Livro Micro Pequenasempresas PDF
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Os organizadores
ISBN 978-85-7811-152-6
Presidente
Marcelo Crtes Neri
Chefe de Gabinete
Sergei Suarez Dillon Soares
Ouvidoria: http://www.ipea.gov.br/ouvidoria
URL: http://www.ipea.gov.br
Micro e Pequenas Empresas
Mercado de Trabalho e Implicao
para o Desenvolvimento
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7811-152-6
CDD
338.642
permitida a reproduo deste texto e dos dados nele contidos, desde que citada a fonte. Reprodues
para fins comerciais so proibidas.
SUMRIO
APRESENTAO.....................................................................................................................7
INTRODUO.........................................................................................................................9
CAPTULO 1
PRODUTIVIDADE, FINANCIAMENTO E TRABALHO: ASPECTOS DA
DINMICA DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (MPES) NO BRASIL..................................17
Maria Alejandra Caporale Madi
Jos Ricardo Barbosa Gonalves
CAPTULO 2
CONDIES SOCIAIS DOS MICRO E PEQUENOS EMPRESRIOS..........................................43
Waldir Quadros
Alexandre Gori Maia
CAPTULO 3
MICRO E PEQUENAS EMPRESAS: ROTATIVIDADE DA FORA DE
TRABALHO E IMPLICAES PARA O DESENVOLVIMENTO NO BRASIL.................................89
Paulo Srgio Fracalanza
Adriana Nunes Ferreira
CAPTULO 4
CONDIES E RELAES DE TRABALHO NO SEGMENTO
DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS................................................................................113
Jos Dari Krein
Magda Biavaschi
CAPTULO 5
TRABALHO INFORMAL NOS PEQUENOS NEGCIOS: EVOLUO
E MUDANAS NO GOVERNO LULA....................................................................................167
Anselmo Lus dos Santos
CAPTULO 6
DESENVOLVIMENTO ECONMICO RECENTE DO NORDESTE E O
PAPEL DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS......................................................................211
Fernando Augusto Mansor de Mattos
Os coordenadores
1 INTRODUO
No capitalismo contemporneo, as condies de sociabilidade sofreram trans-
formaes profundas como resultado da reconfigurao do padro da riqueza
no espao global. Nesse contexto, a articulao entre investimento e trabalho
estimulou processos de expanso dos negcios de pequeno porte. Os pequenos
negcios apresentam caractersticas especficas que restringem o nvel e a conti-
nuidade de suas atividades, tais como insuficincia de capital e de capacitao
tcnico-administrativa (Cacciamali, 1997, p. 85).
No cenrio brasileiro recente, os condicionantes competitivos das MPEs
podem ser associados ao desempenho e eficincia empresarial que so pautados,
entre outros fatores, pelas condies de produtividade e de financiamento. No
mbito nacional, vrias so as definies adotadas em relao s MPEs. Em geral,
levam-se em considerao critrios quantitativos, como nmero de empregados
por setor de atividade e/ou faturamento anual bruto.
Segundo a definio da Lei Geral das MPEs (Lei no 123/2006), as micro-
empresas so as que possuem um faturamento anual de, no mximo, R$ 240 mil
por ano. As pequenas devem faturar entre R$ 240.000,01 e R$ 2,4 milhes anu-
almente para ser enquadradas. Outra definio adotada pelo Servio Brasileiro
de Apoio s Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que limita a microempresas
aquelas que empregam at9 pessoas, no caso de comrcio e servios, ou at 19
pessoas, no caso dos setores industrial ou de construo. J as pequenas so defi-
nidas como as que empregam de 10 a 49 pessoas, no caso de comrcio e servios,
e de 20 a 99 pessoas, no caso de indstria e empresas de construo. As mltiplas
definies de MPEs existentes no Brasil e seu tratamento metodolgico subsi-
diam a produo de informaes cuja homogeneizao muito limitada.
1. A PAC, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), uma publicao que rene um conjunto de
informaes econmico-financeiras que permitem estimar as caractersticas estruturais bsicas do segmento empresarial
da atividade de comrcio atacadista e varejista, bem como acompanhar a sua evoluo ao longo do tempo. Apresenta,
para o conjunto do pas, dados sobre receitas, despesas, pessoal ocupado, salrios, retiradas e outras remuneraes,
compras, estoques e margem de comercializao, entre outros aspectos, com destaque para as empresas com 20 ou
mais pessoas ocupadas, alm de dados regionalizados sobre a distribuio e a configurao desse segmento econmico.
2. O Anurio do Trabalho na Micro e Pequena Empresa, elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatsticas e
Estudos Socioeconmicos (Dieese) e publicado pelo Sebrae apresenta, com base nos dados da Relao Anual de Infor-
maes Sociais (Rais), estatsticas dos estabelecimentos com e sem empregados formais, por porte, setor de atividade
econmica, classes de tamanho dos municpios etc . Os dados relacionados ao nmero de trabalhadores do segmento
e ao perfil de quem atua nesses empreendimentos (gnero, idade, escolaridade, cor/raa) baseiam-se na Pesquisa
Nacional por Amostra de Domiclios (PNAD), IBGE, na Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), do Dieese, Fundao
Seade e convnios regionais, e na Rais e Cadastro Geral de Empregados e Desempregado (CAGED), do Ministrio do
Trabalho e Emprego (MTE).
Produtividade, Financiamento e Trabalho: aspectos da dinmica das Micro e Pequenas 19
Empresas (MPEs) no Brasil
3. As mudanas na base tcnica, assim como inovaes de processos e produtos, podem propiciar o surgimento de
novas ocupaes, assim como demandar novas habilidades e conhecimentos (SENAC 2009).
22 Micro e Pequenas Empresas: mercado de trabalho e implantao para o desenvolvimento
TABELA 1
Comrcio, valor adicionado por trabalhador (2007-2009)
(Variao anual e acumulada em %)
2007 2008 2009 2009/2007
Total - 3,96 3,07 7,16
At 19 pessoas - 1,96 10,52 8,36
De 20 a 49 pessoas - 8,79 3,41 5,08
De 50 a 99 pessoas - 2,93 4,44 1,64
De 100 a 249 pessoas - 9,33 6,32 2,42
De 250 a 499 pessoas - 7,07 3,86 2,94
500 ou mais pessoas - 6,49 1,88 8,49
Comrcio de veculos, peas e motocicletas - 2,35 0,06 2,29
At 19 pessoas 0,32 6,42 6,08
De 20 a 49 pessoas - 26,77 8,45 16,06
De 50 a 99 pessoas - 6,91 7,54 0,11
De 100 a 249 pessoas - 1,73 6,58 8,19
De 250 a 499 pessoas - 10,35 17,72 9,21
500 ou mais pessoas - 3,28 5,62 8,71
Comrcio por atacado - 7,70 0,25 7,97
At 19 pessoas 1,47 22,05 20,26
De 20 a 49 pessoas - 12,26 8,52 2,70
De 50 a 99 pessoas - 5,22 16,71 12,37
De 100 a 249 pessoas - 19,82 12,56 4,77
De 250 a 499 pessoas - 1,68 1,70 3,41
500 ou mais pessoas - 8,54 4,72 3,42
Comrcio varejista - 1,83 7,44 9,41
At 19 pessoas 1,64 7,94 6,17
De 20 a 49 pessoas - 7,07 6,00 13,50
De 50 a 99 pessoas - 11,24 10,43 22,84
De 100 a 249 pessoas - 0,38 14,28 13,84
De 250 a 499 pessoas - 12,52 7,03 20,44
500 ou mais pessoas - 3,12 6,32 9,64
Fonte: PAC/IBGE. Elaborao dos autores.
Notas: 1. Valor adicionado bruto Corresponde diferena entre o valor bruto da produo e o consumo intermedirio
(gastos da produo). Refere-se ao valor que a atividade acrescenta aos bens e servios consumidos no seu processo
produtivo.
2. Pessoal ocupado Nmero de pessoas ocupadas, com ou sem vnculo empregatcio. Inclui as pessoas afastadas em
gozo de frias, licenas, seguros por acidentes etc., mesmo que estes afastamentos sejam superiores a 15 dias. No
inclui os membros do conselho administrativo, diretor ou fiscal, que no desenvolvem qualquer outra atividade na
empresa, os autnomos, e, ainda, o pessoal que trabalha dentro da empresa, mas remunerado por outras empresas.
As informaes referem-se data de 31.12 do ano de referncia da pesquisa. O pessoal ocupado a soma do pessoal
assalariado ligado e no ligado produo industrial e do pessoal no assalariado.
Produtividade, Financiamento e Trabalho: aspectos da dinmica das Micro e Pequenas 23
Empresas (MPEs) no Brasil
TABELA 2
Comrcio: valor adicionado, nmero de empresas e de pessoas ocupadas em 2009
(Em %)
Nmero Valor Nmero de Valor adicionado/nmero de
Comrcio
de empresas adicionado pessoas ocupadas pessoas ocupadas
Varejista
Atacadista
TABELA 3
Brasil: evoluo da distribuio dos empregos em microempresas por grau de
instruo (2000-2008)
(Em %)
Grau de instruo/ano 2000 2002 2004 2006 2008
Obs.: Em 2006, o total expresso em nmeros absolutos incluiu os empregados com grau de instruo ignorado. Classificao
de grau de instruo baseada na Lei no 11.274, de 6 de fevereiro de 2006, que dispe sobre a durao de nove anos para o
ensino fundamental.
24 Micro e Pequenas Empresas: mercado de trabalho e implantao para o desenvolvimento
TABELA 4
Brasil: evoluo da distribuio dos empregos em empresas de pequeno porte por
grau de instruo (2000-2008)
(Em %)
Grau de instruo/ano 2000 2002 2004 2006 2008
Analfabeto 1,4 1,1 0,6 0,5 0,4
At o 5o ano incompleto1 6,5 5,3 4,3 3,5 3,0
5o ano completo2 12,4 10,4 8,4 6,8 5,5
Do 6 ao 9 ano incompleto
o o
17,7 15,9 14,0 12,1 10,4
Fundamental completo 22,6 22,6 21,9 20,6 19,0
Mdio incompleto 11,3 11,7 12,0 11,6 11,1
Mdio completo 21,3 25,7 30,9 36,4 41,4
Superior incompleto 2,8 3,0 3,3 3,5 3,7
Superior completo3 4,0 4,1 4,6 5,0 5,4
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Total (em nmeros absolutos) 4.317.453 4.808.114 5.367.851 6.016.823 6.914.631
Fonte: Sebrae (2010a). Elaborao: Dieese.
Obs.: Em 2006, o total expresso em nmeros absolutos incluiu os empregados com grau de instruo ignorado. Classificao
de grau de instruo baseada na Lei no 11.274, de 6 de fevereiro de 2006, que dispe sobre a durao de nove anos para o
ensino fundamental.
Em 2009, os dados relativos ao rendimento mdio real mensal das pessoas ocu-
padas por porte de estabelecimento e RM do pas sugerem hipteses para avaliar a re-
levncia dos fatores que incidem sobre a produtividade do trabalho nas MPEs e seus
desdobramentos do ponto de vista da distribuio de renda. Quanto s condies distri-
butivas, os dados indicam que as pessoas ocupadas nas MPEs receberam remunerao
mdia real inferior s ocupadas nas grandes empresas em todas as RMs do pas. Nesse
sentido pode-se inferir que a melhoria no nvel de escolaridade pode ter contribudo
para o avano da produtividade do trabalho nas MPEs, mas no garantiu o equaciona-
mento das desigualdades nas condies de apropriao da riqueza pelos trabalhadores.
Observando-se a produtividade das empresas, podem ser contemplados ou-
tros fatores alm da qualificao do trabalho. Nesse sentido, a mensurao da
produtividade das empresas remete a um indicador calculado por meio da diviso
da receita operacional pelo nmero de pessoas ocupadas.
26 Micro e Pequenas Empresas: mercado de trabalho e implantao para o desenvolvimento
TABELA 6
Comrcio: receita operacional por trabalhador, variao anual e acumulada em
2002-2009
(Em %)
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2009/2002
Total - 1,98 2,43 4,27 0,97 2,75 4,98 2,92 22,25
Comrcio de Veculos, peas e motocicletas - 1,81 7,80 8,26 12,89 8,23 3,97 3,89 42,51
At 19 pessoas - 14,82 1,45 11,52 40,85 4,92 3,66 9,52 18,47
De 20 a 49 pessoas - 2,79 10,12 0,54 6,21 2,04 14,53 10,91 3,90
De 50 a 99 pessoas - 3,01 11,73 12,30 8,54 7,27 1,08 3,94 45,82
De 100 a 249 pessoas - 1,79 13,05 14,43 5,37 10,98 2,04 3,96 44,58
De 250 a 499 pessoas - 11,16 12,88 0,72 10,65 4,68 6,68 8,61 39,40
500 ou mais pessoas - 45,81 7,76 5,39 4,11 17,44 10,29 5,31 80,97
Comrcio por atacado - 0,02 3,16 0,86 1,07 1,18 5,31 4,74 0,70
At 19 pessoas - 6,25 12,59 20,36 1,43 19,64 14,21 3,52 32,47
De 20 a 49 pessoas - 11,96 2,45 2,69 9,05 0,77 5,12 1,81 14,57
De 50 a 99 pessoas - 3,22 4,33 1,22 0,54 1,86 0,95 13,93 3,71
De 100 a 249 pessoas - 11,73 8,85 6,78 1,70 11,68 3,17 4,92 5,76
De 250 a 499 pessoas - 17,49 18,73 11,98 0,58 11,03 1,20 15,25 42,94
500 ou mais pessoas - 9,36 7,79 12,56 3,16 1,79 2,48 5,39 24,32
Comrcio varejista - 0,44 0,85 4,73 1,08 1,22 5,23 1,80 23,41
At 19 pessoas - 1,73 2,72 8,19 4,23 4,66 3,26 1,24 30,38
De 20 a 49 pessoas - 1,91 1,74 5,50 2,27 3,71 6,96 0,80 0,22
De 50 a 99 pessoas - 6,12 4,26 0,49 2,36 1,60 9,42 2,67 16,58
De 100 a 249 pessoas - 5,53 3,88 2,13 3,79 2,04 3,38 3,91 18,34
De 250 a 499 pessoas - 5,73 6,06 2,62 2,35 2,44 6,53 5,82 19,06
500 ou mais pessoas - 3,38 2,32 3,39 1,51 1,24 3,29 2,79 0,15
Fonte: PAC/IBGE. Elaborao dos autores.
Notas: 1 Receita operacional lquida corresponde s receitas brutas provenientes da explorao das atividades principais e
secundrias exercidas pela empresa, com dedues dos impostos e contribuies Imposto
sobre Circulao de Mer-
cadorias e Servios (ICMS), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Servios de Qualquer Natureza
(ISS), Programa de Integrao Social (PIS), Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) etc. das
vendas canceladas, abatimentos e descontos incondicionais.; <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/co-
mercioeservico/pac/2009/notatecnica.pdf>.
2
Pessoal ocupado: nmero de pessoas ocupadas, com ou sem vnculo empregatcio. Inclui as pessoas afastadas em
gozo de frias, licenas, seguros por acidentes etc., mesmo que estes afastamentos sejam superiores a 15 dias. No
inclui os membros do conselho administrativo, diretor ou fiscal, que no desenvolvem qualquer outra atividade na
empresa, os autnomos, e, ainda, o pessoal que trabalha dentro da empresa, mas remunerado por outras empresas.
As informaes referem-se data de 31 de dezembro do ano de referncia da pesquisa. O pessoal ocupado a soma
do pessoal assalariado ligado e no ligado produo industrial e do pessoal no assalariado.
Produtividade, Financiamento e Trabalho: aspectos da dinmica das Micro e Pequenas 27
Empresas (MPEs) no Brasil
TABELA 7
Comrcio: receita operacional lquida, valor adicionado, empresas e pessoal
ocupado em 2009
(Em %)
Nmero Valor Receita opera- Nmero de pes- Valor adicionado/receita
Comrcio
de empresas adicionado cional lquida soas ocupadas operacional lquida
Varejista
At 19 pessoas 97,5 50,9 41,8 60,3 1,22
Com 500 ou mais 0,03 25,3 30,6 16,2 0,83
Atacadista
At 19 pessoas 92,9 33,1 16,9 36,7 1,96
Com 500 ou mais 0,1 25,1 38,7 17,9 0,65
Veculos automotores, peas e motocicletas
At 19 pessoas 96,4 36,4 18,7 57,3 1,95
De 100 a 249 pessoas 0,4 18,4 25,8 11,3 0,71
Fonte: PAC (2009).
3 CONDIES DE FINANCIAMENTO
Uma das questes tericas centrais para o entendimento da dinmica da acumu-
lao capitalista o financiamento do processo de investimento. A interpretao
schumpeteriana sobre a dinmica capitalista evidencia o papel dos bancos como
criadores de poder de compra para a promoo de investimentos com inovao
(Schumpeter, 1975). Nesse quadro terico, o empresrio inovador aquele agente
que mobiliza recursos produtivos e crdito para promover mudanas na organizao
produtiva. Em outras palavras, para Schumpeter a relao entre empresrio inovador
e crdito fundamental no processo de desenvolvimento.
4. Kupfer e Rocha (2004) destacam a dificuldade de incluir o componente tecnolgico no rol dos elementos expli-
cativos da evoluo da produtividade devido a limitaes de acesso aos dados da Pesquisa de Inovao Tecnolgica
da Indstria Brasileira (PINTEC), divulgada pelo IBGE em 2002. Basicamente, a tentativa de obter estatsticas sobre
o comportamento tecnolgico das empresas, recortadas por setor industrial a 3 dgitos e faixas de tamanho, no foi
bem-sucedida em funo do grande volume de informaes perdidas em consequncia das clusulas de confidencia-
lidade que cercam a divulgao dos dados (mnimo de trs empresas por informao na amostra no expandida). O
prosseguimento dessa linha de investigao deve envolver necessariamente o recurso aos microdados da PINTEC e
tambm aos da Pesquisa Industrial Anual (PIA).
Produtividade, Financiamento e Trabalho: aspectos da dinmica das Micro e Pequenas 29
Empresas (MPEs) no Brasil
QUADRO 1
Bancos privados: estratgias de crdito no segmento das MPMEs (maro/2010)
Banco Carteiras/estratgias de crdito
Santander: dobrar a base de clientes Em maro de 2010, 22% da carteira total de crdito (R$ 139,9 bilhes) eram destina-
para 1 milho at 2012 dos a empresas de pequeno e mdio porte. A expectativa crescer 25% em 2010
Bradesco: carteira de 1,1 milho Em maro de 2010, a carteira de crdito era de R$ 235 bilhes, sendo R$ 68 bilhes
de clientes para micro, pequenos e mdios empresrios. A estratgia para expanso fundamenta-
se na desburocratizao do crdito por meio da oferta de produtos pela internet
Ita-Unibanco: carteira de 1,5 milho Em 2010, tem 11% de participao no mercado. A estratgia de expanso de
de clientes crescimento de 20% no volume emprestado em 2010, atingindo 12,5% de sua rea
de atuao
Fonte: Relatrios anuais dos bancos selecionados.
QUADRO 2
PDP: iniciativas para expandir o financiamento e ampliar o acesso ao crdito
(2008-2010)
Banco Aes
l Expanso do Carto BNDES
BNDES
l Aumento das linhas de financiamento para as exportaes de MPMEs (BNDES- Exim, Pr-Embarque e Ps-Embarque)
l Financiamento de equipamentos com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e do BNDES
l Expanso do Carto BNDES para MPEs
CAIXA
l Lanamento de linha de crdito para empreendedor individual
l Estmulo a crdito para a cadeia do turismo
l Apoio a arranjos produtivos locais (APLs) distribudos pelos seguintes setores: couro e calados; madeira e mveis:
metal-mecnico; lcool, petrleo e gs; tecnologia da informao (TI); e txtil e confeces
BB
l Implementao do programa Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) Empresarial de Apoio s MPEs.
l Ampliada a oferta de recursos no mbito do Programa Nacional de Microcrdito Produtivo Orientado (PNMPO)
6. No contexto da crise de 2008, por exemplo, o menor crescimento dos emprstimos bancrios at R$ 100 mil a
pessoas jurdicas levou muitos pequenos negcios no Brasil a utilizar crdito de fornecedores e financiamentos mais
caros, tais como cheque especial e carto de crdito.
7. Considerando-se o ano de 2009, a carteira total de crdito do BB atingiu R$ 300,8 bilhes, sendo que 14,9% (R$ 44,9
bilhes) foram destinados s MPEs, representando um crescimento anual de 29% em relao ao fim de dezembro. Os
destaques correspondem s operaes de capital de giro BB Giro Empresa Flex e BB Giro no Carto. No financiamento
a investimentos, destacam-se o Carto BNDES e o Proger Urbano empresarial, principal produto da modalidade. No
bojo das estratgias de expanso do crdito, o BB implementou o Fundo Garantidor de Operao (FGO) e o Fundo
Garantidor de Investimento (FGI) em 2009, com o objetivo de reduzir os custos das operaes de crdito s MPEs.
Quanto ao BNDES, em julho de 2010, os desembolsos atingiram R$ 134,9 bilhes, sendo 14% destinados s empresas
de micro e pequeno porte; 5%, pessoa fsica; 9%, s mdias empresas; e 72%, a grandes empresas e infraestrutura.
Em 2004, no limiar do ciclo de expanso do crdito, os desembolsos do BNDES atingiram R$ 39,834 bilhes, sendo
24,06% destinados a MPEs e pessoa fsica; 7,5%, s mdias empresas; e 68,42%, s grandes empresas. Em relao
aos produtos deste banco, o principal o Financiamento de Mquinas e Equipamentos (Finame), que responde por
mais de 50% do total de desembolso dirigido s MPMEs. Em seguida, identificam-se o Finame Agrcola, o BNDES
Automtico e o Carto BNDES. A regio Sudeste tem predominncia nos desembolsos para MPMEs, com participao
de 40%. Segundo o Relatrio do BNDES, assim como os demais segmentos, as MPMEs beneficiaram-se da queda da
Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que, desde 2003, foi praticamente reduzida metade (de 12%, no incio de 2003,
para 6,25%, ao fim de 2008). Os spreads mdios cobrados pelos agentes financeiros tambm evoluram de forma
favorvel, tendo sido reduzidos de 3,5% a.a., em 2003, para 2,9% a.a., em 2008. As empresas ainda puderam contar
com o aumento dos prazos de financiamento das operaes nos produtos Finame, Finame Leasing, BNDES Automtico
e Carto BNDES. Nas operaes realizadas com as MPMEs em TJLP, os prazos aumentaram de 46 para 52 meses, de
2003 a 2008. Nesse processo, foi aperfeioado o Fundo de Garantia para a Promoo da Competitividade (FGPC).
8. A crise de 2008 revelou que o sistema bancrio no Brasil funcionava sob marcos regulatrios que limitavam a
expanso dos fluxos financeiros domsticos e que se expressavam em alquotas de depsitos compulsrios e nveis de
capitalizao superiores aos vigentes no mercado bancrio internacional.
32 Micro e Pequenas Empresas: mercado de trabalho e implantao para o desenvolvimento
QUADRO 3
Programas de fomento gerao de emprego e renda
Programas Finalidade/pblico-alvo Instituies
BNB
Programa de Gerao de Emprego e Renda para pequenos empreendedores BB
Proger
na rea urbana e rural CAIXA
Basa
FAT Fomentar Investimento produtivo de MPMEs BNDES
FAT Exportar Financiamento de empresas exportadoras BNDES
CAIXA
Desenvolvimento de microcrdito visando beneficiar pequenos empreendedores
FAT Empreendedor Popular BB
informais
BNB
Fonte: Cintra (2007).
9. Em 2005, apenas 7% das MPEs tinham emprstimos bancrios contrados em nome da empresa. Essa proporo
cresceu para 9% em 2006, 16% em 2007 e 22% em 2008. Nesse ltimo ano, o cadastro do Sebrae identificava que
46% das operaes contratadas foram de at R$ 25 mil; 47% dos emprstimos obtidos nesse ano tiveram origem
em bancos pblicos, tais como o BB (30%), a CAIXA (12%), bem como o BNB, o Banco do Estado do Rio Grande do
Sul (Banrisul), o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e o Basa, todos com 5%; 53% dos emprstimos
estavam pulverizados entre diversos agentes financeiros, incluindo cooperativas de crdito. O crdito com recursos
direcionados no Brasil atingiu 10,3% e 14,8% do PIB em 2007 e 2009, respectivamente, em contexto de expanso da
participao do crdito total/PIB de 35,2% em 2007 para 45% em 2009.
34 Micro e Pequenas Empresas: mercado de trabalho e implantao para o desenvolvimento
QUADRO 4
Aes do governo orientadas para simplificar e ampliar o financiamento das MPEs
Medidas Informaes complementares Impactos sobre as MPEs
Criao de dois fundos garantido-
Criao do Fundo Garantidor de res de crdito para MPEs e compra
Simplificao do acesso ao crdito
Crdito de bens de capital, administrados
pelo BNDES e pelo BB
Dispensa da Certido Negativa
Medidas voltadas para MPEs no
de Dbito do Instituto Nacional
inscritas no Cadastro Informativo
de Seguridade Social (INSS) e do Simplificao do acesso ao crdito
de Crditos no Quitados do Setor
Certificado de Regularidade do
Pblico Federal (Cadin)
FGTS nas operaes de crdito
Definido no mbito dos governos
Estruturao de programa para
federal, estadual e municipal, possi- Ampliao da participao de MPEs em licitaes
ampliar a participao de MPEs
bilitando, inclusive, acesso s linhas pblicas, facilitando o acesso ao crdito
em preges e licitaes pblicas
de crdito para este servio
Criado pelo Conselho Monetrio
Nacional (CMN) por meio da
Resoluo no 3.517, de 6 de
Implementao do custo efetivo
dezembro de 2007 para que Ampliao da competitividade e do fortalecimento
total (CET) para pessoas jurdicas,
o consumidor conhea todos os da estrutura patrimonial das MPEs
principalmente s MPEs
custos de um emprstimo ou
financiamento antes de fechar o
contrato
Lei no 11.598/2007
i) reduo no tempo de abertura de empresas para
Criao da Rede Nacional para
no mximo cinco dias teis; ii) reduo de custos;
Simplificao do Registro e da Le-
iii) desburocratizao; iv) acesso a informaes e
galizao de Empresas e Negcios
orientaes consolidadas na internet; v) criao de
(Redesim)
empregos formais; vi) crescimento econmico com
aumento da produtividade
4 CONSIDERAES FINAIS
No cenrio econmico brasileiro, inegvel a importncia das MPEs para o de-
senvolvimento nacional no mbito da gerao de empregos e renda em uma situa-
o caracterizada pela concentrao e pela centralizao do capital.11
No perodo entre 2000 e 2009, as MPEs apresentaram uma tendncia de
crescimento da produtividade com expanso do emprego. Pode-se inferir que a
evoluo da produtividade das empresas vinculou-se s condies de expanso da
atividade econmica, do aumento do nvel de renda e do crescimento do empre-
go, em especial a partir de 2005. Nesse cenrio, pode-se argumentar que o choque
de racionalidade12 atravs da modernizao da gesto e a incorporao das ino-
vaes tecnolgicas desempenhou papel menos relevante do que as expectativas
de rentabilidade diante das condies favorveis de mercado. Com efeito, no se
pode desconsiderar o significado da qualificao da fora de trabalho, cujo impac-
to pode ter sido positivo na sobrevivncia das MPEs em uma conjuntura na qual
as restries de acesso ao financiamento evidenciam limites para o investimento.
Nesse sentido, relevante pensar os desafios e perspectivas das MPEs no
cenrio contemporneo, caracterizado por importantes mudanas na estrutura
produtiva. A insero da MPE no contexto do desenvolvimento nacional requer
a construo de vantagens competitivas especficas que potencializem suas possi-
bilidades de crescimento e seu desempenho com impactos significativos no merca-
do de trabalho. Assim, a heterogeneidade e as especificidades das MPEs revelam a
importncia da sistematizao de informaes, de maneira a fundamentar polticas
10. Em verdade, a pesquisa realizada pelo Sebrae (2009a) identifica que as principais fontes de financiamento utiliza-
das pelos micro e pequenos empresrios so: fornecedores, cheque especial, carto de crdito e cheque pr-datado.
11. Novas formas de investimento tm estimulado a concentrao de atividades caractersticas do micro e pequeno
empresrio. o caso de algumas modalidades de fundos private equity. A esse respeito ver a anlise desenvolvida por
Gonalves e Madi (2011).
12. No regime de acumulao liderado pelas finanas, a gesto da empresa de grande porte visa maior liquidez, flexibi-
lidade e mobilidade para o capital. Aps a dcada de 1970, a reorganizao dos mercados consolidou no nvel global a
lgica financeira em um cenrio caracterizado por: expanso dos mercados de capitais e dos gestores de fundos; novas
estratgias de crescimento; fuses e aquisies; e venda de unidades de negcios (Crotty, 2002). Nesse quadro de
financeirizao, Lazonick e OSullivan (2000) destacam a mudana na orientao da administrao da grande empresa
de retain & invest, na qual os lucros eram acumulados e reinvestidos, para downsize & distribute, em que a estratgia
da corporao passa a privilegiar a distribuio de dividendos aos acionistas, isto , aos investidores. A lgica financeira
subordina as decises quanto aplicao em ativos, estimulando, inclusive, ganhos no operacionais (Serfati, 1996).
Nesse contexto, a reestruturao produtiva e o redimensionamento da fora de trabalho so pilares do processo de
redefinio das estratgias que reforam a importncia dos ganhos em curto prazo (Rappaport, 2005).
36 Micro e Pequenas Empresas: mercado de trabalho e implantao para o desenvolvimento
REFERNCIAS
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nacional. Braslia, maio 2009. Disponvel em: <http://www.bcb.gov.br/htms/es-
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resultados para a economia brasileira. Rio de Janeiro: Ipea, 1998 (Texto para
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PRESARIAIS DO BRASIL. Informativo semanal sobre temas econmicos,
tributrios e polticos de interesse do setor privado brasileiro e de utilidade
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em perspectiva, So Paulo, v. 11, n. 1, p. 82-87, jan./mar. 1997.
Produtividade, Financiamento e Trabalho: aspectos da dinmica das Micro e Pequenas 37
Empresas (MPEs) no Brasil
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A competitividade nos setores de comrcio, de servios e do turismo no Brasil:
perspectivas at 2015: tendncias e diagnsticos. Braslia, 2008.
CNI/SEBRAE CONFEDERAO NACIONAL DA INDSTRIA/SERVIO
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CIONAL DA INDSTRIA, 14. Braslia, 2009. Disponvel em: <www.cni.org.br>.
______. A indstria e o Brasil. Uma agenda para crescer mais e melhor. Agenda
para micro e pequena empresa. Braslia, 2010. Disponvel em: <www.cni.org.br>.
______. Sondagem industrial. Braslia, 2011. Disponvel em: < www.cni.org.br> .
_____. Sondagem especial - China. Ano 9 Nmero 1 Braslia. 2011a. Dispon-
vel em: < www.cni.org.br>.
40 Micro e Pequenas Empresas: mercado de trabalho e implantao para o desenvolvimento
1 INTRODUO
Neste captulo ser apresentada uma viso abrangente do perfil social dos micro e
pequenos empresrios, bem como de sua evoluo durante o perodo recente de
crescimento econmico mais expressivo, que foi acompanhado de formalizao
das relaes de trabalho, reduo significativa da misria e expanso da baixa
classe mdia.1
Um dos aspectos centrais diz respeito ao papel dos micro e pequenos em-
presrios na gerao de empregos assalariados, tanto formais quanto informais,
bem como dos salrios pagos por eles aos empregados. O peso especfico da contri-
buio deste segmento ao desenvolvimento social e econmico ser identificado
pela comparao com o desempenho dos demais empresrios.
A fonte dos dados primrios a Pesquisa Nacional por Amostra de Domi-
clios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), a mais
indicada para este tipo de abordagem, uma vez que engloba tanto os empreen-
dimentos e empregos formais como os informais, facultando o mais abrangente
panorama social. A nica ressalva a de que, pela sua natureza de inqurito do-
miciliar, os grandes empresrios so bastante sub-representados.2
O segmento dos micro e pequenos empresrios ser associado ao grupo ocupa-
cional dos empregadores com at 10 empregados.
Para melhor caracterizar o perfil social deste segmento sero realizadas com-
paraes com outros trs grupos ocupacionais com alguma afinidade em termos
de estratificao social. Em primeiro lugar, com os empregadores com 11 ou mais
TABELA 1
Brasil: estrutura da ocupao segundo o tamanho das empresas
2003 2009
Nmero de ocupados
Mil pessoas % Mil pessoas %
Fonte: PNAD/IBGE.
3. O tamanho do estabelecimento definido neste estudo pelo nmero de trabalhadores assalariados permanentes.
Contudo, necessrio alertar para o fato de que no item relativo ao tamanho da empresa, o questionrio aplicado aos
empregados difere daquele dos empregadores. No caso dos empregadores a pergunta sobre o nmero de emprega-
dos na empresa, o que exclui o empregador. J no que se refere aos empregados, indagado o nmero de ocupados,
incluindo o empregador. Como no possvel compatibilizar as duas variveis importante atentar para esta diferena
que, se no impede a anlise comparativa mais panormica, no d suporte a exerccios quantitativos mais especficos.
4. Para compatibilizar os dados da srie, no se inclui o Norte rural, que foi captado pela PNAD apenas a partir de 2004.
5. Os rendimentos incluem todas as rendas declaradas e no apenas aquelas da ocupao principal.
TABELA 2
Brasil: estrutura dos rendimentos segundo o tamanho das empresas
2003 2009
Nmero de ocupados
R$ milhes1 % R$ milhes1 %
Fonte: PNAD/IBGE.
Nota: 1 Valores de outubro de 2009. Deflator: ndice Nacional de Preos ao Consumidor (INPC) corrigido, Ipea.
TABELA 3
Estrutura setorial da ocupao segundo o tamanho das empresas
(Em %)
2003 2009
Setores de atividade
11 ou + <= 10 11 ou + <= 10
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 4
Estrutura setorial da ocupao segundo o tamanho das empresas
(Em %)
2003 2009
Setores de atividade
11 ou + <= 10 11 ou + <= 10
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 5
Estrutura setorial dos rendimentos segundo o tamanho das empresas
(Em %)
2003 2009
Setores de atividade
11 ou + <= 10 11 ou + <= 10
Fonte: PNAD/IBGE.
Por sua vez, os dados da tabela 6 revelam cinco atividades em que as MPEs
se destacam: alojamento e alimentao, comrcio e reparao, servios pessoais e
recreativos, outros servios e construo civil. Entretanto, ao longo do perodo
de crescimento recente as participaes das MPEs recuam nestas atividades,
exceo dos servios pessoais e recreativos.
TABELA 6
Estrutura setorial dos rendimentos segundo o tamanho das empresas
(Em %)
2003 2009
Setores de atividade
11 ou + <= 10 11 ou + <= 10
Fonte: PNAD/IBGE.
6. reas no rurais, uma vez que as reas rurais foram contempladas pela PNAD apenas a partir de 2004.
7. As RMs de Salvador, Recife e Fortaleza.
TABELA 7
Estrutura regional dos rendimentos segundo o nmero de ocupados (2003)
(Em R$ milhes1)
Regies 11 ou + <= 10 6 a 10 3a5 1a2 Total
Fonte: PNAD/IBGE.
Nota: 1 Valores de outubro de 2009. Deflator: INPC corrigido, Ipea.
TABELA 8
Estrutura regional dos rendimentos segundo o nmero de ocupados (2009)
(Em R$ milhes1)
Regies 11 ou + <= 10 6 a 10 3a5 1a2 Total
Fonte: PNAD/IBGE.
Nota: 1 Preos de outubro de 2009. Deflator: INPC corrigido, Ipea.
TABELA 9
Estrutura regional dos rendimentos segundo o nmero de ocupados (2003)
(Em R$ milhes)
Regies 11 ou + <= 10 6 a 10 3a5 1a2 Total
Fonte: PNAD/IBGE.
Por sua vez, os dados da tabela 10 indicam que no perodo recente de cresci-
mento econmico mais expressivo estas participaes regionais das MPEs variaram
muito pouco.
Entretanto, o panorama relativamente distinto quando se considera o
comportamento da ocupao, tal como apresentado nas tabelas 11 a 14.
De fato, a tabela 13 indica que, tal como no mbito nacional, a participao
regional das MPEs no total da ocupao significativamente mais expressiva do
que a participao nos rendimentos, ainda que ela tambm varie inversamente ao
nvel de renda per capita. Em 2003 ela atinge 35% da ocupao na regio A, 42%
na regio B e 52% na regio C.
TABELA 10
Estrutura regional dos rendimentos segundo o nmero de ocupados (2009)
(Em %)
Regies 11 ou + <= 10 6 a 10 3a5 1a2 Total
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 11
Estrutura regional dos rendimentos segundo o nmero de ocupados (2003)
(Mil pessoas)
Regies 11 ou + <= 10 6 a 10 3a5 1a2 Total
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 12
Estrutura regional das pessoas ocupadas segundo o nmero de ocupados (2009)
(Mil pessoas)
Regies 11 ou + <= 10 6 a 10 3a5 1a2 Total
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 13
Estrutura regional das pessoas ocupadas segundo o nmero de ocupados (2003)
(Em %)
Regies 11 ou + <= 10 6 a 10 3a5 1a2 Total
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 14
Estrutura regional das pessoas ocupadas segundo o nmero de ocupados (2009)
(Em %)
Regies 11 ou + <= 10 6 a 10 3a5 1a2 Total
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 15
Rendimentos mdios regionais das pessoas ocupadas segundo o nmero
de ocupados (2003)
(Em R$1)
Regies 11 ou + 6 a 10 3a5 1a2
Fonte: PNAD/IBGE.
Nota: 1 Valores de outubro de 2009. Deflator: INPC corrigido, Ipea.
TABELA 16
Rendimentos mdios regionais das pessoas ocupadas segundo o nmero
de ocupados (2009)
(Em R$1)
Regies 11 ou + 6 a 10 3a5 1a2
Fonte: PNAD/IBGE.
Nota: 1 Valores de outubro de 2009. Deflator: INPC corrigido, Ipea.
TABELA 17
Variao dos rendimentos mdios regionais das pessoas ocupadas segundo o
nmero de ocupados (2003 a 2009)
(Em %)
Regies 11 ou + 6 a 10 3a5 1a2
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 18
Estrutura setorial e regional dos rendimentos empresas com at 10 pessoas
ocupadas (2003)
(Em R$ milhes1)
Setores de atividade Regio A Regio B Regio C Total
Indstria de transformao 746 139 82 967
Outras atividades industriais 20 8 3 30
Construo civil 386 106 78 570
Comrcio e reparao 1.679 387 247 2.313
Alojamento e alimentao 293 67 34 394
Transporte, armazenagem e comunicao 300 77 44 421
Educao, sade e servio social 344 70 36 450
Setor financeiro 136 16 6 158
Atividades a empresas 506 89 46 641
Servios pessoais e recreativos 226 42 25 293
Outros servios 425 76 35 535
Total 5.091 1.082 638 6.811
Fonte: PNAD/IBGE.
Nota:1 Valores de outubro de 2009. Deflator: INPC corrigido, Ipea.
TABELA 19
Estrutura setorial e regional dos rendimentos empresas com at 10 pessoas
ocupadas (2009)
(Em R$ milhes1)
Setores de atividade Regio A Regio B Regio C Total
Fonte: PNAD/IBGE.
Nota:1 Valores de outubro de 2009. Deflator: INPC corrigido, Ipea.
TABELA 20
Estrutura setorial e regional dos rendimentos empresas com at 10 pessoas
ocupadas (2003)
(Em %)
Setores de atividade Regio A Regio B Regio C Total
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 21
Estrutura setorial e regional dos rendimentos empresas com at 10 pessoas
ocupadas (2009)
(Em %)
Setores de atividade Regio A Regio B Regio C Total
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 22
Estrutura setorial e regional dos rendimentos empresas com at 10 pessoas
ocupadas (2003)
(Em %)
Setores de atividade Regio A Regio B Regio C Total
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 23
Estrutura setorial e regional dos rendimentos empresas com at 10 pessoas
ocupadas (2009)
(Em %)
Setores de atividade Regio A Regio B Regio C Total
Fonte:PNAD/IBGE.
TABELA 24
Estrutura setorial e regional das pessoas ocupadas empresas com at 10 pessoas
ocupadas (2003)
(Mil pessoas)
Setores de atividade Regio A Regio B Regio C Total
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 25
Estrutura setorial e regional das pessoas ocupadas empresas com at 10 pessoas
ocupadas (2009)
(Mil pessoas)
Setores de atividade Regio A Regio B Regio C Total
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 26
Estrutura setorial e regional das pessoas ocupadas empresas com at 10 pessoas
ocupadas (2003)
(Em %)
Setores de atividade Regio A Regio B Regio C Total
Indstria de transformao 14,9 13,8 15,2 14,8
Outras atividades industriais 0,4 0,6 0,5 0,4
Construo civil 10,2 11,5 14,6 11,1
Comrcio e reparao 35,2 36,9 39,0 36,1
Alojamento e alimentao 7,5 8,6 6,3 7,5
Transporte, armazegem e comunicao 4,9 5,1 6,2 5,2
Educao, sade e servio social 6,4 5,7 5,2 6,1
Setor financeiro 1,3 0,9 0,4 1,1
Atividades a empresas 7,6 6,8 4,4 6,9
Servios pessoais e recreativos 4,6 4,2 4,1 4,5
Outros servios 6,6 5,4 3,7 5,9
Total 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 27
Estrutura setorial e regional das pessoas ocupadas empresas com at 10 pessoas
ocupadas (2009)
(Em %)
Setores de atividade Regio A Regio B Regio C Total
Indstria de transformao 14,6 12,5 13,0 13,9
Outras atividades industriais 0,4 0,7 0,6 0,5
Construo civil 10,1 11,3 16,0 11,3
Comrcio e reparao 34,1 37,1 39,4 35,6
Alojamento e alimentao 8,1 8,9 7,7 8,2
Transporte, armazenagem e comunicao 4,7 4,5 4,3 4,6
Educao, sade e servio social 6,0 5,1 3,9 5,5
Setor financeiro 1,3 0,8 1,0 1,2
Atividades a empresas 8,0 7,3 5,1 7,4
Servios pessoais e recreativos 5,3 5,1 4,1 5,1
Outros servios 6,6 6,1 4,2 6,1
Total 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: PNAD/IBGE.
Por fim, como se constata nas tabelas 28 e 29, no perodo recente de cres-
cimento econmico mais expressivo, a regio A tambm perde participao na
ocupao total, em favor das regies B e C.
TABELA 28
Estrutura setorial e regional das pessoas ocupadas: setor privado urbano empresas
com at 10 pessoas ocupadas (2003)
(Em %)
Setores de atividade Regio A Regio B Regio C Total
Indstria de transformao 66,7 17,2 16,0 100,0
Outras atividades industriais 55,7 26,2 18,1 100,0
Construo civil 60,5 19,1 20,4 100,0
Comrcio e reparao 64,3 18,9 16,8 100,0
Alojamento e alimentao 65,9 21,2 12,9 100,0
Transporte, armazenagem e comunicao 62,9 18,3 18,7 100,0
Educao, sade e servio social 69,2 17,4 13,4 100,0
Setor financeiro 78,6 15,2 6,2 100,0
Atividades a empresas 72,0 18,1 9,9 100,0
Servios pessoais e recreativos 68,0 17,5 14,4 100,0
Outros servios 73,4 16,8 9,8 100,0
Total 66,0 18,5 15,5 100,0
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 29
Estrutura setorial e regional das pessoas ocupadas: setor privado urbano empresas
com at 10 pessoas ocupadas (2009)
(Em %)
Setores de atividade Regio A Regio B Regio C Total
Indstria de transformao 67,4 17,3 15,3 100,0
Outras atividades industriais 52,8 27,8 19,4 100,0
Construo civil 57,6 19,2 23,2 100,0
Comrcio e reparao 61,7 20,1 18,2 100,0
Alojamento e alimentao 63,5 21,0 15,5 100,0
Transporte, armazenagem e comunicao 65,5 18,9 15,6 100,0
Educao, sade e servio social 70,4 17,8 11,8 100,0
Setor financeiro 72,7 13,6 13,7 100,0
Atividades a empresas 69,7 19,0 11,3 100,0
Servios pessoais e recreativos 67,6 19,2 13,2 100,0
Outros servios 69,5 19,2 11,3 100,0
Total 64,3 19,3 16,4 100,0
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 30
Estrutura ocupacional das pessoas ocupadas
2003 2009
Estrutura ocupacional
Nmero (mil) % Nmero (mil) %
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 31
Renda mdia das pessoas ocupadas
2003 2009
Estrutura ocupacional
(R$)1 (R$)1
Fonte: PNAD/IBGE.
Nota: 1 Valores de outubro de 2009.
TABELA 32
Variao no perodo 2003-2009
(Em %)
Estrutura ocupacional Nmero de pessoas Renda mdia Renda total
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 33
Composio dos micro e pequenos empresrios
(Em %)
Nmero de empregados 2003 2009
6 a 10 12,7 12,5
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 34
Renda mdia dos micro e pequenos empresrios
(Em R$1)
Nmero de empregados 2003 2009 2009/2003
Fonte: PNAD/IBGE.
Nota: 1 Valores de outubro de 2009.
8. Cabe registrar que, ao contrrio do que ocorre com os empregados, as informaes da PNAD permitem segmentar
os empregadores das atividades agrcolas.
9. Nas tabelas de composio setorial so apresentadas apenas as atividades com maior importncia relativa.
TABELA 35
Composio setorial do estrato com 11 ou mais empregados
(Em %)
Setor de atividade 2003 2009
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 36
Composio setorial do estrato de 6 a 10 empregados
(Em %)
Setor de atividade 2003 2009
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 37
Composio setorial do estrato de 3 a 5 empregados
(Em %)
Setor de atividade 2003 2009
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 38
Composio setorial do estrato de 1 a 2 empregados
(Em %)
Setor de atividade 2003 2009
Fonte: PNAD/IBGE.
10. A metodologia completa pode ser encontrada em Quadros (2008a, 2008b) e acessada em: <www.eco.unicamp.br>.
Merece meno especial o entendimento da renda declarada como uma forma de representao social.
TABELA 39
Definio dos nveis sociais segundo faixas de rendimentos
Nvel social Faixas de rendimentos1
Fonte: PNAD/IBGE.
Notas: 1 Valores em outubro de 2009. Deflator: INPC corrigido para a PNAD, Ipea.
2
O valor real do salrio mnimo (SM) em janeiro de 2004, atualizado.
11. Como enfatizado nas apresentaes metodolgicas, entende-se que pela sua prpria natureza de inqurito do-
miciliar a PNAD no contempla a representao social das pessoas ricas. Por esta razo, a pirmide vai apenas at a
alta classe mdia.
TABELA 40
Composio social do estrato de empresrios com 11 ou mais empregados
(Em %)
Estrutura social 2003 2009
Fonte: PNAD/IBGE.
Como se verifica nas tabelas 41, 42 e 43, a proporo de MPEs com nvel
social associado alta classe mdia decresce medida que diminui o tamanho
das empresas. Inversamente, aumenta significativamente a participao da baixa
classe mdia e diminui o contingente que em seu conjunto pode ser classificado
como de classe mdia.
TABELA 41
Composio social do estrato de empresrios com 6 a 10 empregados
(Em %)
Estrutura social 2003 2009
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 42
Composio social do estrato de empresrios com 3 a 5 empregados
(Em %)
Estrutura social 2003 2009
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 43
Composio social do estrato de empresrios com 1 a 2 empregados
(Em %)
Estrutura social 2003 2009
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 44
Composio social dos colarinhos-brancos autnomos
(Em %)
Estrutura social 2003 2009
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 45
Composio social dos colarinhos-brancos assalariados do setor privado
(Em %)
Estrutura social 2003 2009
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 46
Composio social dos colarinhos-brancos assalariados do setor pblico
(Em %)
Estrutura social 2003 2009
Fonte: PNAD/IBGE.
Colarinhos-brancos
A tabela 47 apresenta a composio do emprego de colarinhos-brancos e sua
evoluo por estratos de empresas.
TABELA 47
Distribuio dos colarinhos-brancos assalariados do setor privado por
tamanho da empresa
(Em %)
2003 2009 2009/2003
Nmero de ocupados
Nmero (mil) % Nmero (mil) % %
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 48
Renda mdia dos colarinhos-brancos assalariados do setor privado por
tamanho da empresa
(Em %)
Nmero de ocupados 20031 20091 2009/2003 (%)
Fonte: PNAD/IBGE.
Nota: 1 Valores a preos de outubro de 2009.
TABELA 49
Composio social dos colarinhos-brancos assalariados do setor privado: estrato
de empresas com 11 ou mais ocupados
(Em %)
Estrutura social 2003 2009
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 50
Composio social dos colarinhos-brancos assalariados do setor privado: estrato
de empresas com 6 a 10 ocupados
(Em %)
Estrutura social 2003 2009
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 51
Composio social dos colarinhos-brancos assalariados do setor privado: estrato
de empresas com 3 a 5 ocupados
(Em %)
Estrutura social 2003 2009
Fonte:P NAD/IBGE.
TABELA 52
Composio social dos colarinhos-brancos assalariados do setor privado: estrato
de empresas com 1 a 2 ocupados
(Em %)
Estrutura social 2003 2009
Fonte: PNAD/IBGE.
Como se observa nos estratos sociais tpicos de classe mdia, em todos os ta-
manhos de empresas os colarinhos-brancos esto concentrados na mdia classe
mdia, e apenas nas empresas com 11 ou mais ocupados a alta classe mdia situa-se
na faixa dos 10%.
A baixa classe mdia avana significativamente em todos os estratos de em-
presas, tambm expandindo o conjunto da classe mdia, que j era largamente
majoritria naquelas com 11 ou mais ocupados e passa a predominar tambm no
de 6 a 10.
Na outra extremidade o destaque fica com a muito expressiva retrao dos
miserveis.
TABELA 53
Distribuio dos trabalhadores assalariados do setor privado por tamanho da empresa
(Em %)
2003 2009 2009/2003
Nmero de ocupados
Nmero (mil) % % % %
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 54
Renda mdia dos trabalhadores assalariados do setor privado por tamanho da empresa
(Em %)
Nmero de ocupados 20031 20091 2009/2003 (%)
Fonte:PNAD/IBGE..
Nota: 1 Valores em 1o de outubro de 2009. Deflator: INPC corrigido para a PNAD, Ipea.
TABELA 55
Composio social dos trabalhadores assalariados do setor privado: estrato de
empresas com 11 ou mais ocupados
(Em %)
Estrutura social 2003 2009
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 56
Composio social dos trabalhadores assalariados do setor privado: estrato de
empresas com 6 a 10 ocupados
(Em %)
Estrutura social 2003 2009
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 57
Composio social dos trabalhadores assalariados do setor privado: estrato de
empresas com 3 a 5 ocupados
(Em %)
Estrutura social 2003 2009
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 58
Composio social dos trabalhadores assalariados do setor privado: estrato de
empresas com 1 a 2 ocupados
(Em %)
Estrutura social 2003 2009
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 59
Composio social dos proprietrios agrcolas por conta prpria
(Em %)
Estrutura social 2003 2009
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 60
Perfil da escolaridade nas MPEs
(Em %)
11 ou + ocupados
3 grau
o
48,3 55,6 34,9 40,4 2,0 3,9
6 a 10 ocupados
2 grau
o
33,0 35,8 51,8 53,2 27,8 38,9
3 a 5 ocupados
2 grau
o
34,9 40,0 54,1 55,9 26,8 36,9
1 a 2 ocupados
3 grau
o
22,7 25,5 15,0 23,5 1,3 1,9
Fonte: PNAD/IBGE.
Nota: 1 Graus completos e incompletos.
TABELA 61
Faixa etria vigente no estrato de empresas com 11 ou mais ocupados
(Em %)
Empregadores Colarinhos-brancos Trabalhadores
Faixas etrias
2003 2009 2003 2009 2003 2009
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 62
Faixa etria vigente no estrato de empresas com 6 a 10 ocupados
(Em %)
Empregadores Colarinhos-brancos Trabalhadores
Faixas etrias
2003 2009 2003 2009 2003 2009
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 63
Faixa etria vigente no estrato de empresas com 3 a 5 ocupados
(Em%)
Empregadores Colarinhos-brancos Trabalhadores
Faixas etrias
2003 2009 2003 2009 2003 2009
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 64
Faixa etria vigente no estrato de empresas com 1 a 2 ocupados
(Em%)
Empregadores Colarinhos-brancos Trabalhadores
Faixas etrias
2003 2009 2003 2009 2003 2009
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 65
Perfil de gnero vigente nas MPEs
(Em%)
Empregadores Colarinhos-brancos Trabalhadores
Nmero de ocupados e gnero
2003 2009 2003 2009 2003 2009
11 ou + ocupados
6 a 10 ocupados
3 a 5 ocupados
1 a 2 ocupados
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 66
Perfil por cor/raa vigente nas MPEs
(Em %)
Empregadores Colarinhos-brancos Trabalhadores
Nmero de ocupados e cor/raa1
2003 2009 2003 2009 2003 2009
11 ou + ocupados
6 a 10 ocupados
3 a 5 ocupados
1 a 2 ocupados
Fonte: PNAD/IBGE.
Nota: 1 Negros incluem pretos, pardos e indgenas; no negros incluem brancos e amarelos.
3.2 Enfoque familiar: o perfil social das famlias dos indivduos ocupados nas MPEs
J vistos nesta subseo o perfil e a evoluo social dos indivduos ocupados nas
MPEs, ser examinado agora o desempenho das famlias destas pessoas.
TABELA 67
Grupos ocupacionais selecionados: nmero de pessoas em suas famlias
(Em mil)
Grupos ocupacionais 2003 2008 2009
Fonte: PNAD/IBGE.
12. Como j foi alertado, o topo desta estrutura social a alta classe mdia devido ao fato de que o inqurito familiar
no capta adequadamente o restrito e inacessvel segmento dos ricos.
TABELA 68
Grupos ocupacionais selecionados percentual sobre o total da populao
Grupos ocupacionais 2003 2008 2009
Fonte: PNAD/IBGE.
Constata-se assim que, nas famlias em que o membro mais bem situado
um micro ou pequeno empresrio, englobam algo prximo aos 4,5% da popula-
o brasileira, uma proporo similar quela dos colarinhos-brancos autnomos
e bem maior do que a dos mdios empresrios.
Para avanar nesta caracterizao do perfil social dos micro e pequenos em-
presrios, interessante examinar sua estratificao social e compar-la com a dos
demais grupos ocupacionais selecionados, tal como se apresenta na tabela 69.
TABELA 69
Grupos ocupacionais selecionados: estratificao social familiar
(Em %)
Empregadores com mais de 10 empregados 2003 2008 2009
Alta classe mdia 70,2 72,9 70,8
Mdia classe mdia 19,5 19,7 21,3
Baixa classe mdia 9,5 7,1 7,8
Total 100,0 100,0 100,0
Empregadores com at 10 empregados
Alta classe mdia 29,9 29,2 29,6
Mdia classe mdia 25,9 31,7 32,9
Baixa classe mdia 33,2 30,6 31,4
Total 100,0 100,0 100,0
Colarinhos-brancos autnomos
Alta classe mdia 15,3 17,7 17,9
Mdia classe mdia 18,1 22,7 22,6
Baixa classe mdia 36,4 36,8 38,9
Total 100,0 100,0 100,0
Colarinhos-brancos assalariados
Alta classe mdia 14,1 16,0 15,7
Mdia classe mdia 18,8 23,7 24,3
Baixa classe mdia 40,3 41,5 43,0
Total 100,0 100,0 100,0
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 70
Participao dos grupos ocupacionais familiares selecionados nos estratos sociais
(Em %)
Grupos ocupacionais 2003 2008 2009
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 71
Grupos ocupacionais familiares selecionados: estratificao social/renda mdia
familiar
(Em R$)
Grupos ocupacionais 2003 2008 2009
Colarinhos-brancos autnomos
Colarinhos-brancos assalariados
Fonte: PNAD/IBGE.
Obs.: Valores de outubro de 2010. Deflator: INPC corrigido, Ipea.
TABELA 72
Grupos ocupacionais familiares selecionados: estratificao social/renda familiar
per capita
(Em R$1)
Grupos ocupacionais 2003 2008 2009
Colarinhos-brancos autnomos
Colarinhos-brancos assalariados
Fonte: PNAD/IBGE.
Nota: 1 Valores de outubro de 2010. Deflator: INPC corrigido, Ipea.
4 CONSIDERAES FINAIS
O perodo recente de crescimento econmico mais expressivo propiciou uma sig-
nificativa dinamizao dos negcios e do mercado de trabalho e promoveu sensveis
melhorias sociais em toda a estrutura ocupacional.
Neste cenrio, mais promissor do que aquele anterior, em que predominava a
estagnao, os rendimentos mdios declarados pelos micro e pequenos empresrios
cresceram 8% entre 2003 e 2009. No estrato de empresas com 6 a 10 empregados
a expanso foi de 16%, e de 11% no de 3 a 5. Assim, o crescimento mdio do con-
junto foi rebaixado pela expanso de apenas 1,5% no estrato de 1 a 2 empregados.
Esta performance dos micro e pequenos empresrios inferior quela decla-
rada por seus empregados assalariados, tanto no que diz respeito aos colarinhos-
brancos como, ainda mais, no caso dos demais trabalhadores.
De fato, no estrato de empresas com 6 a 10 empregados, os rendimentos dos
assalariados de colarinhos-brancos crescem 16%, e 30% entre os demais tra-
balhadores. No estrato com 3 a 5 empregados a expanso de, respectivamente,
27% e 30%, e de 22% e 32,5% no de 1 a 2.
Entretanto, as melhorias dos perfis sociais foram generalizadas entre os micro e
pequenos empresrios, e tambm no que diz respeito aos seus empregados cola-
rinhos-brancos e demais trabalhadores.
Considerando-se a proporo de ocupados na alta e mdia classe mdia
como um indicador de condio social diferenciada dos grupos ocupacionais,
verifica-se que, entre os empresrios com 6 a 10 empregados, a taxa passa de 72%
em 2003 para 79% em 2009. No estrato de 3 a 5 empregados a evoluo de
59,5% para 66,5%, e no de 1 a 2 de 46% para 50%.
Como comparao, basta registrar que, em nveis bastante inferiores, entre
os colarinhos-brancos assalariados do estrato de empresas com 6 a 10 ocupados
aquela proporo passa de 9% em 2003 para 12% em 2009, de 6% para 9% no
estrato de 3 a 5, e de 6% para 8% no de 1 a 2.
Constatou-se ainda que as famlias dos micro e pequenos empresrios compem
um segmento relativamente destacado e restrito da sociedade brasileira, atingindo
um patamar prximo de 4,5% da populao.
Em 2009, 62,5% dos membros destas famlias encontravam-se nos dois
estratos mais bem situados da classe mdia, em propores bastante parecidas em
cada um deles.
Esta uma condio intermediria entre aquela revelada pelos mdios em-
presrios (92%) e os colarinhos-brancos autnomos (40,5%) e assalariados
(40%).
REFERNCIAS
IPEA INSTITUTO DE PESQUISA ECONMICA APLICADA. Projeto
micro e pequenas empresas: mercado de trabalho e implicaes para o desenvol-
vimento. Relatrio final, eixo temtico, Ipea, n. 6, set. 2011.
QUADROS, W. J. de. A evoluo da estrutura social brasileira: notas meto-
dolgicas. Campinas: IE/UNICAMP, nov. 2008a. 30 p. (Texto para Discusso,
n. 147). Disponvel em: <http://www.eco.inicamp.br/docdownload/publicacoes/
textosdiscussao/texto147.pdf>.
______. Estratificao social no Brasil: o efeito demogrfico. Campinas: IE/
UNICAMP, nov. 2008b (Texto para Discusso, n. 151). Disponvel em: <www.
eco.unicamp.br>.
1 INTRODUO
A questo da rotatividade do trabalho insere-se no marco mais geral da discusso
acerca do regime de trabalho no nosso pas mais especificamente, concerne
enorme flexibilidade que caracteriza o mercado de trabalho brasileiro.
A taxa de rotatividade da fora de trabalho no Brasil elemento importante
da flexibilidade quantitativa do trabalho considerada elevada pela maior parte
dos autores estudiosos do mercado de trabalho do pas. Isto significa um mercado
de trabalho caracterizado por extensa gama de postos de trabalho com grande
instabilidade, em que carecem oportunidades de permanncia no emprego por
perodo suficiente para acumular experincia, construir uma insero mais sli-
da e abrir possibilidade de ascenso profissional. A flexibilidade quantitativa do
trabalho tende a acentuar a gritante desigualdade que caracteriza a sociedade e
o mercado de trabalho brasileiros, sendo utilizada, amide, como expediente de
reduo de custo das empresas.
Nesse contexto, fundamental estudar os determinantes e os efeitos da fle-
xibilidade quantitativa do trabalho em nosso pas, de modo a permitir o desenho
de polticas pblicas destinadas a mitig-la.
Entende-se neste estudo que as micro e pequenas empresas (MPEs) devem
ser objeto de especial ateno, uma vez que atuam, em sua maioria, em setores in-
tensivos em trabalho. Alm disso, como se ver adiante, a flexibilidade quantita-
tiva do trabalho mais acentuada neste segmento, tanto pela maior precariedade
dos vnculos de trabalho quanto pela mortalidade das prprias empresas. Assim, a
nosso ver, a anlise da rotatividade das MPEs constitui-se em passo fundamental
na construo de um projeto nacional de desenvolvimento, com padres aceit-
veis de proteo social e criao de oportunidades.
1. Nesta chave interpretativa, encontram-se, entre outros, Amadeo e Camargo (1996), Orellano e Pazello (2006) e
Gonzaga (2005).
2. Para uma crtica contundente a essa posio, ver Ramos e Carneiro (2002). Os autores apontam para o carter pr-
cclico da rotatividade do trabalho, determinado por decises tomadas pelos empregadores.
3. Nessa linha, encontram-se Baltar e Proni (1996).
4. A esse respeito, ver Salm e Fogaa (1998).
5. Uma boa resenha das diversas tcnicas aferio da rotatividade de trabalhadores encontra-se em Ribeiro (2001).
Outro artigo fundamental acerca das diversas formas de mensurao da rotatividade Corseuil et al. (2002). Os
autores partem de uma reviso das formas de mensurao da rotatividade para analisar suas caractersticas e seus
determinantes. Chamam a ateno para a grande heterogeneidade dessa taxa por setor e tamanho de empreendimen-
to sendo as firmas pequenas, no perodo observado, as maiores responsveis tanto pela rotatividade quanto pela
criao de emprego.
6. Essa a perspectiva adotada por Orellano e Pazello (2006).
7. Nessa linha, ver Davis, Haltiwanger e Schuh (1996).
TABELA 1
Brasil: criao de vagas formais, por porte de estabelecimento (2004-2010)
Nmero de empregados 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
At 4 999.708 1.020.545 968.243 1.051.624 1.170.200 1.186.284 1.375.198
De 5 a 9 6.454 19.538 33.539 22.931 26.416 52.692 4.960
De 10 a 19 15.841 11.581 9.697 12.150 5.765 51.144 47.111
De 20 a 49 52.348 13.099 17.361 70.965 30.018 43.973 116.217
At 49 1.061.443 1.002.525 942.368 1.111.808 1.168.037 1.038.475 1.543.486
De 50 a 99 65.754 30.267 34.513 75.409 44.929 15.086 115.219
De 100 a 249 105.136 60.114 57.807 105.841 59.493 10.032 148.889
De 250 a 499 98.338 53.084 47.320 80.643 43.371 14.921 115.088
De 500 a 999 85.618 55.304 49.619 75.497 69.217 2.038 74.541
1000 ou + 106.987 52.687 97.059 168.194 67.157 51.194 139.724
Ignorado 0 0 0 0 0 0 0
Total 1.523.276 1.253.981 1.228.686 1.617.392 1.452.204 995.110 2.136.947
Participao MPE/Total 69,7 79,9 76,7 68,7 80,4 104,4 72,2
Fonte: CAGED/MTE. Elaborao dos autores.
(UE) e 2,7 anos no Japo. Alm disso, o autor chama a ateno para o perfil dos
demitidos: no Brasil, e em contraste com os demais pases, predominam os jo-
vens 38% dos demitidos nos trs primeiros meses de trabalho em 2008 tinham
at 25 anos e os trabalhadores com baixa escolaridade 53% tinham apenas
o ensino bsico. Assim, possvel conjeturar que, se a permanncia no posto de
trabalho abre possibilidades de ascenso profissional e aumento de remunerao,
o baixo tempo de permanncia no emprego que caracteriza o mercado de traba-
lho brasileiro tende a reforar as disparidades j presentes na entrada dos jovens
neste mercado.10
Como se ver na prxima seo, este problema acentuado nos segmentos das
MPEs que amide se constituem em portas de entrada para os jovens no mun-
do do trabalho. O autor mostra que, no perodo 2000-2008, observa-se elevao da
relao dos demitidos com at trs meses de permanncia no posto o que seria con-
gruente com a hiptese levantada por vrios autores11 de que a flexibilidade quantita-
tiva do trabalho teria carter pr-cclico. Em 2008, no entanto, este ndice aumenta
de forma acentuada, o que poderia indicar reao defensiva das firmas crise.
O estudo Movimentao contratual no mercado de trabalho formal e rotati-
vidade no Brasil (Dieese/MTE, 2010) traz uma abrangente anlise sobre o tema
e levanta vrios pontos que podem ajudar na reflexo sobre os determinantes da
elevada flexibilidade quantitativa do trabalho no pas. Um primeiro ponto diz res-
peito s causas dos desligamentos. O grfico 4 sistematiza esses dados: a maioria
dos desligamentos ocorre em contratos por tempo indeterminado e de iniciativa
do empregador. bem provvel que uma parcela dessas pessoas que aparecem
como demitidas por iniciativa do empregador, na realidade, fez um acordo para
que fossem demitidas, mas, de toda forma, os dados so eloquentes: 19,2% dos
desligamentos ocorrem pelo trmino do contrato de trabalho e 52,1% ocorrem
sem justa causa por iniciativa do empregador. Observe-se que este dado contraria
a tese, aludida na seo anterior deste captulo, segundo a qual a rotatividade seria
resultado de incentivos dos trabalhadores a forarem a sua demisso para terem
acesso aos recursos acumulados no FGTS.
Um segundo ponto diz respeito s diferenas salariais entres trabalhadores
admitidos e desligados. O grfico 5 mostra que esta relao tem um comporta-
mento pro-cclico e parece confirmar que a substituio dos trabalhadores pode
ser usada como um mecanismo de reduo de custos para o empregador: mesmo
no auge do ciclo recente, em 2008, os demitidos ganhavam 8% a menos do que
os admitidos. Em 2002, a diferena chegava a 16 pontos percentuais (p.p.).
parte dos contratos de trabalho neste setor serve execuo de tarefas especficas,
ao trmino das quais o vnculo desfeito. No perodo analisado, a proporo dos
vnculos de curtssima durao no estoque total de vnculos da construo civil
passa de j expressivos 38,2% para 42,6%. No comrcio, atividade com forte
sazonalidade, encontra-se tambm uma proporo importante de vnculos com
menos de seis meses de durao (24,1% no incio do perodo e 27,5% ao final).
Seguem-se indstria da transformao e servios, com propores bastante prxi-
mas nos dois extremos do perodo analisado (aproximadamente 20% no incio e
23% no final), extrativa mineral (15,7% a 21,2% um crescimento de 5,5 p.p.,
o maior dentre todos os setores) e os SIUPs (11,7% a 15%).
12. Note-se que se verifica o mesmo movimento nas demais faixas de porte de estabelecimento.
Como anteriormente, a construo civil aparece como o setor com mais ele-
vadas medidas de rotatividade entre as MPEs e em magnitudes superiores s das
empresas tomadas em seu conjunto, com 99,4% na mdia do perodo. Novamen-
te o setor de comrcio assume o segundo posto, com 46,4% na mdia do perodo,
seguido pelos setores da indstria de transformao, com 46,0%, servios, com
43,4%, extrativa mineral, com 32,8% e, finalmente, os SIUPs, com 23,4% na
mdia dos anos selecionados.
Muito embora os indicadores de rotatividade anual neste nvel de agregao
no permitam evidenciar a substituio de trabalhadores por perfil ocupacional,
interessante contrastar as diferenas entre os setores de maior e de menor rota-
tividade nas sries apresentadas. Neste sentido, evidencia-se que os maiores nveis
de rotatividade esto justamente no setor da construo civil, que normalmente
ocupa trabalhadores com mais baixos nveis de qualificao, enquanto nos SIUPs,
um setor tradicionalmente associado com mo de obra mais qualificada, os indi-
cadores de rotatividade so os menores entre todos os setores selecionados.
Todavia, o que mais nos interessa aqui apresentar as diferenas da rotati-
vidade entre as MPEs e proceder comparao com as empresas de maior porte.
A tabela 2 apresenta os indicadores de rotatividade anual segundo os setores de
atividade e o porte da empresa.
TABELA 2
Brasil: rotatividade anual da mo de obra ocupada segundo o setor de atividade e o
porte da empresa
(Mdia dos valores entre 2001 e 2010)
MPEs Mdias Grandes Total
Construo civil 99,4 65,5 58,1 82,8
Comrcio 46,4 38,1 33,7 43,8
Transformao 46,0 31,2 25,1 36,3
Servios 43,4 35,7 30,3 36,3
Extrativa mineral 32,8 16,3 6,5 20,8
SIUP 23,4 16,5 9,0 14,2
Fontes: FAT/MTE/Rais e CAGED. Elaboraodos autores.
TABELA 3
Rotatividade anual da mo de obra ocupada segundo o setor de atividade e as
regies brasileiras para o segmento das MPEs
(Mdia dos valores entre 2001 e 2010)
Centro-Oeste Sul Norte Sudeste Nordeste Brasil
Construo civil 37,4 34,2 36,9 31,8 27,8 32,8
Comrcio 57,7 53,9 52,2 42,0 36,9 46,0
Transformao 32,3 26,5 15,8 23,5 15,2 23,4
Servios 102,2 91,6 107,0 97,8 108,0 99,4
Extrativa mineral 50,2 51,0 43,2 47,9 34,0 46,4
SIUP 46,0 50,5 36,8 44,1 31,8 43,4
Fontes: FAT/MTE/Rais e CAGED. Elaborao dos autores.
Assim, a explicao dos desempenhos regionais deve ser feita com maior
cautela e com a abertura maior dos dados, o que no possvel no escopo deste
trabalho. Infelizmente so raros, no Brasil, os trabalhos que se dedicam ao estudo
dos indicadores de rotatividade no pas com a abertura por regies. Cremos que
uma das linhas interessantes de investigao deveria contemplar as diferenas entre
os indicadores de rotatividade para os setores formalizados e os no formalizados.
Com efeito, as estimativas apresentadas neste trabalho cobrem apenas os setores
formalizados e, como se sabe, na regio Nordeste ocorre o maior percentual de
trabalhadores sem carteira assinada em relao ao total de empregados.
A interpretao de todos estes resultados apresentados deve ser feita de forma
cautelosa, mas no difcil conjeturar as razes que explicam as mais elevadas
taxas de rotatividade da mo de obra ocupada no segmento de MPEs vis--vis os
segmentos de mdias e grandes empresas.
Sucede, e nesse particular a literatura econmica bastante abundante e
robusta, que o potencial de acumulao de capital por parte de uma empresa, ou
seja, de sua capacidade de sobrevivncia e expanso, determinado em extensa
medida pelo seu tamanho. Considerando-se um mesmo setor de atividade e espao
geogrfico de atuao, as grandes empresas desfrutam de expressivos diferenciais
de custo em relao s de menor porte. Isso se deve a variados motivos, entre
os quais se destacam as vantagens evidentes das grandes empresas com relao:
i) s fontes de financiamento mais diversificadas e mais baratas; ii) ao acesso a
economias de escala, ou seja, viabilizao da produo em maiores quantidades
13. Em algumas situaes, a exemplo do setor caladista em alguns clusters produtivos, h relatos de carros de som que
circulam o permetro das MPEs anunciando melhores condies de trabalho nas fbricas de maior porte (Prochnik, 2005).
5 CONSIDERAES FINAIS
O tema da rotatividade do emprego deve ser colocado no centro do debate sobre
a reestruturao do mercado de trabalho brasileiro. As diversas posies tericas
acerca de tal mercado foram brevemente exploradas na seo 2, na qual houve
consenso ao lado daqueles que ressaltam seus efeitos perversos e a relacionam com
o quase ilimitado poder no uso e descarte da mo de obra. Nesta linha, equacionar
polticas de mitigao da rotatividade significa pensar em polticas conducentes
reduo dessas assimetrias de poder e o momento atual, de melhoria sustentada
de diversos indicadores do mercado de trabalho, parece especialmente propcio.
Procurou-se, ainda, evidenciar que os elevados indicadores de flexibilidade
quantitativa da mo de obra uma das expresses de relevo da precariedade das
situaes laborais no Brasil so mais pronunciados no segmento das MPEs.
Em consequncia, apontou-se que as expressivas vantagens de custo das empresas
de maior porte e suas maiores potencialidades de xito e crescimento so
elementos destacados para a explicao dos expressivos diferenciais apresentados
pelos indicadores de rotatividade dos trabalhadores por porte de empresa. Como
desdobramento dessa interpretao, sugeriu-se que, nas empresas de menor por-
te, afetadas por maiores taxas de mortalidade dos novos empreendimentos, por
menor formalizao das relaes de trabalho e pelas dificuldades de atrao de tra-
balhadores mais instrudos e experientes, haveria razes bastantes a sustentar a in-
desejvel situao de elevados ndices de rotatividade de sua populao ocupada.
REFERNCIAS
AMADEO, E.; CAMARGO, J. M. Instituies e o mercado de trabalho no Brasil.
In: CAMARGO, J. M. (Org.). Flexibilidade do mercado de trabalho no Brasil.
Rio de Janeiro: FGV, 1996.
BALTAR, P. E. A.; PRONI, M. W. Sobre o regime de trabalho no Brasil: rotati-
vidade da mo de obra, emprego formal e estrutura salarial. In: OLIVEIRA, C.
A. B.; MATTOSO, J. E. L. (Org.). Crise e trabalho no Brasil: modernidade ou
volta ao passado? So Paulo: Scritta, 1996.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
DIEESEDEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATSTICAS E ES-
TUDOS SOCIOECONMICOS. Anurio dos trabalhadores. So Paulo,
2006-2009. Disponvel em: <http://www.dieese.org.br/anu/ind_anuario.xml>.
. Mercado de trabalho brasileiro: evoluo recente e desafios. 2010.
Nota imprensa. Disponvel em: <http://www.dieese.org.br/ped/mercadoTraba-
lhoEvolucaoDesafiostexto2010.pdf.>.
1 INTRODUO
A economia brasileira sempre apresentou grande assimetria entre o setor das mi-
cro e pequenas empresas (MPEs) e o dos mdios e grandes negcios, objeto do
presente texto. no segmento das MPEs que, historicamente, se concentram as
ocupaes mais precrias e desprovidas de proteo social. Os graves problemas
econmicos vivenciados pelo pas nas dcadas de 1980 e 1990, com projeo
para o incio dos anos 2000, acirraram esse quadro, ampliando as dificuldades das
MPEs e suas condies de operao (CESIT/Sebrae, 2005f ).
Apesar da real melhora dos indicadores econmicos brasileiros na primeira
dcada do presente sculo XXI, em especial a partir de 2004, o segmento das MPEs
continua sendo o que concentra a informalidade, o que apresenta os empregos mais
precrios e de curta durao, o que registra os menores salrios e os maiores ndices
de acidentes de trabalho e de ilegalidades, contando com acentuada ausncia de
proteo social, como ser apresentado no primeiro tpico deste texto (CESIT/
Sebrae, 2005a; Santos, 2006). Nesse cenrio, mudanas institucionais impactaram
a formalizao dos pequenos negcios, destacando-se: o Supersimples; o Microem-
preendedor Individual (MEI); certa regulamentao na rea da sade e segurana
do trabalho; as polticas de ampliao do acesso ao crdito; e os incentivos para a
participao em licitaes pblicas. A anlise do conjunto dessas mudanas fun-
damental para se verificar as transformaes no padro das condies e relaes de
trabalho nas MPEs, relacionadas s grandes empresas de setores selecionados.
Portanto, h um conjunto de aspectos a serem considerados quando se busca
compreender a evoluo das condies e relaes de trabalho no segmento das
MPEs no Brasil. Deve ser considerado, ainda, que apesar da melhoria dos indicadores
econmicos que, combinada com polticas de estruturao do mercado de trabalho,
2 A INSTITUCIONALIDADE E AS MPEs
O arcabouo jurdico institucional trabalhista brasileiro foi sendo constitudo
nos marcos do processo de industrializao que se iniciava no pas, ainda que de
forma restringida, a partir de 1930 (Mello, 1983).2 Nesse sentido, o Direito do
Trabalho (e a regulao social do trabalho que o integra), compreendido como
uma interveno extramercado em tempos em que o liberalismo econmico era
colocado em xeque diante do esfacelamento da ordem liberal (Belluzzo, 2006),
era um dos componentes de um projeto de desenvolvimento que, com todas as
suas contradies, estava sendo implantado no pas. A gestao das condies
materiais que possibilitaram o nascimento do arcabouo jurdico-institucional
trabalhista imbrica-se nas especificidades dos processos de desenvolvimento do
capitalismo brasileiro. Para tanto, o Estado passou a impulsionar e a dirigir um
projeto de desenvolvimento do pas que inclui a regulao social do trabalho, um
dos elementos de superao do liberalismo.3
1. Probrama Ipea, 1o setembro de 2010 a 31 de agosto de 2011. Bolsista Jos Dari Krein, cujo Relatrio est disponvel
no CESIT/IE/UNICAMP e com metodologia descrita em nota metodolgica a ser lida neste texto.
2. Para o autor, em 1933 inicia-se no Brasil a fase de industrializao restringida, que se estende at 1955; de 1956 a
1961 h um processo de industrializao pesada, com crescimento acelerado da capacidade produtiva dos setores de
bens de produo e de durveis de consumo.
3. Essas concepes esto em Biavaschi (2007).
e trabalhista por parte das microempresas e das empresas de pequeno porte, com
eliminao de exigncias burocrticas e obrigaes acessrias incompatveis com
o tratamento simplificado previsto na lei.12
Dessa forma, constitui um direito-dever desburocratizao e simplifica-
o de procedimentos para que as MPEs possam cumprir com a legislao traba-
lhista universal em vigor. O intuito facilitar, simplificar, desburocratizar, para
que os direitos possam ser mais bem concretizados, no sentido da coeso social.
Em 2008, a Lei Complementar no 128, ao criar a figura do MEI, modificou,
em alguns aspectos, a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, Lei Complementar
no 123/2006.
A Consolidao das Leis do Trabalho (CLT) e as demais normas de proteo
ao trabalho que compem a legislao infraconstitucional brasileira asseguram
direitos aos trabalhadores partindo de compreenso universal do cidado. par-
tindo dessa premissa que, neste subitem, mapeia-se a regulao do trabalho no
Brasil para as MPEs, para que, depois, em item a seguir, sejam trabalhados os
campos que demandam polticas pblicas que afirmem ou ampliem as prerroga-
tivas em vigor. As MPEs, por fora da Lei no 9.841/1999, estavam dispensadas do
cumprimento das seguintes obrigaes trabalhistas acessrias:
1) Manuteno do quadro de horrios, com o horrio de trabalho de
seus empregados; anotao do horrio de trabalho nos registros de em-
pregados (com a indicao de acordo ou pactos coletivos porventura ce-
lebrados); exigncia do registro de ponto dos empregados; manuteno
de ficha ou papeleta de servio externo (Artigo 74 da CLT).
2) Anotao das frias dos empregados no livro ou nas fichas de registro
dos empregados (Artigo 135, 2o da CLT).
3) Apresentao da relao anual de empregados da empresa ao Ministrio
do Trabalho e Emprego (MTE) (Artigo 360 da CLT).
4) Empregar e matricular nos cursos do Servio Nacional de Aprendizagem
Indtrial (Senai) nmero de aprendizes equivalente a 5%, no mnimo, e
15%, no mximo, dos trabalhadores existentes em cada estabelecimento,
cujas funes demandem formao profissional (Artigo 429 da CLT).
5) Possuir o livro Inspeo do Trabalho, de registro das fiscalizaes (e de
seus resultados) efetuadas pelos auditores fiscais do Trabalho (modelo
aprovado por portaria ministerial) ( 1o do Artigo 628 da CLT).
12. A Lei Complementar no 123/2006 institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.
E, ao faz-lo, altera dispositivos das Leis no 8.212 e no 8.213/1991; da CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452/1943;
da Lei no 10.189/2001; da Lei Complementar no 63/1990; e revoga as Leis no 9.317/1996, e no 9.841/1999, definindo
normas gerais atinentes ao tratamento favorecido s MPEs de que trata o Artigo 170, IX, da Lei Maior.
13. Os dados foram organizados por tamanho da empresa independentemente do setor econmico, seguindo a clas-
sificao do Sebrae, que a seguinte: microempresas (at 19 empregados na indstria e at 9 empregados nos
setores de comrcio e servios); pequenas empresas (20 a 99 empregados na indstria e de 10 a 49 empregados nos
setores de comrcio e servios); mdias empresas (de 100 a 499 empregados na indstria e de 50 a 99 nos setores
de comrcio e servios); grandes empresas (acima de 500 empregados na indstria e de 100 empregados nos setores
de comrcio e servios).
Apesar de uma proporo menor, o emprego formal cresceu 43% nas MPEs,
de acordo com a Relao Anual das Informaes Sociais (Rais)/MTE.
TABELA 1
Distribuio dos empregos por tamanho de empresa
At 4 De 5 a 9 10 a 19 20 a 49 50 a 99 100 a 249 250 a 499 500 a 999 1.000 ou + Total
2001 2.561.491 2.274.950 2.460.094 3.095.099 2.223.826 3.044.046 2.461.082 2.384.904 6.684.122 27.189.614
2004 2.880.068 2.646.170 2.897.479 3.580.800 2.554.937 3.365.213 2.815.281 2.700.971 7.966.657 31.407.576
2009 3.484.001 3.331.941 3.764.578 4.757.238 3.351.908 4.236.164 3.581.931 3.548.183 11.151.602 41.207.546
2010 3.669.698 3.546.585 4.022.658 5.177.935 3.649.726 4.637.845 3.854.345 3.769.090 11.740.473 44.068.355
Variao
(%) 43,3 55,9 63,5 67,3 64,1 52,4 56,6 58,0 75,7 62,1
Fonte: Rais/MTE.
TABELA 2
Brasil: distribuio dos empregados com e sem carteira de trabalho registrada nos
microempreendimentos e outros, segundo contribuio ou no para a previdncia
social (2004 e 2009)
Posio na Contribuintes Micro Outros Total
ocupao para previdncia 2004 2009 2004 2009 2004 2009
Contribuinte 16,1 18,4 52,4 55,6 68,5 74,0
Empregado
No contribuinte 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
com carteira
Total 16,1 18,4 52,4 55,6 68,5 74,0
Contribuinte 0,8 1,0 1,2 1,4 2,1 2,4
Empregado
No contribuinte 19,9 16,7 9,5 6,9 29,4 23,6
sem carteira
Total 20,7 17,8 10,8 8,3 31,5 26,0
Fonte: PNAD/IBGE.
Obs.: Foram excludos os dados no aplicveis por tamanho de empresa.
TABELA 3
Brasil: evoluo acumulada do rendimento nominal do trabalho, por tamanho de
empresa (2002-2010)
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
At 4 10,4 18,9 31,0 40,4 48,5 57,5 64,3 73,5 83,0 92,5
De 5 a 9 8,9 15,6 26,2 34,9 42,0 50,0 56,4 65,0 74,0 82,6
10 a19 7,9 13,6 24,0 32,1 39,0 45,8 52,1 60,2 68,6 77,4
20 a 49 7,4 13,1 23,5 30,7 37,2 43,4 48,9 57,7 65,4 74,7
50 a 99 7,7 13,7 23,7 30,5 37,4 43,4 49,2 57,7 65,5 73,6
100 a 249 8,9 15,0 25,7 33,9 40,9 47,0 53,0 61,2 69,1 75,9
250 a 499 8,7 13,8 24,6 33,2 40,2 48,2 52,8 63,0 70,6 79,1
500 a 999 9,4 16,2 24,3 33,2 39,6 47,2 52,7 63,3 70,3 79,5
1.000 ou + 9,1 16,8 24,4 33,2 40,5 50,3 55,2 65,7 72,8 82,3
Total 8,5 15,3 24,6 33,2 40,6 49,0 55,1 64,5 72,1 80,8
IPCA1 7,7 20,2 29,5 37,1 42,8 45,9 50,4 56,2 60,6 66,5
Fonte: Rais/MTE.
Nota: 1 ndice Nacional de Preos ao Consumidor Amplo (IPCA).
TABELA 4
Brasil: distribuio do rendimento em SMs, por tamanho de estabelecimento
(Em %)
Micro Demais
Rendimento Posio na ocupao
2001 2004 2009 2001 2004 2009
15. A Rais fonte limitada para verificar a jornada. No capta a jornada real ao no incluir as horas extraordinrias. E
capta apenas os trabalhadores formais, em declarao realizada pela empresa. Pesquisa CESIT (2005) mostrou que a
pagamento de horas extras a principal demanda trabalhista.
TABELA 5
Brasil: evoluo da jornada de trabalho por tamanho de empresa (2001 a 2010)
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
At 4 42,97 42,98 42,99 42,99 42,99 43,01 43,03 43,04 43,05 43,05
De 5 a 9 42,93 42,95 42,98 42,99 42,98 43,00 43,02 43,03 43,05 43,05
10 a 19 42,58 42,63 42,67 42,70 42,69 42,71 42,75 42,77 42,79 42,82
20 a 49 42,06 42,14 42,14 42,22 42,21 42,24 42,31 42,36 42,35 42,37
50 a 99 41,74 41,84 41,88 41,99 41,90 41,95 42,01 42,05 42,01 42,03
100 a 249 41,17 41,25 41,25 41,35 41,37 41,46 41,51 41,52 41,55 41,61
250 a 499 40,49 40,57 40,55 40,72 40,76 40,89 40,91 40,89 40,95 41,04
500 a 999 39,99 39,93 39,73 39,86 40,14 40,11 40,16 40,25 40,32 40,36
1.000 ou + 37,23 37,23 37,26 37,52 37,55 37,65 37,56 37,76 37,73 37,84
Total 40,63 40,64 40,64 40,76 40,76 40,80 40,76 40,85 40,85 40,92
Fonte: Rais/MTE.
TABELA 6
Distribuio dos empregados com e sem carteira de trabalho registrada nos
microempreendimentos e estabelecimentos de maior porte, segundo faixa de
horas trabalhadas (2004-2009)
Micro Outros
Posio na ocupao Horas trabalhadas
2004 2009 2004 2009
Menos de 40 horas 409.278 477.050 1.360.724 1.574.037
40 a 44 2.441.460 4.020.183 8.631.239 12.819.020
Empregado com carteira
44 ou + 2.395.233 2.633.517 7.122.906 7.214.320
Total 5.245.971 7.130.750 17.114.869 21.607.377
Menos de 40 1.603.796 1.604.178 851.256 809.227
40 a 44 2.356.670 2.681.006 1.248.400 1.263.506
Empregado sem carteira
44 ou + 1.348.284 2.381.292 659.788 1.014.020
Total 5.308.750 6.666.476 2.759.444 3.086.753
Total de empregados 10.554.721 13.797.226 19.874.313 24.694.130
Com carteira 45,7 36,9 41,6 33,4
% acima da jornada legal
Sem carteira 25,4 35,7 23,9 32,9
Fonte: PNAD/IBGE.
TABELA 7
Brasil: evoluo do tempo de permanncia do trabalhador na empresa,
por tamanho de empresa (2004-2009)
2001 2002 2005 2006 2007 2008 2009 2010
100 a 249 54,75 54,59 52,53 51,60 50,38 49,63 48,73 47,08
250 a 499 65,91 64,48 63,54 63,77 62,59 62,36 61,04 60,22
500 a 999 75,64 75,69 73,96 74,59 72,78 73,65 71,87 70,89
Fonte: Rais/MTE.
TABELA 8
A distribuio dos benefcios para empregados por porte de empresa
(2001, 2004 e 2009)
Tempo no Micro Outros
Posio na
emprego
ocupao 2001 2004 2009 2001 2004 2009
(em anos)
Sim 4,4 4,4 3,9 2,2 2,3 2,6
Com carteira
No 95,6 95,6 96,1 97,9 97,7 97,4
Moradia
Sim 3,3 3,2 2,6 3,3 3,1 2,9
Sem carteira
No 96,7 96,8 97,4 96,7 96,9 97,1
esse direito, nos demais se eleva para 60% para o caso dos com carteira. A diferencia-
o entre os sem carteira pouco menos expressiva. O nmero dos que tm acesso ao
benefcio bem menor (15% versus 23%). Outro exemplo em que a diferenciao
mais acentuada a sade: recebido por somente 11,7% dos com carteira e por 1,2%
dos sem carteira nos estabelecimentos com menos de dez assalariados. J nos estabele-
cimentos com onze ou mais, o benefcio recebido por 34% e 5%, respectivamente.
Trata-se de mais um dado a demonstrar como distinto o acesso aos benef-
cios para trabalhadores em estabelecimentos de diferentes tamanhos. A partir dessa
constatao, a hiptese a de que no faz sentido um sistema de direitos e de prote-
o social diferenciado para trabalhadores em MPEs, at porque essa diferenciao
j existe no mundo real. O que se busca so medidas que possibilitem a superao
desse quadro, partindo-se do pressuposto de que os direitos positivados represen-
tam um patamar bsico de proteo social que concretizem a dignidade humana.
TABELA 9
Brasil: contratao, por tamanho de empresa anos 2000
1.000
At 4 5a9 10 a 19 20 a 49 50 a 99 100 a 249 250 a 499 500 a 999 Total
ou +
2001 13.365 11.979 17.000 34.859 43.850 96.846 81.762 82.781 153.712 536.154
2004 13.189 12.511 16.300 32.184 36.120 75.648 75.588 67.360 170.860 499.760
2009 15.483 16.006 21.589 40.269 43.470 77.723 86.272 83.451 234.630 618.893
2010 16.210 16.931 22.549 43.573 45.756 81.711 89.043 86.699 244.064 646.536
Variao (%)
1-10 21,3 41,3 32,6 25,0 4,3 -15,6 8,9 4,7 58,8 20,6
Fonte: Rais/MTE.
16. minoritria a posio da jurisprudncia quanto incidncia imediata do Artigo 7o, I. da CF de 1988 que assegura,
como direito dos trabalhadores urbanos e rurais, a relao de emprego protegida contra as despedidas arbitrrias ou
sem justa causa. A posio majoritria a de que tal vedao depende de regulamentao.
17. Ibidem.
18. Por exemplo, decises que: limitaram o nmero dos dirigentes sindicais com estabilidade em 1/7/1998, a Seo Es-
pecializada em Dissdios Coletivos (SDC) contribuiu para colocar limitaes autonomia sindical e enfraquecer seu poder
de presso ao concluir invocar os Artigos 522 e 543, limitando a estabilidade do dirigente sindical a apenas sete dirigentes
efetivos); o Precedente Normativo no 119, definindo que a contribuio sindical e decorrentes descontos salariais para o
sindicato no so matria objeto de acordo e conveno coletiva. Ainda, o Supremo Tribunal Federal (STF) no reconheceu
a possibilidade de negociao coletiva aos servidores pblicos. desse perodo a constituio de uma jurisprudncia sobre
greve abusiva, com multas pesadssimas aos sindicatos. Ainda, a Smula no 331 do TST substituiu o Enunciado no 256 que,
na prtica, coibia a terceirizao, legitimando-a nas atividades-meio e definindo como subsidiria a responsabilidade da
tomadora. Outra iniciativa que demonstra o ajustamento ao contexto dos anos 1990: por meio do Processo TST-MA- no
455.213/1998, o TST cancelou 28 dos 119 Precedentes Normativos orientadores de julgamentos de dissdios coletivos,
como o que tratava da estabilidade no emprego por 180 dias vtima de acidente de trabalho, o que assegurava horas
extras com 100%, o que dispunha sobre aviso prvio proporcional (Logurcio, 1998; Krein, 2007).
19. Na reforma do Judicirio introduzida pela Emenda no 45, o Poder Normativo foi colocado em xeque. A emenda
manteve a possibilidade da interveno da Justia do Trabalho nos conflitos coletivos quando malograda a negociao,
desde que de comum acordo. Essa exigncia tem sido objeto de grandes controvrsias na jurisprudncia.
20. A partir de dados coletados para o perodo 1997-2001, analisaram-se decises das Turmas dos Tribunais da 4a, 6a,
9a e 15a Regies em aes de trabalhadores que buscavam o reconhecimento da relao de emprego com as tomado-
ras ou com as cooperativas que contratam seus servios.
21. Usa-se essa expresso regulao pblica na medida em que as normas que regem a relao capital e trabalho so
definidas no mbito do Estado ou, no caso da negociao coletiva, com sua chancela mediata, e no no mercado, no
sentido desmercantilizador.
22. Primeira pesquisa A Terceirizao e a Justia do Trabalho Projeto Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de
So Paulo (FAPESP) no 2010/50.251-1, supervisor: Paulo Eduardo de A. Baltar, disponvel em: CESIT/IE/UNICAMP e
Memorial da Justia do Trabalho-RS. A segunda, em andamento, A Terceirizao e a Justia do Trabalho: Diversidades
Regionais. As duas se complementam, sendo examinados os processos judiciais que tramitaram perante a ento Junta
de Conciliao e Julgamento (JCJ) de Guaba-RS, regio onde se localizava a sede da Riocell, TRT4, tomando como
carro-chefe Ao Civil Pblica ajuizada pelo MPT visando coibir a terceirizao como vinha sento praticada pela
Riocell; as reclamatrias ajuizadas em vrias unidades da 15a Regio, TRT15; e as que tramitaram em Telmaco Borba,
Paran, TRT9, cidade onde se localiza importante planta da Klabin.
23. Alterao da smula pela Resoluo no 96, Dirio da Justia da Unio (DJU) de 18/9/2000.
24. Ainda no se pode avaliar o impacto da deciso do STF no julgamento da Ao Direta de Constitucionalidade
(ADCON) no 16, proposta pelo ento governador do Distrito Federal que concluiu pela constitucionalidade de disposi-
tivo de lei que isenta os entes pblicos que terceirizam quanto s obrigaes trabalhistas das empresas contratadas,
forando o TST a rever o inciso IV da Smula no 331, que em 2000 estendeu essa responsabilidade.
25. O Relatrio Final est disponvel no CESIT/IE/UNICAMP. Seguem algumas notas metodolgicas dele extradas: a
pergunta, em sntese, era se a Justia do Trabalho ofereceu ou no resistncia ao processo de flexibilizao das normas de
proteo ao trabalho. Para tanto, fez-se uso da ferramenta pesquisa em Jurisprudncia disponibilizada na pgina do TST,
Jurisprudncia do TST [consulta unificada],acessvel em: http://www.tst.jus.br/jurisprudencia/ia/index-acordao.html, com
foco no perodo 2004-2010. Como os registros priorizam: nome das partes, data de ajuizamento, nmero do processo,
sem que haja campo especfico para o objeto da ao, optou-se pelo uso de palavras-chave, aliada ao tipo de processo
e data de julgamento. No TST, os tipos de processo so, dentre outros: Recurso de Revista (RR), Agravo de Instrumento,
Embargos, etc. Optou-se pelo RR, sendo que quanto ao tipo Participao nos Lucros (PLR), fez-se uso tanto do RR quanto
do Processo Embargos, que levam a discusso para a SDI-I. Assim se definiu porquanto se tinha prvio conhecimento de
que certa posio divergente de Turmas do TST quanto natureza da PLR foi unificada em notrio julgamento pela SDI-I
de caso referente Volkswagem (VW). Assim, escolheram-se trs Tipos a partir de palavras-chave e o Tipo Processo
RR, com julgamento entre 1o de janeiro de 2004 a 31 de dezembro de 2010, incluindo-se no Tipo PLR o Tipo Processo
Embargos. Identificou-se a questo-chave procurada no Acrdo por meio de palavra-chave, definindo-se trs Tipos:
Vnculo Emprego Informalidade; Vinculo Solidariedade Terceirizao; e PLR. Em face do excessivo nmero de Acrdos e
do tempo que se dispunha, chegou-se a um sistema de amostragem. Dos Acrdos obtidos com Vnculo Informalidade
selecionou-se aleatoriamente 1 a cada 60; para Vnculo Solidariedade Terceirizao, 1 a cada 15; para PLR, visando
simetria, selecionaram-se 45 em julgamentos de RR pelas Turmas e 5 em julgamento de Embargos na SDI-I. Dos RR
selecionaram-se 1 a cada 16, e dos Embargos, 1 a cada 20. Elaborou-se uma tabela com 12 campos, que est includa no
Relatrio, e que inclui o campo K que se refere avaliao da deciso do TST de acordo com cada Tipo.
TABELA 10
TST: reconhecimento do vnculo (2011)
(Em %)
Sim No Total
No reconhece o vnculo 0,00 16,22 16,22
Reconhece o vnculo de informal 40,54 2,70 43,24
Reconhece o vnculo de autnomo e avulso 21,62 0,00 21,62
Reconhece o vnculo de aposentado 2,70 0,00 2,70
No reconhece o vnculo com aposentado 2,70 0,00 2,70
Fonte: <hppt://www.tst.jus.br>.
Elaborao dos autores.
26. O Enunciado no 256 do TST, aprovado pela Resoluo no 4/1986 [DJ 30/9/1986], foi revisto pela Smula no 331, em
1993. No inciso IV, atribui responsabilidade subsidiria ao tomador quanto aos direitos trabalhistas dos trabalhadores
contratados pelas terceiras. Em 2000, a Resoluo no 96 estendeu a responsabilidade subsidiria para os entes pbli-
cos. Hoje essa smula foi revistada para se adequar ao julgamento pelo STF na ADCON 16, que declarou constitucional
artigo da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) que isenta de responsabilidade trabalhista o ente pblico que terceiriza,
condicionando essa liberao fiscalizao adequada quanto aos pagamentos aos empregados das terceiras.
TABELA 11
Deciso do TST desfavorvel flexibilizao nas demandas envolvidas? Inclui
responsabilidade subsidiria como resistncia flexibilizao
(Em %)
Sim No Total
Fonte: <hppt://www.tst.jus.br>.
Elaborao dos autores.
27. So requisitos da relao de emprego: trabalho pessoal, por conta alheia, no eventual, subordinado e remunerado.
30. Por exemplo, em matria da Folha de S. Paulo, de 19/3/1996, a consultora de Recursos Humanos (RH) da Riocell
admitia que, aps o Enunciado no 331 do TST, algumas atividades tiveram que ser revistas (telefonia, mensageiros,
recepo, manuteno, folha de pagamento). O ttulo da matria era Empresas lanam a desterceirizao.
31. Conferir uma discusso sobre o tema em Baltar, Moretto e Krein (2006).
32. Artigos 1o, inciso III, e 5o, incisos XXXV e LXXIV.
33. Artigo 5o, incisos XXXV e LXXIV.
34. Artigo 3o, III, que trata do princpio da justia social.
38. Nos termos do Artigo 18 da Lei no 5584/1970, a assistncia judiciria devida ainda que o trabalhador no seja
associado ao respectivo sindicato. Na prtica, entretanto, h sindicatos que no prestam essa assistncia aos que
no so associados entidade, o que faz com que uma grande parcela de trabalhadores no tenha, de fato, acesso
assistncia judiciria trabalhista gratuita, da contratarem advogados particulares. Segundo o Artigo 17 da lei, se, em
algum caso ou em alguma cidade, no houver Justia do Trabalho ou no existir sindicato da categoria profissional do
trabalhador, atribudo aos promotores ou defensores pblicos o encargo de prestar a assistncia judiciria.
39. Artigo 5o, LXXIV.
40. Constantes da Lei no 5.584/1970.
41. Na Justia comum.
42. Artigo 134.
A execuo trabalhista
A execuo trabalhista o momento em que o juiz constrange o devedor ao cumpri-
mento do decidido, assegurando a obteno do resultado prtico do direito reconhecido
(Giglio, 2002; Moretto e Biavaschi, 2011). Inicia-se com a citao (espcie de
intimao do devedor) para pagamento em 48 horas, sob pena de penhora e pode
ter como objeto, alm das sentenas transitadas em julgado, acordos no cum-
pridos, firmados na prpria Justia do Trabalho, Termos de Ajuste de Conduta
(TAC), firmados perante o MPT e Termos de Conciliao firmados perante as
Comisses de Conciliao Prvia (CCPs).44
Trata-se do calcanhar de Aquiles do processo do trabalho. Seus entraves
decorrem, dentre outros, das dificuldades financeiras do devedor, sabidamente
maiores para as MPEs (Moretto e Biavaschi, 2011). Como sublinham Moretto e
Biavaschi (2011), essas dificuldades impactam a execuo trabalhista, provocan-
do demoras e srios problemas aos trabalhadores em pequenos negcios quando
buscam o pagamento dos valores reconhecidos em sentena que transitou em
julgado.
se ter uma ideia, esse valor representa cerca de 5,5% do total liberado via alvar
para os trabalhadores cujas demandas tiveram xito total ou parcial ou, ainda, do
que foi definido em acordos judiciais homologados. Se somarmos a isso o valor
arrecadado nas execues das penalidades impostas pelos rgos de fiscalizao
das relaes de trabalho Secretaria de Relaes do Trabalho (SRT)/MTE, chega-se
a um montante de aproximadamente 6% do total pago aos trabalhadores pelo
reconhecimento, em juzo, dos descumprimentos contratuais e das leses a que
foram submetidos. Trata-se de dado significativo tanto para a proposio do Fun-
do de Execues, cuja fonte de custeio, entre outras, seria a arrecadao das custas
e multas aplicadas, quanto para se pensar formas preventivas com fora para coi-
bir o delito trabalhista, de tal sorte que as multas correspondam, efetivamente, a
formas pedaggicas de desestimulo leso.47
47. Interessante observar que os dados da arrecadao com Imposto de Renda (IR), valores no includos no grfico,
correspondem a cerca de 13% do que foi reconhecido e pago aos trabalhadores pela Justia do Trabalho em 2009,
por conta de leses praticadas. A soma desse valor das custas e execuo de multas corresponderia a aproxima-
damente 20% do que pago aos credores trabalhistas por fora de decises judiciais. A viabilidade se utilizar tal
recurso como uma das fontes de custeio do fundo necessitaria estudo mais aprofundado, inclusive buscando-se
diretamente nos rgos de fiscalizao o que foi arrecadado com multas e que no houve necessidade de execuo
judicial. Assim, poder-se-ia obter um panorama mais preciso dos valores que poderiam custear o Fundo de Execu-
o, sem necessidade de se estabelecer, como ocorre com o fundo espanhol, um percentual pago pelas empresas
referentes ao faturamento.
48. O fundo poder facilitar a vida das MPEs, sem prejudicar seus empregados. Os trabalhadores receberiam o que
lhes devido de uma s vez e as MPEs poderiam negociar com o fundo uma maneira adequada sua realidade de
cumprir com suas obrigaes para com ele. Na Espanha, grande parte das empresas, acionadas pelo Fogasa, so
de pequeno porte.
49. Decreto no 21.690/1932 criou as Inspetorias Regionais do Ministrio do Trabalho. Decreto no 22.244/1932: apro-
vou o regulamento para sua execuo. Decreto no 23.288/1933: criou Inspetorias nos estados e no Acre.
50. As consideraes tm como referncia Nobre Jnior, Krein e Biavaschi (2008).
51. Ver Conveno no 81 da OIT, de 1947, sobre o sistema de inspeo do trabalho.
52. As atribuies esto definidas na Lei no 10.593/2002.
53. Portaria no 865/1995, revogada pela Portaria no 143/2004.
volvidos nos diversos estados de preveno das doenas e acidentes de modo co-
letivo, como forma de otimizar a ao de fiscalizao, estabelecendo negociaes
entre as entidades sindicais para medidas preventivas e prazos de implementao
(Nobre Jnior, Krein e Biavaschi, 2008).54
Ao mesmo tempo, com mais intensidade nos primeiros anos da dcada de
1990, a estrutura da fiscalizao, historicamente insuficiente, foi sucateada. Esse
processo fica evidente quando se olha para a questo oramentria na medida em
que, especificamente com a fiscalizao, houve queda, em termos percentuais, do
valor executado no oramento para a fiscalizao at 1999. Apesar de o valor dis-
ponibilizado ter aumentado nos primeiros anos do sculo XXI, ainda persistem
dificuldades materiais (equipamentos e dirias) para o exerccio da fiscalizao
(Nobre Jnior, Krein e Biavaschi, 2008).
Iniciativas, ainda que tmidas, para recuperar o sistema de fiscalizao ocor-
reram a partir de 1999, inseridas no esforo de melhoria da mquina arrecadat-
ria, buscando viabilizar o incremento das finanas pblicas, em um contexto de
elevao brutal do endividamento pblico. Nesse sentido, aps anos de reduo
no nmero de auditores fiscais do trabalho (inspetores), houve novos concursos.
Mesmo assim, o nmero continua insuficiente at os dias atuais (Nobre Jnior,
Krein e Biavaschi, 2008).55 A partir de 1999, foi estabelecida a carreira para o
auditor, unificada da Previdncia e Receita, com introduo do sistema de gra-
tificao (Nobre Jnior, Krein e Biavaschi, 2008) vinculada ao resultado, que
privilegia: o volume de arrecadao do Fundo de Garantia do Tempo de Servio
(FGTS), o nmero de formalizaes via ao fiscal e a quantidade de empregados
fiscalizados, tendncia que se exacerbou depois de 2003.
Ou seja, os incentivos so para aumentar a arrecadao do Estado, por meio
de depsitos do FGTS ou pela elevao da formalizao, que incrementa as con-
tribuies sociais, especialmente previdncia social.
O incremento da fiscalizao contribuiu para a elevao da formalidade.
Segundo os dados disponveis no site do MTE, o nmero de trabalhadores for-
malizados por ao sindical praticamente triplicou entre 1996 e 2007 (foi de
268.558 para 746.245). Considerando o tamanho do mercado de trabalho e,
particularmente, o nmero dos desligados e admitidos, segundo a Contadoria
e Auditoria-Geral do Estado (Cage)/MTE, a quantidade no to grande, mas
o crescimento bem superior ao proporcionado pela dinmica do mercado de
trabalho (Nobre Jnior, Krein e Biavaschi, 2008).
54. O artigo cita, por exemplo, que no Estado de So Paulo foram assinadas convenes sobre sade e segurana do
trabalho no setor qumico, metalrgico e construo civil.
55. Segundo o artigo, o nmero de auditores chegou a 2 mil, em 1995. Em 2006, est prximo de 3 mil, menos do
que os 5 mil existentes nos anos 1970.
4.3 MPT
A CF de 1988 redefiniu o papel do MPT, tornando-o uma instituio essencial
funo jurisdicional do Estado, com carter permanente, autnomo e indepen-
dente. Ator fundamental na defesa dos interesses sociais e com a finalidade de
defender a ordem jurdica, o regime democrtico e os interesses sociais e individuais
59. O MPT tem assento nas sesses de julgamento dos Tribunais do Trabalho e, em certos casos, emite pareceres nas
causas em andamento, com destaque atuao no mbito do exerccio do poder normativo.
60. Estudo especfico poder analisar a ao do MPT propondo aes de nulidade de clusulas por desrespeitarem os
princpios constitucionais e do Direito do Trabalho.
QUADRO 1
Principais clusulas nas convenes coletivas que estabelecem diferenciao por
tamanho de empresa
Categoria Clusula
Valor do abono
Benefcios Auxlio-creche3
Abono aposentadoria
Fontes: Dieese e pesquisa em setores selecionados: metalrgicos, qumicos e comercirios do Estado de So Paulo.
Notas: 1 Concede maior prazo para os pequenos darem o aumento salarial.
2
A diferenciao dada para empresas com mais de 100 empregados (qumicos).
3
Determinar um valor de at 30% do salrio normativo para as empresas com mais de 30 empregados, caso a empresa
no tenha creche prpria.
4
As empresas com mais de 100 empregados devero ter planto no horrio noturno. As com menos de 100 devero
ter um veculo para eventuais necessidades.
61. Idem.
TABELA 12
Brasil: distribuio das unidades de negociao por existncia ou no de critrios
de diferenciao dos pisos salariais e tipos de critrios (2010)
Critrios Nmero %
outros critrios 20 3
Nota: 1A soma ultrapassa o total de registros, pois um mesmo piso salarial pode ser definido segundo mais de um critrio.
62. Tema abordado na pesquisa A Terceirizao e a Justia do Trabalho, realizada no CESIT/IE/UNICAMP, antes referida.
tiva, o presidente, ministro Joo Oreste Dalazen, enfatizou como ponto relevante para
o aprimoramento da legislao sobre o tema a adoo da responsabilidade solidria
por parte da tomadora dos servios, evoluindo, portanto, da responsabilidade subsidi-
ria que a Smula no 331 do TST hoje contempla. O segundo ponto salientado o da
importncia de se limitar essa forma de contratar as atividades-meio, como a Smula
no 331 j o faz: A terceirizao na atividade fim , na minha opinio, a negao do
Direito do Trabalho, sustentou o presidente.63
REFERNCIAS
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31. 2007. Anais ... Caxambu, 22 a 26 de outubro de 2007. Mimeografado.
1 INTRODUO
No segmento de pequenos negcios, concentra-se mais da metade dos trabalha-
dores brasileiros. No perodo 1981-2003, o aumento da ocupao neste segmen-
to ocorreu principalmente em um contexto de baixo crescimento econmico,
abertura comercial e financeira, reestruturao das estratgias de concorrncia e
organizao das grandes e das mdias empresas com as medidas de desverticali-
zao, externalizao, subcontratao e terceirizao , modernizao tecnolgica
em determinados segmentos produtivos, forte elevao do desemprego e expan-
so do trabalho informal (Santos, 2006a).
Assim, no incio dos anos 2000, a marcante informalidade no segmento dos
pequenos negcios no era apenas expresso dos problemas histricos e estruturais
de uma economia em desenvolvimento cujo segmento tendia a perder peso na es-
trutura socioeconmica brasileira com o acelerado ritmo de crescimento econmico
e de industrializao at 1980 , mas passa a ser tambm expresso da estagnao
relativa da economia brasileira e das mudanas estruturais dos anos 1990, abruptas
e, em geral, adversas ao mundo do trabalho e ao segmento de pequenos negcios.
Dessa forma, grande parte da expanso dos ocupados em pequenos negcios
no Brasil pode ser explicada pela crescente importncia dos processos de desenvol-
vimento de estratgias de sobrevivncia em contextos de desemprego recordes, ou
seja, a proliferao de pequenos negcios precrios, segmento ento cada vez mais
marcado por reduzida produtividade e eficincia, baixo grau de assalariamento,
concentrao do assalariamento sem carteira de trabalho assinada e elevado grau
de descumprimento da legislao tributria, trabalhista, previdenciria etc.
Esse processo, no entanto, teve seus efeitos mais fortes no perodo 1990-
1999, sendo mais reduzido o ritmo de crescimento dos ocupados em pequenos
negcios aps a desvalorizao cambial de 1999 perodo a partir do qual come-
a novamente a crescer o emprego na grande empresa.
Com taxas mdias de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mais ele-
vadas no perodo 2004-2010, com o expressivo crescimento do emprego formal
(Santos, 2006b), do emprego pblico, do emprego em grandes, mdias e empre-
sas de menor porte mais organizadas, a discusso da problemtica da informali-
dade nas relaes de trabalho no segmento de micro e pequenas empresas (MPEs)
ganha novos contornos. Passam a ser considerados principalmente os impactos
positivos dessa nova conjuntura econmica sobre o mercado de trabalho brasi-
leiro e tambm das mudanas legislativas que refletiam o aprofundamento e a
implementao de polticas com impactos sobre o trabalho informal no segmento
de pequenos negcios, notadamente as legislaes que criaram o Regime Espe-
cial Unificado de Arrecadao de Tributos e Contribuies devidos pelas Microempresas
(MEs) e Empresas de Pequenos Porte (EPPs) (Supersimples) e o Microempreendedor
Individual (MEI) (Baltar et al., 2010).
Nesse cenrio econmico mais favorvel de forte expanso do emprego for-
mal, reduo do desemprego, melhoria da situao econmica, financeira e institu-
cional , que acabou por criar melhores condies para a formalizao das empresas,
alguns impactos positivos tambm ocorreram no mundo do trabalho dos pequenos
negcios no Brasil, marcado ainda por nveis muito elevados de informalidade e pre-
cariedade. A partir de 2004, observa-se uma tendncia de estancamento e leve redu-
o do profundo processo de informalizao e precarizao do trabalho no segmento
de pequenos negcios desde os anos 1980. Com o objetivo de contextualizar a anlise
do perodo recente, na prxima seo deste artigo apresenta-se um breve resumo dos
principais determinantes e das principais caractersticas deste processo de aumento da
informalidade do trabalho no segmento dos pequenos negcios no Brasil, no perodo
1980-2003. Considerando estas tendncias, desenvolve-se na seo 3 uma anlise da
evoluo de alguns aspectos da informalidade do trabalho no segmento dos pequenos
negcios no Brasil, no perodo 2004-2009. Na subseo 3.1, tratada a informali-
dade dos empregadores; na subseo 3.2 analisa-se o assalariamento sem carteira de
trabalho assinada uma forma de informalidade altamente concentrada no segmento
dos pequenos negcios; na subseo 3.3, a anlise tem como foco a informalidade
dos trabalhadores por conta prpria, considerando tambm alguns dos resultados do
recente programa para formalizao desses trabalhadores, o MEI; a subseo 3.4 de-
dicada condio de informalidade dos trabalhadores ocupados e no remunerados.
Finalmente, na seo 4, so apresentadas as consideraes finais.
1. Como so os casos dos vendedores ambulantes em praas, faris, praias etc., com seus carrinhos de venda de ali-
mentos; jovens entregadores de materiais de propagandas em faris, bares e restaurantes; guardadores de autom-
veis e seguranas de rua; prestadores de servios no prprio domiclio, como manicures e cabeleireiras; vendedores de
roupas e produtos de beleza ou objetos contrabandeados; e prestadores de servios de baixa qualificao no domiclio
do tomador, como limpadores de terrenos, jardineiros, lavadores de carros etc.
2. Como os cameldromos, feiras para artesos, no comrcio de alimentos em veculos ou traillers, bares, mercadinhos, sales
de barbeiro e cabeleireiro, armarinhos, oficinas de reparo e manuteno de objetos de uso pessoal e automveis, localizados
nas regies de comrcio mais empobrecidas das periferias das cidades, nas favelas e em zonas centrais deterioradas.
3. A legislao trabalhista e as instituies criadas para fiscalizar ou exigir seu cumprimento Delegacias Regionais
do Trabalho (DRTs), Justia do Trabalho (JT) tm suas fundamentaes assentadas em um padro de trabalho assa-
lariado, no sendo, portanto, aplicvel nem eficaz na maioria dos problemas relativos ao mundo do trabalho, nestas
atividades desenvolvidas em pequena escala e, em grande medida, pelo trabalho no assalariado (Santos, 2006a).
4. Como nos casos dos profissionais especializados na prestao de servios em diversas atividades segurana,
eletrnica e informtica, manuteno de veculos, consultores de negcios, especialistas em manuteno de equipa-
mentos de uso industrial, construo civil, vendedores e representantes comerciais, profissionais de mdia, internet,
telecomunicaes etc.; comerciantes que se estabeleceram em regies mais valorizadas para o comrcio vias prin-
cipais, regies centrais valorizadas, shopping centers , em negcios franqueados e/ou em atividades sofisticadas de
consumo das classes mdia e alta, alm dos profissionais liberais, com seus monoplios representados pelo diploma
de curso superior e, geralmente, algum apoio familiar para iniciar suas atividades.
5. Nesses tipos de ocupaes, com maior participao de assalariados, j marcante a presena de problemas traba-
lhistas associados aos vnculos de emprego: problemas associados aos baixos e instveis rendimentos de parcela dos
seus ocupados, mas tambm aos problemas trabalhistas decorrentes das relaes entre empregados e empregadores,
que so geralmente marcados por elevado grau de ilegalidade, cujo ponto de partida a contratao sem carteira de
trabalho assinada (CESIT/Sebrae, 2005).
6. Mesmo entre os empregadores, essa situao consideravelmente heterognea: desde funcionrios pblicos, por
exemplo, que abriram negcios sobre os quais no tinham o menor conhecimento e no conseguiram se manter no
mercado, at pesquisadores ou ex-funcionrios altamente qualificados que aproveitaram oportunidades para empre-
ender negcios em segmentos modernos, dinmicos, com tecnologia sofisticada e demanda garantida pelas relaes
com as mdias e as grandes empresas e com o setor pblico, que lhes proporcionaram melhor capacidade de se manter
no mercado. Em muitos casos, na abertura de pequenos negcios em redes de franquias, a propriedade de um montan-
te significativo de capital foi decisiva para que alguns pequenos empresrios pudessem aproveitar boas oportunidades.
7. Muitos pequenos negcios e empresas juridicamente constitudas e formalizadas surgiram em funo do aumento
dos processos de terceirizao e subcontratao, nos quais foi muito comum o aparecimento de ex-empregados de
mdias e grandes unidades como empresrios prestadores de servios ou fornecedores de seus antigos patres. Novos
pequenos negcios mesmo no representando uma situao mais precria para seus proprietrios contriburam
para ampliar as condies de trabalho mais rebaixadas para os novos empregados, relativamente s anteriores ocupa-
es de muitos trabalhadores que foram demitidos das mdias e das grandes empresas.
8. A populao brasileira ocupada cresceu cerca de 9,8%, nesse perodo de maior ritmo mdio de crescimento eco-
nmico e de formalizao. Como expresso dessa evoluo positiva do mercado de trabalho brasileiro, a populao
ocupada (dez anos ou mais) contribuinte da previdncia social aumentou num ritmo muito maior (26,7%), enquanto
o contingente de no contribuintes apresentou uma reduo de 4,7% (Santos, 2011).
9. Em todas as Unidades da Federao (UFs) ocorreu reduo da proporo de ocupados no contribuintes no total de
ocupados, no perodo 2004-2009. Nesse contexto de aumento da populao ocupada e de formalizao, enquanto
o nmero de ocupados aumentou 8,27 milhes, o nmero de ocupados com contribuio previdenciria aumentou
10,42 milhes, e o nmero de no contribuintes ocupados foi reduzido em 2,15 milhes (Santos, 2011).
TABELA 1
Brasil: evoluo e distribuio da informalidade no segmento dos pequenos
negcios (2004-2009)
2004 2009 Variao
Informalidade no segmento dos pequenos negcios 2004 Distribuio 2009 Distribuio 2004-2009
(%) (%) (%)
Trabalhadores por conta prpria informais 13.274 37,2 13.356 39,1 0,6
Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE). Elaborao
do autor.
10. Como o foco deste estudo a anlise da informalidade no segmento de pequenos negcios, no foram considerados
os empregados trabalhadores domsticos, pois esto associados outra dinmica, a da famlia, e no aos objetivos cen-
trais desta pesquisa que compreender a informalidades das pequenas empresas, ou mais precisamente dos pequenos
negcios. A categoria empresrios sem empregados tambm no foi particularmente analisada, porque, em parte, a
situao de seus componentes aparece como formal que no objeto desta pesquisa no universo pesquisado pela
Relao Anual de Informaes Sociais (Rais) do Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE), e, em outra parte, aparece como
trabalhadores por conta prpria pelas informaes da PNAD, nesse caso tratados detalhadamente nessa pesquisa.
11. Considerando a prpria natureza da atividade, alm de no remunerada tambm no mercantil, foram excludos
da anlise da informalidade do segmento dos pequenos negcios os ocupados nas atividades para o prprio consumo
e para o prprio uso.
12. Parcela expressiva dos empresrios tambm desenvolve suas atividades no prprio domiclio ou nos domiclios e/ou
locais determinados pelos contratantes, em veculos ou em reas pblicas, com reduzidos nveis de produtividade e de
rendimentos, e sem o cumprimento das legislaes tributria, trabalhista, previdenciria e outras alvars e licenas
de funcionamento, normas sanitrias e de sade e segurana etc.
13. Entre 2004 e 2009, o expressivo crescimento do nmero de empregadores no Brasil (15%) deveu-se essencial-
mente forte expanso dos empregadores no agrcolas (21,8%), j que na atividade agrcola ocorreu uma enorme
reduo do nmero de empregadores (21,0%). Assim, enquanto o pas ganhou 637 mil empregadores no agrcolas,
no perodo 2004-2009, a perda nas atividades agrcolas foi de 116 mil empregadores (Santos, 2011).
14. Diante das diversas dificuldades metodolgicas e operacionais de mensurar o universo de empregadores de
pequenos negcios em situao de informalidade no Brasil, na pesquisa que fundamenta a elaborao deste artigo
foram utilizados vrios critrios com a perspectiva de que eles possibilitassem uma anlise mais completa e compa-
rativa: foram considerados como proxy deste segmento: i) empregadores sem contribuio previdenciria (com e sem
CNPJ); ii) empregadores sem CNPJ, mesmo com contribuio previdenciria; iii) empregadores sem contribuio pre-
videnciria (com ou sem CNPJ) e contribuintes previdncia sem CNPJ; e iv) empregadores sem estabelecimentos ou
desenvolvendo atividades em estabelecimentos precrios (no prprio domiclio ou do contratante/tomador do servio,
em reas ou vias pblicas, em veculos etc.).
TABELA 2
Brasil: total de ocupados, empregadores por condio de atividade e empregadores
informais no segmento de pequenos negcios (2004-2009)
(Em milhares)
2009-2004
Tipo de ocupao/ano 2004 2009
(%)
Participao dos empregadores informais no total (D) x (A) 1.267 1.453 14,7
15. A incluso da investigao sobre a existncia ou no do CNPJ para empregadores e trabalhadores por conta
prpria na PNAD/IBGE, de 2009, abriu uma nova perspectiva para operacionalizar novos conceitos de formalidade/
informalidade para o caso dos empregadores e dos trabalhadores por conta prpria (Corseuil e Reis, 2011), repre-
sentando um grande avano para a anlise do segmento, mas que por enquanto fica limitada pela ausncia de uma
srie temporal. Por isso, na anlise da evoluo e das mudanas ocorridas no perodo 2004-2009, a informalidade
dos empregadores, neste artigo, est sendo captada a partir da perspectiva da contribuio previdenciria. Com essa
nova informao, pode-se associar informao do CNPJ relativa contribuio previdenciria e refinar, numa certa
perspectiva, o conceito de informalidade desses dois agrupamentos. Considerando somente o critrio da ausncia de
CNPJ, a participao dos empregadores informais no total de empregadores (31,6%), em 2009, seria pouco menor em
relao observada para os empregadores no contribuintes previdncia (42,2%), tambm menor para os empre-
gadores no contribuintes de 16 a 59 anos (36,4%), e bem menor do que a proporo verificada com o conceito mais
amplo de informalidade (50,8%), no mesmo ano.
TABELA 3
Brasil: empregadores, segundo situao de contribuio previdenciria e posse de
CNPJ (2009)
2009
2009
Situao do empregador Distribuio
(Milhares)
(%)
Empregadores formais
1.964 49,2
Com contribuio previdenciria e CNPJ
16. Tambm muito comum o fato de que muitos socioproprietrios de microempresas formalizadas apresentam ou-
tras ocupaes, como assalariados ou mesmo como trabalhadores por conta prpria. Nesse aspecto, indicativo o fato
de que, em 2009, a PNAD/IBGE apontava 806 mil com mais de uma ocupao, que apresentavam, ao mesmo tempo,
as de empregadores e trabalhadores por conta prpria como ocupaes principais e secundrias.
17. Mais de dois em cada trs empregadores (71,8%) com CNPJ (1,557 milho) contribuam para a previdncia social,
em 2009. Assim, somente 28,2% no contribuam para a previdncia social, ou seja, estavam numa situao mais
prxima da informalidade, o que corrobora a ideia de que a formalizao jurdica do empregador um dos fatores mais
importantes para ampliar a sua proteo social.
18. Segundo informaes oficiosas de tcnicos da Diretoria de Polticas Pblicas do Sebrae, o nmero de empresrios
cadastrados no MEI, com um empregado, j teria superado 50 mil no primeiro semestre de 2010.
19. Segundo Leone (2010), Na tentativa de ampliar a gerao de emprego formal e reduzir os custos das empresas o
governo implementou o Simples Federal (Lei das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), aprovado pela Lei no
9.317 de 5/12/1996, que dispe um regime especial para as pequenas empresas com faturamento de at 36 mil reais
por ano. O Simples foi extinto em 1 de julho de 2007 e substitudo pelo Simples Nacional ou Supersimples que esta-
belece normas gerais relativas ao tratamento tributrio diferenciado a ser dispensado s microempresas e empresas
de pequeno porte no mbito da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, mediante regime nico de
arrecadao, inclusive obrigaes acessrias (http://www.portaltributario.com.br, acesso em 26/6/2010).
20. Dentre os segmentos de ocupados, por posio na ocupao, o emprego assalariado do setor privado sem carteira
em atividades agrcolas foi o que apresentou a menor reduo (7,6%), j que a reduo dos empregadores agrcolas
foi de 21%, a dos trabalhadores por conta prpria agrcola foi de 13,6% e a dos no remunerados, de 37%. E dessa
forma sua reduo somente foi maior do que a do conjunto dos ocupados em atividades agrcolas (6,6%).
nos negcios, neste trabalho, todos os empregados sem carteira foram considerados
como pertencentes ao segmento de pequenos negcios (Santos, 2006a).21
Essa leve reduo absoluta do conjunto de empregados sem carteira assinada,
entretanto, no foi suficiente para evitar que sua participao aumentasse no total
de ocupados informais do segmento de pequenos negcios (tabelas 1 e 4). 22
TABELA 4
Brasil: ocupados, empregados do setor privado e empregados informais sem cartei-
ra de trabalho assinada no segmento de pequenos negcios anos selecionados
(Em milhares)
21. No Anurio estatstico do Sebrae, realizado pelo Departamento Intersindical de Estatsticas e Estudos Socioecon-
micos (Dieese), a partir de dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) Dieese/Fundao Sistema Estadual
de Anlise de Dados (Seade); MTE/Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), com uma amostra relativamente pequena,
que muitas vezes dificulta o detalhamento das informaes sem perda de representatividade estatstica, os dados
disponveis apenas para algumas regies metropolitanas (RMs) indicam que o assalariamento sem carteira alcanaria
11% na mdia empresa e apenas 7,9% na grande empresa na RM de So Paulo (RMSP).
22. Em conjunto, a participao dos assalariados sem carteira de trabalho assinada na estrutura ocupacional brasileira
reduziu-se de 18,3% para 16,6%, refletindo tambm a leve reduo do nmero de trabalhadores nesta situao,
de 15,427 milhes para 15,311 milhes. No mesmo sentido, observa-se uma progressiva queda do assalariamento
sem carteira, de 37,6% para 32,1%, no total dos empregados do setor privado, e de 33,1% para 28,2% no total de
empregados (exclusive domsticos), no perodo 2004-2009.
11,99 milhes para 14,57 milhes, entre 2004 e 2009. Entretanto, comparado
ao crescimento dos empregados com carteira assinada do setor privado (exclusive
domsticos), de 26,6%, no mesmo perodo, informados pela PNAD/IBGE, ob-
serva-se que a expanso do emprego formal foi menor no segmento dos pequenos
negcios do que no conjunto dos empregos formais do pas.
Houve um forte processo de formalizao do emprego no segmento dos
pequenos negcios, que poderia estar expressando os impactos da formalizao
de empregos de empresas optantes pelo Simples (ou Supersimples), mas que no
fica evidente com as informaes disponveis. Vale dizer, essas polticas podem ter
contribudo para a formalizao do emprego nos pequenos negcios, mas no fo-
ram sequer capazes de fazer com que o ritmo de crescimento do emprego formal
do segmento de pequenos negcios (21,5%) fosse maior do que a expanso do
ritmo do conjunto dos empregados formais do setor privado no pas (26,6%).23
Alm disso, considerando o conjunto de empregados (com carteira assinada,
informados pela Rais/MTE, e sem carteira informados pela PNAD/IBGE) do
segmento de pequenos negcios, observa-se que ocorreu uma expanso de apenas
9%, com o aumento do nmero de empregados nos pequenos negcios passando
de 27,4 milhes para 29,9 milhes, no perodo 2004-2009. A expanso relativa
foi menor do que a observada para o total dos ocupados no pas (9,8%) e bem
menor do que a do conjunto dos empregados do setor privado no pas (16,3%).
Com isso, a participao do conjunto dos empregados do segmento de pequenos
negcios reduziu-se de 66,9% para 62,7%, no total dos empregados do setor
privado do pas (tabela 4).
Entretanto, deve-se tambm destacar o lado positivo desse processo. O baixo
dinamismo do emprego assalariado no segmento de pequenos negcios resultou prin-
cipalmente de um aspecto positivo: o estancamento do processo de crescimento do
assalariamento sem carteira, que tornou a estrutura de emprego dos pequenos negcios
um pouco mais caracterizada pelo emprego formal, pela reduo da informalidade
expressa pelos vnculos de emprego (Santos, 2011). Assim, nesse processo de aumento
do emprego formal e de estancamento do emprego sem carteira assinada, as estimativas
obtidas com as informaes combinadas da PNAD/IBGE e da Rais/IBGE indicam
que ocorreu uma reduo da participao do emprego assalariado sem carteira no con-
junto dos assalariados do segmento de pequenos negcios (de 56,3% para 51,2%), no
perodo 2004-2009 (tabela 4).24
23. E, nesse sentido, que evolusse tambm num ritmo menor de formalizao relativamente s mdias e grandes
empresas, que apresentaram bom desempenho, em termos de formalizao, num contexto de maior ritmo de cresci-
mento econmico, de elevao das exportaes, e de resultados mais eficazes dos sistemas de fiscalizao (Baltar et
al., 2010).
24. Ao lado dessa reduo do peso do assalariamento informal no seu interior, as estimativas tambm apontam para a
queda de participao do conjunto dos empregados do setor privado do segmento dos pequenos negcios (de 66,9%
para 62,7%) no total dos empregados do setor privado (exclusive domsticos).
Do ponto de vista dos ramos de atividade, essa reduo do conjunto dos em-
pregados sem carteira assinada do setor privado, no perodo 2004-2009, com seus
impactos positivos sobre os pequenos negcios, pode ser atribuda, principalmente,
ao comportamento do emprego em outros servios coletivos, sociais e pessoais,
na indstria (e de transformao), no transporte, armazenagem e comunicao
que apresentaram expressivas redues absolutas e relativas no conjunto dos
empregados sem carteira dos pequenos negcios. Isso mostra que a evoluo da
informalidade do emprego foi muito diferenciada. O emprego assalariado sem car-
teira aumentou de forma expressiva em atividades importantes do segmento de
pequenos negcios: educao, sade e servios sociais (14,4%) que tem um peso
importante no total do emprego sem carteira do segmento de pequenos negcios,
ainda aumentado de 11% para 12,7%, entre 2004 e 2009; alojamento e alimenta-
o (13,6%); construo (8,7%), que tambm apresenta um peso elevado no total
dos empregados sem carteira dos pequenos negcios (Santos, 2011).
A reduo do peso do assalariamento sem carteira no conjunto do segmento
de pequenos negcios deveu-se tambm, em parte, ao comportamento do emprego
sem carteira nas MEs (at dez empregados), com uma menor taxa de expanso
(4,5%), em relao s empresas maiores com onze ou mais empregados nos ramos
do comrcio e dos servios.25 Mesmo assim, deve-se destacar que, nos pequenos ne-
gcios desses ramos de atividade, o comportamento do emprego assalariado no foi
to negativo, j que o assalariamento sem carteira aumentou num ritmo menor do
que o observado para o total dos empregados do setor privado em estabelecimentos
com at dez ocupados, indicando, portanto, menor ritmo de crescimento do que os
assalariados com carteira assinada (Santos, 2011).
Esse comportamento diferenciado setorialmente e por tamanho de empresa,
dentro do segmento de pequenos negcios, indica que as polticas que tm sido
consideradas importantes como apoio ao processo de formalizao do vnculo de
emprego no segmento de pequenos negcios como o Supersimples tambm
no tm apresentado a mesma eficcia do ponto de vista setorial, sendo incapaz
de conter tendncias de elevao da informalizao resultantes das especificidades
dos ramos de atividade, ou mesmo de diferentes caractersticas e impactos seto-
rias/regionais do maior ritmo de crescimento econmico. Esse parece ser o caso
do ramo da construo, cujo boom est sendo viabilizado, em boa parte, com a
precarizao e informalizao das relaes de trabalho, e das empresas de porte
muito pequeno, cujas informaes apontam para uma menor eficcia na formali-
zao dos vnculos de emprego.
25. O conjunto dos empregados sem carteira assinada em estabelecimentos com at dez empregados constitui o
universo normalmente utilizado para caracterizar as MEs, para todos os ramos de atividade, na ausncia de melhores
informaes da PNAD, segundo o porte do estabelecimento.
Por outro lado, do ponto de vista das caractersticas dos empregados sem car-
teira assinada, observa-se que a reduo concentrou-se entre os homens (0,6%),
sendo expressiva a expanso do nmero de mulheres sem carteira de trabalho assi-
nada (4,1%).26 Do ponto de vista da faixa etria, a reduo do emprego sem carteira
afetou em maior proporo os mais jovens, de 10 a 19 anos, com uma reduo de
4,1%, aspecto positivo que reflete a reduo do trabalho infantil e juvenil precrio
e informal no segmento de pequenos negcios.27 A populao de 60 anos ou mais
no foi beneficiada por esse processo de conteno do emprego assalariado infor-
mal, aumentando 17,3% no conjunto do pas e 29% no conjunto das metrpoles
investigadas pela PNAD/IBGE. Apesar de um peso reduzido no conjunto dos em-
pregados sem carteira do setor privado no agrcola, essas pessoas de 60 anos ou
mais tm se apresentado como a expresso da parcela dos empregados para os quais
a informalidade tem aumentado no segmento de pequenos negcios, num contexto
de ampliao da formalizao do segmento (Santos, 2011).
Do ponto de vista regional, a informalidade do emprego foi reduzida, em termos
absolutos, apenas nas regies Sudeste (7,0%) e Centro-Oeste (1,1%). Refletindo a
concentrao da queda do nmero de empregados sem carteira assinada nas ativida-
des agrcolas (7,6%), a informalidade medida pelo emprego sem carteira assinada no
setor privado no agrcola aumentou de forma expressiva nas regies Norte (10,5%) e
Nordeste (10,3%).28 Assim, o meio urbano e as atividades no agrcolas dessas regies
menos desenvolvidas, e marcadas por participaes mais elevadas do trabalho agr-
cola, tambm no foram positivamente afetados por esse processo de estancamento
da informalidade expressa pelos empregados sem carteira.29 Em 2009, as trs regies
com maior ritmo de expanso desse tipo de informalidade, em conjunto, j passaram
a representar mais da metade (50,9%) do total. Apesar do crescimento na regio Sul,
as regies Norte e Nordeste ganharam mais peso nesse tipo de informalidade do seg-
mento dos pequenos negcios brasileiro (Santos, 2011).
No que se refere aos rendimentos dos empregados informais, observa-se que
ocorreu uma reduo das diferenas dos rendimentos dos empregados informais
26. Ou seja, no somente aumentou a participao das mulheres no total dos empregados sem carteira do segmento
dos pequenos negcios no agrcolas, como em 2009 havia mais mulheres sem carteira assinada do que em 2004,
processo que no ocorreu para o conjunto dos empregados do pas.
27. Na parcela que constitui a fora de trabalho principal, do ponto de vista etrio (20 a 59 anos), observa-se uma leve
reduo do emprego sem carteira.
28. Na regio Sul, o emprego assalariado sem carteira do setor privado no agrcola manteve-se praticamente estvel;
uma elevao de apenas 0,9%. Nas metrpoles de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro tambm se observa certa es-
tabilidade, embora no primeiro caso com um indicativo de leve reduo, e, no segundo, de elevao do emprego sem
carteira e da informalidade nos pequenos negcios.
29. Nas regies onde aumentou o nmero de empregados sem carteira de trabalho assinada no setor privado no
agrcola, o peso no total era, em 2004, menor (47,6%) do que nas outras duas regies onde o emprego assalariado
sem carteira diminuiu (52,4%); por isso tambm os impactos, em termos de elevao da informalidade expressa pelo
emprego sem carteira no segmento de pequenos negcios no pas, no foram ainda maiores.
30. Em 2004, no conjunto do Brasil, os empregados informais recebiam apenas 45,5% menos do que os empregados
formais; em 2009 essa diferena foi reduzida para 40,2%. Nesse aspecto, a regio Centro-Oeste j apresentava a
menor diferena entre o rendimento dos empregados informais e formais (34,3%) e foi tambm a que mais reduziu
essa diferena, para 20,8%. Essa regio tambm j apresentava, em 2004, a maior remunerao para os empregados
informais dentre todas as regies, e a terceira maior para os empregados formais, ou seja, o peso maior nessa diferena
refere-se mesmo ao maior rendimento dos informais nessa regio.
31. Os dados da previdncia social mostram tambm que o nmero de empresas no optantes pelo Simples aumentou
(16,0%) mais do que no caso das optantes (12,4%), ente 2005 e 2007. As empresas optantes pelo Simples apresen-
taram uma mdia de apenas 3,73 empregados com carteira por empresa em 2005, nmero que praticamente no se
alterou (3,8) at 2007 (DATAPREV/Cnis/Sntese, 2007).
32. Grande parte das atividades desses trabalhadores desenvolvida no prprio domiclio ou no do contratante, em espa-
os pblicos com ou sem permisso legal, em veculos que, entre diversas funes, muitas vezes cumprem precariamente
o papel de estabelecimentos. Assim, tambm muito comum a informalidade desse segmento no que se refere ausncia
de alvars e licenas de funcionamento, s inadequadas condies dos estabelecimentos para o desenvolvimento das
atividades, pelo descumprimento das normas pblicas relacionadas sade, s condies sanitrias, a sade e segurana
do trabalhador, e at mesmo s normas que devem garantir as condies adequadas de circulao de pessoas e veculos.
Alm disso, uma parcela expressiva do trabalho no remunerado de membros da famlia, do trabalho infantil e juvenil,
de idosos, de parentes e agregados est associada s atividades desenvolvidas pelos trabalhadores por conta prpria.
33. Profissionais liberais, representantes autnomos de empresas organizadas, prestadores de servios s empresas e s famlias
geralmente desenvolvem atividades organizadas, eficientes e com grande cumprimento s diversas normatizaes e legislaes,
que os excluem da situao tpica do trabalho por conta prpria precrio e informal. Por isso, embora praticamente todos esses
trabalhadores por conta prpria desenvolvam atividades de pequena escala e devam ser considerados trabalhadores do seg-
mento de pequenos negcios, esses ltimos tipos de trabalhadores no podem ser considerados, necessariamente, informais.
ciria (de 84,5% para 81,7%). Entretanto, ainda aumentou o nmero absoluto
de trabalhadores por conta prpria no contribuintes, ou seja, informais, que
alcanava 13,4 milhes em 2009, ao mesmo tempo que aumentava o nmero de
trabalhadores com contribuio previdenciria, de 2,44 milhes para 3 milhes,
uma expanso expressiva de 22,8% (tabela 5).
TABELA 5
Brasil: trabalhadores por conta prpria, segundo contribuio previdenciria
(2004 e 2009)1
Variao
Trabalhadores por conta prpria, por contribuio previdenciria 2004 2009
2009-2004 (%)
Total de trabalhadores por conta prpria de 16 a 59 anos (milhares) 15.709 16.348 4,1
34. Apesar dessa reduo do grau de informalidade no agrupamento dos trabalhadores por conta prpria, seu peso na
informalidade do segmento dos pequenos negcios passou de 37,2% para 39,1%, entre 2004 e 2009, mantendo-se
como o segundo agrupamento com o maior nmero de trabalhadores informais, e apresentando-se como o segmento
que aumentou o nmero absoluto de trabalhadores informais no segmento de pequenos negcios, juntamente com o
agrupamento de empresrios (tabela 5).
35. Como, por exemplo, o aumento da contratao de prestadores de servios para empresas associado busca de
flexibilidade e externalizao de atividades e para muitas famlias, com o crescimento da renda mdia familiar. Esta
parece ser a situao criada com a forte expanso do setor de construo no pas, considerando que o crescimento do
nmero de trabalhadores por conta prpria nessa atividade deve estar muito mais associado ampliao e melhoria
das oportunidades que ao desenvolvimento de simples estratgias de sobrevivncia.
36. Alm disso, o nmero de pessoas com 60 anos ou mais trabalhando como conta prpria nas metrpoles tambm
aumentou (7,3%) de forma expressiva. Esse movimento deve estar associado ao envelhecimento da populao, mas
tambm s precrias condies da aposentadoria no pas, especialmente para esse segmento de trabalhadores que
apresenta uma reduzida parcela de contribuintes para a previdncia social.
37. Do ponto de vista regional, observa-se que o trabalho por conta prpria apresentou o seu pior desempenho no Centro-
Oeste, com uma expanso de 12,2%, seguido pelas regies Sudeste (+7,0%) e Norte (+3,5%). No caso da regio Centro-
Oeste, foram as atividades no agrcolas que mais contriburam para o crescimento do trabalho por conta prpria, mas esse tipo
de ocupao informal tambm cresceu nas atividades agrcolas. Na regio Sudeste, o trabalho por conta prpria aumentou em
ambos os tipos de atividades, mas foram nas atividades agrcolas (10,0%) que ocorreu a sua maior expanso. Na regio Norte,
o trabalho por conta prpria apresentou um comportamento semelhante ao da regio Centro-Oeste, com um forte crescimento
nas atividades no agrcolas (+15%); mas a diferena que nessa regio ocorreu uma intensa queda do trabalho por conta
prpria nas atividades agrcolas (21,2%), a maior observada em todas as regies (Santos, 2011).
38. Para se enquadrar no MEI, o EI no pode ter participao em outra empresa como scio ou titular, no ter scio no
negcio que est sendo formalizado, e pode ter apenas um empregado contratado que receba o salrio mnimo (SM) ou
o piso salarial da categoria nesse caso deve recolher a Guia do Fundo de Garantia do Tempo de Servio (FGTS) e de
Informao Previdncia Social (GFIP); dever depositar o FGTS, calculado base de 8% sobre o salrio do empregado.
Alm disso, dever recolher 3% desse salrio para a previdncia social, com o que seu empregado passa a ter direito
a todos os benefcios previdencirios como, por exemplo, aposentadoria, seguro-desemprego, auxlio por acidentes de
trabalho ou doena, licena maternidade. Todos os demais direitos trabalhistas do empregado esto tambm mantidos
para o regime do MEI. O empreendedor formalizado pelo MEI tambm pode ser empregado de outra empresa. Alm disso,
podem se enquadrar trabalhadores de mais de quatrocentas atividades que conformam as categorias de atividades do
MEI (Sebrae, 2011).
39. Facilitando o acesso ao sistema bancrio e ao crdito diferenciado, podendo emitir notas fiscais, participar de
compras governamentais e de consrcios de licitaes, ter um empregado formalizado com rendimento de 1 SM ou o
piso da categoria, alm de contar com uma contratao do empregado a um menor custo (apenas 3% de contribuio
previdenciria sobre o salrio). O cadastramento tambm d direito ao recebimento de alvar de funcionamento
provisrio de 180 dias, procedimentos contveis simplificados, participao em consrcios para fins especficos para a
realizao de compras conjuntas. Alm disso, o EI tem acesso a um sistema eletrnico simplificado de emisso de guias
j com os valores de pagamento calculados pelo Sistema GFIP (Sebrae, 2011).
40. O valor da contribuio foi pensado como sendo 5% do SM como contribuio previdncia, e mais R$ 1,00 a
ttulo de pagamento de ICMS para os estados ou R$ 5,00 de ISSQN para os municpios. Por meio de medida provisria
(MP), implementada no primeiro semestre de 2011, a presidente Dilma Roussef ampliou os benefcios do MEI: au-
mentou de R$ 36 mil para R$ 60 mil o limite mximo da receita bruta anual; reduziu a alquota de contribuio para
o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) de 11% para 5%.
41. Os maiores nveis em So Paulo (22,2%, com 309 mil inscritos), Rio de Janeiro (12,8%, com 179 mil inscritos),
Minas Gerais (9,8%, com 136 mil inscritos), Bahia (8,7%, com 121 mil inscritos), Rio Grande do Sul (5,5%, com 77 mil
inscritos) e Paran (5,1%, com 72 mil inscritos).
42. E cifras ainda maiores em Minas Gerais (62%), Alagoas (64%) e Piau (71%). Em algumas UFs economicamente
mais desenvolvidas, como o Estado de So Paulo (54%), Rio de Janeiro (48%) e Rio Grande do Sul (53%), a proporo
de EIs formalizados que desenvolvem suas atividades em estabelecimentos fixos um pouco menor.
43. Dependendo da UF, essa cifra oscila de 15% a 30% dos empreendedores formalizados, sendo em muitos casos
to ou mais baixas as propores em UFs economicamente menos desenvolvidas Piau (15%) e Alagoas (21%) ,
relativamente s unidades mais desenvolvidas So Paulo (19%), Rio Grande do Sul (27%) e Minas Gerais (17,5%).
44. As quinze atividades com os maiores nmeros de empreendedores j formalizados so as seguintes: co-
mrcio varejista de artigos do vesturio e acessrios (146.129); cabeleireiros (105.846); lanchonetes, casas de
ch, de sucos e similares (43.508); comrcio varejista de mercadorias em geral, com predominncia de produtos
alimentcios minimercados, mercearias, e armazns (41.831); obras de alvenaria (37.956); bares e outros esta-
belecimentos especializados em servir bebidas (37.689); confeco sob medida de peas de vesturio exceto
roupas ntimas (29.624); atividades de esttica e outros servios de cuidados com a beleza (28.470); reparao
e manuteno de computadores e de equipamentos perifricos (28.467); fornecimento de alimentos preparados
preponderantemente para consumo domiciliar (26.180); instalao e manuteno eltrica (25.237); servios
ambulantes de alimentao (25.044); comrcio varejista de bebidas (23.707); comrcio varejista de cosmticos,
produtos de perfumaria e de higiene pessoal (22.864); e servios de organizao de feiras, congressos, exposi-
es e festas (20.180) (Santos, 2011).
45. O trabalho no remunerado agrcola reduziu sua participao no total do trabalho agrcola de 24,1% para 15,2%,
enquanto no caso do trabalho no agrcola a participao manteve-se praticamente estvel (2,4% para 2,1%), entre
2004 e 2009 (Santos, 2011).
TABELA 6
Brasil e grandes regies: pessoas de dez anos ou mais ocupadas e no remuneradas
(2004 e 2009)
(Nmeros absolutos em milhares)
2004 2009 Variao
Regio 2009-2004
Milhares % Milhares % (%)
46. Essa reduo foi resultado principalmente da queda do trabalho no remunerado de subsistncia no meio rural
(37%), mas tambm foi muito expressiva na atividade industrial (21,4%) e, em menor medida, nas atividades do
comrcio e reparao (1,5%) e de transporte, armazenagem e comunicao (5,4%). Assim como no caso do traba-
lho assalariado sem carteira assinada, observa-se expressivo crescimento do trabalho no remunerado nas atividades
da construo (+7,8%), de alojamento e alimentao (+9,2%) e em outros servios coletivos, sociais e pessoais
(+44,8%); neste ltimo caso, ainda acrescido pelo aumento nas atividades de educao, sade e servios sociais
com valor expressivo de 32,4% (Santos, 2011).
47. Como expresso desse movimento, destaca-se o fato de que no somente todos os estados da regio Sudeste aumentaram
suas respectivas participaes relativas no total de trabalhadores no remunerados, mas tambm apresentaram, com exceo
do Esprito Santo, aumento absoluto do nmero de trabalhadores no remunerados, entre 2004 e 2009. emblemtico,
nesse sentido, o fato de que o total de trabalhadores no remunerados das metrpoles do Rio de Janeiro, So Paulo e Belo
Horizonte, tenha passado de 159 mil em 2004 para 212 mil em 2009, uma variao de 33,3%. Nas metrpoles das regies
Norte-Nordeste (Belm, Fortaleza, Recife e Salvador) ocorreu uma reduo do trabalho no remunerado, de 140 mil para 126
mil (10%) e nas da regio Sul (Porto Alegre e Curitiba), de 71 mil para 59 mil (16,9%).
48. No Rio de Janeiro, alm do maior ritmo de crescimento, chama a ateno como aspecto ainda mais negativo o aumento
do trabalho no remunerado das mulheres num ritmo bem maior do que o relativo aos homens. Em So Paulo, o maior ritmo
de crescimento foi entre os homens e, em Minas Gerais, no houve diferenas substantivas do ritmo de crescimento por sexo.
49. Do total de ocupados com trabalho no remunerado, cerca de um tero so jovens de 10 a 17 anos. Os jovens do
sexo masculino no somente conformam um contingente (1,38 milho em 2004, e 884 mil em 2009) muito maior do
que as jovens (573 mil e 320 mil, no mesmo perodo), como tambm apresentam uma proporo muito mais elevada
entre os homens ocupados sem remunerao (51,5%), relativamente participao das jovens (17,8%) no total de
mulheres ocupadas sem remunerao (Santos, 2011).
50. A faixa etria de 60 anos ou mais concentra apenas 4,3% das pessoas com trabalho no remunerado no conjunto
do pas, sendo apenas 1,4% dentre os homens nessa condio de trabalho e bem mais entre as mulheres (6,8%).
Apesar de relativamente pouco expressivo, o fato importante que nessa faixa etria aumentou o nmero de pessoas
ocupadas sem remunerao (18,8%), principalmente como resultado do forte aumento entre as pessoas do sexo
masculino (118,9%), j que entre as mulheres o aumento no foi expressivo (1,4%) (Santos, 2011).
Entre 2004 e 2009, quase 750 mil crianas e jovens deixaram o trabalho no
remunerado e certamente muitos passaram a frequentar a escola.51 As polticas
que visam formalizao ou erradicao do trabalho infanto-juvenil nos peque-
nos negcios tm se mostrado eficazes e devem, portanto, continuar priorizando
o segmento dos jovens (e crianas) do sexo masculino nas atividades agrcolas das
regies menos desenvolvidas.
Por outro lado, na faixa etria de 18 a 59 anos, a problemtica do combate
informalidade representada pelo trabalho no remunerado refere-se muito mais
s pessoas do sexo feminino: no somente a proporo de mulheres com trabalho
no remunerado nessa faixa etria passou dos j elevados 75,4% em 2004 para
78,4% em 2009, mas tambm do total de pessoas nessa faixa etria com trabalho
no remunerado (3,69 milhes em 2004, e 2,791 milhes em 2009), as mulheres
representavam 65,7% em 2004 e passaram para 70,3%, ou seja, o trabalho adul-
to no remunerado, apesar de todos os avanos obtidos no perodo 2004-2009,
passou a ser ainda mais sinnimo de trabalho das mulheres (Santos, 2011). Como
fator agravante, observa-se que as mulheres de 60 anos ou mais representavam
3,7% de todos os trabalhadores no remunerados do pas em 2004, e essa propor-
o ainda aumentou para 5,2% em 2009.
Os idosos do sexo masculino, entretanto, tambm aumentaram sua partici-
pao no trabalho no remunerado, problema que pode ter um significado menor
para os aposentados ou beneficirios de outras polticas sociais. Mas, nesse caso,
apresenta-se com grande importncia a elaborao de avaliaes sobre o alcance
das polticas de aposentadoria, penses, principalmente da aposentadoria rural,
e tambm do Programa Bolsa Famlia (PBF). E da mesma forma que no caso do
trabalho infanto-juvenil, a reduo da informalidade no dever vir de polticas
de formalizao, mas sim de polticas que criem condies para que essas pessoas
possam efetivamente se aposentar e deixar o mercado de trabalho especialmente
nas condies precrias em que eles se encontram.
Outro aspecto preocupante, no processo de reduo do trabalho no remu-
nerado, o fato de que, apesar de ele estar um pouco mais concentrado no seg-
mento feminino, o ritmo de sua reduo foi maior entre as pessoas do sexo mas-
culino, de forma que aumentou a presena relativa das mulheres no trabalho no
remunerado, de 54,5% para 58,3%, no perodo 2004-2009. Nesse sentido, seja
pelos impactos do movimento mais geral das mudanas na estrutura produtiva,
ou pelos impactos das polticas sociais e de promoo da formalizao o que se-
ria ainda mais grave a reduo da informalidade no setor de pequenos negcios
expressa pela importante queda do trabalho no remunerado no apresentou o
51. Como em 2004, os jovens do sexo masculino continuaram representando a grande maioria dos jovens com traba-
lho no remunerado (70,7% em 2004 e 73,4% em 2009).
4 CONSIDERAES FINAIS
Em um contexto de taxas mdias mais elevadas de crescimento econmico, forte au-
mento do emprego formal e do SM real, reduo do desemprego, recuperao dos
rendimentos mdios do trabalho e da renda das famlias tambm elevadas pelas
polticas de transferncia de renda , ampliao dos benefcios tributrios e reduo
de encargos sociais associados implementao do Supersimples e do MEI para o seg-
mento de MPE, a evoluo do trabalho informal no segmento dos pequenos negcios
apresentou clara tendncia de reduo, no perodo 2004-2009. Esse mais um aspec-
to da melhoria da estrutura ocupacional brasileira no perodo 2004-2009: a reduo
da participao da informalidade do segmento de pequenos negcios informais, de
42,3% para 36,9%, no conjunto da estrutura ocupacional brasileira.
Por ordem de importncia, esse processo de reduo da participao da in-
formalidade dos pequenos negcios no conjunto da estrutura ocupacional foi
determinado pelo movimento dos trabalhadores ocupados e no remunerados,
pelos empregados assalariados do setor privado (exclusive domsticos), pelos tra-
balhadores por conta prpria e, finalmente, pelos empregadores.
A reduo da informalidade no segmento de pequenos negcios resultou,
fortemente, da expressiva queda do trabalho no remunerado agrcola. A queda
do trabalho no remunerado foi a nica reduo expressiva, do ponto de vista
quantitativo, do nmero de ocupados informais em pequenos negcios. Assim,
apesar do reduzido peso no segmento de pequenos negcios, a reduo do traba-
lho no remunerado foi o movimento mais importante na reduo da informali-
dade no seu interior. De fato, o saldo lquido negativo deveu-se ao comportamen-
no trabalho no remunerado. Nesse sentido, vale lembrar que quase 750 mil
crianas e jovens deixaram o trabalho no remunerado e certamente muitos pas-
saram a frequentar a escola, entre 2004 e 2009.
Como a reduo do trabalho no remunerado foi maior para os trabalha-
dores do sexo masculino, e as mulheres no somente continuaram constituindo
o maior contingente desse tipo de ocupao, como aumentaram sua participao
no total, as polticas pblicas precisam incorporar medidas que possam favorecer
a reduo do trabalho no remunerado da mulher, pois a reduo da informalida-
de no setor de pequenos negcios expressa pela importante queda do trabalho
no remunerado no apresentou o desejado objetivo de alcanar uma reduo
do conjunto das desigualdades sociais no pas, resultando numa ampliao da
desigualdade de gnero.
Os impactos positivos do crescimento econmico e do emprego, que inclu-
sive foram mais elevados nas regies Norte e Nordeste, afetaram positivamente
o trabalho no remunerado. A maior oferta de emprego formal contribuiu para
a reduo do trabalho no remunerado no campo e at mesmo para a migrao
para o meio urbano. Entretanto, deve-se reafirmar os impactos positivos que a
elevao do rendimento familiar por meio do aumento da ocupao e do em-
prego formal, do valor real do SM e do piso previdencirio, e das polticas de
transferncia de renda apresentaram, especialmente nas famlias de baixa renda,
nos rearranjos familiares que permitem a reduo do trabalho infantil e de jovens,
principalmente, em atividades no remuneradas e auxiliares de trabalhadores por
conta prpria ou pequenos empregadores nas atividades agrcolas, no comrcio e
em diversas atividades da prestao de servios no meio urbano.
Esta concluso ganha especial relevncia quando se considera o fato de que
houve um leve aumento e no uma reduo do trabalho por conta prpria e
um forte aumento dos empregadores no segmento de pequenos negcios, ou seja,
o trabalho no remunerado geralmente associado ao apoio de membros familiares
s atividades dos pequenos empregadores e trabalhadores por conta prpria no
deve ter se reduzido em funo da perda de importncia absoluta dessas ativida-
des, mas muito provavelmente pela melhoria da situao de renda de parte das
famlias constituintes desse universo.
Enfim, a reduo do conjunto do trabalho no remunerado indica que fato-
res como o maior ritmo de crescimento econmico, a reduo do desemprego, a
expanso de oportunidades de ocupao remunerada, a elevao da renda mdia
familiar tambm impulsionada pelas polticas de transferncia de renda e eleva-
o do SM e o combate ao trabalho infantil contriburam para sua diminuio
no meio rural e em diversas atividades no agrcolas.
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1 INTRODUO
O objetivo deste estudo apontar algumas evidncias a serem mais bem investiga-
das em trabalhos posteriores acerca da evoluo da presena das micro e pequenas
empresas (MPEs) na regio Nordeste do Brasil nos anos mais recentes. A evoluo
da presena destas modalidades de organizao produtiva no Nordeste brasileiro
ser medida pela trajetria do emprego formal nestas, em comparao com a evo-
luo do emprego formal em empresas de maior porte e tambm em comparao
com o que tem acontecido no mercado de trabalho do Brasil como um todo.
Estes movimentos de formalizao do emprego nas MPEs sero estudados
em contexto a ser destacado na primeira parte do estudo, que revela um duplo mo-
vimento tendencial recente do mercado de trabalho brasileiro, o qual se diferencia
da trajetria da economia brasileira nas ltimas dcadas. Este duplo movimento
tendencial distintivo recente se espelha, em primeiro lugar, em uma retomada
da formalizao do emprego no mercado de trabalho brasileiro, ocorrida desde
pelo menos 2004 (Cardoso Jnior, 2007), aps dcadas de crescente informali-
zao e desestruturao1 do mercado de trabalho brasileiro, em processos que se
iniciaram desde pelo menos a recesso do incio dos anos 1980 (Dedecca, 2003;
Cacciamali, 1986), que se aprofundaram ao longo dos anos 1990 (Cacciamalli,
2000; Baltar, 1996; Dedecca, 2005) e se estenderam pelos primeiros anos do s-
culo XXI. Em segundo lugar, uma tendncia que reverte movimentos anteriores
revelada pelas evidncias de ampliao da participao da regio Nordeste na
*Professor adjunto no Departamento de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador visitante,
atuando na Assessoria Tcnica da Presidncia do Ipea (ASTEC). E-mail: [email protected]
1. Sobre o processo histrico de estruturao do mercado de trabalho brasileiro, entendido como o movimento de
aumento da participao relativa do assalariamento formal no conjunto das ocupaes do mercado de trabalho bra-
sileiro (processo ocorrido ao longo dos anos 1950, 1960 e 1970) e o posterior processo de desestruturao (ao longo
dos anos 1980 e 1990) do mesmo mercado de trabalho ou de informalizao das ocupaes, entendida como a
ampliao de formas precrias de insero no mercado de trabalho brasileiro, por exemplo, o emprego sem carteira
assinada ou o trabalho por conta prpria (ver Pochmann, 1999 e Oliveira, 1998).
renda nacional nos anos mais recentes.2 Esta trajetria distintiva da economia da
regio Nordeste pode ser medida pela participao da renda da regio na renda
nacional dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), por
exemplo e tambm pode ser percebida pelo fato de que a formalizao ocorrida
no mercado de trabalho nordestino tem tido um movimento ainda mais expres-
sivo do que o movimento de mesma natureza que marca o mercado de trabalho
nacional como um todo.
, portanto, por causa dessas evidncias de desempenho excepcional da eco-
nomia da regio Nordeste do Brasil que se justifica o estudo do comportamento das
MPEs desta regio, buscando no apenas apontar potencialidades que o desenvolvi-
mento regional pode gerar para estas modalidades de empresas, como tambm avaliar,
por este ponto de vista ou seja, por meio da prpria evoluo do emprego formal nas
MPEs , o carter excepcional do crescimento econmico nordestino recente.
2 A ASCENSO RECENTE DA ECONOMIA NORDESTINA
Nesta seo, so reunidas algumas evidncias de que a economia brasileira esteja
sendo objeto de uma importante reorientao regional da atividade produtiva,
contemplando especialmente as regies Norte e Nordeste do pas. Neste estudo,
porm, pretende-se focar a anlise nos dados da regio Nordeste, no s porque
esta a regio em que esses movimentos transformadores parecem ser mais robus-
tos, mas tambm porque o peso relativo dela maior do que o da regio Norte.
A forma mais usual e mais simples mas, nem por isso, pouco importante
de avaliar mudanas na distribuio regional da renda est expressa na tabela
1, que mostra a trajetria de participao do produto interno bruto (PIB) da
regio Nordeste na renda nacional e tambm em alguns setores de atividade. Os
dados da tabela 1 demonstram uma expanso do peso da regio Nordeste nas ati-
vidades industriais e correlatas (construo civil, com as obras de infraestrutura3
exigidas pela reorientao dos investimentos industriais, bem como atividades de
mais produtividade de segmentos do setor tercirio da atividade econmica)4 no
2. Sobre as causas histricas e condicionantes do processo de distribuio regional da renda no Brasil desde os primr-
dios da industrializao, ver o clssico trabalho de Furtado (1961); sobre a distribuio regional da renda no perodo
que envolve a industrializao pesada, ver Furtado (1985, 1989), bem como Cano (1977, 1985). Em todos eles, pos-
svel avaliar os problemas enfrentados pelo Nordeste em termos de desenvolvimento econmico e social, bem como a
perda de peso da regio na renda nacional. Sobre as mudanas na distribuio regional da renda nos anos 1980 e no
incio dos anos 1990, ver Diniz (1993, 1995) e tambm Arajo (1995). Sobre a recente trajetria da economia nordes-
tina e suas potencialidades, sugerem-se os artigos reunidos por Macambira e Carleial (2009) e Moretto et al. (2010).
3. Feitas pelo setor privado ou pelos investimentos pblicos.
4. A literatura sobre o tema do desenvolvimento industrial prdiga em destacar os efeitos que a expanso da atividade
industrial tem sobre os demais setores da atividade econmica, destacando-se os efeitos encadeadores promovidos sobre
servios e outras atividades tercirias, bem como os ganhos de produtividade provocados pela prpria expanso da atividade
industrial, que gera demanda para outros setores (dentro e fora da indstria), permitindo a criao de novas atividades e/ou a
expanso de atividades j existentes. Ver Kaldor (1967), Cohen e Zysman (1988) e Macambira e Carleial (2009).
PIB setorial nacional. Tambm pode-se perceber que a regio Nordeste no PIB
nacional tem crescido nas atividades de intermediao financeira, nas atividades
comerciais, nos servios pblicos e nos de sade e de educao. Os dados so re-
ferentes s informaes divulgadas pelas contas regionais do IBGE, infelizmente
disponveis apenas at 2007.5
TABELA 1
Participao da regio Nordeste no PIB nacional e no PIB de setores selecionados
(1995-2007)
(Em %)
Setores 1995 2000 2004 2007
5. Dados mais recentes publicados por entidades patronais, por secretarias regionais de desenvolvimento de diversos
estados nordestinos ou mesmo de publicaes oficiais do governo federal revelam que, desde 2007, a participao do
Nordeste na renda nacional tem crescido de forma significativa.
6. Sob diversos pontos de vista semelhantes aos que sero discutidos a seguir, tambm se poderia destacar a exu-
berncia do desenvolvimento das regies Norte e Centro-Oeste nos anos recentes; entretanto, este estudo vai focar
sua ateno no caso do Nordeste, entre outros motivos porque se trata de uma regio maior do que as demais
mencionadas.
Esses dados parecem refletir, por um lado, uma mudana estrutural impor-
tante que tem ocorrido na atividade econmica brasileira nas ltimas dcadas,
qual seja, a reduo do peso relativo das atividades agrcolas, que concentram a
maior parte dessa forma de ocupao; por outro lado, tambm parecem refletir a
expanso dos programas de transferncia de renda, notadamente os antecedentes
do Programa Bolsa Famlia (PBF) e este, cuja abrangncia intensificou-se justa-
mente a partir de 2003. Deve-se destacar que em todas as grandes regies, exceto
na regio Norte, esse fenmeno da queda do peso das ocupaes sem remunera-
o ocorreu, mas o movimento foi mais intenso justamente na regio Nordeste,
talvez porque esta concentre ao mesmo tempo a maior reduo das atividades
agrcolas e a maior incidncia do PBF.
Outra forma precria de insero no mercado de trabalho a da auto-ocupao,
ou trabalho por conta prpria. Esses trabalhadores tambm tiveram uma queda
nas atividades, que foi de cerca de 0,2% a.a. em mdia, entre 2003 e 2008, na
regio Nordeste ao mesmo tempo, na mdia nacional, houve um crescimento
de apenas cerca de 0,3% nessa mesma posio na ocupao o que revela uma
trajetria de estruturao do mercado de trabalho brasileiro e do nordestino, em
particular. Tambm nessa forma de insero no mercado de trabalho o indicador
especfico do Nordeste foi mais auspicioso do que o das demais regies. Pro-
vavelmente para afirmar isso peremptoriamente preciso fazer estudos mais
aprofundados, o que no ser feito ainda no mbito deste estudo isso revele
um processo de formalizao das atividades e das relaes de trabalho de micro e
pequenos negcios na regio Nordeste nos anos mais recentes.
A tabela 3 revela a evoluo, entre 1998, 2003 e 2008, da composio ocu-
pacional de estratos de renda selecionados para a regio Nordeste. As posies
selecionadas na ocupao so as mesmas da tabela 2, exceto as que no tm re-
munerao.
Levando-se em conta o conjunto dos ocupados da regio Nordeste, constata-se o
que os dados da tabela 2 j haviam prenunciado: houve expanso do peso relativo
dos empregados com carteira assinada entre 1998 e 2008, continuamente, como
se pode constatar pela comparao entre esses dois anos extremos e tambm 2003.
O peso do emprego com carteira subiu de 20,17%, em 1998, para 21,57%, em
2003, e para 25,35%, em 2008. Nas colunas mais direita da tabela, percebe-se
que esta foi a posio na ocupao cujo crescimento foi o maior nos anos selecio-
nados. Ao mesmo tempo, o peso relativo do emprego sem carteira e, principal-
mente, do trabalho por conta prpria teve uma queda no perodo, revelando uma
trajetria de formalizao das relaes de trabalho na regio Nordeste no perodo
de dez anos terminados em 2008. Analisando-se essa trajetria segundo os estra-
tos de renda, podem-se tirar concluses adicionais.
Economicamente ativa 7,4 3,7 5,6 2,4 1,9 2,1 3,0 2,0 2,5 2,6 1,1 1,9 2,6 3,1 2,9 2,9 2,0 2,5
atividade
No economicamente ativa 5,6 4,2 4,9 2,5 1,8 2,1 1,0 0,8 0,9 1,4 2,3 1,9 3,6 1,1 2,4 1,9 1,5 1,7
Condio de
Ocupada 7,3 4,4 5,8 2,1 2,0 2,1 2,8 2,8 2,8 2,8 1,5 2,1 2,6 3,5 3,0 2,8 2,5 2,7
ocupao
Desocupada 8,9 -2,9 2,8 6,7 -1,1 2,8 4,2 -5,7 -0,9 0,8 -5,2 -2,2 2,9 -0,6 1,2 4,5 -3,9 0,2
Condio de
Empregado com carteira assinada 10,7 9,3 10,0 4,5 6,3 5,4 3,1 5,7 4,4 3,7 4,7 4,2 5,1 6,7 5,9 3,8 5,8 4,8
Funcionrio pblico (estatutrio + militar) 4,5 7,3 5,9 3,0 3,7 3,4 2,3 3,5 2,9 4,7 3,0 3,9 2,9 2,9 2,9 3,1 3,7 3,4
Empregado sem carteira assinada 7,9 3,0 5,4 2,2 2,8 2,5 3,6 0,9 2,2 2,9 2,2 2,5 1,6 0,7 1,2 3,1 1,8 2,5
Empregado domstico 10,2 0,8 5,4 3,9 3,8 3,9 4,4 0,2 2,3 1,9 1,3 1,6 3,3 1,3 2,3 4,1 1,3 2,7
Conta prpria 5,4 2,4 3,9 1,6 -0,2 0,7 2,2 0,8 1,5 2,3 -1,2 0,5 3,2 2,6 2,9 2,2 0,3 1,3
Posio na ocupao
Empregador 10,4 5,9 8,2 3,0 5,7 4,3 3,0 2,7 2,8 4,0 4,5 4,2 1,8 6,2 4,0 3,3 4,1 3,7
No remunerado 4,1 -1,9 1,0 -1,2 -7,0 -4,2 -2,5 -2,4 -2,4 -1,6 -6,3 -4,0 -3,4 -3,3 -3,3 -1,5 -5,6 -3,5
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TABELA 3
Quantidade de pessoas ocupadas e composio da populao ocupada por posio na ocupao segundo anos selecionados no Nordeste
Quantidade Composio Taxa de crescimento anual
Posio na Ocupao
1998 2003 2008 1998 2003 2008 1998/2003 2003/2008 1998/2008
Empregado com carteira assinada 0 0 0 1,09 0,52 0,27 -10,1 -10,5 -10,3
Empregado sem carteira assinada 0 0 0 35,10 30,44 31,99 1,3 2,8 2,1
Empregado domstico 25% mais pobre (renda igual ou 25% mais pobre (renda igual ou 25% mais pobre (renda igual ou
11,52 14,43 16,55 9,1 4,6 6,8
inferior a R$ 200,00) inferior a R$ 200,00) inferior a R$ 200,00)
Empregado com carteira assinada 0 0 0 31,75 34,81 38,01 5,3 6,2 5,7
Empregado sem carteira assinada 0 0 0 11,49 12,03 12,15 4,3 4,5 4,4
Empregado domstico 25% mais rico (renda igual ou 25% mais rico (renda igual ou 25% mais rico (renda igual ou
0,54 0,66 0,71 7,4 6,0 6,7
superior a R$ 600,00) superior a R$ 600,00) superior a R$ 600,00)
Empregador 723 838 1.274 10,26 9,85 10,27 2,5 5,2 3,9
Total 920 1.187 2.006 100,00 100,00 100,00 3,4 4,3 3,9
(continua)
Desenvolvimento Econmico Recente do Nordeste e o Papel das Micro e Pequenas Empresas
217
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218
(continuao)
Empregado com carteira assinada 0 0 0 24,03 26,26 31,44 4,2 6,5 5,4
Empregado sem carteira assinada 0 0 0 30,45 30,56 29,94 2,5 2,3 2,4
Empregado domstico 50% (renda superior a R$ 200,00 50% (renda superior a R$ 200,00 50% (renda superior a R$ 200,00
8,45 7,47 7,50 -0,1 2,8 1,3
50%
e inferior a R$ 600,00) e inferior a R$ 600,00) e inferior a R$ 600,00)
Conta prpria Mdia Mdia Mdia 30,09 28,44 23,54 1,2 -1,1 0,1
Empregador 177 262 442 1,37 1,39 1,72 2,7 7,1 4,9
Total 171 263 443 100,00 100,00 100,00 2,4 2,7 2,6
Empregado com carteira assinada 0 0 0 20,17 21,57 25,35 4,5 6,3 5,4
Empregado sem carteira assinada 0 0 0 26,79 25,74 25,54 2,3 2,8 2,5
Empregado domstico Total Total Total 7,21 7,57 7,92 4,1 3,8 4,0
Total
Conta prpria Mdia Mdia Mdia 35,08 34,40 29,66 2,7 -0,1 1,3
Empregador 395 501 787 3,42 3,45 3,96 3,3 5,8 4,5
Total 616 826 1.438 100,00 100,00 100,00 3,1 2,9 3,0
10/30/2012 4:08:10 PM
Desenvolvimento Econmico Recente do Nordeste e o Papel das Micro e Pequenas Empresas 219
Tomando-se o estrato dos 25% mais ricos (ou seja, o conjunto das pessoas
cuja renda se concentra entre as 25% maiores da pirmide distributiva da regio
Nordeste), nota-se uma significativa ampliao do peso relativo dos assalaria-
dos formais, tendo saltado de 31,75%, em 1998, para expressivos 38,01% em
2008, ao mesmo tempo que todas as demais formas de insero ocupacional
mantiveram-se com peso relativo constante, exceto no caso dos trabalhadores
por conta prpria, cuja queda nas atividades, portanto, foi toda compensada
pela ampliao do peso do assalariamento formal.
No estrato de mais baixa renda, a j baixssima parcela de empregados com
carteira reduziu-se ainda mais entre 1998 e 2008, quando atingiu um percen-
tual insignificante: 0,27%. Nesse estrato predominam as formas de trabalho
tpicas do subdesenvolvimento, a saber: o trabalho domstico e o trabalho por
conta prpria, sem contar tambm o assalariamento informal (e ilegal). Entre
estas formas de ocupao, a que mais cresceu, entre 1998 e 2008, foi o trabalho
domstico (cujo rendimento mdio, para este estrato, cerca de 12% maior do
que o do trabalho por conta prpria, conforme veremos na tabela 5). Ou seja,
entre 1998 e 2008, a forma de ocupao que mais cresceu na base da pirmide
distributiva nordestina foi aquela que, relativamente, entre as vrias modalida-
des de trabalho precrio, a que tem a situao de renda menos dramtica, ou
seja, o trabalho domstico. Provavelmente isso se deva a um efeito composio
relacionado ao aumento da renda e diminuio do peso relativo dos empre-
gados assalariados no mercado de trabalho nordestino nos anos mais recentes.7
Entre esses, dadas as caractersticas da estrutura produtiva da regio Nordeste,
provavelmente muitos estejam vinculados a micro ou pequenos negcios j ins-
talados h alguns anos ou recm-instalados na economia regional. Por isso, vale
fazer algumas breves consideraes acerca da evoluo do emprego formal das
MPEs na regio Nordeste no perodo recente.
7. O fato de o emprego com carteira ter perdido peso relativo no estrato mais baixo de renda revela o dinamismo
adquirido por essa forma de ocupao, em contexto de crescimento econmico robusto da regio, o que permitiu
ascenso social para esses trabalhadores, que acabaram ocupando postos nos estratos mais elevados da pirmide
distributiva da regio Nordeste. Basta verificar que, no estrato intermedirio de 50% de trabalhadores acima dos 25%
mais pobres e abaixo dos 25% mais ricos, aumentou expressivamente a presena dos trabalhadores com carteira, o
que mais uma vez sinaliza um processo de estruturao do mercado de trabalho nordestino nos moldes do que ocorreu
com o mercado de trabalho brasileiro, em seu conjunto mas com mais nfase na regio Sudeste , nos anos da
industrializao pesada brasileira (1955-1980).
8. Assalariados com carteira de trabalho assinada, que o smbolo da formalizao do assalariamento no Brasil. Os
dados so todos retirados da Relao Anual de Informaes Sociais (Rais), organizada e publicada pelo Ministrio do
Trabalho e Emprego (MTE).
9. E tambm do conjunto dos ocupados independentemente do setor. Sempre com soma 100 na linha, ou seja, com
soma 100 para cada setor e tambm, na ltima linha da tabela, para o conjunto dos ocupados.
10. Os tamanhos de estabelecimento definidos pela Rais so os seguintes: 0 a 4 trabalhadores; 5 a 9; 10 a 19; 20 a
49; 50 a 99; 100 a 249; 250 a 499; 500 a 999; mais de mil trabalhadores. A opo neste estudo redefinir intervalos
de forma a agregar os intervalos originais da RAIS. Tomando-se como referncia uma taxonomia elaborada por Santos
(2006, p. 39), foram definidos os seguintes intervalos e respectivos portes de empresas: i ) microempresas, at 9
pessoas ocupadas; ii ) pequena empresa, de 10 a 49 ocupados; iii ) mdia empresa, entre 50 e 249 ocupados; e iv )
grande empresa, 250 ou mais ocupados.
11. importante tecer algumas consideraes para qualificar melhor estes resultados, dado que a anlise da com-
posio percentual de certos agregados pode muitas vezes esconder fatores que no ficam muito claros pelo efeito
composio de alguns movimentos. O aumento do peso percentual em relao ao total, independentemente do
porte das empresas dos ocupados em estabelecimentos denominados aqui microempresas ou empresas de peque-
no porte foi bastante significativo, pois, no perodo azado, todo este contingente de ocupados formais aumentou em
termos absolutos, segundo as tabelas que deram origem a essas tabelas de valores percentuais; ou seja, a ampliao
da participao relativa do emprego formal em MPEs expresso nessas tabelas no significa que tenha havido substi-
tuio de empregos de uma situao por outra, mas sim crescimento em todas as situaes descritas pelo tamanho
do estabelecimento, porm de forma mais intensa nos estabelecimentos com at nove empregados formais (vale
sublinhar que, entre 1995 e 2003, cresceu cerca de 24% o estoque de postos formais de trabalho no Brasil indepen-
dentemente do tamanho dos estabelecimentos e cerca de 32% no caso do Nordeste; que cresceu aproximadamente
33% entre 2003 e 2008, no caso do Brasil, e quase 37% no Nordeste no mesmo perodo e, por fim, ainda apesar da
crise cerca de 4,4% no Brasil e cerca de 6,9% no Nordeste entre 2008 e 2009). No possvel, tampouco, avaliar a
trajetria e o desempenho de empresas do setor informal, como tambm no possvel saber se houve formalizao
de postos de trabalho j existentes em MPEs que antes atuavam na informalidade ou se o aumento do nmero de
postos ocorreu em empresas novas que foram criadas recentemente. Pode-se supor que tenha havido combinao das
duas situaes. Quando neste trabalho estamos falando em formalizao, tratamos simplesmente do aumento do
peso relativo da ocupao em estabelecimentos de micro e pequenas empresas.
TABELA 4
Brasil: distribuio dos ocupados por setor de atividade, segundo o tamanho do
estabelecimento em 1995, 2003 e 2009, respectivamente
Setores IBGE At 9 De 10 a 49 De 50 a 249 Mais de 249
(continua)
(continuao)
Setores IBGE At 9 De 10 a 49 De 50 a 249 Mais de 249
Extrao mineral 7,7 20,7 20,7 50,9
Indstria de transformao 9,7 22,4 25,5 42,3
Servios industriais de utilidade
3,9 10,4 20,3 65,3
pblica
Construo civil 11,2 23,8 29,5 35,5
Comrcio 37,6 35,7 19,5 7,2
Servios 17,8 23,6 20,7 37,9
Administrao pblica 0,2 0,6 5,4 93,7
Agropecuria 39,7 24,3 17,2 18,8
Outros/ignorados 0,0 0,0 0,0 0,0
Total 16,5 20,7 18,4 44,4
Fonte: Rais.
TABELA 5
Nordeste: distribuio dos ocupados por setor de atividade, segundo tamanho de
estabelecimento em 1995, 2003 e 2009, respectivamente
Setores IBGE At 9 De 10 a 49 De 50 a 249 Mais de 249
Extrao mineral 5,5 22,2 34,3 37,9
Indstria de transformao 8,2 14,4 20,7 56,7
Servios industriais de utilidade pblica 2,8 6,8 15,6 74,8
Construo civil 9,1 25,5 38,1 27,3
Comrcio 36,0 33,7 22,7 7,7
Servios 13,2 20,9 23,8 42,1
Administrao pblica 0,2 0,6 8,4 90,8
Agropecuria 16,3 22,2 24,6 36,8
Outros/ignorados 31,0 30,0 22,9 16,1
Total 10,9 14,9 18,6 55,6
Setores IBGE At 9 De 10 a 49 De 50 a 249 Mais de 249
Extrao mineral 8,5 28,8 30,2 32,5
Indstria de transformao 10,1 19,9 21,3 48,8
Servios industriais de utilidade pblica 4,2 9,7 18,3 67,8
Construo civil 12,2 27,8 37,1 22,9
Comrcio 44,8 35,0 15,2 4,9
Servios 18,4 25,3 23,6 32,7
Administrao pblica 0,2 0,7 7,0 92,1
Agropecuria 20,9 21,4 24,9 32,8
Outros/ignorados 0,0 0,0 0,0 0,0
Total 14,4 17,0 16,7 51,8
(continua)
(continuao)
Setores IBGE At 9 De 10 a 49 De 50 a 249 Mais de 249
Extrao mineral 5,5 19,9 27,0 47,6
Indstria de transformao 9,4 19,5 19,8 51,3
Servios industriais de utilidade pblica 4,1 9,4 18,5 68,0
Construo civil 8,1 21,8 33,7 36,3
Comrcio 39,6 34,9 18,7 6,8
Servios 17,1 23,6 21,1 38,3
Administrao pblica 0,2 0,8 4,1 94,9
Agropecuria 24,5 24,5 25,8 25,2
Outros/ignorados 0,0 0,0 0,0 0,0
Total 13,8 17,2 15,8 53,3
Fonte: Rais.
Por fim, a tabela 6 informa sobre a evoluo dos rendimentos mdios por ta-
manho dos estabelecimentos, tomando o conjunto dos ocupados formais do Brasil e
destacando, tambm, o conjunto de ocupados no Nordeste. Levando-se em conta o
perodo 1999-2009, pode-se constatar, mais uma vez, tanto a melhoria significativa
da situao ocupacional dos empregados formais de microempresas, como tambm
que esta melhoria relativa foi mais intensa especificamente no Nordeste. Basta verificar
que, tomando-se o conjunto de ocupados formais do Brasil, o segmento que, destaca-
damente, revelou maior ganho de renda mdia real foi o dos trabalhadores formais em
empresas de at quatro empregados, seguido dos trabalhadores em estabelecimentos
entre cinco e nove empregados e tambm de trabalhadores de empresas com mais
de mil empregados. De todo modo, dadas as magnitudes da variao da renda mdia
real nos segmentos mencionados, pode-se afirmar com clareza que foi justamente nos
estabelecimentos de microempresas12 que a renda mdia real mais cresceu no intervalo
entre 1999 e 2009. No caso do Nordeste, o comportamento da renda mdia segundo
o porte das empresas revelou o mesmo padro da mdia nacional. Alm disso, nesta
regio o rendimento mdio real cresceu de forma mais intensa, tanto considerando-se
o conjunto dos ocupados, como quando se considera, isoladamente, o segmento de
ocupados em estabelecimentos de MPEs. Esta tabela, portanto, encerra mais uma
demonstrao do desempenho da renda do mercado de trabalho nordestino acima da
mdia nacional nos anos mais recentes, revelando de mais uma forma a reduo das
diferenas regionais ainda existentes no Brasil.13
12. Neste estudo definidas como empresas de at nove pessoas ocupadas, conforme Santos (2006).
13. Em 1999, a renda mdia dos ocupados do conjunto do mercado de trabalho brasileiro era 41% maior do que
a renda mdia dos ocupados no mercado de trabalho do Nordeste; em 2009, esta diferena havia se reduzido para
27,5%. No que se refere especificamente ao segmento de estabelecimentos com at quatro trabalhadores ocupados,
a diferena, em favor da mdia nacional, em relao mdia do Nordeste, era igual a 28,7% em 1999, reduzindo-se
para 20% em 2009.
TABELA 6
Evoluo da renda mdia por tamanho do estabelecimento
4 CONSIDERAES FINAIS
O comportamento do perfil ocupacional do setor formal do mercado de trabalho
nordestino segundo o tamanho do estabelecimento, bem como a evoluo dos
rendimentos mdios do mercado de trabalho nordestino vis--vis o mercado de
trabalho do Brasil como um todo, revela no apenas que a trajetria dos micro e
pequenos negcios no Brasil, nos anos mais recentes, foi bastante positiva, mas
14. Tomando-se os dados das contas regionais do IBGE, pode-se constatar que, em 1980, a renda da regio Nordeste
equivalia a 12,2% da renda nacional e, em 2000, a 13,1% desta; na mesma poca, a participao da economia
paulista caiu de 37,7% da renda nacional para 33,7% da referida renda. Deve-se registrar que, entre 1980 e 2000,
o PIB per capita nacional cresceu modestssimo 0,17% a.a., em mdia. Entre 2003 e 2008, porm, o PIB per capita
cresceu cerca de 3,5% a.a., em mdia e pode-se supor que, pelo menos nos prximos anos, manter esse patamar.
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Editorial
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