 2003;
Pessini & Bertachini, 2004). O diagnstico de uma doena e todas as al
teraes que ela acarreta, bem como os tratamentos e seus efeitos secun
drios, exibem grande impacto sobre o indivduo e sobre os diferentes con
textos nos quais ele se insere e, em consequncia, na sua qualidade de vida
(Neipp, Lpez-Roig, Terol, & Pastor, 2009; Paredes et al., 2008).
No adoecimento potencializam-se angstias, medos, inseguranas e
revoltas, tanto para os doentes quanto para os familiares e profissionais de
sade, preparados, certo, para a cura, porm em constante contato com
a morte (Dattilio & Freeman, 2004; Bruscato, 2004). O hospital uma
instituio marcada por situaes de sofrimento e dor, e pela luta constante
entre vida e morte. Estudos empricos (O'Brien & Moorey, 2010) realizados
no mbito da sade identificam diferentes fatores relacionados com a
doena (tipo de enfermidade, localizao, estgio e tipo de tratamento) e
com o indivduo (personalidade, estratgias de coping, apoio social, entre
outros), que parecem mediar a relao entre o diagnstico da doena e o
ajustamento emocional e comportamental a ela.
Quando uma pessoa est hospitalizada, vrias formas de manifestaes
e de condutas se expressam. Assim, alm do procedimento cirrgico e/ou
medicamentoso , existe a necessidade de atendimento psicolgico, que
pode auxiliar para que o enfermo participe de forma efetiva e produtiva em
sua melhora e no uso de seu potencial, colaborando com os profissionais
que o atendem (Campos, 1995). A especificidade de atuao do psiclogo
no contexto hospitalar traz delimitaes de objetivos e metodologias de
atuao prtica. De acordo com Chiattone (2000), a mera transposio do
mtodo de atendimento no consultrio para o mbito hospitalar pode ser
desastrosa. Uma das diferenas est relacionada ao setting teraputico. Cada
um dos espaos, seja enfermaria, ambulatrio, centro obsttrico/cirrgico,
ir oferecer ao profissional psiclogo um contexto de atuao diferente,
tendo em vista o tipo de demanda, os objetivos e a forma de trabalhar em
equipe. O hospital se caracteriza como campo de pesquisa e atuao da
Psicologia, independentemente do referencial terico utilizado. No en
tanto, as caractersticas que o prprio contexto hospitalar impe parecem
26 Psicologia da Sade: Bases e Interveno em Hospital Geral

privilegiar aes mais objetivas e diretivas, como as intervenes cognitivo-


comportamentais (Pereira & Penido, 2010, p. 193).
O ambiente hospitalar desconhecido, o que aumenta a insegurana
gerada pela prpria doena e pelo prognstico a ela relacionado. O enfermo
desconhece como deve se comportar, depende daqueles que o rodeiam,
sejam familiares ou profissionais da sade. Tais sentimentos podem, assim,
interferir no seu quadro clnico; ele tende a sentir-se indefeso e a abandonar
as suas obrigaes e responsabilidades, e nessa altura que se deve agir com
prudncia, tornando-o participante e tambm responsvel pelo seu trata
mento, uma vez que o seu estado de nimo importante para sua recupe
rao (Lpez, Santos, & Lopes, 2008).
A ansiedade no ambiente hospitalar intensa. O profissional psiclogo
busca produzir uma mudana cognitiva dos pensamentos e crenas do
paciente, cujo objetivo a mudana emocional e comportamental frente s
alteraes e necessidades geradas pela doena e pela hospitalizao. Para
vincular o paciente, levando-o a um enfrentamento e mobilizao para cura,
existem dois fatores a serem considerados. A existncia de um mtodo de
tratamento o primeiro deles, incluindo a utilizao dos avanos tecnol-
gicos, a prtica, a especializao mdica e a utilizao dos mais variados tipos
de medicamentos. Alm deste, so importantes a adeso ao tratamento por
parte da pessoa doente e a sua capacidade de reagir e enfrentar adequadamente
a situao e a doena (Rodrguez-Marn, 2003).
O conceito de adeso varivel, mas pode ser entendido como a
utilizao dos medicamentos prescritos ou outros procedimentos em
pelo menos 80% de seu total, observando horrios, doses, tempo de
tratamento. No est somente relacionada ao ato de tomar ou no a
medicao prescrita, mas, alm disso, ao modo como o paciente admi
nistra seu tratamento, ou seja, o seu comportamento em relao a ele.
Assim, ela ocorre quando a conduta do paciente, no que se refere a tomar
medicamentos, seguir dietas e executar mudanas no estilo de vida,
coincide com a prescrio clnica (Leite & Vasconcellos, 2003; Gusmo
& Mion, 2006; Ben, 2011).
Nenhuma interveno simples eficaz. Importante e necessria a
combinao de vrias estratgias: informao adequada, aconselhamento,
Psicologia da Sade 27

automonitoramento, lembretes, reforos peridicos, terapia familiar, psico


terapia, acompanhamento na internao e outras formas cabveis para cada
caso. J se encontram validadas excelentes escalas que medem a adeso ao
tratamento medicamentoso. A escala ROMI (Rating of Medication Influen
ces), Escala de Influncias em Medicaes validada em portugus pelos
estudos de Rosa e Marcolin (2005), dividida em duas partes: a primeira
semiestruturada, abordando questes sobre o estilo de vida, o local do
tratamento, o regime medicamentoso prescrito, a atitude do paciente pe
rante o tratamento e a postura da famlia perante a condio clnica e
tratamentos e orientaes indicadas; a outra parte qualitativa, envolvendo
questes sobre as razes de adeso ou no adeso. As sees iniciam com
uma questo aberta: Qual a sua motivao primria para tomar a medi
cao? ou: Qual a sua motivao primria para no tomar a medicao?.
Na sequncia, apresentam uma escala de motivos para tomar ou no a
medicao, sendo que o paciente atribui um grau de influncia, ou um
peso, para cada item: nenhuma influncia, moderada influncia ou
forte influncia pontuando-se respectivamente em 1, 2 ou 3, e 9 em caso
de no ser possvel avaliar o grau de influncia do item.
Outro instrumento o Teste de adeso de Morisky, validado por
Dewulf, Monteiro, Passos, Vieira e Troncon (2006). um questionrio
estruturado que mede o grau de adeso, atravs de quatro perguntas que
buscam avaliar o comportamento do paciente em relao ao uso da medicao.
Ser classificado no grupo de alto grau de adeso quando suas respostas a
todas as perguntas forem negativas. Quando pelo menos uma das respostas
for afirmativa, o paciente ser classificado no grupo de baixo grau de adeso.
Essa avaliao permite, tambm, discriminar se o comportamento de baixo
grau de adeso do tipo intencional ou no intencional, sendo tambm
possvel caracterizar pacientes acometidos por ambos os tipos de comporta
mento de baixa adeso. Perguntas como estas compem o teste: Voc,
alguma vez, se esquece de tomar o seu remdio?; Voc, s vezes, descuidado
quanto ao horrio de tomar o seu remdio?; Quando se sente bem, alguma
vez voc deixa de tomar seu remdio?; Quando voc se sente mal com o
remdio, alguma vez voc deixa de tom-lo?.
28 Psicologia da Sade: Bases e Interveno em Hospital Geral

Prtica hospitalar e estratgias de interveno

O trabalho em hospitais se diferencia dos demais em que atua o


psiclogo: espao fsico agitado, domnio mdico; ambiente onde, dificil
mente, existe a privacidade necessria para um atendimento psicolgico, no
s pelo nmero de pacientes internados nas enfermarias como tambm pelas
frequentes interrupes de outros profissionais que seguem com sua rotina.
Outra caracterstica importante o tempo disponvel para atendimento,
visto que o paciente internado receber alta, no havendo, na maioria das
vezes, continuidade no tratamento psicolgico. Esse tempo varia com a
durao da internao, que pode ser de dias, de semanas ou de meses, de
pendendo da gravidade e/ou da cronicidade do caso. Esse pode ainda ser um
tempo para recuperao da sade ou um tempo para morrer. H outra
modalidade de atendimento em hospitais que difere dos atendimentos em
enfermarias e quartos. o trabalho clnico ambulatorial, onde geralmente o
psiclogo possui uma sala para realizar o atendimento. Dessa forma, a questo
da privacidade mantida, mas a durao da sesso muitas vezes reduzida,
dependendo da poltica institucional (Rodrguez-Marn, 2003).
Na prtica hospitalar, a interveno psicolgica junto ao paciente
internado cumpre objetivos especficos. Primeiramente, busca viabilizar uma
participao ativa no processo de hospitalizao, oferecendo ao enfermo
melhores condies para aliviar a relao com a doena; minimizar ansiedades,
medos e expectativas irreais frente enfermidade, quando existem. Apesar
das dificuldades que se podem encontrar, o atendimento psicolgico tem
como objetivo principal levar o paciente ao autoconhecimento, ao autocres
cimento e ao alvio de seus sintomas (Baptista & Dias, 2003).
Ao ser hospitalizado por um problema orgnico, dificuldades de na
tureza psicolgica so frequentemente ignoradas. Saindo de uma condio
de sadia, de participante do convvio familiar e social, a pessoa passa con
dio de doente, assistida por vrios profissionais, passando por proce
dimentos invasivos, muitas vezes ouvindo palavras difceis e desconhecidas.
A vivncia no mbito hospitalar tende a gerar algumas emoes como o
medo, a depresso, a insegurana, a ansiedade, a irritabilidade e a agressi
vidade (Kubo & Botom, 2005). A relao dos pacientes com a hospita
Psicologia da Sade 29

lizao, os componentes envolvidos e o modo como ela ir acontecer de


pendem no somente dos recursos da prpria instituio, mas, princi
palmente, do repertrio de recursos pessoais que trazem de suas prprias
vivncias, como viso de mundo, histria de vida, estrutura familiar,
religiosidade, espiritualidade, entre outros, e como esses recursos auxiliam
ou prejudicam na relao com a hospitalizao e interferem no enfren
tamento da doena. Sendo assim, a interveno psicolgica junto ao pa
ciente hospitalizado direcionada para o atendimento das questes emo
cionais que envolvem a doena e a internao. Ele enfrenta situaes no
esperadas, que podem modificar completamente sua rotina e suas possibi
lidades de controle e domnio de sua vida.
O paciente que sofre de uma doena orgnica, seja grave ou aguda,
possui uma demanda psicolgica especfica. Precisa comunicar-se bem
com seu mdico, receber informaes, ser comunicado sobre o que est
acontecendo, o que ir ocorrer, quais os riscos e objetivos dos procedimentos.
Essas informaes, alm da compreenso emptica, iro reforar o sen
timento de segurana e de apoio. A qualidade e a intensidade das reaes
dos indivduos hospitalizao tendem a variar conforme as caractersticas
das doenas e suas implicaes psicolgicas no comportamento do indi
vduo. Existem diagnsticos que modificam a vida, transformando-a, lan
ando o indivduo em um desnimo muitas vezes total, ativando crenas e
estratgias prprias da situao e da natureza da enfermidade. Entre estas,
esto a negao, que pode levar o enfermo a negar a realidade da situao;
a minimizao, que pode lev-lo a reduzir a gravidade da doena; a pro
crastinao, que pode ajudar a agravar a situao; o pensamento positivo/
mgico, que pode fazer com que o paciente acredite que algum tipo de
ritual poder vir a reverter o seu quadro. importante e necessrio estudar
a relao do paciente com a hospitalizao e sua consequente adeso no
enfrentamento da doena, auxiliando-o na busca dos aspectos objetivos da
hospitalizao e da natureza da doena (Kubo & Botom, 2005).
A debilidade fsica, as consequncias limitantes da doena, a dor e a
angstia resultantes da situao de dependncia so fatores que aumentam
o estresse e o desconforto, experimentados em uma situao de internao
hospitalar. O paciente, na maioria das vezes, se sente perdido, sem opes,
30 Psicologia da Sade: Bases e Interveno em Hospital Geral

com fantasias e medos acerca do que pode acontecer e da gravidade de seu


prprio quadro. Esse momento vivido de forma extremamente dramtica,
no importando o motivo da internao, mas sim o modo como ele vi
vencia esse momento.
As pessoas reagem de formas variadas a uma situao especfica, po
dendo chegar a concluses tambm variadas. Em alguns momentos, a
resposta habitual pode ser uma caracterstica geral dos indivduos dentro de
determinada cultura, em outros momentos, porm, tal resposta pode ser
idiossincrtica, ou seja, derivada das experincias particulares e peculiares a
um indivduo. Em qualquer situao, estas respostas seriam manifestaes de
organizaes cognitivas ou de estruturas. Uma estrutura cognitiva um
componente da organizao cognitiva, em contraste com os processos cog
nitivos, que so passageiros (Beck, 1963). A natureza e a funo dos aspectos
cognitivos, ou seja, o processamento de informao, que o ato de atribuir
significado a algo, o principal objeto de estudo da abordagem.
A Terapia Cognitiva utiliza o conceito da estrutura biopsicossocial
na determinao e na compreenso dos fenmenos relativos psicologia
humana; no entanto, constitui-se como abordagem que focaliza o trabalho
sobre os fatores cognitivos da psicopatologia. Ela vem mostrando a sua
eficcia em pesquisas cientficas rigorosas, alm de ser uma das primeiras a
reconhecer a influncia do pensamento sobre o afeto, sobre o compor
tamento, sobre a biologia e sobre o ambiente (Shinohara,1997; Shaw &
Segal, 1999). Para esta abordagem, os indivduos atribuem significado a
acontecimentos, pessoas, sentimentos e demais aspectos de sua vida. Com
base nessa premissa, comportam-se de determinada forma e constroem
diferentes hipteses sobre o futuro e sobre si mesmos.
O enfoque cognitivo sobre a sade e a psicopatologia adotou um
modelo causal de vulnerabilidade-estresse (Abramson, Metalsky, & Alloy,
1989). Assim, estressores ambientais ativam pr-disposies biolgicas e
psicolgicas do indivduo, podendo resultar em alguma doena. A Terapia
Cognitivo-Comportamental (TCC) uma linha de terapia cientfica, cujas
tcnicas foram pesquisadas, comprovadas e reproduzidas (Knapp & Beck,
2008). Vrios estudos comprovam a eficcia da TCC dirigida a problemas
de sade. Pesquisas mostram-na atuante no tratamento de vrias doenas,
Psicologia da Sade 31

tais como: HIV/AIDS (Faustino & Seidl, 2010); sndrome do clon


irritvel (Neves Neto, 2001; Passos, 2006); doena obstrutiva pulmonar
crnica (Heslop, De Soysa, Baker, Stenton, & Burns, 2009; Padilha, 2010;
Von Leupoldt, Fritzsche, Trueba, Meuret, & Ritz, 2012); cncer (Castro et
al., 1993; Bishop & Warr, 2003; Dixon Keefe, Scipio, Perri, & Abernethy,
2007; Lopes, Santos Lopes, 2008;Loureno, Santos Junior, & Luis, 2010;
OBrien & Moorey, 2010; Pinto, 2012); doena de Parkinson (Macht,
Pasqualini, & Taba, 2007); fadiga crnica (Wittkowski, 2004; Saxty &
Hansen 2005); doenas cardiovasculares (Gomes & Pergher, 2010); TPM
(Caballo, 2008); sndrome das pernas inquietas (Prado, 2013); artrite
reumatoide (Santandrea, Boschi, & Vanti, 2011); cefaleia (Andrasik &
Rovan, 2008); fibromialgia (Penido, Rang, & Fortes, 2005); transtorno
alimentar (Vaz, Conceio, & Machado, 2009); transplantes em geral
(Contel et al., 2000), entre outras.
A Terapia Cognitiva uma linha de psicoterapia breve, proposta e
desenvolvida pelo psiclogo americano Aaron T. Beck. Envolve um conjunto
de tcnicas e estratgias teraputicas com a finalidade de mudana de padres
de pensamento. Seu modelo cientificamente fundamentado apresenta
eficcia comprovada atravs de estudos empricos. Trabalha com um conjunto
de tcnicas especficas que utilizam princpios psicolgicos de aprendizagem
para mudar construtivamente o comportamento humano. Tem como base o
modelo cognitivo no qual as emoes e os comportamentos das pessoas so
influenciados por sua percepo dos eventos. Fundamenta-se segundo o
princpio bsico que diz no ser o fato em si que determina o que as pessoas
pensam, mas o modo como elas interpretam esse fato (Beck, 1997). breve,
estruturada, orientada ao presente, direcionada a resolver problemas atuais e
a modificar pensamentos e comportamentos disfuncionais.
Outra aplicao potencial da Terapia no tratamento de pacientes
com doena fsica abordar os comportamentos relacionados com a
doena, ou seja, a maneira pela qual as pessoas percebem, avaliam e agem
sobre os sintomas fsicos. Dessa forma, um bom controle glicmico em
pacientes com diabetes requer estilo de vida, respostas adequadas aos
sintomas e adeso ao tratamento. Em estudo de reviso sistemtica
(Ismail, Winkley, & Rabe-Hesketh, 2004) de doze ensaios clnicos
32 Psicologia da Sade: Bases e Interveno em Hospital Geral

randomizados e intervenes psicolgicas que buscavam a melhora no


controle glicmico de pessoas com Diabetes Tipo 2, oito destes casos
eram apoiados pelo trabalho com TCC. Nestes encontraram-se melhora
no controle glicmico de longo prazo e alvio do sofrimento psicolgico
nos grupos de interveno. Assim, a abordagem comportamental, como
um processo de aprendizagem, possui como objetivo auxiliar as pessoas
na resoluo de problemas e dificuldades da vida, estando apoiada na
Anlise do Comportamento.No dizer do psiclogo B. F. Skinner (1904-
1990), o modo como as pessoas se sentem frequentemente to im
portante quanto o que elas fazem, encontrando-se, aqui, a relao entre
nossos sentimentos e nossas aes.
Os princpios bsicos da Terapia Cognitiva (Beck, 1997) esto no
estabelecimento de aliana teraputica (AT). Encontram-se ainda na iden
tificao do pensamento atual que ajuda a manter os sentimentos negativos
e comportamentos-problema, na nfase na colaborao e na participao
ativa, na orientao para a meta e para a focalizao no problema sendo
o foco inicial centrado no aqui e agora, independentemente do diagnstico
psicolgico, e possuidor de um carter educativo, que enfatiza a preveno
de recada. Possui tempo de durao limitado e encontros estruturados, e a
relao teraputica considera trs fatores bsicos que auxiliam a manter a
relao iniciada: a confiana bsica, a colaborao teraputica e o rapport
(Beck, 1979).
Ao longo da sua histria de vida, os indivduos formam diferentes
estruturas de significado (esquemas) que, por sua vez, influenciaro a maneira
como eles iro interpretar a realidade. A Terapia Cognitiva afirma que os
esquemas disfuncionais resultantes dessa histria de vida so comuns a todos
os transtornos mentais e que a modificao destes esquemas costuma resultar
em mudanas no humor e no comportamento das pessoas
O modelo cognitivo pressupe, portanto, que a maioria dos trans
tornos psicolgicos tem origem na forma distorcida com que cada um
percebe os acontecimentos e que esta influencia o afeto e o comportamento
da pessoa. Isso no significa que sejam os pensamentos os causadores dos
problemas, mas sim que fazem modular e manter emoes disfuncionais
que independem de sua origem (Rang, 2001).
Psicologia da Sade 33

A Terapia Cognitivo-Comportamental trabalha com trs nveis de


pensamento: o pensamento automtico, as crenas intermedirias ou
subjacentes e as crenas centrais. Os pensamentos automticos so espon
tneos e fluem a partir dos acontecimentos do dia a dia, independentemente
de deliberao ou de raciocnio. Podem ser ativados por eventos externos
e internos, aparecem sob forma verbal ou como imagem mental. o
nvel mais superficial da nossa cognio. Trata-se de ideias e conceitos a
respeito de ns mesmos, das pessoas e do mundo. So aceitos passiva-
mente, sem grandes questionamentos, mantidos e reforados sistemati
camente (Beck, 2013).
Quanto s crenas intermedirias, estas correspondem ao segundo
nvel de pensamento e no so diretamente relacionadas s situaes, ocor
rendo sob a forma de suposies ou regras. Derivam e reforam as crenas
centrais, que constituem o nvel mais profundo da estrutura cognitiva e so
compostas por ideias absolutistas, rgidas e globais que um indivduo tem
sobre si mesmo. No atendimento em ambiente hospitalar, esse conceito
mais enraizado e cristalizado acerca de si mesmo, dos outros e do mundo,
constitudo desde as experincias infantis, que se solidifica e se fortalece ao
longo da vida, moldando, assim, a forma de ser e de agir da pessoa, pouco
utilizado, salvo em atendimentos a pacientes crnicos com os quais o
psiclogo tem contato mais sistemtico (Beck, 2013).
A TCC reinterpreta os elementos que geram emoo negativa. Tem
como princpio bsico a proposio de que no uma situao que deter
mina as emoes e os comportamentos de um indivduo, mas sim suas
cognies ou interpretaes a respeito da situao, as quais refletem formas
idiossincrticas de processar informao. Com base nesse princpio e na
hiptese da primazia das cognies proposta por Beck, a Terapia Cognitiva
busca a reestruturao cognitiva a partir de uma conceituao cognitiva do
paciente e de seus problemas. Reestruturao cognitiva refere-se refor
mulao do sistema de esquemas e crenas do paciente mediante a inter
veno clnica que, entre outras tcnicas, utiliza-se do questionamento so
crtico a fim de desafiar esquemas e crenas disfuncionais, os quais, ao
longo do desenvolvimento do paciente, tornaram-se rgidos e supergenera
lizados (Freeman & Power, 2007).
34 Psicologia da Sade: Bases e Interveno em Hospital Geral

Sempre que a pessoa experimenta um estado de humor, existe um


pensamento relacionado a ele que ajuda a definir esse humor. importante
identificar o que se est pensando, porque os pensamentos levam s crenas.
Diferentes crenas levam a estados de humor diferentes. A Terapia Cogni
tivo-Comportamental prope olhar a situao-problema a partir de muitos
pontos de vista diferentes positivos, negativos e neutros , para levar a
pessoa a novas concluses e solues. A soluo elaborar pensamentos
alternativos, ou seja, flexibilizar o pensamento. Um pensamento alternativo
surge de uma viso aumentada de si mesmo ou da situao na qual o
indivduo se encontra. Ele frequentemente mais positivo que o pensamento
automtico, mas no a mera substituio por um pensamento positivo,
pois este tende a ignorar as informaes negativas. Com informaes adi
cionais ou um ponto de vista ampliado, a percepo mudar e, em conse
quncia, o indivduo ter novos sentimentos e comportamentos (Freeman
& Power, 2007; Knapp & Beck, 2008).
Durante a hospitalizao, paciente e psiclogo formulam um acordo
relacionado aos objetivos e procedimentos teraputicos. importante e
necessrio explicar a durao do atendimento, a frequncia, o funcio
namento do processo e as suas flutuaes. Reunir as respostas pode facilitar
o acesso a um acordo mnimo sobre esses pontos. Caso o paciente traga
algum marco de trabalho excessivamente restritivo pela causa da hos
pitalizao, ou no aceitar atendimento junto ao leito, no insistir. O que
fazer quando o paciente se nega a falar ou simplesmente ignora a presena
do psiclogo? Em geral, na primeira fase do contato, pode-se empregar
mais a empatia, aceitao e autenticidade, para assim fomentar a confiana
bsica. Na segunda fase, refora-se de modo progressivo a autonomia do
paciente; por exemplo, planificando com ele uma agenda em que po-
dem ser usadas atribuies internas a suas conquistas, como autoefi-
ccia, aumento de autoestima observado nos cuidados consigo ou com o
tratamento (Rodriguez-Marn, 2003; Freeman & Power, 2007; Heslop
et al., 2009).
Pensamentos Automticos (PAs) so experincias comuns a todos,
no sendo exclusivamente inerente s pessoas com angstia. Eles influenciam
as respostas emocionais, comportamentais e fisiolgicas subsequentes. A
Terapia Cognitiva ensina ferramentas para avaliar os pensamentos de uma
Psicologia da Sade 35

forma consciente, estruturada. Embora paream surgir espontaneamente,


eles se tornam bastante previsveis, to logo as crenas subjacentes do
paciente sejam identificadas. Alguns exemplos de PAs de pacientes hospi
talizados: enfermo em avaliao diagnstica: Isso faz sentido, finalmente
um mdico com cabea! (entusiasmado); doente renal crnico recebendo
indicao de tratamento de hemodilise: Ah! Isso no possvel, nunca vai
funcionar! (decepcionado); paciente em tratamento, h trs meses, para
hemodilise: Este tratamento muito ruim, um desperdcio de tempo
(aborrecido); paciente oncolgico em radioterapia: T muito complicado...
Sou muito burro, nunca vou entender por que preciso fazer este tipo de
tratamento (triste); enfermo com indicao de cirurgia oncolgica: Eu
preciso mesmo fazer isso? E se eu no conseguir? Vou piorar? (ansioso);
enfermo traumatolgico, internado h dois meses: Puxa, que mdico este
#!#$#! (raivoso).
Existem formas utilizadas para questionar estes PAs, por exemplo:
Quais so as evidncias contra [que apoiam] essas ideias?; Existe alguma
explicao alternativa?; Qual o pior [melhor] que poderia acontecer?;
Qual o efeito de eu acreditar neste PA?; Qual poderia ser o efeito de eu
acreditar [mudar] este PA?; O que eu deveria fazer em relao a isso?; O
que eu diria a um[a] amigo[a] se ele[a] estivesse na mesma situao?. Exemplos:
Por que isso aconteceu comigo?; Isso no deveria ter acontecido comigo! Eu
serei capaz de enfrentar isso?; Eu no serei capaz de enfrentar... Como
superarei isso?; Eu no serei capaz de superar isso... E se eu no puder mudar
isso tudo?; Eu serei infeliz para sempre, se eu no puder mudar....
Na prtica, vrias queixas so ouvidas porque grande a dificuldade
dos indivduos em lidar com as alteraes provocadas pela doena (afas
tamento da rede social, mudana na imagem corporal [IC], temor quanto
aos riscos da cirurgia). Algumas distores (erros de pensamento) so
observadas na prtica, dentre elas: Tudo ou nada; paciente oncolgico:
Se eu no sou corajoso para fazer este tratamento, ento eu sou um co
varde (catastrofizao); paciente com indicao de exame de ressonncia:
Eu vou ficar to nervosa que no serei capaz de entrar naquela mquina
(desqualificando); paciente em seu ps-cirrgico: Eu fui bem na cirurgia,
mas isso foi pura sorte (argumentao emocional); paciente com suspeita
36 Psicologia da Sade: Bases e Interveno em Hospital Geral

diagnstica de cncer: Eu sei que eu fao muitas coisas certas para minha
sade, mas ainda me sinto como se eu fosse um fracasso (rotulando);
paciente internado em enfermaria geral de um Hospital Universitrio: Os
mdicos no prestam... E psiclogo para louco... Eu no sou... No
preciso! (magnificao/minimizao); paciente renal com indicao de
cirurgia para fstula arteriovenosa: No conseguir fazer esta cirurgia, isso
mostra para todos que sou uma medrosa. Conseguir fazer no significa que
eu sou corajosa (filtro mental, abstrao seletiva); doente renal em
hemodilise: Eu no consigo fazer nada certo do que o doutor manda...
Isso me diz que o que estou fazendo pssimo (leitura mental): paciente
oncolgico, iniciando quimioterapia: Ele est pensando que eu no sei
nada sobre estes remdios ai... (supergeneralizao); paciente em trata
mento de hemodilise h mais de seis anos: Eu no tenho motivos para
me cuidar. No devia ter ficado doente; estou causando sofrimento para
todos da minha famlia. No aguento mais isso. Um dia peguei minha me
chorando e tudo por minha culpa... (personalizao); paciente em
avaliao por doena infectocontagiosa: O doutor ficou brabo comigo
porque eu fiz uma coisa errada na hora dos exames... (declaraes do tipo
eu deveria e eu devo); doente renal em hemodilise: terrvel que eu
tenha cometido um erro. Eu deveria dar o melhor de mim e acertar sempre
(viso em tnel); pai de jovem hospitalizado ps-acidente de moto: O
doutor do meu filho no sabe fazer nada direito. Ele muito crtico,
insensvel e nos trata mal (inferncia arbitrria); uma forma ou padro de
perceber o mundo de forma errada, muitas vezes longe da realidade: No
quero, tenho medo, muito arriscado. Eu sei que, de cada 50 pacientes
transplantados, apenas um sobrevive.
Dentre as tcnicas cognitivas comumente utilizadas no espao
hospitalar, est a psicoeducao, que inclui: a determinao do significado
idiossincrtico, cujo objetivo questionar qual o significado da verbalizao
do paciente; o questionamento de evidncias: exame das fontes de infor
mao; a reatribuio: distribuir a responsabilidade pela situao; a ao de
descatastrofizar: objetiva neutralizar as expectativas negativas, sendo um
procedimento que leva o paciente a identificar seus piores temores per
Psicologia da Sade 37

guntando o que de pior poderia lhe acontecer. til para os casos em que
a pessoa prediz importantes consequncias negativas para os acontecimentos,
atribuindo-se poucos poderes para enfrent-las; ao mudar o foco de aten
o, chegar concluso de que poder, sim, enfrent-las. Importante levar
o paciente a centrar sua ateno na conduta de enfrentamento, perguntando:
e se isso acontecer, o que voc faria?. Conduz-se o tratamento dessa for
ma, quando o paciente repete ou indica que o pior. Mostrar a ele que se
pode sempre fazer algo para resolver um problema, que a situao pode
no ser to terrvel, que pode ser apenas incmoda. Outra tcnica incen
tivar o paciente a falar de imagens que lhe vm cabea: consequncias
imaginrias; alm das vantagens e desvantagens, avaliando todos os aspectos
da situao, e a descoberta orientada: e ento; o que isto significa; o
que aconteceria neste caso (Caballo, 2008).
Entre as tcnicas comportamentais mais usadas no espao hospitalar
esto o programa de atividades; o treinamento em habilidades sociais (THS);
a biblioterapia; o relaxamento; a identificao de alvos comportamentais
(dficits e excessos); a instruo para planejamento de atividades e progra
mao de recompensa; o estmulo ao aumento de autogratificaes; o
estmulo e a construo de estratgias para a diminuio do tempo de ru
minao; e avaliao e estmulo s necessidades do paciente para modificar
hbitos alimentares e de higiene.
As tcnicas cognitivas so associadas nos seguintes gruposde conexo
entre pensamentos: situaes ativadoras e evocao de afetos negativos;no uso
da busca de evidncias e distores cognitivas; no uso de experimentos; explo-
rao de crenas e pressupostos subjacentes. importante esclarecer que o
acesso s crenas realizado nos casos de paciente crnico ou de alguma pato-
logia/trauma que exija um tempo de hospitalizao mais prolongado, caso
contrrio, so trabalhados os PAs e os comportamentos; conforme o ABC
de Ellis: A eixo ativador; B pensamentos e crenas; e C consequncias
emocionais. Albert Ellis criou a teoria do ABC emocional, nome crptico
que serve para facilitar o trabalho didtico e educativo. Tratou de estabelecer
as principais crenas irracionais que na sua maioria dividimos na sociedade
ocidental, seja por educao, tendncias biolgicas, influncias sociais etc., e
38 Psicologia da Sade: Bases e Interveno em Hospital Geral

que conveniente combater para se alcanar um maior desenvolvimento pes-


soal e social (Dryden, Neeman, & Yankura, 1999; Siqueira, 2011).
Na conexo dos pensamentos s situaes e ao afeto, o paciente
encorajado a se perguntar o que pensava em determinadas situaes,
entretanto muitos podem ter dificuldade de lembrar ou examinar o
pensamento. O terapeuta pode ento utilizar vrias alternativas. Existem
muitos formulrios de registros de pensamentos que podem ser utilizados
com esse objetivo, comumente adaptados para cada tipo de transtorno,
mas quase todos possuem colunas que representam a situao, a emoo/
sintoma, e os pensamentos. O preenchimento pode exigir certa prtica,
alguns podem sentir desconforto em anotar seus pensamentos, e mes-
mo aqueles que no tiverem dificuldades em anotar podero, provavel-
mente, no registrar os pensamentos quentes. Por meio de questiona-
mento e de dilogo, o psiclogo pode ajudar o paciente a refinar a
habilidade de registrar pensamentos e se tornar, com isso, mais ciente dos
pensamentos quentes. Essa atividade, porm, pode ser difcil de ser
utilizada no atendimento hospitalar (Knapp & Beck, 2008; Torres, Pe-
reira, & Monteiro, 2012).
No uso da busca de evidncias e distores cognitivas, utilizando
uma abordagem socrtica, os pacientes aprendem a questionar as evidncias
em torno de um pensamento angustiante buscando uma viso mais ampla
da situao. No entanto, o exame das distores no representa o pensa
mento positivo. Os psiclogos terapeutas fazem perguntas que primeiro
buscam verificar os parmetros situacionais relacionados ao pensamento
negativo, para ento solicitar que os pacientes mudem de perspectiva,
percebendo a situao atravs de outras pessoas. Aps, buscam com que
os pacientes focalizem informaes incompletas ou indefinidas. Diante
das novas informaes, o psiclogo solicita ao paciente que considere um
pensamento alternativo que leve em conta todas as evidncias. A
compreenso das distores cognitivas ajuda no rpido ataque aos seus
prprios erros cognitivos.
A interveno psicolgica e a atuao do psiclogo junto equipe
permitem que sejam trabalhadas emoes presentes na situao de hospi
Psicologia da Sade 39

talizao e que interferem no diagnstico, na identificao e no processo de


tratamento do paciente. Seu trabalho pode iniciar com a coleta de informa
es teis para o entendimento e a compreenso do estilo de vida do
paciente e dos recursos que possui para enfrentamento da hospitalizao e
da doena. importante investigar a histria de vida do paciente, o que ele
pensa e sente no momento atual, que hipteses faz sobre sua doena e seu
tratamento (Abernethy et al., 2006). Com isso, as expectativas, as mudan-
as, os sentimentos de perda e a ansiedade, a percepo de si mesmo e de
sua imagem corporal antes e aps o diagnstico de sua enfermidade podero
ser trabalhados de maneira correta e eficaz.
Dessa forma, o paciente ter a oportunidade de observar o processo
de adoecer desvinculado dos sentimentos de culpa e de castigo, e tambm
da considerao da cura como um prmio. Esses so aspectos observados
com a internao, quando o paciente padece de ansiedade e de preocupao
com o diagnstico e/ou com a cirurgia e suas consequncias, suas possveis
e provveis sequelas, que resultam em sentimentos de perda, de solido e
de medo, sendo importante tambm observar seu estado emocional, que
poder atrapalhar o tratamento. A anlise custo-benefcio pode ser uma
maneira til de auxiliar o paciente a avaliar um padro de comportamento
ou de pensamento que est sendo reforado por ganhos de curto prazo. Por
exemplo, um paciente de 30 anos de idade internou em UTI por uma
grave crise asmtica. Recuperado fisicamente, apresentou intensa ansiedade,
restringindo os lugares aonde ia, para ficar sempre prximo de um hospital,
caso necessitasse. Comeou a frequentar um servio de emergncia alm
do clnico geral. Ele tinha muitos pensamentos e imagens automticas,
facilmente acessveis, relacionadas diretamente com a asma. Dentre os PAs,
manifestava: Se eu tiver um ataque grave, vou morrer. E se eu no estiver
prximo de um hospital, certo que vou morrer. Na realidade, este pen
samento podia ser verdadeiro, uma vez que ele corria o risco de novas crises
de asma, mantendo, de fato, proximidade com a morte. A formulao do
caso mostrou que ele superestimava essa probabilidade. Sendo muito dif
cil, para ele, lidar com a incerteza, restringia excessivamente seus movimen
tos: focava excessivamente o objetivo de evitar a possibilidade de sentir-se
40 Psicologia da Sade: Bases e Interveno em Hospital Geral

mal. Uma interveno utilizada foi a anlise custo-benefcio, que destacou


os custos de seus comportamentos em relao aos benefcios.
No modelo de Beck, o foco est nas crenas disfuncionais, conside
radas causadoras ou perpetuadoras de padres desadaptativos de pensa
mento, de comportamento e de emoo. Quando se lida com uma doena
fsica, deve-se levar em conta que as crenas relacionadas com a doena
podem no ser imprecisas. Dessa forma, lidar com pensamentos negativos
realistas no um problema incomum quando se trata da definio de
doena crnica e, s vezes, com risco de vida (Moorey, 2005).
Uma das formas de lidar com o paciente hospitalizado e seus pensa
mentos no assumir que entendeu o que ele esta querendo dizer. O valor
de fazer perguntas buscando esclarecimentos est em levar o paciente a
pensar e/ou a confrontar pensamentos negativos com o risco real da doena.
Por exemplo, ao tratar um paciente com um mal prognstico, cujo pensa
mento eu vou morrer o mais problemtico, torna-se intil tentar desa
fiar a realidade, porm fecundo explorar os problemas relacionados ao
morrer. Fazer perguntas sobre uma srie de questes que podem ser abor
dadas, tais como preocupaes religiosas, preocupao sobre a forma de
lidar com os sintomas de ansiedade decorrentes ou, mesmo, como os de
mais iro lidar com sua perda (Freeman & Power, 2007).
A forma indicada para tratar problemas relacionados cognio
consiste no reconhecimento da natureza deste prejuzo e, tanto quanto
possvel, na ajuda ao paciente para recuperar este dficit. Alteraes da
conscincia, da percepo e da capacidade em manter a ateno, alm de
falhas na memria, podem estar relacionadas a uma srie de eventos
presentes durante a internao, desde o isolamento durante um longo
perodo de tempo, a rotina das atividades e horrios, at o efeito txico de
determinados medicamentos. O uso de objetos para orientao, como
relgio e calendrio, janelas por onde entra a luz do dia e a da noite, o
contato com familiares e o cuidado com a orientao clara e objetiva an-
tes de qualquer procedimento, so intervenes teraputicas em um
sentido amplo e eficaz nessas situaes. Em um sentido mais estrito, o
emprego da negao pelo paciente deve ser avaliado cuidadosamente.
Psicologia da Sade 41

Pode-se intervir, usando-se o esclarecimento e o apoio como facilitadores


para modificao do comportamento e da aceitao da realidade (Freeman
& Power, 2007).

Consideraes finais

perfeitamente normal e at esperado que uma pessoa diminua suas


atividades no perodo de uma doena aguda. Ela pode se afastar do trabalho
e reduzir suas responsabilidades familiares durante o perodo de tempo de
sua recuperao. No entanto, quando a doena no oferece perspectiva de
recuperao, trazendo efeitos prejudiciais, que incluem alteraes fisiol
gicas como perda de massa muscular, dor, fadiga intensa, haver tambm
uma reduo de vivncias prazerosas e de realizao. O paciente pode se
tornar socialmente marginalizado, percebendo ressentimento por parte
daqueles que esto a sua volta. A ativao comportamental busca reverter
esses efeitos a partir do aumento dos nveis de atividade. Neste caso, a
deciso sobre o final de tratamento no so baseadas em resoluo completa
dos sintomas fsicos e/ou emocionais, muitas vezes, impossvel de ocorrer.
O objetivo da TCC dar aos pacientes as habilidades e a capacidade de
resolver seus prprios sintomas, constituindo indicao de resoluo e
trmino o momento que o paciente adquire estas habilidades.
Muitos pacientes poderiam receber ateno e interveno como
atendimento preventivo e promocional em sade. A necessidade de uma
interveno efetiva pode ser observada pelo aumento de taxas de morbidade
em pacientes que mostram dificuldades de adaptao/adeso doena or
gnica. H evidncias que mostram que o custo-benefcio grande.
Enquanto isso, a Terapia Cognitivo-Comportamental pode ser extrema
mente til no tratamento de pessoas com alguma doena orgnica. Sua
eficcia depende dos conhecimentos necessrios para formular e intervir
alm do treinamento pelo qual devem passar os profissionais que a utilizam,
e necessita ainda mais investigao para que as decises tomadas sejam
baseadas em evidncias.
42 Psicologia da Sade: Bases e Interveno em Hospital Geral

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