Análise Económica e Financeira Das Entidades Privadas
Análise Económica e Financeira Das Entidades Privadas
Análise Económica e Financeira Das Entidades Privadas
2016
FORMAÇÃO
Análise económica
e financeira das entidades
privadas
DIS6216
www.occ.pt
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
FICHA TÉCNICA
Capa e paginação: DCI - Departamento de Comunicação e Imagem da Ordem dos Contabilistas Certificados
Não é permitida a utilização deste Manual, para qualquer outro fim que não o indicado, sem
autorização prévia e por escrito da Ordem dos Contabilistas Certificados, entidade que detém os
direitos de autor.
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ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
ÍNDICE
Índice de figuras 4
Índice de casos 5
Siglas 7
1. Introdução 9
2. Análise económica e financeira – questões gerais 11
2.1 Enquadramento 11
2.2 Ciclos atividade empresarial 13
2.3 Função financeira 17
2.4 Análise financeira 19
2.4.1 Técnicas da análise financeira 23
2.4.2 Limitações das técnicas de análise 26
3. As demonstrações financeiras e ajustamentos 29
3.1. Fontes de informação 29
3.2. Aspetos relevantes na perspetiva financeira 30
3.3. Ajustamentos na informação contabilístIca 33
3.3.1. Do balanço contabilístico ao balanço funcional 35
3.3.2. Demonstração dos resultados 44
3.3.3. Demonstração de fluxos de caixa 47
3.3.4. Demonstração de alterações no capital próprio 51
4. Equilíbrio estrutural (médio e longo prazo) 56
4.1 Estrutura das aplicações e origens de fundos 58
4.2 Fundo de maneio 68
4.3 Políticas de investimento e de financiamento 80
4.3.1. O autofinanciamento 80
4.3.2. Demonstração das origens e aplicações de fundos 81
4.3.3. Outros indicadores 84
4.3.3.1 Renovação dos ativos fixos tangíveis (RAFT) 84
4.3.3.2 Grau de envelhecimento dos ativos fixos tangíveis 85
4.3.3.3 Financiamento do investimento 85
4.3.3.4 Fluxos de caixa e rácios de cobertura 86
5. Gestão dos capitais circulantes (curto prazo) 93
5.1 Liquidez 94
5.2 Tesouraria 102
5.2.1 Equilíbrio da tesouraria 102
5.2.2 Tipologias de estruturas financeiras 110
5.3 Indicadores de atividade e de gestão 112
6. Rendibilidade e risco dos capitais investidos 115
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ÍNDICE DE FIGURAS
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ÍNDICE DE CASOS
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SIGLAS
CMVMC Custo das mercadorias vendidas e matérias consumidas
DF Demonstrações financeiras
FM Fundo de maneio
MB Margem bruta
MP Matéria-prima
RL Resultado líquido
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1. INTRODUÇÃO
Os instrumentos de análise são muito diversificados e não existe consenso sobre qual
o conjunto mais adequado para cada situação. Enfatiza-se a necessidade de
comparação dos indicadores com o setor ou empresas de referência, cabendo ao
analista optar por aqueles que considera mais adequados, tendo em consideração o
setor de atividade, dimensão da empresa e outros elementos característicos que
careças de abordagens específicas.
Outros temas e outra orientação poderia ser dada. Contudo, considerando a duração
da ação e a dimensão média das empresas do nosso tecido empresarial, entendemos
que as opções adotadas são adequadas, nomeadamente por permitir definir
orientações para diversos processos de tomada de decisão, quer operacionais, quer
estruturais.
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2.1 ENQUADRAMENTO
Para se obter uma visão global e integrada da empresa deve-se incluir nas áreas de
observação as diversas perspetivas, designadamente a económica e financeira, a do
cliente, a interna e da inovação e aprendizagem. A abordagem do balanced scorecard
de Kaplan e Norton (1996) é um instrumento de observação e atuação, por permitir a
interligação entre os objetivos estratégicos e operacionais definidos em cada área e a
sua posterior monitorização.
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Na sua atividade diária, os gestores são responsáveis pela tomada de uma variedade
de decisões que visam a gestão adequada dos recursos internos e externos disponíveis,
de forma a gerar os lucros indispensáveis para a continuidade da empresa. Apesar dessa
grande variedade de assuntos, podemos agrupar essas decisões em três áreas básicas
tendo em conta a natureza dos recursos e atividades desenvolvidas que se repercutem
na esfera económica e financeira.
Fonte: Fernandes et al. (2013), Relato financeiro: interpretação e análise, Vida Económica
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Muitas dessas decisões são rotineiras, fazem parte do quotidiano da empresa, outras
têm natureza estratégica porque comprometem a empresa no médio longo prazo. A
análise financeira preocupa-se com os fluxos financeiros.
A perspetiva integrada dos ciclos de atividade nas suas diversas dimensões permite
uma melhor compreensão das respetivas interações, o que em temos de análise, obriga
a observações, quer por ciclo, quer de forma integrada.
Atividade operacional
De salientar que a duração do ciclo de produção não é igual para todas as empresas
e de um modo geral as empresas industriais têm um ciclo de maior duração, pois existe
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Crédito dos
fornecedores
ò
Pagamento
Crédito a
clientes
Custo da
Rédito
venda
Custo de produção
ò
Pagamentos fatores
produção
Custo de armazenagem
Fonte: Fernandes et al. (2013), Relato financeiro: interpretação e análise, Vida Económica
Atividades de investimento
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Este ciclo é mais longo, pois leva mais tempo a recuperar o dinheiro, ou seja, o
benefício proporcionado por um ativo fixo tangível ou intangível tem uma duração
geralmente longa. A recuperação das quantias investidas é recuperada na venda dos
produtos.
Crédito fornecedores,
financiamento bancário,
leasing ou outro
ò
Pagamento
Fonte: Fernandes et al. (2013), Relato financeiro: interpretação e análise, Vida Económica
Atividades de financiamento
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Cabe à gestão, na sua função de direção, coordenar toda a atividade e garantir que
essa corrente de fluxos seja equilibrada e que a empresa seja rentável. A rendibilidade
exprime a capacidade de gerar lucros que na perspetiva financeira corresponde à
aptidão de gerar um excedente positivo nos fluxos financeiros.
Numa empresa existe uma multiplicidade de atividades e fluxos que são, por analogia,
o sangue que alimenta as células da organização e lhes garante uma vida saudável.
São exemplo as atividades de recrutamento, formação e gestão do pessoal, as
atividades operacionais - marketing, produção de bens e/ou serviços, compras, vendas,
aprovisionamento, as atividades de financiamento corrente e de investimento
(obtenção atempada dos recursos ao melhor custo e com as melhores condições).
Nas grandes empresas existem departamentos por cada função (conjunto de atividades
homogéneas), entregues a um ou mais responsáveis. São exemplo os departamentos de
Recursos Humanos, Jurídico, Financeiro, Logística, Marketing, Operacional, etc., cujos
nomes podem ser diferentes de empresa para empresa.
Em empresas de menor dimensão o número de responsáveis será menor pelo que cada
responsável terá que coordenar várias funções.
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À análise financeira competirá, por sua vez, a colheita de informações e o seu estudo
de forma a se obter um julgamento seguro sobre a situação financeira da empresa.
Poderá utilizar as fontes genéricas de informação designadamente as demonstrações
financeiras (DF) obrigatórias face à legislação, bases de dados públicas ou privadas,
assim como sistemas de informação específicos como a contabilidade de gestão e a
contabilidade orçamental (previsional).
Como todas as empresas atuam num dado contexto setorial, também se pode
verificar se esta se encontra dentro dos parâmetros médios do setor e qual o grau de
cumprimento dos objetivos traçados.
Os dados de outras empresas estão disponíveis por diversos meios, podendo-se obter
informação agregada e tratada por várias entidades, designadamente o Banco de
Portugal e o Instituto Nacional de Estatística (INE).
1 https://www.bportugal.pt/pt-PT/ServicosaoPublico/CentraldeBalancos/Paginas/default.aspx/
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Também o INE2 dispõe de informação setorial que pode ser utilizada como elemento
de comparação. Tem como objetivo proporcionar às empresas e a outros interessados
um conjunto de informação útil. Uma das vantagens desta informação, para as
empresas, é permitir que estas determinem o seu posicionamento face ao respetivo
setor de atividade e dimensão.
2 https://www.ine.pt
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Colheita de dados
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Exemplo:
Variação
20x3 20x2 20x1
Balanço
20x3/20x2 20x2/20x1
Valor % Valor % Valor %
Ativo
Ativo não corrente
(500.000-450.000) / (450.000– 300.000)
450.000 = 0,11 / 300.000 = 0,50
Ativo fixo tangível 500.000 50 450.000 56 300.000 50
(40.000-50.000)
(50.000 – 50.000) = 0
Ativo intangível 40.000 4 50.000 6 50.000 8 /50.000 = - 0,20
---
Ativo corrente
(120.000-100.000) (100.000-80.000)
Inventários 120.000 12 100.000 13 80.000 13 /100.000= 0,20 /80.000= 25
(45.000-30.000) / (30.000-40.000) /
Clientes 45.000 4,5 30.000 4 40.000 7
30.000= 0,50 40.000= -0,25
---
(1.000.000-800.000) (800.000-600.000)
Total ativo 1.000.000 100 800.000 100 600.000 100
/800.000= 0.25 /600.000 = 0,33
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Exemplo:
20x3 20x2 20x1
Balanço
Valor % Valor % Valor %
----
Inventários 1.000.000 10% ativo 800.000 9% ativo 800.000 10% ativo
Mercadorias 200.000 20% 200.000 25% 150.000 19%
Produtos acabados 100.000 10% 100.000 13% 200.000 25%
25
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• Exemplos:
012345 6 7012345 89:
o Variação da vendas % = x 100
012345 6
B15CDE43F DíHCI3F
o Rentabilidade dos capitais próprios % = x 100
J4KIE4I5 KLóKLIF5
Nota:
(1) Por uma questão de simplificação referem-se os rendimentos da atividade operacional
por vendas. Este termo corresponde, na generalidade das situações ao volume de
negócios incluindo, quer vendas, quer prestação de serviços
(2) Muitos dos rácios utilizam a base contabilística e não a base funcional.
Como exemplo refira-se o ativo fixo tangível:
• no balanço contabilístico corresponde ao ativo bruto deduzidos das depreciações e
imparidades
• no balanço funcional, corresponde ao ativo bruto (ativo líquido do balanço
contabilístico acrescido das depreciações e imparidades)
A correção do ativo líquido para ativo bruto tem como contrapartidas capitais próprios
(autofinanciamento), pelo que:
• no balanço contabilístico os capitais próprios correspondem as rubricas da classe 5,
acrescidos dos resultados líquidos do período
• no balanço funcional, corresponde aos capitais próprios contabilísticos acrescidos
das depreciações e imparidades (autofinanciamento).
Face às diferentes bases que os analistas podem usar na construção dos seus indicadores é
aconselhável que estas estejam sempre definidas para o respetivo indicador.
A análise financeira é um instrumento que deve ser utilizado para procurar respostas
para questões importantes, sejam quantificáveis ou não, pelo que deverá ser utilizado
em função das necessidades do seu utilizador.
Os rácios são uma técnica muito utilizada para a análise económica e financeira porque
traduz de uma forma simples indicadores importantes para a gestão. Permitem que
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A técnica dos rácios, apesar da sua importância, deve ser sempre vista como um
complemento a outras técnicas e não apenas como o único instrumento de análise. Os
rácios e outros indicadores não conduzem a conclusões, mas sim a indícios. A sua
importância aumenta quando existem valores de referência para comparação entre os
valores históricos da empresa e valores de outras empresas, dentro do mesmo setor.
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Informação relevante
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Para a obtenção dos aspetos acima referidos, são tidos como relevantes, numa fase
prévia de preparação de informação e eventualmente para a compreensão dos números
contabilísticos o definido nas NCRF respetivas e as exigências de divulgação no anexo.
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Capital
Capital próprio Aplicações de Capitais
Ativo não próprio
Ativo não investimento estáveis3
corrente
corrente
Passivo não (investimento) (financiamento)
corrente Outro ativo
não corrente
Passivo não
corrente Necessidades Recursos
cíclicas cíclicos
(exploração) (exploração)
Ativo corrente Passivo corrente
Ativo corrente Tesouraria Tesouraria
Passivo ativa passiva
corrente
(tesouraria) (tesouraria)
3
Também designado por fundos ou recursos estáveis
33
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Que de uma forma mais detalhada e como resultado das operações de ajustamento do
balanço contabilístico para construção do balanço funcional pode ser apresentada da
seguinte forma:
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O balanço funcional pode ser elaborado sob diversas óticas, de acordo com os objetivos
da análise. A abordagem pelos ciclos de atividade permite analisar os equilíbrios entre
os diversos tipos de origens e aplicações, tendo em consideração as atividades de
exploração, de investimento e investimento.
35
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Inventários Fornecedores
Ativos biológicos Outros credores - curto Recursos
Necessidades Clientes prazo cíclicos
Outros contas a receber curto prazo Adiantamentos de clientes
cíclicas
Adiantamentos a fornecedores Estado e outros entes públicos
Estado e outros entes públicos Outros passivos correntes
Diferimentos de exploração Diferimentos de exploração
4
Os dividendos e suprimentos para os quais existe uma data de pagamento ou reembolso devem ser classificados com
base no prazo de exigibilidade.
36
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Quer as NCE, quer os RCE, apresentam em regra um certo grau de estabilidade ao longo
dos períodos porque as operações subjacentes são repetitivas e com prazos de crédito
e de realização dentro de alguma normalidade.
A tesouraria ativa reflete os ativos líquidos e quase líquidos. Estão aqui incluídos os
depósitos bancários, caixa, instrumentos financeiros e outras rubricas desde que não
associadas ao ciclo normal de exploração e realizáveis no curto prazo.
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NCE Observações
- não eliminar imparidades
Clientes
- incluir letras descontadas e factoring com regresso
- o stock de reserva deve ser considerado investimento (outros ativos não correntes -
OANC)
- devem ser corrigidos os efeitos de alterações de critérios de mensuração
- deve ser desagregada nas diferentes componentes
- acrescentar adiantamentos a fornecedores e retirar os adiantamentos de clientes,
Inventários
caso
§ baixos em relação ao stock médio
§ entrega em prazo curto
- os adiantamentos a fornecedores por conta de compras com prazos superiores a um
ano devem ser reclassificados para OANC
- manter as dívidas em passivo e os créditos em ativo
Estado
- em regra os saldos do setor público são cíclicos (recorrentes)
RCE Observações
- volume de crédito obtido de fornecedores, resultantes das condições de
Fornecedores pagamento pré-negociadas ou das práticas comuns do setor de atividade em
que a empresa se insere
- os financiamentos de curto prazo são, em regra, classificados como tesouraria
passiva
Financiamentos - inclui-se como RCE financiamentos recorrentes como o factoring
- os empréstimos à tesouraria, se garantidamente renováveis, devem ser
incluídos nos fundos permanentes (capitais alheios)
- manter as dívidas em passivo e os créditos em ativo
Estado
- em regra os saldos do setor público são cíclicos (recorrentes)
Diferimentos - manter as rubricas relativas a rendimentos a reconhecer de exploração, os
passivos relativos a extra exploração são classificados como tesouraria passiva
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INVESTIMENTOS Observações
- os ativos devem ser apresentados pelo seu valor bruto (quantia líquida
acrescida de depreciações/amortizações e imparidades).
Ativos tangíveis e - Refletir as depreciações/amortizações e imparidades em recursos próprios,
intangíveis como componente do autofinanciamento
- amortizações e depreciações acumuladas deverão ser corrigidas, se a empresa
apresenta critérios de natureza fiscal e não económicos
Investimentos - inclui participações financeiras e outros interesses com caráter de
financeiros permanência em outras entidades
- incluem-se os créditos concedidos com prazo de disponibilidade superior a um
Outros créditos
ano, não tituladas ou tituladas e não imediatamente descontáveis
- esta rubrica acolhe as reclassificações de com natureza de liquidez reduzida,
como stocks de segurança e stocks com baixa rotação (e.g. monos)
- inclui ainda:
- as dívidas dos sócios ou de empresas associadas ou filiais sem prazo de
exigibilidade
Outos ativos não
- adiantamento a fornecedores de investimentos
correntes
- adiantamento por compras com prazo superior a 1 ano
- saldos antigos de financiamentos concedidos
- depósitos bancários de reduzida disponibilidade
- acréscimos de rendimentos (2 ou mais anos)
- gastos a reconhecer (2 ou mais anos)
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Com base no SNC estes descobertos bancários já devem ser apresentados no passivo como Financiamentos Obtidos.
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De uma forma análoga ao balanço esta demonstração presta-se tanto a uma análise da
estrutura dos gastos ou rendimentos, como ao cálculo de rácios em que o numerador
ou denominar pode ser um valor de outra demonstração. É um documento de avaliação
de desempenho económico permitindo avaliar a rendibilidade das vendas, dos capitais
investidos representados no balanço, ou seja, a eficiência económica.
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O fluxo económico difere do fluxo financeiro por diversas razões, das quais destacamos
as seguintes:
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= Resultado operacional
± Resultados extra exploração
= Resultado antes de juros e impostos (RAJI ou EBIT)
- Gastos financeiros (líquidos)
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Período
Rubricas Notas N N-1
Fluxos de caixa das atividades operacionais
Recebimentos de clientes
Pagamentos a fornecedores
Pagamentos ao pessoal
Caixa gerada pelas operações
Pagamento/recebimento do imposto sobre o rendimento
Outros pagamentos
Fluxos de caixa das atividades operacionais (1)
A análise da demonstração de fluxos de caixa deve ser realizada por cada ciclo –
operacional, investimento e financiamento – que apresentam saldos geralmente
positivos ou negativos.
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Deste modo, é esperado que neste ciclo, os recebimentos sejam superiores aos
pagamentos, ou seja, que liberte fluxos de caixa positivos.
Ciclo de Investimento
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Neste ciclo, será expectável que os recebimentos sejam inferiores aos pagamentos, ou
seja, que liberte fluxos de caixa negativos.
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Ciclo de Financiamento
Esta demonstração financeira introduz o conceito de resultado integral que, tal como
dispõe a NCRF 2 (§ 40), é composto pelo resultado líquido do período e pelas variações
(alterações) ocorridas em capital próprio não diretamente relacionadas com os
detentores de capital, agindo enquanto tal. Estas alterações incluem:
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Proposta de resolução
2) Nesta segunda fase vamos considerar a informação sobre o conteúdo das contas:
2.1 – Aplicação de fundos
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Saldo
Aplicações Saldo inicial Débito Crédito
retificado
Investimentos
Ativos fixos tangíveis 146.800 36.700 1 183.500
Ativos intangíveis 25.300 5.819 2 31.119
Outros ativos não correntes 38.000 3+8 38.000
192.100 252.619
Necessidades cíclicas
Inventários 180.000 2.000 5 18.000 3 164.000
Clientes 66.900 6.690 4 73.590
Estado e outros entes públicos 8.800 8.800
Diferimentos 8.000 3.000 6 5.000
Imparidade de clientes 6.690 4 (6.690)
Outras necessidades cíclicas 5.000 7 5.000
263.700 249.700
Tesouraria ativa
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Notas:
3) O stock de segurança de inventários tem natureza de permanência pelo que deve ser
acrescentado aos ativos com natureza não corrente
4) As imparidades acumuladas de clientes foram acrescentadas a esta conta para obtenção das
dívidas totais. Esta correção é importante para determinar alguns indicadores,
designadamente o prazo médio de recebimentos
11) As outras dívidas a pagar corresponde a dívidas a fornecedores de investimentos pelo que
são extraexploração. Foram reclassificados como tesouraria passiva
12) Dado que as provisões criadas têm que ser liquidadas no curto prazo, foram reclassificados
como tesouraria passiva
Uma estrutura financeira equilibrada é considerada uma condição essencial para que
uma entidade funcione sem grandes sobressaltos, em condições de negociar com
clientes e credores, numa perspetiva de continuidade. Considera-se existir uma
estrutura financeira adequada quando existe um equilíbrio entre a exigibilidade das
fontes de financiamento e a liquidez dos ativos ou aplicações.
53
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ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Exemplo
Pretende-se adquirir um equipamento por 100.000 € com uma vida útil esperada de 6
anos. O financiamento para a sua aquisição deve ter, pelo menos, uma maturidade de
6 anos, mesmo que se admita que a sua liquidez permita o seu pagamento em 4 ou
cinco anos.
===//===
O equilíbrio financeiro de uma empresa deve ser estudado a médio e longo prazo
(relação entre capitais e investimentos) e no curto prazo (relação entre capitais e
stocks e outros elementos do ativo circulante), porque sendo os equilíbrios processos
dinâmicos, nada impede que uma boa situação aparente inicial não encubra fatores de
potencial desequilíbrio futuro, tendo em conta as previsões de exploração.
Uma empresa tem equilíbrio financeiro no médio e longo prazo quando existem
condições para manter, ano após ano, as condições de equilíbrio no curto prazo,
cobrindo os riscos inerentes à atividade. Desta forma poderá ser garantida a
solvabilidade da empresa.
O equilíbrio de médio e longo prazo deve assentar nos seguintes pressupostos (Santos,
1981):
- Posição competitiva
- Rendibilidade
- Criação de excedentes financeiros
57
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Encargos
Retenção de
Dividendos financeiros e
fundos
reembolsos
Recursos
financeiros
Valor de mercado
origem
interna
Acesso ao
Investimentos
mercado
de substituição
financeiro
Investimentos
de expansão
O balanço funcional permite-nos obter informação das relações entre os agregados das
origens e aplicações de fundos, análise que deverá ser completada com indicadores
adequados.
Por exemplo, se a empresa adquirir uma máquina que pretende utilizar durante cinco
anos deveria financiar-se (empréstimo bancário ou outro), com um financiamento a
cinco anos. Então a regra de equilíbrio financeiro mínimo determina que:
• Ativos a mais de 1 ano => devem ser financiados por capitais estáveis.
55
58
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
• Ativos até 1 ano => devem ser financiados por dívidas até um ano.
Este equilíbrio pode ser observado através das relações entre as origens estáveis e
aplicação não correntes, assim como entre os ativos e passivos correntes:
Este indicador informa se a empresa está a financiar o ativo não corrente recorrendo
totalmente ou não a capitais estáveis.
Igual conclusão se poderá obter através da diferença, que nos dá o valor do fundo de
maneio (FM), tema abordado no ponto seguinte
Esta diferença representa a parte dos capitais estáveis (capitais próprios + passivo não
corrente) não aplicados no financiamento do ativo não corrente (com foco no
financiamento do ativo fixo tangível e intangível), que fica assim disponível para fazer
face às necessidades de financiamento do ciclo de exploração.
Para cumprir a regra do equilíbrio financeiro mínimo, o rácio de cobertura dos ativos
não correntes por capitais estáveis deve ser ≥ 1 e a diferença (FM) deve ser ≥ 0.
Contudo esta interpretação deverá ser feita no contexto das características específicas
da atividade da empresa a fim de estabelecer as necessidades de investimento em FM
(ou reserva de segurança). Existem empresas (e setores) que pela natureza das suas
atividades têm recursos financeiros superiores a necessidades financeiras sem que isso
56
59
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Considerando a regra geral (cobertura dos ativos não correntes por capitais estáveis
(CANC_CE) ≥ 1, ou Fundo de Maneio (FM) ≥ 0) pode-se fazer a seguinte interpretação
destes indicadores:
Capitais estáveis
CANC_CE < 1 e FM < 0 (próprios e alheios)
Ativo não corrente
(permanência ou liquidez Não exigíveis ou exigíveis
superior a um ano) a mais de um ano
Passivo corrente
Ativo corrente
O valor dos capitais estáveis é inferior ao ativo não corrente, ou seja, parte deste está
a ser financiado por passivo corrente, com um grau de exigibilidade superior à liquidez
dos ativos que financia. Nesta situação não se respeita a regra do equilíbrio financeiro
mínimo, contudo poderão não existir dificuldades financeiras se os recursos cíclicos
forem superiores às necessidades cíclicas.
O valor dos capitais estáveis iguala o do ativo não corrente pelo que se respeita a regra
do equilíbrio financeiro mínimo, contudo não existe margem de segurança dada pelo
FM.
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60
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Ativo corrente
Passivo corrente
Se:
- RDE > 1 significa que o passivo não corrente é superior aos capitais próprios,
- RDE <1 significa que o passivo não corrente é inferior aos capitais próprios,
- RDE =1 significa que o passivo não corrente é igual aos capitais próprios
Considera-se que este indicador deve ter valores de um ou inferiores (RDE ≤ 1), valor de
referência para a capacidade de endividamento (ver rácio de autonomia financeira).
===//===
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 𝑝𝑝𝑝𝑝ó𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝
𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆 =
𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡
Este indicador reflete o risco que os credores correm, no médio e longo prazo, de ver
satisfeitos os seus direitos. Por uma questão de prudência, os analistas argumentam que
o capital próprio deve ser, no mínimo, igual aos capitais alheios, ou seja, solvabilidade ≥
1. Tendo como base essa referência, este risco pode ser avaliado em função dos valores
obtidos neste indicador:
58 61
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Se solvabilidade > 1
Se solvabilidade < 1
• O capital próprio não é suficiente para fazer face às dívidas a pagar pelo que
existe risco acrescido para os credores
Se solvabilidade = 1
Capital próprio
Autonomia financeira =
Ativo total
A autonomia financeira varia entre zero e um. Assume o valor um quando o ativo é
totalmente financiado pelo capital próprio. Neste caso não existe passivo. Quanto mais
elevado for o nível do capital próprio, maior o nível de autonomia da empresa face a
terceiros.
Os valores indicados como adequados situam-se num intervalo entre os 0.33 e 0.66,
dependendo do setor de atividade da empresa. Quanto maior o valor deste rácio, menor
é a dependência da empresa em relação a credores.
Capital próprio
Capacidade de endividamento =
Capitais estáveis
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62
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
com base neste rácio, varia entre zero e um. Assume o valor 1 quando o capital próprio
é igual aos capitais estáveis, ou seja, não existe passivo de médio e longo prazo.
Quanto mais elevado for o nível do capital próprio, maior a capacidade de endividamento
da empresa face a terceiros, contudo poderá prejudicar a rentabilidade dos proprietários.
Embora não haja um valor de referencia universal, em termos gerais, a maioria dos
analistas recomenda que o capital próprio deve representar pelo menos 50% dos Capitais
estáveis, ou seja, que os capitais estáveis ≥ 0,5.
A XPTO, Lda. apresentava, em relação aos anos 2015, 2014 e 2013, o seguinte balanço
comparado:
60
63
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Proposta de resolução
1) Balanço funcional
Rubricas Notas 2015 2014 2013
I-Investimentos 1 156.000 147.300 143.900
II-Necessidades cíclicas de exploração 94.000 94.400 86.000
Inventários 18.300 18.900 12.000
Clientes 2 66.900 67.900 68.300
Outros ativos exploração 8.800 7.600 5.700
III-Tesouraria ativa 3 30.800 22.500 18.100
Total Aplicação Fundos (I+II+III) 280.800 264.200 248.000
Notas:
1) Quantia dos ativos fixos tangíveis líquidos (balanço) acrescidos das depreciações
acumuladas. As depreciações acumuladas são acrescentadas aos recursos próprios dada
a sua natureza de autofinanciamento.
2) Valores do balanço considerados na totalidade como necessidades cíclicas de exploração.
3) Caixa e depósitos bancários, considerando que estes não têm restrições à sua
movimentação.
4) Total do capital próprio, conforme balanço.
61
64
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Como se pode observar a empresa cumpre a regra do equilíbrio financeiro mínimo dado
que os capitais estáveis excedem sistematicamente os ativos não correntes
(investimentos). Essa diferença em termos quantitativos é dado pelo FM, ou margem de
segurança obtida pela diferença entre os dois valores acima referidos. Como se observa,
a empresa está a aumentar a sua margem de segurança, aumentando, em termos
relativos, a contribuição dos capitais estáveis para o investimento.
150,000
100,000
50,000
0
2015 2014 2013
Investimentos Capitais estáveis Fundo maneio
A elaboração destes indicadores foi realizada com base nos valores de balanço, que no
caso em concreto, considera o ativo líquido (e não o ativo bruto se baseado no balanço
funcional) e os capitais próprios sem a componente do autofinanciamento (depreciações
acumuladas).
Justifica-se esta opção porque estes indicadores poderão ser obtidos independentemente
da realização do balanço corrigido para efeitos de análise.
62 65
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
No mesmo sentido, o rácio da solvabilidade em 2013 indica que o capital próprio era
semelhante ao passivo total (10% superior) mas em 2015 essa relação quase que
quintuplicou. Esta evolução indica que, por um lado, a empresa está a liquidar os seus
passivos e, por outro, está a reforçar a sua componente de capitais próprios pela retenção
dos resultados positivos obtidos nos três anos. Esta evolução reflete-se positivamente na
capacidade de endividamento da empresa (evolui de 0,85 para 0,95) reforçando a
confiança dos credores quanto à sua capacidade de obter financiamento externo.
2) Conclusão
Estes indicadores permitem certificar uma boa saúde financeira da empresa em termos
de estrutura das origens e aplicações, tendo em conta os valores de referência para cada
um dos indicadores utilizados.
Dado que todos os indicadores são obtidos pela relação entre as grandezas ativo, passivo
e capital próprio, as suas conclusões convergem em termos de leitura, apenas refletem
diferentes perspetivas de análise dessas grandezas.
Referira-se que o aumento do capital próprio é feito pela retenção dos resultados, pelo
que a componente dividendo (remuneração dos sócios/acionistas) não está a ser
considerada, nem o efeito dessa retenção na rentabilidade do capital próprio, aspeto que
se analisa noutro ponto.
===//===
66 63
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
É também uma regra de equilíbrio providenciar que o fluxo financeiro garanta que os
meios líquidos existentes em cada período (dinheiro ou ativos rapidamente convertíveis
em dinheiro) acrescido dos recebimentos esperados dos clientes, exceda os valores a
pagar aos fornecedores, Estado, banca ou a outros credores nesse mesmo período.
Estas regras têm em conta que a empresa para além de ter que pagar as dívidas refletidas
no balanço – Estado, empréstimos obtidos, fornecedores, entre outros – realiza muitas
operações que não estão aí refletidas, designadamente o pagamento mensal ao pessoal,
o pagamento mensal a determinados fornecedores de comunicações (telefone, correio,
etc.), rendas, aquisição a pronto pagamento de consumíveis (papel, tinteiros, canetas,
etc.).
Fonte: Fernandes et al. (2013): Relato Financeiro: interpretação e análise, Vida Económica
Estas regras são apresentadas de forma muito simples, pelo que devem ser entendidas
como referência e não como um princípio de aplicação sistemática.
64 67
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Este princípio prudencial existe para que a empresa não tenha dificuldade em
satisfazer os seus compromissos, dado que existe sempre uma incerteza quanto ao
momento em que consegue converter os seus inventários em vendas e, após isso, cobrar
dos seus clientes.
De uma forma esquemática podemos representar o FM como uma relação entre o ativo
corrente (realizável até um ano) e o passivo corrente (exigível até um ano), realçando
a necessidade da existência de fundos com um grau de permanência superior, como
forma de garantir a margem de segurança pretendida.
65
68
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
FM > 0
Ativo corrente
Passivo corrente
Fundo de maneio
Nota:
Da comparação entre capitais estáveis e ativos não correntes podem-se obter três
resultados possíveis:
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ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
FM = 0
• indica que os capitais estáveis igualam os ativos não correntes, pelo que não
financiam o ciclo de exploração - fundo de maneio nulo
Capitais estáveis
Ativo não corrente (próprios e alheios)
(permanência ou liquidez
superior a um ano) Não exigíveis ou exigíveis
a mais de um ano
Fundo de maneio = 0
Ativo corrente Passivo corrente
FM > 0
• indica que partes dos capitais estáveis financiam o ciclo de exploração - fundo
de maneio superavitário
FM < 0
• significa que parte dos capitais não estáveis financiam ativos fixos tangíveis
(fator de risco) – fundo de maneio deficitário
Capitais estáveis
Ativo não corrente (próprios e alheios)
Não exigíveis ou exigíveis a
(permanência ou liquidez mais de um ano
superior a um ano)
Fundo de maneio < 0
Passivo corrente
Ativo corrente
70 67
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
As principais variações que ocorrem nas contas de capitais estáveis são devidas, quer
aos recursos próprios, quer alheios com caráter de médio ou longo prazo:
Recursos próprios
Recursos alheios
• Aumentos de financiamentos a médio/longo prazo (+)
• Reembolsos de financiamentos a médio/longo prazo (-)
• Aumentos / reduções de outros créditos com características de médio/ longo
prazo
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ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
As principais variações que ocorrem nas contas do ativo não corrente, e sobre as quais
o analista deve centrar a sua observação, são as seguintes:
A análise das NFM permite avaliar se este se encontra a níveis adequados, ou seja, se
é igual às necessidades, excessivo ou insuficiente.
72
69
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Admitindo que ativo e passivo corrente fossem compostos pelas rubricas abaixo
mencionadas, pode-se quantificar as NFM:
Dada a importância da gestão da liquidez da empresa (gerar dinheiro para pagar dívidas
nos prazos acordados) esta área merece sempre grande atenção por parte da gestão,
que analisa várias soluções:
No entanto, como já foi referido, nem todas as empresas carecem de ter uma
componente dos seus capitais estáveis a financiar o ativo corrente. Tal depende da
capacidade da empresa para obter crédito e a sua política de conceder crédito.
Se uma empresa que vende a pronto pagamento e paga aos seus fornecedores a três
meses tem os fornecedores a financiar uma parte significativa da exploração, logo
tem uma necessidade inferior de FM.
Igualmente uma empresa com elevada rotação dos stocks ou stock zero (por exemplo
uma empresa que venda por catálogo e apenas tem artigos para exposição) terá
menores NFM, dado que a quantidade está inversamente associada a essas
necessidades.
70
73
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Fonte: Fernandes et al. (2013) Relato financeiro: interpretação e análise, Vida Económica
A quantificação das NFM para além das condições de negociação acima referidas
depende de outros fatores, designadamente (Santos, 1981):
Considere a seguinte informação sobre a empresa XPTO, do setor e dimensão onde está
enquadrada. Pretende-se que analise os seguintes aspetos:
71
74
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Balanço:
EMPRESA SETOR
RUBRICAS
2015 2014 2013 2015 2014 2013
ATIVO
Ativo não corrente
Ativos fixos tangíveis 46.800 59.400 75.900 101.200 100.800 10.0800
46.800 59.400 75.900 101.200 100.800 100.800
Ativo corrente
Inventários 18.300 18.900 12.000 169.700 172.300 180.000
Clientes 66.900 67.900 68.300 158.400 160.300 165.200
Estado e outros entes públicos 8.800 7.600 5.700
Outras contas a receber 6.500 6.200 6.800
Caixa e depósitos bancários 30.800 22.500 18.100 61.200 60.400 59.400
124.800 116.900 104.100 395.800 399.200 411.400
Total do ativo 171.600 176.300 180.000 497.000 500.000 512.200
CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO
Capital próprio
Capital subscrito 25.000 25.000 25.000
Reservas legais 5.000 5.000 5.000
Resultados transitados 88.000 64.100 41.200
Resultado líquido do período 25.500 23.900 22.900
Total do capital próprio 143.500 118.000 94.100 135.900 137.000 133.300
Passivo
Passivo não corrente
Financiamentos obtidos 1.500 7.300 16.400 92.600 91.100 87.800
1.500 7.300 16.400 92.600 91.100 87.800
Passivo corrente
Fornecedores 3.200 13.100 19.300 138.500 139.000 151.900
Estado e outros entes públicos 15.300 22.600 26.100 15.800 16.400 17.000
Financiamentos obtidos 4.900 9.300 10.500 113.800 115.800 122.000
Outras contas a pagar 3.200 6.000 13.600 400 700 200
26.600 51.000 69.500 268.500 271.900 291.100
Total do Passivo 28.100 58.300 85.900 361.100 363.000 378.900
Total do capital próprio e do passivo 171.600 176.300 180.000 497.000 500.000 512.200
72
75
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Proposta de resolução
Empresa Setor
Rubricas
2015 2014 2013 2015 2014 2013
Total Aplicação Fundos (I+II+III) 280.800 264.200 248.000 646.100 646.800 655.800
I-Investimentos 156.000 147.300 143.900 250.300 247.600 244.400
II-Necessidades cíclicas de
exploração 94.000 94.400 86.000 334.600 338.800 352.000
Inventários 18.300 18.900 12.000 169.700 172.300 180.000
Clientes 66.900 67.900 68.300 158.400 160.300 165.200
Outros ativos exploração 8.800 7.600 5.700 6.500 6.200 6.800
III-Tesouraria ativa 30.800 22.500 18.100 61.200 60.400 59.400
Total Origens de Fundos (IV+V+VI) 280.800 264.200 248.000 646.100 646.800 655.800
IV-Recursos próprios e alheios
estáveis 254.200 213.200 178.500 377.600 374.900 364.700
Recursos próprios 143.500 118.000 94.100 135.900 137.000 133.300
Financiamentos obtidos não correntes 1.500 7.300 16.400 92.600 91.100 87.800
Depreciações acumuladas 109.200 87.900 68.000 149.100 146.800 143.600
V-Recursos cíclicos de exploração 21.700 41.700 59.000 154.700 156.100 169.100
Fornecedores 3.200 13.100 19.300 138.500 139.000 151.900
Estado e outros públicos 15.300 22.600 26.100 15.800 16.400 17.000
Outros passivos exploração 3.200 6.000 13.600 400 700 200
VI-Tesouraria passiva 4.900 9.300 10.500 113.800 115.800 122.000
Financiamentos obtidos-correntes 4.900 9.300 10.500 113.800 115.800 122.000
76
73
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
EMPRESA SETOR
Rúbricas
2015 2014 2013 2015 2014 2013
Capitais estáveis 254.200 213.200 178.500 377.600 374.900 364.700
Investimentos 156.000 147.300 143.900 250.300 247.600 244.400
Fundo de maneio 98.200 65.900 34.600 127.300 127.300 120.300
77
74
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
100%
80%
60%
40%
20%
0%
2015 2014 2013 2015 2014 2013
Empresa Setor
Estrutura de aplicações
150% Balanço contabilístico
100%
50%
0%
2015 2014 2013 2015 2014 2013
Empresa Setor
100%
50%
0%
2015 2014 2013 2015 2014 2013
Empresa Setor
75
78
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Empresa Setor
2015 2014 2013 2015 2014 2013
Necessidades cíclicas de exploração 94.000 94.400 86.000 334.600 338.800 352.000
Recursos cíclicos de exploração 21.700 41.700 59.000 154.700 156.100 169.100
NFM 72.300 52.700 27.000 179.900 182.700 182.900
FM 98.200 65.900 34.600 127.300 127.300 120.300
FM - NFM 25.900 13.200 7.600 -52.600 -55.400 -62.600
Fundo de maneio
200,000 40,000
20,000
150,000
0
100,000 -20,000
-40,000
50,000
-60,000
0 -80,000
2015 2014 2013 2015 2014 2013
Empresa Setor
4) Conclusão
76
79
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Esta análise deve ser complementada com alguns rácios ou indicadores financeiros que
permitam averiguar se a política de investimento é adequada.
4.3.1. O autofinanciamento
80
77
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
- Dividendos
+ Depreciações/amortizações ( - reversões)
+ Imparidades ( - reversões)
+ Provisões ( - reduções)
= Autofinanciamento ou MLLr
A DOAF não está incluída nas DF obrigatórias, mas continua a ser um importante
instrumento para a análise do equilíbrio financeiro da empresa. Apresenta as
alterações ocorridas na posição financeira da empresa num determinado período
(normalmente anual), permitindo o estudo da interdependência das variações das
diferentes rubricas do balanço. A DOAF evidencia as fontes de financiamento (origens
de fundos) que a empresa utilizou, para fazer face aos investimentos e as suas
obrigações na data de vencimento (aplicações de fundos) durante um dado período.
Desta forma, a DOAF é preparada através das variações ocorridas nas rubricas entre
dois balanços sucessivos.
81
78
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Variação de provisões
Aumento de reservas
Movimentos financeiros de médio e longo prazo Movimentos financeiros de médio e longo prazo
82
79
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Fornecedores Fornecedores
Subtotal A Subtotal B
Redução de fundos circulantes (C) Aumento de fundos circulantes (E)
Se aplicações < origens Se aplicações > origens
TOTAL TOTAL
Os fundos circulantes são obtidos pela diferença entre o ativo corrente e o passivo
corrente. Deste modo, aumentos do ativo corrente proporcionam aumentos de fundos
circulantes, enquanto aumentos do passivo corrente proporcionam reduções de fundos
circulantes.
Quando o somatório das variações ativas é superior ao somatório das variações passivas
tal representa um aumento do investimento nas rubricas de curto prazo, ou seja, um
maior aumento do ativo corrente e/ou a redução do passivo corrente, pelo que se
80
83
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
verifica um aumento dos fundos circulantes. Este aumento de fundos a curto prazo
representa uma forma de investimento, constando nas aplicações de fundos da DOAF.
Quando o somatório das variações ativas é inferior ao somatório das variações passivas
tal representa uma diminuição (manutenção) do investimento nas rubricas de curto
prazo, e/ou um aumento do passivo de curto prazo, pelo que se verifica uma redução
dos fundos circulantes, inscrito em C do Mapa de variação de fundos circulantes.
Este rácio indica em que medida a existe uma renovação ou envelhecimento destes
investimentos. Se:
RAFT = 1
Indica uma política de substituição destes ativos que não aumentam em valor absoluto
dado que o investimento efetuado em ativos fixos tangíveis é igual à sua depreciação
anual.
RAFT > 1
Indica uma política de substituição e expansão destes ativos que aumentam em valor
absoluto dado que o investimento efetuado em ativos fixos tangíveis é superior à sua
depreciação anual.
Esta opção insere-se numa política de aumento da capacidade instalada que prevê
crescimento de atividade da empresa potencialmente visível nos seus indicadores de
atividade (vendas, gastos variáveis, etc.).
81
84
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
RAFT < 1
Esta opção insere-se numa política redução da capacidade instalada que pode prever
eventual abandono futuro da atividade, com consequências geralmente visíveis nos
seus indicadores de atividade (vendas, gastos variáveis, etc.).
Este indicador varia entre 0 (zero) e 1 (um), onde o 1 significa que o ativo está
totalmente depreciado e 0 que ainda não foi depreciado.
Quanto mais elevado for o nível das depreciações acumuladas, mais o grau de
envelhecimento se aproxima de 1.
Não existem valores ideais de referência, contudo pode-se aceitar que com o aumento
do grau de envelhecimento existe a probabilidade da redução da eficiência dos
equipamentos, associada aumentos das despesas de manutenção e reparações.
Assume-se como um valor de referência favorável quando o GEåçé ≤ 0,7.
D Capitais estáveis
Financiamento de investimento (FI) =
D Ativo não corrente
82
85
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Se FI < 1 as variações dos capitais estáveis são inferiores as variações do ativo não
corrente, situação que contraria o requisito do equilíbrio financeiro mínimo. Esta
situação envolve, normalmente, riscos para a empresa, na medida em que indicia que
a empresa esta a recorrer ao crédito de curto prazo para financiar investimento,
podendo causar problemas na satisfação dos compromissos assumidos.
Os rácios mais comuns elaborados com base na demonstração de fluxos de caixa são os
rácios de cobertura que pretendem dar uma visão da capacidade da empresa em
cumprir com as suas obrigações financeiras. Os fluxos de caixa operacionais (FCO) são
a principal fonte de fundos para as remunerações dos capitais próprios e reembolso
dos capitais alheios necessários aos investimentos que garantem o crescimento da
empresa pelo que, em regra, é este o fluxo utilizado nos diversos rácios.
Indicam-se alguns dos rácios que poderão auxiliar o analista a identificar aspetos
críticos.
FCO
Fluxos de caixa / EBITDA =
EBITDA
83
86
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
FCO
Taxa de cobertura de juros e dividendos =
Juros e dividendos
FCO
Taxa de cobertura de passivo total =
Passivo total
FCO
Taxa de cobertura de passivo corrente =
Passivo corrente
𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹
𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 𝑛𝑛ã𝑜𝑜 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 =
𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 𝑛𝑛ã𝑜𝑜 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐
A empresa não está a gerar fluxos de caixa suficientes para pagar a suas dívidas,
podendo ser um indicador de dificuldades presentes ou futuras no pagamento das suas
dívidas e eventualmente de insolvência.
Taxa de cobertura ≥ 1
A empresa está em boa saúde financeira e consegue cumprir as suas obrigações através
da caixa gerada pelas atividades operacionais.
===//===
87
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
sobre a capacidade da empresa para pagar os seus investimentos a partir do FCO após
pagamento de dividendos e juros e dos recebimentos das atividades de investimento.
Investimentos
=
çJó ò B1ô1ö.Iú12EF5 4EIùI3. I2ù15EIú12EF 7 û4ü4ú12EF †CLF5 1 3IùI3123F5
û4ü4ú12EF 31 I2ù15EIú12EF5
Outro indicador relevante associado aos fluxos de caixa é fluxo de caixa livre ou free
cash flow que representa o dinheiro disponível para remunerar quem financia a
empresa (acionistas, obrigacionistas, credores bancários) após estarem pagos todos os
gastos operacionais, eventuais variações de FM, impostos, etc. O free cash flow mede
a facilidade com que um negócio gera capital que pode ser usado para crescer o
negócio ou remunerar as suas fontes de financiamento.
O valor descontado deste indicador (valor presente de todos os free cash flows futuros)
é um dos métodos utilizados na determinação do valor intrínseco de uma empresa.
85
88
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
EMPRESA SETOR
RENDIMENTOS E GASTOS
2015 2014 2013 2015 2014 2013
Vendas e serviços prestados 314 000 291 000 285 600 516 800 518 400 546 100
CMVMC -130 600 -109 500 -98 700 -348 100 -350 000 -375 700
Fornecimentos e serviços externos -45 700 -47 700 -44 300 -63 800 -64 500 -67 100
Gastos com o pessoal -81 800 -79 700 -80 400 -77 600 -78 300 -80 200
Imparidade de dívidas a receber
-3 200 -3 000 -2 600
(perdas/reversões)
Outros rendimentos e ganhos 4 900 4 400 8 100 14 200 14 400 15 700
Outros gastos e perdas -2 200 -1 200 -3 100 -9 300 -8 600 -9 600
Gastos/reversões de depreciação e de
-21 300 -19 900 -28 300 -12 800 -13 000 -13 600
amortização
Juros e gastos similares suportados -200 -1 200 -2 400 -6 400 -6 100 -8 400
Imposto sobre o rendimento do período -11 600 -12 300 -13 600 -4 500 -4 300 -4 000
Proposta de resolução
1) Autofinanciamento
86
89
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Por outro lado, verifica-se que os MLLr representam cerca de 1/3 dos capitais estáveis,
enquanto no setor significa apenas cerca de 10%. Esta diferença é parcialmente
justificada pelas diferenças de políticas de financiamento adotadas. Enquanto o setor
garante cerca de 40% dos capitais estáveis com capitais alheios, na empresa estes
representam uma parcela reduzida (15% em 2013 e apenas 1% em 2015).
50%
0%
2015 2014 2013 2015 2014 2013
Empresa Setor
6
O não reconhecimento de imparidades pode ser justificado a inexistências de fatores internos ou externos
justificativos ou de práticas contabilísticas da empresa não consentâneas com o definido no normativo contabilístico.
87
90
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Como se constata nos dois anos de análise (2015 e 2014) a empresa apresenta um
acréscimo no fundo circulante de, respetivamente, 33.900 e 31.300.
Este acréscimo deve-se essencialmente a uma política de redução dos créditos de curto
prazo de 24.000 (2015) para 18.500 em 2014. As componentes do ativo corrente que
mais contribuíram para este acréscimo de fundos foram os inventários (6.900 em 2014)
e as disponibilidades (8.300) em 2014. Em termos gerais verifica-se uma política de
redução do endividamento do curto prazo, com um aumento relativo dos ativos
circulantes.
Internas
Variação de provisões
Externas
91
88
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Distribuições:
A DOAF vem comprovar que o investimento, quer em ativo corrente, quer em não
corrente, é suportado exclusivamente com fundos próprios gerados pelo
autofinanciamento. Paralelamente, esses fundos permitem amortizar as dívidas de
médio e longo prazo, reduzindo as origens de financiamento estáveis, na sua quase
totalidade a recursos internos, como já havíamos observado anteriormente.
4) Indicadores
Com base na informação disponível é possível caracterizar alguns aspetos, quer dos
ativos fixos tangíveis, quer da cobertura desses investimentos, por capitais estáveis.
Empresa Setor
Indicadores
2015 2014 2015 2014
Renovação dos ativos fixos tangíveis 0,41 0,17 0,21 0,25
Grau de envelhecimento do ativos fixos tangíveis 0,70 0,60 0,60 0,59
Financiamento dos investimentos 4,71 10,21 1,00 3,19
Uma primeira observação permite concluir que, nos dois anos de análise, a taxa de
substituição dos ativos é inferior a 1, quer no setor, quer na empresa, embora esta
apresente um o indicador mais elevado (0.41). Pode-se sugerir que a baixa taxa de
renovação poderá ter efeitos futuros na eficiência ou obsolescência da tecnologia.
92 89
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
5) Conclusão
A empresa ao longo dos três anos seguiu uma política de libertação dos credores (curto
e médio/longo prazo), em detrimento do crescimento da sua capacidade de
exploração, apoiada no crescimento dos seus ativos correntes e não correntes
(equipamentos e outros meios de produção).
Existe uma estrutura financeira equilibrada quando, em cada momento, existam meios
financeiros suficientes para liquidar as dívidas que se vão vencendo, de forma a
minimizar os riscos de incumprimento e também manter as origens e aplicações a níveis
que otimizem a rentabilidade. A gestão dos capitais circulantes tem um papel
preponderante como fonte de financiamento e melhoria da rendibilidade das
empresas, na medida em que é possível encontrar pontos de equilíbrio, uma vez que
estão implícitos custos de oportunidade (por exemplo aplicações alternativas de
disponibilidades) ou outros custos de manutenção (manter determinado nível de
stocks) associados a alterações do contexto externo, designadamente alterações na
procura pelos produtos das empresas, nas taxas de juro e no estado global da
economia.
ou
93
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Esta perspetiva do FM de curto prazo (ou fundos circulantes) também incorpora essa
margem de segurança porque enquanto o exigível de curto prazo é certo, em termos
de datas e valores, o ativo circulante não apresenta o mesmo grau de certeza, tanto
em montantes como em grau de disponibilização.
5.1 LIQUIDEZ
O estudo da liquidez pode ser realizado através do seu FM / fundos circulantes e/ou
através de indicadores, que permitem o diagnóstico e as tomadas de decisão
adequadas aos objetivos da empresa.
94
91
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Excessivo FM Exíguo
Ativo corrente de
exploração Passivo corrente de
exploração
95
92
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Aplicação Origens
Ativo corrente Passivo corrente
fundos fundos
• Inventários • Fornecedores
• Ativos biológicos • Outros credores - curto
• Clientes prazo
Ativo
Passivo
corrente • Outros contas a receber - • Adiantamentos de
corrente de
de
curto prazo clientes exploração
exploração
• Adiantamentos • Estado e outros entes
fornecedores públicos Recursos
Necessidades
cíclicos
cíclicas • Estado e outros entes • Outros passivos correntes
públicos • Diferimentos de
• Diferimentos de exploração exploração
96
93
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
97
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Não existem prazos de referência porque estes estão muito dependentes da atividade
da empresa, da sua fase de implementação no mercado e das condições usualmente
praticadas no seu setor.
O valor obtido, que reflete o prazo efetivo que a empresa demora a receber dos seus
clientes, que deve ser confrontado com os prazos negociados com os mesmos, para
determinar se existem desvios significativos que careçam de tomada de ações
corretivas se necessário.
===//===
Por sua vez, o grau de liquidez dos stocks depende da sua venda, para posterior
recebimento. A medida geralmente utlizada é o da rotação dos stocks que determina,
em termos médios, o tempo (em meses ou em dias) que os bens de inventários
permanecem em armazém a partir do momento de entrada. Noutra perspetiva, este
indicador também pode ser analisado segundo o tempo de vendas que pode ser
alcançado com o stock disponível.
Inventários médios
Prazo médio dos inventários (PMI) = 𝑥𝑥 365 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑
CMVMC
CMVMC
Rotação dos inventários RI = 𝑥𝑥 365 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑
Inventários (médios)
O rácio dos inventários pode ser desdobrado de acordo com a estrutura destes,
designadamente de matérias-primas (MP), mercadorias, produtos acabados:
®û úé3IF5
• Prazo médio das MP = 𝑥𝑥 365 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑
JC5EF ®û ôF25CúI345
®1Lô43FLI45 úé3IF5
• Prazo médio das mercadorias = 𝑥𝑥 365 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑
JC5EF 345 ú1Lô43FLI4 ù123I345
95
98
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O valor obtido pode ser comparado com os valores de anos anteriores e/ou com os
valores de empresas concorrentes ou valores médios do setor, a fim de averiguar a
existência de diferenças significativas e a tomada de ações corretivas se necessário.
===//===
O grau de exigibilidade dos fornecedores depende do prazo de crédito obtido, pelo que
esta exigibilidade é geralmente medida pelo prazo médio de pagamentos que
determina quanto tempo (em meses ou em dias) demora a empresa, em média, a pagar
os créditos que obtém dos seus fornecedores e outros credores.
O valor obtido, que reflete o efetivo que a empresa demora a pagar aos seus
fornecedores e outros credores, deve ser confrontado com os prazos negociados com
os mesmos, a fim de averiguar a existência de diferenças significativas e a tomada de
ações corretivas se necessário.
===//===
Estado
Recursos = Fornecedores + Adiantamentos + e outros + Outros credores exploração
cíclicos de clientes entes
públicos
Se se considerar que a NFM tem como referência o volume de vendas médias diárias,
pode-se expressar a NFM da seguinte forma:
96
99
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Em que:
• AdC = Adiantamentos de clientes
• AdF = Adiantamentos a fornecedores
• CL = Clientes
• EP = Estado e outros entes públicos
• F = Fornecedores
• OCE - Outros credores de exploração
• ODE - Outros devedores de exploração
• Inv = Inventários
• VMD = Vendas médias diárias
• NFM – Necessidades de fundo de maneio
CL
Por exemplo, refere-se ao prazo médio de recebimentos traduzidos em dias de
VMD
Stocks
vendas (volume de negócios). Como exemplo, a relação = 10 interpreta-se que
VMD
o valor dos stock representa 10 dias de vendas.
97
100
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Proposta de resolução
Stocks (+) 20
NFM (30)
===//===
A análise estática do FM pode ser substituída pela análise de rácios que permite
determinar se existe ou não uma situação de equilíbrio. O rácio de liquidez geral
determina a capacidade da empresa para esta fazer face aos seus compromissos a curto
prazo. A leitura deste rácio deve ser complementada com os prazos médios de
recebimentos e pagamentos e rotação dos stocks. O valor esperado é que a liquidez
geral seja ≥ 1.
Ativo corrente
Liquidez geral LG =
Passivo corrente
98 101
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Se LG < 1
o valor dos ativos correntes é inferior ao passivo corrente. Poderá refletir dificuldades
de tesouraria, exceto se a rotação dos ativos permitir a liquidez necessária para fazer
face aos timings de exigibilidade das dívidas de curto prazo.
Se LG= 1
o valor dos ativos correntes é igual ao passivo corrente, ou seja, a empresa cumpre a
regra do equilíbrio financeiro mínimo, mas sem margem de segurança. Este equilíbrio
também depende se existe um ajustamento entre a realização do ativo e os timings
de liquidação das dívidas.
5.2 TESOURARIA
A análise da tesouraria com base no balanço funcional permite uma visão integrada da
interação entre os diversos ciclos de atividade e a satisfação desses compromissos com
data certa. Deste modo a tesouraria líquida resulta da diferença entre o fundo de
maneio funcional e as NFM, dada pela expressão:
Tesouraria = FM – NFM
ou
102 99
Tesouraria = (Capitais estáveis – Ativo não corrente) – (Necessidades cíclicas –
Recursos cíclicos)
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
e ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Existe equilíbrio financeiro se o fundo de maneio funcional for suficiente para financiar
as NFM,
Existe o que, por
equilíbrio consequência,
financeiro implica
se o fundo que afuncional
de maneio tesouraria
forlíquida não para
suficiente seja financiar
negativa
(Tesouraria ≥ 0)por consequência, implica que a tesouraria líquida não seja negativa
as NFM, o que,
(Tesouraria ≥ 0)funcional
Balanço
Balanço
Aplicações de funcional
Investimentos
investimento Capitais
Capitais estáveis
Aplicações de estáveis
100.000
Investimentos
(investimento)
investimento Capitais 120.000
Capitais estáveis
(financiamento)
estáveis
100.000
(investimento)
120.000
(financiamento)
Necessidades
Necessidades exploração
cíclicas Recursos Necessidades Recursos de
Necessidades cíclicos exploração exploração
(exploração)
cíclicas Recursos Recursos de
(exploração)
cíclicos 100.000 80.000
exploração
(exploração)
(exploração) 100.000 80.000
Tesouraria Tesouraria Tesouraria líquida
Tesouraria ativa Tesouraria passiva
ativa passiva nula
Tesouraria Tesouraria 10.000ativa 10.000 Tesouraria líquida
(tesouraria) (tesouraria) Tesouraria Tesouraria passiva 10.000 –nula
10.000 = 0
ativa passiva
Total Passivo +
Total Ativo
10.000 10.000
(tesouraria) (tesouraria) Capitais próprios 10.000 – 10.000 = 0
210.000
210.000
Total Passivo +
Total Ativo
Capitais próprios
210.000
• FM = 120.000 – 100.000 = 20.000 210.000
•
•
NFM
FM = =120.000
100.000– –100.000
80.000 == 20.000
20.000
•
•
Tesouraria = FM– –80.000
NFM = 100.000 NFM ==20.000
20.000– 20.000 = 0
• Tesouraria = FM – NFM = 20.000 – 20.000 = 0
As situações deficitárias ou excedentárias de tesouraria não se identificam com a
existência
As situaçõesde deficitárias
insuficiências
ouou excessos de disponibilidades,
excedentárias de tesouraria não masse com o elevado
identificam grau
com a
de exigibilidade dos passivos, assim como elevado grau de liquidez dos ativos,
existência de insuficiências ou excessos de disponibilidades, mas com o elevado grau ou
mesmo
de de disponibilidades.
exigibilidade dos passivos, assim como elevado grau de liquidez dos ativos, ou
mesmo de disponibilidades.
Quando a tesouraria for negativa a empresa tem necessidades de financiamento e tem
de recorrer
Quando a fundosfor
a tesouraria próprios ou aalheios
negativa empresapara
temresolver esse desequilíbrio
necessidades (não cessar
de financiamento e tem
pagamentos). Se este défice de tesouraria for estrutural pode ser forte indício de
de recorrer a fundos próprios ou alheios para resolver esse desequilíbrio (não cessarestar
comprometidaSe
pagamentos). a continuidade
este défice deda entidade.for estrutural pode ser forte indício de estar
tesouraria
comprometida a continuidade da entidade. 100
100
103
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Investimentos
Capitais estáveis
100.000
120.000
Necessidades
exploração Recursos de
exploração
75.000
100.000
Tesouraria passiva
Tesouraria ativa Tesouraria líquida negativa
15.000
10.000 10.000 – 15.000 = (5.000)
Total Passivo + Capital
Total Ativo
próprio
210.000
210.000
Investimentos
Capitais estáveis
100.000
120.000
Necessidades
exploração
85.000
Tesouraria ativa
104
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O rácio de liquidez reduzida é uma forma mais exigente de liquidez do que no rácio de
liquidez geral porque exclui os inventários (de conversão em dinheiro menos rápida) e
mede a capacidade da empresa de fazer face às suas responsabilidades de curto prazo
com liquidez proveniente dos seus disponíveis ou rapidamente convertíveis.
Uma forma ainda mais exigente de analisar a capacidade de liquidação das dívidas de
curto prazo, sem ter que depender da venda de existências ou de recebimentos de
clientes e de outros devedores é considerando apenas os meios disponíveis:
Disponibilidades
Liquidez imediata =
Passivo corrente
105
102
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Balanço:
EMPRESA SETOR
RUBRICAS
2015 2014 2013 2015 2014 2013
ATIVO
Ativo não corrente
Ativos fixos tangíveis 46.800 59.400 75.900 101.200 100.800 10.0800
46.800 59.400 75.900 101.200 100.800 100.800
Ativo corrente
Inventários 18.300 18.900 12.000 169.700 172.300 180.000
Clientes 66.900 67.900 68.300 158.400 160.300 165.200
Estado e outros entes públicos 8.800 7.600 5.700
Outras contas a receber 6.500 6.200 6.800
Caixa e depósitos bancários 30.800 22.500 18.100 61.200 60.400 59.400
124.800 116.900 104.100 395.800 399.200 411.400
Total do ativo 171.600 176.300 180.000 497.000 500.000 512.200
CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO
Capital próprio
Capital subscrito 25.000 25.000 25.000
Reservas legais 5.000 5.000 5.000
Resultados transitados 88.000 64.100 41.200
Resultado líquido do período 25.500 23.900 22.900
Total do capital próprio 143.500 118.000 94.100 135.900 137.000 133.300
Passivo
Passivo não corrente
Financiamentos obtidos 1.500 7.300 16.400 92600 91100 87800
1.500 7.300 16.400 92.600 91.100 87.800
Passivo corrente
Fornecedores 3.200 13.100 19.300 138500 139000 151900
Estado e outros entes públicos 15.300 22.600 26.100 15.800 16.400 17.000
Financiamentos obtidos 4.900 9.300 10.500 113.800 115.800 122.000
Outras contas a pagar 3.200 6.000 13.600 400 700 200
26.600 51.000 69.500 268.500 271.900 291.100
Total do Passivo 28.100 58.300 85.900 361.100 363.000 378.900
Total do capital próprio e do passivo 171.600 176.300 180.000 497.000 500.000 512.200
106
103
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Empresa Setor
Rubricas
2015 2014 2013 2015 2014 2013
Total Aplicação Fundos (I+II+III) 280.800 264.200 248.000 646.100 646.800 655.800
I-Investimentos 156.000 147.300 143.900 250.300 247.600 244.400
II-Necessidades cíclicas de exploração 94.000 94.400 86.000 334.600 338.800 352.000
Inventários 18.300 18.900 12.000 169.700 172.300 180.000
Clientes 66.900 67.900 68.300 158.400 160.300 165.200
Outros ativos exploração 8.800 7.600 5.700 6.500 6.200 6.800
III-Tesouraria ativa 30.800 22.500 18.100 61.200 60.400 59.400
Total Origens de Fundos (IV+V+VI) 280.800 264.200 248.000 646.100 646.800 655.800
IV-Recursos próprios e alheios estáveis 254.200 213.200 178.500 377.600 374.900 364.700
Recursos próprios 143.500 118.000 94.100 135.900 137.000 133.300
Financiamentos obtidos não correntes 1.500 7.300 16.400 92.600 91.100 87.800
Depreciações acumuladas 109.200 87.900 68.000 149.100 146.800 143.600
V-Recursos cíclicos de exploração 21.700 41.700 59.000 154.700 156.100 169.100
Fornecedores 3.200 13.100 19.300 138.500 139.000 151.900
Estado e outros públicos 15.300 22.600 26.100 15.800 16.400 17.000
Outros passivos exploração 3.200 6.000 13.600 400 700 200
VI-Tesouraria passiva 4.900 9.300 10.500 113.800 115.800 122.000
Financiamentos obtidos - correntes 4.900 9.300 10.500 113.800 115.800 122.000
Proposta de resolução
Como se constata, quer a empresa, quer o setor apresentam FM > 0 e NFM > 0.
104
107
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A empresa em 2015 tem uma liquidez imediata de 1,16 o que significa ter
disponibilidades superiores às exigências de curto prazo. O valor deste indicador
poderá ser indício de excesso de disponibilidades que poderiam ter aplicações
alternativas mais produtivas.
Empresa Setor
Rácios de liquidez
2015 2014 2013 2015 2014 2013
Liquidez geral 4,69 2,29 1,50 1,47 1,47 1,41
Liquidez reduzida 4,00 1,92 1,33 0,84 0,83 0,79
Liquidez imediata 1,16 0,44 0,26 0,23 0,22 0,20
2) Conclusão
105
108
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A tesouraria da empresa possui 30.800 em caixa e depósitos que não são necessários
na totalidade para manter o normal funcionamento do ciclo de exploração pelo que
poderá ser um indício de uma gestão deficiente. A reserva de segurança de tesouraria
e o valor considerado aceitável para ter normalmente em saldo na conta de
disponibilidades, de forma a permitir fazer face ao pagamento de pequenas despesas
e pagamento de dívidas de curto prazo.
O setor também tem uma política de FM positivo, mas insuficiente para cobrir as
necessidades de financiamento. O prazo médio de pagamentos sugere um elevado
poder negocial das empresas junto aos fornecedores. Em contrapartida, os seus
clientes também têm um prazo alargado na liquidez, mantendo-se, contudo, um
diferencial positivo. Na empresa esse diferencial é negativo.
Dívidas atrasadas (fora dos prazos normais negociados) a fornecedores que constituem
elementos com elevado grau de exigibilidade, dado que representam valores a pagar
imediatamente.
Estas duas posturas poderão refletir estratégias mais ou menos conservadoras nas
políticas de financiamento, mas também um diferente poder de negociação, quer
quanto aos clientes (beneficia a empresa), quer quanto aos fornecedores, que
beneficia o setor em geral.
Também se constata uma diferença na eficiência da gestão dos stocks, com vantagem
para a empresa, que desta forma minimiza a necessidade de financiamento das
necessidades cíclicas.
106
109
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Associando os diversos conceitos de FM, NFM tesouraria líquida, Neves (2000) identifica
seis tipos de estruturas financeiras típicas:
110 107
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Tipo III
Tipo I
FM
Tipo IV
Tipo VI
Tesouraria líquida
Tipo V mais positiva
108
111
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Questões Exemplos
Crescimento, em quota de mercado, lançamento de novos produtos
Objetivos
/novos mercados, inovação, remuneração acionista, valor de
estratégicos
mercado da entidade, expansão da capacidade instalada, etc.
112
109
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Área Indicadores
JDI12E15 4EIùF5
• Taxa de eficiência comercial =
J4LE1IL4 31 ôDI12E15
0FDCú1 31 21üóôIF5
• Faturação média =
±.º ≥4ECL45
0FDCú1 31 21üóôIF5
• Faturação média por vendedor =
±.º ôFú1LôI4I5
113
110
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Área Indicadores
• Número de colaboradores
• Índice de entrada, saída e de rotatividade
• Absenteísmo (faltas)
Pessoal • Investimento em admissão, formação e despedimento
• Custos com pessoal (benefícios anuais e plurianuais)
• Clima organizacional
0FDCú1 31 21üóôIF5
• Rotação do ativo total =
Operacionais åEIùF EFE4D (úé3IF)
0FDCú1 31 21üóôIF5
• Rotação do ativo corrente =
åEIùF ôFLL12E1 (úé3IF)
0FDCú1 31 21üóôIF5
• Rotação do capital próprio =
åEIùF ôFLL12E1 (úé3IF)
111
114
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Área Indicadores
∂IùI3123F5
• Dividendo por ação (payratio) =
B15CDE43F5 DíHCI3F5 3F K1LíF3F
Resultados líquidos do período
• Resultado ação (earnings per share) =
N.º médio de ações em circulação
JFE4çãF 4çãF
• Price earnings ratio =
B15CDE43F 4çãF
Mercado
Dividendo ação
• Dividend Yeld =
Cotação ação
Cotação ação
• Market do book =
Valor contabilístico ação
Capital próprio
• Valor contabilístico ação =
N.º ações emitidas ou em circulação
112
115
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A análise de alguns fatores poderá alertar para situações de risco atual ou potencial,
permitindo reduzir o grau de incerteza quanto à sua ocorrência.
Esta análise permite apreciar dos fatores que afetam a rendibilidade e alterações
significativas, centrando-se na DR por naturezas corrigida. Esta demonstração
diferencia-se da DR contabilística pela separação dos valores associados a atividades
de exploração (gastos ou rendimentos de funcionamento), rendimentos e gastos
associados a atividades de investimento ou financiamento.
113
116
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A análise da estrutura de gastos geral deve ser complementada com o estudo pelas
principais atividades/produtos e através de indicadores que facilitem a sua
interpretação.
N N-1 N-2
Gastos operacionais
Valor % Valor % Valor %
CMVMC
Fornecimentos e serviços externos
Gastos com o pessoal
Imparidades de clientes
Imparidades de inventários
Depreciações e amortização
Outros gastos e perdas operacionais
Total gastos operacionais Ʃ 1 Ʃ 1 Ʃ 1
Na análise das rubricas dos gastos operacionais deverão ser identificadas alterações
significativas como por exemplo no CMVMC que podem ter origem nas quantidades
vendidas ou nos custos de aquisição.
Tendo como base a DR por funções, também deve ser identificado a evolução dos
custos de produção que poderão ter diversas origens nos diversos fatores de produção.
O aumento pode ter sido causado por acréscimos nos gastos com o pessoal, por
aumento do número de colaboradores, por aumento do nível de atividade da empresa,
ou por aumento dos ordenados ou pela variação do custo das MP ou de outros fatores.
N N-1 N-2
Rendimentos de exploração
Valor % Valor % Valor %
Vendas de mercadorias e produtos
Prestação de serviços
Subsídios à exploração
Variação nos inventários da produção
Outros rendimentos de exploração
Total rendimentos operacionais Ʃ 1 Ʃ 1 Ʃ 1
114
117
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
N N-1 N-2
Resultados
Valor % Valor % Valor %
Resultados operacionais
Resultados extra exploração
Resultados financeiros
Resultados antes de impostos
Resultados líquidos Ʃ 1 Ʃ 1 Ʃ 1
Volume de vendas
Vendas preços constantes =
1 + tx inflação
A sua leitura deverá assim ser sempre efetuada de forma comparativa e em preços
constantes para retirar o efeito do aumento de preços por ajustamento à inflação,
quer com iguais períodos dos anos anteriores (crescimento), quer entre os diversos
trimestres (sazonalidade).
Exemplo
Considere que a empresa Alfa apresentou nos últimos cinco anos um volume de
negócios constante de 200.000 €. Durante esse período verificaram-se as seguintes
taxas de inflação:
Anos 2015 2014 2013 2012 2011 2010
TX inflação 2% 3% 2% 3% 2% 2%
Vendas preços correntes 200.000 200.000 200.000 200.000 200.000 200.000
Vendas preços contantes (2010) 178.521 182.091 187.554 191.305 197.044 200.000
Crescimento das vendas
Preços correntes 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Preços constantes -0,02 -0,03 -0,02 -0,03 -0,01
115
118
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Vendas
Preços correntes versus preços constantes
210,000
190,000
170,000
150,000
2015 2014 2013 2012 2011 2010
No cálculo a partir da DR, e no caso das empresas comerciais, este rácio geralmente
apenas inclui o custo das mercadorias vendidas, como gasto variável. Em atividades de
produção o cálculo deste indicador é mais complexo e carece de informação analítica
adequada.
Considerando:
116
119
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺
𝛼𝛼 = 1 −
𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃
Pelo que a MB ð MB = α x Vendas
𝑀𝑀𝑀𝑀
𝛼𝛼 =
𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉
Exemplo
117
120
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Este indicador mede a contribuição de cada empresa para a riqueza do país, isto é,
aquilo que ela criou através da sua atividade produtiva. Pode-se calcular de acordo
com a ótica da produção ou do rendimento, conduzindo ambas as formas a igual
resultado.
• Subsídios à exploração
Rubricas
• Gastos com o pessoal
• Gastos/reversões depreciação/amortização e imparidades
• Juros e gastos similares suportados
• Impostos diretos
• Imposto sobre o rendimento do período
• Resultado líquido do período
VAB
121
118
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
• Produtividade do ativo
VAB
Produtividade do ativo =
Ativo fixo
• Produtividade do trabalho
VAB
Produtividade do trabalho =
N. º trabalhadores
Outro indicador económico é o que resulta da eficiência dos ativos, relacionados com
o seu volume de negócios.
• Rotação do ativo
Vendas
Rotação do ativo económico =
Ativo exploração
Este indicador mede o grau de utilização dos ativos de exploração pelo que devem ser
excluídos os ativos financeiros. Se:
• Rotação do ativo da empresa > rotação do ativo no setor, significa que existe
uma sobre utilização dos recursos (maior eficiência)
119
122
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Exemplo
===//===
123
120
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Gastos/reversões de depreciação e de
-21 300 -19 900 -28 300 -12 800 -13 000 -13 600
amortização
Juros e gastos similares suportados -200 -1 200 -2 400 -6 400 -6 100 -8 400
Imposto sobre o rendimento do período -11 600 -12 300 -13 600 -4 500 -4 300 -4 000
121
124
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Proposta de resolução
2) Estrutura de rendimentos
Outros rendimentos Vendas e serviços prestados
Volume de negócios
2% 1%
600,000 65% 3% 3% 3% 3%
400,000 60%
55%
200,000 50%
98% 99%
0 45% 97% 97% 97% 97%
2015 2014 2013 2015 2014 2013
Empresa Setor
125
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
no ano de 2014/15 (7,9%), que parece contrariar uma tendência do setor (crescimento
nulo em 2014/15 e negativo no ano anterior).
Composição do RAI
50,000
40,000
30,000
20,000
10,000
0
2015 2014 2013 2015 2014 2013
-10,000 Empresa Setor
-20,000
Resultados operacionais Resultados extra exploração Resultados financeiros
Os resultados antes de impostos da empresa são influenciados na ordem dos 94% pelos
resultados operacionais, um peso entre os 5% (2015) e os 14% positivos (2013) dos
resultados extra operação e a componente custo do financiamento (negativa) na ordem
dos 1% (2015) aos 7% (2013), refletindo a política da amortização e não renovação do
seu financiamento bancário, de curto e médio longo prazo. A evolução dos RL da
empresa acompanha o crescimento do volume de vendas.
123
126
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
4) Outros indicadores
Empresa Setor
Rúbricas
2015 2014 2013 2015 2014 2013
Vendas e serviços prestados (1) 314.000 291.000 285.600 516.800 518.400 546.100
CMVMC (2) -130.600 -109.500 -98.700 -348.100 -350.000 -375.700
Fornecimentos e serviços
-45.700 -47.700 -44.300 -63.800 -64.500 -67.100
externos (3)
Outros rendimentos (4) 4.900 4.400 8.100 14.200 14.400 15.700
Outros gastos (5) -2.200 -1.200 -3.100 -9.300 -8.600 -9.600
VAB (6) = (1)-(2)-(3)+(4)-(5) 140.400 137.000 147.600 109.800 109.700 109.400
Variação do VAB 2% -7% 0% 0%
VAB / Produção 45% 47% 52% 21% 21% 20%
MB (1-2) 183.400 181.500 186.900 168.700 168.400 170.400
MB / Vendas (α) 58% 62% 65% 33% 32% 31%
7
Rotação ativo 1,8 1,7 1,6 1,0 1,0 1,1
A empresa tem uma MB que, em valor e em termos médios, manteve-se na ordem dos
184.000, contudo com uma alteração significativa, em termos percentuais, o que
significa que os recursos provindos das vendas, após cobertura dos gastos variáveis
libertam de ano para ano menos recursos, para cobrir os restantes.
Face ao setor a empresa apresenta uma maior eficiência na utilização do ativo total.
No ano de 2015 as vendas representam 180% do valor do ativo total (rotação de 1,8),
enquanto no setor as suas vendas anuais correspondem ao seu investimento total
(rotação de 1).
7
Vendas/ativo fixo tangível
124
127
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
5) Conclusão
A empresa apresenta vários aspetos que demonstram que a sua situação económica é
equilibrada, assente nalguns pontos fortes face ao setor, designadamente:
Apresenta, contudo, alguns aspetos que deverão ser analisados, que poderão ser
problemáticos no futuro, designadamente:
128
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
RAJI
Rentabilidade económica do ativo =
Ativo total
Resultado operacional
Rentabilidade económica do ativo de exploração =
Ativo exploração
®4Lü1ú ¡LCE4
• Índice da margem contribuição =
012345
B15CDE43F ’HCI3F
• Rendibilidade líquida das vendas =
012345
B15CDE43F5 FK1L4ôIF24I5
• Rendibilidade operacional das vendas =
012345
Os rácios de rotação indicam o grau de utilização dos ativos e podem indiciar o nível
de funcionamento. Se este indicador for elevado pode significar que se está no limiar
8
Na sigla inglesa EBIT.
126
129
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
012345
• Rotação do ativo =
√ƒ≈∆«
RO MB RO V
RAE = = x x
A V MB A
Em que:
• A = Ativo
• MB = Margem bruta
• RO = Resultado operacional
• V = Vendas
𝑅𝑅𝑅𝑅 𝑀𝑀𝑀𝑀
𝑉𝑉 𝑉𝑉
»…
RAE = =
√ 𝑅𝑅𝑅𝑅
𝑉𝑉
𝑀𝑀𝑀𝑀
𝐴𝐴𝐸𝐸
Em que:
• A = Ativo
• AE = Ativo de exploração = Ativo não corrente exploração + ativo corrente exploração
• MB = Margem bruta
• RAE = Rentabilidade do ativo de exploração
• RO = Resultado operacional
• V = Vendas
130
127
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Bó »…
(1) 𝑥𝑥 = 𝑥𝑥
å √
Bó ÀÃ ÀÃ »…
(2) 𝑥𝑥 = 𝑥𝑥
0 ÀÃ ÀÃ
Exemplo
Essas diferenças são justificadas especialmente pela rotação do ativo e pela estrutura
dos gastos que determinam a rentabilidade operacional das vendas, designadamente o
coeficiente de não absorção que é superior na empresa A, permitindo-lhe maior folga
na cobertura dos gastos fixos de estrutura.
128 131
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
ð MB = Gastos fixos
• Empresa A:
o MB = 1 x 20 unidades = 20 MB
o Gastos fixos = 20
o Resultado operacional = 0
• Empresa B:
o MB = 1 x 30 unidades = 30 MB
o Gastos fixos = 30
o Resultado operacional = 0
Como se observa, para que a empresa B atinja um resultado operacional = 0, tem que
vender 30 unidades, enquanto a empresa A, consegue esse equilíbrio com o volume de
atividade inferior (20 unidades).
132
129
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
60
50
Zona de prejuízo
40
30
20
10
0
1 6 11 16 21 26 31 36 41 46
MB C. Fixos A C. Fixos B
O ponto de equilíbrio da atividade que permite cobrir a totalidade dos gastos (fixos e
variáveis) denomina-se de Ponto Critico ou Ponto Morto Economico e que corresponde
ao volume ou valor de atividade em que a empresa não tem lucro nem prejuízo de
exploração, ou seja, o nível de atividade para o qual a empresa apresenta resultado
de exploração nulo.
Rubricas Valores %
1 Vendas líquidas 200.000 100
9
2 Gastos variáveis totais 40.000 20
3 = 1-2 Margem bruta 160.000 80
4 Gastos fixos totais 100,000 50
5=3-4 Resultado de exploração 60.000 30
Nota: baseado em Menezes (1995)
9
Incluindo os custos financeiros de financiamento, quando reconhecidos em resultados (gasto).
130
133
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Em termos analÍticos, o ponto crítico (Break Even Point) pode ser obtido, quer em
volume de atividade (quantidades), quer em valor de vendas. Quanto maior, mais
elevado o risco económico.
• Resultado operacional = 0
• Resultado operacional = Vendas (V) – Gastos Variáveis (GV) – Gastos Fixos (GF)
• Em termos unitários:
• por isso a quantidade (Q) do ponto crítico das vendas é obtido através da
seguinte fórmula:
Gastos fixos
Ponto crítico (Q) =
PVu − GVu
µç µç
• Ponto crítico valor = Œœ–9—œ– = —œ–
¥7
Œœ– Œœ–
ou
µç µç
• Ponto crítico valor = “ ”(Œœ–9—œ–) = ‘’ multiplicando a margem e o preço
“ ” Œœ– œ÷◊ÿŸ⁄
€ 7‹ ‹
Onde ou 1 − evidencia o coeficiente de não absorção que corresponde à
€ €
proporção das vendas disponível para cobrir os gastos fixos, depois de suportados os
gastos variáveis.
131
134
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Exemplo
• Empresa A:
o MB unitária = 1 (preço de venda = 2, gastos variáveis = 1)
o Gastos fixos = 20
• Empresa B:
o MB unitária = 1 (preço de venda = 2, gastos variáveis = 1)
o Gastos fixos = 30
Proposta de resolução
• Empresa A:
µç ›fi
o Ponto crítico empresa A quantidades = = = 20
û0C7 µ0C ›7¥
µç flfi ›fi
o Ponto crítico empresa A valor = Œœ–9—œ– = ‡9: = = 40
fi,‚
Œœ– ‡
• Empresa B:
µç flfi
o Ponto crítico empresa B quantidades = = = 30
û0C7 µ0C ›7¥
µç flfi flfi
o Ponto crítico empresa B valor = Œœ–9—œ– = ‡9: = = 60
fi,‚
Œœ– ‡
===//===
132 135
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
• Empresa A:
o Ponto crítico das vendas = 40
o H1: Vendas do período = 60
o H2: Vendas do período = 15
Resolução
‰fi7Âfi ›fi
o Margem de segurança operacional H1 = = = 0.33 (3)
‰fi ‰fi
¥‚7Âfi 7›‚
o Margem de segurança operacional H2 = = = −1,66 (6)
¥‚ ¥‚
Na H2 empresa está em sub atividade, não conseguindo cobrir os seus os custos fixos.
O seu ponto de equilíbrio seria encontrado com um acréscimo de vendas de 66,6% (15
x 1,66 = 25).
60 Ponto
Ponto crítico Margem de segurança
50 crítico empresa B
Margem de segurança
40 empresa A
30
20
10
0
1 6 11 16 21 26 31 36 41 46
MB C. Fixos A C. Fixos B
133
136
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
D RO
𝑅𝑅𝑅𝑅fi 𝑀𝑀𝑀𝑀
Efeito alavanca operacional = = 𝑜𝑜𝑜𝑜
D Vendas RO
𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉fi
𝑀𝑀𝑀𝑀
Efeito alavanca operacional =
EBIT
Em que:
pelo que, se não existissem gastos fixos (gastos fixos = 0) este rácio teria valor de 1,
dado que resultado operacional = MB. Valores superiores a 1 refletem o peso dos gastos
fixos.
MB MB MB
Grau de alavanca operacional = = =1−
RO MB − GF GF
Em que:
• GF = Gastos fixos
• MB = Margem bruta
• RO = Resultado operacional
Este rácio é tanto mais elevado, quanto a empresa se encontrar mais próximo do ponto
morto económico. Este indicador aumenta conforme se aumenta os gastos de
estrutura, se o indicador for 3 (efeito multiplicador), indica que uma variação de 20%
nas vendas, os resultados de exploração cresceriam 60% (3 x 20%).
O indicador varia entre 1 (ausência de gastos fixos) e atinge o seu ponto máximo em
∾. Quando os gastos fixos assumem valores elevados neste rácio indica um maior risco
económico, já que correspondem a resultado operacional diminuto em relação à MB.
134
137
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
• Quanto maior for o grau económico de alavanca, mais elevado será o risco
económico
o os resultados da empresa serão mais sensíveis a pequenas descidas do
volume de vendas
• Quanto mais elevado for o ponto crítico, maior será o seu risco económico
o a empresa terá de desenvolver um maior esforço de vendas para
conseguir a cobertura dos gastos fixos, o que pode ser difícil em períodos
de recessão
• Quanto mais baixa for a margem de segurança, maior será o risco económico
o a empresa se funcionar muito próximo do ponto crítico, pode a qualquer
momento entrar na zona de prejuízos.
Exemplo
Considere os seguintes elementos contabilísticos relativos a 3 empresas que
apresentam o mesmo volume de vendas, assim como de resultados operacionais.
138
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
variação de 10% nas vendas teria um impacte de 15% nos resultados operacionais,
efeito que é menor nas restantes empresas.
139
136
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
EMPRESA SETOR
RENDIMENTOS E GASTOS
2015 2014 2013 2015 2014 2013
Vendas e serviços prestados 314 000 291 000 285 600 516 800 518 400 546 100
CMVMC -130 600 -109 500 -98 700 -348 100 -350 000 -375 700
Fornecimentos e serviços externos -45 700 -47 700 -44 300 -63 800 -64 500 -67 100
Gastos com o pessoal -81 800 -79 700 -80 400 -77 600 -78 300 -80 200
Imparidade de dívidas a receber -3 200 -3 000 -2 600
Outros rendimentos 4 900 4 400 8 100 14 200 14 400 15 700
Outros gastos -2 200 -1 200 -3 100 -9 300 -8 600 -9 600
Gastos/reversões de depreciação e de
-21 300 -19 900 -28 300 -12 800 -13 000 -13 600
amortização
Juros e gastos similares suportados -200 -1 200 -2 400 -6 400 -6 100 -8 400
Imposto sobre o rendimento do período -11 600 -12 300 -13 600 -4 500 -4 300 -4 000
Proposta de resolução
140
137
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
2) Indicadores
Empresa Setor
Indicadores
2015 2014 2013 2015 2014 2013
Rendibilidade
REA = RAJI / AT 22% 21% 22% 3% 3% 3%
REAE = RO/AE (b) 20% 19% 19% 2% 2% 1%
Margem bruta das vendas (%) = MB / V 58% 62% 65% 33% 32% 31%
Rendibilidade das vendas = RL / V 8% 8% 8% 1% 1% 0%
Rendibilidade operacional das vendas = RO / V 11% 12% 12% 2% 2% 1%
Risco económico
Ponto crítico (valor) = GF /(MB /Vendas) 254.761 236.167 233.798 482.183 488.848 523.987
Margem de segurança = (V-V0)/V 0,19 0,19 0,18 0,07 0,06 0,04
Grau económico de alavanca 5 5 6 15 18 25
Notas: b) Por simplificação considerou-se que todos os ativos estavam afetos à exploração
Em que:
• AE = Ativo de exploração
• AT = Ativo total
• GF = Gastos fixos
• MB = Margem bruta
• RAJI = Resultado antes de juros e impostos
• REA = Rendibilidade económica do ativo
• REAE = Rendibilidade económica do ativo exploração
• RL = Resultados líquidos
• RO = Resultado operacional
• V = Vendas
• V0 = Vendas no início do período
3) Conclusões
Quer a empresa, quer o setor, laboram com uma margem de segurança, no entanto a
empresa tem uma margem superior (19%) em relação ao setor (entre 7 e 4%). Estes
resultados permitem concluir que a empresa tem mais folga para variações negativas
de volume de vendas, sem pôr em causa os resultados operacionais positivos.
138
141
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Por último refira-se o grau de alavanca económica que coloca a empresa num grau de
risco inferior ao do setor, onde este indicador é cerca de 3 vezes superior (15% em
2015). Tal significa que para uma variação de 1% nas vendas tem um impacto de 5%
nos resultados operacionais da empresa e de 15% no setor, pelo que na empresa o risco
de negócio será inferior à média do setor.
Resultado líquido
Rentabilidade dos capitais próprios =
Capitais próprios
Este indicador parte do princípio que os resultados líquidos traduzem uma medida
válida de enriquecimento do património dos acionistas/sócios da empresa e que o
capital próprio corresponde efetivamente ao investimento dos proprietários.
Este indicador pode ser comparado com as taxas de juro dos depósitos a prazo, ou
outras aplicações de risco equivalente, para avaliar a atratividade de investimentos
alternativos. Também deverá ser comparado com a rendibilidade dos capitais
permanentes, para verificar a importância dos capitais alheios na formação da
rendibilidade da empresa:
139
142
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Resultado líquido
Rentabilidade dos capitais permanentes =
Capitais permanentes
Quanto mais elevado o valor deste rácio, maior a capacidade da empresa se financiar.
Contudo o valor deste rácio poderá ocultar a existência de capitais próprios reduzidos,
facto que condiciona a leitura acrítica deste indicador.
B¬
1. a rentabilidade das vendas crescer ( )
012345
• a empresa pode tentar reduzir os seus gastos de forma a que as margens
finais aumentem.
012345
2. as vendas por unidade de ativo aumentarem ( )
åEIùF
• esta relação pode ser conseguida, mantendo as margens constantes, quando
se consegue reduzir o ativo através da redução dos inventários, créditos a
clientes ou outras rubricas
åEIùF
3. ou a autonomia financeira reduzir ( )
J4KIE4I5 KLóKLIF5
• limitando a dimensão dos capitais próprios e mantendo-se inalterada a
estrutura produtiva e comercial de uma empresa, quanto menor for o
capital próprio em relação ao ativo, maior será a rentabilidade por euro
"investido" pelos seus acionistas.
140
143
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Exemplo
===//===
BåÁË BåÁË
• Rentabilidade económica do ativo REA = =
åEIùF EFE4D J4KIE4I5 KLóKLIF5òû455IùF
B¬
• Rentabilidade dos capitais próprios (RCP) =
J4KIE4I5 KLóKLIF5
e considerando:
141
144
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
• P = Passivo
• kd = Custo do capital alheio
• J = Juros e gastos similares de financiamento = P x kd
• CP = Capital próprio
• t = Taxa de impostos sobre lucros
• RAJI = REA (CP + Passivo)
• RL = (RAJI – J) x (1-t)
por substituição:
BåÁË7Á È (¥7ƒ)
• Rentabilidade dos capitais próprios (RCP) =
Jû
€
• RCP = [REA + x 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 − 𝑘𝑘𝑘𝑘 (1 − 𝑡𝑡)
Jû
BåÁË
• Rendibilidade económica do ativo
åEIùF EFE4D
€
• Composição das origens de fundos
Jû
142
145
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
• Económicos de exploração
• Extraexploração
• Estrutura de financiamento
• Fiscal
RL RAI RAJI RO MB V A
RCP = 𝗑𝗑 𝗑𝗑 𝗑𝗑 𝗑𝗑 𝗑𝗑 𝗑𝗑
RAI RAJI RO MB V A CP
Onde:
B¬ B15CDE43F DíHCI3F
• = = Efeito fiscal
BåË B15CDE43F 42E15 31 IúKF5EF5
Bó »ÔÒÚƒÛÙ« …˘Ô˜Û˙≈«ıÛÚ
• = = Efeito dos gastos de estrutura
®¡ ®4Lü1ú ¡LCE4
®¡ ®4ü1ú öLCE4
• = = rendibilidade bruta das vendas
0 0FDCú1 31 21üóôIF5
146 143
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
0 0FDCú1 31 21üóôIF5
• = = Rotação do ativo (já apesentado anteriormente)
å åEIùF
å åEIùF
• = = Rácio de estrutura do financiamento
Jû J4KIE4D KLóKLIF
===//===
Proposta de resolução
Empresa Setor
Indicadores
2015 2014 2013 2015 2014 2013
Rendibilidade
Comentários:
147
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Como se constata a empresa apresenta uma rendibilidade dos capitais próprios muito
superior à média do setor que, contudo, tem vindo a diminuir de 2013 para 2015.
===//===
145
148
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
• Mais elevado for o nível de incidência fiscal, pois quanto maior o imposto a
pagar ao Estado menos resultados estarão disponíveis para distribuir aos
accionistas.
O risco pode ser avaliado através de vários indicadores, designadamente o ponto crítico
(morto) financeiro, a margem de segurança financeira e o grau financeiro de alavanca
na ótica da DR.
𝑜𝑜𝑜𝑜
µ45EF5 ≥I˚F5 3151úöFD5áù1I5ò†CLF5 1 FCELF5 ü45EF5 31 ≥I242ôI4ú12EF
(em quantidade) = ‘’ –◊¸˝á˛¸Ÿ
Œ˛÷ˇ! –◊¸˝á˛¸!
𝑜𝑜𝑜𝑜
µ45EF5 ≥I˚F5 1˚KDFL4çãF ò †CLF5 1 FCELF5 ü45EF5 31 ≥I242ôI4ú12EF
(em quantidade) = ‘’ –◊¸˝á˛¸Ÿ
Œ˛÷ˇ! –◊¸˝á˛¸!
146
149
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Desta forma, o risco é tanto maior quanto mais baixa for a margem de segurança, dado
que um valor mais baixo deste indicador reflecte o perigo da empresa funcionar
demasiado perto do ponto crítico, podendo facilmente entrar na zona de prejuízo.
D 𝑅𝑅𝐿𝐿
𝑅𝑅𝑅𝑅
Grau de alavanca financeira = 𝑅𝑅𝐿𝐿 =
D 𝑅𝑅𝑅𝑅 𝑅𝑅𝑅𝑅𝐼𝐼
𝑅𝑅𝑅𝑅
D 𝑅𝑅𝐿𝐿
𝐸𝐸𝐸𝐸𝐼𝐼𝑇𝑇
Grau de alavanca financeira = 𝑅𝑅𝐿𝐿 =
D 𝐸𝐸𝐸𝐸𝐼𝐼𝑇𝑇 𝑅𝑅𝑅𝑅𝐼𝐼
𝐸𝐸𝐸𝐸𝐼𝐼𝑇𝑇
Em que:
• RL= Resultado líquido
• RO = Resultado operacional
• RAI = Resultado antes de impostos
• EBIT = Resultados antes de juros e impostos
Visto que:
147
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ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
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Exemplo
148
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ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A questão da viabilidade pode ser resumida, na perspetiva de médio longo prazo, como
(Breia et al., 2014):
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ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
fortes e pontos fracos da empresa na ótica financeira, e desta forma sobre a sua
viabilidade económica e financeira.
Não existe uma metodologia única para um processo de avaliação que depende dos
objetivos (projetos de investimento, liquidação, fusões ou aquisições, capacidade de
gestão, avaliação de estratégias, ou outros) assim como das abordagens efetuadas
(com base no mercado, no rendimento, no património, ou noutras abordagens).
• O peso dos gastos fixos no conjunto dos gastos, e dentro destes, dos
desembolsáveis
• Os juros e gastos similares de financiamento
• Níveis elevados para os pontos críticos (económico e financeiro)
• Baixos níveis de margem de segurança
• Elevados valores para a alavancagem económica e financeira (grau económico
e financeiro de alavanca).
Dependendo o risco global dos riscos económico e financeiro combinados, a sua análise
assenta na combinação dos rácios de risco utilizados em cada uma das dimensões,
designadamente ponto crítico, margem de segurança e efeito de alavanca.
150
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ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O ponto crítico global é um rácio que pretende medir a capacidade da empresa para
suportar os gastos fixos e financeiros. A semelhança dos outros indicadores do ponto
crítico, quanto maior o valor deste rácio, mais elevado o risco total. Neste rácio
conjuga-se dois conceitos anteriores (risco económico através da componente gastos
fixos e financeiro através do resultado financeiro). Desta forma este rácio pretende
medir a capacidade da empresa para suportar os gastos fixos e financeiros.
𝑀𝑀𝑀𝑀
Grau combinado de alavanca =
𝑅𝑅𝑅𝑅𝐼𝐼
Exemplo
151
154
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Na empresa B combinam-se ambos os riscos (tal como na empresa A), sendo que o risco
global se acentua na margem de segurança (mais baixa em termos globais do que
apenas na perspetiva económica) pelo que o efeito de alavanca é incrementado,
denotando que o risco global é superior a cada um dos riscos considerados
individualmente.
7. CONCLUSÃO
Poderá servir de apoio à criação de indicadores de alerta para a situação das empresas
clientes, nos diversos aspetos abordados. Poderá, desta foram contribuir, para
antecipar a adoção de medidas corretivas adequadas para eventuais aspetos negativos.
152
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ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA DAS ENTIDADES PRIVADAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
BIBLIOGRAFIA
Breia, A., Mata, M., e Pereira, V. (2014) Análise económica e financeira: aspetos
teóricos e casos práticos
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