Gcs Mcdonalds
Gcs Mcdonalds
Gcs Mcdonalds
1. Introduo
Uma caracterstica que muito contribui para os resultados das organizaes o bom
gerenciamento da cadeia de suprimentos. Neste processo, em que as empresas tm
possibilidade de trabalhar com fornecedores, clientes e mercados de forma integrada, a
necessidade de coordenao e cooperao entre os diversos agentes envolvidos
fundamental.
Muito se discute sobre a tendncia de que a competio por mercados ser definida
no por empresas individuais, mas sim pela gesto da cadeia de suprimentos.
Conceitualmente, esta abordagem tem sido bem difundida, trabalhada e ilustrada por diversos
casos e exemplos. Em uma era de concorrncia de redes, as recompensas iro para as
organizaes que puderem melhor estruturar, coordenar e gerenciar os relacionamentos com
seus parceiros em uma rede comprometida com relacionamentos melhores, mais estreitos e
mais geis com seus clientes finais (CHRISTOPHER, et al 2001; HARRISON, et al, 2002;
COX, 2004).
Ao longo dos ltimos anos, vrias abordagens em logstica e suprimentos tm sido
utilizadas para dar competitividade s empresas, de forma a recuperar a rentabilidade
pressionada pelo novo ambiente de negcios, bem como responder mais rapidamente s
necessidades dos consumidores (LAMBERT et al., 1996 e 2000, SIMATUPANG et at., 2002;
JOHANNESSEN et al., 2002; BRONZO, 2004). Atualmente, o gerenciamento da cadeia de
suprimentos numa postura colaborativa e em sintonia com a viso mais moderna e sistmica
da logstica o campo onde a maioria das empresas v possibilidades de melhoria na
performance e/ou de agregar valor aos seus produtos e servios (ZHAO et al., 2003 e
BARRATT, 2004).
Muitos estudos tm sido feitos e publicados sobre o tema gerenciamento da cadeia de
suprimentos, aumentando a compreenso do assunto e avanando o conhecimento. Dentro
desta perspectiva, parece oportuno descrever e analisar a cadeia de abastecimento de uma
empresa de atuao global, reconhecida em todo o planeta como um cone do capitalismo e da
cultura americana, que tem na gesto de suprimentos um dos seus diferenciais competitivos,
servindo de modelo para inmeras outras empresas: a rede de restaurantes fast food
1
2. Desenvolvimento Terico
Este trabalho est fundamentado em uma reviso bibliogrfica com foco em dois
aspectos principais: a colaborao e o relacionamento na cadeia de suprimentos.
coletiva a inteno de melhorar a habilidade de cada agente em prever e entender as aes dos
outros membros da cadeia. Considerando ser este processo um arranjo inter-organizacional
complexo, importante que a empresa foco exera a governana da rede, buscando estimular
a eficincia coletiva (TEIXEIRA et al, 2002).
Simatupang et al (2002) afirmam que habitualmente os membros da cadeia trabalham
como empresas individuais com perspectiva local e conduta oportunista. Porm, este
comportamento vai contra a rentabilidade da cadeia de suprimentos. Estabelecer a cooperao
da cadeia ajuda a ajustar a demanda e melhorar a rentabilidade. Neste sentido, os autores
definem a cadeia de suprimentos colaborativa como duas ou mais empresas independentes
trabalhando conjuntamente para planejar e executar operaes de suprimentos com maior
sucesso do que atuando isoladamente. Ou seja, a colaborao baseada em objetivos mtuos.
Entende-se que a gesto da cadeia de suprimentos continuar a influenciar as empresas
atravs da busca de aes diferenciadas, processos de terceirizao, compresso dos elos, e
colaborao dos parceiros. Isto ser utilizado para reestruturar as redes de suprimentos e
melhorar a coordenao (KOPCZAK et al., 2003).
A integrao da cadeia de suprimentos para a grande maioria das empresas apenas
uma promessa, apesar dos esforos das organizaes, seus clientes e supridores (BARRATT,
2003). Isto tende a ocorrer porque a cultura desenvolvida na cadeia no privilegia aes
colaborativas, nem trabalha a importncia do desenvolvimento do negcio para todos os
agentes, tornando a viso de cada empresa limitada e individualizada.
O relacionamento com enfoque na gesto colaborativa surgiu com o avano de
prticas de integrao e melhorias nos processos de comunicao e informao, como o ECR
(Efficient Consumer Response), VMI (Vendor Managed Inventory), CR (Continuous
Replenishment), e CPFR (Colaborative Planning, Forecasting, and Replenisment). O CPFR,
por sua vez, tem tido grande influncia no desenvolvimento e divulgao da importncia de
atitudes colaborativas.
Muitos estudos em cadeia de suprimentos adotam o conceito de cadeia colaborativa
ou colaborao na cadeia, independente dos conceitos e prticas seguidas no CPFR. Isto
ocorre por considerarem o processo colaborativo como o desenvolvimento de um trabalho
mais integrado entre os agentes, com maior troca de informaes, divulgao de aes e
processos relativos cadeia, bem como a administrao da performance do negcio
(BARRATT, 2003 e SIMATUPANG et al., 2004).
Para Sahay (2003), a viso do processo colaborativo ter os supridores, produtores,
distribuidores e clientes alinhados em prol de um relacionamento cooperativo, para benefcios
da cadeia e de cada agente. Ou seja, adotar uma perspectiva externa, em que a deciso das
empresas deve considerar no somente sua performance individual, mas de toda a cadeia.
Este compromisso no relacionamento exige dos agentes da cadeia um planejamento
colaborativo que consiste no gerenciamento da demanda. Isto ocorre com uma gesto de
informao e dados em tempo real entre os membros da cadeia (BARRATT, 2003).
A
compreenso desta prtica no simples. Tanto no aspecto global da cadeia quanto
individual, os conflitos e dificuldades so pertinentes a um processo colaborativo e a
coordenao das aes atravs de um comit liderado pela empresa foco governante pode
contribuir para o sucesso do relacionamento na cadeia.
Para obter benefcios do planejamento colaborativo e integrao da cadeia de
suprimentos, as organizaes devem assegurar integrao interna com marketing e produo.
A integrao interna e externa com os parceiros depende da troca de informao e do
alinhamento do processo (BARRAT, 2004).
Corsten et al (2005), numa pesquisa sobre colaborao dos supridores, apontam que a
colaborao tende a ser mais favorvel para quem compra, ou seja, para a empresa que tem a
governana da cadeia. Tambm, os autores no deixam de ressaltar a validade da colaborao
na cadeia, mas destacam a complexidade que implement-la, citando que este processo
precisa estar inserido num mecanismo de governana que inclui um relacionamento
controlado, monitorando a dependncia e construindo a verdade.
Prevendo
Demanda do Cliente
Necessidade de materiais
Plano de marketing
Capacidade de Produo e Programao
Planejamento conjunto
Resolvendo problemas
Desenvolvendo produtos
Problemas logsticos (embarques, rotas,
tamanho de pallet, embalagens, etc.)
Suporte de marketing (material de mkt, entrega,
display de loja, etc.)
Controle de qualidade
Anlise de custo-benefcio (custo de estoque,
lead-time, servio ao cliente, etc.)
Medidas de performance
Alavancagem
Recursos e capacidades
Habilidades e conhecimentos
Especializao
refletir na mesma proporo em outro fornecedor ou camada da cadeia e, nem mesmo por
isso, a relao pode ser quebrada. Neste caso, segundo Simatupang (2004), isto ocorre
provavelmente porque os parceiros da cadeia tendem a no ter dimenso nem viso da
performance dos demais na cadeia, nem mesmo viso total dos resultados buscados pela
empresa foco da cadeia .
Ainda para Cox (2004), muitas companhias somente so capazes de administrar a
relao na cadeia de suprimentos na primeira camada (first tier). Isto significa que, apesar do
conceito de cadeia de suprimentos contribuir para os negcios, seu alcance ainda tem muitas
limitaes. Para vencer estas restries, as companhias precisam ter recursos internos e
capacidade operacional para praticar e ganhar esta amplitude.
Bowersox et al (2003) apontam que a terceirizao funcional, como atividades que
vo da manufatura a servios logsticos como transporte e armazenagem, gerencialmente
determinada e governada por princpios de comando e controle. Numa viso de contribuio e
evoluo deste tipo de relao, eles estabelecem uma abordagem sobre o relacionamento entre
as empresas em que estas integram seus esforos e recursos na busca de um novo, mas
eficiente e efetivo ou relevante modelo de negcio, gerenciado por um apropriado mecanismo
de governana. Nesta relao, as empresas procuram eliminar processos duplicados e no
produtivos na busca de maior produtividade, estabelecendo objetivos mtuos. Esta relao
requer uma bsica modificao no processo de negcio, que aproxima as empresas no longo
prazo e numa estrutura operacional conjunta. Neste modelo o autor entende como
competncias e capacidades necessrias s empresas:
Processo de Liderana ;
Planejamento e Controle do Processo;
Processo de Operao Integrada.
Numa linha semelhante, porm com foco na logstica, Closs et al. (2005) utilizam o
termo flexvel para demonstrar a importncia de se encontrar habilidades organizacionais que
atendam aos requisitos do cliente, comprovando que a flexibilidade logstica tem efeito
significante e direto na performance. Esta, por sua vez, segundo Cox (2004) s ser relevante
se as empresas envolvidas na relao entender que o alinhamento interno to importante
quanto o alinhamento externo.
Portanto, nesta extenso da relao entre os elementos da cadeia de suprimentos, a
viso do valor das atividades no pode ficar restrita somente aos supridores da primeira
camada, mas tambm, aos demais da segunda ou terceira, pois eles tambm agregam valor ao
processo (DORAN, 2003).
Como afirmam Rungtusanathan et al. (2003), a integrao entre uma empresa e seus
supridores e clientes deve continuamente prover oportunidades de melhorias que facilitem as
operaes internas. Considerando uma relao cliente - provedor logstico, a operao
existente entre um (Prestador de Servios Logsticos) PSL e seu supridor pode ser como uma
operao interna do PSL, que tem o desafio de administrar seus supridores com foco e
performance condizentes com o negcio de seu cliente.
4. Anlise do Caso
Este tpico apresenta o estudo de caso anteriormente proposto, focalizando a viso e
as formas de gesto da cadeia McDonalds.
4.1 Viso da Cadeia
Atravs de um resumo da descrio da cadeia de suprimentos do McDonalds citada
no relatrio realizado pela FGV-GVConsult (2004), sobre O impacto Econmico dos 25
anos do McDonalds no Brasil, pode-se estabelecer a viso e a dimenso das relaes
existentes entre seus agentes:
Fornecedor
Informao
PSL
Restaurante
Abastecimento
Gesto da Cadeia
5. Concluso
Ray Kroc, nos anos 50 e 60, iniciou o trabalho de construo dos princpios
operacionais do McDonalds baseados em conceitos colaborativos, em que os envolvidos
diretamente no fornecimento tinham apoio, incentivos e tambm compromissos com a
melhoria dos produtos e do abastecimento, de forma que o resultado contribusse para a
expanso e melhoria do sistema. Estes princpios foram sendo fundamentos ao longo dos
anos, e mesmo na expanso e implementao dos restaurantes em diversos pases do mundo,
seus gestores adotam o mesmo modelo de gesto. Desta forma, o fator cultural tem, no caso,
forte importncia para a gesto colaborativa, principalmente quando praticado pelo principal
gestor da empresa.
Por outro lado, atualmente o nome McDonalds forte e t-lo atrelado ao seu
portiflio de clientes contribui com muitos novos negcios. Portanto, a relao pode ser
baseada em compromissos mtuos. No entanto, para alguns fornecedores, a garantia de
resultados favorveis nos negcios com o McDonalds pode no ser uma realidade. claro
que esta situao no se aplica aos fornecedores exclusivos que s trabalham para o sistema.
Apesar de serem empresas independentes, como so fundamentais para o sistema, sua
sobrevivncia precisa ser garantida.
O caso justifica a idia de que quando no existe estrutura e embasamento na empresa
foco sobre o processo colaborativo, o relacionamento baseado no interesse da cadeia no tem
sustentao.
A expanso dos restaurantes McDonalds ocorrida ao longo dos anos demonstra que
seu sistema colaborativo na cadeia de suprimentos relativamente eficiente, considerando o
sucesso da rede em diversos pases, incluindo o Brasil.
10
Bibliografia
BARRATT, MARK. Positioning the Role of Collaborative Planning in Grocery Supply Chains. International
Journal of Logistics Management. Vol.14 n.2, pg.53-66, 2003.
BARRATT, MARK. Understanding the meaning of collaboration in the supply chain. Supply Chain
Management: An International Journal, Vol. 9, n. 1, pg.30-42, 2004.
BARRATT, MARK. Unveiling Enablers and Inhibitors of Collaborative Planning. The International Journal
of Logistics Management, Vol. 15, n.1, pg.73-90, 2004.
BECKETT, RONALD C. Collaboration now a strategic necessity. Handbook of Bussiness Strategy, pp. 327332, 2005.
BOWERSOX, DONALD J; Closs, David J; & Stank, Theodore P. How to master cross-enterprise collaboration.
Supply Chain Management Review, Jul/Aug 2003.
BRONZO, MARCELO. Relacionamentos Colaborativos em Redes de Suprimentos, Revista RAE, vol. 44,
Edio Especial Minas Gerais, pg. 61-73, 2004.
CHRISTOPHER, MARTIN & Towill, Denis. An integrated model for the design of agile supply chains,
International Journal of Physical Distribution & Logistics Management, Vol. 31, n. 4, pp.235-246, 2001.
CHOPRA, S. & Meindl, P. Supply chain management, New Jersey, Prentice Hall, pg. 23, 2001.
CLOSS, DAVID J.; Swink, Morgan; and Nair, Anand. The role of information connectivity in making flexible
logistics programs successful, International Journal of Physical Distribution & Logistics Management, Vol.
35, n.4, PP.258-277, 2005.
CORSTEN, DANIEL; and Feld, Jan. Exploring the Performance effects of Key-Supplier Collaboration.
International Journal of Physical Distribution & Logistics Management. Vol. 35, n. 6, pg. 445-461, 2005.
COOPER, MARTHA C.; Lambert, Douglas M.; and Pagh, Janus D. Supply Chain Management: More than a
New Name for Logistics. The International Journal Of Logistics Management, Vol. 8, n.1, pg. 1-14, 1997.
COX, ANDREW. The art of the possible: Relationship management in power regimes and supply chain. Supply
Chain Management: An International Journal, Vol. 9, n. 5, pg.346-356, 2004.
DORAN, DESMOND. Supply chain implications of modularization. International Journal of Operation &
Production Management. Vol.23, n.3, pp.316-326, 2003.
HARRISON, ALAN, and Hoek, Van Remko. Logistics Management and Strategy. First edition, Financial
Times/Prentice-Hall, London, 2002.
KOPCZAK, LAURA ROCK; & Johnson, M. Eric. The Supply-Chain Management Effect. MIT Sloan
Management Review, vol. 44 n. 03, pg. 27-34, 2003.
LOVE, JOHN F. McDonalds: a verdadeira histria do sucesso, Rio de Janeiro: Editora Bertrand ,1996.
JOHANNESSEN, STIG, and Solem, Olav. Logistics Organizations: Ideologies, Principles and Practice, The
International Journal of Logistics Management, vol.13 n. 1, Pg. 31-42, 2002.
11
FGV-CONSULT, O Impacto Econmico dos 25 anos do McDonalds no Brasil, Fundao Getlio Vargas
(Estudo realizado pela FGV para o McDonalds documento interno da empresa), 2004.
LAMBERT, DOUGLAS M.; Emmelhainz, Margaret A.; and Gardner, John T. Developing and Implementing
Supply chain Partnerships. The International Journal of Logistics Management, vol. 7, n. 2, pg. 1-17, 1996.
LAMBERT, DOUGLAS M; and Burduroglu, Renan. Measuring and Selling the Value of Logistics, The
International Journal of Logistics Management, vol. 11 n. 1, pg. 1-17, 2000.
MIN, SOONHONG; Roath, Anthony S.; Daugherty, Patricia J.; Genchev, Stefan E.; Chen, Haozhe; and Arndt,
Aaron D.; Supply Chain Collaboration: Whats happening? The International Journal of Logistics
Management, Vol. 16 n. 2, pg. 237-256, 2005.
PECK, HELEN; and Juttner, Uta; Strategy and Relantionships: Defining the Interface in Supply Chain Contexts.
International Journal of Logistics Management, vol. 11 n.2, pg. 33-44, 2000.
RUNGTUSANATHAN, M.; Salvador F.; Forza C.; and Choi T.Y. Supply chain linkages and operational
performance. International Journal of Operations & Production Management; vol.23, n.9, pp.1084-1099,
2003.
SAHAY, B.S. Supply chain collaboration: The key to value creation. Work Study, Vol.52, n.1, pp.76-83, 2003.
SIMATUPANG, TOGAR M, & Sridharan, R. The Collaborative Supply Chain. International Journal of
Logistics Management, Vol. 13 , n. 1, pg. 15-30, 2002.
SIMATUPANG, TOGAR M; Wright, Alan C.; & Sridharan, R. The Knowledge of Coordination for Supply
Chain Integration. Business Process Management Journal Bradford, vol. 8, n. 3, pg. 289-309, 2002.
SIMATUPANG, TOGAR M; Wright, Alan C; & Sridharan, R. Applying the Theory of Constraints to Supply
Chain Collaboration. Supply Chain Management: An International Journal, Vol. 9 n.1, pg. 57-70, 2004.
TEIXEIRA, FRANCISCO; & Guerra, Oswaldo. Redes de Aprendizado em Sistemas Complexos de Produo.
Revista R.A.E., Vol. 42 n.4, Pg. 93-105, 2002.
ZHAO, MENG & Stank, Theodore P. Interactions between Operational and Relational Capabilities in Fast-food
Service Delivery. Transportation Research part E, vol.39, pg. 161-173, 2003.
12