UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE CINCIAS APLICADAS

Manuela Camilotti Torres da Silva

Empresa Jnior Uma organizao estudantil e a sua influncia na

formao de ps-juniores empreendedores.

Limeira
Junho de 2015
 Manuela Camilotti Torres da Silva

EMPRESA JNIOR UMA ORGANIZAO ESTUDANTIL E A

SUA INFLUNCIA NA FORMAO DE PS-JUNIORES
EMPREENDEDORES.

Relatrio final, apresentado a

Universidade Estadual de Campinas,
como parte das exigncias para a
obteno do ttulo de Gestora de
Polticas Pblicas.

Orientador: Prof. Dr. Daniel Capitani

BANCA EXAMINADORA

________________________________________
Prof. Dr. Daniel H. D. Capitani
FCA-UNICAMP (Presidente)

___________________________________
Prof. Paulo Hayashi Junior
FCA-UNICAMP (Avaliador)

Limeira, 08 de Junho de 2015

Dedico este trabalho aos meus pais, pelo apoio e
dedicao nesses quase cinco anos de faculdade. A
minha irm e aos meus avs, por serem a melhor
famlia do mundo. A Integra, por todo
desenvolvimento e crescimento. E ao Dino, pela fora
e amor durante esses mais de quatro anos de empresa
jnior.
SILVA, Manuela. Empresa jnior Uma organizao estudantil e a sua contribuio
na formao de ps-juniores empreendedores. 2015. Trabalho de concluso de curso.
Curso de Graduao em Gesto de Polticas Pblicas Universidade Estadual de
Campinas

RESUMO

O Movimento Empresa Jnior est presentes em diversas universidades de todo

mundo. Sua grande fora d incentivo ao empreendedorismo e ao desenvolvimento de
seus membros para gerao de uma rede sustentvel e promissora.
Este trabalho tem como objetivo observar e levantar qual a influncia dessa
organizao estudantil na formao de empreendedores e no fomento do
empreendedorismo.
A partir desta anlise, busca-se trazer os principais pontos de contribuio que a
empresa jnior traz e sua ligao com aquilo que os jovens pretendem levar como
carreira ao final de sua graduao.
Durante toda pesquisa, que envolveu jovens universitrios que atualmente fazem parte
do Movimento e jovens que fizeram parte do Movimento, foi possvel notar a grande
relao do desejo de empreender com aquilo que a empresa jnior pode proporcionar.
As pessoas saem da empresa jnior prontas para empreender e para se desenvolver
ainda mais dentro de uma empreitada que ir exigir ainda mais.

Palavras-chave: Empresa jnior, movimento empresa jnior, empreendedorismo,

Brasil Jnior.
SILVA, Manuela. Empresa jnior Uma organizao estudantil e a sua contribuio
na formao de ps-juniores empreendedores. 2015. Trabalho de concluso de curso.
Curso de Graduao em Gesto de Polticas Pblicas Universidade Estadual de
Campinas

SUMMARY

The Junior Enterprise Movement is present in various universities around the world.
Its great strength encourages entrepreneurship and the development of its members to
generate a sustainable and promising network. This study aims to observe and raise
what is the influence of this student organization in the formation of entrepreneurs and
fostering entrepreneurship. From this analysis, it seeks to bring the major contribution
of points that the junior company brings and its connection with what the young
people want to take as a career at the end of their graduation. Throughout the research,
which involved college students who are currently part of the Movement and young
people who were part of the it, it was possible to notice the great relationship with the
students who participated in the junior enterprise with the desire to become an
entrepreneur. People leave the junior enterprise ready to become an entrepreneur and
to further develop within a challenge that will require even more.

Keywords: Junior Enterprise, junior enterprise movement, entrepreneurship, Brasil

Jnior.
 LISTA DE GRFICOS

Grfico 1 Sexo dos respondentes. 36

Grfico 2 Idade dos respondentes.37

Grfico 3 Regio do pas dos respondentes..37

Grfico 4 rea de graduao dos respondentes....38

Grfico 5 Tipo de universidade dos respondentes38

Grfico 6 Situao empregatcia dos respondentes..39

Grfico 7 Empreendedorismo na famlia.40

Grfico 8 Empresa junior e a deciso professional..41

Grfico 9 Organizaes estudantis e a deciso profssional.41

Grfico 10 Empreendedorismo ps universidade42

Grfico 11 Motivos para no empreender ps universidade43

 LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Indicadores da influncia das atividades nas Empresas Juniores21

Quadro 2 Tipo de empreendedores no Brasil por macrorregio geogrfica23

Quadro 3 Motivao do empreendedor por macrorregio...24

Quadro 4 Caractersticas dos perfis de empreendedor por macrorregio27

Quadro 5 Mentalidade empreendedora no Brasil31

 LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Elementos do Modelo de Excelncia em Gesto14

Figura 2 Nveis de maturidade do Modelo de Excelncia em Gesto...16

Figura 3 Evoluo da atividade empreendedora25

 SUMRIO

1. INTRODUO....9
1.1 Justificativa.............10
2. REVISO BIBLIOGRFICA..11
2.1 O Movimento Empresa Jnior11
2.2 Modelo de Excelncia em Gesto...13
2.3 O desenvolvimento do conhec. e da hab. e a sua aplicao eficaz.............17
2.4 O perfil do empresrio junior no Brasil..18
2.5 Empreendedorismo no Brasil..21
2.5.1 Relatrio Global Entrepreneurship Monitor.......22
2.5.2 Relatrio perfil do jovem empreendedor brasileiro30
3. METODOLOGIA...31
4. RESULTADOS OBTIDOS34
4.1 Questionrio....34
4.2 Entrevistas...42
5. CONSIDERAES FINAIS.45
6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS..47

1. Introduo
 Durante a graduao possvel se deparar com inmeras oportunidades de
desenvolvimento, seja no meio acadmico, ou seja, de forma incremental, nas
organizaes que compem a instituio de ensino, como, por exemplo a Associao
Internacional de Estudantes em Cincias Econmicas e Comerciais - AIESEC,
Empresas Jniores, Centros Acadmicos e Atlticas. Nesse estudo ser trazido tona
a organizao Empresa Jnior (EJ), buscando desenvolver e exemplificar como
funciona esse Movimento Estudantil, quais suas caractersticas e qual o grau de
difuso do mesmo no mbito acadmico.
Essa organizao foi escolhida, pois de acordo com Matos (1997), ela
conhecida por ser fomentadora do empreendedorismo e por buscar desenvolver a
formao de jovens lderes, sobretudo na forma empreendedora.
Para Laviere (2010), no Brasil, principalmente com relao aos cursos de
Administrao, possvel perceber uma grande tendncia formao de profissionais
que iro trabalhar em grandes empresas, ou seja, indo na contramo do ideal de uma
empresa jnior que se refere formao de um empreendedor.
Neste sentido, o objetivo principal desse estudo estabelecer uma linha de
raciocnio que busca entender o perfil empreendedor de um membro de uma EJ no
Brasil, buscando levantar e identificar argumentos gerais que possam contribuir para
compreenso de como se comportam seus membros atuais e anteriores e quais suas
perspectivas atuais e futuras em relao a empreenderem. Ser foco da pesquisa
tambm, levantar a existncia de uma relao entre a empresa jnior e a formao de
um empreendedor que passou por essa experincia e, a partir dela, teve despertada a
ambio de abrir seu prprio negcio.

1.1 Justificativa
O Movimento Empresa Jnior vem crescendo e ganhando muita fora frente s
universidades e se tornando um dos maiores Movimentos em mbito mundial (Brasil
Jnior, 2010).
Dessa maneira, esse trabalho de concluso de curso busca tentar compreender esse
Movimento e fazer uma relao com o empreendedorismo, que o grande propsito
que o Movimento abrange, relacionando-se com a capacidade de influncia que esse
Movimento trar, j que abrange tantas pessoas em um pas com fortes traos
empreendedores como o caso do Brasil.
 Sendo assim, importante entender se o Movimento tem contribudo para o
desenvolvimento da veia empreendedora e se de fato essa organizao estudantil tem a
fora para causar tamanha influncia na deciso de qual carreira e caminho seguir ps
universidade.

2. Reviso Bibliogrfica

2.1 O Movimento Empresa Jnior

Para Matos (1997), a Empresa Jnior definida por estatuto como uma
associao civil, sem fins lucrativos, constituda e gerida exclusivamente por
estudantes de graduao da faculdade ou universidade onde ela se insere, tendo como
objetivo principal propiciar aos estudantes a oportunidade de aplicar e aprimorar os
conhecimentos tericos adquiridos durante seu curso. Sendo assim, as empresas
juniores, pela viso de Matos (1997), desenvolvem atividades para que possam atingir
seu objetivo atravs da realizao de projetos de consultoria, sempre sendo orientados
pelo corpo docente das instituies de ensino. Dessa maneira, os alunos podem
inserir-se no mercado de forma prtica, abrindo-se, ento, os canais de comunicao
universidade-sociedade, universidade-empresa e universidade-universidade.

O conjunto de empresas juniores formam o Movimento Empresa Jnior (MEJ),

que composto pelas empresas juniores que desejam fomentar o empreendedorismo
desde a graduao (BRASIL JNIOR, 2010).
As Empresa Juniores surgiram na Frana, em 1967, atravs da ideia de uma estudante1
, que fomentou e iniciou um projeto que visava colocar a disposio de empresas
sniores

seus trabalhos administrativos a preos abaixo do mercado (MORETTO et al., 2004).

Essa ideia conseguiu se disseminar por toda Frana e, em 1969, criou-se a

Confederao Nacional das Empresas Juniores. Por volta de 1980, o modelo iniciado
na Frana ganhou fora e destaque internacional, conseguindo atingir a Sua, Blgica,
Espanha, EUA e o Brasil.

No Brasil, o Movimento surgiu em 1988, atravs da Cmara de Comrcio e

Indstria Franco-Brasileira. Pode-se destacar que o pioneirismo deu-se atravs da

1
Bernard Caioso, da ESSEC - L'cole Suprieure de Sciences Economiques et Commerciales de Paris.
Escola Politcnica da Universidade de So Paulo (USP), da Fundao Getlio Vargas
(FGV) e da Fundao Armando lvares Penteado (FAAP) (MATOS, 1997). Dentre
1988 a 1995, aproximadamente 100 empresas juniores surgiram no Brasil.
Para Moretto et al. (2004), o MEJ tem papel importante no desenvolvimento e
qualificao dos empresrios juniores no Brasil visto que, durante sua permanncia no
Movimento, so realizados intercmbios constantes de informaes entre as EJs
(muitas vezes provenientes de Benchmarkings), uma vez que existem diversas
estruturas do Movimento em esfera estadual e nacional. Dentro destas, so
organizados encontros nacionais, regionais e estaduais de Empresas Juniores.

De acordo com Oliveira (s.n.t.), o MEJ tambm apresenta um fator bastante

interessante, visto que possibilita maior oportunidade de ser empregado
(empregabilidade). A EJ tem sido considerada como experincia profissional, o que
muitas vezes no ocorre com o estgio uma vez que neste ltimo, as experincias de
liderana se tornam limitadas e o aluno passa por atividades de cunho mais
operacional do que estratgicas. (OLIVEIRA, s.n.t.).

Velasque (2008) comenta que dentre as caractersticas de jovens universitrios,

tm-se os empreendedores de pensamento crtico, alm da convivncia com o trabalho
sob presso e o trabalho em grupo, a liderana, a negociao e a habilidade para
resolver problemas. Alm disso, a autora afirma que a empresa jnior cumpre parte
dos objetivos que prope ao desenvolver habilidades empreendedoras logo na
universidade.

De acordo com o Relatrio Nacional Censo Identidade do ano de 2010 (Brasil

Jnior, 2010), o rgo mximo que rege e organiza o MEJ a Confederao Brasileira
de Empresas Juniores a Brasil Jnior. Esta foi criada em 2003 e tem a funo de
regulamentar e auxiliar as empresas juniores ao redor do Brasil, possibilitando
alcanarem o desenvolvimento desejado. Essa confederao formada e composta por
dezesseis federaes, as quais representam quinze estados brasileiros e o Distrito
Federal.

Ainda no Relatrio Censo Identidade (2010) possvel encontrar informaes

a respeito do Conceito Nacional de Empresas Juniores (CNEJ), que um documento
criado e desenvolvido pela Confederao Brasileira de Empresas Juniores - Brasil
Jnior, o qual determina os fatores a serem respeitados e seguidos pela organizao,
para que esta possa ser reconhecida como empresa jnior. Dentro do CNEJ, no artigo
3, possvel notar as descries desenvolvidas que levantam as caractersticas que o
Movimento Empresa Jnior apresenta:

I Desenvolver profissionalmente as pessoas que compem o quadro social por

meio da vivncia empresarial, realizando projetos e servios na rea de atuao do(s)
cursos de graduao ao(s) qual(is) a Empresa Jnior for vinculada (CNEJ);

II Realizar projetos e/ou servios preferencialmente para micro e pequenas

empresas, e terceiro setor nacionais, em funcionamento ou em fase de abertura, ou
pessoas fsicas, visando ao desenvolvimento da sociedade (CNEJ);
III Fomentar o empreendedorismo de seus associados (CNEJ).

Assim, possvel perceber que fomentar o empreendedorismo daqueles que

participam do movimento uma de suas caractersticas e propsitos. Atualmente, o
MEJ est no Brasil h vinte e seis anos e seu crescimento tem sido significativo.
Conforme a Brasil Jnior (2010, p.3), existem aproximadamente 27.800 empresrios
juniores espalhados pelas cerca de 1.120 empresas juniores. Sendo assim, o
Movimento se consolida, de modo a permitir focar seus esforos no desenvolvimento
de projetos que abranjam os micro e pequenos empresrios como sendo seus
principais clientes (MATOS, 1997).

2.2 Modelo de Excelncia em Gesto

Moretto Neto et al. (2004) afirmam que, em um primeiro momento, a

empresa jnior analisada quanto sua relao com a prtica e o desenvolvimento do
empreendedorismo, bem como seu papel colaborativo em outras reas pertinentes ao
desenvolvimento do conceito. Em seguida, os autores adentram na estrutura e rotina
organizacional das Empresas Juniores, abordando os seguintes temas: gesto interna,
gesto estratgica, as relaes com o ambiente externo, gesto financeira, recursos
humanos, prestao de servios e busca pela qualidade.
Sendo assim, importante ressaltar que as empresas juniores possuem uma
organizao estrutural e estratgica, assim como empresa sniores apresentam.
A Fundao Nacional da Qualidade - FNQ (2008) elaborou o Modelo de
Excelncia em Gesto (MEG), modelo este que apresenta questes fundamentais para
que as organizaes obtenham excelncia em tudo aquilo que fazem.
Este modelo genrico e portanto cabe a todo tipo de organizao, inclusive s
empresas juniores. Dentro das EJs, a funo servir como um guia para as prticas
organizacionais e estratgicas, baseando-se sempre na evoluo constante.
Esse modelo amplia a viso sistmica da empresa como um todo, viso
sistmica essa que, por definio da FNQ (2009, p.10), diz que o pensamento
sistmico o entendimento das relaes de interdependncia entre os diversos
componentes de uma organizao, bem como entre a organizao e o ambiente
externo.
possvel observar atravs da figura 1 quais so os elementos clientes,
sociedade, liderana, estratgias e planos, pessoas e processos que so levados em
considerao dentro uma organizao para se mensurar a qualidade de seus
processos.(FNQ, 2008).

Fonte: Extrado de FNQ (2008)

Esses critrios de excelncia so divididos em oito cadernos, os quais

exemplificam e capacitam as empresas para poderem obter a excelncia nos seguintes
mbitos. De acordo com Cauchick (2004), os critrios so representados da seguinte
maneira:

Liderana: Faz relao com o envolvimento pessoal e a liderana dentro da

organizao. Dessa forma, cobra-se que haja disseminao das prticas
internas, bem como os valores, misso e viso, promovendo uma cultura de
excelncia.
 Estratgia e Planos: Trata da posio competitiva da organizao atravs da
anlise da formulao de suas estratgias auxiliando-a a estabelecer planos de
ao e metas concretas.

Clientes: Avaliao dos clientes e do mercado para compreenso das

necessidades e do foco global da empresa. H tambm relao com a forma de
fidelizao de clientes que a empresa utiliza.

Sociedade: Demonstra-se que preciso que se devolva sociedade aquilo que

se usufrui a mesma, sendo atravs de uma iniciativa socioambiental dentro da
empresa, ou atravs de uma ateno mais especfica voltada a todos os
stakeholders envolvidos.

Informaes e Conhecimento: Anlise das informaes da organizao e da

gesto para auxiliar no desempenho da mesma. Identifica-se, tambm, o capital
intelectual inserido na empresa e como ele gerido, cuidado e identificado.

Pessoas: Faz referncia a toda e qualquer ao referente ao desenvolvimento e

capacitao dos membros dentro da empresa, preocupando-se tambm com o
clima organizacional e a manuteno das performances de excelncia.

Processos: Enxerga todo o processo como um todo, desde o foco no cliente,

entrega dos projetos e todos os processos envolvidos no decorrer das
atividades e dos entregveis.

Resultados: Mede todo resultado e desempenho de uma organizao para que

possa haver um mtodo comparativo e uma base analtica mais concreta e fiel.

Dentro das empresas juniores, a Presidncia responsvel por coordenar todas

as atividades interdepartamentais a fim de conseguir consolidar as prticas de acordo
com os cadernos anteriormente citados. A responsabilidade recai tambm sobre o
departamento de Qualidade, que precisa rodar e manter a excelncia dos processos
vitais da EJ, a fim de cooperar para que a Presidncia tenha insumos para trabalhar
estrategicamente. Quando se atinge um nvel de maturidade considervel, o nvel de
maturidade da gesto como um todo tambm se torna maior e, portanto, o MEG
tambm apresenta trs possveis nveis classificatrios de uma gesto, tal como aborda
a figura 2 (FNQ, 2008):
 Compromisso com a excelncia;

Rumo a excelncia;

Excelncia.

Figura 2. Fonte: Extrado de FNQ (2008)

Quando se adota o Modelo de Excelncia em Gesto, possvel desenhar e

obter um mapeamento claro do negcio onde, de acordo com FNQ (2008, p. 14) "O
documento do Modelo de Excelncia da Gesto que a organizao neste estgio
utiliza, e que expressa uma orientao gesto nesse nvel, denominado
Compromisso com a Excelncia".

Ainda ilustrado na figura 2, possvel perceber, tambm, que quando uma

empresa entra na fase de Estado da Arte, por exemplo, esse perodo coincide com seu
atingimento de excelncia, ou seja, h uma maturidade em seus processos e, portanto,
no h mais um crescimento significativo, e sim uma consolidao de resultados, bem
como da sua curva de crescimento. J na parte que diz respeito fase de
implementao das prticas de gesto, a curva, em um estado ideal, crescente,
demonstrando que a empresa, naturalmente, passar pelas etapas de Compromisso
com a Excelncia, Rumo Excelncia e, por fim, a Excelncia (FNQ,2008).

Porm, quando a organizao apresenta um desenvolvimento mediano e que j

demonstra alguma caracterstica mais avanada e desenvolvida "os processos
delineados e a organizao comea a sair de uma postura reativa para, proativamente,
buscar solues para os seus problemas mais agudos", tal como ressaltado por (FNQ
(2008, p. 14). Sendo assim, nesse estgio possvel dizer que a empresa encontra-se
no Rumo Excelncia.

Dessa forma, o Modelo de Excelncia em Gesto propicia um

desenvolvimento que pode se tornar exponencial, se realizado de forma concreta e
correta, buscando atingir a excelncia de seus processos e, por fim, de seu negcio
(CAUCHICK, 2004).

Para as empresas juniores, seguir esse modelo uma oportunidade e opo de

gesto, para que a experincia de gesto empresarial, ainda na faculdade, possa se
tornar cada vez mais analtica e verossmil (BRASIL JNIOR, 2010).

2.3 O desenvolvimento do conhecimento e da habilidade e sua aplicao eficaz

De acordo com Fleury e Fleury (2001) a competncia do indivduo no um
estado, no se reduz a um conhecimento ou know how especfico, ou seja, algo
intrnseco ao indivduo. Tambm, a noo de competncia regida pelos verbos saber
agir, mobilizar recursos, integrar saberes mltiplos e complexos, saber aprender,
saber engajar-se, assumir responsabilidades e ter viso estratgica. Dessa forma,
possvel perceber que a competncia extremamente ligada a fatores de movimento,
os quais acontecem para que a noo de competncia, bem como sua atuao,
aconteam (FLEURY; FLEURY, 2001).

Para Zarifan (1999), as competncias dentro de uma organizao podem ser

apresentadas como:

Competncias sobre processos: os conhecimentos do processo de trabalho.

Competncias tcnicas: conhecimentos especficos sobre o trabalho que deve
ser realizado.
Competncias sobre a organizao: saber organizar os fluxos de trabalho.
Competncias de servio: aliar competncia tcnica a pergunta: qual o
impacto que este produto ou servio ter sobre o consumidor final?
Competncias sociais: saber ser, incluindo atitudes que sustentam os
comportamentos das pessoas; o autor identifica trs domnios destas
competncias: autonomia, responsabilizao e comunicao.
 Ou seja, dentro dessas definies possvel reforar que necessrio
relacionar a competncia de um indivduo aos movimentos que ele realiza em um
ambiente de trabalho, explicando por exemplo, a necessidade de se aplicar e de se
exercitar de fato o conhecimento (know-how) e a competncia (FLEURY; FLEURY,
2001).
conhecido, tambm, que existe uma forte influncia na forma com que os
trabalhos so concebidos pelos trabalhadores, de forma que estes possam desenvolver
e formar as habilidades e conhecimentos at mesmo em mbitos distintos e que antes
no eram conhecidos ou exercitados (SANDBERG, 2000). Isso pode ser fortemente
relacionado com os pontos que Cheetam (1996) e Chiver (1998) trazem, os quais
ressaltam a importncia significativa para o ambiente de trabalho, mostrando que sua
qualidade ou deficincia podem afetar o desenvolvimento e aquisio de habilidades e
conhecimentos.
Em paralelo a isso, existe a formao de um ensino com base em
competncias, para que o aluno no tenha que desenvolver suas competncias somente
quando estiver inserido no mercado de trabalho (NUNES, 2010).
O autor ainda levanta que h um desafio em superar o modelo clssico, porm,
necessrio se aplique essa mudana para a formao da competncia ainda durante o
perodo de estudos.
Durante a formao do aluno, o estgio parte complementar para que este
possa desenvolver as competncias em um ambiente de fato empregador. Para Xavier
Filho et al. (2011), esse estgio uma atividade frequentemente utilizada e que
permite desenvolver limitaes no mbito pedaggico, visto que o estudante est
sujeito a no conseguir vivenciar a experincia de forma to construtora e real quanto
um profissional j atuante. Dessa forma, a empresa jnior surge como uma alternativa
de aprimorar o desenvolvimento prtico de algumas competncias profissionais, de
forma que, quando o estudante ingressar no estgio profissionalizante, ele possa estar
mais preparado e, consequentemente, alcanar um melhor rendimento e
aproveitamento.

2.4. O perfil do empresrio jnior no Brasil

Oliveira (2003) realizou uma pesquisa no XI ENEJ Encontro Nacional de

Empresrios Juniores, reunindo inmeras informaes provenientes de entrevistas
realizadas com os congressistas e empresrios juniores2. Essa pesquisa reuniu cerca
de 201 entrevistados, que refletem 15,46% dos participantes do evento, os quais
responderam a perguntas quantitativas e qualitativas, sendo 24 perguntas fechadas, 16
perguntas abertas e 3 perguntas numricas em forma de escala.
Outra caracterstica da pesquisa que ela foi composta por 33,66% dos
respondentes provenientes da Bahia, visto que o evento teve sua sede neste Estado.
O Estado de MG apresentou 14,24% de respostas, RJ com 12,93%, SP com 7,96% e
PR e SC com 5,47%.
Dos 201 entrevistados, 94,53% fazem parte de uma EJ, e esta proveniente em
57,71% dos casos de Universidades Federais, 24,88% de Estaduais e 14,43% de
Universidades Privadas. A mdia de idade dos empresrios juniores da atualidade
reflete uma faixa de 20 anos, onde 43,78% so do sexo feminino e 55,76% do sexo
masculino.
Com relao a abrangncia dos cursos, em 38,28% dos casos a empresa jnior
composta pelo curso de Administrao, enquanto que nas engenharias a
porcentagem cai para 25,78%. Tambm, foi possvel levantar que h uma
concentrao de 53,23% das atividades realizadas pelas EJs serem voltadas para rea
de Humanas, enquanto que a rea de exatas encontra-se com 25,82%.
Quanto aos clientes atendidos por essas EJs, 88,50% so de pequeno porte e
61,19% de mdio porte, e estas provm de organizaes do terceiro setor, em 100%
dos casos, o que, segundo Oliveira (2003), sinaliza uma singularidade quanto ao
perfil do atendimento de um segmento carente de profissionalizao no tocante
gesto, e do atendimento que no feito, tanto pelo mercado como pelo do governo, e
neste sentido, atendendo mais ao chamado terceiro setor do que ao segundo setor.
Os projetos realizados para essas pequenas e mdias empresas custam entre R$
1.000,00 e R$ 3.000,00 em mais da metade dos casos (58,21%) e entre R$ 3.000,00 e
R $6.000,00 em 22,89%. Somente 3,48% das EJs ofertam projetos que custam R$
10.000,00 (OLIVEIRA, 2003). Esses projetos contribuem para o faturamento anual
que cerca de R$5.000,00 a R$ 10.000,00 em 40,80% dos casos, de R$ 11.000,00 a
R$ 15.000,00 em 18,41% dos casos e somente 6,47% das empresas conseguem obter
um faturamento anual de mais de R$ 50.000,00. Outras opes, porm com expresso

22 Este tpico tem por finalidade apenas apresentar um estudo emprico que tentou delinear o perfil
geral das empresas juniores e seus membros no Brasil. Obviamente, no se espera que ele represente, de
fato, a coletividade de todas as EJs do pas.
inferior, tambm demonstram que 4,48% dos casos apresentam faturamentos de R$
35.000,00 a R$ 40.000,00 e 0,50% de R$ 45.000,00 a R$ 50.000,00. Em suma,
possvel dizer que as EJs apresentam um custo mdio de R$ 3.500,00 por projeto, os
quais contribuem para um faturamento anual mdio de R$ 30.000,00.
Outro fator levantado pela pesquisa se refere ao fato que os jovens
universitrios ingressam na experincia da empresa jnior muito cedo, onde 42,79% j
participam dessa organizao logo no primeiro ano da graduao, seguido de 42,29%
no segundo ano e somente 3,33% no terceiro e quarto anos.
Quando os entrevistados foram questionados a respeito do fator
empregabilidade, 67,16% alegaram que teriam maiores condies de ingressar no
mercado de trabalho, visto que sentiam-se mais preparados por j terem feito parte de
uma empresa jnior.
A pesquisa tambm buscou analisar qual a influncia das atividades das
empresas juniores na qualificao profissional, onde o pesquisador elencou algumas
caractersticas e solicitou aos entrevistados que dessem uma nota.
A compilao destes resultados esto contidas no quadro abaixo (Quadro 1).

Quadro 1: Quadro de indicadores da influncia das atividades nas empresas juniores.

 CLASSIFICAO INDICADOR %
1 Trabalho em equipe 81,09
2 Espirito empreendedor 73,63
3 Iniciativa 68,66
4 Resoluo de problemas 48,26
5 Elaborao de projetos 47,26
6 Viso de futuro 46,30
7 Comunicao 44,78
8 Organizao 42,29
9 Viso crtica 38,31
10 Cumprir prazos 29,85
11 Buscar metas 27,36

Fonte: Adaptado de Oliveira (2003, p.16)

possvel observar portanto, embasado no estudo em questo, que os jovens

saem das empresas juniores e acreditam ter desenvolvido um grande trabalho em
equipe e adquirido um esprito empreendedor muito forte. Porm, em contrapartida,
apresentam ter baixo desenvolvimento com relao a cumprimento de prazos e
atingimento de metas. Sendo assim, preciso ...considerar a Empresa Jnior como
um espao multi-didtico-pedaggico, ou seja, no s de prestao de servios e
qualificao profissional, mas de ensino/aprendizado, extenso, pesquisa e
aprimoramento profissional, assim como espao de transmisso e difuso de
informaes e conhecimentos teis ao desenvolvimento sustentvel da sociedade
como um todo... (OLIVEIRA.,2003)

2.5 Empreendedorismo no Brasil

Para que haja o enriquecimento da leitura e sustentao da tese levantada neste

trabalho de concluso de curso, os assuntos abaixo sero divididos em tpicos para
maior explorao das pesquisas analisadas.

Ambos os tpicos iro trazer pesquisas acerca do empreendedorismo e do perfil que o

empreendedor brasileiro.
 A primeira pesquisa deriva-se do relatrio Global Entrepreneurship Monitor,
realizada no ano de 2013, que traz o estudo detalhado dos tipos de empreendedores
que o Brasil possui.

J a segunda pesquisa, o rgo idealizador foi o CONAJE, que no ano de 2014 buscou
estudar o empreendedorismo entre os jovens universitrios.

2.5.1. Relatrio Global Entrepreneurship Monitor3

O relatrio Global Entrepreneurship Monitor - GEM (2013), desenvolvido por

meio de uma parceria entre London Business School e Babson College, abrange 100
pases para constituir o maior estudo atual sobre empreendedorismo no mundo.
A principal funo desse estudo compreender a relao entre o empreendedorismo e
o desenvolvimento econmico.
A ltima pesquisa foi realizada em 2013 e incluiu 68 pases.
De acordo com o Relatrio Executivo GEM (2013, p. 4) (empreendedorismo no
Brasil), os seguintes tipos de empreendedores foram considerados:

Empreendedores Nascentes: So proprietrios do negcio e participam de toda sua

estruturao, porm ainda no houve a obteno de uma remunerao ou
pagamento de salrios por mais de trs meses.
Empreendedores Novos: So proprietrios e administram o negcio. Tambm j
houve a remunerao ou pagamento de salrio por mais de trs meses e menos de
42 meses.
Empreendedores Estabelecidos: So proprietrios e administram o negcio.
Tambm j houve a remunerao ou pagamento de salrio por mais 42 meses.

Conforme pode ser observado no quadro 2 (GEM, 2013), no Brasil, a taxa de

empreendedores iniciais (como percentual da populao entre 18 e 64 anos) em 2013,
de 17,3%, maior que a de empreendedores estabelecidos (15,4%).
Ainda no Relatrio GEM (2013), possvel observar que o Norte possui o segundo
maior percentual de crescimento de empreendedores iniciais do Brasil, perdendo

3 Esse tpico foi baseado e extrado do relatrio GEM, 2013. Esse relatrio faz um estudo do perfil

do empreendedor brasileiro de 2012 a 2013, fazendo um comparativo e levantando diversas

caractersticas acerca deste.
apenas para o Sudeste. Com relao a empreendedores nascentes, o Norte a regio
que mais apresentou um crescimento considervel de 2012 a 2013.
Para os empreendedores estabelecidos, o Centro-Oeste obteve um crescimento
expressivamente maior, chegando a 4,7%

Quadro 2. Tipo de empreendedor no Brasil por macrorregio geogrfica, 2012-2013

Tipo de empreendedor
Ano 2012 2013 2012 2013 2012 2013 2012 2013 2012 2013
Regio Inicial Nascente Novo Estabelecido Taxa Total
Norte 17,6 17,3 5,3 7,1 12,5 10,8 16,9 12,1 52,3 47,3
Nordeste 16,8 14,9 4,8 4,8 12,4 10,5 13,9 14,4 47,9 44,6
Centro-Oeste 16,3 16,5 3,8 2,5 12,9 14,3 15,1 19,8 48,1 53,1
Sudeste 14,2 20,2 4,6 6,1 10 14,7 15,5 16 44,3 57
Sul 15,3 13,6 3,5 3,2 12 10,5 16,6 15,1 47,4 42,4
Total Brasil 15,4 17,3 4,5 5,1 11,3 12,6 15,2 15,4 46,4 50,4
Fonte: GEM (2013)

No Brasil, h uma grande relevncia do empreendedorismo, onde podemos

encontrar cerca de 21 milhes de empreendedores iniciais e 19 milhes de
empreendedores estabelecidos. Para a pesquisa da GEM (2013), tambm foi levado
em considerao dois tipos de motores de empreendedores:

Empreendedores por necessidade: aqueles que abrem o prprio negcio por

no terem outra opo melhor de ocupao x remunerao.

Empreendedores por oportunidade: aqueles que escolhem abrir o prprio

negcio, pois visualizam uma oportunidade de negcio e optaram por
empreender mesmo tendo renda e oportunidades de remunerao.

O quadro 3 mostra a relao entre os empreendedores por necessidade e os

empreendedores por oportunidade:

Quadro 3 - Motivao do empreendimento por macrorregio, 2012-2013

Motivao
Ano 2012 2013 2012 2013 2012 2013 2012 2013 2012 2013
Regio Taxa de Taxa de Razo Oportunidade como Taxa Total
 oportunidade necessidade oportunidade/ percentual da TEA
(%) (%) necessidade
Norte 10,1 10,9 7,7 6,4 1,3 1,7 56 62,9 75,1 81,9
Nordeste 10,3 9,3 6,6 5,5 1,6 1,7 60,4 62,7 78,9 79,2
Centro-
oeste 13,9 10,9 2,5 5,6 5,5 1,9 84 66 105,9 84,4
Sudeste 10,4 15,2 3,6 4,9 2,9 3,1 73,9 75,6 90,8 98,8
Sul 11,2 10,6 3,8 3 3 3,6 74,1 78,2 92,1 91,1
Total
Brasil 10,7 12,3 4,7 5 2,3 2,5 69,2 71,3 86,9 91,1
Fonte: GEM ( 2013)

possvel notar que a relao de empreendedores por oportunidade, em 2013,

obteve 71,3% da proporo, mostrando-se o expressivo crescimento do
empreendedorismo e comprovando que as pessoas esto cada vez mais buscando abrir
seu prprio negcio, no apenas por uma necessidade financeira e falta de
oportunidades, mas principalmente por acreditarem que uma oportunidade de
remunerao diferenciada.

Quanto regio que mais apresenta oportunidade podemos citar a regio

Sudeste, que apresenta um crescimento importante at mesmo frente ao crescimento
das oportunidades do Brasil total.

Com relao taxa de necessidade, a regio que situou-se fora da normalidade

foi a regio Centro-oeste, que apresentou um aumento no ingresso no
empreendedorismo devido a necessidade.

Apresenta-se a seguir a Figura 3, que demonstra toda evoluo da atividade

empreendedora ao longo dos anos e tambm o perfil desses empreendedores, servindo
como um comparativo para termos uma noo mais ampla do cenrio brasileiro a
partir de 2002 at 2013.
Fonte: GEM Brasil (2013)

Tambm atravs do relatrio desenvolvido pelo GEM (2013), foi identificado

qual seria o perfil do empreendedor brasileiro. As principais constataes
identificaram as seguintes caractersticas descritas a seguir:

52,2% dos empreendedores brasileiros so mulheres;

33,31% dos empreendedores brasileiros possuem de 25 a 34 anos;

50,9% dos empreendedores brasileiros possuem menos do que o segundo grau

completo;

61,6% dos empreendedores brasileiros possuem renda de menos de trs

salrios mnimos.

De forma a contextualizar sumariamente todas as constataes, no quadro 4, a

seguir, so apresentadas todas as caractersticas referentes ao perfil levantadas pela
pesquisa referenciada: