Contabilidade PDF
Contabilidade PDF
Contabilidade PDF
Luigi Martini
Edio: 2013 Perito da Polcia Civil
SUMRIO
INTRODUO E CONCEITOS BSICOS
1. Contabilidade 4
1.1 - Conceito 4
1.2 - Objeto da Contabilidade 4
1.3 - Campo de aplicao da Contabilidade 4
1.4 - Finalidade da Contabilidade 4
1.5 - Usurios da Contabilidade 5
1.6 - Aplicao da Contabilidade 5
2. Tcnicas Contbeis 6
PATRIMNIO
1. Definio 8
2. Ativo 8
3. Passivo 10
4. Patrimnio Lquido 11
5. Receitas e despesas 11
6. Equao fundamental do patrimnio 13
7. Representao grfica dos estados patrimoniais 14
8. O termo capital na Contabilidade 15
CONTAS
1. Conceito de conta 21
2. Plano de contas 21
3. Teoria das contas - Patrimonialista 23
4. Dbito e crdito 24
5. Razonete 24
6. Contas retificadoras 25
7. Contas de compensao
ESCRITURAO
1. Introduo e conceito 27
2. Mtodos de escriturao 27
3. Livros de escriturao 28
4. Classificao dos lanamentos em frmulas 34
5. Balancete de verificao 35
6. Apurao do resultado 37
PRINCPIOS CONTBEIS
1. Introduo 41
2. Resoluo CFC n 750 de 29/12/93 e Resoluo CFC n 1.282/10 41
3. Regime de competncia e regime de caixa 44
4. Postulados Ambientais e Convenes 45
1
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
DEMONSTRAES FINANCEIRAS
1. Introduo 64
2. Objetivo das demonstraes financeiras 64
3. Elaborao e apresentao das demonstraes financeiras 65
4. Aspectos legais 67
5. Sociedades de grande porte 69
6. Resumo das demonstraes financeiras 69
BALANO PATRIMONIAL
1. Conceito, estrutura e apresentao 70
2. Aspectos legais 71
3. Segregao entre circulante e no circulante 72
DEMONSTRAO DO RESULTADO
1. Introduo, estrutura e apresentao 75
PATRIMNIO LQUIDO
1. Introduo 88
2. Composio 88
2.1 - Capital social 88
2.2 - Aes em tesouraria 89
2.3 - Prejuzos acumulados 90
2.4 - Ajustes de avaliao patrimonial 91
2.5 - Reservas de capital 91
2.6 - Reservas de lucros 93
3. Dividendos 99
ATIVO IMOBILIZADO
1. Conceito 101
2. Custo de aquisio 101
3. Gastos com manuteno e reformas 101
4. Depreciao 102
6. Exausto 105
7. Contabilizao de alienao de item do ativo imobilizado 106
2
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
ATIVO INTANGVEL
1. Conceito 108
2. Amortizao 108
ATIVO INVESTIMENTO
1. Conceito 110
2. Participaes societrias 110
3
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
CONTABILIDADE
1 INTRODUO
1.1 Conceito
A Contabilidade um sistema de informao e avaliao que registra os eventos que
alteram o patrimnio de uma entidade, destinado a prover seus usurios com demonstraes e
anlises de natureza patrimonial, econmica e financeira.
A Contabilidade possui metodologia especialmente concebida para captar, registrar,
acumular, resumir e interpretar situaes que alteram o patrimnio de entidades. H muito, j
deixou de ser uma ferramenta para apenas atender s exigncias do fisco, constituindo-se de
uma ferramenta indispensvel na tomada de decises pelos seus usurios diversos.
Contabilidade uma cincia social que tem por finalidade registrar, controlar e interpretar os
eventos que alteram o PATRIMNIO de uma ENTIDADE, com o objetivo de FORNECER
INFORMAES aos seus USURIOS.
4
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
5
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
2 TCNICAS CONTBEIS
A Contabilidade estuda e controla o patrimnio das entidades por meio das
TCNICAS CONTBEIS, que podem ser assim apresentadas:
2.1 Escriturao
Os eventos que alteram o patrimnio das entidades e que, consequentemente, so
captados, estudados e avaliados pela Contabilidade devem ser registrados. A escriturao o
registro desses eventos em livros (impressos ou eletrnicos) apropriados, revestidos de
formalidades intrnsecas e extrnsecas que assegurem a confiabilidade e tempestividade dos
fatos contbeis. Estudaremos mais detalhadamente a escriturao contbil em captulo
especfico.
2.3 Auditoria
Constitui o conjunto de procedimentos tcnicos que tem por objetivo a emisso de
parecer sobre a adequao das demonstraes financeiras, consoante os Princpios de
Contabilidade e a legislao societria.
6
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
REVISO DO CAPTULO:
7
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
PATRIMNIO
1 DEFINIO
Conforme j visto anteriormente, patrimnio o conjunto de bens, direitos e
obrigaes de uma determinada entidade.
Os bens e direitos de uma entidade, que correspondem parte boa, denominam-se
ATIVO na Contabilidade. J as obrigaes (dvidas) de uma entidade, que correspondem
parte ruim, denominam-se PASSIVO na Contabilidade. A diferena entre o ATIVO e o
PASSIVO de uma entidade denomina-se PATRIMNIO LQUIDO.
2 ATIVO
Representa os direitos que a entidade possui junto a terceiros e os bens pertencentes a
ela. O ativo tambm pode ser denominado PATRIMNIO BRUTO e corresponde s
APLICAES DE RECURSOS de uma entidade.
Ativo um recurso controlado pela entidade como resultado de transaes passadas
ou eventos passados e do qual se espera que resultem futuros benefcios econmicos para a
entidade.
As entidades normalmente obtm ativos comprando-os ou produzindo-os, mas outras
transaes ou eventos podem gerar ativos, por exemplo: um imvel recebido do governo como
parte de um programa para fomentar o crescimento econmico da regio onde se localiza a
entidade ou a descoberta de jazidas minerais. Transaes ou eventos previstos para ocorrer no
futuro no podem resultar, por si mesmos, no reconhecimento de ativos; por isso, por exemplo,
a inteno de adquirir estoques no atende, por si s, definio de um ativo.
2.1 Bens
Contabilmente, tudo aquilo que til entidade e pode ser representado
monetariamente denominado BEM. Os bens podem ser classificados de diversas formas. De
acordo com sua natureza e finalidade, os bens podem ser assim classificados:
8
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Quanto natureza:
Bens tangveis: Bens corpreos, que tm forma fsica, palpveis. Exemplos:
veculos, mquinas, edificaes, mercadorias, dinheiro etc.;
Bens intangveis: Bens incorpreos, que no tm forma fsica. Exemplos:
marcas, patentes, softwares, direitos autorais etc.
Quanto finalidade:
Bens numerrios: Bens que representam disponibilidades em dinheiro. Esses
bens so registrados na conta Caixa.
Bens de venda: ativos que pertencem entidade e que h a inteno de sua
venda. Normalmente, os bens de venda so aqueles registrados na conta
Estoque, como matria-prima, mercadorias, produtos em elaborao, produtos
acabados.
Bens de uso: Bens que pertencem entidade, mas que no h inteno de
venda. Esses bens tm como finalidade gerar benefcios para a empresa
mediante o seu uso, mas no mediante sua venda. Exemplos: bens registrados no
ativo imobilizado (mquinas, edificaes, veculos, hardwares, imveis, terrenos
etc.) e no ativo intangvel (marcas, patentes, softwares, direitos autorais etc.);
Bens de renda: Bens que pertencem entidade e que geram benefcios
mediante sua valorizao ou locao. Exemplos: participaes societrias em
outras empresas, imveis para locao etc.
2.2 Direitos
Contabilmente, direitos representam o poder de receber ou de compensar alguma
coisa em benefcio da prpria entidade. Representam crditos da entidade junto a terceiros
(governo, empregados, empresas etc.). Direitos representam recursos da entidade em posse de
terceiros. Assim, se a entidade tem direito a receber algo, h um terceiro que tem a obrigao
correspondente. Exemplos de contas contbeis do ativo que representam direitos:
Clientes ou Duplicatas a receber: registra o direito de receber determinado valor
por venda de ativos ou por prestao de servios para recebimento a prazo;
Adiantamento de salrios: registra o direito de a entidade compensar o valor
adiantado a empregado quando ocorrer o posterior pagamento do salrio;
9
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
3 PASSIVO
Representa as obrigaes (dvidas) da entidade para com terceiros. As contas do
passivo representam recursos de terceiros em posse da entidade. O passivo tambm pode ser
denominado PASSIVO EXIGVEL ou CAPITAL DE TERCEIROS e corresponde s
ORIGENS DE RECURSOS de uma entidade.
Passivo uma obrigao presente da entidade, derivada de eventos j ocorridos, cuja
liquidao se espera que resulte em sada de recursos capazes de gerar benefcios econmicos.
Uma caracterstica essencial para a existncia de um passivo que a entidade tenha uma
obrigao presente.
Assim, por exemplo, a aquisio a prazo de mercadorias ou de servios resulta em
contas a pagar, e a obteno de um emprstimo resulta na obrigao de liquid-lo. So
exemplos de contas do passivo:
Fornecedores ou Duplicatas a pagar: registra a obrigao da entidade de pagar
determinado valor por compras ou contratao de servios a prazo;
Emprstimos e financiamentos obtidos;
Provises passivas 13 salrio, de frias, de contingncias etc.;
10
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
4 PATRIMNIO LQUIDO
Conforme dito anteriormente, PATRIMNIO LQUIDO (PL) a diferena entre o
ATIVO e o PASSIVO de uma entidade, ou seja, o valor residual dos ativos da entidade
depois de deduzidos todos os seus passivos. O patrimnio lquido pode tambm ser
denominado RIQUEZA LQUIDA, CAPITAL PRPRIO, PASSIVO NO EXIGVEL,
SITUAO LQUIDA. Tambm corresponde, juntamente com o passivo, s ORIGENS DE
RECURSOS.
No patrimnio lquido so registrados os recursos aportados pelos scios, o resultado
do exerccio (lucro ou prejuzo), as reservas resultantes de apropriaes de lucros (Reservas de
lucros) e as reservas para manuteno do capital (Reservas de capital). As contas que compem
o patrimnio lquido sero apresentadas de forma detalhada em captulo especfico.
5 RECEITAS E DESPESAS
As receitas e as despesas so conhecidas como variaes patrimoniais e no so
contas patrimoniais, ou seja, no so contas do ativo, do passivo e do patrimnio lquido.
Quando somadas as receitas e despesas de uma entidade, chega-se ao resultado em
determinado perodo. Se as receitas foram superiores s despesas, a entidade apurou LUCRO
LQUIDO. Se as despesas foram superiores s receitas, a entidade apurou PREJUZO. Esse
resultado, lucro lquido ou prejuzo, registrado no patrimnio lquido. Da, conclui-se que
receitas tm efeito positivo no PL, e as despesas tm efeito negativo no PL.
RECEITAS:
Correspondem s variaes patrimoniais que aumentam o patrimnio lquido de uma
entidade em determinado perodo, seja por um evento que provocou um aumento do ativo sem
o correspondente aumento do passivo, seja pelo evento que provocou uma reduo do passivo
sem o correspondente decrscimo do ativo. So exemplos de receita: rendimentos de aplicaes
financeiras, pagamento de uma dvida com desconto, recebimento de um direito com juros,
recebimento de uma doao etc.
O Pronunciamento Conceitual Bsico CPC Estrutura para a Preparao e a
Apresentao das Demonstraes Contbeis define assim as receitas: so aumentos nos
11
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
DESPESAS:
Correspondem s variaes patrimoniais que reduzem o patrimnio lquido de uma
entidade em determinado perodo, seja por um evento que provocou uma reduo do ativo sem
a correspondente diminuio do passivo, seja pelo evento que provocou um aumento do
passivo sem o correspondente incremento do ativo. So exemplos de despesa: baixa de um
ativo por perda ou perecimento, pagamento de uma dvida com juros, recebimento de um
direito com desconto, registro de uma dvida sem registro de um ativo correspondente etc.
O Pronunciamento Conceitual Bsico CPC Estrutura para a Preparao e a
Apresentao das Demonstraes Contbeis define assim as despesas: so decrscimos nos
benefcios econmicos durante o perodo contbil sob a forma de sada de recursos ou reduo
de ativos ou incrementos em passivos, que resultam em decrscimo do patrimnio lquido e
que no sejam provenientes de distribuio aos proprietrios da entidade.
12
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
ATIVO PASSIVO
ATIVO $70.000
PATRIMNIO
$100.000 LQUIDO
$30.000
13
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Passivo
Ativo Ativo PL
PL
As configuraes patrimoniais n 1 e 2 demonstram uma entidade com excesso de
bens e direitos (ativo) em relao s suas obrigaes (passivo exigvel), representando um
estado FAVORVEL, SUPERAVITRIO, ATIVO ou POSITIVO.
Na configurao patrimonial n 1, os ativos da entidade so suficientes para quitar
suas obrigaes, restando ainda recursos para os scios. J na configurao patrimonial n 2, os
scios detm integralmente os ativos da entidade.
Ativo Passivo
A configurao patrimonial n 3 demonstra uma entidade cujo valor total dos bens e
direitos (ativo) igual ao valor total de suas obrigaes (passivo exigvel), representando um
estado COMPENSADO ou NULO, no qual o valor do PL zero.
Nesse estado patrimonial, os ativos da entidade so suficientes apenas para quitar suas
obrigaes, no restando recursos para os scios.
14
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
PL (-)
PL (-)
Nesse estado patrimonial, a entidade possui obrigaes (passivo exigvel) em
montante superior ao valor total dos bens e direitos (ativo), representando um estado
DEFICITRIO, NEGATIVO, DESFAVORVEL ou PASSIVO.
Em ambas as situaes, nas quais o valor do passivo maior que o valor do ativo, o
PL SEMPRE APRESENTAR VALOR NEGATIVO. Esse estado patrimonial tambm
denominado PASSIVO A DESCOBERTO. Nesse estado patrimonial, os ativos da entidade (se
existentes) so insuficientes para quitar suas obrigaes.
Conforme as normas contbeis vigentes, nos estados patrimoniais onde h passivo a
descoberto, o patrimnio lquido dever ser apresentado com sinal negativo abaixo do passivo
exigvel.
15
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
16
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
EXERCCIO DE FIXAO
No quadro a seguir, classifique as seguintes contas contbeis como pertencentes aos
grupos de: ativo, passivo, patrimnio lquido, despesa ou receita.
Nome da conta Classificao
Duplicatas a receber
Banco c/movimento
Fornecedores
Tributos a recolher
Reservas de lucros
Capital social
Rendimento de aplicao financeira
Salrios a pagar
Caixa
Salrios
Juros s/ emprstimos
Descontos concedidos
Terrenos
Emprstimos e financiamentos
Energia eltrica
Descontos obtidos
Multa de trnsito
Custo da mercadoria vendida
Vendas de mercadorias
Soluo:
Ativo Passivo PL Receita Despesa
4 4 2 3 6
17
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
REVISO DO CAPTULO
18
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Fatos contbeis
Mistos ou
Permutativos Modificativos
compostos
Diminutivos Aumentativos
19
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
EXERCCIO DE FIXAO
Aps estudar os atos e fatos administrativos (ou contbeis), classifique os efeitos que
os fatos contbeis relacionados no quadro a seguir causam ao patrimnio de uma entidade.
Item Fatos contbeis Efeitos Classificao
1 Integralizao de capital em dinheiro.
2 Compra de mercadorias a prazo.
3 Aplicao financeira.
4 Depsito bancrio.
5 Pagamento de fornecedores.
6 Adiantamento recebido de cliente.
7 Venda de mercadorias com lucro.
8 Aumento de capital com reservas.
9 Apropriao de rendimentos de aplicao financeira.
Pagamento de compra, vista, de material de
10
consumo imediato.
11 Adiantamento a fornecedores.
12 Encontro de contas a receber com contas a pagar.
13 Pagamento de duplicata com juros.
Resgate de aplicao financeira com rendimentos j
14
apropriados.
15 Recebimento de duplicata com juros.
16 Registro de Salrios e encargos a pagar.
17 Venda de mercadorias pelo custo de aquisio.
Compensao de tributos a recuperar com tributos a
18
recolher.
19 Obteno de emprstimo bancrio.
20 Saque de dinheiro de conta bancria.
Gabarito:
Permutativos Modificativos Mistos
13 4 3
20
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
CONTAS
1 CONCEITO DE CONTA
Os elementos patrimoniais (bens, direitos, obrigaes, receitas e despesas) de uma
entidade so representados por meio de CONTAS. Contas so nomes tcnicos dados a
elementos patrimoniais, os quais so determinados com base na natureza desses elementos. O
nome de uma conta aquele que melhor representa a natureza de um elemento, de forma a
permitir que o usurio da informao contbil entenda o que a conta representa.
Assim, por exemplo, se uma empresa concede um emprstimo a um de seus diretores,
o direito que a empresa tem de ser reembolsada pelo diretor pode ser representado por uma
conta no ativo com o nome Emprstimo diretoria. Todos os fatos contbeis promovidos por
uma entidade, tais como vendas, compras, obteno de emprstimo, pagamento de salrios, so
registrados em suas respectivas contas.
2 PLANO DE CONTAS
2.1 - Conceito
Imaginem, por exemplo, a gigantesca quantidade de transaes que ocorrem
diariamente e alteram o patrimnio de empresas como o Banco do Brasil, Usiminas, Vale.
Cada transao (obteno de emprstimo, saque de recursos, pagamento de despesas, depsitos
bancrios etc.) que altera o patrimnio deve ser registrada em conta especfica, que melhor
representa o evento.
Toda empresa possui uma relao de contas j predeterminada, customizada, de
acordo com as caractersticas e natureza de seu negcio. Essa relao de contas denominada
PLANO DE CONTAS.
Quando de sua elaborao, o Plano de Contas deve contemplar os seguintes trs
objetivos:
a) atender s necessidades dos usurios internos (administradores) das informaes
contbeis da empresa;
b) atender aos Princpios de Contabilidade e legislao a qual a entidade deve
obedecer (Lei n 6.404/76, Normas Brasileiras de Contabilidade);
c) ser compatvel com as normas expedidas por rgos regulares especficos (Bacen,
ANEEL etc.), caso aplicvel.
21
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Resumindo:
PLANO DE CONTAS uma relao padronizada, ordenada, codificada, customizada de
contas, previamente estabelecido, que norteia o registro dos fatos contbeis de determinada
entidade, alm de servir de parmetro para a elaborao das demonstraes financeiras.
1.2 NO CIRCULANTE
1.2.1 REALIZVEL A LONGO PRAZO
1.2.1.01 Clientes
1.2.1.02 Outras Contas
1.2.2 INVESTIMENTOS
1.2.2.01 Participaes Societrias
1.2.3 IMOBILIZADO
1.2.3.01 Terrenos
1.2.3.02 Construes e Benfeitorias
1.2.3.03 Mquinas e Ferramentas
1.2.3.04 Veculos
1.2.3.05 Mveis
1.2.3.98 (-) Depreciao Acumulada
1.2.4 INTANGVEL
1.2.4.01 Marcas
1.2.4.02 Softwares
1.2.4.99 (-) Amortizao Acumulada
2 PASSIVO
2.1 CIRCULANTE
2.1.1 Impostos e Contribuies a Recolher
2.1.1.01 Simples a Recolher
2.1.1.02 INSS
2.1.1.03 FGTS
2.1.2 Contas a Pagar
2.1.2.01 Fornecedores
2.1.2.02 Outras Contas
2.1.3 Emprstimos Bancrios
2.1.3.01 Banco A - Operao X
2.2 NO CIRCULANTE
2.2.1 Emprstimos Bancrios
2.2.1.01 Banco A - Operao X
22
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
3 CUSTOS E DESPESAS
3.1 Custos dos Produtos Vendidos
3.1.1 Custos dos Materiais
3.1.1.01 Custos dos Materiais Aplicados
3.1.2 Custos da Mo-de-Obra
3.1.2.01 Salrios
3.1.2.02 Encargos Sociais
3.2 Custo das Mercadorias Vendidas
3.2.1 Custo das Mercadorias
3.2.1.01 Custo das Mercadorias Vendidas
3.3 Custo dos Servios Prestados
3.3.1 Custo dos Servios
3.3.1.01 Materiais Aplicados
3.3.1.02 Mo-de-Obra
3.3.1.03 Encargos Sociais
3.4 Despesas Operacionais
3.4.1 Despesas Gerais
3. 4.1.01 Mo-de-Obra
3.4.1.02 Encargos Sociais
3.4.1.03 Aluguis
3.5 Perdas de Capital
3.5.1 Baixa de Bens do Ativo No Circulante
3.5.1.01 Custos de Alienao de Investimentos
3.5.1.02 Custos de Alienao do Imobilizado
4 RECEITAS
4.1 Receita Lquida
4.1.1 Receita Bruta de Vendas
4.1.1.01 De Mercadorias
4.1.1.02 De Produtos
4.1.1.03 De Servios Prestados
4.1.2 Dedues da Receita Bruta
4.1.2.01 Devolues
4.1.2.02 Servios Cancelados
4.2 Outras Receitas
4.2.1 Vendas de Ativos No Circulantes
4.2.1.01 Receitas de Alienao de Investimentos
4.2.1.02 Receitas de Alienao do Imobilizado
23
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
4 DBITO E CRDITO
A Contabilidade registra os fatos contbeis de acordo com a natureza das contas, e
essas so movimentadas por meio de dbitos e crditos. Quando falamos em natureza das
contas, temos de considerar o que elas representam para a entidade. Assim, as contas do ativo
tm natureza devedora por representarem dbitos com a entidade. J as contas do passivo e do
patrimnio lquido tm natureza credora por representarem crditos com a entidade.
Podemos tambm fixar a natureza das contas, colocando como referncia os terceiros
em relao entidade. Como o ativo registra dbitos (dvidas) de terceiros (direitos de receber
de clientes que compraram a prazo, por exemplo) com a entidade, o ativo tem natureza
devedora. Como o passivo e o patrimnio lquido registram crditos (direitos) de terceiros
(empregados, bancos, fornecedores, scios) com a entidade, o passivo e o patrimnio lquido
tm natureza credora. As receitas tm natureza credora e as despesas tm natureza devedora.
Podemos resumir a natureza das contas e os efeitos dos registros de dbitos e crditos:
Saldo da conta
Contas Natureza
Aumenta com Diminui com
Ativo devedora dbito crdito
Passivo credora crdito dbito
Patrimnio lquido credora crdito dbito
Receita credora crdito dbito
Despesa e custo devedora dbito crdito
24
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Nome da conta
Dbitos Crditos
Saldo da conta: a diferena aritmtica dos valores lanados a dbito e dos valores lanados a
crdito. O saldo de uma conta credor, quando o total dos crditos superior ao total dos
dbitos. O saldo de uma conta devedor, quando o total dos dbitos superior ao total dos
crditos. O saldo de uma conta nulo, quando a soma dos dbitos igual soma dos crditos.
6 CONTAS RETIFICADORAS
Contas retificadoras so as contas de natureza inversa do grupo no qual so
registradas, causando efeito redutor do saldo do grupo, podendo, portanto, serem denominadas
contas redutoras.
As contas retificadoras do ativo tm natureza credora e tm como finalidade reduzir
saldos dos ativos a que esto vinculadas aos seus provveis valores de realizao. Exemplo:
Perdas estimadas em crditos de liquidao duvidosa - PECLD, Perdas estimadas por
desvalorizao de estoque, Perdas estimadas de investimentos.
As contas retificadoras do passivo tm natureza devedora e tm como finalidade
reduzir saldos dos passivos a que esto vinculadas aos seus provveis valores presentes de
desembolso. Devido natureza credora do grupo patrimnio lquido, as contas retificadoras
desse grupo tambm tm natureza devedora. Exemplos: Juros a transcorrer no passivo,
Aes em tesouraria e Prejuzos Acumulados no patrimnio lquido.
7 CONTAS DE COMPENSAO
As contas de compensao constituem uma forma de controle alternativo ao sistema
patrimonial. As contas patrimoniais (ativo, passivo e patrimnio lquido) registram os eventos
que alteraram o patrimnio da empresa, enquanto as contas de compensao servem
exclusivamente para controle de determinados eventos, sem fazer parte do patrimnio.
25
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
REVISO DO CAPTULO
1) O que so contas?
2) O que Plano de contas? Qual a sua finalidade?
3) O que so contas retificadoras? Qual a natureza dessas contas. Exemplifique.
4) O que so contas de compensao?
26
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
ESCRITURAO
1 INTRODUO E CONCEITO
Conforme vimos no incio dessa apostila, a escriturao uma tcnica contbil que
tem como objetivo o registro de todos os fatos contbeis e de alguns atos contbeis em livros
(impressos ou eletrnicos) apropriados, revestidos de formalidades intrnsecas e extrnsecas
que asseguram a confiabilidade e a tempestividade de seus registros.
O artigo n 177 da Lei n 6.404/76 estabelece a forma como as sociedades annimas
devem elaborar e manter a escriturao contbil, do qual vale destacar:
a) Mantida em registros permanentes (por exemplo: livros Dirio e Razo);
b) Elaborada de acordo com os princpios de Contabilidade geralmente aceitos e
com os preceitos da legislao comercial e societria (novo Cdigo Civil e da
prpria Lei n 6.404/76);
c) Elaborada em obedincia ao princpio da Competncia.
Contudo, a legislao tributria (a do Imposto de Renda, por exemplo) ou legislao
especial sobre a atividade que constitui seu objeto (entidade cuja atividade regulamentada por
rgo especfico ANEEL, ANATEL etc.) podem prescrever, conduzir ou incentivar a
utilizao de mtodos ou critrios contbeis ou determinar registros, lanamentos ou ajustes ou
a elaborao de outras demonstraes financeiras diferentes daqueles preconizados pela Lei n
6.404/76. O pargrafo segundo do artigo n 177 estabelece que esses eventuais ajustes
necessrios ao atendimento legislao tributria ou legislao especial devem ser elaborados
em registros auxiliares (LALUR, por exemplo), sem modificao da escriturao contbil e das
demonstraes reguladas nesta Lei.
2 - MTODOS DE ESCRITURAO
So dois os principais mtodos de escriturao, a saber:
27
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
3 - LIVROS DE ESCRITURAO
3.1 - Introduo
Os fatos e alguns atos contbeis devero ser escriturados (registrados) em livros
prprios. So vrios os livros de escriturao, cuja obrigatoriedade de elaborao depender,
basicamente, da forma jurdica (sociedade annima, limitada etc.), da atividade desenvolvida
pela empresa (industrial, prestao de servios etc.) ou da forma de apurao do Imposto de
Renda (lucro real, presumido, simples, arbitrado) das entidades.
Assim, h livros de escriturao obrigatria para uma determinada entidade, mas que
pode ser apenas de escriturao facultativa para outra. Contudo, h determinados livros que so
de escriturao obrigatria para todas as empresas, independe de suas caractersticas. A
escriturao contbil das entidades tambm conhecida como escriturao mercantil.
Vale destacar que a escriturao pode ocorrer de forma impressa em livros
encadernados, em microfichas ou de forma eletrnica. Independente da forma de escriturao,
28
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
29
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
b) Quanto natureza
Cronolgicos: So os livros que apresentam como critrio de registro a ordem
cronolgica dos eventos. Exemplos: Dirio, Caixa.
Sistemticos: So os livros que apresentam como critrio de registro qualquer
outro que no a ordem cronolgica dos eventos. Exemplo: Razo, LALUR.
c) Quanto utilidade
Principais: So os livros que registram todos os fatos contbeis de uma entidade
em determinado perodo. Exemplos: Dirio, Razo.
Auxiliares: So os livros que registram apenas determinados fatos contbeis de
uma entidade em determinado perodo. Exemplos: Caixa, Fornecedores etc.
30
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
31
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
32
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Natureza: sistemtico (os fatos contbeis so registrados pela ordem das contas
contbeis);
Utilidade: principal (registra todos os fatos contbeis);
33
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
34
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Quarta frmula: Duas ou mais contas debitadas e duas ou mais contas creditadas.
Exemplo: Venda, a prazo, de mercadorias adquiridas por $3.000, pelo valor de $5.000
Lanamento mecanizado:
D CMV 3.000
D Clientes 5.000
C Estoque 3.000
C Receita de vendas 5.000
Lanamento manual:
Diversos
a Diversos
CMV 3.000
Clientes 5.000
a Estoque 3.000
a Receita de vendas 5.000 8.000
5 BALANCETE DE VERIFICAO
O Balancete de Verificao um demonstrativo contbil que deve ser elaborado
periodicamente, no mnimo, mensalmente. um demonstrativo contbil no qual so
relacionadas todas as contas contbeis com saldos, em determinada data. O balancete tem como
finalidade verificar se os lanamentos foram efetuados de forma correta, permitindo avaliar a
correo dos saldos das contas contbeis.
O Balancete de Verificao relaciona os nomes e os saldos das contas contbeis
extradas dos registros contbeis em determinada data. Os saldos das contas contbeis so
apresentados em duas colunas, devendo a primeira coluna ser preenchida com os saldos
devedores, e a segunda coluna com os saldos credores. O nvel de detalhamento das contas est
relacionado com a necessidade de seus usurios, ou seja, com a sua finalidade.
Devido ao momento de sua elaborao, h dois tipos de balancetes:
Balancete de verificao preliminar: No balancete preliminar, as contas podem ser
apresentadas sem uma ordem especfica e compreende contas do ativo, passivo,
patrimnio lquido, despesas, custos e de receitas. Devido ao carter preliminar, as
contas contbeis esto sujeitas a ajustes, tais como registro de depreciao,
apropriao de despesas antecipadas, reclassificao de contas etc.
35
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Banco c/movimento
Duplicatas a receber
Despesa antecipada - seguros
Mquinas
Duplicatas descontadas
Encargos financeiros a apropriar
Estoque
Perdas estimadas em crditos de liquidao
duvidosa - PECLD
Fornecedores
Emprstimo
Proviso de frias e 13 salrio
Juros a pagar
Capital subscrito
Receita de vendas
Despesa c/ PDD
Custo das mercadorias vendidas - CMV
Despesa com proviso de frias e 13 salrio
Despesa com salrios
Despesa financeira
Despesa de seguros
Total
Importante: O saldo da coluna de dbito deve ser igual ao saldo da coluna de crdito.
36
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
6 APURAO DO RESULTADO
Ao final de cada exerccio social (normalmente, um ano) as entidades devem apurar o
resultado de suas atividades. Nesse momento, as entidades sabero se suas atividades geraram
lucro ou prejuzo no exerccio findo.
Para a apurao do resultado, as contas de despesas e de receitas (contas de resultado)
devem ser encerradas (zeradas) em contrapartida de uma conta transitria denominada
Apurao do resultado do exerccio (ARE). Somente as contas patrimoniais (contas de ativo,
passivo e patrimnio lquido) permanecem, no incio do exerccio seguinte, com os mesmos
saldos do encerramento do exerccio anterior.
Se o somatrio dos saldos das contas de despesas for superior ao somatrio dos saldos
das contas de receitas, a entidade apurou prejuzo no exerccio. Porm, se o somatrio dos
saldos das contas de receitas for superior ao somatrio dos saldos das contas de despesas, a
entidade apurou lucro lquido no exerccio.
Importante frisar que o resultado do exerccio, lucro lquido ou prejuzo, ser
transferido (registrado) para conta do patrimnio lquido denominada Lucros ou prejuzos
acumulados, conta de natureza transitria que tem como funes receber e destinar o resultado
do exerccio.
De forma resumida, pode-se elaborar o seguinte esquema de apurao de resultado,
depois de contabilizados todos os fatos contbeis do exerccio que se encerra:
1. Levantar (elaborar) o balancete de verificao inicial;
2. Avaliar se os saldos das contas esto de acordo com a sua natureza (devedora
ou credora);
37
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
38
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Exemplo:
(conta transitria)
ARE
(3) 300.000 500.000 (1)
(4) 80.000 45.000 (2)
380.000 545.000
(5) 165.000 165.000 Lucro lquido do exerccio
(patrimnio lquido)
Lucros ou prejuzos
acumulados
165.000 (5)
39
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
REVISO DO CAPTULO:
1) O que mtodo das partidas dobradas?
2) Quais so os tipos de livros de escriturao?
3) Como os livros de escriturao so classificados?
4) Quais as formalidades intrnsecas e extrnsecas da escriturao contbil?
5) Quais as diferenas entre os livros Dirio e Razo?
6) Como os lanamentos contbeis so classificados?
7) O que e qual a importncia do balancete de verificao?
8) Quais so os tipos de balancetes?
9) Como e quando ocorrem os ajustes no balancete de verificao?
10) Como realizada a apurao do resultado do exerccio?
11) Qual a conta que registra o resultado do exerccio depois de apurado?
40
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
PRINCPIOS DE CONTABILIDADE
1 - INTRODUO
Os Princpios de Contabilidade constituem as premissas bsicas acerca de como essa
cincia trata e reflete os eventos que alteram o patrimnio das entidades. Em tese, nenhuma
norma expedida (pelo Banco Central do Brasil, Receita Federal do Brasil, Comit de
Pronunciamentos Contbeis etc.) que trate de matria contbil pode contradizer os Princpios
de Contabilidade.
De acordo com a Resoluo n 750/93 do Conselho Federal de Contabilidade (CFC),
a observncia dos Princpios de Contabilidade obrigatria no exerccio da profisso do
contabilista e constitui condio de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade
(NBC).
Recentemente, quase 20 anos aps sua emisso, essa resoluo foi alterada pela
Resoluo CFC n 1.282/10, em conformidade com o processo de convergncia s normas
internacionais de Contabilidade.
Com a emisso da nova resoluo, a denominao Princpios Fundamentais de
Contabilidade foi alterada para Princpios de Contabilidade. Antes eram sete os princpios,
agora os Princpios de Contabilidade so seis foi eliminado o Princpio da Atualizao
Monetria. De forma geral, a nova resoluo simplificou a redao dos Princpios, exceto a do
Princpio do Registro pelo Valor Original. Uma boa forma de estudar o Princpio do Registro
pelo Valor Original l-lo juntamente com os artigos n 183 e 184 da Lei n 6.404/76, que
tratam dos critrios de avaliao do ativo e do passivo.
RESOLVE:
CAPTULO I
DOS PRINCPIOS E DE SUA OBSERVNCIA
41
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
CAPTULO II
DA CONCEITUAO, DA AMPLITUDE E DA ENUMERAO
SEO I
O PRINCPIO DA ENTIDADE
SEO II
O PRINCPIO DA CONTINUIDADE
SEO III
O PRINCPIO DA OPORTUNIDADE
42
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
SEO IV
O PRINCPIO DO REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL
43
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
SEO VI
O PRINCPIO DA COMPETNCIA
SEO VII
O PRINCPIO DA PRUDNCIA
44
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
45
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
REVISO DO CAPTULO:
1) O que so os Princpios de Contabilidade?
2) Quais so os Princpios de Contabilidade? Defina-os.
3) Tente identificar situaes prticas na aplicao dos Princpios de Contabilidade.
4) O que so os Postulados Ambientais e as Convenes?
46
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
1 CAPITAL SOCIAL
1.1 Conceito
Os recursos aportados pelos scios so representados pela conta Capital social no
patrimnio lquido. Essa conta abrange no somente as parcelas investidas pelos scios como
tambm os ganhos obtidos pela entidade e que, por deciso dos proprietrios, foram
incorporadas ao Capital social.
O valor do Capital social definido no Contrato Social ou no Estatuto Social (para
sociedades annimas), documentos constitutivos de uma entidade. Quando definido o valor do
Capital social no documento constitutivo, surge uma obrigao de os scios transferirem ativos
(bens ou direitos) para a entidade.
O artigo 182 da Lei n 6.404/76 estabelece que a conta do capital social discriminar
o montante subscrito e, por deduo, a parcela ainda no realizada. Dessa forma, podemos
demonstrar a composio da conta Capital social nas seguintes subcontas:
3 - Patrimnio Lquido
3.1 - Capital social
3.1.1 - Capital subscrito
3.1.2 - Capital a integralizar (ou Capital a realizar)
3.2 - ...
1.2 - Contabilizao
A contabilizao do Capital social mediante aporte de recursos pelos scios ocorre em
dois momentos:
(1) Na promessa dos scios de transferir (integralizar) bens ou direitos para a
entidade;
(2) Na transferncia (integralizao) de bens ou direitos para a entidade.
47
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Subscrio de capital:
D Capital a integralizar ou Capital a realizar
C Capital subscrito
Integralizao de capital:
D Caixa
C Capital a integralizar ou Capital a realizar
(+A +PL/ Fato modificativo aumentativo)
Importante:
Em concursos pblicos, h bancas organizadoras que consideram a conta Capital social como
sinnimo da conta Capital subscrito.
A subscrio de capital um ATO administrativo que implica registro contbil, conforme
demonstrado anteriormente. J a integralizao de capital um FATO administrativo.
2 PROVISES
2.1 Conceito
A palavra proviso na Contabilidade tem como funo indicar que determinado
elemento patrimonial apresenta certo grau de estimativa.
No incio da apostila, estudamos que passivo uma obrigao presente, derivada de
eventos j ocorridos, cuja liquidao se espera que resulte em sada de recursos. Assim, se uma
entidade possui uma dvida com terceiros, deve-se registrar essa obrigao, em uma conta que
melhor demonstre sua natureza, pelo valor presente do desembolso.
Porm, h situaes em que o fato gerador do passivo j ocorreu, mas a entidade no
consegue determinar de forma precisa o montante que ser pago e ou a data em que a dvida
ser quitada. Nesses casos, a entidade deve registrar esse passivo denominando-o de Proviso.
De acordo com o Pronunciamento tcnico CPC 25, Proviso um passivo de prazo ou de
valor incertos.
Toda conta de proviso tem natureza credora e a contrapartida do registro de conta de
proviso uma despesa no resultado no exerccio.
Podemos elaborar o seguinte quadro com as principais caractersticas das contas de
proviso:
Natureza da conta Credora
Contrapartida do
Conta de despesa no resultado.
lanamento
Funo Registrar um passivo que resultar em provvel desembolso.
Efeitos Aumenta o passivo. (+P -PL)
Proviso para processos judiciais trabalhistas, Proviso para
Exemplos
processos judiciais tributrios.
48
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Importante: uma proviso passiva somente registrada quando pode ser feita uma
estimativa confivel do valor da obrigao.
Constituio da proviso:
D Despesa com proviso
C Proviso para processos judiciais
(+P -PL/ Fato modificativo diminutivo)
Reverso da proviso:
D Proviso para processos judiciais
C Receita de reverso de proviso ou Despesa com proviso
(-P +PL/ Fato modificativo aumentativo)
Efetivao do pagamento:
D Proviso para processos judiciais
C Caixa ou Banco c/movimento
(-A -P/ Fato permutativo)
49
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Porm, se uma entidade for registrar uma estimativa do valor a pagar, o nome da
conta contbil que registrar a obrigao ter a palavra proviso.
D Despesa com energia eltrica
C Proviso de energia eltrica a pagar
(+P -PL/ Fato modificativo diminutivo)
50
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
51
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
4.2 - Contabilizao
As aplicaes financeiras e os rendimentos por elas gerados alteram o patrimnio das
entidades, da seguinte maneira:
52
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
5.2 Contabilizao
Como exemplo, vamos contabilizar os eventos relacionados contratao de aplice
de seguro, no valor de $120.000, com cobertura de 12 meses.
53
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Importante:
Apropriar a despesa significa registrar a despesa no resultado do exerccio;
O pagamento de despesa antecipada um fato contbil permutativo;
A apropriao da despesa um fato contbil modificativo diminutivo;
As despesas antecipadas so registradas no ativo e, caso haja saldo ao trmino do
exerccio social, so classificadas no subgrupo Despesas do exerccio seguinte, no
ativo circulante;
As parcelas a apropriar das despesas antecipadas que extrapolarem o trmino do
exerccio social seguinte so registradas no ativo no circulante - realizvel a longo
prazo.
6 DESCONTO DE DUPLICATAS
6.1 Introduo
Corresponde a uma forma de as empresas obterem recursos de curto prazo (capital de
giro). Desconto de duplicatas uma operao de crdito, na qual as empresas antecipam o
recebimento de duplicatas, decorrentes de vendas realizadas a prazo, ainda a vencer.
Nessa operao, estabelecimentos bancrios compram vista as duplicatas,
descontando no ato as despesas bancrias e os juros a que tm direito pelo perodo a
transcorrer entre a data do desconto e a data do vencimento das duplicatas. Assim, na data da
transao de desconto de duplicata, a empresa recebe os recursos lquidos dos encargos
financeiros cobrados pelo banco. Desconto de duplicatas uma modalidade de emprstimo.
O valor total das duplicatas descontadas registrado na conta contbil Duplicatas
descontadas no passivo circulante.
Os encargos financeiros cobrados de forma antecipada pelo banco so despesas
antecipadas e devem ser registrados, inicialmente, no passivo circulante, com a funo de
retificar a conta Duplicatas descontadas. Os encargos sero contabilizados na conta
Encargos financeiros a transcorrer ou Juros a transcorrer, sendo apropriados ao resultado
como despesa com o transcorrer do prazo, at o vencimento das duplicatas.
Os encargos financeiros no so lanados no resultado na data da transao em
obedincia ao Princpio da Competncia. Considerando que os encargos financeiros cobrados
pelos estabelecimentos bancrios foram motivados pela antecipao de recursos empresa, o
fato gerador dessa despesa o transcorrer do tempo at a data do vencimento das duplicatas.
No vencimento das duplicatas, o estabelecimento bancrio recebe o valor dos clientes.
Embora a propriedade dos ttulos negociados seja transferida para o banco, a empresa co-
responsvel pelo pagamento das duplicatas, em caso de no liquidao pelo devedor. Caso os
clientes no paguem na data do vencimento, a empresa que promoveu o desconto de duplicata
paga ao estabelecimento bancrio o valor de face dos ttulos.
54
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
6.2 Contabilizao
Valor das duplicatas descontadas: $100.000
Perodo entre a data da transao e o vencimento das duplicatas: 90 dias
Encargos financeiros cobrados pelo banco: $9.000
Importante:
Na data da realizao da transao de desconto de duplicata, no h alterao do
patrimnio lquido, que ser alterado com a apropriao mensal das despesas
antecipadas dos encargos financeiros;
No vencimento das duplicatas, o valor desses ttulos baixado da conta Duplicata
descontada, independentemente se o cliente pagar ou no;
Na data do vencimento das duplicatas, no haver saldo na conta Encargos
financeiros a transcorrer, pois a despesa j deve ter sido integralmente apropriada no
perodo.
55
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
7.2 Contabilizao
Conforme a forma de pagamento dos juros, vejamos a contabilizao dos eventos
relacionados a emprstimos e financiamentos bancrios:
56
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
57
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Importante:
Os encargos financeiros (juros ps-fixados e as variaes monetrias ou cambiais)
incidentes sobre os emprstimos e financiamentos so registrados no passivo medida
do tempo transcorrido (pro rata temporis), fato gerador da obrigao, conforme
preconiza o princpio da competncia. Como contrapartida do registro desses encargos
financeiros, so lanadas as correspondentes despesas financeiras no resultado do
exerccio;
Tambm, medida do tempo transcorrido, o saldo da conta Juros a transcorrer
apropriado como despesa no resultado;
Os encargos financeiros de emprstimos e financiamentos destinados financiar bens do
ativo imobilizado ou para a produo de estoques de longa maturao sero ativados na
fase pr-operacional, ou seja, at estarem aptos a operar ou estarem prontos para venda;
As parcelas dos emprstimos e financiamentos registrados originariamente no passivo
no circulante sero transferidas para o passivo circulante medida que se tornarem
exigidas no curto prazo.
58
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
EXERCCIO DE REVISO
Contabilizao de fatos contbeis
Este exerccio envolve os principais fatos contbeis que estudamos at este momento.
O objetivo deste exerccio permitir que vocs consolidem o entendimento do mtodo das
partidas dobradas (dbito e crdito), familiarizem ainda mais com os nomes de contas
patrimoniais e de resultado, avaliem o efeito que as transaes geram no patrimnio de uma
empresa, e que reforcem os entendimentos de balancete, apurao do resultado e de balano
patrimonial.
medida que os fatos contbeis forem contabilizados nos razonetes, vocs devero
confront-los com a soluo (planilha de Excel), permitindo, assim, identificar eventuais
dvidas e erros. Acredito ser esta uma boa forma de estudo. Aps contabilizarem todos os fatos
contbeis, vocs devem:
59
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
110.000
120.000 15.000
200.000
60
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Razonetes de contas do PL
Lucro ou Prej.
Acumulado
53.000 Obtido aps a apurao do resultado
15.000 15.000 B
Despesa financeira
14 3.000
16 2.000
5.000 5.000 F
61
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Saldo
Conta Dbito Crdito
ARE
B 15.000 290.000 A
C 180.000
D 2.000
E 25.000
F 5.000
G 10.000
237.000 290.000
53.000 53.000 Saldo credor - Lucro lquido do exerccio
62
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Saldo
Conta Dbito Crdito
(*) O saldo desta conta deve ser integralmente destinado (distribuio de dividendos, aumento de
capital social ou constituio de reservas). Como ainda no estudamos essa etapa, o exerccio no
contempla a destinao.
63
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
64
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
65
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
66
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
4 ASPECTOS LEGAIS
Acerca de normativos que regulamentam as Demonstraes financeiras, o Comit de
Pronunciamentos Contbeis (CPC) divulgou o Pronunciamento Conceitual Bsico Estrutura
Conceitual e o CPC 26 Apresentao das Demonstraes financeiras, cujos principais
aspectos foram aqui apresentados no incio deste captulo.
Alm dos normativos citados no pargrafo anterior, vale destacar os artigos da Lei n
6.404/76 que tratam de aspectos relacionados ao exerccio social e s Demonstraes
Financeiras.
CAPTULO XV
Exerccio Social e Demonstraes Financeiras
SEO I
Exerccio Social
Art. 175. O exerccio social ter durao de 1 (um) ano e a data do trmino ser
fixada no estatuto.
Pargrafo nico. Na constituio da companhia e nos casos de alterao estatutria o
exerccio social poder ter durao diversa.
SEO II
Demonstraes Financeiras
Disposies Gerais
Art. 176. Ao fim de cada exerccio social, a diretoria far elaborar, com base na
escriturao mercantil da companhia, as seguintes demonstraes financeiras, que devero
exprimir com clareza a situao do patrimnio da companhia e as mutaes ocorridas no
exerccio:
I - balano patrimonial;
II - demonstrao dos lucros ou prejuzos acumulados;
III - demonstrao do resultado do exerccio; e
IV demonstrao dos fluxos de caixa; e (Redao dada pela Lei n 11.638,de 2007)
V se companhia aberta, demonstrao do valor adicionado. (Includo pela Lei
n 11.638,de 2007)
1 As demonstraes de cada exerccio sero publicadas com a indicao dos
valores correspondentes das demonstraes do exerccio anterior.
67
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
68
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Importante:
A CVM, por meio da Instruo n 59/86, tornou obrigatria a elaborao da Demonstrao
das mutaes do patrimnio lquido (DMPL) pelas sociedades annimas de capital aberto
(com aes negociadas em bolsa). Assim, na prtica, as S/A de capital aberto no precisam
elaborar a Demonstrao de lucros ou prejuzos acumulados (DLPA);
69
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
BALANO PATRIMONIAL
1 - CONCEITO
O Balano patrimonial uma demonstrao esttica que tem por finalidade
apresentar, qualitativa e quantitativamente, a posio patrimonial e financeira da empresa em
determinada data.
O balancete de verificao o principal demonstrativo que origina as informaes
apresentadas no Balano patrimonial.
O Balano patrimonial uma demonstrao de elaborao obrigatria pelas empresas
e pode ser considerado o principal demonstrativo contbil, do qual so extradas as principais
anlises acerca da situao patrimonial e financeira da empresa, como nveis de liquidez,
solvncia e de endividamento.
2 ESTRUTURA E APRESENTAO
Conforme estudamos no incio desta apostila, o Balano patrimonial dividido em
trs grupos: ativo, passivo e patrimnio lquido. As contas integrantes do ativo so
apresentadas em ordem decrescente do seu grau de liquidez (ordem crescente dos prazos de
realizao), e as contas integrantes do passivo so apresentadas em ordem decrescente de
exigibilidade (ordem crescente dos prazos de pagamento).
Exemplo de Balano patrimonial:
ATIVO PASSIVO
Circulante Circulante
Disponibilidades Emprstimos e financiamentos
O . Caixa Fornecedores O
d
r . Bancos Salrios e encargos a pagar r
e
d . Aplic. financeiras de liq. imediata Tributos a recolher d
e d Clientes Dividendos a pagar e
e
m e Estoques Adiantamentos obtidos m
x
Tributos a Recuperar Debntures
i
d l Adiantamentos concedidos Proviso para passivos trabalhistas d
g
e i Despesas do exerccio seguinte e
i
c q No circulante c
b
r u No circulante Emprstimos e financiamentos r
i
e i Realizvel a longo prazo Fornecedores e
l
s d Investimentos Debntures s
i
c e Imobilizado Proviso para passivos tributrios c
d
e z Intangvel PATRIMNIO LQUIDO e
a
n Capital Social n
d
t Reservas de capital t
e
e Reservas de lucro e
(-) Aes em tesouraria
(+ -) Ajustes de avaliao patrimonial
(-) Prejuzos acumulados
70
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Importante:
A primeira conta a ser apresentado no Ativo circulante Disponibilidades, que
tambm pode ser denominada Caixa e equivalentes de caixa. Esta conta consolida os
saldos das contas Caixa, Banco c/movimento e Aplicaes financeiras de liquidez
imediata. A ltima conta do Ativo circulante Despesas do exerccio seguinte.
3 - ASPECTOS LEGAIS
Os seguintes artigos da Lei n 6.404/76 tratam do Balano patrimonial:
SEO III
Balano Patrimonial
Grupo de Contas
Ativo
71
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Passivo Exigvel
Patrimnio Lquido
Art. 182. A conta do capital social discriminar o montante subscrito e, por deduo,
a parcela ainda no realizada.
1 Sero classificadas como reservas de capital as contas que registrarem:
a) a contribuio do subscritor de aes que ultrapassar o valor nominal e a parte do
preo de emisso das aes sem valor nominal que ultrapassar a importncia destinada
formao do capital social, inclusive nos casos de converso em aes de debntures ou partes
beneficirias;
b) o produto da alienao de partes beneficirias e bnus de subscrio;
c) (revogada);
d) (revogada).
2 Ser ainda registrado como reserva de capital o resultado da correo monetria
do capital realizado, enquanto no-capitalizado.
3o Sero classificadas como ajustes de avaliao patrimonial, enquanto no
computadas no resultado do exerccio em obedincia ao regime de competncia, as
contrapartidas de aumentos ou diminuies de valor atribudos a elementos do ativo e do
passivo, em decorrncia da sua avaliao a valor justo, nos casos previstos nesta Lei ou, em
normas expedidas pela Comisso de Valores Mobilirios, com base na competncia conferida
pelo 3o do art. 177 desta Lei. (Redao dada pela Lei n 11.941, de 2009)
4 Sero classificados como reservas de lucros as contas constitudas pela
apropriao de lucros da companhia.
5 As aes em tesouraria devero ser destacadas no balano como deduo da
conta do patrimnio lquido que registrar a origem dos recursos aplicados na sua aquisio.
72
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
seguinte sero registradas no passivo circulante (curto prazo). J as obrigaes com expectativa
de liquidao aps o trmino do exerccio social seguinte sero registradas no passivo no
circulante (longo prazo).
A melhor forma de entender a diferena entre curto e longo prazos entendermos os
seguinte exemplo:
Data do trmino do exerccio definida no Estatuto Social: 30/09;
Data da elaborao das demonstraes financeiras (data atual): 30/09/X1;
Ento, trmino do exerccio social seguinte: 30/09/X2.
Momento
atual
73
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Importante:
O exerccio social das empresas ter durao de 12 meses, independentemente da durao
(maior, igual ou menor) de seu ciclo operacional. O fato de uma entidade apresentar ciclo
operacional superior a um ano determinar, apenas, o critrio de durao do seu ativo e
passivo circulantes;
Quando o recebimento de um direito ocorrer em vrias parcelas mensais, as parcelas que
sero realizadas no curto prazo devem ser registradas no ativo circulante, e as demais no
ativo no circulante. O mesmo critrio de segregao entre circulante e no circulante
aplicvel ao passivo. Com o transcurso do tempo, as parcelas do no circulante sero
transferidas para o circulante.
74
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
2 ESTRUTURA E APRESENTAO
De maneira geral, a DRE apresentada de forma dedutiva (vertical). Das receitas so
deduzidas as despesas, apurando-se, no final, o lucro lquido ou prejuzo do exerccio.
O artigo 187 da Lei n 6.404/76 relaciona os grupos de contas de receitas, despesas e
de participaes que devem constar na DRE elaboradas pelas sociedades annimas, bem como,
a sua ordem de apresentao.
SEO V
Demonstrao do Resultado do Exerccio
75
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Importante:
De forma complementar Lei n 6.404/76, o Pronunciamento Tcnico CPC 26
Apresentao das Demonstraes Contbeis estabeleceu uma estrutura mnima para a DRE
que diverge em alguns aspectos daquela estabelecida na Lei.
76
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Custo das mercadorias vendidas (CMV): Corresponde aos valores das compras lquidas das
mercadorias adquiridas para revenda, baixadas do estoque quando de sua venda.
Custo dos produtos vendidos (CPV): Corresponde aos valores dos produtos transformados
pelas indstrias, baixados do estoque quando de sua venda. Os valores dos produtos incluem
todos os gastos incorridos no sistema produtivo: matria-prima, insumos, depreciao das
mquinas, mo-de-obra (salrios e encargos sociais dos empregados envolvidos na produo);
contas de gua, energia eltrica e IPTU da fbrica; seguro da fbrica; etc.
Custo do servio prestado (CSP): Corresponde aos gastos incorridos pela empresa que se
relacionam com a prestao dos servios, tais como gastos com salrios e encargos sociais dos
empregados envolvidos na prestao dos servios.
Despesas de vendas (ou comerciais): Correspondem aos gastos incorridos nas atividades de
promoo, venda e entrega de mercadorias. So os gastos incorridos nos esforos de venda das
77
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
mercadorias, tais como: salrios, comisses e encargos sociais dos vendedores; despesa de
manuteno e de depreciao dos veculos da empresa utilizados pelos vendedores; gastos com
marketing, publicidade e propaganda; despesa com perdas estimadas em crditos de liquidao
duvidosa; etc.
78
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
2 ESTOQUES
2.1 - Conceito
Os estoques so bens tangveis ou intangveis adquiridos ou fabricados pelas
empresas com o objetivo de venda ou de consumo no curso de suas atividades. O
Pronunciamento CPC n 16 define que os estoques so ativos:
(a) mantidos para venda no curso normal dos negcios;
(b) em processo de produo para essa venda; ou
(c) na forma de materiais ou suprimentos, a serem consumidos ou transformados no
processo de produo ou na prestao de servios.
O momento de registro da compra de itens do estoque, regra geral, quando ocorre a
transmisso de propriedade do bem para a empresa compradora, enquanto que o momento do
registro da sada do bem do estoque, por venda, quando h a transmisso de propriedade do
ativo para o cliente.
So contas contbeis integrantes do grupo estoque:
Estoque de matria-prima ou de insumos;
Estoque de produtos em elaborao (ou em fabricao);
Estoque de produtos acabados;
Estoque de mercadorias;
Estoque de almoxarifado;
Estoque de mercadorias entregues em consignao.
79
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Portanto, os itens dos estoques devem ser avaliados pelo custo de aquisio ou de
produo, ou pelo valor realizvel lquido (valor de mercado, valor lquido de venda), dos dois
o menor.
Caso o custo de aquisio ou de produo de um item do estoque seja superior ao seu
valor de realizao, deve-se registrar uma conta retificadora no ativo no valor da perda
estimada quando de sua venda, de forma a ajustar o valor do estoque ao valor realizvel lquido
estimado. A contabilizao da perda estimada realizada da seguinte forma:
3 NOTAS FISCAIS
De forma geral, a nota fiscal est presente em toda circulao de mercadoria. Nota
fiscal um documento fiscal emitido quando ocorre uma transao de transferncia de
propriedade de uma mercadoria, entre pessoas fsicas e ou jurdicas, seja por uma operao de
venda, seja por transferncia entre filiais ou por devoluo.
As notas fiscais consignam importantes informaes relativas transmisso de
propriedade, tais como nome do remetente, do recebedor, valor da mercadoria, data da
transao, descrio da mercadoria, valor dos impostos incidentes na transao etc. Tambm,
as empresas prestadoras de servios emitem notas fiscais para os servios prestados.
4 CONTABILIZAO
Neste item, veremos a contabilizao de compra e venda de mercadorias
(desconsiderando os tributos incidentes).
80
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
CMV = Estoque inicial (Ei) + Compras lquidas (C) Estoque final (Ef)
81
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Importante:
Compras lquidas: Incluem o preo de compra, os tributos no recuperveis, os custos de
transporte, seguro e outros diretamente atribuveis aquisio de mercadorias, deduzidos
de descontos comerciais, devolues de compras e abatimentos obtidos.
Mercadorias disponveis para venda: Correspondem ao somatrio do estoque inicial e
das compras lquidas de um determinado perodo.
Resultado com Mercadorias (RCM): O RCM (Lucro Bruto) o resultado da Receita
Lquida Vendas (RLV) menos o Custo das Mercadorias Vendidas (CMV), ou seja, RCM =
RLV CMV. Tambm pode ser apurado pela seguinte frmula: RCM = RLV (Ei + C
Ef).
CMV Clientes
(4) 50.000 30.000 (6) (3) 120.000
(5) 60.000
80.000
82
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
83
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
unitrio desse produto quando de sua venda? Os itens vendidos devem ser valorados pelo custo
original de entrada (compra)? Ou pelo custo mdio de todas as entradas?
As empresas dispem de alguns critrios para determinar o custo de sada dos seus
itens em estoque. Estudaremos os principais.
84
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
85
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Tambm existe o critrio da mdia pondervel fixa para apurao do custo de sada
do estoque. Segundo esse critrio, ser calculado um custo mdio nico (fixo) para todas as
entradas (compras) de mercadorias no perodo (ms). Todas as sadas de mercadorias no ms
sero valoradas pelo mesmo custo mdio. Assim, por exemplo, o custo de uma entrada ocorrida
no dia 20 do ms influenciar a valorao do custo de uma mercadoria vendida no dia 15,
portanto, antes da citada compra.
J pelo critrio da mdia pondervel mvel, o custo mdio utilizado para a valorao
da sada de estoque aquele apurado at o momento da venda, no sendo, portanto,
influenciado por entradas (compras) posteriores de mercadorias naquele ms. O valor do custo
mdio utilizado para valorar o custo de sada de cada item de estoque alterado a cada nova
entrada (compra).
O critrio da mdia pondervel fixa no aceito pelo fisco para as empresas que
calculam o imposto de renda pela modalidade do lucro real.
86
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
87
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
PATRIMNIO LQUIDO
1 - INTRODUO
A definio de patrimnio lquido foi apresentada no incio desta apostila. De forma
geral, no patrimnio lquido so registrados os recursos aportados pelos scios, o resultado do
exerccio (lucro ou prejuzo), as reservas resultantes de apropriaes de lucros (Reservas de
lucros) e as reservas para manuteno do capital (Reservas de capital).
2 - COMPOSIO
O artigo n 182 da Lei n 6.404/76 define quais as contas integram o patrimnio
lquido das sociedades annimas e das sociedades de grande porte. As contas que compem o
patrimnio lquido so as seguintes:
ATIVO PASSIVO
PATRIMNIO LQUIDO
Capital Social
Reservas de capital
Reservas de lucro
(-) Aes em tesouraria
(+ -) Ajustes de avaliao patrimonial
(-) Prejuzos acumulados
88
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
2.1.2 - Contabilizao
A contabilizao do Capital social envolve duas etapas, a saber:
(a) No momento da subscrio do capital social
D Capital a integralizar (conta retificadora)
C Capital subscrito
89
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
90
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Importante:
Embora no seja mais permitido existir lucro acumulado ao final do exerccio social, o
pargrafo nico do artigo 189 da Lei n 6.404/76 ainda prev essa figura em sua redao.
Tm natureza credora;
Representam valores recebidos pela empresa (exceto a reserva de correo
monetria), mas que no foram registrados no resultado do exerccio como
receita;
Geram o seguinte efeito no patrimnio quando contabilizadas (exceto a reserva
de correo monetria):
D Caixa ou Banco c/movimento
C Reserva de capital
(+A +PL/ Fato modificativo aumentativo)
91
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
especfica, sem alterar o valor do capital social. O artigo 4 da Lei n 9.249/95 vetou qualquer
forma de correo monetria das demonstraes financeiras, e esta conta est em desuso.
92
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Reserva de Capital
Tm natureza credora;
Representam parcela de lucros no distribudos aos scios;
So originadas do lucro do exerccio contabilizado na conta transitria Lucro ou
prejuzo acumulado - LPA;
93
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Podem ser utilizadas para pagamento de dividendos e devem ser utilizadas para
absoro de prejuzos (esses dois assuntos sero abordados detalhadamente mais
frente);
Sua constituio ou reverso constitui fato contbil permutativo (-PL +PL):
(a) Constituio da reserva de lucro
D Lucros ou prejuzos acumulados - LPA
C Reserva de lucro
Absorvido,
obrigatoriamente, pelas
100% destinado. reservas de lucros e,
opcionalmente, pelas
reservas de capital.
Saldo remanescente
de prejuzo
Aumento de capital
Prejuzo
Constituio de acumulado
reservas de lucro
Distribuio de
dividendos
94
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Limites de composio:
Limite mximo obrigatrio: O saldo da reserva legal no poder exceder a 20% do
capital do social da empresa. Assim, no ano em que a destinao de 5% do lucro
lquido provocar a superao desse limite, a empresa dever destinar um
percentual menor, em montante suficiente para alcanar o valor do limite mximo;
Limite mximo opcional: Caso o saldo da reserva legal acrescido dos saldos das
reservas de capital exceder a 30% do capital do social, a empresa pode, a critrio
dela, deixar de constituir nova reserva legal.
Utilizao da reserva:
A reserva legal somente poder ser utilizada para:
Aumentar o capital social da empresa, mediante deliberao dos scios; ou
Absorver a parcela de prejuzo do exerccio que exceder s demais reservas de
lucros. A reserva legal a ltima a ser utilizada para a absoro de prejuzo.
95
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
destinao de parte do lucro lquido do exerccio para reserva especfica com a finalidade de
compensar, em exerccio futuro, a diminuio do lucro decorrente de perda julgada provvel,
cujo valor possa ser estimado.
A reserva para contingncias tem como objetivo reduzir o impacto de prejuzos
futuros estimados ao reter parte do lucro, podendo reduzir, inclusive, os dividendos a serem
pagos aos scios. A reserva para contingncias dever ser revertida no exerccio em que
ocorrer a perda estimada, ou no exerccio em que deixarem de existir as razes para a sua
constituio.
Normalmente, as razes que podem ensejar a constituio de tal reserva so:
ocorrncia de fenmenos naturais (geada, seca, inundao) que afetam a atividade da empresa;
demanda cclica dos produtos vendidos pela empresa; durao limitada dos produtos vendidos;
paralisaes temporrias relevantes para reforma de maquinrio ou de instalaes; escassez de
matria-prima.
96
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
empresa de pagar dividendos obrigatrios sem dispor de recursos financeiros para tal. Os
motivos principais para a gerao de lucros no realizados so o resultado positivo de
equivalncia patrimonial e a existncia de direitos que sero recebidos no longo prazo.
Essa reserva somente poder ser utilizada para absorver prejuzos ou para pagamento
dos dividendos no pagos, quando da realizao financeira do lucro.
97
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
SEO II
Reservas e Reteno de Lucros
Reserva Legal
Art. 193. Do lucro lquido do exerccio, 5% (cinco por cento) sero aplicados, antes
de qualquer outra destinao, na constituio da reserva legal, que no exceder de 20% (vinte
por cento) do capital social.
1 A companhia poder deixar de constituir a reserva legal no exerccio em que o
saldo dessa reserva, acrescido do montante das reservas de capital de que trata o 1 do artigo
182, exceder de 30% (trinta por cento) do capital social.
2 A reserva legal tem por fim assegurar a integridade do capital social e somente
poder ser utilizada para compensar prejuzos ou aumentar o capital.
Reservas Estatutrias
Art. 194. O estatuto poder criar reservas desde que, para cada uma:
I - indique, de modo preciso e completo, a sua finalidade;
II - fixe os critrios para determinar a parcela anual dos lucros lquidos que sero
destinados sua constituio; e
III - estabelea o limite mximo da reserva.
Reteno de Lucros
Art. 196. A assemblia-geral poder, por proposta dos rgos da administrao,
deliberar reter parcela do lucro lquido do exerccio prevista em oramento de capital por ela
previamente aprovado.
1 O oramento, submetido pelos rgos da administrao com a justificao da
reteno de lucros proposta, dever compreender todas as fontes de recursos e aplicaes de
capital, fixo ou circulante, e poder ter a durao de at 5 (cinco) exerccios, salvo no caso de
execuo, por prazo maior, de projeto de investimento.
98
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
3 Dividendos
3.1 Conceito
Os dividendos correspondem distribuio de lucros aos scios da empresa e so
regulamentados pelos artigos 201 a 205 da Lei n 6.404/76. O clculo e o pagamento
normalmente ocorrem com o trmino do exerccio social, mas pode haver pagamento de
dividendos intermedirios, mediante levantamento de balano intermedirio e desde que haja
previso estatutria.
O pagamento dos dividendos mnimos obrigatrios deve ser previsto no Estatuto
Social, mediante a determinao de critrios claros e precisos de clculo, evitando possveis
interpretaes prejudiciais aos acionistas minoritrios. Em caso de omisso estatutria acerca
dos critrios de clculo dos dividendos obrigatrios, o artigo 202 da Lei n 6.404/76 estabelece
os critrios ento aplicveis.
99
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
3.2 Contabilizao
A contabilizao dos dividendos obrigatrios ocorre em duas etapas, a saber:
(a) Registro dos dividendos obrigatrios a pagar
D Conta do patrimnio lquido (LPA ou reserva de lucros)
C Dividendos a pagar (passivo circulante)
(+P -PL/ Fato modificativo diminutivo)
100
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
ATIVO IMOBILIZADO
1 CONCEITO
O item IV do artigo 179 da Lei n 6.404/76 determina que no ativo imobilizado sero
contabilizados os direitos que tenham por objeto bens corpreos destinados manuteno das
atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os
decorrentes de operaes que transfiram companhia os benefcios, riscos e controle desses
bens. Exemplos: mquinas e equipamentos, ferramentais, terrenos, instalaes, mveis e
utenslios, computadores, veculos, edificaes, jazidas minerais, florestamento, benfeitorias
em imveis de terceiros.
Resumidamente, os bens registrados no ativo imobilizado apresentam as seguintes
caractersticas:
Bens corpreos;
Vida til estimada superior a 1 ano;
A companhia no tem inteno de alien-lo;
Destinados manuteno das atividades da companhia.
2 CUSTO DE AQUISIO
O custo de aquisio de bens do ativo imobilizado compreende o preo de aquisio
(valor pago ao fornecedor), deduzido de descontos comerciais e abatimentos, tributos
incidentes na compra no recuperveis (incluindo imposto de importao), frete e seguros
pagos na compra, gastos com a instalao do bem, custos estimados de desmontagem e
remoo do bem, e outros valores pagos na aquisio e colocao do bem em condies de uso.
A contabilidade deve registrar esses custos at a data em que o bem entra em
operao. Aps o incio da operao, eventuais outros gastos devero ser lanados como
despesa no resultado.
101
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
J os gastos com reformas que resultam em aumento da vida til de item do ativo
imobilizado devem ser incorporados ao valor do bem. Aps esse acrscimo, a empresa deve
verificar a nova vida til estimada do bem, adequando o clculo de sua depreciao.
4 - DEPRECIAO
4.1 - Conceito
Sabemos que mquinas, veculos e outros itens do ativo imobilizado perdem valor
econmico durante sua vida til, sofrendo desgaste pelo uso ou tornando-se obsoletos.
A depreciao a forma como a contabilidade registra, sistematicamente, a perda do
valor econmico dos itens registrados no ativo imobilizado, durante sua vida til estimada.
Para proceder ao clculo da depreciao necessrio conhecer as seguintes
definies:
Valor contbil: Valor do custo de aquisio do ativo imobilizado menos o saldo
da conta depreciao acumulada e do valor de eventual conta retificadora para
perda por reduo ao valor recupervel. Tambm conhecido como valor
contbil lquido;
Valor deprecivel: Valor do ativo imobilizado sujeito depreciao. a base de
clculo da depreciao. Caso um valor residual seja estabelecido pela empresa, o
valor deprecivel corresponde ao custo de aquisio do ativo imobilizado
deduzido do valor residual;
Vida til :
(a) o perodo de tempo durante o qual a entidade espera utilizar o ativo; ou
(b) o nmero de unidades de produo ou de unidades semelhantes que a
entidade espera obter pela utilizao do ativo.
Taxa de depreciao: Percentual mensal ou anual aplicado sobre o valor
deprecivel do bem, que varia de acordo com a vida til estimada.
102
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
ou
103
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Exemplo 1:
Custo de aquisio: $200.000
Valor residual: zero
Valor deprecivel (custo de aquisio valor residual): $200.000
Vida til estimada: 4 anos
Exemplo 2:
Custo de aquisio: $200.000
Valor residual: $20.000
Valor deprecivel (custo de aquisio valor residual): $180.000
Vida til estimada: 4 anos
Conforme demonstrado nos exemplos, quando estipulado um valor residual para o ativo
imobilizado, a despesa anual de depreciao menor. Ao final da vida til do bem do exemplo
1, seu valor contbil ser zero. Ao final da vida til do bem do exemplo 2, seu valor contbil
ser $20.000, ou seja, o valor residual estimado.
104
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Exemplo:
. Custo de aquisio do bem: $200.000 (Si = saldo inicial)
. Vida til estimada: 10 anos
. Data de incio da depreciao: 10 de julho de 20X1
. Quota anual de depreciao (mtodo linear): $200.000 x (100% / 10) = $20.000
Depreciao em 20X1:
(ativo imobilizado)
Custo do bem
(Si) 200.000
(conta de resultado)
Despesa de
(ativo imobilizado) depreciao
(-) Depreciao (1) 10.000
acumulada
10.000 (1)
Depreciao em 20X2:
(ativo imobilizado)
Custo do bem
(Si) 200.000
(conta de resultado)
Despesa de
(ativo imobilizado) depreciao
(-) Depreciao (2) 20.000
acumulada
10.000
20.000 (2)
30.000
105
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
6 - EXAUSTO
6.1 Conceito e mtodo de clculo
A exausto tem como objetivo registrar a perda do valor econmico dos recursos
naturais registrados no ativo imobilizado, no perodo em que tais ativos so extrados ou
exauridos.
O mtodo de clculo da exausto o das unidades produzidas ou extradas, j
apresentado anteriormente. De acordo com esse mtodo, deve-se calcular o percentual da
quantidade extrada (exaurida), em determinado perodo, em relao quantidade total do
recurso natural.
Exemplo: Extrao de minrio
Custo de aquisio da mina: $2.000.000
Estimativa da quantidade total de minrio (possana da mina): 1.000.000 toneladas
Quantidade extrada no 1 ano: 100.000 toneladas
106
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
Dados da operao:
(ativo imobilizado)
Custo do bem
(Si) 400.000 400.000 (2)
(conta de resultado)
Outras despesas
(2) 400.000 150.000 (3)
(ativo imobilizado) 250.000
(-) Depreciao
acumulada
(3) 150.000 150.000 (Si)
107
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
ATIVO INTANGVEL
1 CONCEITO
O item VI do artigo 179 da Lei n 6.404/76 determina que no ativo intangvel sero
contabilizados os direitos que tenham por objeto bens incorpreos destinados manuteno da
companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comrcio adquirido.
Exemplos: direito de uso de softwares, marcas, patentes, licenas, direitos autorais, franquias,
gastos com desenvolvimento de novos projetos, fundo de comrcio.
Resumidamente, os bens registrados no ativo intangvel apresentam as seguintes
caractersticas:
Bens incorpreos;
Vida til estimada superior a 1 ano;
A companhia no tem inteno de alien-lo.
2 AMORTIZAO
2.1 - Conceito
Assim como a contabilidade reconhece a perda do valor econmico dos ativos
imobilizados, ela tambm reconhece a perda do valor econmico dos ativos intangveis por
meio do registro de amortizao.
A amortizao a forma como a contabilidade registra, sistematicamente, a perda do
valor econmico dos itens registrados no ativo intangvel, durante sua vida til estimada.
Assim, somente o ativo intangvel com vida til definida que deve ser amortizado.
As empresas devem, periodicamente, avaliar a recuperao do valor contbil do ativo
108
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
intangvel com vida til indefinida, registrando conta contbil retificadora do ativo (Perdas
estimadas) para possveis perdas (Impairment).
O valor amortizvel de ativo intangvel com vida til definida deve ser apropriado de
forma sistemtica ao longo da sua vida til estimada. A amortizao deve ser iniciada a partir
do momento em que o ativo estiver disponvel para uso, ou seja, quando se encontrar no local e
nas condies necessrios para que possa funcionar da maneira pretendida pela administrao.
O mtodo de amortizao utilizado deve refletir o padro de consumo pela entidade
dos benefcios econmicos futuros. Se no for possvel determinar esse padro com
confiabilidade, deve ser utilizado o mtodo linear. A despesa de amortizao para cada perodo
deve ser reconhecida no resultado, ou agregado ao custo do ativo (por exemplo, estoque) ao
qual vinculado.
109
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
ATIVO INVESTIMENTO
1 CONCEITO
O item III do artigo 179 da Lei n 6.404/76 determina que no ativo investimento sero
contabilizados as participaes permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer
natureza, no classificveis no ativo circulante, e que no se destinem manuteno da
atividade da companhia ou da empresa.
Resumidamente, os bens registrados no ativo investimento so os seguintes:
Obras de arte;
Propriedades para investimentos: terrenos ou outros imveis mantidos pela
entidade sem o objetivo de uso na produo ou fornecimento de bens ou servios
ou para finalidade administrativa;
Participaes permanentes em outras empresas.
Daremos nfase no estudo dos investimentos em participaes societrias
permanentes.
2 PARTICIPAES SOCIETRIAS
2.1 - Introduo
Uma empresa pode possuir aes ou quotas de outras empresas e, assim, ter
participao societria (ser scia) dessas entidades. De forma geral, essas participaes
societrias podem apresentar as seguintes intenes:
Participao societria temporria de curto prazo: aquela em que a empresa
possui inteno de venda no curto prazo. Deve ser contabilizada no ativo
circulante;
Participao societria temporria de longo prazo: aquela em que a empresa
possui inteno de venda aps o trmino do exerccio social seguinte. Deve ser
contabilizada no ativo no circulante realizvel a longo prazo;
Participao societria permanente: aquela em que a empresa no possui
inteno de venda. Deve ser contabilizada no ativo no circulante investimento.
As participaes societrias temporrias devem ser avaliadas pelo valor justo e, caso
impossvel determin-lo com preciso, pelo custo de aquisio deduzido de conta retificadora
para perdas, se aplicvel. Os critrios de avaliao das participaes societrias permanentes
sero apresentados a seguir.
110
CONTABILIDADE GERAL Luigi Martini
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS:
MARION, Jos Carlos. Contabilidade Bsica. 8 edio. So Paulo: Editora Atlas, 2006.
111