MapeamentoProducaoEmergente RumosItau2001-2003
MapeamentoProducaoEmergente RumosItau2001-2003
MapeamentoProducaoEmergente RumosItau2001-2003
DA PRODUO EMERGENTE
2001/2003
MAPEAMENTO NACIONAL
DA PRODUO EMERGENTE
2001/2003
MAPEAMENTO NACIONAL
DA PRODUO EMERGENTE
2001/2003
SUMRIO
9
10
16
21
24
Artistas
29
Curadores
100
Mostras
Rumos da Nova Arte Contempornea Brasileira
Entre o Mundo e o Sujeito
Poticas da Atitude: O Transitrio e o Precrio
Arte: Sistema e Redes
Sobre(A)ssaltos
Grafias do Lugar
Risveis Humores
Manifesto das Indiferenas
Pupilas Dilatadas
O Desconforto da Forma
O Discurso do Choque
Abertura e Ecos
Estranhamento
105
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122
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151
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Bibliografia
170
ndice Onomstico
174
MAPEAMENTO
NACIONAL
DA PRODUO
EMERGENTE
DIAGNSTICOS DAS
REGIES MAPEADAS
10
Nordeste
e Sudeste
Alagoas, Bahia e Sergipe
Curador adjunto Cleomar Rocha
No mapeamento regional decidiu-se pela visita s
capitais dos Estados de Alagoas, Bahia e Sergipe e a
algumas cidades do interior baiano, considerando-se as
atividades artsticas de produo e as exposies regulares nas localidades em questo. As visitas ocorreram ao
longo dos meses de maro a maio de 2001.
Alagoas/Macei
Em Alagoas, no h curso superior de artes plsticas, apenas alguns cursos bsicos na rea. A falta
de atividades de formao artstica dificulta o
surgimento de nomes na cidade, e a ausncia de
exposies significativas no contexto contemporneo torna nulo o envolvimento dos artistas com
temticas e questes relacionadas arte atual. Os
poucos artistas que despontam vm de formao
superior em reas afins, como arquitetura e comunicao, e normalmente sintonizam sua produo
a partir de viagens ao Recife, a Salvador, a So
Paulo e Europa.
Existem tambm espaos culturais como a Pinacoteca Universitria, ligada Universidade Federal
de Alagoas, Ufal, com trs salas para exposies.
A Ufal no mantm cursos de graduao em arte,
oferecendo, esporadicamente, alguns poucos cursos de extenso. A universidade no tem nenhum
projeto de desenvolvimento na rea.
O Servio Social do Comrcio, Sesc, tem um espao bem interessante, prximo ao centro da cidade,
com teatro, salas de treinamento e galeria de arte.
A galeria pequena, o que dificulta a montagem
de uma boa exposio.
Bahia/Salvador
A capital do Estado passa por um perodo de transio, bastante necessria, no mbito das artes
visuais. Um grupo de artistas dos anos 1960, apadrinhado pelo Estado, manteve a rea de artes
plsticas relegada a uma cultura visual desatualizada.
O grupo, hermtico para novos nomes, dominava
os setores educacionais - a Escola de Belas Artes
da Universidade Federal da Bahia, EBA/UFBA - e as
polticas pblicas dos governos estadual e municipal,
alm da rea comercial de arte. Sua influncia foi
determinante para que novos nomes no alcanassem espao ou projeo. Sob nova direo, a EBA foi
retomada como centro de formao na Bahia.
Entre as instituies de formao, apenas a EBA/
UFBA mantm um curso de graduao em artes
plsticas, contando com vrias oficinas. A escola passou por uma fase considerada negra. A
recuperao est sendo feita com o auxlio da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS,
que disponibiliza alguns de seus professores para
o curso de mestrado da escola baiana, reaberto
em 2000. Ademais, outras iniciativas, tomadas por
instituies privadas, no conseguiram manter-se.
Os artistas da nova gerao buscam espaos para
mostrar seu trabalho e encontram dificuldade em
seu prprio territrio e mais ainda nos principais
eixos do circuito nacional de arte. A alternativa para
muitos tem sido a participao nos sales regionais,
que efetivamente esto longe de ser um espao legtimo da arte. No h crticos em atividade na Bahia.
A grande contribuio do Museu de Arte Moderna
da Bahia, MAM, d-se pela manuteno de seus
espaos de exposio, que recebem boas mostras
e onde se realiza anualmente o Salo MAM-Bahia
de Artes Plsticas, um dos melhores do pas. Os
artistas vem com preocupao o espao do
Museu, que no tem uma poltica de valorizao
de artistas baianos e conseqentemente no afina
suas relaes com a classe como um todo.
Bahia/Vitria da Conquista
A cidade de Vitria da Conquista, interior baiano,
apresenta uma expressiva produo em relao
ao seu tamanho. A base da atividade o Museu
Regional de Artes, ligado Fundao Cultural do
Estado da Bahia e responsvel pela edio de um
Salo Regional de Artes Plsticas. Rene vrios artistas, acometidos do mesmo mal que assola Feira de
Santana: produes de qualidade duvidosa, mas que
colecionam prmios. Questes como inovao, diferente e choque ainda so tidas como parmetro para
a valorizao da arte. Em conseqncia, vrios trabalhos no passam de deprimentes estudos vazios.
Bahia/Feira de Santana
Feira de Santana, a principal cidade do interior baiano, conta com um grupo de artistas interessados
em atividades de formao em arte contempornea,
vistos na movimentao do Centro Universitrio de
Cultura e Arte, Cuca, ligado Universidade Estadual
de Feira de Santana, Uefs. Tendo a sua volta os mais
atuantes artistas locais, o Cuca exerce o papel de um
verdadeiro centro cultural.
De modo geral, os artistas no tm uma orientao de formao ou informao em Feira
de Santana. Os trabalhos so, em sua maioria,
formal, conceitual ou tecnicamente imaturos. A
produo na cidade est basicamente voltada
para os sales regionais, que possibilitam a
exposio de trabalhos e premiam alguns artistas.
A Uefs no tem nenhum curso na rea. Mantm
apenas um curso de extenso em desenho, que
beira o desenho tcnico e no consegue avanar
no campo artstico. Contguo ao Cuca est o
Museu Regional de Artes, que mantm um acervo
de artistas locais e uma bela coleo de desenhos
ingleses do sculo XIX.
Bahia/Ilhus
Em Ilhus, Bahia, a atividade cultural e artstica
baseada no turismo, sem outras preocupaes. Seus
espaos so quase inexistentes e a atividade em artes
visuais se restringe a uns poucos artistas de pouca
qualidade. Foi possvel conhecer alguns trabalhos expostos em uma livraria e na associao dos artistas.
Entre as instituies, a Casa dos Artistas concentra
alguns artistas e um nmero maior de artesos. A
instituio, que funciona em uma sala no quarteiro Jorge Amado, no tem espao para exposies
nem se dedica formao.
Sergipe/Aracaju
A cidade tem tambm um Museu de Arte Contempornea, com trs salas de exposio - uma
maior e duas menores. No h nenhuma orientao
seletiva para a ocupao das galerias do museu.
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Rio de Janeiro
Curadora adjunta Marisa Flrido Cesar
No Estado do Rio de Janeiro foram identificadas
trs regies, segundo caractersticas especficas
quanto formao, produo e ao circuito de
arte: (1) as cidades do Rio de Janeiro e de Niteri,
que, apesar de constiturem unidades polticas e
administrativas independentes, foram consideradas uma s rea, em razo do intercmbio entre
elas e de sua contigidade fsica e cultural; (2)
o sul fluminense, formado pelas cidades de
Barra Mansa, Resende, Volta Redonda, Itatiaia e
cercanias, por constiturem um ncleo regional
de formao e difuso de arte promovido especialmente pela Universidade de Barra Mansa e
pelo Museu de Arte Moderna de Resende; e (3)
a regio serrana, pela proximidade da cidade do
Rio de Janeiro.
Foram visitados 122 artistas, 99 dos quais no Rio de
Janeiro e em Niteri (20 inseridos no banco de dados
do programa Rumos Ita Cultural Artes Visuais
1999/2000); 12 do interior fluminense (um inserido
no referido banco de dados); e 11 da regio serrana
institucional de arte e os ncleos alternativos administrados por artistas. Esses grupos tm propostas,
tempos de atuao e consolidao um pouco
diferentes na cena carioca e mesmo brasileira.
Alm de estarem se tornando uma referncia s
artes, assim como um acontecimento nas cidades,
so iniciativas que, no decorrer de suas experincias, esto tomando a dimenso de uma poltica
cultural e social, graas a sua natureza relacional
e crtica.
Entre os grupos de artistas que agenciam espaos
e so por vezes tambm produtores de eventos
artsticos, identificamos quatro que tm proposta
de intercmbio com outros grupos similares. Esses
grupos so os mais atuantes no cenrio artstico
carioca e fluminense e aglutinam, em torno
deles, boa parte da produo artstica emergente.
So eles: Atelier DZ9, Portas Abertas e Prmio
Interferncias Urbanas (coordenado por Jlio
Castro), Espao Agora, Projeto Capacete, Galeria
do Poste (Niteri), Zona Franca e Projeto Dromo.
Fernando Cocchiarale
Duas escolas so as principais responsveis pela formao em artes visuais no Rio de Janeiro: a Escola de Artes
Visuais do Parque Lage, EAV/Parque Lage, e a Escola de
Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
EBA/UFRJ, com nfase em seu curso de ps-graduao
(mestrado e doutorado). Essa formao complementada pelos atelis informais de artistas.
A quantidade expressiva de cursos de ps-graduao criados nestes ltimos anos, em sua maior
parte tericos, explicita um interesse renovado
pelas artes visuais. Esses cursos, sete j funcionando e outros em fase de estruturao, formam
historiadores e crticos de arte, assim como artistas
que coadunam suas inquietaes experimentais
com as tericas. So os principais responsveis pela
publicao de revistas especializadas de qualidade.
O interessante a observar a forma como vem
ocorrendo certa permeabilidade entre o ensino
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Norte e
Sudeste
Oferecer um panorama da produo artstica emergente num pas de dimenses continentais e contrastes inauditos como o nosso requer de quem se
aventura na empreitada dois requisitos fundamentais: flexibilidade e trnsito. A flexibilidade sugere
um olhar que se abre ao novo. Isso porque cabe
aos curadores conhecer novos talentos mais do
que reconhecer trabalhos e artistas j consagrados.
Longe de um sistema que se desenha na rota dos
grandes centros hegemnicos, o trnsito sugere a
possibilidade de rever os caminhos j trilhados. A
pouca informao sobre o que se passa nas diversas
regies do pas tem como correlato mais desinformao. Essa desinformao multiplica-se quando
gerada e reproduzida por meio dos pr-conceitos.
No mapeamento proposto pelo programa Rumos
Ita Cultural Artes Visuais 2001/2003, o deslocamento dos curadores para diversas regies do
pas sugere a busca de proximidade, neste caso
entre os curadores e artistas, no contexto de cada
lugar visitado.
So Paulo (a capital e o interior) e Estados da
Regio Norte foram visitados, respectivamente,
pelos curadores adjuntos Juliana Monachesi e
Cristvo Coutinho. Se a formao de jovens
curadores um dos eixos desse programa, a participao de ambos foi exemplar. A avaliao do
mapeamento regional que se segue pauta-se nas
informaes colhidas por eles em suas viagens e
inmeras visitas a atelis de artistas. certo que o
trabalho de campo orienta qualquer investigao
que busque na iseno a excelncia de seus objetivos. Nesse caso, foi fundamental a visita a diferentes cidades, que se constituram, ao longo do
tempo, plos de formao ou difuso do ensino
ou apoio arte contempornea.
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Interior de So Paulo
No interior de So Paulo, com exceo das
cidades-satlites da capital (Campinas e os
municpios do ABC paulista) e de Ribeiro Preto,
a produo artstica predominantemente
acadmica ou uma academia da arte moderna.
Em geral, as tentativas de fazer arte contempornea resvalam em prefiguraes de efeito. O
nico movimento que se ope a isso no interior
o respeitvel circuito de sales de arte antenados com a produo de fato contempornea. o
caso dos sales de Santo Andr, So Bernardo do
Campo, Santos, Jacare, Americana, Piracicaba e
Ribeiro Preto.
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Cristina Freire
Dois outros eventos semelhantes no interior paulista integram o circuito de lanamento dos novos
nomes da arte brasileira: a Bienal de Santos e o
Salo de Arte de Ribeiro Preto, Sarp, que em
2000 completou 25 anos de existncia e conhecido por ter exibido e premiado em incio de carreira artistas como Ana Maria Tavares, Rosngela
Renn e Jos Damasceno. Tanto o Centro de
Cultura Patrcia Galvo, onde se realiza a Bienal de
Santos, quanto o Museu de Arte de Ribeiro Preto,
Marp, onde tradicionalmente acontece o Sarp, so
espaos privilegiados.
Recentemente, o Salo de Ribeiro Preto precisou
ser deslocado para a Casa de Cultura da cidade
em razo de desavenas com os artistas locais,
que reclamavam o direito de realizar, tambm no
museu, a exposio de um evento similar de arte
acadmica do qual participam. Esse um obstculo enfrentado na maioria das cidades, cujos
equipamentos culturais precisam contemplar
todas as vertentes artsticas. Em cidades como
Piracicaba, a contenda foi mais bem resolvida,
com a realizao de uma Bienal de Arte Naf; e
em So Jos do Rio Preto, com a criao de um
Museu de Arte Primitivista, tambm para abrigar
o legado do artista mais ilustre da cidade, Jos
Antnio da Silva.
Curadora-coordenadora
Sul, Nordeste
e Norte
Quando partimos para a realizao do Rumos
Ita Cultural Artes Visuais 2001/2003, a situao era muito distinta de quando nos reunimos
pela primeira vez, no incio de 1999, na organizao da primeira edio do programa. Se desta vez
no necessitvamos tanto do esprito desbravador,
certamente precisaramos de um segundo olhar
que viesse confirmar ou relativizar as primeiras
impresses, que fosse ao mesmo tempo autocrtico com as limitaes do programa e ajudasse a
reafirmar sua identidade buscando as novidades
ocorridas neste perodo. Precisvamos dar continuidade, estabelecendo relaes e ao mesmo
tempo constatando as diferenas.
O Rumos Ita Cultural Artes Visuais 2001/2003
reconfigura, em relao edio anterior do programa, a distribuio dos Estados em novas regies
ligeiramente distintas. A regio que compreendia
apenas Rio Grande do Sul e Santa Catarina foi
acrescida do Paran, que na edio anterior compunha com Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Na edio de 1999/2000 os Estados do Cear,
Maranho e Piau foram agrupados com o Rio
Grande do Norte, que nesta edio foi substitudo
por Tocantins. Essas mudanas foram adequaes
com o objetivo de aproximar as afinidades dos
contextos culturais e obter melhor operacionalizao do projeto.
O primeiro mapeamento diagnosticou que as
aptides e os problemas de cada regio esto ligados a situaes culturais complexas e, portanto,
difceis de demonstrar mudanas substanciais num
curto perodo. So processos muitas vezes submetidos s oscilaes de polticas culturais omissas
ou praticamente inexistentes e que mantm o
movimento e os avanos graas persistncia e
tenacidade dos seus produtores.
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Concluso
O relgio que conta o tempo na evoluo dos
processos culturais no anda na mesma velocidade
em todo o pas. Se a periodicidade do Rumos Ita
Cultural Artes Visuais ser de dois ou trs anos,
devemos ser pacientes, mas atentos s pequenas
oscilaes. Pacincia no deve significar resignao
e inrcia. Somente o trabalho lento e contnuo na
formao que poder alterar substantivamente
esse quadro. Se por vezes notamos inverses nesses processos, comeando do fim para o princpio,
Jailton Moreira
Curador-coordenador
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24
Centro-Oeste
e Nordeste
Distrito Federal, Gois, Mato Grosso
e Mato Grosso do Sul
Curadora adjunta Marlia Panitz
Gois
Distrito Federal
Mato Grosso
As cidades plos de produo artstica no Estado,
alm da capital, Cuiab, e da vizinha Vrzea Grande,
so Rondonpolis e Barra do Garas, onde o
trabalho pouco se diferencia do perfil cuiabano.
recorrente a avaliao da necessidade de incluir
essa produo no circuito nacional, pela recepo
de exposies de artistas de fora ou pela circulao
da produo local por outras cidades.
Nos discursos dos tericos e dos produtores culturais
quase todos com formao em outros Estados ,
h o reconhecimento da falta de um curso superior
na rea, para uma maior circulao de idias, embora no se perceba tal queixa quando so os artistas
que falam. Esses demandam, principalmente, workshops sobre novas mdias e de cunho terico.
Os espaos para formao e veiculao da produo
artstica so escassos e sem um perfil definido. O
mais importante permanece sendo o Museu de Arte
e de Cultura Popular, criado dentro da Universidade
Federal de Mato Grosso, que guarda um acervo de
artistas do Estado. Embora bastante deteriorado,
sem equipamentos e espaos adequados, ainda
referncia para os artistas. A abertura do Sesc Arsenal
oferece a Cuiab um prdio multiuso (galeria, teatro,
estdio etc.), que pode provocar alguma mudana
na produo cultural da cidade. Mas a iniciativa que
parece ser mais promissora a criao de A Clula,
formada por um grupo de artistas e produtores da
cidade, sem nenhum vnculo institucional, interessados em trabalhar com novas mdias.
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Mesmo nas capitais, contudo, sentem-se isolados num contexto cultural que ainda trata suas
atividades como exceo no meio das artes
visuais. Nesse ambiente de relativo isolamento, o
prprio contato com o curador deste programa
freqentemente avaliado de forma positiva pelos
artistas, pois constitui uma oportunidade de discutir as questes que envolvem seus trabalhos.
Isso um ndice da relativa carncia de atividades
de reflexo e discusso sobre arte contempornea
na regio. So poucas as oportunidades de obter
informaes tericas ou histricas sobre critrios
e conceitos de contemporaneidade e de participar de workshops prticos voltados a expresses
artsticas atuais.
Existe, porm, no sentido oposto do que foi
apontado e mesmo entre artistas mais jovens, um
certo desencanto causado pela pouca representatividade da pintura em sales de arte. Para esses
artistas, a prtica da pintura ou de outros meios
mais tradicionais, como a gravura, sempre foi a
principal via pela qual a grande maioria se inicia
em atividades artsticas, alm de ser um elo forte
de contato com um pblico mais abrangente,
com a possibilidade de aceitao no mercado.
Nesse contexto, os artistas muitas vezes sentemse impelidos a alterar, s vezes abruptamente, a
direo de sua produo, passando a trabalhar
com formas expressivas no tradicionais (instalao, performance, novas tecnologias), suposto
condicionante de sua insero no meio de artes
na contemporaneidade.
A necessidade de possuir uma formao profissional institucional outro fator que exerce
atrao e assume importncia crescente para a
gerao mais jovem. Alm de promover a absoro de conhecimentos que podem transbordar
para a sua rea de criao, a educao formal
vista tambm como uma maneira de abrir portas
a outras possibilidades de atuao no mercado e,
potencialmente, liberar o artista para desenvolver
uma produo experimental.
As instituies
Paraba
So quatro as instituies em Joo Pessoa que se
destacam na difuso e promoo das artes visuais
contemporneas. Na Fundao Espao Cultural
da Paraba funciona a Galeria Archidy Picado, a
qual possui instalaes em condies para abrigar
exposies de mdio e grande portes.
Ligado Universidade Federal da Paraba e com
longa histria de engajamento com a produo contempornea, est o Ncleo de Arte Contempornea.
Esse Ncleo sedia cursos tericos, workshops de
artistas e cumpre pauta regular com artistas da
regio, por meio de propostas selecionadas por
curadores convidados.
Destaca-se ainda o Centro Cultural So Francisco,
no Convento So Francisco, um dos prdios
histricos mais visitados da cidade, cujo espao de
exposies , atualmente, o que mais aposta na
experimentao de jovens artistas.
Por fim, h o Centro de Artes Visuais Tambi.
Embora suas atividades estejam temporariamente
suspensas, esse espao de exposies e cursos tem
promovido e abrigado uma srie de convnios de
cooperao artstica com outros pases, notadamente com a Alemanha e a Frana.
Em Campina Grande, por sua vez, a instituio que
se destaca o Museu de Arte Assis Chateaubriand,
Maac, onde mantido um acervo permanente. No
entanto, pequena a interface com a produo
dos artistas locais.
Pernambuco
A Fundao de Cultura e Turismo de Caruaru mantm um amplo espao, em condies regulares,
que pode abrigar obras de grande porte e onde se
realiza a maior parte dos eventos culturais e tursticos da regio. Em Petrolina, a Fundao Cultural
oferece um museu com boa rea de exposies e
em condies satisfatrias de funcionamento.
O Museu de Arte Contempornea de Pernambuco, situado em Olinda, conserva rico acervo
de arte moderna. Tem galerias para exposies,
mas suas condies fsicas ressentem-se da falta
de conservao. Foi a sede do Salo dos Novos,
realizado em 2000, evento que se mostrou
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ARTISTAS
29
30
Adriana Boff
Janaina Barros
Alexandre Vogler
Jred Domcio
Amilcar Packer
Jeanine Toledo
Ana Laet
Jeims Duarte
Andr Santangelo
Joo Loureiro
Arthur Leandro
Jorge Fonseca
Beatriz Pimenta
Bruno de Carvalho
Caetano Dias
Caio Machado
Carla Linhares
Carla Zaccagnini
Carlos Mlo
Cinthia Marcelle
Clarissa Campello
Cludia Leo
Daniella Penna
Divino Sobral
Domitlia Coelho
Ducha
Elisa Queiroz
Enrico Rocha
Fabiana Wielewicki
Fabiano Gonper
Fabiano Marques
Fabio Faria
Felipe Barbosa
Juliana Stein
Larcio Redondo
Letcia Cardoso
Leya Mira Brander
Lucas Levitan
Luciano Mariussi
Luiz Carlos Brugnera
Marcelo Cidade
Marcelo Feij
Maril Dardot
Mrio Simes
Adriana Boff
Adriana Boff (Caxias do Sul RS 1976) formou-se em pintura pela UFRGS, Porto Alegre, em 1999. Seu trabalho em
fotografia traz experimentaes nascidas no Clube da Lata,
coletivo de artistas gachos que emprega a tcnica do
pinhole. Pesquisa a relao entre espaos pblicos e privados
e lana um olhar intimista sobre vivncias e experimentaes
na cidade. Participou, entre outras exposies, de Clube da
Lata 1 Ano (Casa de Cultura Mario Quintana, Porto Alegre,
1999), Faces da Nova Gerao dos Artistas do IA (Pinacoteca
Baro de Santo ngelo, Porto Alegre, 2000), Divergncias
(Centro Cultural Usina do Gasmetro,
Porto Alegre, 2001), 27 Panorama de
Arte Brasileira (MAM Ibirapuera, So
Paulo, 2001, MAM, Rio de Janeiro, e
MAM, Salvador, 2002) e Ven a Casa
(Madri, 2001). Integrou a interveno urbana O Lado de Dentro de um
Outdoor (Centro Municipal de Cultura, Porto Alegre, 2001). Vive e trabalha
em Porto Alegre.
Marta Neves
Marta Penner
Martinho Patrcio
Maxim Malhado
Odires Mlszho
Paula Krause
Raquel Garbelotti
Rodrigo Borges
Frederico Cmara
Rodrigo God
Gabriela Ficher
Rosana Ricalde
Gabriela Machado
Roosivelt Pinheiro
Gabriele Gomes
Silvia Feliciano
Genesco Alves
Tti Waldraff
Glaucis de Morais
Thiago Bortolozzo
Graziela Kunsch
Gustavo Magalhes
Wagner Morales
31
32
Alexandre Vogler
Amilcar Packer
33
34
Ana Laet
Andr Santangelo
Andr Luiz Santangelo Vianna (Rio de Janeiro
RJ 1977) licenciou-se em artes plsticas pela
Faculdade Dulcina de Moraes, em Braslia,
em 1999. Freqentou a EAV/Parque Lage,
Rio de Janeiro, entre 1996 e 1997. professor de arte na rede pblica de ensino.
Seu trabalho joga com oposies, com as
tenses entre iguais. Os espaos que cria
necessitam de manuteno diria, produzindo situaes que colocam o trabalho no
limiar da performance. Vidros, peixes, gua
corrente, mercrio so elementos que usa
com freqncia. Realizou a mostra individual Doces Instantes (Projeto Prima Obra,
Funarte, Braslia, 2000). Em parceria com
Antnio Elias, exps In Extremis e In Vivo... In
Vitro (Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional de
Braslia, Braslia, 1999/2000). Participou, entre
outras exposies, de Box Project e Leveza
(Museum of Installation, Londres, 2000).
Faz interferncias no cotidiano das cidades.
Montou DeLeite (Base da Transio Listrada,
Fortaleza, 2002). Vive e trabalha em Braslia.
Reiniciar, 2001/2002
instalao aqurios, peixes-beta, TVs e cmeras
220 x 150 cm [rea aprox.]
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Arquivo do artista
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Arthur Leandro
Beatriz Pimenta
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Bruno de Carvalho
Bruno Pacheco de Carvalho (Rio de Janeiro RJ 1978) formou-se
em comunicao social pela PUC/Rio, Rio de Janeiro. Fez, entre
1995 e 2000, cursos de pintura, videoarte e videoinstalao na
EAV/Parque Lage, Rio de Janeiro, com os professores Adriana
Varella, Suzi Coralli, Anna Bella Geiger e Fernando Cocchiarale.
Realiza vdeos e videoinstalaes em que o espectador se percebe em um espao em que disputa ou se confronta com a
imagem copiada. Apresentou a videoinstalao e o texto 2HS,
em parceria com Jlio Rodrigues (14th International Congress
of Aesthetics Aesthetics as Philosophy, Eslovnia, 1998). Participou, entre outras exposies, da 4 Mostra MIS de Vdeos
(MIS, So Paulo, 2000), Uma Gerao em Trnsito (Centro
Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2001), 1 Mostra Rio
Arte Contempornea (MAM, Rio de Janeiro, 2002), 8th Los
Angeles Free Waves Festival (MOCA California Plaza e Iturralde
Gallery, 2002) e Artefoto (Centro Cultural Banco do Brasil, Rio
de Janeiro, 2002). Vive e trabalha no Rio de Janeiro.
V.E.S.A., 2001/2002
instalao videocassete, fita magntica, colches, monitor de TV, amplificador, CD-player, sensor eletrnico e caixas de som 260 x 300 cm
Coleo do artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural
Caetano Dias
Alberto Caetano Dias Rodrigues (Feira de Santana BA
1959) cursou letras vernculas na UCSAL, Salvador, entre
1985 e 1987. Seus trabalhos mais recentes so fotografias
tratadas digitalmente e impressas em plotter. A potica do
artista est entre o pessoal e o social, o sagrado e o profano, o ntimo e o pblico, em um jogo de significaes
que gera a ambigidade de uma obra complexa, simples
e contempornea. O resultado o vigor de um trabalho
que anseia por respostas, e as indica sistematicamente em
vrios planos. Realizou mostra individual na Temporada
de Projetos (Pao das Artes, So Paulo, 2002). Participou,
entre outras exposies, da 3 Bienal de Artes Visuais do
Mercosul (Santander Cultural, Porto Alegre, 2001), 14
Fragmentos Contemporneos Artistas Portugueses e
Brasileiros (MAM, Salvador, e Galeria 57, Leiria, Portugal,
2001) e 10 Anos Marlia Razuk (Marlia Razuk Galeria de
Arte, So Paulo, 2002). Vive e trabalha em Salvador.
Convivas, 2001
fotografia digital
125 x 175 cm
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Arquivo do artista
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Caio Machado
Caio Cesar Machado (So Paulo SP 1977) formou-se em artes plsticas pela Faap, So Paulo,
em 2000. Em seus trabalhos escultricos, constri
mveis rudimentares de madeira cujas prateleiras irregulares e portas entortadas evidenciam
sua inutilidade. O acabamento tosco das peas
remete ao vocabulrio da arte povera, e a instabilidade dos mveis ironiza sua caracterstica de
mobilidade. No processo de trabalho do artista,
esculpir esses mveis equivale a desenhar com
madeira no espao, assim como ele constri objetos semelhantes na superfcie de um papel, sempre partindo da observao de paisagens urbanas
de lugares abandonados. Participou de exposio
coletiva de aquarelas (mezanino da Faap,
So Paulo, 1999) e da Mostra da
Graduao (Salo Cultural da Faap,
So Paulo, 2000). Vive e
trabalha em
Osasco,
So Paulo.
Carla Linhares
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Carla Zaccagnini
Carlos Mlo
Algo, 2001/2002
instalao slides e plotter s/parede
220 x 300 x 300 cm
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Edson Lucena
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Cinthia Marcelle
Maril Dardot
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Me Liga, 2000/2002
instalao telefone pblico, cartes telefnicos e impresso em catlogos telefnicos
Apoio: Brasil Telecom
Coleo das artistas
Fotos: Divulgao/Arquivo das artistas
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Clarissa Campello
Cludia Leo
47
48
Daniella Penna
Divino Sobral
49
50
Domitlia Coelho
Ducha
Ducha (Rio de Janeiro RJ 1977) formou-se em pintura
pela EBA/UFRJ, Rio de Janeiro, em 2000. Freqentou
cursos da EAV/Parque Lage, Rio de Janeiro, entre 1994 e
1995. Produziu aes em espaos expositivos ou urbanos,
como a interferncia nos refletores do Cristo Redentor,
Rio de Janeiro, sem a autorizao das instituies responsveis pelo monumento. Realizou mostra individual no
Agora/Capacete (Rio de Janeiro, 2001). Participou, entre
outras exposies, do Prmio Interferncias Urbanas
(primeiro prmio, com a interveno no Cristo Redentor,
Rio de Janeiro, 2000), Orlndia (ocupao coletiva de
uma casa no bairro de Botafogo, Rio de Janeiro, 2001),
27 Panorama de Arte Brasileira (MAM Ibirapuera, So
Paulo, 2001, MAM, Rio de Janeiro, e MAM, Salvador,
2002), 1 Mostra Rio Arte Contempornea (MAM, Rio
de Janeiro, 2002) e Obras do Faxinal das Artes (MAC,
Curitiba, 2002).
Vive e trabalha no
Rio de Janeiro.
Laranja, 2000/2002
instalao
50 x 50 cm
Coleo do artista
Fotos: Divulgao/Arquivo do artista
51
52
Elisa Queiroz
Enrico Rocha
Maria Elisa Moreira Queiroz (Maca RJ 1970) formou-se em artes plsticas pela Ufes, Vitria. Suas
obras so registros do prprio corpo, em que
expe afetos e denota sexualidade. Por utilizar
vrios recursos, como a fotografia, a apropriao
de objetos ou mesmo o design na confeco de
mveis ergonmicos, o trabalho remonta alegoricamente a seus dados biogrficos e referenciais.
Realizou mostras individuais no Espao de Arte
da Codesa (Vitria, 1996) e na Galeria de Arte
Espao Universitrio (Ufes, Vitria, 1998). Participou,
entre outras exposies, de Releitura de Matisse
(Biblioteca Central, Ufes, Vitria, 1993), Instalao
(Capela Santa Luzia, Vitria, 1995, e Palcio do
Caf, Vitria, 1998), Confortvel (Ufes/Defa, Vitria,
1999), Projeto Balaio Brasil (Sesc Belenzinho, So
Paulo, 2000) e 2 e 3 Salo Capixaba do Mar (Casa
Porto das Artes, Vitria, 2000 e 2001 - prmio).
Vive e trabalha em Vitria.
Insnia, 2001
fotografia
120 x 80 cm
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Arquivo do artista
53
54
Fabiana Wielewicki
Fabiano Gonper
Fabiano Gonalves Pereira (Joo Pessoa PB 1970) cursou oficinas de escultura, na Fundao Espao Cultural
Jos Lins do Rego, Joo Pessoa, em 1989. Partindo
do cotidiano e de experincias de ordem pessoal, seu
trabalho oscila entre o imaginrio de cunho surrealizante e o real, introduzindo o mistrio, sem excluir,
porm, a possibilidade da comunicao com o receptor. Realizou, em 1996, Universo em Queda Livre, uma
retroperspectiva, no Centro Cultural So Francisco,
Joo Pessoa, onde mostrou duas sries de esculturas,
resultado de um processo de anulao de valores/vises
estticas e incio de sua nova figurao e novos processos. Apresentou a mostra individual Dimensionveis
(Galeria Sesc Paulista, So Paulo, 2001). Participou,
entre outras exposies, do 26 Panorama de Arte
Brasileira (MAM Ibirapuera, So Paulo, 1999, Centro
Drago do Mar de Arte e Cultura, Fortaleza, e MAC,
Niteri, 2000). Vive e trabalha em
Joo
55
56
Fabiano Marques
Fabiano Neves Marques Pereira (Santos SP 1970) formou-se em comunicao social pela Faap, So Paulo,
em 1992. Fez cursos livres com os artistas Waldo
Bravo, Regina Carmona, Dudi Maia Rosa, Albano
Afonso e Sandra Cinto, em So Paulo, entre 1999 e
2001. Suas instalaes e esculturas tm como base
a histria da arte e elementos simblicos referentes
formao do povo brasileiro ou a tradies nacionais. Apresentou, entre outras, as mostras individuais
Escultura de Garagem (Plano Anual de Exposies,
Fundao Pinacoteca Benedito Calixto, Santos, 2002)
e Cascata - III Mostra do Programa de Exposio do
CCSP (So Paulo, 2002). Participou, entre outras
exposies, do 29 Salo de Arte Contempornea
de Santo Andr (Santo Andr, 2001), Edital 2001
(MAC, Campinas, 2001) e Programa Anual de Exposies de Artes Plsticas (CCSP, So Paulo, 2002).
Vive e trabalha em So Paulo.
Fabio Faria
Fabio Thadeu de Faria (So Paulo SP 1974) formouse em educao artstica pela Faap, So Paulo, em
1997. Realiza pinturas quase realistas, que retratam
interiores de locais sempre vazios, para evidenciar
o desolamento da vida contempornea. O vazio
existencial est tambm presente na produo do
artista, seja em fotografia, seja em vdeo. Em todos
os trabalhos, a imagem sempre criada de modo a
enfraquecer ou perder o referencial, com influncia
do olhar cinematogrfico sobre as coisas. Realizou
mostra individual na Galeria Thomas Cohn (So
Paulo, 2000). Participou, entre outras exposies,
do 6 e 8 Salo MAM-Bahia de Artes Plsticas
(MAM, Salvador, 1999 e 2001), Portas Abertas
(Galeria Thomas Cohn, So Paulo, 1999), Prmio
Estmulo 2000 (primeiro prmio, Fundacin ArteBA,
Buenos Aires, Argentina, 2000) e 3 Bienal de Artes
Visuais do Mercosul (Santander Cultural, Porto
Alegre, 2001). Vive e trabalha em So Paulo.
The Siestawatch, 2001/2002
instalao madeira, espuma, tecido e vdeo
120 x 120 cm [rea aprox.]
Coleo do artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural
57
58
Felipe Barbosa
Felipe do Nascimento Barbosa (Niteri RJ 1978) formou-se em pintura pela EBA/UFRJ, Rio de Janeiro, em
2001. Freqentou cursos na EAV/Parque Lage, Rio de
Janeiro, e no Ateli de Gravura do Ing, no Museu
do Ing, Niteri, entre 1996 e 1998. Participou do
Programa Taller Exposicin de Pintura Iberoamericana,
Madri, em 2001. Apropria-se de objetos e elementos
encontrados no cotidiano urbano, como palitos de
fsforo e tampas de garrafas de refrigerante, para
extrair de sua materialidade e do processo de realizao da obra possibilidades artsticas. Em parceria
com a artista Rosana Ricalde, participou do Prmio
Interferncias Urbanas, Rio de Janeiro, em 2000 e
2001. Participou, entre outras exposies, do 27
Panorama de Arte Brasileira (MAM Ibirapuera, So
Paulo, 2001, MAM, Rio de Janeiro, e MAM, Salvador,
2002). 1 Mostra Rio Arte Contempornea (MAM,
Rio de Janeiro, 2002) e 1 Bienal Cear Amrica
- De ponta-cabea (Fortaleza,
2002). Vive
e trabalha
no Rio de
Janeiro.
Frederico Cmara
Fear No Art [No Tenha Medo da Arte] Sangatuck, Michigan, Estados Unidos, 1999
mini-DV, cor, som, 7min
Agradecimento: Geraldo Valrio
Coleo do artista
Foto [still video]: Divulgao/Arquivo do artista
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60
Gabriela Ficher
Gabriela Machado
Gabriela Ficher (So Paulo SP 1973) formou-se em
educao artstica pela Faap, So Paulo, em 1997.
Realizou cursos de arte contempornea com Felipe
Chaimovich e Agnaldo Farias, em So Paulo. Constri
esculturas em forma de cubos, que sintetizam os
cmodos de uma casa. Em cada face dos cubos figura
um recorte da casa, a face superior correspondendo
ao teto, a inferior ao cho. A srie de trabalhos vai
da Cozinha e Sala de Jantar ao Banheiro e Quarto da
Paula, ora revelando uma padronizao dos ambientes
familiares, ora evidenciando particularidades de seus
habitantes. Participou, entre outras exposies, da
26 e 27 Anual de Artes Plsticas da Faap (Faap, So
Paulo, 1994/1995), Projeto OO (MAB/Faap,
So Paulo, 1995) e Coletiva de
Alunos (Escola 3 Andar,
So Paulo, 1998).
Vive e trabalha em
So Paulo.
61
62
Gabriele Gomes
Genesco Alves
Genesco Alves de Sousa (Jordnia
MG 1972) formou-se em artes
plsticas pela Escola Guignard/
UEMG, Belo Horizonte, em 2000.
Atualmente, faz mestrado em
filosofia pela Fafich/UFMG, Belo
Horizonte. Utiliza blocos de gelo
e pigmento para desenvolver trabalhos hbridos da escultura e da
pintura, que aludem noo de
permanncia das coisas. O incio da
obra determina o princpio do fim
de sua existncia. Restam vestgios,
a memria e a incontestvel idia
de transitoriedade. Participou, entre
outras exposies, de Daqui a Um
Sculo (Centro Cultural UFMG, Belo
Horizonte, 1997), Nove Segundos
da Eternidade 300 Anos de Ouro
Preto (Museu Casa Guignard, Ouro
Preto, 1998), Processos Tridimensionais (Escola Guignard/UEMG, Belo
Horizonte, 1998), O Peso da Luz
(Centro de Cultura de Belo Horizonte, 1999) e A Casa dos Loucos
(Galeria de Arte Minas Tnis Clube,
Belo Horizonte, 2001). Vive e trabalha em Belo Horizonte.
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Glaucis de Morais
Graziela Kunsch
Concreto, 2000/2002
instalao 6.000 cartas de baralho e 70 fotografias
160 x 100 x 100 cm [cartas] 220 x 200 cm [fotos]
Coleo da artista
Foto: Divulgao/Miguel Aun
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Gustavo Magalhes
Janaina Barros
Gustavo de Oliveira Magalhes
(Braslia DF 1977) concluiu
curso de artes plsticas pela
Universidade de Braslia e de
economia no Ceub, Braslia,
em 2001. Interessa-se pela
abordagem psicanaltica da
perda, da morte e da repetio
como condio do humano.
Seus mais recentes trabalhos
abordam a idia de portais,
que toma de textos bblicos,
reproduzidos como almofadas
moles. Realizou as mostras
individuais Desejo de Morte (Galeria de Bolso da CAL,
Braslia, 2000), Portais (Projeto
Prima Obra, Funarte, Braslia,
2001) e Jovem Arte Contempornea de Braslia (Galeria
Arte Futura, Braslia, 2001).
Vive e trabalha em Braslia.
Janaina Barros de Albuquerque (Recife
PE 1976) licenciou-se em educao
artstica pela UFPE, Recife. Segundo a
artista, sua audioinstalao Conversa
entre Galinhas a lembrana e a
reafirmao de que o homem tenta
comunicar-se com outro animal, utilizando-se de sua fala e de gestos,
com a inteno de ser compreendido.
Participou, entre outras exposies, de
Abril pro Rock (Centro de Convenes,
Recife, 1997), Novos Talentos da Philips
(Recife, 1999) e Formas (Centro de
Artes e Comunicao da UFPE, Recife,
2000). Vive e trabalha no Recife.
Portal 2, 2000/2002
instalao acrilon, plstico, pluma sinttica e fcula
dimenses variveis
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Marcelo Feij
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Jred Domcio
Jeanine Toledo
69
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Jeims Duarte
Joo Loureiro
Joo Eduardo Loureiro (So Paulo SP 1972) formou-se em educao artstica pela Faap, So Paulo, em 1995. Realizou cursos
de histria da arte com Rodrigo Naves e Felipe Chaimovich
e workshop com Tony Cragg, em Santiago de Compostela,
Espanha, em 1998. Constri objetos escultricos como mobilirio e mesas de jogos, de modo a inutilizar sua funo,
gerando desconforto no espectador. Essa subverso pode ser
vista na obra Porta com Respiros, cuja inteno simular o
comportamento parasitrio, que levaria a porta a mofar, ou
em Sinuca, cuja superfcie polida impossibilita o jogo. Realizou
mostra individual no Centro Cultural UFMG (Belo Horizonte,
2002). Participou, entre outras exposies, da mostra Heranas
Contemporneas (MAC/USP, So Paulo, 1997), 8 Salo MAMBahia de Artes Plsticas (MAM, Salvador, 2001), 20
Artistas/20 Anos (Centro Cultural So Paulo, So
Paulo, 2002) e Quase Desenho (Adriana Penteado
Arte Contempornea, So Paulo, 2002). Vive e
trabalha em So Paulo.
Jeims Duarte dos Santos (Joo Pessoa PB 1975) formou-se em
educao artstica com habilitao em artes plsticas pela UFPE,
Recife, em 2000. Parte do desenho de tradio expressionista
prximo ao universo inquietante de Egon Schiele, pintor e
desenhista austraco e se serve desse e de outros meios para
abordar questes ligadas ao tempo, s runas, ao coletivo e ao
individual. Sua proposta se integra a uma tradio presente
na Documenta, Kassel, 1972, em que os artistas que haviam
desintegrado a obra de arte sentiram a necessidade de juntar os
pedaos em todos os tipos de museu mental, com o intuito de
conservar ou apresentar os vestgios. Realizou mostra individual
na Galeria Vicente do Rego Monteiro (Recife, 2000). Participou,
entre outras exposies, do Prmio Pernambuco de Artes
Plsticas Novos Talentos 1999 (MAC, Olinda, 1999). Vive e
trabalha em Macei.
Galleria, 2002
instalao
220 x 200 x 280 cm
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Tadeu Giuliani
Sinuca, 2000
frmica e feltro
70 x 200 x 120 cm [aberta]
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Romulo Fialdini
71
72
Jorge Fonseca
Massa, 2000/2002
instalao/performance
220 x 200 x 200 cm
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Arquivo do artista
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74
Juliana Stein
Larcio Redondo
75
76
Letcia Cardoso
77
78
Lucas Levitan
Luciano Mariussi
79
80
Marcelo Cidade
Eu Sou Ele Assim como Voc Ele Assim como Voc Sou Eu e Ns Somos Todos Juntos, 2002
fotografia
60 x 350 cm
Coleo do artista
Foto de pr-projeto: Divulgao/Arquivo do artista
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Marcelo Feij
Mrio Lus Simes Filho (Promisso SP 1964) cursou teologia crist no Instituto Bblico Betel Brasileiro, em Joo
Pessoa, entre 1983 e 1985, e ordenou-se pastor evanglico.
Especializou-se em lingstica e missiologia, na Alem-Sil,
Braslia, em 1990. Em 1994, renunciou vida eclesistica
e ministerial. Participou de workshops ministrados por Davi
Wirz, Krassimira Drenska e Erica Sturner-Alex, em Joo
Pessoa, entre 1996 e 1998. Estuda letras na UFPB. Sua
produo, de forte impacto visual e conceitual, situa-se
entre a arte aplicada e as artes plsticas. Aborda questes
da sexualidade e do corpo que levam a refletir sobre a nossa
condio de seres individuais e simultaneamente partes de
uma coletividade. Lugar de mentiras e de verdades, produto
de nossos fantasmas ou de pensamentos ntimos, apto a
se metamorfosear, o corpo visto como dcor e mscara.
Participou, entre outras exposies, do 7 Salo MAM-Bahia
de Artes Plsticas (MAM, Salvador, 2000). Vive e trabalha
em Cabedelo, Paraba.
Mrio Simes
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Marta Neves
Marta Cristina Pereira Neves (Belo Horizonte
MG 1964) formou-se em cinema de animao, em 1992, e tornou-se mestre em
artes plsticas, em 1999, pela EBA/UFMG,
Belo Horizonte. Seu trabalho um exerccio
de sarcasmo sobre a arte e o sistema que
a envolve. A crtica, o mercado, a mdia
especializada e o prprio artista so afrontados por suas obras com humor corrosivo.
Realizou mostra individual na Galeria Circo
Bonfim (Belo Horizonte, 2001). Participou,
entre outras exposies, do 56 Salo
Paranaense (MAC, Curitiba, 1999), 26
Salo Nacional de Arte de Belo Horizonte
(MAP, Belo Horizonte, 2001), 3 Bienal
de Artes Visuais do Mercosul (Santander
Cultural, Porto Alegre, 2001), 27 Panorama de Arte Brasileira (MAM Ibirapuera,
So Paulo, 2001, MAM, Rio de Janeiro,
e MAM, Salvador, 2002), 8 Salo MAMBahia de Artes Plsticas (MAM, Salvador,
2001), Brasileos Contemporneos (Centro
de Arte Contemporneo Wifredo Lam,
Havana, Cuba, 2002) e Obras do Faxinal das
Artes (MAC, Curitiba, 2002). Vive e trabalha
em Belo Horizonte.
Marta Penner
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Martinho Patrcio
Maxim Malhado
Maxim Pereira Malhado (Ibicara BA 1967) formou-se em educao fsica
pela PUC, Salvador, em 1988. Iniciou o curso de belas-artes na UFBA,
Salvador, mas o abandonou trs anos depois. Seu trabalho reporta-se ao
interior da Bahia, na curiosidade exploratria da infncia. A redescoberta de espaos e a reinveno de formas e modos de abord-las so o
resultado de sua pesquisa, com foco na madeira, repleta de memrias
do Recncavo Baiano. Seu trato com a espacialidade um convite
redefinio de significados, que traz a revelao do incomum da rotina
urbana, do fluxo dentro/fora, processo/acabado. Apresentou, entre
outras, a mostra individual Intermdio (Instituto Cultural Brasil Alemanha,
Salvador, 2001). Participou, entre outras exposies, da 5 Bienal do
Recncavo (Centro Cultural Dannemann, So Flix, Bahia, 2000), Salo
Nacional de Arte de Gois (1 prmio, Flamboyant Shopping Center,
Goinia, 2001) e 8 Salo MAM-Bahia de Artes Plsticas (MAM, Salvador,
2001). Vive e trabalha em Salvador.
Sobressalto, 2001
madeira e pregos
220 x 200 x 200 cm
Coleo do artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural
87
88
Odires Mlszho
Paula Krause
89
90
Raquel Garbelotti
Rodrigo Borges
Banheiro, 2001
pastel-seco e grafite s/papel e parede
220 x 220 cm
Coleo do artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural
91
92
Rodrigo God
Roosivelt Pinheiro
93
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Rosana Ricalde
Rosana Ricalde da Silva (Niteri RJ 1971) formou-se em gravura pela EBA/UFRJ, Rio de Janeiro. Faz mestrado em cincia
da arte na UFF, em Niteri. Combina suportes obsoletos com
ditados esquecidos do latim ou transmitidos pela tradio
oral; com verbos da lngua portuguesa agrupados por uma
ao comum; ou poemas de autores brasileiros de sculos
passados. Integra a equipe de produo e pesquisa do Pao
Imperial, Rio de Janeiro, desde 2000. Participou, com Felipe
Barbosa, do Prmio Interferncias Urbanas, Rio de Janeiro,
em 2000 e 2001. Participou, entre outras exposies, do 7
Salo Nacional Victor Meirelles (Masc, Florianpolis, 2000),
27 Panorama de Arte Brasileira (MAM Ibirapuera, So
Paulo, 2001, MAM, Rio de Janeiro, e MAM, Salvador, 2002),
Niteri Arte Hoje (MAC, Niteri, 2002) e Livro: Objeto da
Arte (CCCM, Rio de Janeiro, 2002), 1 Bienal Cear Amrica
- De ponta-cabea (Fortaleza, 2002) e 9 Salo da Bahia
(Salvador, 2002) . Vive e trabalha no Rio de Janeiro.
Silvia Feliciano
Silvia Maria Feliciano da Silva
(Bauru SP 1964) formou-se em
escultura, em 1996, e em pintura,
pela UFMG, Belo Horizonte, em
1998. Seu trabalho tem como fundamento as questes ecolgicas
de preservao e reciclagem, bem
como temas ligados arqueologia
ou a materiais minerais e orgnicos. Ela os usa em seus estudos em
Rondnia, onde encontrou um universo que converge para o seu trabalho, nos conceitos e nas formas.
Participou, entre outras exposies,
de O que Acontece Quando Se
Muda de Lugar (Fundao Clvis
Salgado Palcio das Artes,
Belo Horizonte, 1997), Casa de
Guardar Votos (Centro Cultural de
Belo Horizonte, Belo Horizonte,
1999) e Prmio Salo de Arte de
Rondnia (Porto Velho, 2000).
Vive e trabalha em Porto Velho.
Cidade, 2001
madeira e leo de copaba [cinco peas]
150 x 200 cm [cada pea]
Coleo da artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural
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Tti Waldraff
Thiago Bortolozzo
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Wagner Morales
Wagner Perez Morales Jnior (So Paulo SP 1971) formou-se em cincias sociais pela FFLCH/USP, So Paulo,
em 1992. Entre seus trabalhos destacam-se os documentrios Bali, Olhos Opacos e Na Lona; os vdeos No H
Ningum Aqui #1, #2 e #3, premiados em festivais e no
Salo de Arte de Ribeiro Preto (Ribeiro Preto, 2001);
a performance 3 Montes: Sute para Voz e Mquina de
Lavar, parceria com Rafael Campos e Wagner Malta (3
Semana Fernando Furlanetto, So Joo da Boa Vista,
2000); e as videoinstalaes Bloombaalde, parceria com
Rafael Campos (MIS, So Paulo, 1998), e Eliot (Ateli
Daora Brando, So Paulo, 1999). Realizou a mostra
individual Rossi 22 (Galeria 10,20x3,60, So Paulo,
2002). Participou, entre outros eventos, da Mostra do
Audiovisual Paulista (MIS, So Paulo, 1998, 1999, 2001
e 2002), Iniciativas (Centro Cultural So Paulo, 2000),
Festival do Rio (Rio de Janeiro, 1998 e 2000) e 13 Vdeo
Brasil (So Paulo, 2001). Vive e trabalha em So Paulo.
No H Ningum Aqui # 1, So Paulo, 2000
mini-DV, cor, som, 4min10
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Arquivo do artista
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CURADORES
Fernando Cocchiarale
Fernando Frana Cocchiarale (Rio de Janeiro RJ 1951) crtico de arte; professor de esttica do Departamento de
Filosofia e do curso de especializao em histria da arte e arquitetura do Brasil, na PUC-Rio, Rio de Janeiro; e professor da EAV/Parque Lage, Rio de Janeiro. Curador do MAM, Rio de Janeiro, desde 2000, autor, com Anna Bella
Geiger, do livro Abstracionismo Geomtrico e Informal. Publica regularmente textos em catlogos e revistas de arte.
Foi coordenador de artes visuais da Funarte, entre 1991 e 1999. Atua como membro de jris e comisses de seleo
de eventos como 10 e 15 Salo Nacional de Artes Plsticas (Rio de Janeiro, 1987 e 1995). Foi curador-coordenador
do programa Rumos Ita Cultural Artes Visuais 1999/2000. Fez a curadoria, entre outras exposies, de Rio de Janeiro
1959/1960, Experincia Neoconcreta (MAM, Rio de Janeiro, 1991). Vive e trabalha no Rio de Janeiro.
Cristina Freire
Maria Cristina Machado Freire (Rio de Janeiro RJ 1961) formou-se em psicologia pela USP, So Paulo, em 1985.
Concluiu doutorado em psicologia social pela USP, So Paulo, em 1995, e mestrado em administrao de
museus e galerias de arte pela City University de Londres, em 1996. professora convidada do programa de psgraduao em psicologia social e artes plsticas do Instituto de Psicologia da USP, So Paulo. Como pesquisadora
e curadora do MAC/USP, So Paulo, fez a curadoria, entre outras exposies, de A Cidade dos Artistas (1997)
e Arte Conceitual e Conceitualismos - Anos 70 no Acervo do MAC/USP (2000). Escreve regularmente artigos
para revistas especializadas nacionais e estrangeiras. Publicou os livros Alm dos Mapas Os Monumentos no
Imaginrio Urbano Contemporneo (Annablume, 1997) e Poticas do Processo Arte Conceitual no Museu
(Iluminuras, 1999). Vive e trabalha em So Paulo.
coordenao equipe curatorial
Fernando Cocchiarale
curadores-coordenadores
Cristina Freire
Jailton Moreira
Moacir dos Anjos
curadores adjuntos
Cleomar Rocha
Cristvo Coutinho
Eduardo Frota
Juliana Monachesi
Maria do Carmo de Siqueira Nino
Marlia Panitz
Marisa Flrido Cesar
Paulo Reis
Paulo Schmidt
Jailton Moreira
Jailton Marenco Moreira (So Leopoldo RS 1960) formou-se em artes plsticas pela UFRGS, Porto Alegre, em 1994.
Criou, com a artista Elida Tessler, o Torreo, em Porto Alegre, onde oferece orientao em artes visuais, desde 1993.
Foi curador adjunto do programa Rumos Ita Cultural Artes Visuais 1999/2000. Fez a curadoria da 31 Coletiva de
Artistas de Joinville (Joinville, 2001). Participou da comisso de seleo da 1 Mostra Rio Arte Contempornea (MAM,
Rio de Janeiro, 2002). Realizou, entre outras, as mostras individuais V Quem V Quem (Galeria de Bolso da UnB,
Braslia, 1999) e Trabalhos Insistentes (Galeria Chaves, Porto Alegre, 2002). Participou, entre outras exposies, de
Territrio Expandido III (Sesc Pompia, So Paulo, 2001), 3 Bienal de Artes Visuais do Mercosul (Santander Cultural,
Porto Alegre, 2001) e Obras do Faxinal das Artes (MAC, Curitiba, 2002). Vive e trabalha em Porto Alegre.
Moacir Tavares Rodrigues dos Anjos Jnior (Recife PE 1963) formou-se em economia pela UFPE, Recife, em
1984. Fez mestrado nessa rea na Unicamp, em 1990, e doutorado na University of London, Londres, em
1994. diretor do Museu de Arte Moderna Alosio Magalhes, Recife. Foi coordenador cultural da Fundao
Joaquim Nabuco, Recife, entre 1998 e 2000, e curador adjunto do programa Rumos Ita Cultural Artes Visuais
1999/2000. Participou, entre outras, da curadoria de Origem (Observatrio Cultural Malakoff, Recife, 2000) e
Adorao (Mamam, Recife, e Espao Cultural Contemporneo Venncio, Braslia, 2002). Integrou a Comisso de
Seleo da 1 Mostra Rio Arte Contempornea (MAM, Rio de Janeiro, 2002). Publicou, entre outros, os ensaios
Arte em Trnsito, no catlogo do projeto Nordestes, 1999; Desmanche de Bordas, no livro Artelatina, 2000;
Modernidade, Valor e Arte, na Revista da USP, 2000; e Construo de um Lugar que No Acaba, no catlogo
da exposio Antonio Dias (Mamam, Recife, 2002). Vive e trabalha no Recife.
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Cleomar Rocha
Cleomar de Sousa Rocha (Aurilndia GO 1969) formou-se em letras pela Faculdade de Educao, Cincias e
Letras de Ipor, Gois, em 1991. Estudou artes plsticas na UnB, Braslia, de 1992 a 1995. Em 1997, concluiu,
pela mesma instituio, mestrado em artes, com rea de concentrao em arte e tecnologia da imagem. Nesse
ano, transferiu-se para Salvador, onde atuou como coordenador dos cursos de graduao em educao artstica
e de graduao e ps-graduao em design na Universidade Salvador. Atualmente, faz doutorado em comunicao e cultura contemporneas na UFBA, Salvador. Participou de sales e exposies coletivas apresentando
trabalhos em vdeo e arte computacional, entre eles Ordens e Desordens, Arte e Visualidade (Sebrae, Macei,
1996), Virtus, Coletiva de Arte Computacional (Centro Cultural Adelmar Cardoso Linhares, Salvador, 1998) e
Digital Arte Bahia 99 (ICBA, Salvador, 1999). Vive e trabalha em Salvador.
Cristvo Coutinho
Cristvo Coutinho Batista (Manaus AM 1963) formou-se em direito pela Universidade Federal do Amazonas,
Manaus, em 1983. Concluiu especializao em direito ambiental, no Centro de Cincias do Ambiente dessa
instituio, em 1996, e o curso de introduo museologia e museografia, na Fundao Getlio Vargas,
Manaus, em 1997. Participou dos cursos experincia neoconcreta, no MAM, Rio de Janeiro, 1991, e aplicao
de minerais, terras, xidos em artes plsticas, pintura e objeto, na EAV/Parque Lage, Rio de Janeiro, 1991. Foi
assistente da Coordenadoria do Centro de Artes Chamin, Manaus, de 1997 a 1998; e gerente de exposies
do Centro Cultural Palcio Rio Negro, Manaus, de 1999 a 2000. Realizou mostra individual na Galeria Afrnio
de Castro (Manaus, 1986). Recebeu meno especial do jri do Salo Plstica Amaznia, e prmio aquisio,
pelo trabalho experimental em vdeo intitulado Infantiu, em 1998. Vive e trabalha em Manaus.
Eduardo Frota
Eduardo Elsio Frota (Fortaleza CE 1959) obteve licenciatura plena em educao artstica pelas Faculdades
Integradas Bennet, Rio de Janeiro, em 1986. Freqentou a EAV/Parque Lage, Rio de Janeiro, e o Departamento
de Cursos do MAM, Rio de Janeiro, de 1984 a 1986. Atualmente, coordena o Ncleo de Artes Plsticas do
Alpendre, Casa de Arte, Pesquisa e Produo, em Fortaleza. Recebeu bolsa do Projeto Uniarte 96, da Faperj/
UFRJ, Rio de Janeiro, 1996. Realizou, entre outras, mostras individuais na Galeria Cndido Mendes (Rio de
Janeiro, 1993) e no Torreo (Porto Alegre, 2000). Participou, entre outras exposies, do 6 Salo MAM-Bahia de
Artes Plsticas (MAM, Salvador, 1997), 3 Bienal de Artes Visuais do Mercosul (Santander Cultural, Porto Alegre,
2001), 25 Bienal Internacional de So Paulo (Fundao Bienal, So Paulo, 2002) e Obras do Faxinal das Artes
(MAC, Curitiba, 2002). Vive e trabalha em Fortaleza.
Juliana Monachesi
Juliana Monachesi Ribeiro (So Paulo SP 1976) formou-se em jornalismo pela Faculdade de Comunicao Social
Csper Lbero, So Paulo, em 2001. Freqentou durante trs anos o curso de filosofia da USP, em So Paulo.
Trabalhou, de 1999 a 2000, como jornalista no caderno Ilustrada, da Folha de S. Paulo, no setor de artes
visuais. Fez em 2000 o curso de histria da arte, do crtico Rodrigo Naves, e o curso Estudos Dirigidos em Crtica
Contempornea, da curadora e crtica de arte Lisette Lagnado, na Escola de Crtica de Arte e Literatura, em
So Paulo. Como trabalho de concluso do curso de jornalismo, escreveu o livro-reportagem Sem Ttulo Arte
Contempornea Brasileira da Dcada de 80 ao Ano 2000, mapeamento da atual produo nacional em artes
visuais. Vive e trabalha em So Paulo.
Maria do Carmo de Siqueira Nino (Triunfo PE 1955) formou-se em arquitetura pela UFPE, Recife, em 1980.
Especializou-se em artes plsticas, recebendo o Diplme dEtudes Approfondies, DEA, pela Universidade de
Paris 1 Panthon Sorbonne, Paris, em 1990. Concluiu doutorado em artes plsticas e cincias da arte nessa
instituio, em 1995. Atualmente, professora de graduao e ps-graduao em histria da arte, fundamentos
da linguagem visual e textualidade literria e artstica, na UFPE. Coordenou o Instituto de Arte Contempornea
dessa universidade entre 1998 e 1999. Participou como artista plstica, entre outras exposies, das realizadas na Maison des Associations de Paris (1995), no Forum Les Halles (Paris, 1995), no Ita Cultural Campinas
(Campinas, 1996/1997) e na Galeria Massangana (Recife, 1998). Vive e trabalha no Recife.
Marlia Panitz
Marlia Panitz Silveira (So Leopoldo RS 1958), mestre em teoria e histria da arte pela UnB, Braslia, tornou-se
professora da instituio a partir de 1999. Lecionou na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, Braslia, de 1985
a 1989. Dirigiu o Museu Vivo da Memria Candanga, Braslia, entre 1990 e 1996. Em 1998, dirigiu o MAB,
Braslia, onde coordenou o Prmio Braslia de Artes Visuais 98 e o Programa de Bolsas de Pesquisa MAB/MinC,
para jovens artistas. Atua como pesquisadora e coordenadora dos programas educativos de eventos como
Mostra do Redescobrimento (Salo Negro do Congresso Nacional e Centro Cultural Banco do Brasil, Braslia,
2000). A partir de 1999, passa a escrever sobre artistas de Braslia em jornais e catlogos. Fez a curadoria, entre
outras exposies, de Felizes para Sempre (CCBB, Braslia e So Paulo, 2001) e Gentil Reverso (CCBB, Braslia,
2001). Vive e trabalha em Braslia.
Marisa Flrido Cesar (Rio de Janeiro RJ 1962) formou-se em arquitetura e urbanismo pela FAU/UFRJ, Rio de
Janeiro, em 1984. Concluiu o curso de especializao em histria da arte e da arquitetura no Brasil, pela PUCRio, Rio de Janeiro, em 1993. mestre em artes visuais na rea de concentrao de histria e crtica de arte pela
EBA/UFRJ, Rio de Janeiro, onde faz doutorado. Trabalha em planos e projetos de urbanismo na Prefeitura da
Cidade do Rio de Janeiro, a partir de 1989. Publica textos em revistas de arte, como O Transtorno da Matria no
Maneirismo, em Gvea, PUC-Rio, 1994; e A Dobra e a Diferena: Colagens de Picasso, em Arte & Ensaio, UFRJ,
1999. Vive e trabalha no Rio de Janeiro.
Paulo Reis
Paulo Roberto de Oliveira Reis (Curitiba PR 1962) concluiu curso de artes plsticas na Faculdade de Artes do
Paran, Curitiba, em 1985, e mestrado em histria social da cultura, na PUC-Rio, Rio de Janeiro, em 1998.
professor do Departamento de Artes da UFPR, Curitiba, onde faz doutorado em histria. Em Curitiba, trabalhou
na Diviso de Pesquisa e Documentao do MAC, entre 1989 e 1991; na Coordenao de Artes Plsticas da
Fundao Cultural de Curitiba, entre 1991 e 1992; e no Centro de Pesquisas do Museu Guido Viaro, de 1992 a
1998. Participou de jris e comisses de seleo de artistas em eventos como Salo dos Novos (Araucria, 1997)
e Mostra Brasil (Fundao Cultural de Curitiba, 1999). Como curador independente, realizou as exposies
Olhos Blindados (Ybakatu Espao de Arte, Curitiba, 1999), Uma Histria da Pele (Museu da Fotografia, Curitiba,
2000) e a co-curadoria do Panorama de Arte Brasileira (MAM Ibirapuera, So Paulo, 2001, MAM, Rio de Janeiro,
e MAM, Salvador, 2002). Vive e trabalha em Curitiba.
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Paulo Schmidt
Paulo Schmidt (So Paulo SP 1963) cursou desenho e gravura na EBA/UFMG, de 1977 a 1979, e artes plsticas
na Escola Guignard, de 1981 a 1983, em Belo Horizonte. Dirigiu o Departamento de Artes Plsticas da Fundao
Clvis Salgado Palcio das Artes, Belo Horizonte, de 1988 a 1993. Realizou, entre outras, a curadoria de A
Identidade Virtual (Fundao de Arte de Ouro Preto, Casa dos Contos e Sala Athaide do Museu da Inconfidncia,
Ouro Preto, 1994), Imagens da Modernidade (Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte, 1996), Cenas do
Brasil Fotografias de Genevieve Naylor (Centro Cultural Yves Alves, Tiradentes, UFMG, Belo Horizonte, e Faop,
Ouro Preto, 1998/1999), Escritos do Grande Serto de Arlindo Daibert (Fundao Clvis Salgado - Palcio das
Artes, Belo Horizonte, 1999) e Ars Brasilis (Minas Tnis Clube, Belo Horizonte, 2000). Fez diversos projetos grficos editoriais e organizou, ao lado de Eneida Maria de Souza, o livro Mrio de Andrade Carta aos Mineiros
(Editora UFMG, 1997). Vive e trabalha em Belo Horizonte.
MOSTRAS
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Esta a mais abrangente das 13 mostras (alm desta, mais trs de mdio
porte, com 18 artistas cada uma, e nove menores, com mdia de cinco
artistas por exposio) que resultaram do mapeamento, da seleo e
da definio das curadorias do programa Rumos Ita Cultural Artes
Visuais 2001/2003. Dela participam os 69 contemplados, selecionados
em todas as regies brasileiras, j integrados s mostras mdias e menores, que vo itinerar pelo pas at 2003.
A exposio Rumos da Nova Arte Contempornea Brasileira sintetiza
as concluses curatoriais dos quatro curadores-coordenadores desta
edio do programa. Elas foram amadurecidas e elaboradas no decorrer
de um processo coletivo. Primeiramente os coordenadores procuraram
reconhecer quais as questes mais recorrentes no universo dos trabalhos
propostos pelos 69 artistas contemplados. Em seguida, investigou-se
em que medida seria possvel estabelecer os liames dessas questes
com traos essenciais da vida contempornea. Por fim, chegou-se
concluso de que esses liames podiam ser efetivamente estabelecidos
a partir dos seguintes traos: a crise do Sujeito (individual e terico), a
crise do Objeto (conhecimento, consumo, obsolescncia e efemeridade)
e a revoluo tecnolgica (rede, sistemas e percepo). Da resultaram
as trs exposies de porte mdio Entre o Mundo e o Sujeito; Poticas
da Atitude: o Transitrio e o Precrio; e Arte: Sistema e Redes , assumidas, respectivamente, pelos curadores-coordenadores Moacir dos Anjos,
Jailton Moreira e Cristina Freire.
Fernando Cocchiarale
artistas
exposio
Belo Horizonte MG
Fundao Clvis Salgado Palcio das Artes
Esses mesmos temas tambm norteiam a exposio geral que ora apresentamos. Eles foram capazes de acolher, sem problemas, os trabalhos de
todos os selecionados num s evento, inclusive aqueles que, no tendo
sido includos nas trs exposies de porte mdio, vieram a integrar as
outras nove mostras concebidas pelos curadores adjuntos: Abertura e
Ecos (Cleomar Rocha), Manifesto das Indiferenas (Cristvo Coutinho),
O Desconforto da Forma (Eduardo Frota), O Discurso do Choque (Juliana
Monachesi), Risveis Humores (Maria do Carmo de Siqueira Nino),
Grafias do Lugar (Marlia Panitz), Sobre(A)ssaltos (Marisa Flrido Cesar),
Estranhamento (Paulo Reis) e Pupilas Dilatadas (Paulo Schmidt).
No podamos t-lo feito de outra maneira. Na contramo da clareza formal conquistada pelo artista moderno, o artista de nosso tempo baralha
referncias, dilui as fronteiras entre pintura, desenho e escultura, utilizase de repertrios plstico-formais tradicionalmente contraditrios, de
materiais de todo tipo. Explora a distncia entre significante e significado
at o limite de uma simbolizao aparentemente to subjetiva que pode
sugerir uma resistncia a qualquer mediao por conceitos produzidos ao
redor de caractersticas supostamente permanentes e comuns s obras
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de arte. O artista tpico dessa passagem de milnio busca, afinal, em fragmentos da histria, entre o passado e o presente, nas vrias regies do
saber e no cotidiano, a condio singular de sua obra, que se quer nica.
A arte contempornea , pois, refratria classificao pelo discurso
(seja do artista, seja da crtica, seja do pblico). Ao contrrio da produo
tipicamente moderna, cuja nfase na forma, nas linguagens e nos ismos
inseria poticas singulares no campo objetivo da histria, a nova arte
parece desprezar essa insero, tornando difcil avali-la por meio do
repertrio terico-crtico desenvolvido para captar e produzir o sentido
das produes modernas, eminentemente formalizadas e, portanto,
estranhas a esses segmentos da contemporaneidade.
No podendo contar com a objetividade formal, cromtica e espacial
caracterstica dos ismos, em face da fragmentao que se manifesta
em pontos vitais do esgarado campo das artes, a palavra e a lgica do
circuito de arte vm exigindo, de maneira crescente, novas modalidades
de articulao entre obra e fruidor (o curador), novas leituras e interpretaes, novos espaos expositivos e institucionais e um novo pblico.
Essas transformaes vertiginosas, de desdobramentos ainda imprevisveis, no tm permitido que a arte contempornea se torne familiar
ao homem contemporneo. Para a maioria, ela permanece estranha e
incompreensvel. Um dos sintomas mais claros de sua incomunicabilidade
se manifesta na contraditria expectativa do pblico em reconhecer e
designar com preciso produes que no mais se centram no campo
objetivo da forma e na estrita materialidade de sua linguagem.
Entretanto, longe de se restringir esfera do espectador, essa incompreenso permeia tambm as idias de alguns crticos e tericos da arte.
Qual o pblico, eles encaram esse estranhamento como uma negao ou
um desvio da natureza da arte (ainda quando reduzida apenas modernidade). Relutam em aceitar que os princpios tericos, metodolgicos e
conceituais, que os legitimam intelectualmente, nasceram de condies
tcnicas, sociais e culturais que j no existem e, por isso, no mais correspondem aos discursos que antes as faziam transparentes. No querem,
enfim, reconhecer que seus discursos so, como quaisquer outros, antes
histricos que verdadeiros.
Por outro lado, alguns convictos defensores da produo contempornea baseiam sua defesa apenas na valorizao ingnua e pontual
da ruptura e da novidade. Talvez no se tenham interrogado sobre a
origem modernista desses valores, paradoxalmente usados como ndices
de contemporaneidade.
A dificuldade em tornar compreensvel essa produo no reside, portanto, na recusa nem no estranhamento perante as novidades supostamente
inditas e radicais prprias da arte contempornea, mas na persistente
permanncia, tanto para critic-la quanto para valoriz-la, de princpios
interpretativos, valores e crenas forjados para a compreenso da arte
moderna. Ambos os discursos, um pela recusa, o outro pela rendio
acrtica, no conseguem emprestar sentido ao carter transitivo da contemporaneidade.
Se no mais contamos com o aparato terico-crtico produzido a partir da clareza autodefinida da arte moderna, podemos, at segunda
ordem, articular a manifesta subjetividade da produo contempornea
chamada crise do Sujeito. Podemos tambm remeter a generalizao
do uso, na arte, de materiais no-artsticos, extrados do mundo natural
e industrial, crise do Objeto, e, finalmente, articular essas crises com as
transformaes tecnolgicas que permeiam a complexa transitividade do
mundo em que vivemos. esse pano de fundo que justifica e empresta
sentido aos recortes que orientam a curadoria e a montagem da mostra
Rumos da Nova Arte Contempornea Brasileira. Retomemos, ento,
as questes definidas pelos curadores-coordenadores.
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existente entre museus e instituies, galerias, crticos, curadores, mercado, artistas e pblico.
Walter Benjamin aponta-nos que a inveno das tecnologias da imagem
fotossensvel (sculo XIX) foi determinante para as transformaes ocorridas no mbito da percepo e no da valorao das obras de arte. Mas
isso no significa que as linguagens da fotografia e do cinema tenham,
automaticamente, nascido com suas tcnicas. O mesmo podemos dizer
do vdeo, da computao grfica e da imagem digital.
H hoje no Brasil alguns grupos (de artistas, designers, videomakers e
outros) cujo interesse esttico restringe-se ao uso explcito da tecnologia.
Parecem desconsiderar, em nome do apreo deslumbrado pela high tech
e do desprezo pela low tech, que o registro de uma performance, por
exemplo, feito, quase sempre, em vdeo, pela capacidade que essa tecnologia tem de registrar, como nenhuma outra, uma ao em tempo real,
imediatamente. Defendem seu ponto de vista a partir de um repertrio
de idias de perfil modernista (o chavo do esperado compromisso da
obra com os meios utilizados para produzi-la).
Noo frgil e demasiado abrangente, a chamada Arte e Tecnologia
vem permitindo muitos equvocos. O principal deles talvez seja a confuso entre possibilidades tcnicas e inveno potica: alguns pesquisadores, curadores e crticos consideram a simples utilizao de meios
tecnolgicos suficiente para configurar questes estticas. Com isso
atropelam diferenas e lanam numa vala comum produes bastante
diferenciadas.
Muito antes da difuso universal da internet artistas como Cildo Meireles
trabalharam a noo de rede (um canal de irradiao e conexes em
movimento no-linear). Suas Inseres em Circuitos Ideolgicos, das
quais a mais conhecida o Projeto Coca-Cola, poderiam, num sentido
lato, ser pensadas do ponto de vista da lgica da rede (web). As Inseres
nos revelam que a demanda e a lgica da rede j existiram antes mesmo
de sua efetiva implantao.
Feitas as ressalvas, entretanto, importante reconhecer o sucesso, a
positividade e a contribuio da experimentao diretamente tecnolgica, ou por ela informada, para a percepo contempornea. Essas
questes esto na origem do ltimo conjunto apresentado, Arte:
Sistema e Redes, embora muitas obras realizadas com meios tecnolgicos tenham sido alocadas nos outros dois segmentos da exposio, uma
vez que tratavam de questes essenciais do mundo contemporneo
neles destacadas.
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Fernando Cocchiarale
janeiro 2002
curador-coordenador
artistas
Adriana Boff
Ana Laet
Beatriz Pimenta
Bruno de Carvalho
Caetano Dias
Clarissa Campello
Cludia Leo
Domitlia Coelho
Fabiano Gonper
Fabio Faria
Gabriela Ficher
Gabriele Gomes
Gustavo Magalhes
Juliana Stein
Larcio Redondo
Marcelo Cidade
Marcelo Feij
Mrio Simes
exposies
Recife PE
Fundao Joaquim Nabuco
So Paulo SP
Ita Cultural So Paulo
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como vozes ntimas que se tornam pblicas, acentuam uma crise conceitual na qual esto tambm envolvidos.
O desmanche progressivo da noo de Sujeito ntegro, estvel e autnomo , em parte, resultado de uma srie de rupturas nos discursos do conhecimento moderno. Da descoberta do inconsciente por Sigmund Freud
concepo estruturalista do mundo apoiada nos escritos de Karl Marx,
da revoluo lingstica de Ferdinand de Saussure descrio do poder
disciplinar feita por Michel Foucault, o ltimo sculo e meio tem colocado
em evidncia a inexistncia de uma identidade fixa, de uma essncia
humana, de uma fala estvel, de um corpo liberto. Os movimentos que,
desde a dcada de 1960, reivindicam, com veemncia, os direitos civis
das mulheres, dos negros e dos homossexuais tm igualmente contribudo para o descentramento conceitual do Sujeito moderno, tornando-o
permevel ao campo da poltica das diferenas demarcado por diversos e
ativos grupos sociais. Por fim, a intensificao do fluxo internacional de
bens simblicos a que se chama globalizao tem comprimido o tempo
e o espao em que se desenrolam ao e pensamento, permitindo a permuta incessante de posies diferentes de mundo e provocando a desterritorializao permanente das identidades culturais em que se fundam e
se afirmam os sistemas de representao de indivduos e povos.1
Por sugerirem, de diferentes maneiras, a condio transitria e circunstancial do Sujeito na contemporaneidade no mais estvel, mas se refazendo a cada instante; no mais uno, mas dividido de modo irreparvel ,
os trabalhos que integram esta exposio terminam tambm por comentar a prpria transitividade simblica que os define e o esgaramento das
fronteiras que os faziam pertencer ao mbito somente do esttico. esta,
portanto, uma mostra reflexiva em que os trabalhos desenham, ainda
quando no possuam tal pretenso, um mapa conciso das incertezas
sobre o prprio espao que a arte ocupa hoje no mundo.
Cludia Leo
O Jardim dos Caminhos
que Se Bifurcam, 2000
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nessa perene abertura reformulao do sentido especfico, que porventura tenha, que o trabalho aspira, contraditoriamente, permanncia
como obra. Ancorado numa temporalidade distinta, o trabalho de Ana
Laet no prope, por sua vez, narrativa alguma: busca seduzir o olhar,
de modo rpido, por meio da estranheza causada pela aproximao que
faz de lugares simblicos distantes. Penduradas em cabides de roupas,
fotografias de corpos humanos desnudos so impressas em plstico liso
e formam, juntas de peles de animais, estruturas que ativam a supresso
de diferenas entre natureza e cultura.
Calcados em viso diversa, trs outros trabalhos da mostra tratam dos
variados modos em que um mesmo corpo pode afirmar-se no mundo.
Partindo da fotografia frontal de uma mulher ou um homem, Beatriz
Pimenta a divide em partes iguais e cria duas outras imagens: cada
uma delas formada por uma das metades da fotografia original e seu
duplo rebatido para o lado ausente. Cria, por meio desse procedimento
simples, seres bizarros que evidenciam o quo distinto pode ser o que
parece simtrico ao olhar distrado. J Clarissa Campello faz do seu
prprio rosto suporte para a investigao de quantas pessoas pode vir a
ser um dia. Utilizando-se apenas de cosmticos e perucas, modifica sua
aparncia fsica at prximo ao limite de desapario dos traos comuns
que revelam, nas fotografias que registram seu ato, tratar-se do mesmo
indivduo. Baralha assim identidades por ela construdas e reivindica,
para si e para qualquer um, vrias outras formas possveis de existncia.
Marcelo Cidade, por fim, apresenta o registro fotogrfico de intervenes
que fez em centros urbanos: despido, abraa-se a postes de sinalizao e,
num impulso corporal, pe-se na posio de um horizonte quase oculto.
Desprende-se, assim, no s das roupas que o tornam homem civil, mas
tambm da verticalidade que o define como humano: coloca-se num
espao de suspenso simblica e fsica que o libera de ser coisa alguma.
Ainda nesse contexto de significados moventes, vrios outros trabalhos
pem em tenso a prpria polaridade entre a idia de Sujeito moderno
e as coisas do mundo, fazendo destas ndices da primeira ou de seu
gradual desaparecimento. Os trs espelhos que Fabiano Gonper apresenta em linha possuem, cada um deles, capacidades distintas de apreenso dos corpos que se postam na sua frente. No primeiro, o reflexo
corresponde ao que usualmente se espera da experincia do espelhamento; no segundo, uma retcula metalizada produz o desconforto do
aprisionamento virtual da carne; no terceiro, o vidro esfumado quase
no mais reflete o corpo, exilando-o do auto-reconhecimento. Valendose de estratgia aparentemente oposta, Mrio Simes busca exibir o
corpo o mais que pode, adornando todas as suas extremidades com
malha azul e fotografando-o quase como objeto decorativo apenas.
Ana Laet
Voc o que Voc Come,
2001/2002
Fabio Faria
Sem Ttulo - Interior #
100, 1999
Beatriz Pimenta
Moises e Simone, 2000
plotter s/lona vinlica
180 x 335 cm
Coleo da artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural
Domitlia Coelho
Sem Ttulo [srie], 2001
Clarissa Campello
Pintura [srie], 2000
Gabriela Ficher
Quarto da Paula [Vista
1], 1999/2000
Marcelo Cidade
Eu-Horizonte, 2000
fotografia
70 x 100 cm
Coleo do artista
Fabiano Gonper
Objeto de Exilar/Stio/
Sem Ttulo, 2000
Mrio Simes
Habeas Corpus, 2001
Adriana Boff
Obscuras Refrigeradas,
2000/2002
geladeira, cmaras
obscuras, fotografias pinhole s/borracha imantada
150 x 65 x 20 cm
Coleo da artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural
Gustavo Magalhes
Desejo de Morte,
1999/2000
instalao - concreto armado, parafina e lmpadas
220 x 400 x 400 cm [rea]
Coleo do artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural
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Gabriele Gomes
Travesseiro no Mar,
2001
Marcelo Feij
Paisagem Urbana So Paulo [detalhe],
2000/2001
Larcio Redondo
After Venice [detalhe],
2001
Bruno de Carvalho
V.E.S.A., 2001/2002
Juliana Stein
den [srie], 1999
Caetano Dias
Nos Campos do Senhor,
2001
fotografia
125 x 189 cm
Coleo MAM Bahia
Nota
1. HALL, Stuart. A identidade cultural na ps-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 1997.
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POTICAS DA ATITUDE:
O TRANSITRIO E O PRECRIO
curador-coordenador
Jailton Moreira
artistas
Amilcar Packer
Caio Machado
Ducha
Fabiano Marques
Felipe Barbosa
Genesco Alves
Glaucis de Morais
Graziela Kunsch
Janaina Barros
Jred Domcio
Letcia Cardoso
Lucas Levitan
Maxim Malhado
Paula Krause
Silvia Feliciano
Tti Waldraff
Thiago Bortolozzo
Tonico Lemos Auad
exposies
Recife PE
Fundao Joaquim Nabuco
So Paulo SP
Ita Cultural So Paulo
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Felipe Barbosa
Corpos que Se Inflamam
Quando Atritados,
2000/2001
Graziela Kunsch
Nightshot 3, 2000
Fabiano Marques
The Siestawatch,
2001/2002
Glaucis de Morais
Concreto, 2000/2002
Ducha
Laranja, 2000/2002
Lucas Levitan
Escada, 2000
Paula Krause
Sem Ttulo, 1999
instalao - tecidos e
leo de soja
220 x 300 cm
Coleo da artista
Amilcar Packer
Still de Vdeo Sem Ttulo
# 35, 1999
Genesco Alves
Sem Ttulo, 2001/2002
Caio Machado
Sem Ttulo, 2000
Tti Waldraff
Estratgias para
Mudana, 2000/2002
Letcia Cardoso
Como Capturar o
Vento?, 2001
Amilcar Packer faz vdeos do prprio corpo, que se tensiona com objetos e
com o espao onde est inserido. Depois fotografa no monitor essas atuaes, que mostram os confrontos com o cenrio ou com uma indumentria. So imagens de ajustes provisrios e rimas dissonantes. Perante os
mveis de Caio Machado estamos constantemente reorientando o olhar
e executando um contorcionismo imaginrio na busca de uma ergonomia
possvel.
O transitrio o eixo que aproxima propostas formalmente to distintas
como as de Tti Waldraff, Graziela Kunsch e Fabiano Marques. Para Tti
Waldraff, a viagem se coloca como metfora e urgncia. So carrinhos
de viagem amalgamados com seus embrulhos que nos estendem um
convite partida ao mesmo tempo que se mostram desolados pela nossa
inrcia. Graziela Kunsch utiliza a estratgia do passeio para provocar de
modo mais direto esta estagnao. Ao gravar cinco horas de vdeo de
uma caminhada errante pela noite paulistana, latindo desesperadamente
para toda pessoa que encontra, pretende colher do imprevisto a fasca
geradora de algo que no poderia ser previamente determinado. Fabiano
Marques rearticula continuamente elementos de um ateli inventado. O
espao do artista matria que no exibe uma face estvel, pois este
est sempre atuando e propondo assim novas configuraes. Para tanto,
durante a exposio a obra constantemente alterada, seguindo uma
rgida partitura de possibilidades apresentada pelo artista.
As fronteiras entre arte e vida so novamente bombardeadas pelas aes
de Graziela Kunsch e Ducha. Os registros em foto ou vdeo so documentaes de happenings e, ao mesmo tempo, uma confisso dos seus
limites. As aes provocativas de Ducha so descargas energticas que
instauram processos entrpicos e fazem lembrar o que enunciou o artista
Hans Haacke: Fazer alguma coisa indeterminada, que parea sempre
diferente, que no possamos prever a forma.2
Outro grupo de artistas trata a forma como resultante da experincia,
como um deixar acontecer: uma espcie de fatalidade. Aqui o trabalho
requer no s a coragem de desencadear uma proposio, sem as intromisses vaidosas e ordenadoras do ego, mas tambm a aceitao do
acaso. Para tanto bom apostar no que Germano Celant falava quando
conceituava os limites da arte povera: A arte tradicional bloqueia a
respirao do material.3 Fazer ento com que este respire conferir
uma vida autnoma, ver a distncia e se apropriar, ao final, de todo o
processo. Os longos panos de Paula Krause, embebidos em gua e leo
e constantemente se esvaindo, se avizinham sem dvida dos gelos monocromticos de Genesco Alves, de durao breve, mas que imprimem o
rastro em planos de gesso. Os desenhos em bananas de Tonico Lemos
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Jailton Moreira
Notas
1 KLSER, Bernd e HEGEWISCH, Katharina. Lart de lexposition. Paris: Editions du Regard,
1998.
2 GARRAUD, Colette. Lide de nature dans lart contemporain. Paris: Flammarion, 1993.
3 __________. Op. cit., 1993.
4 ROSA, Joo Guimares. Grande serto: veredas. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1979.
Maxim Malhado
Sobressalto, 2001
curadora-coordenadora
Cristina Freire
artistas
Thiago Bortolozzo
Vital Brasil, 2001
Jred Domcio
Planos Instveis,
2001/2002
Silvia Feliciano
Cidade, 2001
Janaina Barros
Conversa entre
Galinhas, 2000/2002
Alexandre Vogler
Andr Santangelo
Carla Zaccagnini
Carlos Mlo
Cinthia Marcelle
Divino Sobral
Frederico Cmara
Jeanine Toledo
Jeims Duarte
Jorge Fonseca
Jorge Menna Barreto
Luciano Mariussi
Maril Dardot
Marta Neves
Marta Penner
Roosivelt Pinheiro
Rosana Ricalde
Wagner Morales
exposies
Fortaleza CE
Museu de Arte da Universidade Federal do Cear
So Paulo SP
Ita Cultural So Paulo
127
128
Algo se manifesta no campo da arte quando do belo passa-se ao interessante como critrio de valor. Para o artista norte-americano Donald Judd,
o interessante faz frente qualidade intrnseca da obra de arte, apregoado
pela esttica moderna. Isto porque o interesse no inerente obra,
mas advm da relao entre o observador, a obra e o contexto em suas
mltiplas dimenses. Distante de um determinismo absoluto e normativo,
trata-se de uma categoria constantemente criada e recriada. O interessante
define-se, pois, pela indeterminao e pelo relativismo. Sabemos, desde
pelo menos Marcel Duchamp, que a diferena entre objetos cotidianos e
objetos de arte passa pelo enquadre institucional, que complexo e organiza-se como um sistema. Envolve, portanto, um conjunto de variveis no
apenas artsticas, mas tambm polticas, sociais e histricas, que configuram o que se convencionou chamar obra de arte, ao longo dos tempos.
O campo artstico organiza-se, assim, como um sistema composto de um
conjunto de redes de sentidos e funes cambiantes. Esta a moldura
da obra contempornea, dentro da qual artista, crtico, curador, galerista
e pblico, invariavelmente, misturam seus papis. O valor econmico e
o valor simblico so fundidos e todos os envolvidos nesse sistema so
responsveis por sua criao e circulao. Se, num primeiro momento, a
tarefa do crtico foi arbitrar o gosto, louvvel tarefa que muitos ainda no
se dispuseram a abdicar, hoje opera-se muito mais como uma observao
crtica e apurada dos mecanismos que fazem mover esta engrenagem.
Assim, aproximar-se da obra no significa acercar dos olhos sua materialidade sensvel maneira do connaisseur, mas, sim, compreender criticamente os meandros desse sistema.
Como um microcosmo, as redes tambm no existem autonomamente.
Inserem-se, organicamente, na sociedade contempornea, j definida
como Era da Informao. Como observa Manuel Castells, socilogo da
contemporaneidade: Redes constituem a nova morfologia social de
nossas sociedades, e a difuso da lgica das redes modifica de forma
substancial a operao e os resultados dos processos produtivos e de
experincia, poder e cultura. Embora a forma de organizao social em
redes tenha existido em outros tempos e espaos, o novo paradigma da
tecnologia da informao fornece a base material para sua expanso
penetrante em toda a estrutura social.1 Essa insero em redes, que
privilegia o lugar da informao e seus fluxos, o ponto de partida para
a reunio dos trabalhos que, de uma forma ou de outra, indagam sobre
o estatuto da obra de arte na nossa poca.
certo, porm, que a conscincia crtica sobre esse sistema levou muitos
artistas, sobretudo a partir das dcadas de 1960 e de 1970, a tomar os
meandros da produo, circulao e distribuio da arte como tema de
Jeanine Toledo
Isto Arte? Arte Isto
[detalhe], 2000
Luciano Mariussi
No Entendo, 1999
Frederico Cmara
Fear No Art [No Tenha
Medo da Arte], 1999
Marta Neves
Sem Ttulo
[srie][detalhe],
2000/2001
Jeims Duarte
Galleria, 2002
129
130
Cinthia Marcelle e
Maril Dardot
Me Escreva!,
2001/2002
instalao - caixa de
correio, cartes-postais
e escaninho
dimenses variveis
Coleo das artistas
Fotos: Divulgao/Arquivo das
artistas
Andr Santangelo
Reiniciar, 2001/2002
Roosivelt Pinheiro tece suas redes de pesca na contracorrente das interfaces eletrnicas. Elabora assim uma identidade de resistncia e traz
tona o reverso desta teia de imaterialidades. As redes que tece em seu
trabalho so parte de um saber sensvel, que sobrevive nas tradies e
nas experincias compartilhadas. O peso das pedras que pendem do teto
em sua instalao a sensvel certeza que contrasta com as imagens
imateriais que fluem nas redes de computadores e so solitariamente
encontradas nesses espaos virtuais.
Roosivelt Pinheiro
Solitrios na/da Rede,
2001/2002
Carla Zaccagnini
[em colaborao com
Keila Costa]
Assentos, 2001
Marta Penner
Lugares Prediletos/Paisagem do No-Evento,
2000/2001
Mais uma vez a rede: sentido absoluto no qual no importa o centro mas
o tempo/espao das conexes. Este espao/tempo sem materialidade ou
densidade transforma os lugares em espaos de passagem. Desprovidos
da densidade do lugar, a chegada suplanta a partida, tudo chega ou
descarregado na mquina sem que seja necessrio partir. Os hotis so
emblemas dessas zonas de passagem, no-lugares na expresso de Marc
Aug, como os aeroportos e estaes so zonas de trnsito.
Marta Penner, por meio de fotografias e na elaborao de um site, interroga o sentido dessas reas de ningum e de todos, onde o particular
prprio s subjetividades e s singularidades d lugar ao uniforme e ao
padronizado, ao mesmo tempo que a memria, nosso mais valioso patrimnio, torna-se souvenir a ser adquirido como objeto barato levado para
casa como remdio paliativo e ineficaz progressiva perda da capacidade
de compartilhar experincias significativas. Ao serem carregados na tela
do computador, esses frgeis souvenirs tambm no permanecem e se
esfacelam. Sugerem, mais uma vez, a progressiva perda da transmissibilidade da experincia, como j anunciava Walter Benjamin, ao comentar
a substituio da narrao pela informao na modernidade. Escreve
Benjamin: Cada manh, recebemos notcias do mundo todo. E, no
entanto, somos pobres em histrias surpreendentes.3 Da incapacidade
de narrar decorre a incomunicabilidade das experincias. A tecnologia
favorece uma relao na qual informao e experincia tm vetores inversos de sentido.
Carlos Mlo
Algo, 2001/2002
Wagner Morales
No H Ningum Aqui #
1, 2000
131
132
SOBRE(A)SSALTOS
encontro com um homem desconhecido. Ao responder ao anncio, colocado anonimamente pelo artista no jornal, a voz explicita nas mensagens
gravadas o isolamento de quem consome anncios e, tal qual sujeito
annimo, encarna o destino de tornar-se objeto-mercadoria.
Nesse sistema de comunicao bsico que a linguagem, os artistas tambm praticam a palavra, isto , no simplesmente escrevem, mas procuram
dotar a palavra de uma densidade originria perdida. Sua mnima unidade
significativa, a letra, torna-se unidade plstica de sentido em vrios trabalhos. Ao valer-se das letras livres de qualquer linearidade ou seqncia lgica, os artistas operam uma escrita sem sintaxe, superpondo e justapondo
palavras, retornando expressividade plstica das letras e potencialidade
expressiva do acaso, como exploraram os poetas concretos.
Divino Sobral desenha histrias e narra palavras. De sua caligrafia surgem desenhos/escrituras que tornam impossvel qualquer divrcio entre
palavra e forma.
Alexandre Vogler constri suas frases com carimbos em tortuosas linhas
que se repetem sem comeo nem fim. A des(organizao) do texto
imputa sentido ao espao em que se instala. Da pgina branca e assptica, lugar privilegiado da escrita, seu gesto/palavra dirige-se ao universo
denso de significados dos lugares onde inscreve/escreve sua ao.
Divino Sobral
Palavras no Meio da
Noite, 2000
Alexandre Vogler
Tudo Sempre Comea
Bem [detalhe], 2000
Rosana Ricalde
Corrente de Papel,
2001
papel
dimenses variveis
Coleo da artista
curadora adjunta
Rosana Ricalde d materialidade ao jogo de letras, como se as palavras fossem as peas e o acaso fosse a regra de um mesmo sistema combinatrio.
Jorge Fonseca tambm opera na busca de uma fuso sensvel e intuitiva
entre imagens e palavras, mas, por sua vez, orienta-se para o sagrado.
A linearidade lgica e a racionalidade da linguagem do lugar, em suas
pinturas e objetos, palavra carregada de um sentido transcendente.
Enfim, ao interrogar os meandros do sistema artstico e suas redes, este
conjunto de obras sugere uma reflexo crtica sobre a pluralidade das
poticas artsticas contemporneas a partir do paradigma comum de
serem, notadamente, interessantes.
artistas
Jorge Fonseca
Os Classificados do
Amor [detalhe], 2001
tecido, acrlica e bordados
220 x 150 cm
Coleo do artista
Alexandre Vogler
Carla Linhares
Ducha
Felipe Barbosa
Graziela Kunsch
Jorge Menna Barreto
Marcelo Cidade
Rosana Ricalde
Cristina Freire
Notas
1. CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. So Paulo: Paz e Terra, 1999. p. 497.
2. KOSUTH, Joseph. Art after philosophy and after. Collected writings, 1966-1990.
Massachusets: MIT Press, 1993. p. 247.
3. BENJAMIN, Walter. O narrador. v. 1. So Paulo: Brasiliense, 1985. p. 203 (Obras escolhidas)
exposio
Belo Horizonte MG
Ita Cultural Belo Horizonte
133
134
colher as flores desse mal; o viajante, quem sabe, encontraria, no labirinto rejeitado por Descartes, o amor de Ariadne. Anjos profanos, distrados,
a deambular pelas ruas indecisas.
So poticas que guardam entre si e as cidades a contaminao e a disperso dos territrios: a flutuao de fronteiras e de significados entre
o autor e o espectador, a arte e o mundo. Uma constituio relativa
que implica e evidencia a trama de relaes na qual esses trabalhos se
inserem, engendram e criticam: uma trama de afetos, sistemas e fenmenos exteriores ao universo soberano e autnomo da arte moderna, s
condies abstratas e ideais de espao e de tempo que esta reivindicava.
Invadindo-se pelas alteridades, deslocam-se para os espaos do mundo,
realizam-se na circunstncia e nos encontros fortuitos, submergem na
entropia urbana.
135
136
Alexandre Vogler
Macumbanonsite
[Trabalho pra Maria
Padilha, Rainha
da Encruzilhada],
2001/2002
performance/instalao
- ptalas de rosa vermelha, pemba branca e
licor de anis
Coleo do artista
O horizonte era essa linha circular que limitava o plano da terra e o cu,
e que colocava aquele que olha no centro do mundo que ela limitava.
Marcelo Cidade compe um horizonte constitudo por centenas de habitantes alinhados na paisagem de cada uma das cidades da mostra, que
o artista rene pela fotografia.
A paisagem foi a fico de um mundo visto por um sujeito universal, que
submeteu os horizontes do mundo a seu olho e sua medida. Que subjugou
todos os desvios: os da carne, os do impensado, os do outro obscuro que
erra nossa volta, a um ponto de fuga referendado por seu olhar, na altura
exata de sua contemplao. O olho que est na origem do quadro. A paisagem se ancora nesse olhar, ordena os espaos e rene, no horizonte, as
disperses de todos os lugares. Horizonte infinito da visualidade o pouso
das distncias impalpveis que apenas a viso toca. A paisagem domnio
do quase in-corpreo. O horizonte para onde todos os lugares se dirigem
e de onde todos os lugares extravasam. Ao mesmo tempo que se somam,
os horizontes de Marcelo se relativizam. Recusam a paisagem como o
mundo submetido a um olhar centralizado, para apresent-la como centenas de horizontes que nos olham e que nos dissipam como unidade.
E se a paisagem o horizonte do lugar, dele difere. O lugar talvez abrigue
os corpos e a memria, a ancoragem cultural ao solo. As intervenes
urbanas de Felipe Barbosa e Rosana Ricalde verificam os processos de constituio e desaparecimento da paisagem, do lugar e da memria na urbe
contempornea, sua dinmica autofgica e mutante. Visibilidade intitula
o muro de 8.000 pes, erguido em uma passagem no centro de Belo
Horizonte. Se o olhar alcana a paisagem por sobre a barreira de pes,
ao corpo interditado o acesso. A alguns quarteires, Leveza conecta-se
Marcelo Cidade
Eu Sou Ele Assim como
Voc Ele Assim como
Voc Sou Eu e Ns
Somos Todos Juntos
[detalhe], 2002
Carla Linhares
Circuito Antivicioso
de Regras Cotidianas,
2000/2002
interveno urbana metal e adesivos
40 x 40 cm
Coleo da artista
Ducha
Laranja, 2000/2002
Felipe Barbosa e
Rosana Ricalde
Visibilidade, 2002
interveno - 8.000
pes e engradado de
madeira
150 x 1.000 cm
Coleo dos artistas
137
138
GRAFIAS DO LUGAR
Graziela Kunsch
Escolha Uma [Belo
Horizonte], 2002
videoinstalao/
performance
200 x 200 cm
Coleo da artista
Marlia Panitz
artistas
Notas
1 DERRIDA, Jacques. Escrever um modo de morar. Projeto, So Paulo, v. 118, n. 118, jan.
/fev. 1989.
2 Leveza foi realizada por Felipe Barbosa e Rosana Ricalde para a exposio Rumos da
Nova Arte Contempornea Brasileira, curadoria de Fernando Cocchiarale, inaugurada em
fevereiro de 2002, simultaneamente a Sobre(A)ssaltos. A referncia pela correspondncia
com a obra Visibilidade.
3 NANCY, Jean-Luc. Jean-Luc Nancy / Chantal Pontbriand: uma conversa. Arte & Ensaios,
Rio de Janeiro, n. 8, p. 147-148, nov. 2001.
Carla Linhares
Fabiana Wielewicki
Glaucis de Morais
Marcelo Feij
Rodrigo Borges
exposio
Belo Horizonte MG
Ita Cultural Belo Horizonte
139
140
Fra Mauro1
Encerrado num mosteiro, esse homem da Renascena produzia seu mapamndi. Pela palavra e pelo desenho, compunha seu documento. No seu
relato, porm, j se achava a chave do que s poderia ser articulado mais
tarde: a inscrio dos lugares a inscrio de uma falta... dela que surgem as grafias do lugar. A descoberta do mundo se fez seguindo mapas
criados pela imaginao dos cartgrafos, alimentada pela narrativa dos viajantes. A geografia, ento, se instituiu como cincia que descreve a superfcie da Terra (e o que se movimenta sobre ela), nascida de uma cartografia
fantstica, onde as fronteiras entre fato e lenda no existiam.
Segundo a genealogia do conceito de espao no Ocidente, retraada por
Michel Foucault,2 na Idade Mdia ele existia por localizao (idntico a
lugar). Galileu, ao demonstrar seu carter infinito, dissolveu os lugares
medievais: extenso suplanta localizao. Hoje, a situao suplanta a
extenso situao definida por relaes de proximidade entre pontos
ou elementos (...).3 O que implica circulao. Se perdemos a garantia da
localizao, o espao contemporneo , por princpio, vazio de lugares
concretos. topolgico. Como estrutura, recebe seus lugares circunstanciais por investimento, por nomeao.
O mapa, que entrelaa o carter efmero dos deslocamentos e a estabilidade de um cdigo que nos possibilita identificar lugares, permeia o
imaginrio contemporneo. Embora o mundo no seja mais vasto como
antes e possamos estar do outro lado do planeta em tempo real sem
sairmos de casa, convm que levemos nossos registros ao fazermos nossas viagens. Talvez seja este o estatuto das grafias: o de marca que
requisita um pertencimento.
A arte contempornea apropria-se desse mtodo: incorpora as indicaes
dos itinerrios de leitura ao seu corpo. Associadas idia de demarcao
(de territrio), de lugar investido simbolicamente pelo artista, as marcas
Carla Linhares
Plexo Urbano, 2002
planta urbana, espelhos
e luz artificial
dimenses variveis
Coleo da artista
Fabiana Wielewicki
Monlogo, 2000
Glaucis de Morais
Linhas de Pensamento,
2000
pregos s/madeira e
texto impresso s/papel
30 x 193 cm
Coleo da artista
Marcelo Feij
Paisagem Urbana So Paulo [detalhe],
2000/2001
141
142
RISVEIS HUMORES
Rodrigo Borges
Banheiro, 2001
Situadas umas em relao s outras, as obras traam sua narrativa composta das narrativas de cada um... Uma nova geografia.
Marlia Panitz
curadora adjunta
Notas
1 COWAN, James. O sonho do cartgrafo meditaes de Fra Mauro na corte de Veneza
do sculo XVI. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. p. 116-7.
2 FAUBION, J.D. (org.) Michel Foucault. Different spaces. In Aesthetics, method and epistemology essential works of Foucault 1954-1984. v. 2. Londres: Penguin Books, 1998.
p. 175-185.
3 Ibid., p. 176.
4 O que lembra a alegoria do vaso, que Lacan toma de Plato, para explicar o processo
de sublimao pela arte: o objeto-receptculo encarado como significante da produo
artstica, como organizao em torno do vazio. In: LACAN, Jacques. Seminrio 7: a tica
em psicanlise. So Paulo: Jorge Zahar, 1997. p. 163.
5 Como Jean-Franois Lyotard define o Museu Imaginrio, de Andr Malraux. In LYOTARD,
Jean-Franois. Assinado, Malraux. Rio de Janeiro: Record, 1998. p. 310.
artistas
Cinthia Marcelle
Frederico Cmara
Graziela Kunsch
Janaina Barros
Leya Mira Brander
Maril Dardot
exposio
Braslia DF
Galeria Athos Bulco
143
144
Transformado em co-autor voluntrio ou no do processo criativo proposto, ao tentar se comunicar sem conhecimento prvio do interlocutor ou
a que se destina a conversa, se insere uma possibilidade ldica que flerta
com o acaso, com a surpresa e o nonsense: encontros e desencontros que
podem estimular situaes fictcias, originais, inusitadas e cmicas.
Gilles Deleuze
O riso adquire aqui sua dimenso social mais plena e defendida por
Bergson: fenmeno contagioso, comunicativo por excelncia, que pressupe a existncia de grupos sociais e seus entrelaamentos. Aquele que
ri necessita da cumplicidade do outro para associar-se a ele no riso e
juntos rirem de si mesmos.
Sobre o humor, at que ponto podemos esperar que seus encantos permaneam intatos, porquanto seus mecanismos e procedimentos sejam
analisados? Ao rirmos, a relao com o objeto de nosso riso que se
acha determinada: aceitao ou recusa, h o pressuposto de que uma
comunicao se estabelea.
A tica social e subjetiva do riso e do humor, estando sempre presente,
no elude a questo sobre o que d o toque risvel aos trabalhos, e nos
conduz incansavelmente sobre a consistncia dos efeitos de humor das
propostas aqui evocadas.
Graziela Kunsch, por meio do latido em Nightshot 3, se pergunta sobre
a possibilidade de novos cdigos universais de comunicao. A incluso
fortuita de pessoas, registrada durante seu percurso pelas ruas de So
Paulo, aponta para uma tendncia em favor da concepo de uma obra
que seja coletiva, visceral, estruturada a partir do confronto direto com
o cotidiano e em total disponibilidade para lidar com a improvisao da
artista e com o risco da reao das pessoas diante da incongruidade e do
burlesco da situao.
Janaina Barros
Conversa entre
Galinhas, 2000/2002
Ao evocar simultaneamente o cotidiano banal e prosaico de pessoas comuns e ali-lo a fatores que contradizem essa idia, o idioma estrangeiro, ela se insere no princpio esttico de composio do
burlesco transformado em princpio ldico e perceptivelmente barroco:
inverter os signos do universo evocado significante e significado ,
tecer uma armadilha ao nosso pensamento lgico, inserir um efeito de
estranhamento e desproporo, provocando a sensao do ridculo e
do inesperado.
Graziela Kunsch
Nightshot 3, 2000
Cinthia Marcelle e
Maril Dardot
Me Liga, 2000/2002
As pequenas gravuras em metal agenciadas como histrias em quadrinhos de Leya Mira Brander se apresentam como um dirio: escrito na
primeira pessoa e em forma de dilogo direto com um hipottico leitor,
evoca uma mirade de sentimentos como ternura, intimidade, receios,
romance, humor, que so poetificados em um tipo de desenho e/ou
escrita que remete incerteza e ao inacabado do rabisco, como se no
se destinassem a ser partilhados. O carter ldico da constante recombinao das matrizes formando novas seqncias de imagens contrasta
com o seu contedo de cunho sentimental e folhetinesco, criando um
sutil efeito de distanciamento; evoca sua faculdade de usar um juzo
crtico em relao aos seus sentimentos, como um tipo de resistncia
iluso, alm apontar para os procedimentos de representao inerentes
linguagem da gravura. Isso mostra como o narrador a artista se situa
145
146
Frederico Cmara
Fate [Destino], Londres,
2001
mini-DV, cor, som, 5 min
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Arquivo do artista
curador adjunto
Cristvo Coutinho
Maria do Carmo de Siqueira Nino
artistas
Arthur Leandro
Daniella Penna
Gabriela Machado
Gustavo Magalhes
Paula Krause
exposio
Belo Horizonte MG
Ita Cultural Belo Horizonte
147
148
A cumplicidade na ausncia do sujeito, sobre o domnio da representao e sua desapario, faz do objeto um acontecimento nico, o que
torna esses artistas participantes de desdobramentos e de uma quebra
de simetria visual. Combinando saturao esttica e nostalgia do objeto
perdido da pintura, so idias de elementos simples e de abstrao direta
na linha da modernidade.
Paula Krause
Sem Ttulo, 1999/2002
Gabriela Machado
Sala dos Fios [detalhe],
2001/2002
Daniella Penna
No Adianta Faltar ao
Enterro [detalhe], 2000
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150
PUPILAS DILATADAS
Arthur Leandro
No-Negativo, 2002
Gustavo Magalhes
Portal 2, 2000/2002
curador adjunto
Paulo Schmidt
artistas
Cristvo Coutinho
Beatriz Pimenta
Elisa Queiroz
Enrico Rocha
Martinho Patrcio
Rosana Ricalde
exposio
Recife PE
Fundao Joaquim Nabuco
151
152
Enrico Rocha
Insnia, 2001
Elisa Queiroz
Namoradeira,
2000/2002
Martinho Patrcio
Mscara 1, 2001
Com seus variados significados compreendendo elemento manufaturado de tecido, intriga, cerzidura malfeita, namoro impudente , a palavra
fuxico nomeia o elemento-base para os trabalhos de Martinho Patrcio.
Nomeados como Mscaras pelo artista, esses mosaicos de cetim resultam
em cones de fetiche evocando irrefrevel luxria. a mscara com a qual
o sujeito oculta sua identidade e chancela sua fantasia.
Rosana Ricalde
"Feliz o Sndalo que
Perfuma o Machado que
o Fere", 2001/2002
153
154
O DESCONFORTO DA FORMA
A leitura dos trabalhos nesta exposio no deve e nem pode ser tomada
como conclusiva. Minha inteno multiplicar os significados diante da
complexidade dos significantes. A arte, como toda linguagem, depende
de interpretaes que a tornem sempre mais desejvel. Seja entendida
esta curadoria como a construo de um discurso que vem a partir da
obra de arte e no antes dela.
Paulo Schmidt
curador adjunto
Eduardo Frota
artistas
Felipe Barbosa
Joo Loureiro
Luiz Carlos Brugnera
Raquel Garbelotti
Rodrigo God
exposio
Campinas SP
Ita Cultural Campinas
Espao de Fotografia e Novas Mdias
155
156
que est sob o feixe de luz. Mas no sexto verso abre espaos em branco
entre as palavras dobrado, livros e chaveiro. Adiante, a cabeceira da
cama abre-se numa grande fenda e suga do mundo um sujeito possvel
de reinveno e seu itinerrio, que se interrompe num outro espao em
branco, para esbarrar nas imagens, tambm j decodificadas, de um relgio (o demarcador do tempo ou da falta dele) e de um copo (que pode
ser pensado aqui como a idia de abandono, de algum que esteve). Fora
do feixe de luz h muito a ser pensado pela possibilidade de significaes
dos objetos reposicionados.
sobre essa reposio dos objetos que o poema se articula muito mais
como passagem de percepes e informaes diversificadas e menos
como reduto de permanncia formal, to cara tradio construtiva
moderna. nessa fragmentao de significados que o objeto se v
imerso num mundo de contradies e se potencializa a partir dos atritos
que nele so evocados, e no em sua mera ordenao lgica.
Joo Loureiro
Sinuca, 2000
Felipe Barbosa
Terra Semeada,
2001/2002
cama de madeira e terra
semeada
160 x 190 x 150 cm
Coleo do artista
Em cima da cmoda
uma lata, dois jarros, alguns objetos
entre eles trs antigas estampas
Na mesa duas toalhas dobradas
uma verde, outra azul
um lenol tambm dobrado livros chaveiro
Sob o brao esquerdo
um caderno de capa preta
Em frente uma cama
cuja cabeceira abriu-se numa grande fenda
Na parede alguns quadros
Um relgio, um copo
Esse poema lista objetos da casa. Esta, por sua vez, j reposicionada,
tomada no mais como lugar de estar, mas como lugar de passagem. O
inventrio construdo por Alvim aparentemente objetivo, s existe o
Raquel Garbelotti
Sistema Reverso,
2001/2002
157
158
O DISCURSO DO CHOQUE
Rodrigo God
Sem Ttulo [srie],
1999/2000
Eduardo Frota
curadora adjunta
Juliana Monachesi
artistas
Ana Laet
Andr Santangelo
Bruno de Carvalho
Caetano Dias
Odires Mlszho
exposio
Curitiba PR
Museu de Arte da Universidade Federal do Paran
159
160
morturias de sinistra beleza. Nessa srie, os rostos das mulheres ressurgem envelhecidos, submersos, sufocados e cegos. A beleza em
estado terminal destituda de olhar, ou tem seus olhos voltados para
o interior. Segundo Freud, no texto Das Unheimliche,2 em que analisa
o fenmeno do familiar reprimido que retorna, o medo de ferir ou
perder os olhos um dos mais recorrentes em crianas, conservado por
muitos adultos, e funciona como um substituto do temor de ser castrado. O autocegamento do criminoso mtico dipo, escreve Freud, era
uma atenuao do castigo da castrao. As figuras cegas de Mlszho
fazem o terror do real brilhar.
Andr Santangelo
Sobre os Olhos e as
Gotas, 2000/2002
instalao - aqurios,
peixes, cristal, sal grosso, TV e vdeo
dimenses variveis
Coleo do artista
Caetano Dias
Todos os Santos de
Todos os Dias, 2001
fotografia digital
125 x 201 cm
Coleo do artista
Bruno de Carvalho
Vis-ita, 2001/2002
videoinstalao
dimenses variveis
Coleo do artista
Odires Mlszho
Antecmara da Mscara
VIII, 2001
Ana Laet
Voc o que Voc
Come, 2001/2002
161
162
ABERTURA E ECOS
Juliana Monachesi
curador adjunto
Cleomar Rocha
artistas
Arthur Leandro
Caetano Dias
Enrico Rocha
Luciano Mariussi
Marta Penner
Notas
1 O termo real utilizado neste texto fundamenta-se na teorizao do crtico de arte Hal
Foster em seu livro The Return of the Real. Cambridge: The MIT Press, 1996.
2 A verso utilizada neste texto de 1919 da traduo do ingls The Uncanny na Edio
Standard Brasileira, volume 17. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1969.
exposio
Campinas SP
Ita Cultural Campinas
Espao de Fotografia e Novas Mdias
163
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A mostra apresenta trabalhos de cinco artistas que discutem seus universos poticos na dimenso da obra isolada, mas que em conjunto
possibilitam observar a abertura da obra no nvel estrutural para contemplao, explorao e interao e no plano semntico, mais caro ao
produto artstico.
Luciano Mariussi
Unfriendly, 2000
software
Execuo: Srgio Luiz
dos Santos
Coleo do artista
Marta Penner
Lugares Prediletos/Paisagem do No-Evento,
2000/2001
Caetano Dias
Sobre a Virgem, 2001
fotografia digital [dptico]
125 x 210 cm
Coleo do artista
No conjunto de obras, as aberturas semnticas, que solicitam do apreciador uma complementao de sentido, tornam-se as vozes que ecoam e
permanecem, independentemente da abertura estrutural, tcnica.
Enrico Rocha
Insnia, 2001
Todos os trabalhos apresentados, eletrnicos e computacionais, tangenciam ou centralizam a questo da arte e tecnologia; sugerem, no conjunto,
uma leitura do desenvolvimento cronolgico das tcnicas de produo de
imagem que inscrevem o desenvolvimento tecnolgico da arte. Contudo,
faz-se mister descartar tal possibilidade, e mesmo question-la, uma vez
que a reunio das obras no eixo da expresso contempornea elege o
veio das significaes criadas na subjetividade do confronto obra/apreciador pela recepo da obra. A abertura aqui tida a partir do fenmeno perceptivo da obra. E essa abertura que possibilita o seu ecoar
nas muitas mentes que a encontram, e que com ela dialogam.
Cleomar Rocha
Arthur Leandro
Aqum do Eu - Alm do
Outro, 2000/2002
videoinstalao
220 x 300 x 300 cm
Coleo do artista
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ESTRANHAMENTO
Com base na proposta dos curadores, adjuntos e coordenadores, do programa Rumos Ita Cultural Artes Visuais 2001/2003, procurei pensar
e reunir obras de arte visando propiciar ao espectador uma aproximao e
compreenso especficas da arte na contemporaneidade. Esta exposio,
tendo por ponto de partida a idia de estranhamento, apresenta-se como
um espao para a discusso e reflexo artsticas, lugar da tenso do
inusitado e da permanente ressignificao das coisas. Faz tambm uma
aposta no papel da arte como entendimento de nossa poca.
curador adjunto
Paulo Reis
artistas
Adriana Boff
Fabiana Wielewicki
Gabriele Gomes
Letcia Cardoso
Marcelo Cidade
exposies
Campinas SP
Ita Cultural Campinas
Espao de Fotografia e Novas Mdias
Curitiba PR
Museu de Arte Contempornea do Paran
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Marcelo Cidade
Eu-Horizonte 6, 2000
fotografia
40 x 60 cm
Coleo do artista
Ambos os olhares, do surrealismo e de Duchamp, so dois dos fundamentos da exposio Estranhamento, que, se a princpio, apresenta o
fazer artstico como uma inquietao e pesquisa de novos olhares, tambm afirma e reflete a relao, sempre renovada, entre arte e vida.
Paulo Reis
Adriana Boff
Imagem Aurora [srie
Obscuras Refrigeradas],
2000/2001
Fabiana Wielewicki
Sem Ttulo [srie
Paralaxe], 2000
fotomontagem
91 x 206 cm
Coleo da artista
Gabriele Gomes
Travesseiro no Mar,
2001
Letcia Cardoso
Oua-Te, 2000
espelho e estetoscpio
50 x 300 cm
Coleo da artista
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BIBLIOGRAFIA
_______. Marcel Duchamp: engenheiro do tempo perdido. So Paulo. Perspectiva,1987. (Debates, 200).
171
172
JOSELIT D.; SIMON J.; SALECI R. Jenny Holzer. London: Phaidon, 1998.
FOREST, Fred. Art et thique pour un art actuel. Colquio Artes, Lisboa, n. 108, 1996.
SALO Pernambucano de Artes Plsticas 2000. Recife: Secretaria Estadual de Cultura, 2000.
GROYS B.; ROSS D.; BLAZWICK I. Ilya Kabakov. London: Phaidon, 1998.
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NDICE ONOMSTICO
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MALHADO, Maxim (Maxim Pereira Malhado) 30, 87, 112, 122, 126
MALRAUX, Andr 142
MALTA, Wagner (Wagner Malta Tavares) 99
MARCELLE, Cinthia (Cinthia Marcelle de Miranda Santos) 30,
44, 114, 127, 130, 143, 144
MARIUSSI, Luciano (Luciano Augusto Mariussi) 30, 79, 114, 127,
129, 163, 165
MAROJA, Arthur Leandro de Moraes (ver LEANDRO, Arthur)
MARQUES, Fabiano (Fabiano Neves Marques Pereira) 30, 56,
112, 122, 125
MARX, Karl 117
MAURO, Fra 140
McEWAN, Ian 160
MEIRELES, Cildo (Cildo Campos Meirelles) 113
MLO, Carlos (Jos Carlos de Mlo) 30, 43, 114, 127, 130
MERLEAU-PONTY, Maurice 130
MICOSKI, Jos Odires (ver MLSZHO, Odires)
MLSZHO, Odires (Jos Odires Micoski) 30, 88, 110, 159, 160, 161
MONACHESI, Juliana (Juliana Monachesi Ribeiro) 7, 16, 18,
100, 102, 107, 159, 162
MONTEIRO, Paulo (Paulo Bacellar Monteiro) 18
MORAES, Alexandre Vogler de (ver VOGLER, Alexandre)
MORAIS, Glaucis de (Glaucis de Morais Almeida) 30, 64, 112,
122, 124, 139, 141
MORALEIDA, Pedro (Pedro Moraleida Bernardes) 44
MORALES, Wagner (Wagner Perez Morales Jnior) 30, 99, 114,
127, 131
MOREIRA, Jailton (Jailton Marenco Moreira) 7, 23, 100, 101,
107, 122, 126
MOREIRA, Suzi Coralli (ver CORALLI, Suzi)
NANCY, Jean-Luc 138
NAVES, Rodrigo (Rodrigo Figueira Naves) 71, 102
NEVES, Marta (Marta Cristina Pereira Neves) 30, 84, 114, 127, 129
NINO, Maria do Carmo de Siqueira 7, 26, 100, 103, 107,
143, 146
NUNES, Marcelo Cidade Teixeira (ver CIDADE, Marcelo)
OITICICA, Hlio 112
PACKER, Amilcar (Amilcar Lucien Packer Yessouroun) 30, 33,
112, 122, 124, 125
PAES, Jos Paulo (Jos Paulo Paes da Silva) 158
PANCETTI, Jos (Giuseppe Gianinni Pancetti) 15
PANITZ, Marlia (Marlia Panitz Silveira) 7, 24, 100, 103, 107,
139, 142
PATRCIO, Martinho (Martinho Patrcio Leite) 30, 86, 114, 151, 153
PAZ, Octavio 167
PENNA, Daniella (Daniella Maria Penna Soares) 30, 48, 110, 147, 149
PENNER, Marta (Marta Penner da Cunha) 30, 85, 110, 127,
131, 163, 165
PEREIRA, Fabiano Gonalves (ver GONPER, Fabiano)
PEREIRA, Fabiano Neves Marques (ver MARQUES, Fabiano)
PIMENTA, Beatriz (Beatriz Pimenta Velloso) 30, 37, 110, 115,
118, 151, 153
177
179
179
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Presidente de Honra
Olavo Egydio Setubal
Presidente
Mil Villela
Itaulab
Marcos Cuzziol
Vice-Presidentes Seniores
Joaquim Falco
Jorge da Cunha Lima
Vice-Presidentes Executivos
Alfredo Egydio Setubal
Ronaldo Bianchi
Diretores Executivos
Antonio Carlos Barbosa de Oliveira
Antonio Jacinto Matias
Cludio Salvador Lembo
Mal Pereira de Almeida
Renato Roberto Cuoco
Superintendente Administrativo
Walter Feltran
Superintendente de Atividades Culturais
Eduardo Saron
Superintendente de Pesquisas e Projetos
Jos Roberto Sadek
Ncleo Administrativo
Christiano Neves
Ncleo de Ao Educativa
Renata Bittencourt
Ncleo de Artes Cnicas
Sonia Sobral
Ncleo de Artes Visuais
Marcelo Monzani
Ncleo de Cinema e Vdeo
Roberto Moreira S. Cruz
Ncleo de Comunicao
Eduardo Saron
Ncleo de Literatura
Lus Camargo
Ncleo de Msica
Edson Natale
Ncleo de Comunicao
Coordenao
Eduardo Saron
Produo Executiva
Janaina Chaves
Edio e Reviso de Textos
Celina Oshiro
Marco Aurlio Fiochi
Design e Produo Grfica
Roberto Carneiro
Sheila Ferreira
Yoshiharu Arakaki
Assessoria de Imprensa
Babi Borghese
Assessoria de Imprensa Rumos Artes Visuais
Texto Intermdia
Estagirios
Carlos Geraldo Temteo Pereira
Maurcio Aoad Gimenez
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Mapeamento nacional da produo emergente : Rumos Ita Cultural Artes Visuais 2001/2003 /
Coordenao Fernando Cocchiarale, Cristina Freire, Jailton Moreira, Moacir dos Anjos -So Paulo : Ita Cultural, 2002.
180 p. : fotos color.
ndice Onomstico
Biografias
ISBN n 85.85291-35-4
1. Artes visuais 2. Arte contempornea 3. Brasil 4. Artistas Brasileiros 5. Biografia
CDD 709.049