Aula 1 - Introduo a Parasitologia

Clnica
UNIP
Profa.Juliana Garcia
 Laboratrio de Parasitologia e sua
importncia
O Papel do Laboratrio Clnico
Contribuir para o diagnstico, tratamento e
prognstico das doenas

Responsvel por 70% das decises clnicas

Deve produzir resultados efetivos

Que particularidades diferenciam o laboratrio de parasitologia?

O laboratrio de parasitologia clnica deve estar

preparado para detectar diferentes parasitoses
em diferentes localidades do corpo humano.
Alm de amostras fecais, o laboratrio pode
receber amostras sanguneas, escarro,
secrees, lquidos diversos - asctico, peritoneal,
heptico, duodenal e bipsias. Como
ferramentas de deteco, devem ser utilizados
mtodos diversos.
Que particularidades diferenciam o laboratrio de
parasitologia?

O laboratrio de parasitologia, adota tcnicas

essencialmente manuais, o que nos faz crer que
o principal elemento sua mo de obra. Nisto
est a necessidade de treinamento inicial
extenso e educao continuada permanente.
No se faz parasitologia sem bons profissionais,
que conheam o mecanismo e dinmica da
infeco instalada.
Que particularidades diferenciam o
laboratrio de parasitologia?
Tradicionalmente, a deteco de parasitos no
laboratrio, aps coleta adequada da amostra,
envolve tcnicas manuais simples, com adio
de amostra fecal em lmina e posterior
observao microscpica ou aps mtodos de
concentrao. Essas tcnicas so amplamente
disseminadas, mas sujeitas a variabilidade,
sensibilidade e especificidade.
Que particularidades diferenciam o
laboratrio de parasitologia?
So extremamente dependentes de variveis
como densidade da infeco, metodologia
aplicada, manuteno e calibrao de
equipamentos empregados, reagentes validados,
treinamento e conhecimento dos operadores,
com expedio de laudos fidedignos e expedidos
em tempo mnimo.
Situao atual do diagnstico
parasitolgico

Mdico s vezes pouco capacitado na indicao do

exame, na orientao coleta de material e na
interpretao dos resultados. Pouca confiana no
resultado do laboratrio. Tratamento Prvio
Paciente Coleta incorreta, atribui pouca importncia
infeco parasitria,questes culturais. Auto-
medicao.
Laboratrio exame trabalhoso, pouco padronizado,
no automatizado, variabilidade intra e inter-
observadores, profissional pouco valorizado,
qualificao profissional insuficiente, pouco
compromisso/envolvimento, sobrecarga,
mtodos adaptados (no originais)
Expectativas do diagnstico
Mdico diagnstico perfeito

Paciente conforto na coleta, pouco

esforo, poucas coletas

Laboratrio custo x benefcio (baixo custo, fcil

interpretao, rapidez, simplicidade)
Informaes Importantes na
Solicitao

Dados scio-demogrficos (sexo,idade,

escolaridade, ocupao, procedncia)

Indicao clnica: sintomatologia, investigao

diagnstica, acompanhamento do
tratamento,controle de cura, tratamento prvio ao
diagnstico, rotina pr-natal/ pr-operatria.
Questionamentos Importantes na
Entrega do Material

Ingesto prvia de medicao, compostos

qumicos na semana anterior ao exame.

Forma de coleta, tempo de coleta, preservao

do material, intercorrncias na coleta.
 COMO MELHORAR A POSITIVIDADE
DO RESULTADO?
COLETA
Padronizao das formas de solicitao
Orientao e entendimento
Padronizao dos procedimentos de coleta
Registro das ocorrncias
Coleta de mais amostras
Coletas espaadas
Recusa de amostras justificativa consistente
 Fixadores
Formalina (utilizado hoje)

M I F = Iodo, formol, mertiolate ( no para

coloraes permanentes)

SAF = cido Actico, acetato de sdio, formalina

(colorao de Hematoxilina frrica)

Schaudinn = Mercrio (Hematoxilina frrica)

 Estabilidade das amostras
Trofozoitas amostras lquidas, recentes- 30min
Trofozoitas e cistos amostras pastosas - 60min
Ovos, larvas, cistos amostras fecais formadas
(24h)
rejeitar amostras coletadas sem as
especificaes solicitadas
Amostras com conservador - 4 semanas ou mais.
Garcia LS - Diagnostic medical parasitology, ASM Press 5 ed - 2007
Coleta

Garcia,A.J
 CAUSAS DE NEGATIVIDADE NO EXAME
PARASITOLGICO

Treinamento A) Protozorios - perodos de

Escolha do mtodo negatividade
(sensibilidade) B) Helmintos
Inadequao do mtodo infeco unissexual por
Leitura parcial da lmina espcimes machos
Sobrecarga de trabalho infeco antiga
fmeas sexualmente imaturas
aps eliminao do verme
adulto
carga parasitria leve
irregularidade na
postura/eliminao
Controle de qualidade em
Parasitologia
controle de qualidade em parasitologia

No Brasil, a RDC 302/2005 prev que os laboratrios

clnicos, o que inclui a parasitologia, devam realizar o
controle interno de qualidade em todos os testes que
fazem. A Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria
(Anvisa) identifica as Boas Prticas em Laboratrio
Clnico (BPLC) como: ... um sistema da qualidade
relativo ao processo organizacional e s condies
sob as quais os exames laboratoriais so planejados,
realizados, monitorados, registrados, arquivados e
relatados.
controle de qualidade em parasitologia

Segundo dados publicados pela Sociedade

Brasileira de Patologia Clnica/Medicina
Laboratorial (SBPC/ML) e pela Sociedade
Brasileira de Anlises Clnicas (SBAC), cerca de
60% dos laboratrios clnicos existentes no pas
no participam de programas de Controle
Externo de Qualidade, os Ensaios de
Proficincia.
Laboratrios de Parasitologia clnica
Programas da Qualidade
Controle Interno da Qualidade
Ensaios de Proficincia Interlaboratorial ou
Controle Externo da Qualidade (PELM)
INTERNACIONAIS: CAP
Acreditao Laboratorial (PALC)
Certificao em Sistema de Qualidade da
NBR ISO 9000
controle de qualidade em parasitologia
Foi observado que apenas 49,2% adotavam
controle de qualidade interno; enquanto que a
adeso ao controle externo se distribua em
ControlLab-SBPC/ML (61,4%); PNCQ (9,8%) e
CAP (1,5%).
Foi verificado, ainda, que 3,0%, dos participantes
eram acreditados pelo PALC (2,3%) ou pelo
DICQ (0,7%), e que 11,4% eram certificados pela
NBR ISO 9000.
Que ferramentas de controle podem ser usadas na
parasitologia?

A seleo do analito pelo clnico e a coleta de

amostra pelo paciente (fase pr-analtica),
passando pelo processamento desta amostra por
pessoas habilitadas e capacitadas, utilizando
equipamentos calibrados, metodologias e
reagentes validados (fase analtica), at chegar
correta interpretao dos resultados (fase ps-
analtica).

Controle de dupla leitura, simples cego, duplo

cego, no cego e de validaes.
Que ferramentas de controle podem
ser usadas na parasitologia?
Dupla leitura: todas as lminas examinadas ao
microscpio, independente da metodologia
aplicada e colaborador que realizou, so
armazenadas adequadamente, e diariamente um
percentual reexaminada por outro
microscopista.
Que ferramentas de controle podem
ser usadas na parasitologia?

Simples cego: amostras, sabidamente positivas

ou negativas, conservadas, so incorporadas
rotina, periodicamente.
Que ferramentas de controle podem ser usadas
na parasitologia?
Lminas positivas e negativas: so inseridas no
processo de colorao para validao de reagentes
novos ou de marcas ou lotes desconhecidos, ou na
microscopia para avaliao do microscopista.
Amostras positivas ou negativas, conservadas ou
no, so inseridas em processo para validao de
metodologias e/ou de equipamentos, periodicamente
e sempre que necessrio.
Livros e literatura referenciada so utilizados sempre
que se fazem necessrios.
Casos clnicos e figuras so utilizados como
ferramentas de discusso e aprendizado.
Tcnicas / Procedimentos
baseados em:

Segurana - Literatura
Eficcia Funciona?
Eficincia Competncia para produzir
resultados - Usa produtivamente os
recursos, tempo
Efetividade Promove resultados pretendidos
Funciona no meu servio?
(eficcia, acurcia, adeso, cobertura,
custo/risco x benefcio)
Mtodos ou tcnicas de
exames parasitolgicos
Tipos de exames de fezes
Qualitativo: identifica o parasito.
Resultado: Negativo ou Positivo para...
Cistos de Blastocystis hominis
Semi-quantitativo: quantifica o parasito.
Negativo ou Positivo 1 ovo ou cisto -> rarssimo (+)
2-3 ovos ou cistos -> raros (++)
4-10 ovos ou cistos -> alguns (+++)
acima de 10 ovos ou cistos -> frequentes ou
numerosos (++++).
Tipos de exames de fezes
Quantitativo: utiliza-se uma tcnica especifica
com quantidade padronizada da amostra.
Resultado: nde ovos ou cistos por grama de
fezes.
 Verme Adulto macroscpico - tamisao
Parte de vermes macroscpico - tamisao
Leves microscpico - faust
Ovos
Pesados microscpico - hoffman
Helminto
Larvas Baerman

Forma vegetativa microscpico exame a fresco; Colorao

tricromtica de Wheatley ou colorao de hematoxilina frrica

Protozorio
Cistos - microscpico - FAUST
Solicitao do exame pelo mdico
setor Parasitologia

Hoje, o leque de diagnstico bastante amplo,

com acrscimo de coloraes especficas,
principalmente para parasitas oportunistas, como
ensaios imunoqumicos para deteco de
coproantgenos, imunofluorescncia direta para
deteco de parasitos e ensaios moleculares,
como a PCR, para caracterizao de espcies ou
cepas.
 Mtodos ou tcnicas de exames
parasitolgicos
Exame macroscpico: detectar vermes adultos ou partes de vermes.
Ex: Tamisao:que indicado para a pesquisa de progltides de Taenia spp.
Exame microscpico:
Mtodo de Faust
Mtodo de Hoffman, Pons e Janer ou Lutz ou mtodo de sedimentao
Mtodo de Willis
Mtodo de Rugai ou Baerman modificado por Moraes
Mtodo de Hall ou Mtodo de Graham ou fita gomada ou swab anal
Mtodo de Stoll
Mtodo Kato-Katz
Exame direto a fresco.
Exame Parasitolgico sanguneo

Conceitos dos Mtodos ou

tcnicas de exames
parasitolgicos
Mtodos ou tcnicas de exames parasitolgicos
conceitos/finalidade
Tamisao:que indicado para a pesquisa de progltides de
Taenia spp
Mtodo de Faust; centrfugo-flutuao de ovos leves e cistos
em uma soluo de ZnSO4 (sulfato de Zinco densidade
1.182.
Mtodo de Hoffman, Pons e Janer ou Lutz ou mtodo de
sedimentao : Sedimentao de ovos pesados e larva nas
fezes dissolvidas aps 2h ou 24h.
FAUST & COLS
Mtodo de Hoffman

Hoffman-Garcia, A.J
Mtodos ou tcnicas de exames parasitolgicos -
conceitos
Mtodo de Rugai ou Baerman modificado por Moraes ;
termo-hidro-tropismo de larvas de nematide com ajuda da
gravidade.
Exame direto a fresco: pesquisa de trofozoito de protozorios
em fezes frescas e diarreicas dissolvidos em soluo
fisiolgica ( NaCl 0,9%)
Mtodo de Baerman

Berman-Garcia, A.J
Mtodos ou tcnicas de exames parasitolgicos -
conceitos
Mtodo de Hall ou Mtodo de Graham ou fita gomada ou
swab anal: Pesquisa de ovos de oxiros (Enterobius vermiculares)
na regio anal e perianal.
Mtodo de Willis: pesquisa de ovos leves nas fezes por
flutuao aps dissolver as fezes em soluo de NaCl d 1.200.
Mtodo de Stoll: contagem de ovos ou cistos aps diluir 1/15
em NaOH 10N.
Mtodo Kato-Katz: contagem de ovos ou cistos.
Exame Parasitolgico de Fezes

FLUTUAO ESPONTNEA Mtodo de Willis

ovos leves.
Exame Parasitolgico de Fezes

CONCENTRAO DE OVOS ATRAVS DE

FILTRAO DAS FEZES EM TELA METLICA OU DE
NILON Mtodo de Kato ovos de alguns helmintos
Coprokit campinas medical Kato
Katz
Mtodos ou tcnicas de exames parasitolgicos -
conceitos
Mtodo de Ritchie - uma tcnica de centrfugo-sedimentao.
Pode ser usado para a pesquisa de cistos de protozorios, ovos,
e larvas de helmintos, tendo apresentado uma grande eficincia
na pesquisa de cistos de Giardia lamblia.
Algumas pesquisas indicam que entre os quatro mtodos
comentados - Lutz, Willis, Faust e Ritchie o de Ritchie o que
possui melhor eficincia, tanto em melhor purificao da
amostra, quanto o poder de evidenciar estruturas que no
poderiam ser observadas pelos outros mtodos, muito embora
haja espcies de parasitas que so melhor observadas pelos
outros mtodos.
Ex: Coprotest, Paratest, TF-TEST.
TF-TEST
Centrifuga TF-test
Mtodos de Colorao Permanente

Hematoxilina Frrica ou Tricrmio protozorios

(Dientamoeba fragilis e amebas)

Kinyoun coccdeos (Isosopra belli e

Cryptosporidium)
Aparelho de Corar Lminas

Garcia-A.J
Aparelho de Corar Lminas

Garcia,A.J
Colorao Permanente colorao de
Tricrmo

Garcia, A.J
Parasitologia Conceitos Bsicos
Nomenclatura Zoolgica

Nomenclatura binria: gnero e espcie; gnero deve ser

escrito com a primeira letra maiscula e a espcie deve ser

escrito com a primeira letra minscula; estas palavras devem
ser escritas sempre grifadas ou em itlico. Ex: Ascaris
lumbricoides ou Ascaris lumbricoides
Para refletir
A motivao pelo qual essa disciplina e esse curso so
extremamente vlidos e fundamentais consiste em diversos
aspectos. Doenas parasitrias esto presentes em todos os
cantos do mundo, mas infelizmente, os pases
subdesenvolvidos ou em desenvolvimento so os que
apresentam as maiores incidncias. Muitos podero
argumentar cerca da posio geogrfica e argumentar que
so pases, em sua maioria, de regies tropicais ou
subtropicais, o que favoreceria a procriao de vetores ou
mesmo dos parasitas.
Para refletir
Outros levaro em considerao o descaso das autoridades
que so omissos em medidas preventivas, informativas ou
mesmo de erradicao dos possveis culpados dessas
endemias. Ainda poderia ser argumentado acerca da falta de
responsabilidade, informao e preveno da prpria
populao, o que favorece que essas doenas continuem a
estar presente no nosso dia a dia.
Mas ao final das aulas, gostaria que tivesse ficado claro que a
culpa no de um fator isolado, e sim da somatria de
inmeros fatores, s vezes maiores que esses que acabei de
listar.
Para refletir
Por isso da importncia de profissionais que
transmitam esse conhecimento, como vocs.
A possibilidade de informar, prevenir e orientar os potenciais
hospedeiros assim como conscientizar sobre os riscos que
esto envolvidos em contgios com qualquer uma dessas
doenas listadas. Somente assim, podemos minimizar os
impactos causados por essas endemias na populao local ou
mesmo brasileiras.
Para refletir
No podemos esquecer que as doenas apresentadas no so
recentes, esto perpetuadas e algumas j controladas atravs
de medidas paliativas, preveno ou mesmo tratamento. Mas
a necessidade de desenvolvimento de desenvolvimento de
novas drogas para algumas delas ainda, infelizmente, acomete
milhares de pessoas e ainda causa inmeras mortes. O papel
de uma pessoa conscientizada contribuir com a preveno e
assim, melhorar a qualidade de vida das populaes de risco,
ou mesmo minimizar as consequncias de uma infeco como
essa.
Para refletir
As medidas preventivas e de tratamento esto
evoluindo, o que faz com que voc, aluno, esteja em
constante manuteno de seu conhecimento,
necessitando pesquisar, ir atrs, buscar
conhecimento sobre as pesquisas de ponta para que
futuramente seja possvel seu uso em grande escala.
 Bibliografia recomendada para esta
disciplina
Bibliografia Bsica
Parasitologia Humana Neves, P.D 11 edio
ed.Atheneu
CIMERMAN, B. CIMERMAN, S. Parasitologia Humana
e Seus Fundamentos Gerais.1 Ed. Atheneu. SP. 373 pg.,
1999
REY, L. Bases da Parasitologia Mdica. 2 Ed. Guanabara
Koogan. RJ. 37 pg., 2002.
 Bibliografia recomendada para esta
disciplina
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
Parasitologia uma abordagem clnica Amato Neto, V; Amato, S.V;
Gryschek, B.C.R; Tuon, F.F; ed.elsevier.
FERREIRA , M.U.; FORONDA, A.S.;SCHUMAKER, T.T.S.
Fundamentos Biolgicos da Parasitologia humana. Barueri,
Manole, 2003.
Tcnicas bsicas de Laboratrio clnico Estridge, H. B;
Reynolds, P.A 5 edio-ed. Artmed.
LEVENTHAL,R.; CHEADLE,R. Parasitologia mdica: texto e
Atlas. So Paulo, Editorial Premier, 1997.
Referencias
Leitura recomendadawww.biosaude.com.br Parasitose
intestinal essa esquecida realidade brasileira Dr. Mario
Cndido de Oliveira Gomes.
Chieffi PP, Gryschek RCB, Amato Neto V. Parasitoses
intestinais. Em: Lopes AC. Tratado de Clnica Mdica, So
Paulo, Editora Roca p 4160-4164, 2006.
Gasparini EA, Portella R. Manual de parasitoses intestinais:
Rio de Janeiro: Livraria e Editora Rubio, 2004.