As Zonas Econômicas Exclusivas

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ZONAS ECONMICAS EXCLUSIVAS ZEEs

Exclusive Economic Zones EEZs

Renata Mendes, Lucas Barra e Juliana Nunes

Resumo:
ZEE Zona Econmica Exclusiva, a faixa martima compreendida entre 188 milhas martimas
a iniciar do mar territorial de um pas, reconhecida na Conveno das Naes Unidas sobre o
Direito do Mar CNUDM, onde facultada a prioridade de usufruto daquele dos recursos
naturais renovveis ou no daquela regio, sem no entanto inibir o direito de sobrevoo e
navegao pacficos ou instalao de cabeamentos subaquticos por parte de outras naes.
Estados menos favorecidos em ZEEs ou mesmo os que no as possuam podem todavia,
mediante acordos bilaterais com Naes que tm ZEE, exercer a explorao destes referidos
territrios, de modo sustentvel que proporcione o desenvolvimento nutricional de sua populao.

Abstract:
EEZ - Exclusive Economic Zone is the maritime band ranging from 188 nautical miles starting
from the territorial sea of a country recognized in the United Nations Convention on the Law of
the Sea - UNCLOS , which is provided the enjoyment of priority from that of renewable natural
resources or not from that region , while not inhibit the right of peaceful navigation or overflight
and installation of underwater cabling from other nations. Disadvantaged states in EEZ or even
that may not have one yet , through bilateral agreements with nations that have EEZ exercises the
exploitation of these territories referred to in a sustainable manner that provides the nutritional
development of their populations .

Palavras chave: ZEE, CNUDM, explorao. Key words: EEZ, UNCLOS, exploration.

As Zonas Econmicas Exclusivas, doravante ZEEs, so territrios reconhecidos atravs


da Conveno das Naes Unidas sobre o Direito do Mar - CNUDM, tambm conhecida como
Conveno de Montenegro Bay, que permitem a um pas exercer a prioridade de usufruto dos
recursos vivos e no vivos ali encontrados, compreendida logo aps a faixa de mar territorial
daquele Estado, com extenso mxima de 188 milhas martimas a partir do limite exterior de
seu mar territorial ou 200 milhas martimas a contar da linha de base deste.
Todavia, o direito de navegao e sobrevoo nessas reas livre a qualquer nao, bem como a
passagem de cabeamentos submarinhos, desde que exercidos tais direitos de forma lcita.
Acerca da natureza jurdica destes territrios, assevera FIORATTI (1999, p.119) que este sui
generis, pois estabelece ao Estado costeiro e demais Estados adjacentes competncias especficas
determinadas na CNUDM sobre os direitos e deveres de cada um.
Para MAROTTA RANGEL (1995, p.485), durante a Conveno de Montenegro Bay formaramse dois polos de pases que defendiam: a) a corrente territorialista, que pretendiam ratificar a ZEE
como territrio de 12 milhas martimas alm do mar territorial e; b) os zonistas, que defendiam as
ZEEs ser compreendidas entre a 12 e 200 milha martima. Neste processo, o Brasil defendia a
primeira corrente, mas compunha a minoria dos Estados.
O direito de usufruto dos recursos naturais renovveis e no renovveis sobre uma ZEE apenas
prioritrio nao circunscrita quele territrio, ao passo que outros Estados podem gozar de
livre passagem, desde que pacfica, por mar ou pelo espao areo, ou ainda instalar cabeamentos
subaquticos neste dito espao, de forma contrria ao que ocorre no mar territorial. Todavia,
mesmo nas ZEEs, devem-se observar as legislaes do Estado ao qual aquela pertence, seus
acordos internacionais que se obrigam os Estados terceiros a observar. Observa-se no
ordenamento jurdico brasileiro, por exemplo, o disposto no artigo 9 da Lei 8.617/93, que
determina:
"a realizao por outros Estados, na zona econmica exclusiva, de exerccios ou manobras
militares, em particular as que impliquem o uso de armas ou explosivos, somente poder ocorrer
com o consentimento desse mesmo governo."

Tambm se percebe que a CNU, em seus artigos 79, 2 e 87, 1 - c, assevera acerca do traado
da linha para a colocao de cabos e dutos submarinos depende tambm do consentimento do
Estado costeiro que se reserva o "direito de tomar medidas razoveis para a explorao da
plataforma continental, o aproveitamento de seus recursos naturais e a preveno, reduo e
controle da poluio causada por cabos e duetos submarinos" .
Sobre os direitos do Estado Costeiro sobre a sua referida ZEE, temos determinado que o Estado
costeiro tem o direito exclusivo de construir e de autorizar e regulamentar a construo, operao
e utilizao de: a) ilhas artificiais; b) instalao de estruturas, bem como a jurisdio
exclusiva (CNUDM, art. 60 2o)
"sobre as ilhas artificiais, instalao e estruturas, incluindo jurisdio em matria de leis e
regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigrao, sanitrios e de segurana".

Outra vertente jurisdicional que possui o Estado costeiro a investigao cientfica marinha, que
deve ser realizada com seu consentimento tanto na rea do seu mar territorial e da sua plataforma
continental quanto na rea de sua zona econmica exclusiva (art. 246, 1). A CNUDM diz que o
Estado costeiro deve consentir que outros Estados ou organizaes internacionais competentes
executem projetos de investigao cientfica marinha na sua zona econmica exclusiva ou na sua
plataforma continental, exclusivamente com fins pacficos e com o propsito de aumentar o
conhecimento cientfico do meio marinho em benefcio de toda humanidade (art. 246, 2o).
Outro direito conferido ao Estado detentor de determinada ZEE, de forma soberana a
explorao de atividades "com vista explorao e aproveitamento da zona para fins
econmicos, como a produo de energia a partir da gua, das correntes e dos ventos".
Nas ZEEs, com relao a recursos naturais, vivos ou no vivos das guas sobrejacentes ao leito
do mar e de seu subsolo, o Estado costeiro possui direitos de soberania, para fins de explorao
e aproveitamento, conservao e gesto dos recursos (CNUDM, art. 56). Nenhum terceiro Estado
pode explorar recursos naturais da zona econmica exclusiva sem a anuncia do Estado
costeiro. Ao exercer esses direitos, o Estado costeiro est autorizado a tomar as medidas
necessrias, sendo que, "nos casos de apresamento ou reteno de embarcaes estrangeiras" ele
deve, pelos canais apropriados, "notificar sem demora o Estado de bandeira das medidas tomadas
e das sanes ulteriormente impostas" (CNUDM, art. 73, 4o).
Em seu mar territorial, o Estado exerce soberania, ou seja, um poder incontrastvel semelhante ao
exercido no territrio terrestre (respeitando o reconhecimento do direito de passagem inocente de

navios estrangeiros, onde estes navios tm o direito apenas de transitar, no podendo


estacionar, ancorar e sua passagem deve ser tambm inofensiva, no acarretando prejuzos
ao Estado costeiro). Esto as outras naes, portanto, impedidas de exercer a pesca.
A soberania exercida para todos os fins, nos termos do Direito Internacional. Em sua plataforma
continental e sua ZEE, o Estado exerce sua soberania de forma direcionada. No concernente aos
recursos naturais, o primeiro desses fins vem a ser o da explorao, do conhecimento, da
identificao, da classificao e da avaliao do potencial desses recursos. So direitos, pois, que
correspondem a deveres precisos. Como decorrncia dessa finalidade primeira, surgem os
demais. Os direitos soberanos so exercidos tambm para fins de conservao, de gesto
ainda, principalmente, para fins de utilizao (aproveitamento dos recursos naturais). A utilizao
desses recursos, diz a Conveno (art. 62), deve ser tima, ou seja a melhor possvel. Ora, no se
poderia alcan-la a no ser mediante o conhecimento desses recursos, a conservao desses
recursos, a gesto desses recursos.
Em sua zona econmica exclusiva, incumbe ao Estado costeiro fixar "as capturas permissveis",
"Tendo em conta os melhores dados cientficos de que disponha, assegurar, por meio de medidas
apropriadas de conservao e gesto, que a preservao dos recursos vivos de sua zona
econmica exclusiva no seja ameaada por um excesso de captura" (Conveno, art. 62 1, art.
61 1 e 2). "Tais medidas devem ter tambm a finalidade de preservar ou restabelecer
a populao das espcies capturadas a nveis que possam produzir o mximo rendimento
constante, determinado a partir de fatores ecolgicos e econmicos pertinentes, incluindo as
necessidades econmicas das comunidades costeiras que vivem da pesca e as necessidades
especiais dos Estados em desenvolvimento, e tendo em conta os mtodos de pesca, a
interdependncia das populaes e quaisquer outras normas mnimas internacionais geralmente
recomendadas" (Conveno, art. 61, 3o).
Os Estados geograficamente desfavorecidos so aqueles que, sendo costeiros, ribeirinhos ou no,
dependem dos recursos vivos de ZEEs de outros Estados de mesma regio, ou aqueles que no
possam reivindicar uma ZEE prpria. Desta forma, a CNUDM estabelece em seu artigo 70 que
estas referidas naes devem firmar acordos de forma que ambas possam satisfazer as
necessidades econmicas e subsistenciais de cada uma, sem deixar de considerar os efeitos
ambientais de suas prticas, excluindo-se o Estado cuja economia seja declaradamente
dependente da explorao da sua respectiva ZEE. De modo similar entende-se a situao dos
Estados que no possuam litoral. Podem estes firmar acordos bilaterais com naes que possuam

ZEE, desde que alcancem um equilbrio de explorao, nutrio da populao, desenvolvimento


econmico e manejo sustentvel das atividades no que tange proteo ambiental.

Bibliografia:
Martins, Eliane Maria Otaviano. Curso de Direito Martimo, volume I - 3ed. rev., ampl. e atual.
Barueri, SP: Manole, 2008. Pgs. 64-70.
RANGEL, Vicente Marotta. A problemtica da zona econmica exclusiva: vamos perder as 200
milhas?. Revista da Faculdade de Direito, Universidade de So Paulo, [S.l.], v. 90, p. 483-492,
jan. 1995. ISSN 2318-8235. Disponvel em:
<http://www.revistas.usp.br/rfdusp/article/view/67319>. Acesso em: 01 Set. 2015.

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