Algebra Linear - Livro UEM
Algebra Linear - Livro UEM
Algebra Linear - Livro UEM
LINEAR
CRAmER
(1704-1752)
Conselho Editorial
Equipe Tcnica
Projeto Grfico e Design Marcos Kazuyoshi Sassaka
Fluxo Editorial Edneire Franciscon Jacob
Mnica Tanamati Hundzinski
Vania Cristina Scomparin
Edilson Damasio
Artes Grficas Luciano Wilian da Silva
Marcos Roberto Andreussi
Marketing Marcos Cipriano da Silva
Comercializao Norberto Pereira da Silva
Paulo Bento da Silva
Solange Marly Oshima
Formao de Professores EM FSICA - EAD
LGEBRA LINEAR
7
Maring
2009
Coleo Formao de Professores em Fsica - EAD
ISBN: 978-85-7628-213-6
1. lgebra linear. I. Franco, Valdeni Soliani. II Primo, Marcos Roberto Teixeira
4 Bases e dimenso............................................................................... 55
7 referncias ........................................................................................142
3
lgEBra linEar
4
S obre os autores
MARCOS ROBERTO TEIXEIRA PRIMO
Graduao em Matemtica pelo Instituto de Biocincias Letras e Cincias Exatas da
Universidade Estadual Paulista, campus de So Jos do Rio Preto, IBILCE/UNESP So Jos do
Rio Preto. Mestrado em Matemtica pelo Instituto de Cincias Matemticas e da Computao
da Universidade de So Paulo, campus de So Carlos, ICMC/USP - So Carlos. Doutorado em
Matemtica pelo Instituto de Cincias Matemticas e da Computao da Universidade de So
Paulo, campus de So Carlos, ICMC/USP - So Carlos. professor adjunto do Departamento de
Matemtica da Universidade Estadual de Maring, DMA/UEM desde 1995.
5
A presentao da Coleo
7
lgEBra linEar Com esse intuito, a presente coleo construiu-se a partir do esforo de uma ab-
negada parcela de docentes do Departamento de Fsica (e, tambm, de Matemtica,
Qumica, Educao e Informtica) da Universidade Estadual de Maring (UEM), e de
professores convidados, que buscam a superao da inrcia educacional que produ-
ziu, em muitas dcadas, uma quantidade irrisria de licenciados em Fsica no pas.
Agradecemos a todos os colegas da UEM e demais IES, alm da administrao cen-
tral da UEM, que, por meio da atuao direta da Reitoria e de diversas Pr-Reitorias,
no mediu esforos para que os trabalhos pudessem ser desenvolvidos da melhor
maneira possvel. De modo bastante especifi co, destacamos aqui o esforo da Reitoria
para que os recursos para o fi nanciamento desta coleo pudessem ser liberados de
acordo com os trmites burocrticos e os prazos exguos estabelecidos pelo Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educao (FNDE).
No que se refere ao Ministrio da Educao, ressaltamos o esforo empreendido
pela Diretoria da Educao a Distncia (DED) da Coordenao de Aperfeioamento
de Pessoal do Ensino Superior (CAPES) e pela Secretaria de Educao de Educao a
Distncia (SEED/MEC), que em parceria com as Instituies de Ensino Superior (IES)
conseguiram romper barreiras temporais e espaciais para que os convnios para libe-
rao dos recursos fossem assinados e encaminhados aos rgos competentes para
aprovao, tendo em vista a ao direta e efi ciente de um nmero muito pequeno de
pessoas que integram a Coordenao Geral de Superviso e Fomento e a Coordenao
Geral de Articulao.
Esperamos que essa primeira edio da Coleo Formao de Professores EAD
- Fsica possa contribuir para a formao dos alunos matriculados no curso de Fsica
(mesmo aquele presencial), bem como de outros cursos superiores distncia de to-
das as instituies pblicas de ensino superior que integram e possam integrar em um
futuro prximo o Sistema UAB.
8
A presentao do livro
Este livro foi escrito para acadmicos do curso de Licenciatura em Fsica na moda-
lidade de Educao a Distncia.
A lgebra Linear tem um contedo bsico que essencial para diversas reas do co-
nhecimento cientfi co, tais como a prpria matemtica, a fsica, a qumica, a estatstica,
as cincias da computao, as engenharias, entre outras.
Em geral, vocs, alunos, que esto cursando pela primeira vez esta disciplina, jul-
gam-na bastante abstrata e s vezes no percebem o alcance que seus conceitos pode-
ro ter em um futuro. Para amenizar este primeiro impacto, procuramos construir o
livro com muitos exemplos.
Como poder ser percebido, procuramos incorporar a este livro, o carter informal
dos livros das disciplinas anteriormente estudadas por vocs. Utilizamos para tanto o
ambiente denominado conversa dentro do mesmo esprito como foi concebido, isto
, tentando transmitir aos estudantes as entrelinhas dos diversos assuntos, da mesma
forma que um professor o faz em cursos presencias. Em momentos assim queremos,
transmitir ideias importantes para o desenvolvimento dos temas sob anlise.
O livro contm poucos exerccios. Outros sero fornecidos como material de apoio
na plataforma do curso.
Desejamos a todos um bom aproveitamento dessa disciplina e uma compreenso
dos fenmenos matemticos que lhe deram origem.
OS AUTORES
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lgEBra linEar
10
1 Espaos Vetoriais
1.1 introduo
1.2 o Conceito de Espao vetorial
1.3 algumas Consequncias da denio de Espao vetorial
11
1 ESPAOS VETORIAIS
lgEBra linEar
1.1 Introduo
Conversa
Voc pode ter levado um susto com esta segunda pergunta. Se no levou, melhor; mas se
levou vamos esclarecer que, como um aluno da fsica, deve se acostumar quando falarmos
de espaos de dimenso maior que 3. Est certo: o mundo que vivemos tridimensional,
mas inmeros so os problemas que podem ser resolvidos utilizando dimenses maiores,
conforme vocs vero. No s isso, principalmente na fsica, muitos so os cientistas
que estudam teorias utilizando espaos com dimenses muito grandes.
Outra conversa que precisamos ter com vocs sobre uma das palavras que
escrevemos antes de enunciar as oito propriedades, a saber, escalar. A palavra escalar
no contexto de espao vetorial um elemento de um corpo. Mas, o que um corpo em
matemtica? Corpo um
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conjunto que possui duas operaes internas que satisfazem determinadas Espaos vetoriais
propriedades, mas no faz parte do escopo deste livro estudar esta estrutura
algbrica. Neste livro, basta entendermos este escalar como sendo um nmero real
ou um nmero complexo. Muitas vezes mencionaremos o conjunto dos nmeros reais
ou o conjunto dos nmeros complexos como um corpo K. Vocs viram no curso de
Geometria Analtica que denotamos os nmeros reais por . O conjunto dos nmeros
complexos ser denotado por . Vamos combinar que, se dissermos escalar, estamos
com um nmero real ou complexo. Quando formos particularizar o estudo para um
desses dois conjuntos, faremos uma observao nesse sentido.
Para denir espao vetorial, vamos utilizar um conjunto V (no vazio), um corpo
de escalares K, e duas operaes, uma utilizando apenas os elementos de V, chamada
adio e, a outra, utilizando elementos de K e de V, chamada multiplicao por escalar.
1 Este fato conhecido com propriedade do fechamento. Caso um conjunto satisfaa esta pro-
priedade, dizemos que este conjunto fechado para a adio e multiplicao por escalar.
13
lgEBra linEar
Conversa
Exemplo 1.3: Neste exemplo, vamos generalizar a ideia de vetor, construindo o conjunto
n = ... , no qual, qualquer um dos seus elementos so n-uplas ordenadas
n vezes
de nmeros reais da forma u = (a1 , a2 , a3 ,..., an ) , em que a1 , a2 , a3 ,..., an .
Daremos a esses elementos, por analogia ao 2 e ao 3 , o nome de vetor, e aos termos
a1 , a2 , a3 ,..., an o nome de coordenadas do vetor. Referir-nos-emos a essas
coordenadas, respectivamente, como 1 coordenada, 2 coordenada, 3 coordenada e assim
sucessivamente at a n-sima coordenada. Neste conjunto, introduzimos duas operaes,
de adio e de multiplicao por escalar da maneira mais natural possvel, a saber, se
u = (a1 , a2 , a3 ,..., an ) n , v = (b1 , b 2 , b3 ,..., bn ) n e k . Ento, denimos,
u + v = (a1 + b1 , a2 + b2 , a3 + b3 ,..., an + bn ) e k u = (kb 1, kb 2 , kb3 ,..., kbn ) .
Vamos vericar se de fato, n com essas operaes um espao vetorial. Para isso,
observemos que n trivialmente um conjunto no vazio, e que u + v e ku so n-uplas
ordenadas de nmeros reais e, portanto so vetores de n e, portanto, o conjunto fechado
para as operaes de adio e multiplicao por escalar. Para completar a demonstrao,
devemos vericar que as operaes satisfazem as oito proposies dadas na denio 1.1.
[A1] Sejam u = (a1 , a2 , a3 ,..., an ) e v = (b1 , b 2 , b3 ,..., bn ) vetores quaisquer de n . Ento,
(1) (2)
u + v = (a1 + b1 , a2 + b 2 , a3 + b3 ,..., an + bn ) =
(1)
= (b1 + a1 , b 2 + a2 , b3 + a3 ,..., bn + an ) = v + u .
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[A2] Sejam u = (a1 , a2 , a3 ,..., an ) , v = (b1 , b 2 , b3 ,..., bn ) e w = (c1 , c2 , c3 ,..., cn ) Espaos vetoriais
vetores quaisquer de n . Ento,
(1) (1)
(u + v) + w = (a1 + b1 , a2 + b2 , a3 + b3 ,..., an + bn ) + (c1 , c2 , c3 ,..., cn ) =
(3)
= ((a1 + b1 ) + c1 , (a2 + b 2 ) + c2 , (a3 + b3 ) + c3 ,..., (an + bn ) + cn ) =
(1)
= (a1 + (b1 + c1 ), a2 + (b 2 + c2 ), a3 + (b3 + c3 ),..., an + (bn + cn )) =
(1)
= (a1 , a2 , a3 ,..., an ) + (b1 + c1 , b 2 + c2 , b3 + c3 ,..., bn + cn ) =
= u + (v + w) .
[A3] Considere a n-upla 0 = (0, 0, 0,..., 0) , em que todas as n coordenadas so nulas. Esse
o vetor nulo do n . Observe que para qualquer vetor u = (a1 , a2 , a3 ,..., an ) do n ,
teremos, (1)
u + 0 = (a1 , a2 , a3 ,..., an ) + (0, 0, 0,..., 0) =
(4)
= (a1 + 0, a2 + 0, a3 + 0,..., an + 0) = (a1 , a2 , a3 ,..., an ) = u .
15
lgEBra linEar [M3] Para quaisquer escalares k , k ' e qualquer vetor u = (a1 , a2 , a3 ,..., an ) do n ,
temos,
(6) (3)
(k k ') u = ((k k ')a1 , (k k ')a2 , (k k ')a3 ,..., (k k ')an ) =
(6)
= (k (k ' a1 ), k (k ' a2 ), k ( k ' a3 ),..., k (k ' an )) =
(6)
= (k (k ' a1 ), k (k ' a2 ), k ( k ' a3 ),..., k (k ' an )) =
(6)
= k (k ' a1 , k ' a2 , k ' a3 ,..., k ' an ) =
= k (k '(a1 , a2 , a3 ,..., an )) = k (k ' u ).
Conversa
16
Espaos vetoriais
Conversa
Conversa
Antes de continuar a estudar este exemplo, vamos ter uma conversa importante. Na
operao de soma de elementos de F, utilizamos o sinal +, mas cuidado!! Em
(1.1), o sinal + esquerda da igualdade simboliza a soma de duas funes no
conjunto F, e do lado direito simboliza a soma de dois nmeros no corpo K. Portanto,
apesar de estarmos utilizando a mesma simbologia, o sinal + representa em cada
caso, somas completamente diferentes. Estamos utilizando uma soma conhecida por
ns desde pequenos, para denir uma soma de objetos que conhecemos um pouco
maiores.
De maneira semelhante, o smbolo . utilizado em (1.2), esquerda da igualdade
representa o produto de um escalar por uma funo e direita representa o produto
de dois nmeros em K. Em geral, no produto por escalar no utilizaremos nenhum
smbolo, aqui foi colocado apenas para que este fato fosse observado.
Aps esta conversa, continuemos o exemplo 1.5. Armamos que o conjunto F, com essas
duas operaes denidas anteriormente, denem um espao vetorial. De fato, pela prpria
denio, os elementos f + g e k f , esto em F. Assim, para que F seja um espao
vetorial, devemos mostrar que as oito proposies da denio 1.1, so verdadeiras.
[A1] Sejam f , g F quaisquer, ento,
(1) (2) (1)
( f + g )(a ) = f (a ) + g (a ) = g (a ) + f (a ) = ( g + f )(a ) , para todo a A .
Assim, f + g = g + f .
17
lgEBra linEar
[A2] Sejam f , g , h F quaisquer, ento,
(1) (1) (3)
[( f + g ) + h](a ) = ( f + g )(a ) + h(a ) = ( f (a ) + g (a )) + h(a ) =
(1) (1)
= f (a ) + ( g (a ) + h(a )) = f (a ) + ( g + h)(a ) = [ f + ( g + h)](a ) ,
para todo a A , assim ( f + g ) + h = f + ( g + h) .
Conversa
Em [A4], denimos uma funo denotada por f , a partir de uma funo f . Para
isso, invertemos o sinal do escalar f (a ) K . Alm disso, ateno para a simbologia,
no h distino entre o 0 utilizado para funo e o 0 utilizado para representar
o elemento neutro do corpo K.
A partir do prximo exemplo, apenas excepcionalmente indicaremos o porqu da
igualdade sobre o sinal, conforme zemos em exemplos anteriores, mas importantssimo
que voc compreenda cada uma das passagens.
Conversa
Tomando b 0 , teremos que [M4] falsa. Assim, entre as oito proposies da denio
1.1, apenas a [M4] falsa, mas como uma das proposies falsa, no temos um espao
vetorial.
21
[A2] Se u = (a, b) 2 , v = (c, d ) 2 e w = (e, f ) 2 .
lgEBra linEar
(u + v) + w = [(a, b) + (c, d )] + (e, f ) = (ac, bd ) + (e, f ) = ((ac)e, (bd ) f ) = .
= (a (ce), b(df )) = (a, b) + (ce, df ) =
= (a, b) + [(c, d ) + (e, f )] = u + (v + w) .
Demonstrao:
a) Seja 0 outro elemento neutro em V, ou seja, para qualquer u V , temos u + 0 = u .
Ento,
(*) ([ A1 ]) (**)
0 = 0 +0 = 0+ 0 = 0.
(*) segue do fato que 0 elemento neutro em V e [A3].
(**) segue do fato que 0 elemento neutro em V e [A3].
22
c) Suponhamos que u + w = v + w , ento,
Espaos vetoriais
[ A2 ] [ A4 ]
(u + w) + ( w) = (v + w) + ( w) u + ( w + ( w)) = v + ( w + ( w))
[ A 3]
u +0 = v+0 u = v.
d) Seja k K , ento,
[ A3 ] [M 1]
k 0 = k (0 + 0) = k 0 + k 0 ,
subtraindo k 0 em ambos os lados da igualdade, obtemos k 0 = 0 .
g) Sejam k K e v V , ento,
d) [ A4 ] [ M1 ]
0 = k 0 = k[v + (v)] = kv + k (v) ,
somando (kv) em ambos os lados da igualdade, obtemos
(kv) + 0 = (kv) + (kv + k (v)) . Utilizando para o lado esquerdo da igualdade
[A3], e para o lado direito, [A2], [A1] e [A3], obtemos que kv = k (v) . Alm disso,
e) (**) [M 2 ]
0 = 0v = (k + (k ))v = kv + (k )v ,
somando ( kv) em ambos os lados da igualdade, obtemos,
(kv) + 0 = (kv) + (kv + (k )v) .
Utilizando para o lado esquerdo da igualdade [A3], e para o lado direito, [A2], [A1] e
[A3], obtemos que kv = ( k )v .
4. Seja V um espao vetorial sobre um corpo K. Mostre que, para qualquer escalar
k K e quaisquer vetores u , v V , k (u v) = ku kv .
24
Espaos vetoriais
Anotaes
25
lgEBra linEar
Anotaes
26
2 Subespaos Vetoriais
27
2 SUBESPAOS VETORIAIS
lgEBra linEar
Conversa
Voc deve ter percebido que, em geral, no difcil demonstrar que um determinado
conjunto V com as operaes de adio e multiplicao por escalar sobre um corpo
K um espao vetorial. Mas voc deve concordar que pode ser bastante extenso
demonstrar as oito proposies da denio 1.1. Os subespaos vetoriais tm
inmeras aplicaes, mas uma voc perceber de imediato, o fato que com ele, em
geral, podemos facilitar a demonstrao de que V um espao vetorial sobre K.
i. U .
ii. Se u1 , u2 U , ento, u1 + u2 U .
iii. Se u U e k K , ento, ku U .
Demonstrao:
() Neste caso, a hiptese e a denio de subespao garantem que U um espao
vetorial sobre K em relao s operaes de adio e multiplicao por escalar de V. Desta
forma, segue imediatamente da denio 1.1, os itens i, ii e iii.
() Neste caso, estamos supondo que os itens i, ii, iii, so verdadeiros, logo, temos as
hipteses iniciais da denio 1.1 vericadas, ou seja, o conjunto no vazio e fechado
para a adio e multiplicao por escalar. Vamos demonstrar que as oito proposies
dadas na denio 1.1, so verdadeiras.
[A1] Para quaisquer vetores u1 , u2 U , por ii, u1 + u2 U e u2 + u1 U , mas
U V e em V, u1 + u2 = u2 + u1 , assim tambm o em U.
[A2] Para quaisquer vetores u1 , u2 , u3 U , por ii, (u1 + u2 ) + u3 U e
u1 + (u2 + u3 ) U , mas U V e em V (u1 + u2 ) + u3 = u1 + (u2 + u3 ) ,
assim tambm o em U.
[A3] Sejam u U e 0 K . Como U V e V um espao vetorial, temos pelo
teorema 1.8, item e, que 0 u = 0 e pelo item iii, 0u U , assim, 0 U . Mas
U V e em V, u + 0 = u , para todo u V e assim, para todo u U .
[A4] Sejam u U e 1 K . Como U V e V um espao vetorial, temos
pelo teorema 1.8, item g, que (1) u = u e pelo item iii, (1) u U , assim,
u U . Mas U V e em V, u + (u ) = 0 , para todo u V e assim, para
todo u U .
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[M1] Para qualquer escalar k K , e quaisquer vetores u , v U , pelos
itens ii e iii, k (u + v) U e k u + k v U , mas U V e em V, subespaos vetoriais
k (u + v) = k u + k v , assim tambm o em U.
[M2] Para quaisquer escalares k1 , k2 K e qualquer vetor u U ,
(k1 + k2 ) u U e k1 u + k2 v U , mas U V e em
V 1 ( k + k 2 ) u = k1 u + k v
2 , assim tambm o em U.
[M3] Para quaisquer escalares k1 , k2 K e qualquer vetor u U ,
(k1k2 ) u U e k1 (k2u ) U , mas U V e em V (k1k2 ) u = k1 (k2u ) , assim
tambm o em U.
[M4] Para o elemento unitrio escalar 1, e para qualquer vetor u U , e pelo item iii,
1u U , mas U V e em V 1u = u , assim tambm o em U.
Portanto, nalizamos a demonstrao do teorema.
Corolrio 2.3: Sejam V um espao vetorial sobre um corpo de escalares K e U um
subconjunto de V . Ento U um subespao de V se, e somente se, 0 U e u 1 , u 2 U
implica que k1u 1 + k2u 2 U , para todos k1 , k2 K .
Demonstrao:
() Imediato da denio de espao vetorial.
() Como 0 U , segue que U no vazio. Seja u1 , u2 U , tomando k1 = k2 = 1 ,
segue o item ii do teorema 2.2. Seja u U e k1 K , k1 u = k1 u + 0 U , mostrando
assim o item iii do teorema 2.2. Portanto, o teorema 2.2 mostra que U um subespao
vetorial de V.
Conversa
Exemplo 2.4: Seja V = 3 com as operaes usuais de adio e multiplicao por escalar
nos reais. Em cada um dos itens a seguir vamos vericar se U ou no um subespao
vetorial de V.
Soluo:
Vamos utilizar o teorema 2.2 ou o corolrio 2.3.
a) Por denio, (0, 0, 0) U . Sejam u 1 , u 2 U e k1 , k2 . Assim, u 1 = ( x1 , 0, z1 )
e u 2 = ( x2 , 0, z2 ) , com x1 , z1 , x2 , z2 . Temos,
Soluo:
Vamos utilizar o teorema 2.2 ou o corolrio 2.3.
30
subespaos vetoriais
a11 a
a) A matriz nula 2 2 uma matriz simtrica, portanto, est em N. Sejam A =
a a22
b11 b
e B= duas matrizes em N. Sejam ainda, k1 , k2 . Temos,
b b22
a a b11 b
k1 A + k2 B = k1 11 + k2 =
a a22 b b22
k a k1a k2b11 k2b
= 1 11 + =
k1a k1a22 k2b k2b22
k a + k b k1a + k2b
= 1 11 2 11 ,
k1a + k2b k1a22 + k2b22
que uma matriz simtrica, portanto, em N. Portanto, pelo corolrio 2.3, N um
subespao vetorial de M.
a11 a12
b) Claramente, pela denio de N, a matriz nula 2 2 est em N. Sejam A =
0 a22
b11 b12
e B= duas matrizes em N. Sejam ainda, k1 , k2 . Temos,
0 b22
a a b b
k1 A + k2 B = k1 11 12 + k2 11 12 =
0 a22 0 b22
k a k a k b k b k a + k b k a +k b
= 1 11 1 12 + 2 11 2 12 = 1 11 2 11 1 12 2 12 ,
0 k1a22 0 k2b22 0 k1a22 + k2b22
que pela denio, uma matriz de N. Portanto, pelo corolrio 2.3, N um subespao
vetorial de M.
a) H = { f F ; f (1) = 0} .
b) H = { f F ; f (2) = 3 f (1)} .
c) H = { f F ; f ( x) = f ( x), x } , ou seja, H o conjunto das funes pares.
d) H = { f F ; f contnua} .
Soluo:
Vamos utilizar o teorema 2.2 ou o corolrio 2.3.
32
Soluo:
Vamos utilizar o teorema 2.2 ou o corolrio 2.3. subespaos vetoriais
kq1 (0) + k ' q2 (0) = k .0 + k '.0 = 0 e kq1 (1) + k ' q2 (1) = k .0 + k '.0 = 0 .
Demonstrao:
Pelo corolrio 2.3, o elemento neutro 0, pertence a todos os subespaos vetoriais, logo,
pertence a interseo de subespaos vetoriais.
Sejam u 1 , u 2 U = U i , onde U i so subespaos vetoriais de V, ento pela denio
de interseo de conjuntos, u 1 , u 2 U i , para todo i. Sejam k1 , k2 K . Ento, como U i
so subespaos vetoriais de V, pelo corolrio 2.3, k1u 1 + k2u 2 U i , para todo i, ou seja,
novamente pela denio de interseo de conjuntos,
k1u 1 + k2u 2 U
O corolrio 2.3 mostra que U = U i um subespao vetorial de V.
33
lgEBra linEar
Conversa
Uma pergunta que vocs poderiam fazer agora , ser que a unio de subespaos
vetoriais um espao vetorial?. Vamos demonstrar por meio de um contra-
exemplo simples, que isso no verdadeiro mesmo que tenhamos a unio de
apenas dois conjuntos. Para isso, sejam r e s duas retas no plano cartesiano, que
passam pela origem. Podemos supor, por exemplo, que a equao vetorial de r seja,
r : ( x, y ) = (1, 2), e da reta s seja, s : ( x, y ) = (1,3), . Note que estas retas
so subespaos vetoriais do plano cartesiano. De fato, vamos demonstrar este fato
para a reta r. Temos que (0, 0) r , basta fazer = 0 . Se r1 , r2 r , ento, r1 = (1 , 21 )
e r2 = ( 2 , 2 2 ) . Sejam k1 , k2 , ento,
k1r1 + k2 r2 = k1 (1 , 21 ) + k2 ( 2 , 2 2 ) = (k11 , 2k11 ) + (k2 2 , 2k2 2 ) =
= (k11 + k2 2 , 2(k11 + k2 2 )) = (k11 + k2 2 )(1, 2) ,
onde, k11 + k2 2 e assim, k1r1 + k2 r2 est em r. A demonstrao que s um subespao
vetorial do plano cartesiano e anloga.
Consideremos, ento, os prprios vetores geradores de r e de s, (1, 2) e (1,3) . Observe
que o vetor (1, 2) + (1,3) = (0,5) , no est na reta r e nem na reta s, logo, no est na
unio dessas duas retas. Por outro lado, se r s fosse um subespao vetorial, pelo
item ii do teorema 2.2, (0,5) deveria pertencer a esta unio, ou seja, estar em r ou
em s.
Uma pergunta que vocs poderiam fazer agora , ser que a unio de subespaos
vetoriais um espao vetorial?. Vamos demonstrar por meio de um contra-
exemplo simples, que isso no verdadeiro mesmo que tenhamos a unio de
apenas dois conjuntos. Para isso, sejam r e s duas retas no plano cartesiano, que
passam pela origem. Podemos supor, por exemplo, que a equao vetorial de r seja,
r : ( x, y ) = (1, 2), e da reta s seja, s : ( x, y ) = (1,3), . Note que estas retas
so subespaos vetoriais do plano cartesiano. De fato, vamos demonstrar este fato
para a reta r. Temos que (0, 0) r , basta fazer = 0 . Se r1 , r2 r , ento, r1 = (1 , 21 ) e
r2 = ( 2 , 2 2 ) . Sejam k1 , k2 , ento,
k1r1 + k2 r2 = k1 (1 , 21 ) + k2 ( 2 , 2 2 ) = (k11 , 2k11 ) + (k2 2 , 2k2 2 ) =
U1 + U 2 = {u1 + u2 ; u1 U1 e u2 U 2 } .
Temos, ainda por denio, que:
34
i. 0 = 0 + 0 U1 + U 2 . subespaos vetoriais
ii. Se u1 + u2 , u '1 + u '2 U1 + U 2 ,
(u1 + u2 ) + (u '1 + u '2 ) = (u1 + u '1 ) + (u2 + u '2 ) U1 + U 2 .
iii. Se u1 + u2 U1 + U 2 e k , k (u1 + u2 ) = ku1 + ku2 U1 + U 2 .
(a, b, c) = ( a , b, 0) + ( a , 0, c) U1 + U 2 ,
2 2
e assim, V U1 + U 2 . Alm disso, por denio, U1 + U 2 um subespao vetorial de
V, logo U1 + U 2 V . Segue que U1 + U 2 = V .
Demonstrao:
() Suponhamos que V = U1 U 2 , ento, pela prpria denio 2.11 temos i
satisfeito. Seja u U1 U 2 , como u V , podemos escrever u = u + 0 , com u U1 e
0 U 2 e u = 0 + u , com 0 U1 e u U 2 , mas por denio de soma direta, u V se
35
lgEBra linEar escreve de maneira nica como uma soma de vetores de U1 e U 2 , logo, u = 0 e assim,
U1 U 2 = {0} .
() Como V = U1 + U 2 , temos que se v V , v = u1 + u2 , onde u1 U1 e u2 U 2 .
Suponhamos que v = u '1 + u '2 , onde u '1 U1 e u '2 U 2 , ento, u1 + u2 = u '1 + u '2 ,
ou ainda, u1 u '1 = u '2 u2 , mas u1 u '1 U1 e u '2 u2 U 2 , assim,
u1 u '1 = u '2 u2 U1 U 2 . Por ii, U1 U 2 = {0} e assim, u1 u '1 = u '2 u2 = 0 ,
de onde segue que u1 = u '1 e u '2 = u2 , mostrando assim, que v se escreve de maneira
nica.
Note que no exemplo 2.9 no temos soma direta, pois a interseo dos dois
subespaos no constituda apenas pelo elemento neutro, j no exemplo 2.10 no temos
soma direta porque a soma dos dois subespaos no fornece todo o espao vetorial.
Exerccios
37
lgEBra linEar
Anotaes
38
subespaos vetoriais
Anotaes
39
lgEBra linEar
Anotaes
40
3 Dependncia e
Independncia Linear
41
3 DEPENDNCIA E INDEPENDNCIA LINEAR
lgEBra linEar
Demonstrao:
Notemos que se s S , ento s = 1s e assim, por denio, s [ S ] , logo S [ S ] .
Como S no-vazio, temos que [ S ] tambm o . Logo, o item i do teorema 2.2 est
satisfeito. Sejam s, s ' [ S ] , ento por denio,
s = a1s1 + a2 s2 + ... + am sm e s ' = a '1 s1 + a '2 s2 + ... + a 'm sm ,
onde, si S e ai , a 'i K . Ento,
s + s ' = (a1 + a '1 ) s1 + (a2 + a '2 ) s2 + ... + (am + a 'm ) sm ,
que, por denio, um elemento de [ S ] . Assim, o item ii do teorema 2.2 est satisfeito.
Seja k K . Ento,
ks = k (a1s1 + a2 s2 + ... + am sm ) = (ka1 ) s1 + (ka2 ) s2 + ... + (kam ) sm ,
que, por denio, um elemento de [ S ] . Assim, o item iii do teorema 2.2 est satisfeito
e, portanto, [ S ] um subespao vetorial de V que contm S. Alm disso, se U V
qualquer outro subespao vetorial contendo S, por denio de subespao, todos os
mltiplos dos elementos de S esto em U, e pelo mesmo motivo, a soma desses mltiplos
tambm esto em U. Logo, pela denio de [ S ] , temos que [ S ] U .
Conversa
42
Exemplo 3.2: No curso de Geometria Analtica foi visto que para se obter a equao de uma dependncia e
reta no espao deveramos conhecer um vetor v 3 que determinava sua direo, chamado independncia linear
vetor diretor, e a posio dessa reta no espao era determinada por um ponto A qualquer
da
reta. Neste
caso, a equao vetorial da reta X = A + v , , ou seja, temos
que
AX = v , . Pelo teorema 3.1, dado um vetor no-nulo v 3 , o conjunto [v ] um
subespao vetorial de 3 (portanto, contm a origem), assim, geometricamente, [v ] uma
reta
que passa pela origem na
direo de v . Analogamente, dados dois vetores no paralelos,
v1 , v2 3 , o conjunto [v1 , v2 ] um subespao vetorial de 3 e assim,
geometricamente
um plano que passa pela origem que possui como vetores diretores v1 , v2 .
Exemplo
3.3: Vimos
i = (1, 0,
ainda no curso de Geometria Analtica que os vetores
3 3
0) ,
j = (0,1, 0)
e k = (0, 0,1) , geram o espao tridimensional , isto , [i , j , k ] = , e o
conjunto {i , j , k } foi chamado de base cannica. Mais adiante, generalizaremos o conceito
de base, para qualquer espao vetorial.
Exemplo 3.4: O conjunto dos monmios {1, t , t 2 , t 3 ,...} gera o espao vetorial V de todos
os polinmios em t, pois qualquer polinmio uma combinao linear de potncias de t.
Exemplo 3.5: Vamos veri car que a 4-upla v = (0,1, 0,3) uma combinao linear dos
vetores v1 = (1, 2, 0, 2) , v2 = (1,1,1, 0) e v3 = (1,1, 2,1) . Para que isso ocorra, devemos ter,
(0,1, 0,3) = x(1, 2, 0, 2) + y (1,1,1, 0) + z (1,1, 2,1) ,
e assim, obtemos o sistema,
x+ y+z =0
2x + y + z = 1
,
y + 2z = 0
2 x +z =3
que aps escalonamento,
x + y + z = 0 L2 L2 2 L1 x + y + z = 0 L3 L3 L2 x + y + z = 0
2 x + y + z = 1 L4 L4 2 L1 y z = 1 L4 L4 2 L2 y + z = 1
,
y + 2 z = 0 y + 2 z = 0 z = 1
2 x +z =3 2 y z = 3 z =1
obtemos (1, 2,1) , ou seja, v = v1 2v2 + v3 e, portanto, v uma combinao
asoluo
linear v1 , v2 e v3 .
Conversa
Neste exemplo, foi trabalhado com uma terna arbitrria (a, b, c) 3 . Um bom
exerccio escolher uma ou mais ternas particulares do 3 e escrev-las como
combinao linear dos vetores de S.
Soluo:
Queremos encontrar , , tais que,
a b 1 1 0 1 0 0
= + + .
0 c 0 1 0 1 0 1
Isto equivale a resolver o sistema
=a
+ = b ,
++ = c
cuja soluo = a , = b a e = c b . Logo,
a b 1 1 0 1 0 0
= a + (b a ) + (c b ) .
0 c 0 1 0 1 0 1
Portanto, N = [ S ] .
{ }
Exemplo 3.8: Vamos mostrar que o conjunto S = 1,1 t , (1 t ) 2 , (1 t )3 gera o espao
vetorial P3 [t ] dos polinmios de grau menor ou igual a 3 na varivel t.
Soluo:
Queremos encontrar , , , tais que,
a + bt + ct 2 + dt 3 = 1 + (1 t ) + (1 t ) 2 + (1 t )3 =
= 1 + (1 t ) + (1 2t + t 2 ) + (1 3t + 3t 2 t 3 ) =
= ( + + + ) + ( 2 3)t + ( + 3)t 2 t 3 .
Isto equivale a resolver o sistema
+ + + = a
2 3 = b
,
+ 3 = c
= d
cuja soluo = d , = c + 3d , = (b + 2c + 3d ) e = a + b + c + d . Logo
a + bt + ct 2 + dt 3 =
44
= (a + b + c + d )1 (b + 2c + 3d )(1 t ) + (c + 3d )(1 t ) 2 d (1 t )3 .
Portanto, P3 [t ] = [ S ] . dependncia e
independncia linear
Conversa
Conversa
Este conceito precisa ser bem compreendido por vocs. Recordem o que foi visto
em Geometria Analtica, entenda bem o conceito em dimenses mais baixas, pois a
generalizao uma consequncia. Ateno tambm nas prximas observaes.
Observaes
1. Note que a relao (3.1) sempre verdadeira se os coecientes dos vetores v1 , v2 ,..., vn
forem todos nulos. Desta forma, podemos entender a denio 3.1 da seguinte forma:
Os vetores v1 , v2 ,..., vn V so LI se, e somente se, 1v1 + 2 v2 + ... + n vn = 0
apenas quando 1 = 2 = ... = n = 0 .
2. Note tambm que se o vetor nulo 0 um dos vetores entre v1 , v2 ,..., vn , ento os
vetores v1 , v2 ,..., vn so LD. De fato, suponhamos, por exemplo, que vi = 0 , ento,
podemos escrever,
0v1 + 0v2 + ... + 0vi 1 + 1.0 + 0vi +1 + ... + 0vn = 0 ,
ou seja, existem escalares no todos nulos que satisfazem (3.1).
3. Um nico vetor no-nulo sempre LI, pois se v = 0 e v 0 pelo item f do teorema
1.1, implica que devemos ter = 0 .
Conversa
Neste texto utilizaremos as duas linguagens, ora poderemos utilizar a frase os vetores
so LD ou LI, ora o conjunto LD ou LI.
Demonstrao:
() Se os vetores no nulos v1 , v2 ,..., vn so LD, ento, existem escalares
1 , 2 ,..., n K , no todos nulos, tais que 1v1 + 2v2 + ... + n vn = 0 . Suponhamos
que o ltimo escalar no nulo seja i . Nesse caso temos,
1v1 + 2v2 + ... + i 1vi 1 + i vi + 0vi +1 + ... + 0vn = 0 .
Portanto,
1
vi = v1 2 v2 ... i 1 vi 1 ,
i i i
ou seja, vi uma combinao linear dos vetores precedentes.
() Suponhamos que um dos vetores v1 , v2 ,..., vn seja uma combinao linear dos
vetores precedentes. Podemos supor que vi seja esse vetor. Ento, existem escalares
1 , 2 ,..., i 1 K , tais que,
vi = 1v1 + 2v2 + ... + i 1vi 1 .
Assim,
1v1 + 2v2 + ... + i 1vi 1 vi = 0 ,
e o coeciente de vi 1 que no nulo, portanto, por denio, v1 , v2 ,..., vn so LD.
47
lgEBra linEar
Exemplo 3.14: Vamos vericar se o conjunto de vetores em 4 sobre , com as
operaes usuais,
{(1, 2, 1,3), (0, 1,1, 2), (1, 0,1, 1), (3,1, 4, 1)}
LI ou LD.
Soluo:
Observe que (1, 0,1, 1) = (1, 2, 1,3) + 2(0, 1,1, 2) . Assim, pelo teorema 3.13, o
conjunto LD.
Soluo:
a) Lembremos que no curso de Geometria Analtica, tomando as coordenadas de v e
dividindo ordenadamente pelas coordenadas de u, quando forem distintas de zero
(lembrar que se uma das coordenadas de um dos dois vetores nula a correspondente
tambm deve ser, isto acontece neste caso) temos,
2 2 6 4
= = .
1 1 3 2
Como eles no so proporcionais, pelo teorema 3.13, os vetores u e v so LI.
b) Neste caso devemos comparar ordenadamente cada uma das entradas (distintas de
zero, mesma observao do item a) das matrizes em M 32 ( ) . Vejamos
1 1 1 2 2
= = = = = 1 .
1 1 1 2 2
Como eles so proporcionais, pelo teorema 3.13, os vetores u e v so LD.
c) Cuidado! Perceba que os coecientes dos dois polinmios parecem iguais, mas
so coecientes de termos distintos. Na verdade, podemos escrever u como
u = (2, 0, 1, 0,3, 0, 2, 0) e v como v = (0, 2, 0, 1, 0,3, 0, 2) , em que a primeira
coordenada a do termo independente, a segunda a do coeciente de t, a terceira a do
coeciente de t 2 , e assim sucessivamente at a oitava coordenada que o coeciente
do termo t 7 . Logo, pelo teorema 3.13, u e v so LI.
Conversa
Note que a maneira que resolvemos o exemplo 3.15 s foi possvel porque temos
apenas dois vetores. Caso existam mais que dois vetores, temos que utilizar outros
recursos na demonstrao. Na sequncia faremos mais exemplos.
48
Exemplo 3.16: Vamos vericar se os vetores dos itens a seguir so LI ou LD em 3
sobre . dependncia e
independncia linear
a) u1 = (1, 1,3) ; u2 = (5, 2, 3) e u3 = (2, 5,12) ;
b) u1 = (3, 2, 0) ; u2 = (4, 2, 0) e u3 = (2, 2, 7) .
Soluo:
Observemos que se os vetores forem LI, os nicos escalares x, y e z que tornam a
combinao linear xu1 + yu2 + zu3 igual ao vetor nulo so x = 0, y = 0 e z = 0 . Assim,
vamos fazer esta combinao linear.
a) Temos
x(1, 1,3) + y (5, 2, 3) + z (2, 5,12) = (0, 0, 0) ,
que ocorre se, e somente se,
x + 5 y 2z = 0
x + 2 y 5z = 0 .
3 x 3 y + 12 z = 0
O sistema acima homogneo e, portanto, temos no mnimo a soluo trivial. Se esta
soluo for a nica, os vetores sero LI, se existir outras solues, os vetores sero LD.
Vamos escalonar o sistema.
x + 5 y 2z = 0 L2 L2 + L1
x + 5 y 2z = 0 1
L2 L2
7
x + 2 y 5z = 0 7 y 7z = 0
1
L3 L3 3 L1
3x 3 y + 12 z = 0 18 y + 18 z = 0 L3 L3
18
x + 5 y 2z = 0 L L +L x + 5 y 2z = 0
3 3 2
y z = 0 .
y+z =0 y z = 0
Fazendo, por exemplo, y = a , onde a um nmero real qualquer, teremos z = a e
x = 3a , ou seja, qualquer terna (3a, a, a ) , para a , uma soluo para o sistema.
Assim, os vetores so LD.
Conversa
b) Vamos utilizar a conversa anterior para resolver este item, ou seja, vamos escalonar a
matriz formada pelas coordenada dos vetores dados.
3 4 2 3
L2 L2 3 4 2 L2 L2 + L1
3 4 2
2
2 2 2 3 3 3 0 1 1 .
0 0 7 0 0 7 0 0 7
49
Como aps o escalonamento, temos trs linhas no nulas, a nica soluo para o sistema
lgEBra linEar gerado pela matriz a soluo trivial, logo pelas observaes feitas no item a, os vetores
so LI.
Demonstrao:
Suponhamos por absurdo que o conjunto das referidas linhas { ln , ln 1 ,..., l1} seja
LD. Ento pelo teorema 3.13, uma das linhas uma combinao linear dos vetores
precedentes, suponhamos que esta linha seja lr , logo,
lr = r +1lr +1 + r + 2lr + 2 + ... + nln (3.2)
Conversa
Antes de demonstrar este teorema, procure entender bem o que ele nos est dizendo.
O item a garante que se um conjunto de vetores gera um espao vetorial V, ento se
acrescentarmos qualquer outro vetor de V a este conjunto, ele ser sempre LD. J o
item b garante que um conjunto que gera um espao vetorial, no necessariamente
o menor conjunto que o gera.
Demonstrao:
a) Como por hiptese o conjunto { v1 , v2 ,..., vn } gera V e u V , ento, existem escalares
1 , 2 ,..., n K , tais que,
u = 1v1 + 2v2 + ... + n vn ,
ou seja, 1u 1v1 2 v2 ... n vn = 0 e pelo menos um dos coecientes dos vetores
da soma no nulo. Assim, pela denio 3.1 o conjunto { u , v1 , v2 ,..., vn } LD. Alm
disso, dado qualquer vetor w V , por hiptese existem escalares 1 , 2 ,..., n K tais
que w = 1v1 + 2 v2 + ... + n vn e, portanto, w = 0u + 1v1 + 2 v2 + ... + n vn e assim,
por denio { u , v1 , v2 ,..., vn } gera V.
Exerccios
4. Verique quais das matrizes dadas a seguir possuem o mesmo espao das linhas ou
o mesmo espao das colunas. 1 2 0
1 0 1 1 1 2
A= ; B = ; C = 3 1 1 ;
2 1 3 0 1 0 2 3 1
1 2 1 1 0
D = 3 1 4 ; E = 1 2 .
2 3 5 1 3
5. Mostre que se v = ( x1 , x2 ,..., xn ) uma combinao linear do espao linha de uma
matriz M M mn ( K ) , ento, xi uma combinao linear da correspondente coluna
i de M, para todo i = 1,..., n .
52
dependncia e
independncia linear
Anotaes
53
lgEBra linEar
Anotaes
54
4 Bases e Dimenso
55
4 BASES E DIMENSO
lgEBra linEar
Denio 4.1: Dizemos que um espao vetorial V tem dimenso nita n ou que
n-dimensional, se existir um conjunto com n vetores linearmente independentes
{e1 , e2 ,..., en } , tal que V = [e1 , e2 ,..., en ] . Neste caso, o conjunto {e1 , e2 ,..., en } chamado
base de V. Quando a dimenso de um espao vetorial V for n, escreveremos dimV = n .
Observaes
1. Quando um espao no de dimenso nita, dizemos que ele tem dimenso innita.
Conversa
Uma pergunta que surge agora : um determinado espao vetorial pode ter dimenses
distintas, dependendo da quantidade de vetores linearmente independentes que
geram este espao? Caminharemos agora para obter um resultado que responde esta
pergunta negativamente quando a dimenso do espao nita, ou seja, dado um
espao vetorial de dimenso nita, o nmero que determina a dimenso deste espao
nico.
Lema 4.2: Suponhamos que o conjunto A = {v1 , v2 ,..., vn } gera um espao vetorial V.
Se B = {u1 , u2 ,..., um } um conjunto LI, ento, m n e V gerado por um conjunto da
forma {u1 , u2 ,..., um , vi 1 , vi 2 ,..., vi n m } .
Conversa
Demonstrao:
Como por hiptese {v1 , v2 ,..., vn } gera V, o item a do teorema 3.18, garante que
{u1 , v1 , v2 ,..., vn } LD e gera V. Mas, se este conjunto LD, ento, pelo teorema 3.13,
existe algum vetor neste conjunto que uma combinao linear dos vetores precedentes.
Este vetor no pode claramente ser u1 , ento, um dos vi . Suponhamos que seja vk , ento,
pelo item b do teorema 3.18, {u1 , v1 , v2 ,..., vk 1 , vk +1 ,..., vn } ainda gera V. Repetindo o
56
processo, agora o conjunto {u1 , u2 , v1 , v2 ,..., vk 1 , vk +1 ,..., vn } LD e gera V, e assim, Bases e dimenso
um dos vetores combinao linear dos anteriores. Este vetor no pode ser u2 , pois o
conjunto {u1 , u2 ,..., um } LI, portanto, o vetor que combinao linear dos precedentes
algum dos vetores de A, digamos vl . Assim,
{u1 , u2 , v1 , v2 ,..., vk 1 , vk +1 ,..., vl 1 , vl +1 ,..., vn } ,
gera V.
Conversa
Teorema 4.3: Seja V um espao vetorial de dimenso nita. Ento, todas as bases de V
tm o mesmo nmero de vetores.
Demonstrao:
Sejam B = {e1 , e2 ,..., en } e B = {e '1 , e '2 ,..., e 'm } bases de V. Pelo fato de B e B serem
base, temos que:
a) B gera V e B LI, assim, pelo lema 4.2, m n .
b) B gera V e B LI e assim, pelo lema 4.2 n m .
Logo, por a e b, n = m .
Seja S um subconjunto qualquer de um espao vetorial V. Dizemos que um
subconjunto de vetores {u1 , u2 ,..., um } de S independente maximal se:
(1) ele LI;
(2) para qualquer vetor s S , o conjunto {s, u1 , u2 ,..., um } LD.
Teorema 4.4: Seja V um espao vetorial sobre um corpo de escalares K. Se {v1 , v2 ,..., vn }
um subconjunto independente maximal de um subconjunto S que gera V, ento,
{v1 , v2 ,..., vn } uma base de V.
Demonstrao:
Por hiptese V = [ S ] . Se s S , por denio de subconjunto independente maximal,
{v1 , v2 ,..., vn , s} LD, e assim, existem escalares 1 , 2 ,..., n , K , no todos nulos
tais que,
1v1 + 2v2 + ... + n vm + s = 0 .
57
Como {v1 , v2 ,..., vn } LI, temos que necessariamente 0 e assim,
lgEBra linEar 1
s= v1 2 v2 ... n vm ,
ou seja, s [v1 , v2 ,..., vn ] . Como s um elemento qualquer de S, temos que
S [v1 , v2 ,..., vn ] e assim, pelo teorema 3.1, [ S ] [v1 , v2 ,..., vn ] . Portanto,
V = [ S ] [v1 , v2 ,..., vn ] V
Logo, V = [v1 , v2 ,..., vn ] e como {v1 , v2 ,..., vn } LI, por definio, {v1 , v2 ,..., vn }
base de V.
Teorema 4.5: Seja V um espao vetorial de dimenso nita n sobre um corpo de escalares
K. Ento,
a) Qualquer subconjunto LI de V parte de uma base, isto , pode ser estendido a uma
base de V.
b) Qualquer subconjunto LI de V com n elementos uma base de V.
Demonstrao:
Seja {v1 , v2 ,..., vn } uma base de V.
a) Suponhamos que o conjunto LI da hiptese seja {u1 , u2 ,..., um } , ento pelo Lema 4.2,
o conjunto S = {u1 , u2 ,..., um , vi 1 , vi 2 ,..., vi n m } gera V. Armamos que existe um
subconjunto de S que base de V. De fato, como S nito, existe uma quantidade
nita de subconjuntos de S que so linearmente independentes. Pelo menos um deles
maximal, e pelo teorema 4.4, este subconjunto uma base. Mas, como S possui n
elementos e a dimenso de V n, pelo teorema 4.3, S uma base de V.
b) Pelo item a, um conjunto linearmente independente U com n elementos parte de uma
base de V. Pelo teorema 4.3 toda base tem a mesma quantidade de elemento, ento U
uma base de V.
Exemplo 4.6: No curso de Geometria Analtica foi estudado que {i, j} , onde i = (1, 0)
e j = (0,1) uma base de 2 , chamada base cannica. Por denio de dimenso,
dim 2 = 2 . Em 3 , a base cannica foi representada por {i, j , k} , onde i = (1, 0, 0) ,
j = (0,1, 0) e k = (0, 0,1) . Por denio de dimenso, dim 3 = 3 . Generalizando para
uma base do espao vetorial K n sobre K, onde K um corpo, escolhemos,
e1 = (1,
0, 0,...,0) , e2 = (0,1,
0,...,0) , e3 = (0,
0) ,..., en = (0,
0,1,..., 0,
0,...,1)
,
n n n n
n
e assim, claramente o conjunto {e1 , e2 ,..., en } uma base de K sobre K, denominada
base cannica. Por denio de dimenso, dim K n = n .
58
0 0 ... 0 0 0 ... 0 0 0 ... 0
Bases e dimenso
1 0 ... 0 0 1 ... 0 0 0 ... 1
e21 = , e22 = ,..., e2 n =
... ... ...
0 0 ... 0 0 0 ... 0 0 0 ... 0
0 0 ... 0 0 0 ... 0 0 0 ... 0
0 0 ... 0 0 0 ... 0 0 0 ... 0
em1 = , em 2 = ,..., emn = ,
... ... ...
1 0 ... 0 0 1 ... 0 0 0 ... 1
claramente so LI e geram M, portanto, constituem uma base para M, denominada base
cannica. Assim, dim M mn ( K ) = mn .
Exemplo 4.8: Seja Pn [t ] o espao vetorial dos polinmios em t, de grau menor ou igual a
n sobre . Ento, {1, t , t 2 , t 3 ,..., t n } uma base para Pn [t ] (um bom exerccio vericar
esta armao), e assim, dim Pn [t ] = n + 1 .
Conversa
O espao vetorial de todos os polinmios, P[t], tem dimenso innita, pois no existe
um conjunto nito de polinmios que o gera.
Demonstrao:
O teorema 4.1 garante que qualquer conjunto com n + 1 ou mais vetores de V sero
sempre LD. Como U V , qualquer conjunto de vetores de U com n + 1 ou mais vetores
sero sempre LD, logo uma base de U deve conter um nmero menor ou igual a n de
vetores, isto , dimU n . Alm disso, se dimU = n , ento temos um conjunto vetores
de U, que LI, assim, pelo item b do teorema 4.5, este conjunto uma base de V. Portanto,
U =V .
Exemplo 4.11: Suponhamos que U seja um subespao vetorial do 3 . Pelo teorema
anterior, as possveis dimenses de subespaos vetoriais de 3 so 0, 1, 2 ou 3. Mas,
neste caso sabemos quem so,
59
a) Se dim U = 0 , ento U = {0} , um ponto.
lgEBra linEar b) Se dim U = 1 , ento U uma reta que passa pela origem do sistema de coordenadas.
c) Se dim U = 2 , ento U um plano que passa pela origem do sistema de coordenadas.
d) Se dim U = 3 , ento U o prprio 3 .
Figura 1
Demonstrao:
Seja {s1 , s2 ,..., sr } uma base para U W , assim, dimU W = r . Pelo Teorema 2.8,
U W subespao vetorial de U e de W. Assim, pelo item a do teorema 4.5, {s1 , s2 ,..., sr }
pode ser estendida para uma base de U e para uma base de W.
Suponhamos que U = {s1 , s2 ,..., sr , u1 , u2 ,..., ul r } seja uma base de U, e assim,
dimU = l .
Suponhamos que W = {s1 , s2 ,..., sr , w1 , w2 ,..., wm r } seja uma base de W, e assim,
dimW = m .
Consideremos o seguinte conjunto:
B = {s1 , s2 ,..., sr , u1 , u2 ,..., ul r , w1 , w2 ,..., wm r } .
Armamos que B uma base de U + W (observe que se isso ocorrer, segue o resultado).
De fato, claro que B gera U + W , pois U gera U e W gera W. Resta mostrar que B LI.
Para isso, suponhamos que,
1s1 + 2 s2 + ... + r sr + 1u1 + 2u2 + ... +
+ l r ul r + 1w1 + 2 w2 + ... + mr wmr = 0 , (4.1)
1 = 2 = ... = r = 1 = 2 = ... = mr = 0 .
Substituindo em (4.1), obtemos,
1s1 + 2 s2 + ... + r sr + 1u1 + 2u2 + ... + l r ul r = 0 .
Mas como {s1 , s2 ,..., sr , u1 , u2 ,..., ul r } base de U, segue que,
1 = 2 = ... = r = 1 = 2 = ... = mr = 0 .
Assim, (4.1) ocorre se, e somente se, todos os coecientes so nulos e, portanto, por
denio, B LI, e assim, base de U + W .
Conversa
Figura 2
61
lgEBra linEar
Conversa
Conforme veremos, estes dois conceitos sero bastante teis posteriormente, mas no
momento, teremos uma utilidade bastante prtica, pois facilitar a vericao da
dependncia ou independncia linear de um conjunto de vetores de espaos vetoriais.
Teorema 4.14: O posto das linhas e o posto das colunas de qualquer matriz so iguais.
Demonstrao:
Seja M uma matriz m n qualquer
a11 a12 ... a1n
a a22 ... a2 n
M = 21 .
am1 am 2 ... amn
Como vimos, podemos pensar as m linhas de M, como vetores do espao K n , ou seja,
l1 = (a11 , a12 ,..., a1n ), l2 = (a21 , a22 ,..., a2 n ),..., lm = (am1 , am 2 ,..., amn ) .
O espao L, gerado por estas linhas o que chamamos de espao das linhas da matriz M,
que um subespao vetorial de K n e, portanto, possui uma base. Seja {s1 , s2 ,..., sr } uma
base para L, portanto dim L = r , Vamos supor que
s1 = (c11 , c12 ,..., c1n )
s2 = (c21 , c22 ,..., c2 n )
...............................
sr = (cr1 , cr 2 ,..., crn ) .
Alm disso, como {s1 , s2 ,..., sr } base para o espao das linhas de M, temos que
l1 = b11s1 + b12 s2 + ... + b1r sr
l2 = b21s1 + b22 s2 + ... + b2 r sr
...........................................
lm = bm1s1 + bm 2 s2 + ... + bmr sr .
A i-sima coordenada de cada uma das igualdades acima da forma
a1i = b11c1i + b12c2i + ... + b1r cri
a2i = b21c1i + b22c2i + ... + b2 r cri
.................................................
ami = bm1c1i + bm 2c2i + ... + bmr cri .
Logo, para todo i = 1,..., n , temos,
a1i b11 b12 b1r
a2i = c b21 + c b22 + ... + c b2 r .
1i 2i ri
ami bm1 bm 2 bmr
Isto signica que cada coluna da matriz M, uma combinao linear do conjunto de vetores,
62
b11 b12 b1r Bases e dimenso
b21 b22 b2 r
, , ..., .
bm1 bm 2
b
mr
Assim, pelo lema 4.2, o espao das colunas de M tem no mximo dimenso r. Conclumos,
ento, que o posto das colunas de M menor ou igual ao posto das linhas de M.
Mas todo raciocnio utilizado acima pode ser repetido para o espao das linhas da matriz
transposta M t , e assim, concluir que o posto das linhas de M menor ou igual ao posto
das colunas de M, concluindo, ento, a demonstrao do teorema.
Este ltimo resultado permite denir o posto de uma matriz M, como sendo o
valor comum do posto das linhas ou o posto das colunas de M.
Conversa
Exemplo 4.15: Vamos vericar se os conjuntos dos itens a seguir constituem uma base
para o 3 sobre .
Soluo:
Os itens a e c no formam uma base, pois dim 3 = 3 , e pelo teorema 4.5, toda base deve
ter trs elementos. No item a, o conjunto possui dois elementos e no item c, o conjunto
possui quatro elementos.
Soluo:
i) Utilizamos o lema 4.2 e o teorema 4.14 e suas consequncias, ou seja, considerando
o conjunto dos geradores de U como as linhas de uma matriz, uma base para U ser o
conjunto das linhas no nulas da matriz escalonada.
1 2 3 1 L2 2 L1 + L2
1 2 3 1 L3 L2 + L3
2 4 1 2 0 0 5 4
0 0 5 4
0 0 5 4
1 2 3 1
0 0 5 4 .
0 0 0 0
Assim, uma base para U, pode ser o conjunto {(1, 2, 3,1), (0, 0, 5, 4)} e, portanto, por
denio, dim U = 2 .
ii) Pelo teorema 3.17, uma base estendida para o 4 pode ser
{(1, 2, 3,1), (0,1, 0, 0), (0, 0, 5, 4), (0, 0, 0,1)} .
Exemplo 4.17: Considere os subespaos vetoriais de 4 :
U = {( x, y, z , w); y = z , x = 2 y w}
e
U ' = {( x, y, z , w); x y + 2 z = 0} .
Vamos encontrar bases e dimenses de U , U ', U U ' e de U + U ' .
Soluo:
Para o subespao U, temos duas equaes e quatro incgnitas, assim, temos duas variveis
livres. Como na primeira equao envolvemos as segunda e terceira coordenadas, vamos
atribuir um valor para uma delas, digamos y = 1 , assim, neste caso, z = 1 . Faamos
ainda w = 0 , logo, x = 2 , obtendo assim, o primeiro vetor de U, (2,1, 1, 0) . Vamos
agora, atribuir o valor 0 para y e 1 para w. Neste caso, teremos z = 0 e x = 1 . Neste
caso, obtemos o segundo vetor para U, (1, 0, 0,1) .
Mostremos que qualquer elemento que satisfaa as duas equaes que denem U uma
combinao linear dos vetores do conjunto {(2,1, 1, 0), ( 1, 0, 0,1)} .
Por denio, um elemento qualquer de U, tem a forma (2a b, a, a, b) , onde a, b e,
64
(2a b, a, a, b) = a (2,1, 1, 0) + b(1, 0, 0,1) . Bases e dimenso
Assim, U = {(2,1, 1, 0), ( 1, 0, 0,1)} gera U e so LI (verique). Logo U uma base para
U e, portanto, dim U = 2 .
Conversa
Para obter uma base para o subespao U U ' , evidentemente, todas as equaes dadas
para denir U e U ' devem estar satisfeitas. Logo, neste caso teremos uma varivel livre
no sistema
x 2y + w = 0
x y + 2z = 0 .
y + z=0
Faamos por exemplo y = a , neste caso, teremos que um vetor arbitrrio de U U '
da forma (3a, a, a, a ) = a (3,1, 1, 1) . Logo o conjunto formado pelo vetor no nulo
(3,1, 1, 1) do 4 uma base para U U ' . Assim, dim U U ' = 1 .
Exemplo 4.18: Considere o espao vetorial V dos pares ordenados de nmeros complexos
sobre , conforme denido no exerccio 1.5 do captulo 1. Vamos exibir uma base para
V e determinar sua dimenso.
65
Soluo:
lgEBra linEar Armamos que o conjunto B = {(1, 0), (i, 0), (0,1), (0, i )} , onde i o nmero imaginrio
em , uma base de V. De fato, mostremos inicialmente que qualquer elemento em V,
se escreve como uma combinao linear dos elementos de B.
Um elemento de V da forma (a + bi, c + di ) , com a, b, c, d . Temos,
(a + bi, c + di ) = a (1, 0) + b(i, 0) + c(0,1) + d (0, i )
Assim, B gera V. Resta mostrar que B LI sobre . Para isso, sejam 1 , 2 , 3 , 4 , tal
que,
1 (1, 0) + 2 (i, 0) + 3 (0,1) + 4 (0, i ) = 0
Logo, 1 + 2i = 0 e 3 + 4i = 0 , que s ocorre quando 1 = 2 = 3 = 4 = 0 ,
garantindo assim, que B LI e, portanto, uma base para V. Logo, dim V = 4 .
Conversa
Soluo:
U + U ' o subespao vetorial gerado pelos seis vetores dos dois conjuntos, portanto,
pelo lema 4.1, para obter uma base, devemos obter o subconjunto dos vetores LI. Para
isso, pelo teorema 4.14, devemos escalonar a matriz,
1 1 0 2 1 1 0 2
0 1 2 1 0 1 2 1
1 0 3 1 0 1 3 3
1 1 1 0 0 2 1 2
2 1 1 3 0 3 1 1
2 1 3 1 0 1 3 3
1 1 0 2 1 1 0 2
0 1 2 1 0 1 2 1
0 0 5 4 0 0 5 4
.
0 0 5 4 0 0 0 0
0 0 5 4 0 0 0 0
0 0 5 4 0 0 0 0
Temos ento que {(1, 1, 0, 2), (0,1, 2,1), (0, 0,5, 4)} uma base para U + U ' e,
portanto, dim U + U ' = 3 .
66
No exemplo 4.17, os subespaos foram denidos por meio de sistemas homogneos,
e para encontrar a base de U ' , foi considerado um sistema homogneo que satisfazia Bases e dimenso
as equaes que deniam ambos os subespaos.
Neste exemplo, temos os vetores que geram os dois subespaos, nosso objetivo
encontrar um sistema de equaes homogneas que forneam a interseo U U ' .
Para isso, vamos encontrar sistemas homogneos que denem os subespaos U e U ' ,
utilizando para isso os seus respectivos vetores geradores.
Mas para encontrar espaos vetoriais gerados por um conjunto de vetores, fazemos
combinaes lineares com esses vetores. Ao escalonar uma matriz, estamos fazendo
combinaes lineares com as linhas dessa matriz. Utilizando estes dois resultados,
vamos obter os requeridos sistemas homogneos escalonando matrizes cujas linhas
so os respectivos vetores que geram cada subespao, e na ltima linha colocamos as
futuras incgnitas do sistema.
Conversa
Uma pergunta que vocs podem estar fazendo : at agora obtivemos facilmente bases
de espaos vetoriais de vetores em K n , ou bases para os seus subespaos vetoriais,
mas como faramos para obter bases de subespaos do espao vetorial das matrizes
m n , por exemplo? Ou de subespaos vetoriais de Pn [t ] ? O estudo que faremos a
seguir facilitar a obteno de bases para estes outros subespaos vetoriais.
Demonstrao:
Seja v = 1v1 + 2 v2 + ... + n vn , com 1 , 2 ,..., n K , uma outra representao
de v. Ento,
1v1 + 2v2 + ... + n vn = 1v1 + 2v2 + ... + n vn
(1 1 )v1 + ( 2 2 )v2 + ... + ( n n )vn = 0 .
Como por hiptese o conjunto {v1 , v2 ,..., vn } LI, temos que,
1 = 1 , 2 = 2 ,..., n = n ,
concluindo a demonstrao.
Seja B = {e1 , e2 ,..., en } uma base de um espao vetorial V sobre um corpo de
escalares K. Segue da denio de base e do teorema 4.20, que qualquer vetor de V, se
escreve de maneira nica como uma combinao linear dos vetores de B. Generalizando
agora o conceito de coordenadas de um espao vetorial K n , chamamos os escalares que
denem um vetor v de V de coordenadas de v em relao base B, e denotamos por [v]B, e
quando no houver dvida a que base estamos nos referindo, simplesmente por [v].
Conversa
Exemplo 4.21: Seja M 32 ( ) o espao vetorial das matrizes 3 2 sobre cuja base
1 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
, , , , .
0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 1
68
Se v M 32 ( ) , ento,
a a a13 Bases e dimenso
v = 11 12 =
a21 a22 a23
1 0 0 0 1 0 0 0 1
= a11 + a12 + a13 +
0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 0 0
+ a21 + a22 + a23
1 0 0 0 1 0 0 0 1
e assim, [v] = (a11 , a12 , a13 , a21 , a22 , a23 ) , como um vetor de K 6 .
Exemplo 4.22: Considere o espao vetorial P3[t ] com a base cannica {1, t , t 2 , t 3} , ento
se v P3[t ] , ento, v = a0 + a1t + a2t 2 + a3t 3 e neste caso, [v] = (a0 , a1 , a2 , a3 ) , como
um vetor de K 4 .
Conversa
Exemplo 4.23: Seja v = (2, 1,3) 3 , cujas coordenadas esto na base usual. Vamos
escrever v na base B = { f1 , f 2 , f3} , onde f1 = (1,1,1), f 2 = (0,1,1), f3 = (0, 0,1) .
Soluo:
v = (2, 1,3) = x(1,1,1) + y (0,1,1) + z (0, 0,1) = ( x, x + y, x + y + z ) ,
ou seja,
x=2
x + y = 1 ,
x + y + z = 3
cuja soluo x = 2, y = 3, z = 4 , e assim,
[v]B = (2, 3, 4) .
Com a notao de vetor coluna, podemos escrever este vetor como,
2
[v]B = 3 .
4
Exemplo 4.24: Seja v = 2 t 2 + t 3 P3[t ] , vamos encontrar as coordenadas de v na base
P = {1, t 1, (t 1) 2 , t 3} .
Soluo:
2 t 2 + t 3 = x + y (t 1) + z (t 1) 2 + wt 3 = ( x y + z ) + ( y 2 z )t + zt 2 + wt 3 ,
ou seja,
x y + z = 2
y 2z = 0
,
z = 1
w = 1
69
lgEBra linEar
cuja soluo x = 1, y = 2, z = 1, w = 1 , e assim,
[v]P= (1, 2, 1,1) .
Com a notao de vetor coluna, podemos escrever este vetor como
1
2
[v]B = .
1
1
Exemplo 4.25: Seja U o subespao de P3[t ] gerado pelos polinmios
p1 (t ) = 2 t + 3t 2 + t 3 p2 (t ) = 1 + 2t t 2 + 3t 3
p3 (t ) = 4 + 3t + t 2 + 7t 3 p4 (t ) = 1 3t + 4t 2 2t 3
Vamos encontrar uma base e a dimenso de U.
Soluo:
As coordenadas dos polinmios geradores em relao base cannica so
[ p1 (t )] = (2, 1,3,1) [ p2 (t )] = (1, 2, 1,3)
[ p3 (t )] = (4,3,1, 7) [ p4 (t )] = (1, 3, 4, 2)
Exemplo 4.26: Seja U o subespao vetorial do espao das matrizes 3 2 gerado pelo
conjunto de matrizes
1 2 2 0 0 2 1 4 2 2 3 4
0 3 , 1 4 , 1 3 , 0 10 , 3 2 , 2 11
1 1 1 0 0 2 0 3 1 2 1 3
Vamos encontrar uma base e a dimenso de U.
Soluo:
As coordenadas das matrizes geradoras em relao base cannica so
70
1 2 0 3 1 1 1 2 0 3 1 1
Bases e dimenso
2 2 1 4 1 0 0 2 1 10 1 2
0 2 1 3 0 1 0 2 1 3 0 1
1 4 0 10 0 3 0 6 0 13 1 4
2 2 3 2 1 0 0 2 3 4 1 2
3 4 2 11 1 4 0 10 2 20 2 7
1 2 0 3 1 1 1 2 0 3 1 1
0 2 1 10 1 2 0 2 1 10 1 2
0 0 2 7 1 1 0 0 2 7 1 1
0 0 3 17 2 2 0 0 0 13 1 1
0 0 2 6 0 0 0 0 0 13 1 1
0 0 3 30 3 3 0 0 0 39 3 3
1 2 0 3 1 1
0 2 1 10 1 2
0 0 2 7 1 1
0 0 0 13 1 1
0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 .
Assim, os vetores (1, 2, 0,3,1, 1) , (0, 2,1,10,1, 2) ,
(0, 0, 2, 7, 1,1) e
(0, 0, 0, 13, 1,1) so as coordenadas dos vetores de uma base para U. Logo, uma base
para U o conjunto,
1 2 0 0 2 1 0 0 2 0 0 0
, , , .
3 1 1 10 1 2 7 1 1 13 1 1
Portanto, dim U = 4 .
Exerccios
1. Nos itens a seguir, verique se o conjunto B uma base para o espao vetorial
indicado.
a) B = {(1, 1), (2, 2)} para o 2 sobre .
b) B = {(1, 1, 0), (2, 2, 1), (1, 5,1)} para o 3 sobre .
c) B = {(1,1, 1), (2,1, 1), ( 1,3,1)} para o 3 sobre .
1 1 0 2 2 0 1 1
d) B = , , , para o espao vetorial M 2 () das
0 2 1 0 1 3 3 1
matrizes 2 2 , sobre .
e) B = {1,1 + t , t + t 2 , t 2 t 3} para o espao vetorial P3[t ] sobre .
2. Nos itens a seguir encontre uma base e a dimenso do subespao vetorial U do espao
vetorial indicado.
a) U = {( x, y, z ) 3 ; 2 x = y, z = 2 y} , sobre .
b) U = [(1, 2,3, 0), (0, 1,3, 1), (5, 2,3,1)] subespao vetorial do 4 , sobre .
71
lgEBra linEar
2 1 1 2
c) U = , subespao vetorial de M 2 () , sobre .
1 0 2 1
d) U = [1 + t 2 t 3 , t + 2t 2 , t + t 3 ] subespao vetorial de P3[t ] sobre .
3. Sejam
U = [(0,1, 2,3), (1, 1, 0, 2), (1,3, 4, 4)]
e
U ' = [(1,1, 2, 2), (0, 1,3, 2), (1,3, 8, 6)]
Subespaos vetoriais de 4 sobre . Encontre uma base e a dimenso para os subespaos
U + U ' e U U ' .
72
Bases e dimenso
Anotaes
73
lgEBra linEar
Anotaes
74
5 Transformaes
Lineares
75
5 TRANSFORMAES LINEARES
lgEBra linEar
Neste captulo estudaremos funes cujo domnio e o contradomnio so os
espaos vetoriais estudados anteriormente. Estas funes preservam a estrutura dos
espaos vetoriais. Recordemos que nos captulos anteriores vimos que espaos vetoriais
so conjuntos de elementos (nmeros, matrizes, funes etc.) munidos de duas operaes.
De certa forma, transformaes lineares so funes entre dois espaos vetoriais que
preservam estas operaes.
Nesta seo vamos denir transformaes lineares e ilustrar esta denio com
alguns exemplos. Posteriormente, vamos mostrar algumas propriedades elementares das
transformaes lineares.
Denio 5.1: Sejam U e V dois espaos vetoriais sobre o corpo de escalares K . Uma
transformao linear (aplicao linear) uma funo F : U V que satisfaz as duas
condies a seguir:
1. Para quaisquer u , v U temos que F (u + v) = F (u ) + F (v) .
2. Para u U e k K temos que F (ku ) = kF (u ) .
Conversa
1. F (u + v) = (u + v) = u + v = F (u ) + F (v) ;
2. F (ku ) = (ku ) = (k )u = k (u ) ,
Sejam u1 = ( x1 , y1 , z1 ) 3 , u2 = ( x2 , y2 , z2 ) 3 e k , ento,
F (u1 + u2 ) = F (( x1 , y1 , z1 ) + ( x2 , y2 , z2 )) = F ( x1 + x2 , y1 + y2 , z1 + z2 )
(5.1)
= ( x1 + x2 , 2( x1 + x2 ) ( z1 + z2 )).
F (u1 ) + F (u2 ) = F ( x1 , y1 , z1 ) + F ( x2 , y2 , z2 )
= ( x1 , 2 x1 z1 ) + ( x2 , 2 x2 z2 ) (5.2)
= ( x1 + x2 , 2( x1 + x2 ) ( z1 + z2 )).
Exemplo 5.5: Denotemos por U = C [a, b] o espao de todas as funes que possuem
derivadas de qualquer ordem contnuas no intervalo [a, b] . Denamos a funo derivada
D : U U por,
Du = u ',
onde u ' denota a derivada da funo u C [a, b]. Observemos inicialmente que como
podemos derivar u innitas vezes, ento tambm podemos derivar u ' innitas vezes e,
portanto, u ' tambm um elemento de C [a, b] , e assim, a funo derivada est bem
denida. Mostremos agora que D um operador linear. Para tanto, sejam u e v duas
funes em C [a, b] e k um escalar qualquer. Ento,
1. D (u + v) = (u + v) ' = u '+ v ' = D(u ) + D (v) ;
2. D (ku ) = (ku ) ' = ku ' = kD (u ),
mostrando que D um operador linear.
77
Vamos apresentar agora um exemplo de uma funo que no uma transformao
lgEBra linEar linear.
Demonstrao:
Usando propriedades do espao vetorial U e a linearidade de F temos que,
F (0U ) = F (0U + 0U ) = F (0U ) + F (0U ).
Mas F (0U ) V . Logo, usando propriedades do espao vetorial V , obtemos,
0V + F (0U ) = F (0U ) = F (0U ) + F (0U ).
Logo, somando F (0U ) , o oposto de F (0U ) em V , em ambos os lados da igualdade
acima obtemos que,
F (0U ) = 0V ,
provando o item a da proposio.
Ainda mais,
0V = F (0U ) = F (u + (u )) = F (u ) + F (u ) . (5.4)
(G F )(u ) = G ( F (u )) .
Logo, G F : U W uma transformao linear. Vale a pena observar aqui que mesmo
que G F e F G estejam denidas, nem sempre verdade que G F = F G.
Vejamos um exemplo deste caso. Considere F , G : 2 2 denidas por,
F ( x, y ) = (2 x, x + 2 y ) e G ( x, y ) = (3 x + y, x + 3 y ) , para todo ( x, y ) 2 .
Temos que,
( F G )(( x, y ) = F (G ( x, y )) = F (3 x + y, x + 3 y ) =
= (2(3 x + y ), (3 x + y ) + 2( x + 3 y )) = (6 x + 2 y,5 x + 7 y )
e
(G F )(( x, y ) = G ( F ( x, y )) = G (2 x, x + 2 y ) =
= (3(2 x) + ( x + 2 y ), 2 x + 3( x + 2 y )) = (7 x + 2 y,5 x + 2 y ) ,
para todo ( x, y ) 2 . Assim, para ( x, y ) = (1,1) temos que,
mostrando que G F F G .
Figura 3
Figura 4
Figura 5
R (u + v) = R (( x1 , y1 ) + ( x2 , y2 )) = R ( x1 + x2 , y1 + y2 )
= (( x1 + x2 ) cos ( y1 + y2 ) sen , ( x1 + x2 ) sen + ( y1 + y2 ) cos )
= ( x1 cos y1 sen + x2 cos y2 sen , x1 sen +
+ y1 cos + x2 sen + y2 cos ) =
= ( x1 cos y1 sen , x1 sen + y1 cos ) +
+ ( x2 cos y2 sen , x2 sen + y2 cos ) = R (u ) + R (v)
e
R (u ) = (( x1 , y1 )) = (x1 , y1 )
= (x1 cos y1 sen , x2 sen + y2 cos )
= ( x1 cos y1 sen , x2 sen + y2 cos )
= R (u ),
81
lgEBra linEar
Figura 6
Proposio 5.9: Sejam V e W dois espaos vetoriais sobre o mesmo corpo de escalares
K e uma transformao linear F : V W dada. Ento, o conjunto imagem Im( F )
um subespao vetorial de W .
Demonstrao:
Como F : V W uma transformao linear, o item a da proposio 5.7 implica que,
0W = F (0V ),
mostrando que 0W Im( F ) e, portanto, Im( F ) . Considere agora w1 , w2 Im( F ) e
k1 , k2 K . Ento, existem v1 , v2 V tais que F (v1 ) = w1 e F (v2 ) = w2 . Vamos mostrar
que k1w1 + k2 w2 Im( F ). Como V um espao vetorial, temos que k1v1 + k2 v2 V e, a
linearidade de F implica que
82
F (k1v1 + k2 v2 ) = F (k1v1 ) + F (k2 v2 ) = k1 F (v1 ) + k2 F (v2 ) = k1w1 + k2 w2 , transformaes lineares
Denio 5.10: Sejam V e W dois espaos vetoriais sobre o mesmo corpo de escalares
K e uma transformao linear F : V W dada. Denimos o ncleo (ou kernel) de F
como sendo o seguinte subconjunto de V :
Ker( F ) = {v V ; F (v) = 0W }.
Antes de apresentarmos alguns exemplos temos o seguinte resultado:
Demonstrao:
Como F : V W uma transformao linear, a Proposio 5.1 implica que,
0W = F (0V ),
mostrando que 0V Ker( F ) e, portanto, Ker( F ) . Considere agora v1 , v2 Ker( F )
e k1 , k2 K . Ento, F (v1 ) = 0W e F (v2 ) = 0W . Vamos mostrar que k1v1 + k2 v2 Ker( F ).
A linearidade de F implica que
F (k1v1 + k2 v2 ) = F (k1v1 ) + F (k2 v2 ) = k1 F (v1 ) + k2 F (v2 ) = k1 0W + k2 0W = 0W ,
mostrando que k1w1 + k2 w2 Ker( F ) . Portanto, o corolrio 2.3 garante que Ker( F )
um subespao vetorial de V , completando a prova da proposio.
Vejamos agora alguns exemplos de ncleo e do conjunto imagem de transformaes
lineares.
Denio 5.14: Sejam V e W dois espaos vetoriais sobre o mesmo corpo de escalares
K , e uma transformao linear F : V W dada.
Proposio 5.15: Sejam V e W dois espaos vetoriais sobre o mesmo corpo de escalares
K , e F : V W uma transformao linear dada.
Demonstrao:
Para demonstrar o item a suponhamos inicialmente que F e injetora e tomemos
u Ker( F ) . Ento,
F (u ) = 0W = F (0V ).
A injetividade de F implica que u = 0V . Como sempre 0V Ker( F ) , obtemos que
Ker( F ) = {0V } , provando a condio suciente do item a.
Por outro lado, suponhamos que Ker( F ) = {0V } e sejam u , v V tais que F (u ) = F (v).
A linearidade de F implica que F (u v) = 0W , mostrando que u v Ker( F ) .
Portanto, u v = 0V , ou seja, u = v, mostrando a condio necessria da proposio e
completando sua demonstrao.
Para demonstrar o item b suponhamos agora que F sobrejetora e, assim, por denio,
para todo w W , existe v V , tal que F (v) = w . Mas,
Im F = {w W ; v V com F (v) = w}
e assim, Im F = W .
Por outro lado, suponhamos que Im F = W . Assim, se w W , pela hiptese w Im F .
Logo pela denio de Im F , existe v V , tal que F (v) = w e, portanto, F sobrejetora.
Concluindo assim, a demonstrao da proposio.
84
Exemplo 5.16: Como aplicao desta proposio, vamos mostrar que a transformao
linear F : 3 4 denida por, transformaes lineares
F ( x, y , z ) = ( x, x y , y z , z + x + 5 y )
mostrando que Ker( F ) = {03 } e, portanto, a Proposio 5.15 implica que F injetora.
Demonstrao:
Sejam n = dim V e B1 = {v1 , v2 , , vr } , com r n , uma base de Ker( F ) . O Teorema
4.5 garante que podemos encontrar elementos vr +1 , vr + 2 , , vn V tais que,
B = {v1 , v2 , , vr , vr +1 , vr + 2 , , vn }
seja uma base de V . Vamos mostrar inicialmente que B2 = {F (vr +1 ), F (vr + 2 ), , F (vn )}
uma base de Im( F ) . Para mostrarmos que B2 linearmente independente sejam
r +1 , r + 2 , , n K tais que,
r +1F (vr +1 ) + r + 2 F (vr + 2 ) + + n F (vn ) = 0W .
A linearidade de F implica que,
F ( r +1vr +1 + r + 2vr + 2 + + n vn ) = 0W .
Logo, r +1vr +1 + r + 2vr + 2 + + n vn Ker( F ) e, portanto, existem
1 , 2 , , r K tais que,
r +1vr +1 + r + 2vr + 2 + + n vn = 1v1 + 2v2 + + r vr ,
ou seja,
1v1 + 2v2 + + r vr + ( r +1 )vr +1 + ( r + 2 )vr + 2 + + ( n )vn = 0V .
Como B uma base de V , obtemos que,
1 = 2 = = r = ( r +1 ) = ( r + 2 ) = = ( n ) = 0 K ,
mostrando que B2 linearmente independente em W .
Conversa
Voc pode vericar rapidamente que Ker( F ) = {(0, 0, 0)} . Logo F uma transformao
linear injetora. Usando (4.5) conclumos que,
dim(Im( F )) = dim V dim(Ker( F )) = 3 0 = 3.
Corolrio 5.18: Sejam V e W dois espaos vetoriais sobre o mesmo corpo de escalares
K , e F : V W uma transformao linear. Se dim V = dim W , ento as seguintes
armaes so equivalentes.
I. F injetora.
II. F sobrejetora.
III. F bijetora.
Demonstrao:
Para demonstrar esse corolrio mostraremos a seguinte seqncia de implicaes:
I II III I . A terceira implicao imediata, faamos ento as duas primeiras.
Suponhamos que F seja injetora. Logo, o item a da Proposio 5.15 implica que
Ker( F ) = {0V } e, portanto, dim(Ker( F )) = 0. O Teorema do Ncleo e da Imagem
implica ento que
dim(Im( F )) = dim V dim(Ker( F )) = dim W 0 = dim W .
Como Im( F ) um subespao vetorial de W , conclumos que Im( F ) = W e, portanto,
que F sobrejetora, isto mostra que I II .
Suponhamos agora que F seja sobrejetora. Logo, Im( F ) = W e, portanto,
86
dim(Im( F )) = dim W . O Teorema do Ncleo e da Imagem implica ento que
transformaes lineares
dim(Ker( F )) = dim V dim(Im( F )) = dim W dim W = 0,
mostrando que Ker( F ) = {0V } e, portanto, que F injetora, provando a implicao
II III , completando a prova do corolrio.
Podemos tambm utilizar o Teorema do Ncleo e da Imagem para encontrar
uma base para o conjunto imagem de transformaes lineares, como mostra o prximo
corolrio.
Corolrio 5.19: Sejam V e W dois espaos vetoriais sobre o mesmo corpo de escalares
K , e F : V W uma transformao linear injetora. Ento F leva base de V em base
do conjunto imagem, Im( F ) . Em particular, quando dim V = dim W , ento F leva
base de V em base de W .
Demonstrao:
Seja B1 = {v1 , v2 , , vn } uma base de V . Mostremos que B2 = {F (v1 ), F (v2 ), , F (vn )}
uma base de Im( F ). Para mostrarmos a linearidade de B2 , sejam 1 , 2 , , n K
tais que,
1F (v1 ) + 2 F (v2 ) + + n F (vn ) = 0W .
A linearidade de F implica que,
F (1v1 + 2v2 + + n vn ) = 0W = F (0V ).
Como F injetora, conclumos que,
1v1 + 2v2 + + n vn = 0V
e, portanto, como B1 linearmente independente, obtemos que 1 = 2 = = n = 0 K ,
mostrando que B2 um subconjunto linearmente independente de W .
Mostremos agora que B2 um conjunto gerador de Im( F ). Para isso seja w Im( F ).
Logo, existe v V tal que F (v) = w . Tambm, existem escalares 1 , 2 , , n K
tais que,
v = 1v1 + 2v2 + + n vn .
Portanto, a linearidade de F implica que,
w = F (v) = F (1v1 + 2v2 + + n vn ) = 1F (v1 ) + 2 F (v2 ) + + n F (vn ),
mostrando que B2 um conjunto gerador de Im( F ).
Para concluirmos a outra parte do corolrio, observemos que se dim V = dim W , ento
a injetividade de F implica que F sobrejetora e, portanto, Im( F ) = W e a parte
anterior naliza a demonstrao deste corolrio.
Conversa
87
lgEBra linEar Exemplo 5.20: Vamos encontrar uma transformao linear F : 2 3 tal que
F (1, 0) = (2, 1, 0)
F (0,1) = (0, 0,1).
Para isso, observemos inicialmente que {(1, 0), (0,1)} uma base de 2 . Assim, para
todo ( x, y ) 2 temos que,
( x, y ) = x(1, 0) + y (0,1).
Logo,
F ( x, y ) = F ( x(1, 0) + y (0,1)) = xF (1, 0) + yF (0,1)
= x(2, 1, 0) + y (0, 0,1) = (2 x, 2 x, 0) + (0, 0, y )
= (2 x, x, y ).
Portanto a transformao linear desejada denida por F ( x, y ) = (2 x, x, y ) , para todo
( x, y ) 2 . O leitor pode vericar a ttulo de exerccio, que F linear.
Conversa
Como sabemos dos cursos de matemtica elementar, toda funo bijetora possui uma
inversa, no caso de transformaes lineares, este conceito ainda mais importante e
passaremos agora a estud-lo.
Denio 5.21: Sejam V e W dois espaos vetoriais sobre o mesmo corpo de escalares
K , e F : V W uma transformao linear. Diremos que F um isomorsmo entre
V e W , se F for injetora e sobrejetora. Neste caso diremos que V e W so isomorfos.
Demonstrao:
Como F : V W uma funo bijetora, ento F 1 : W V uma funo bijetora.
Vamos mostrar que F 1 : W V linear. Para isso sejam w1 , w2 W e k1 , k2 K .
Ento, existem nicos v1 , v2 V tais que,
F (v1 ) = w1 e F (v2 ) = w2 .
Logo,
F 1 ( w1 ) = v1 e F 1 ( w2 ) = v2 .
Assim, a linearidade de F implica que,
F (k1v1 + k2 v2 ) = k1 F (v1 ) + k2 F (v2 ) = k1w1 + k2 w2 .
Ento,
F 1 (k1w1 + k2 w2 ) = k1v1 + k2 v2 = k1 F 1 ( w1 ) + k2 F 1 ( w2 ),
provando a linearidade de F 1 e completando a prova desta proposio.
88
transformaes lineares
Conversa
Vale observar aqui que o Corolrio 5.19 juntamente com a Proposio 5.22 que dois
espaos vetoriais sobre o mesmo corpo de escalares K so isomorfos se eles possuem
a mesma dimenso.
x y
F ( x, y, z , w) = .
z w
Claramente temos que F uma transformao linear bijetora, mostrando que 4
isomorfo ao espao vetorial M 2 () .
T ( x, y , z ) = ( x + y , x + z , y + z )
e seja B = {(1, 0, 0), (0,1, 0), (0, 0,1)} uma base de 3 . Temos que,
Conversa
F ( x, y ) = ( x + y, 0) e G(x,y)=(x,2y),
para todo ( x, y ) 2 . Temos ento que,
(G F )( x, y ) = G ( F ( x, y )) = G ( x + y, 0) = ( x + y, 0)
e
( F G )( x, y ) = F (G ( x, y )) = F ( x, 2 y ) = ( x + 2 y, 0) .
Logo, tomando ( x, y ) = (1,1) obtemos que,
92
Para cada j = 1, 2, , n , F (v j ) W . Logo, existem escalares ij K , transformaes lineares
determinados de forma nica, tais que,
F (v1 ) = 11w1 + 21w2 + + m1wm
F (v2 ) = 12 w1 + 22 w2 + + m 2 wm
F (vn ) = 1n w1 + 2 n w2 + + mn wm ,
ou ainda,
m
F (v j ) = ij wi , j = 1, 2, , n.
i =1
Vale a pena observar aqui que a matriz de uma transformao linear depende das
bases consideradas para os espaos vetoriais envolvidos.
F ( x, y, z ) = (2 x + y z ,3 x 2 y + 4 z ) .
Sejam B = {(1,1,1), (1,1, 0), (1, 0, 0)} uma base de 3 e C = {(1,3), (1, 4)} uma base de
2 . Temos que,
F (1,1,1) = (2,5) = 3(1,3) + (1)(1, 4)
F (1,1, 0) = (3,1) = 11(1,3) + (8)(1, 4)
F (1, 0, 0) = (2,3) = 5(1,3) + (3)(1, 4).
Logo, a matriz da transformao linear F com relao s bases B e C dada ento por,
3 11 5
[ F ]CB = .
1 8 3
Agora, se B ' = {(1, 0, 0), (0,1, 0), (0, 0,1)} uma outra base de 3 e C ' = {(1, 0), (0,1)}
uma outra base de 2 . Temos que,
Neste caso, a matriz da transformao linear F com relao s bases B ' e C ' dada por,
2 1 1
[ F ]CB '' = .
3 2 4
94
transformaes lineares
Conversa
Como vemos neste exemplo, a mudana das bases alteram a matriz da transformao
linear. Isto ser, como veremos no prximo captulo, um fato bom, pois podemos
escolher bases adequadas para os espaos vetoriais envolvidos, de forma a deixar a
matriz que representa a transformao linear mais simples, o que facilita os clculos
que porventura precisamos efetuar.
Vamos agora fazer o caminho inverso do que foi feito acima, isto , dada uma
matriz A M m ,n ( K ) e bases B = {v1 , v2 , , vn } e C = {w 1 , w2 , , wm } dos espaos
vetoriais V e W respectivamente, vamos mostrar que existe uma transformao linear
F : V W de tal forma que [ F ]CB = A . Seja
a11 a12 a1n
a a22 a2 n
A = 21 .
am1 am 2 amn
Denamos
FA : V W
v FA (v),
onde, FA (v) W calculado da seguinte maneira: como v V , existem escalares
1 , 2 , , n K , unicamente determinados, tais que,
v = 1v1 + 2 v2 + + n vn . (5.6)
Consideremos ento,
1 1
[ FA (v)]C = A [v]B = A =
n m
e, nalmente,
FA (v) = 1w1 + 2 w2 + + m wm .
[ FA ]CB = A.
Fica como exerccio, vericar que a matriz de TA com relao s bases B e C de fato
a matriz A .
( F G )(( x, y ) = F (G ( x, y )) = F (3 x + y, x + 3 y ) =
= (2(3 x + y ), (3 x + y ) + 2( x + 3 y )) = (6 x + 2 y,5 x + 7 y )
e
(G F )(( x, y ) = G ( F ( x, y )) = G (2 x, x + 2 y ) =
= (3(2 x) + ( x + 2 y ), 2 x + 3( x + 2 y )) = (7 x + 2 y,5 x + 6 y ) ,
para todo ( x, y ) 2 . Vamos encontrar as matrizes de F , G , G F e F G em
relao base cannica B = {(1, 0), (0,1)} do 2 . Temos que,
97
F (1, 0) = (2,1) = 2(1, 0) + 1(0,1),
lgEBra linEar
F (0,1) = (0, 2) = 0(1, 0) + 2(0,1),
Exerccios
9. Para cada uma das transformaes lineares abaixo, determinar uma base e a dimenso
do ncleo e da imagem.
(a) T : 3 3 , denida por T ( x, y, z ) = ( x, 2 y, 0);
(b) T : 3 , denida por T ( x, y, z ) = x + y z;
(c) T : 2 2 , denida por T ( x, y ) = (2 x, x + y );
(d) T : 3 4 , denida por
T ( x, y, z ) = ( x y z , x + y + z , 2 x y + z , y ).
14. Encontrar uma transformao linear do 3 no 2 cujo ncleo seja gerado por
(1,1, 0).
18. Seja T : U V uma transformao linear bijetora. Mostre que a aplicao inversa
100
T 1 : V U tambm uma transformao linear. transformaes lineares
19. Mostre que cada um dos operadores lineares de 3 a seguir um isomorsmo e
calcule o isomorsmo inverso.
(a) F ( x, y, z ) = ( x 3 y 2 z , y 4 z , z );
(b) F ( x, y, z ) = ( x, x y, 2 x + y z ).
22. Determine uma transformao linear T : 3 2 tal que T (1, 0, 0) = (2, 0),
T (0,1, 0) = (1,1) e T (0, 0,1) = (0, 1). Encontre v 3 tal que T (v) = (3, 2).
23. Determine uma transformao linear T : 2 3 tal que T (1,1) = (3, 2,1),
T (0, 2) = (0,1, 0).
26. Seja o operador linear T : 2 2 cuja matriz em relao base B = {(1, 0), (1, 4)}
1 1
[T ]B = .
5 1
Determinar a matriz de T em relao base cannica do 2 .
28. Determinar o operador linear do 2 cuja matriz em relao base B = {(1, 2), (0,5)}
3 1
.
2 1
29. Determinar todos os operadores lineares T : 2 2 tais que T T = T e
T ( x, y ) = (ax, bx + cy ).
101
lgEBra linEar 31. Sejam F , G : 3 3 dois operadores lineares tais que F ( x, y, z ) = ( x, 2 y, y z )
e que a matriz do operador linear 2 F G : 3 3 em relao base cannica do
3
1 1 0
[2 F G ]B = 0 1 0 .
1 2 1
Determinar a matriz de G em relao base cannica e a expresso de G ( x, y, z ).
32. Sejam B = {(1, 1), (0, 2)} e C = {(1, 0, 1), (0,1, 2), (1, 2, 0)} bases de 2 e
3 , respectivamente, e,
1 0
[T ] = 1 1 .
C
B
0 1
Determine a expresso de T . Encontre uma base D de 3 tal que,
1 0
[T ] = 0 0 .
D
B
0 1
C
Se S ( x, y ) = (2 y, x y, x), encontre [ S ]B .
35. Sejam
0 1 2 1 1
A = 0 2 e B = 1 2 1 .
0 1 1 0 0
Encontre Ker (TA ), Im(TA ), Ker (TB ) e Im(TB ).
Anotaes
103
lgEBra linEar
Anotaes
104
6 Diagonalizao de
Operadores Lineares
105
6 DIAGONALIZAO DE OPERADORES LINEARES
lgEBra linEar
O autovalor , pode ser igual a zero, enquanto que o autovetor v V deve ser
necessariamente diferente do vetor nulo do respectivo espao vetorial V .
106
T (v) = T (v) = (v) = (l)v = (l)v = l(v), diagonalizao de
operadores lineares
isto implica que v V ( ) . Com tudo isso, conclumos que V ( ) um subespao
vetorial de V .
Dessa forma, vemos tambm que o autoespao associado ao autovalor = 3 dado por
V (3) = {( x, y, z ) 3 ; x 0, ou y 0, ou z 0} = [(1, 0, 0), (0,1, 0), (0, 0,1)].
Conversa
110
os nicos autovalores da matriz A. Vamos agora encontrar os autovetores associados a
diagonalizao de
cada um desses autovalores. Para = 6 temos que, ( x, y ) (0, 0) um autovetor se, e operadores lineares
somente se,
1 2 x x
A[v]B = 6[v]B = 6
5 4 y y
x + 2 y 6x
=
5x + 4 y 6 y
x + 2 y = 6x
5 x + 4 y = 6 y
5 x + 2 y = 0
5x 2 y = 0
5
y= x.
2
5
Logo, ( x, x) 2 , para todo x 0 , um autovetor associado ao autovalor = 6 e o
autoespao2associado a = 6 dado ento por,
5
V (6) = {( x, y ) 2 ; y = x} = [(2,5)].
2
Para = 1 temos que ( x, y ) (0, 0) um autovetor se, e somente se,
1 2 x x
A[v]B = 1[v]B = 1
5 4 y y
x + 2 y x
=
5x + 4 y y
x + 2 y = x
5 x + 4 y = y
2 x + 2 y = 0
5 x + 5 y = 0
y = x.
Logo, ( x, x) , para x 0 , um autovetor associado ao autovalor = 1 e o
2
Conversa
4 2 0 x 0
1 1 0 y = 0 . (6.1)
0 2
1 z 0
Sabemos que o sistema matricial acima possui uma soluo no nula se, e somente se,
4 2 0
det 1 1 0 = det[ A I 3 ] = 0. (6.2)
0 1 2
Calculando esse determinante obtemos a seguinte equao do terceiro grau na varivel :
3 7 2 + 16 12 = ( 2)( 2 5 + 6) = 0.
As nicas razes da equao do terceiro grau acima so 1 = 2 = 2 e 3 = 3. Dessa
forma conclumos que os nicos autovalores da matriz A so = 2 e = 3.
Vamos agora encontrar os autovetores associados a cada um desses autovalores. Para
fazermos isso substitumos o valor do autovalor em (6.1) e resolvemos o sistema matricial.
Para = 2 temos,
42 2 0 x 0
1 1 2 0 y = 0
z 0
0 1 2 2
112
2 2 0 x 0 2x + 2 y = 0
diagonalizao de
1 1 0 y = 0 x y = 0 operadores lineares
0 1 0 z 0 y = 0.
Logo, v = ( x, y, z ) 3 um autovetor associado ao autovalor = 2 se, e somente se,
x = y = 0 e z um nmero real no nulo, ou seja, v = (0, 0, z ) 3 , com z 0.
O autoespao associado ao autovalor = 2 dado ento por,
V (2) = {( x, y, z ) 3 ; x = y = 0} = [(0, 0,1)].
Para = 3 temos,
43 2 0 x 0
1 1 3 0 y = 0
0 2 3
1 z 0
1 2 0 x 0 x + 2y = 0
1 2 0 y = 0 x 2 y = 0
0 1 1 z 0 y z = 0.
Logo, v = ( x, y, z ) 3 um autovetor associado ao autovalor = 3 se, e
somente se, x = 2 y, z = y e y um nmero real no nulo qualquer, ou seja,
v = (2 y, y, y ) 3 , com y 0. O autoespao associado ao autovalor = 3 dado,
ento, por,
V (3) = {( x, y, z ) 3 ; x = 2 y e z = y} = [(2,1,1)].
Conversa
Demonstrao:
Sejam A, B M n ( ) duas matrizes semelhantes. Ento, existe uma matriz inversvel
M M n () tal que B = M 1 AM . Logo, det( M ) 0 e,
det( M 1 ) = (det( M )) 1.
Assim,
pB ( ) = det( B I n ) = det( M 1 AM I n )
= det( M 1 AM M 1 I n M )
= det( M 1 AM M 1 I n M )
= det( M 1 ( A I n ) M )
= det( M 1 ) det( A I n ) det( M )
= det( A I n ) det( M 1 ) det( M )
= det( A I n )(det( M )) 1 det( M )
= det( A I n )
= p A ( ),
provando o lema.
Demonstrao:
Mostraremos apenas que o polinmio caracterstico do operador linear T independe da
base escolhida. Para fazermos isso, seja B e C duas bases quaisquer do espao vetorial
real V . A Proposio 4.34 implica que
[T ]B = [ I T I ]B = [ I T I 1 ]B = [ I ]CB [T ]C [ I 1 ]CB ,
onde I : (V , B ) (V , C ) denota o operador identidade. Chamando de M = [ I 1 ]CB e
lembrando que,
[ I ]CB = ([ I 1 ]CB ) 1 ,
obtemos que,
[T ]B = M 1[T ]C M .
Assim, conclumos que as matrizes do operador linear T nas bases B e C do espao
vetorial real V so semelhantes e, portanto, o lema 6.13 implica que o polinmio
caracterstico do operador linear T independe da base escolhida.
A demonstrao da outra parte pode ser encontrada em CALLIOLI; DOMINGUES;
COSTA na pgina 249.
115
O teorema acima nos fornece um mtodo mais rpido e eciente para encontrar,
lgEBra linEar quando existem, os autovalores de operadores lineares denidos em espaos vetoriais de
dimenso nita. Para encontrarmos os respectivos autovetores, procedemos da seguinte
maneira: xemos uma base B do espao vetorial real V , com dim V = n. Para um elemento
no nulo v V ser um autovetor de T associado a um autovalor devemos ter que,
Tv = v [Tv]B = [ v]B
[T ]B [v]B [ v]B = 0n1
[T ]B [v]B [v]B = 0n1
([T ]B I n )[v]B = 0n1.
Logo v V um autovetor de T associado a um autovalor se, e somente se,
([T ]B I n )[v]B = 0n1 , (6.5)
onde, I n denota a identidade de ordem n e 0n1 denota a matriz nula de ordem n 1.
Nos exemplos que seguem estaremos sempre considerando a base cannica dos
espaos vetoriais utilizado.
3 + 1 3 4 x 0
([T ]B (1) I 3 )[v]B = 03 0 3 + 1 5 y = 0
0 1 + 1
0 z 0
4 3 4 x 0
0 4 5 y = 0
0 0 0 z 0
4x 3y + 4z = 0
4 y + 5z = 0
31
x = 16 z
y = 5 z.
4
117
lgEBra linEar 31 5 31 5
x= z , y = z e z um nmero real no nulo, ou seja, v = ( z , z , z ) 3 ,
16 4 16 4
com z 0. O autoespao associado ao autovalor = 1 dado ento por,
31 5
V (1) = {( x, y, z ) 3 ; x = z e y = z} = [(31, 20,16)].
16 4
Exemplo 6.16: Consideremos o espao vetorial V = 3 e denamos um operador linear
T : 3 3 , para todo v = ( x, y, z ) 3 , por,
T ( x, y, z ) = (3 x y + z , x + 5 y z , x y + 3 z ).
Vamos encontrar os autovalores, e seus respectivos autovetores, de operador linear T .
Primeiramente, vamos encontrar a matriz, na base cannica B = {(1, 0, 0), (0,1, 0), (0, 0,1)},
do operador linear T . Temos,
T (1, 0, 0) = (3, 1,1) = 3(1, 0, 0) + (1)(0,1, 0) + 1(0, 0,1)
T (0,1, 0) = (1,5, 1) = 1(1, 0, 0) + 5(0,1, 0) + (1)(0, 0,1)
T (0, 0,1) = (1, 1,3) = 1(1, 0, 0) + (1)(0,1, 0) + 3(0, 0,1).
dado por,
pT ( ) = det([T ]B I 3 )
3 1 1 1 0 0
= det 1 5 1 0 1 0
1 1 3 0 0 1
3 1 1
= det 1 5 1
1 1 3
= (3 )( 2)( 6).
Dessa forma vemos que as razes do polinmio caracterstico de T so 1 = 3, 2 = 2 e
3 = 6. Portanto, os nicos autovalores do operador linear T so = 3, = 2 e = 6.
Conversa
Vamos comear esta seo com um lema que mostra que autovetores associados
a autovalores distintos de um operador linear so linearmente independentes.
Lema 6.18: Sejam V um espao vetorial sobre um corpo K , T : V V um operador
linear e v1 , v2 , , vn autovetores de T associados a autovalores 1 , 2 , , n . Se i j
para todo i j com i, j = 1, 2, , n, ento {v1 , v2 , , vn } linearmente independente
sobre K .
Demonstrao:
Faremos a prova por induo sobre n . Para n=1, o resultado imediato, pois
autovetores so elementos no nulos do espao vetorial V .
Suponhamos agora que o resultado seja vlido para todo n , isto , se i j para
todo i j com i, j = 1, 2, , n, ento {v1 , v2 , , vn } linearmente independente sobre
K e mostremos que o resultado o resultado valido para n + 1 , isto , se i j
para todo i j com i, j = 1, 2, , n, n + 1 ento {v1 , v2 , , vn , vn +1} linearmente
independente sobre K . Para fazermos isso, sejam 1 , 2 , , n , n +1 K tais que,
1v1 + 2 v2 + + n vn + n +1vn +1 = 0V . (6.6)
120
Como (T n +1 I ) : V V denido, para todo v V , por,
(T n +1 I )v = Tv n +1v diagonalizao de
operadores lineares
um operador linear e, portanto, aplicando (T n +1 I ) em ambos os lados da igualdade
em (6.6) obtemos que,
0V = (T n+1 )0V = (T n+1I )(1v1 + 2v2 + + n vn + n+1vn+1 )
= (T n+1I )(1v1 ) + (T n+1I )( 2v2 ) + +
+ (T n+1I )( n vn ) + (T n+1I )( n+1vn+1 )
= 1 (T n+1I )(v1 ) + 2 (T n+1I )(v2 ) + +
+ n (T n+1I )(vn ) + n+1 (T n+1I )(vn+1 )
= 1 (Tv1 n+1v1 ) + 2 (Tv2 n+1v2 ) + +
+ n (Tvn n+1vn ) + n+1 (Tvn+1 n+1vn+1 )
= 1 (1v1 n+1v1 ) + 2 ( 2v2 n+1v2 ) + +
+ n ( n vn n+1vn ) + n+1 ( n+1vn+1 n+1vn+1 )
= [1 (1 n+1 )]v1 + [ 2 ( 2 n+1 )]v2 + + [ n ( n n+1 )]vn .
Como {v1 , v2 , , vn } linearmente independente sobre K , ento,
[1 (1 n +1 )] = [ 2 (2 n +1 )] = = [ n (n n +1 )] = 0 K .
Mas, i j para todo i j com i, j = 1, 2, , n, n + 1 . Logo,
1 = 2 = = n = 0 K .
Voltando em (6.6) obtemos que,
n +1vn +1 = 0V
e, como vn +1 0V , conclumos que,
1 = 2 = = n = n +1 = 0 K .
Portanto, {v1 , v2 , , vn , vn +1} linearmente independente sobre K , nalizando a
demonstrao do lema.
Demonstrao:
Como Se 1 , 2 , , n K so autovalores distintos de T , ento {v1 , v2 , , vn }
121
linearmente independente sobre K . Mas dimV = n sobre K . Logo, B = {v1 , v2 , , vn }
lgEBra linEar uma base de V .
Vamos agora encontrar a matriz do operador linear T nesta base. Temos
Tv1 = 1v1 = 1v1 + 0v 2 +0v3 + + 0v n
Tv2 = 2 v2 = 0v1 + 2 v 2 +0v3 + + 0v n
Tvn = n vn = 0v1 + 0v 2 +0v3 + + n v n .
Logo,
1 0 0 0
0 2 0 0
[T ]B = 0 0 3 0 ,
0 0 0 n
concluindo a prova deste teorema.
Conversa
T ( x, y, z ) = (3 x 4 z , 3 y + 5 z , z ).
3+ 3 0 4 x 0
([T ]B + 3I 3 )[v]B = 03 0 3 + 3 5 y = 0
0 1 + 3
0 z 0
6 0 4 x 0
0 0 5 y = 0
0 0 2 z 0
6x 4z = 0
z = 0.
3+ 3 0 4 x 0
([T ]B + 3I 3 )[v]B = 03 0 3 + 3 5 y = 0
0 1 + 3
0 z 0
6 0 4 x 0
0 0 5 y = 0
0 0 2 z 0
6x 4z = 0
z = 0.
123
Para = 1, utilizando (6.5), temos que v = ( x, y, z ) 3 um autovetor de T
lgEBra linEar associado ao autovalor = 1 se, e somente se,
3 +1 0 4 x 0
([T ]B + I 3 )[v]B = 03 0 3 + 1 5 y = 0
0 1 + 1
0 z 0
4 0 4 x 0
0 2 5 y = 0
0 0 0 z 0
4x 4z = 0
2 y + 5 z = 0.
Logo, v = ( x, y, z ) 3 um autovetor associado ao autovalor = 1 se, e somente
5
se, y = z e x = z , onde z um nmero real no nulo qualquer, ou seja,
2
5
v = ( z , z , z ) 3 , com z 0. O autoespao associado ao autovalor = 1 dado
2
ento por,
5
V (1) = {( x, y, z ) 3 ; x = z e y = z} = [(2,5, 2)].
2
Para = 3, utilizando (6.5), temos que v = ( x, y, z ) 3 um autovetor de T associado
ao autovalor = 3 se, e somente se,
3 3 0 4 x 0
([T ]B 3I 3 )[v]B = 03 0 3 3 5 y = 0
0 1 3
0 z 0
0 0 4 x 0
0 6 5 y = 0
0 0 4 z 0
y=0
z = 0.
Logo, v = ( x, y, z ) 3 um autovetor associado ao autovalor = 3 se, e somente se,
y = z = 0 e x um nmero real no nulo qualquer, ou seja, v = ( x, 0, 0) 3 , com
z 0. O autoespao associado ao autovalor = 3 dado ento por,
V (3) = {( x, y, z ) 3 ; y = z = 0} = [(1, 0, 0)].
Escolhendo C = {(0,1, 0), (2,5, 2), (1, 0, 0)} temos que C uma base de 3 e, nesta
base a matriz de T dada por,
3 0 0
[T ]C = 0 1 0 ,
0 0 3
que uma matriz diagonal.
1 0 2
pT ( ) = det([T ] I 3 ) = det 0 0 0 = 3 + 5 2 = 2 ( + 5).
2 0 4
Logo as razes de pT ( ) so 1 = 2 = 0 e 3 = 5. Portanto, os nicos autovalores de T
so = 0 e = 5. Como dim 3 = 3 e encontramos apenas dois autovalores distintos
de T , no podemos concluir ainda se o operador T diagonalizvel ou no. Observemos
que neste caso = 0 uma raiz de multiplicidade 2 do polinmio caracterstico de T ,
enquanto que a multiplicidade da raiz = 5 igual a 1.
Vamos agora encontrar os autovetores associados a cada um dos dois autovalores
encontrados. Para = 0, utilizando (6.5), temos que v = ( x, y, z ) 3 um autovetor
de T associado ao autovalor = 0 se, e somente se,
1 0 0 2 x 0
([T ]B 0 I 3 )[v]B = 03 0 00 0 y = 0
2 4 0
0 z 0
1 0 2 x 0
0 0 0 y = 0
2 0 4 z 0
x 2z = 0
2 x + 4 z = 0.
Logo, v = ( x, y, z ) 3 um autovetor associado ao autovalor = 0 se, e somente
se, x = 2 z , onde z um nmero real no nulo e y um nmero real no
nulo qualquer, ou seja, v = (2 z , y, z ) 3 , com y, z 0. O autoespao associado ao
autovalor = 0 dado ento por,
Observemos que neste caso dim V (0) = 2. Para = 5, utilizando (6.5), temos que
125
lgEBra linEar v = ( x, y, z ) 3 um autovetor de T associado ao autovalor = 5 se, e somente se,
1 5 0 2 x 0
([T ]B 5 I 3 )[v]B = 03 0 05 0 y = 0
2 0 z 0
4 5
4 0 2 x 0
0 5 0 y = 0
z 0
2 0 1
4 x 2 z = 0
5y = 0
2x z = 0
z = 2 x
y = 0.
Logo, v = ( x, y, z ) 3 um autovetor associado ao autovalor = 5 se, e somente se,
z = 2 x, onde x um nmero real no nulo e y = 0 , ou seja, v = ( x, 0, 2 x) 3 ,
com x 0. O autoespao associado ao autovalor = 5 dado ento por,
V (5) = {( x, y, z ) 3 ; z = 2 x e y = 0} = [(1, 0, 2)].
Observemos que neste caso dim V (5) = 1.
Escolhendo C = {(2, 0,1), (0,1, 0), (1, 0, 2)} temos claramente que C linearmente
independente sobre e, portanto, C uma base de 3 e, nesta base, a matriz de T
dada por,
0 0 0
[T ]C = 0 0 0 ,
0 0 5
que uma matriz diagonal.
Conversa
2 0
[T ] = .
1 2
Usando a matriz de T na base cannica vamos calcular os autovalores, e respectivos
autovetores, de T . O polinmio caracterstico de T dado ento por,
2 0
pT ( ) = det([T ] I 2 ) = det = (2 ) .
2
1 2
Conversa
Conversa
1 4
Logo as razes de p A ( ) so 1 = 2 e 2 = 6. Portanto, os autovalores de A so = 2 e
= 6. Como dim 2 = 2 e encontramos dois autovalores distintos de A, podemos concluir
que a matriz A diagonalizvel, isto , existe uma matriz inversvel M M 2 ( ) tal que,
2 0
M 1 AM = .
0 6
Para encontramos a matriz M M 2 ( ) vamos encontrar os autovetores associados
a cada um dos autovalores encontrados. Para = 2, temos que v = ( x, y ) 2 um
autovetor de A associado ao autovalor = 2 se, e somente se,
42 4 x 0
( A 2 I 2 )[v]B = 02 =
1 4 2 y 0
2 4 x 0
=
1 2 y 0
{ x = 2 y.
2 4 x 0
=
1 2 y 0
{ x = 2 y.
Logo, v = ( x, y ) 2 um autovetor associado ao autovalor = 6 se, e somente se,
x = 2 y, onde y um nmero real no nulo qualquer, ou seja, v = (2 y, y ) 2 ,
com y 0. O autoespao associado ao autovalor = 6 dado ento por,
V (6) = {( x, y ) 2 ; x = 2 y} = [(2,1)].
Portanto, a matriz M M 2 ( ) dado por,
2 2
M = .
1 1
Observemos que,
2 2
det M = det = 2 2 = 4 0
1 1
e, portanto, M inversvel e um clculo rpido mostra que,
1 1
1
4 2 .
M =
1 1
4 2
Assim,
1 1 1
4 1
2 4 4 2 2 2 2 2 2 0
= = .
1 1 1 4 1 1 3
3 1 1 0 6
4 2 2
0 7 6
A = 1 4 0 .
0 2 2
Vamos vericar se A diagonalizvel. Para fazermos isso vamos encontrar os autovalores
de A e seus respectivos autovetores v V = 3 . O polinmio caracterstico de
A dado por
0 7 6
p A ( ) = det( A I 3 ) = det 1 4 0 = ( + 1)( 1)( 2).
0 2 2
Logo as razes de p A ( ) so 1 = 1, 2 = 1 e 3 = 2. Portanto, os autovalores de A
so = 1, = 1 e = 2. Portanto Como dim 3 = 3 e encontramos trs autovalores
distintos de A, podemos concluir que a matriz A diagonalizvel, isto , existe uma
matriz inversvel M M 3 ( ) tal que
129
1 0 0
lgEBra linEar
1
M AM = 0 1 0 .
0 0 2
Para encontramos a matriz M M 3 ( ) vamos encontrar os autovetores associados a
cada um dos autovalores encontrados. Para = 1, temos que v = ( x, y, z ) 3 um
autovetor de A associado ao autovalor = 1 se, e somente se,
0 +1 7 6 x 0
( A + 1I 3 )[v]B = 03 1 4 + 1 0 y = 0
0 2 + 1
2 z 0
1 7 6 x 0
1 5 0 y = 0
0 2 1 z 0
x + 7 y 6z = 0
x + 5y = 0
2y z = 0
x = 5y
z = 2 y.
Logo, v = ( x, y, z ) 3 um autovetor associado ao autovalor = 1 se, e somente
se, x = 5 y e z = 2 y, onde y um nmero real no nulo qualquer, ou seja,
v = (5 y, y, 2 y ) 3 , com y 0. O autoespao associado ao autovalor = 1 dado
ento por
V (1) = {( x, y, z ) 3 ; x = 5 y e z = 2 y} = [(5,1, 2)].
Para = 1, temos que v = ( x, y, z ) 3 um autovetor de A associado ao autovalor
= 1 se, e somente se,
0 1 7 6 x 0
( A 1I 3 )[v]B = 03 1 4 1 0 y = 0
0 2 1
2 z 0
1 7 6 x 0
1 3 0 y = 0
0 2 3 z 0
x + 7 y 6 z = 0
x + 3y = 0
2 y 3z = 0
x = 3y
2
z = 3 y.
1
se, x = 2 y e z = y, onde y um nmero real no nulo qualquer, ou seja,
2
1
v = (2 y, y, y ) 3 , com y 0. O autoespao associado ao autovalor = 2, dado
2
ento por,
1
V (2) = {( x, y, z ) 3 ; x = 2 y e z = y} = [(4, 2,1)].
2
Portanto, a matriz M M 3 ( ) dado por,
5 9 4
M = 1 3 2 .
2 2 1
Temos que,
5 9 4
det M = det 1 3 2 = 15 + 36 + 8 24 9 20 = 6 0
2 2 1
e, portanto, M inversvel e um clculo rpido mostra que,
131
1 1
lgEBra linEar
6 1
6
3 3
M =
1
1 .
6 6
4 8
1
6 6
Assim,
1 1
6
6
1
0 7 6 5 9 4
3
3
1 1
4 0 1 3 2 =
6 6
0 2 2 1
2 2
4 8
1
6 6
1 1
6 1
6
5 9 4 1 0 0
3 3
= 1 1 3 2 = 0 1 0 .
6 6
2 2 1 0 0 2
8
8
1
6 6
Exemplo 6.27: Seja A M 3 ( ) uma matriz dada por,
4 1 1
A = 2 5 2 .
1 1 2
Vamos vericar se A diagonalizvel. Para fazermos isso vamos encontrar os autovalores,
e respectivos autovetores, de A. O polinmio caracterstico de A dado ento por,
4 1 1
p A ( ) = det( A I 3 ) = det 2 5 2 = ( 3)( 3)( 5).
1 1 2
Logo as razes de p A ( ) so 1 = 2 = 3 e 3 = 5. Portanto, os nicos autovalores de A
so = 3 e = 5. Como dim 3 = 3 e encontramos apenas dois autovalores distintos
de A, no podemos concluir ainda se a matriz A diagonalizvel ou no. Observemos
que neste caso = 3 uma raiz de multiplicidade 2 do polinmio caracterstico de A.
Vamos agora encontrar os autovetores associados ao autovalor = 3 e = 5. Para
= 3 , utilizando (6.4), temos que v = ( x, y, z ) 3 um autovetor de A associado ao
autovalor = 3 se, e somente se,
43 1 1 x 0
( A 3I 3 )[v]B = 03 2 5 3 2 y = 0
1 2 3
1 z 0
1 1 1 x 0
2 2 2 y = 0
1 1 1 z 0
{ x + y z = 0.
132
Logo, v = ( x, y, z ) 3 um autovetor associado ao autovalor = 3 se, e somente se, diagonalizao de
z = x + y, onde x, y so nmeros reais no nulos, ou seja, v = ( x, y, x + y ) 3 , operadores lineares
com x, y 0. O autoespao associado ao autovalor = 3 dado, ento, por,
V (3) = {( x, y, z ) 3 ; z = x + y} = [(1, 0,1), (0,1,1)].
Observemos que neste caso dim V (3) = 2.
Para = 5 , utilizando (6.4), temos que v = ( x, y, z ) 3 um autovetor de A associado
ao autovalor = 5 se, e somente se,
45 1 1 x 0
( A 5 I 3 )[v]B = 03 2 5 5 2 y = 0
1 2 5
1 z 0
1 1 1 x 0
2 0 2 y = 0
1 1 3 z 0
x + y z = 0
2x 2z = 0
x + y 3z = 0
xz =0
y 2 z = 0.
Logo, v = ( x, y, z ) 3 um autovetor associado ao autovalor = 5 se, e somente se,
x = z e y = 2 z , onde z um nmero real qualquer, ou seja, v = ( z , 2 z , z ) 3 ,
com z 0. O autoespao associado ao autovalor = 5 dado ento por,
1 0 1
M = 0 1 2,
1 1 1
temos que,
1 0 1
det M = det 0 1 2 = 1 + 0 + 0 0 2 1 = 1 0
1 1 1
e, portanto, M inversvel e um clculo rpido mostra que,
1 1
2 1
2
1 1
M =
1
0 .
2 2
1 1
1
2 2
133
Assim,
lgEBra linEar 1 1 1 3 3 3 1 0 1
2 2 2 4 1 1 1 0 1 2 2 2
1 0
1 2 5 2 0 1 2 = 3 0 3 0 1 2
1 1 1 1 1 2 1 1 1 5 5 5 1 1 1
2 2 2 2 2 2
3 0 0
= 0 3 0
0 0 5
Conversa
No exemplo acima vimos que apesar de existirem apenas dois autovalores distintos da
matriz A M 3 (), ela foi diagonalizada. Isto s foi possvel porque encontramos dois
autovetores de A M 3 () , linearmente independentes sobre e associados ao autovalor
= 3 que era uma raiz de multiplicidade 2 do polinmio caracterstico de A M 3 () .
Conversa
i = 1, 2, , m.
A demonstrao deste teorema longa e pode ser encontrada com detalhes
CALLIOLI; DOMINGUES; COSTA na pgina 256.
Conversa
4 3
Logo as razes de p A ( ) so 1 = 1 e 2 = 1. Portanto, os autovalores de A so
= 1 e = 1. Como dim 2 = 2 e encontramos dois autovalores distintos de A,
podemos concluir que a matriz A diagonalizvel, isto , existe uma matriz inversvel
M M 2 () tal que,
1 0
M 1 AM = .
0 1
Para encontramos a matriz M M 2 ( ) vamos encontrar os autovetores associados a
cada um dos autovalores encontrados. Para = 1, temos que v = ( x, y ) 2 um
autovetor de A associado ao autovalor = 1 se, e somente se,
3 +1 2 x 0
( A + 1I 2 )[v]B = 02 =
4 3 + 1 y 0
4 2 x 0
=
4 2 y 0
{ y = 2 x.
Logo, v = ( x, y ) 2 um autovetor associado ao autovalor = 1 se, e somente se,
y = 2 x, onde x um nmero real no nulo qualquer, ou seja, v = ( x, 2 x) 2 ,
com x 0. O autoespao associado ao autovalor = 2 dado ento por,
V (1) = {( x, y ) 2 ; y = 2 x} = [(1, 2)].
Para = 1, temos que v = ( x, y ) 2 um autovetor de A associado ao autovalor
= 1 se, e somente se,
3 1 2 x 0
( A 1I 2 )[v]B = 02 =
4 3 1 y 0
2 2 x 0
=
4 4 y 0
{ y = x.
137
Logo, v = ( x, y ) 2 um autovetor associado ao autovalor = 1 se, e somente se,
lgEBra linEar y = x, onde x um nmero real no nulo qualquer, ou seja, v = ( x, x) 2 ,
com x 0. O autoespao associado ao autovalor = 1 dado ento por,
V (1) = {( x, y ) 2 ; y = x} = [(1, 1)].
Portanto, a matriz M M 2 ( ) dada por,
1 1
M = .
2 1
Como,
1 1
det M = det = 1 + 2 = 1 0,
2 1
ento, M inversvel e um clculo simples mostra que
1 1
M 1 = .
2 1
Logo, 1000 1000
3 2 1 1 1 0 1 1
=
4 3 2 1 0 1 2 1
1 1 11000 0 1 1
= 1000
2 1 0 1 2 1
1 1 1 0 1 1
=
2 1 0 1 2 1
1 1 1 1
=
2 1 2 1
1 0
= .
0 1
Portanto, 1 0
A1000 = .
0 1
Exerccios
6. Seja 1 1
A =
0 1
a matriz de um operador linear T : 2 2 . Encontre os autovalores deste operador.
Existem, nesse caso, dois autovetores linearmente independentes? Justique a sua
resposta.
10. Sejam V um espao vetorial sobre e T : V V um operador linear tal que exista
k tal que T k = 0 e T k 1 0. Mostre que 0 autovalor de T .
139
lgEBra linEar 13. Encontre, se possvel, uma matriz M M 3 ( ) inversvel, tal que M 1 AM seja
diagonal, onde,
2 0 4
A = 3 4 12 .
1 2 5
140
diagonalizao de
operadores lineares
Anotaes
141
lgEBra linEar
7 Referncias
CARVALHO, Joo Pitombeira. lgebra linear: introduo. 2. ed. Rio de Janeiro: UnB,
1979. 176p.
142
8 ndice Remissivo
143