Garotas Más Da Bíblia - A Mulher de Potifar
Garotas Más Da Bíblia - A Mulher de Potifar
Garotas Más Da Bíblia - A Mulher de Potifar
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Higgs, Liz Curtis. Garotas ms da Bblia e o que podemos aprender com elas. Colorado Springs:
WaterBrook Press, 1999.
A esposa de Potifar2
(Introduo)
O cu no tem maior furor do que o amor em dio tornado,
Nem o inferno uma fria maior que a de uma mulher zombada.
(William Congreve)
Genesis 39:1-4: Jos foi levado ao Egito, e Potifar, oficial de Fara, comandante da guarda, egpcio,
comprou-o dos ismaelitas que o tinham levado para l. 2 O SENHOR era com Jos, que veio a ser
homem prspero; e estava na casa de seu senhor egpcio. 3 Vendo Potifar que o SENHOR era com ele
e que tudo o que ele fazia o SENHOR prosperava em suas mos, 4 logrou Jos merc perante ele, a
quem servia; e ele o ps por mordomo de sua casa e lhe passou s mos tudo o que tinha.
Uma esposa entediada. Um rapaz contratado para trabalhar. Isso aconteceu h mais
de vinte sculos, e essa histria ainda tem poder de tirar nosso flego, por causa de uma
mulher que pensava poder ignorar seus votos de casamento e pastar em gramas mais
verdes. Ela ficou conhecida simplesmente como a mulher de Potifar.
Considerando a posio do seu marido, possvel dizer que ela era bem tratada,
usava bons perfumes e roupas, bem como as melhores sandlias e anis. Potifar era
oficial comandante da guarda do maior imprio da poca. Com uma casa cheia de
servos, ela claramente tinha pouca coisa a fazer e muito tempo disponvel. Foi nesse
terreno, o do cio, que seus pensamentos pecaminosos foram gestados.
Jos era um rapaz hebreu, vendido como escravo e crente em Deus. Chamou cedo a
ateno de Potifar, quando passou servi-lo:
Gn 39:3-6 3 Vendo Potifar que o SENHOR era com ele e que tudo o que ele fazia o SENHOR
prosperava em suas mos, 4 logrou Jos merc perante ele, a quem servia; e ele o ps por
mordomo de sua casa e lhe passou s mos tudo o que tinha. 5 E, desde que o fizera
mordomo de sua casa e sobre tudo o que tinha, o SENHOR abenoou a casa do egpcio por
amor de Jos; a bno do SENHOR estava sobre tudo o que tinha, tanto em casa como no
campo. 6 Potifar tudo o que tinha confiou s mos de Jos, de maneira que, tendo-o por
mordomo, de nada sabia, alm do po com que se alimentava.
te comigo; (Gn 39:11-12). Ela repete, agora com fora fsica, a proposta do verso 7. S
restou a Jos sair correndo: ele, porm, deixando as vestes nas mos dela, saiu, fugindo para fora .
(Gn 39:12). Ento, ela chamou seus empregados e passou a dizer: Vede, trouxe-nos meu
marido este hebreu para insultar-nos; veio at mim para se deitar comigo; mas eu gritei em alta voz. 15
Ouvindo ele que eu levantava a voz e gritava, deixou as vestes ao meu lado e saiu, fugindo para fora.
(Gn 39:14-15).
sensual de sua ama. (Alter, Robert. Genesis. New York/London: W. W. Norton & Company, 1996, p. 225).
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A aspereza extraordinria deste imperativo sexual duas palavras no hebraico faz dessa uma das
instncias mais contundentes de dilogo revelatrio inicial na Bblia. Contra suas duas palavras, o
escandalizado (e talvez nervoso) Jos ir direcionar uma resposta esbaforida que toma trinta e cinco
palavras no hebraico. uma notvel organizao da tcnica de dilogo contrastivo repetidamente usado
pelos escritores bblicos para definir as diferenas entre personagens em confrontao verbal. (Alter,
Robert. Genesis, op.cit., p. 225).
Agora, alm de dizer as mesmas palavras, ela tenta agarr-lo (v12) 6, mas ele fugiu.
Como prova do que estava dizendo, ela guardou as vestes que reteve de Jos, at seu
marido voltar (v16)7. A partir de ento, ficar claro que aquela senhora no era apenas
carente ou solitria: ela era m. Por dentro.
Ao chegar o marido, ela acusou com habilidade ao inocente rapaz, precisamente do
erro que ela desejava cometer. O v17 expe o corao perverso da mulher: O servo
hebreu ... veio ter comigo. Isso, em bom hebraico bblico, podia ser entendido como ele
teve relaes sexuais comigo. Depois, especifica que ele veio para bulir comigo [insultar-me].
Essa senhora, que antes exibira um repertrio verbal de duas palavras de contedo
sensual, agora se mostra perita na arte da ambiguidade sinttica. 8
Um escritor notou, quo rpido o corao de sua paixo se empedrou em dio. 9
Essa postura cida comum em mulheres rejeitadas. E como a calnia normalmente
gera injustia, foi o que aconteceu nesse caso. Potifar chegou em casa e ouviu a queixa.
Ento, se lhe acendeu a ira . (Gn. 39.19). Ela acusou sutilmente seu marido pelo ocorrido
(O servo hebreu, que nos trouxeste [v17]; Desta maneira me fez o teu servo [v19]) e assim, o jogou
contra Jos10.
Estranhamente, apesar da denncia de tentativa de abuso sexual, Jos no foi
morto, mas preso. Talvez Potifar estivesse inseguro e tenha prendido Jos para que este
recebesse um julgamento justo. Em todo caso, isso aponta para o assunto principal do
texto: Deus estava pactualmente com aquele jovem em tudo o que ele fazia.
O resto da histria conhecido. Mas, e quanto esposa infiel de Potifar? Enquanto
Jos foi para a priso, ela ficou sozinha em sua priso pessoal, com sua lascvia,
vingana e mentiras. O que sua vida pode ensinar, de modo negativo, a mulheres crists?
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O comando sexual de duas palavras, que tudo o que est registrado que ela disse a Jos, agora
traduzido, de palavras, para ao agressiva. Vestes (beget) um termo genrico. Certamente no a
veste exterior ou o manto, [...] Em todo caso, Jos teria ficado nu, ou quase nu, quando correu deixando
as vestes para trs em suas mos vidas. (Alter, Robert. Genesis, op.cit., p. 226).
7
Esta , naturalmente, a segunda vez que Jos foi desvestido das suas vestes, e a segunda vez que a
veste usada como evidncia para uma mentira. (Alter, Robert. Genesis. New York/London: W. W. Norton
& Company, 1996, p. 227). Mais uma vez, Jos associado ao indcio enganoso de uma pea de roupa, tal
como aconteceu quando seus irmos trouxeram sua tnica embebida em sangue para mostrar ao pai.
(Alter, Robert. A arte da narrativa bblica. So Paulo: Cia das Letras, 2007, p. 168).
8
Alter, Robert. A arte da narrativa bblica, op.cit., p. 169.
9
Virginia Stem Owens, Daughters of Eve (Colorado Springs: NavPress, 1995), 134.
10
As palavras da mulher so uma afiada repreenso ao marido, ao sugerir que ele teria perversamente
instalado a discrdia por trazer para dentro de casa tamanha ameaa sexual, mas a esposa bastante
esperta para formular a acusao de modo tal que restasse ao marido a escolha entre tom-la como uma
repreenso direta ou como uma censura branda e implcita. (Alter, Robert. A arte da narrativa bblica,
op.cit., p. 169).