Ética Profissional
Ética Profissional
Ética Profissional
Prossional
Sumrio
tica Geral e Prossional
Unidade I
1 TICA GERAL.........................................................................................................................................................6
1.1 Conceito de tica.....................................................................................................................................6
1.2 O conceito de tica e sua relao com a moral ..........................................................................8
1.3 O conceito de valor ..............................................................................................................................11
1.4 A histria da tica ................................................................................................................................ 12
1.4.1 Gnese da tica: a noo de justia e bem comum ................................................................. 12
1.4.2 Formao da tica: liberdade, igualdade e fraternidade ........................................................ 15
1.4.3 A evoluo da tica................................................................................................................................ 17
Unidade I
INTRODUO: AS URGNCIAS DE TICA NO
MUNDO ATUAL
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Unidade I
alterar os mais hermticos segredos da vida vegetal, animal e
humana. E que, ao mesmo tempo, no fosse capaz de evitar
tanto o aumento da desnutrio e morte pela fome para os
pobres, quanto o uso de drogas, a contaminao dos alimentos,
5 as doenas psicossomticas e a opulncia para os abastados.
Os paradoxos esto por toda a parte: enquanto uns morrem
de fome, outros morrem de gordura. Enquanto se capaz de
contar os genes de animais inferiores, no se descobre a cura
para as epidemias e as pandemias, uma ameaa constante para
10 todo o mundo. Enquanto construmos mquinas inteligentes,
no somos capazes de ensinar a ler e escrever a populaes
inteiras.
Hoje, nas sociedades modernas, cada vez mais se verica uma
ciso entre indivduo e comunidade social, de tal modo que as
15 desgraas e as calamidades que atingem determinadas camadas
sociais ou grupos de indivduos cam restritas a esses segmentos.
Enquanto isso, os demais procuram ignorar no s as desgraas,
mas at mesmo os prprios indivduos que foram atingidos.
Nesta direo vai-se delineando uma determinada tendncia
20 cultural que prope resolver vrias situaes de diculdade em
que se encontra a sociedade moderna, inclusive as situaes de
luta e de conitos entre raas e culturas diferentes, mediante um
projeto de convivncia que visa garantir segurana e bem-estar
s pessoas na dimenso terrena.
Desta compreenso entende-se que os grandes problemas da
humanidade de hoje, mesmo sem rejeitar a grande contribuio
que a cincia e a tecnologia podem dar para superar as
condies de misria e decincias dos diferentes gneros, s
podem ser resolvidos por meio da reconstruo de valores que
30 possam orientar normas e padres gerais de conduta. O ser
humano necessita de realidades transcendentes ao indivduo,
o que comporta exigncias, imperativos e valores que no
podem ser satisfeitos apenas com a auto-sucincia individual.
E no possvel para as comunidades humanas e grupos
35 sociais transcenderem por si mesmos aos interesses meramente
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Os
grandes
problemas
da
humanidade de hoje s podem ser
resolvidos por meio da reconstruo
de valores que possam orientar normas
e padres gerais de conduta. Isso
comporta exigncias, imperativos e
valores que no podem ser satisfeitos
apenas
com
a
auto-sucincia
individual.
Unidade I
a criminalidade, a corrupo, a ausncia de regras ticas nas
relaes econmicas, a transgresso juvenil, entre tantos outros
males). A vivncia tica, solidicada em valores estruturadores
da civilizao ocidental, em todas as esferas da vida humana
5 (familiar, cultural, social, econmica, poltica) o mais potente
antdoto contra os males atuais. Isso porque s possvel ser
humano ao se reconhecer no outro humano. Apenas no contato
com o outro possvel crescer responsavelmente em relao a si
mesmo e comunidade. Desenvolvemos, assim, a solidariedade
10 que a prpria essncia da humanidade.
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Unidade I
consumidores em todo o mercado e concorrem para a sociedade
ensejar uma maior scalizao em todas as empresas por parte
do poder pblico.
Por toda essa situao de ausncia de valores comuns que
5 as empresas propem um retorno tica, um estudo sistemtico
dos valores comuns e caros ao Ocidente por parte de todos os
prossionais, de tal maneira que o seu agir seja sempre uma
ao que promova o bem comum. Exigem um retorno tica
pautada em valores que estruturam a conana, sem a qual o
10 capital e a sociedade em geral no podem existir.
Um dos objetivos de se estudar tica hoje encontrar
mecanismos que nos permitam mergulhar dentro de ns mesmos
e buscar compreendermos que atitudes moralmente corretas
podem promover o bem comum e que a nossa felicidade s
15 possvel medida que a sociedade for justa. O que signica
que todos tenham seus direitos garantidos, uma vez que todos
cumpriram com os seus deveres.
1 TICA GERAL
1.1 Conceito de tica
Unidade I
ao sentido oposto a essas crenas, pois sendo a noo de dever
seu principal valor estrutural, em algumas ocasies, o nosso
dever justamente indignar-se com tais crenas. Uma vez que
guiada pela razo e no pelas crenas, a tica, via de regra, est
5 fundamentada nas ideias de bem e virtude, que nossa civilizao
considera como valores que devem ser perseguidos por todo ser
humano para a promoo da vida, da maneira e onde quer que
ela se manifeste.
1.2 O conceito de tica e sua relao com a
moral
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Unidade I
Para a mentalidade moderna, tica no pode ser entendida
como algo que resulta de um poder punitivo explcito, como o
caso da Moral. A punio que a transgresso do agir tico traz
de conscincia individual, portanto, absolutamente individual,
5 e essa conscincia formada no processo educativo. Se nossa
conscincia no considerar a apropriao da propriedade alheia,
por exemplo, como um mal e sim como uma esperteza, isto ,
um bem; no haver como impedir que faamos uso indevido
do que no nosso.
Assim, a sociedade capitalista e democrtica aceita a
existncia de diferentes formas de conduta moral no aspecto
privado, desde que a conduta pblica esteja em conformidade
com as virtudes que a estruturam, ou seja, dentro da tica.
Entende que a sociedade tem um conjunto de regras, normas
15 e valores, que no se identica com os princpios e normas de
nenhuma moral em particular, mas com os valores formadores
do ncleo da civilizao, sem os quais a civilizao entra
na barbrie, a luta de todos contra todos em que os direitos
inclusive propriedade e ao lucro so destrudos, pois no
20 h como obrigar as pessoas a cumprirem seus deveres. A tica ,
nesse sentido, a prpria defesa da civilizao.
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A
sociedade
capitalista
e
democrtica aceita a existncia de
diferentes formas de conduta moral no
aspecto privado, desde que a conduta
pblica esteja em conformidade com
as virtudes que a estruturam, ou seja,
dentro da tica.
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o valor-trabalho e, dialeticamente, transforma o objeto em
valor-utilidade, tambm chamado de valor de uso. Essa a
teoria do valor do trabalho.
A outra maneira de compreender valor como os pensadores
5 que buscam reetir sobre a tica entendem o conceito. Para eles,
valor sempre coletivo, uma vez que valores so construes
mentais elaboradas pela viso de mundo de nossa cultura,
podem ser ensinados e formam nossos juzos de bem, mal, justo,
injusto, belo e feio.
1.4 A histria da tica
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Unidade I
necessria a prtica das virtudes. As virtudes so funes da
alma humana, determinadas pela sua natureza e pela diviso de
suas partes. Tais virtudes seriam todas aquelas que produzem
a beleza, o bem e a verdade absoluta. Para tal prtica seria
5 necessrio, vontade, o nimo, o que para Plato signicava o
domnio das paixes pela razo.
Pela razo, faculdade superior caracterstica do homem, a
alma elevar-se-ia, mediante a contemplao, ao mundo das
ideias. O m ltimo da razo seria puricar-se ou libertar-se da
10 matria para contemplar o que realmente , acima de tudo, a ideia
do bem. Para alcanar a puricao seria necessrio praticar as
vrias virtudes que cada alma possui. Plato julgava que as partes
da alma possuiam um ideal ou uma virtude que deveriam ser
desenvolvidos para seu funcionamento perfeito. A razo deveria
15 aspirar sabedoria, a vontade deveria aspirar coragem e os
desejos deveriam ser controlados para atingir a temperana. Cada
uma das partes da alma, com suas respectivas virtudes, estaria
relacionada com uma parte do corpo. A razo manifestaria-se na
cabea, a vontade, no peito, e o desejo, no baixo-ventre. Somente
20 quando as trs partes do homem pudessem agir como um todo
que teramos o indivduo harmnico. A harmonia entre essas
virtudes constituiria uma quarta virtude, a justia.
Devido ao fato de ter sua teoria adotada como parcialmente
verdadeira pela Igreja Catlica, a tica de Aristteles nca vnculos
25 indelveis em nossa compreenso de tica. Sua concepo tica
privilegia as virtudes (justia, coragem, fortaleza e sinceridade, a
felicidade pessoal e o bem comum), tidas como propensas tanto
a provocar um sentimento de realizao pessoal quele que age,
quanto simultaneamente beneciar a sociedade em que vive.
30 Portanto, a felicidade pessoal s possvel onde o bem comum
tambm o . A tica aristotlica compreende a humanidade
como parte da ordem natural do mundo, por isso denominada:
tica naturalista.
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Unidade I
Essa nova concepo da pessoa humana, do indivduo, o prprio
cerne do processo civilizador ocidental, resultando em todos os
direitos da pessoa humana; contudo, na compreenso do que
a liberdade que o cristianismo vai promover uma revoluo, se
5 comparada ao conceito da Antiguidade Clssica.
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na compreenso do que
a liberdade que o cristianismo vai
promover uma revoluo se comparada
ao conceito da Antiguidade Clssica.
A responsabilidade, a compaixo,
a solicitude e a benevolncia para com
os outros, e at mesmo com outras
formas de vida, passam a ser regras
de comportamento tico, a partir do
cristianismo.
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Unidade I
disciplina asctica, a poupana, a austeridade, a vocao, o
dever e a valorizao do trabalho como instrumento de salvao
da tica protestante promovem o surgimento do capitalismo.
Para Weber, tais valores so incorporados na tica ocidental
5 como estrutura da conana, valor essencial manuteno da
sociedade do contrato, que a sociedade burguesa.
Durante o perodo compreendido entre os sculos XVII e
XX, pouco a pouco, a tica deixa de estar em conformidade
com a Natureza ou com Deus para centrar sua reexo na
10 condio humana. No sculo XVIII, Rousseau faz uma crtica
ao pensamento de Aristteles, segundo o qual o homem se
diferenciaria dos animais por ser racional. Para Rousseau o
que diferencia o ser humano dos animais sua capacidade de
deciso por si s: a liberdade e a capacidade de aperfeioar-se
15 ao longo da Histria. Como consequncias dessa nova denio
de humanidade: a historicidade, a igual dignidade entre os seres
humanos. Por ser livre e por no ter nada a dirigir suas aes
que o ser humano moral. seu esprito crtico que vai dotar
o homem de valores morais, pois o ser humano sempre busca o
20 bem e nasce intrinsecamente bom.
O maior representante da tica nos ltimos sculos foi sem
dvida Immanuel Kant (1724 1804), talvez o mais importante
lsofo da modernidade, sobretudo para quem se interesse
pelo estudo da tica e mais ainda pela tica prossional. Seu
25 pensamento talvez seja aquele que mais contribuiu para a forma
de pensar tica tal como pensamos hoje. O homem livre, diz
Kant, porque no est sujeito s leis fsicas da natureza. Sua
virtude reside na ao ao mesmo tempo voltada para interesses
individuais e universais. Esses so os princpios basilares da tica
30 kantiana: o desinteresse e a universalidade. A ao moral a
nica ao verdadeiramente humana, e a liberdade consiste na
faculdade de transcender as tendncias naturais. Uma vez que
as tendncias naturais nos levam sempre ao egosmo preciso
resistir a essas tendncias. Tal resistncia denominada por ele
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Unidade I
A partir de Kant, passa a vigorar, no campo de estudo da tica,
o que se convencionou chamar de humanismo moderno. No s
no plano da moral, mas no poltico e no jurdico, o fundamento
est unicamente na vontade dos homens, desde que se aceite
5 como restrio a vontade dos outros. A liberdade de cada um
termina onde comea a liberdade dos outros. apenas essa
limitao pacca que pode permitir uma vida social harmnica
e feliz. E essa harmonia uma construo humana e no mais
um fato pronto pela natureza ou dada por Deus, ou seja, os
10 homens vivendo em liberdade, mas com a vontade dirigida
pelo dever (responsabilidade), na construo de uma sociedade
com valores comuns que Kant chama de reino dos ns. Como
seres dotados de dignidade absoluta, os homens no poderiam
ser tratados como meios usados para objetivos pretensamente
15 superiores, ou seja, o m absoluto digno de respeito absoluto: o
centro do universo a humanidade.
Kant elaborou um imperativo categrico da razo do agir
tico: age tendo a humanidade como m e jamais como meio
(no tratar os sujeitos como coisas) e age como se a mxima
20 de tua ao pudesse ser realizada por todos os homens e
para qualquer homem (a universalidade da razo garante a
universalidade do sentido da ao). Isso signica que a pessoa
deve agir espontaneamente, por sua vontade e no sob coao
ou por vontade alheia, s sob essa forma o comportamento ser
25 eticamente valioso. Tal comportamento ter valor universal. O
que o imperativo categrico pede que a mxima (princpio
subjetivo) seja de tal natureza que possa ser elevada categoria
de lei de universal, construindo assim o conceito de igualdade
como principio tico.
Kant prope um valor absoluto para servir como fundamento
objetivo dos imperativos. E esse valor absoluto a pessoa
humana. O objeto de nossos desejos tem valor relativo,
apenas um meio de alcanar nossos objetivos, pois s o homem
tem valor absoluto. Sob dois prismas as pessoas diferem dos
35 demais seres. Primeiro, uma vez que as pessoas tm desejos e
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Somente se reveste de valor tico a conduta autnoma,
fruto da vontade do agente. A conduta heternoma aquela
que nos faz agir pela vontade alheia, desprovida de valor
moral. A dignidade humana exige que o indivduo no
5 obedea mais normas do que as que ele mesmo se imps,
usando de seu livre-arbtrio. Os valores kantianos de liberdade,
de responsabilidade, de autonomia e de culto ao dever foram
incorporados na tica ocidental como valores essenciais
civilizao.
Na modernidade conservou-se do cristianismo a ideia de
que virtude a obedincia razo contra o imprio catico das
paixes; que a virtude dever e obrigao em face de normas
e valores universais; e que a liberdade o poder humano
para enfrentar com suas prprias foras as contingncias e
15 a adversidade; que a responsabilidade marca da honradez
virtuosa, pois no h liberdade sem responsabilidade. Mas
todos esses termos perderam a universalidade pretendida,
pois, lhes falta o centro ordenador: o cosmos antigo ou a
providncia medieval. Somente com a ideia de civilizao ser
20 possvel definir um novo centro que permitiria o surgimento
de uma razo prtica com pretenses ao universal no campo
tico. Ou seja, h que se viver de acordo com um conjunto
de valores expressos por deveres ou imperativos que nos
pedem respeito pelo outro, sem o qual uma vida pacfica
25 impossvel.
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Segundo
os
empiristas
os preceitos disciplinadores do
comportamento esto implcitos no
prprio comportamento da maioria dos
seres humanos.
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Unidade I
homens, salvo se referente a uma nalidade: a obteno do
supremo bem, a felicidade das pessoas. O utilitarismo tem
sentido moral, se entendido como prudente emprego dos
meios aptos consecuo de ns moralmente valiosos.
1.6.1.3 tica ceticista
a tica do ctico, a pessoa que pe em dvida todas as
crenas tidas como verdadeiras para as demais pessoas. Uma
teoria de tica ctica, portanto, aquela em que o valor moral
maior consiste justamente em colocar em dvida todos os
valores aceitos como essenciais para a maioria dos tericos. O
10 ctico, duvidando de tudo, coloca o mtodo losco como m
de compreenso da realidade. dvida sistemtica.
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