Acidente Vascular Encefálico - Relato de Caso
Acidente Vascular Encefálico - Relato de Caso
Acidente Vascular Encefálico - Relato de Caso
RESUMO
ABSTRACT
Stroke is the third major determinant of death and the leading cause of morbidity in
United States and the world. The immediate demand of health care and appropriate initial
approach and clinical treatment are essential to guarantee a better outcome. This is a
case report of an ischemic stroke patient that, despite the adequate treatment given, died.
The initial assessment and treatment of acute ischemic stroke are briefly reviewed.
Key words: Stroke; Cerebral Infarction; Hypertension; Emergency Medical Services.
introduo
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No presente estudo, os autores relatam o caso de xicilina-clavulanato. Na fase aguda de sua evoluo,
um paciente que apresentou AVE isqumico, enfati- o paciente foi mantido em decbito com cabeceira a
zando sua abordagem inicial, ocorrncia e manejo zero grau.
de suas complicaes, com o objetivo de discutir as Em 20/09/09, observou-se perda dos reflexos
medidas de abordagem e tratamento iniciais para crneo-palpebral e culo-ceflico, mas manuteno
todos os pacientes com acidente vascular enceflico dos reflexos da tosse e de drive respiratrio, sendo
isqumico. adotada a conduta de observao peridica. O su-
porte ventilatrio oferecido ao paciente foi no modo
de ventilao por presso de suporte. Na manh de
RELATO DE CASO 21/05/09, o paciente evoluiu com abertura ocular
espontnea, resposta motora inespecfica dor, au-
O paciente M.A.G., com 49 anos de idade, do sexo sncia de reflexos culo-ceflico e crneo-palpebral
masculino, natural de Belo Horizonte, tabagista, sem bilateralmente, pupilas isocricas e fotorreativas ao
relato de outras comorbidades, compareceu ao servi- exame direto e cruzado, presena de reflexo de tos-
o de Pronto Atendimento (PA) do Hospital Munici- se, clnus esgotvel aquileu e RCP bilaterais. Manteve
pal Odilon Behrens, queixando-se de cefaleia desde febre (39-40C). O exame do lavado brnquio-alve-
17/08/09. Naquele momento, foi diagnosticada sinusi- olar realizado em 20/08/09 evidenciou cocos gram-
te bacteriana e iniciado tratamento com Amoxicilina. positivos e bastonetes gram-negativos, sendo manti-
Na madrugada de 19/08/09, acordou com cefaleia in- do o antibitico. O paciente, em 22/08/09, apresentou
tensa, hemiparesia direita, desvio da comissura labial parada cardio-respiratria em assistolia, no respon-
para a esquerda e afasia. Foi levado a uma Unidade siva s manobras de ressuscitao cardio-pulmonar,
de Pronto Atendimento municipal, onde recebeu sendo constatado seu bito s 3h05 daquele dia.
atendimento inicial, sendo transferido no mesmo dia
para o PA do Hospital das Clnicas (PA-HC) da Uni-
versidade Federal de Minas Gerais. admisso neste DISCUSSO
servio, apresentava rebaixamento do nvel de cons-
cincia, com classificao 8 pela Escala de Coma de A abordagem inicial do AVE agudo tem como
Glasgow (abertura ocular a estmulos, flexo inespe- objetivos a estabilizao clnica inicial, incluindo a
cfica a estmulos dolorosos, ausncia de resposta proteo de vias areas e os suportes ventilatrio e
verbal). Ao exame neurolgico, houve ausncia de hemodinmico, seguida de avaliao neurolgica,
rigidez de nuca, pupilas isocricas e fotorreativas, realizao de mtodo de imagem cerebral e deter-
clnus aquileu esgotvel bilateralmente, reflexo minao da indicao e possibilidade do tratamento
cutneo-plantar (RCP) presente bilateralmente e si- fibrinoltico.4-7
nal de Hoffman direita. Sua presso arterial foi de A histria e o exame clnico devem ser direcio-
160x100 mmHg. Glicemia capilar 212 mg/dl, que foi nados excluso de outras doenas que podem
corrigida com insulina regular. No houve outras alte- apresentar-se clinicamente como o AVE, tais como
raes. Foi prontamente sedado, entubado e coloca- convulses, hipoglicemia, enxaqueca, uso de dro-
do sob assistncia ventilatria. Manteve estabilidade gas, trauma, entre outras.4
hemodinmica. A Tomografia Computadorizada de A avaliao dos dficits neurolgicos deve ser rea-
Crnio (TCC) evidenciou hipodensidade occipital lizada clinicamente e por meio do uso de escalas, mais
esquerda (AVE isqumico), com suspeita clnica de comumente a escala de avaliao do acidente vascu-
extenso at o tronco cerebral (rebaixamento do lar cerebral do Instituto Nacional de Sade (NIHSS),
nvel de conscincia). Os exames hematolgicos e que pode ser acessada, em portugus, no site: <http://
bioqumicos realizados internao no apresenta- www.hospitalsiriolibanes.org.br/medicos_ profissio-
vam alteraes significativas. O paciente foi mantido nais_saude/diretrizes_assistenciais/pdf/abordagem_
sem sedao contnua a partir da tarde daquele dia. diagnostica_terapeuticado_avci_nohsl.pdf>.7 O uso de
Na noite de 19/08/09, apresentou febre, leucocitose escalas neurolgicas preconizado, pois permite re-
(contagem de leuccitos: 10.700) e elevao de pro- tratar o dficit neurolgico para avaliar dinamicamen-
tena C reativa, sem foco infeccioso definido, sendo te a intensidade durante a evoluo do AVC isqumico
iniciado tratamento antibitico emprico com Amo- e a elegibilidade do paciente para o tratamento fibri-
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noltico e seu potencial de complicaes. Dessa for- pertensivos de escolha devem ser os parenterais cujos
ma, pacientes com dficits que evoluem com melhora efeitos sejam rapidamente titulveis.7
significativamente rpida ou que apresentam apenas A avaliao da glicemia deve ser realizada inter-
alteraes neurolgicas discretas e pouco incapaci- nao e periodicamente. Deve-se evitar tanto a hipo-
tantes no so candidatos ao uso do tromboltico, en- glicemia como a hiperglicemia. Deve-se usar insulina
quanto aqueles que apresentam dficits neurolgicos para controle de glicemia superior a 140-185 mg/dl.4-7
importantes (NIHSS>22) apresentam pior prognstico Nos pacientes que cursam com febre, deve-se
e maior risco de complicaes hemorrgicas.7 suspeitar de infeces do sistema nervoso central
Exames complementares iniciais incluem TCC ou sistmicas, cujo diagnstico e tratamento devem
sem contraste ou ressonncia nuclear magntica do ser precoces. A febre associa-se a piora do progns-
encfalo, eletrocardiograma, hemograma completo, tico do AVE. Apesar de no haver evidncias de que
tempo parcial de tromboplastina ativado, tempo de o tratamento da febre melhore o prognstico desses
protrombina, ureia, creatinina, eletrlitos, glicemia, indivduos, deve-se tratar precocemente sua causa, e
marcadores de leso miocrdica, saturao de oxi- o uso de antipirticos preconizado com o objetivo
gnio e lipidograma. Outros exames so indicados de retorno temperatura corporal normal.4
para diagnstico diferencial com outras doenas que O tratamento fibrinoltico deve ser considerado
podem mimetizar o AVE.4-7 para qualquer paciente com AVE isqumico. O nico
Pacientes com AVE apresentam risco aumentado tromboltico aprovado para o tratamento do AVE a
de insuficincia respiratria por aspirao e pneu- alteplase (r-TPA), que pode ser administrada por via
monia, por causa da dificuldade de proteo de vias intravenosa (efeito sistmico) ou intra-arterial (efeito
areas e expectorao de secrees brnquicas, local, no vaso obstrudo). Na abordagem inicial do
devido a paresia ou paralisia facial ou bulbar ou re- paciente com AVE isqumico, este deve ser avaliado
baixamento do nvel de conscincia situaes em quanto sua elegibilidade e ausncia de contrain-
que a entubao traqueal indicada precomente.4-7 dicaes para esse tratamento. Os pacientes elegveis
O modo ventilatrio varia conforme cada caso. Nos para tromblise intravenosa so os que apresentam
pacientes sem sedao, pode ser usada a ventilao incio de sintomas h menos de 4,5 horas, dficits
por presso de suporte.7 neurolgicos moderados a graves e ausncia de qual-
Nas situaes em que o indivduo mantm ventila- quer uma das contraindicaes a esse tratamento.
o adequada, a saturimetria de pulso dever ser su- A forma de administrao do r-TPA, uma lista das
perior a 95%, havendo necessidade de fornecimento contraindicaes tromblise e os cuidados que de-
de oxigenioterapia suplementar em muitos casos.4-7 vem ser tomados durante e aps sua infuso fogem
Pacientes com AVE geralmente apresentam nveis ao objetivo desta breve discusso, mas podem ser
elevados de presso arterial, cujo tratamento agressi- acessados no site: <http://www.hospitalsiriolibanes.
vo pode ser deletrio e contribuir para a reduo do org.br/medicos_profissionais_saude/diretrizes_assis-
fluxo sanguneo cerebral. Preconiza-se que a hiper- tenciais/pdf/abordagem_diagnostica_terapeuticado_
tenso arterial sistmica seja tolerada em pacientes avci_nohsl.pdf>. O uso da tromblise intra-arterial
com AVE agudo, exceto nos casos em que h indica- mais restrito, e suas indicaes e tcnica podem ser
o de tratamento fibrinoltico ou presena de emer- acessadas no mesmo site.
gncia hipertensiva. Dessa forma, o uso de medica- Nos pacientes cujo incio dos sintomas no pode
mentos anti-hipertensivos est indicado, com cautela, ser estabelecido com certeza ou que se apresentem
apenas nos casos em que a presso arterial sistlica com mais de seis horas de evoluo, no h indicao
ultrapassa 220 mmHg ou a diastlica superior a 120 de tromblise e, alm dos cuidados iniciais acima dis-
mmHg, de forma que no haja reduo da presso ar- cutidos, h indicao de tratamento com antiplaque-
terial superior a 20% do valor inicial nas primeiras 24 trio (cido acetil-saliclico 325 mg ou clopidogrel 75
horas, devendo-se, tambm, evitar episdios de hipo- mg), uso de protetor gstrico (omeprazol), preveno
tenso. Nos pacientes candidatos ou submetidos ao de trombose venosa profunsa (uso de meias elsticas
tratamento fibrinoltico, os nveis em que se indica o e compresso pneumtica ou uso de profilaxia com
tratamento hipotensor passam a ser, respectivamente, heparina) e incio de tratamento com estatina, alm
180 mmHg e 105 mmHg.4-7 Os medicamentos anti-hi- de reavaliao neurolgica peridica.8
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