Ensaio Um Estranho No Ninho

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O ensaio a seguir demonstra, de uma perspectiva psicanaltica, uma viso

sobre o livro Um estranho no ninho, de Ken Kesey. Partindo da teoria de Freud


sobre o Id, Ego e Superego, podemos analisar os personagens e enxergar uma
relao prxima s ideias propostas pelo cientista.
A histria gira em torno de um hospital psiquitrico, onde o narrador um
paciente chamado de Chefe. Apesar de conter partes de uma narrao, o
personagem principal McMurphy, um criminoso que foi enviado para a instituio
por, em suas prprias palavras, brigar e transar demais. McMurphy a figura
propriamente dita do Id. Puramente instinto, impulsivo, focado somente em seus
prprios interesses e com uma tendncia destruio. Seu diagnstico baseado
em suas tendncias sociopatas, tendo sido expulso da priso onde se encontrava
por apresentar sintomas patolgicos alm de criminais.
Ao chegar ao hospital psiquitrico, o personagem se depara com outros
pacientes e impe uma postura de manda-chuva, se tornando uma figura heroica
para seus companheiros. Existe certa mudana de comportamento conforme a
progresso do livro, porm as caractersticas principais de McMurphy se mostram
cada vez mais manipuladoras.
Suas aes se contrapem principalmente em relao enfermeira Ratched,
a qual representa o Superego. A enfermeira comanda o hospital, riscando os limites
e definindo tudo o que feito pelos pacientes. conhecida por ser mo-de-ferro, e
logicamente entra em confronto direto com McMurphy. Exerce alta autoridade, puxa
as rdeas e impe medidas controladoras, inibindo e forando os pacientes se
comportar de maneira que a mesma considere moral. Deseja orientar os agudos
(durante o livro, os pacientes se dividem entre agudos e crnicos) a acreditar que
no existe maneira de perpetuar um comportamento insubmisso sem o
conhecimento da mesma, o qual acarretar em punies severas.
Com este olhar, entendemos que a supresso que o Superego exerce no Id
exatamente a mesma que durante o Processo de Castrao proposto por Freud.
Ratched acredita que sem essa imposio, seus pacientes no podem melhorar e
encarar o mundo como realmente acredita que deve ser encarado.
Encontramos tambm um exemplo de formao do Ego ao analisarmos os
outros personagens confinados junto McMurphy. Harding, um homem que est
internado por traumas relacionados traio conjugal, exerce um grande papel
como o nico ali que poderia remotamente ter uma conversa decente com
McMurphy. Durante uma sesso de terapia, McMurphy provoca e aponta as
neuroses de Harding dizendo que o mesmo sofre de uma falta de culhes.
Percebemos tambm essa manifestao com a ironia de Harding em direo
a McMurphy, quando o mesmo cita Freud, dizendo que a maneira animal e
irracional de agir consegue quebrar todos os mistrios sobre o Id, Ego e Superego
propostos por Freud e invalidando o tratamento psicolgico e psiquitrico pelo qual
os pacientes passam diariamente. Esta representao do Ego nos permite entender
o contexto de meio termo entre o consciente e inconsciente. Harding influenciado
por McMurphy e por Ratched, porm o nico que consegue manter uma relao
mediana com os dois extremos.
Ao final do livro, vemos o resultado do conflito entre os aparatos psquicos e a
relao entre eles. Com a falta de equilbrio e diante da contnua divergncia entre
as partes nos deparamos com o suicdio de um dos Agudos pela confuso mental
causada e influenciada pela luta entre o Id e o Superego.
Com um final aberto, fica merc do leitor a interpretao do conflito e a
identificao pessoal com cada personagem, onde o autor coloca subjetivamente
uma relao humanizada entre doentes patolgicos e seus problemas pessoais.

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