MapeamentoProducaoEmergente RumosItau2001-2003

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MAPEAMENTO NACIONAL

DA PRODUO EMERGENTE

2001/2003

MAPEAMENTO NACIONAL
DA PRODUO EMERGENTE

2001/2003

MAPEAMENTO NACIONAL
DA PRODUO EMERGENTE

2001/2003

SUMRIO

Mapeamento Nacional da Produo Emergente

Diagnsticos das Regies Mapeadas


Nordeste e Sudeste
Norte e Sudeste
Sul, Nordeste e Norte
Centro-Oeste e Nordeste

9
10
16
21
24

Artistas

29

Curadores

100

Mostras
Rumos da Nova Arte Contempornea Brasileira
Entre o Mundo e o Sujeito
Poticas da Atitude: O Transitrio e o Precrio
Arte: Sistema e Redes
Sobre(A)ssaltos
Grafias do Lugar
Risveis Humores
Manifesto das Indiferenas
Pupilas Dilatadas
O Desconforto da Forma
O Discurso do Choque
Abertura e Ecos
Estranhamento

105
106
115
122
127
133
139
143
147
151
155
159
163
166

Bibliografia

170

ndice Onomstico

174

MAPEAMENTO
NACIONAL
DA PRODUO
EMERGENTE

O programa Rumos Ita Cultural Artes Visuais,


desenvolvido pelo Instituto Ita Cultural, por
intermdio do Ncleo de Artes Visuais, uma
atividade de incentivo a jovens artistas. Os participantes iniciaram sua trajetria profissional na
dcada de 1990 e trabalham com fotografia,
instalao, videoinstalao, escultura, objeto, pintura, gravura, desenho, site specific (obras cujo
formato varia de acordo com o local em que so
montadas), intervenes urbanas ou no espao
expositivo e novas tecnologias.
O programa tem como principal objetivo colaborar
no processo de formao dos artistas e curadores
participantes, recm-surgidos no circuito artstico.
Tambm proporciona ao pblico referenciais para
a leitura da obra contempornea, por meio de
exposies e de textos crticos-curatoriais publicados em materiais grficos que acompanham cada
mostra. Contribui desta maneira para o aprofundamento de conceitos artsticos e significados
estticos, atuando como um instrumento para a
educao do olhar e do pensamento crtico sobre
a cultura do pas.
Com base no conceito de que o confronto das
produes regionais refora a multiplicidade e a
riqueza da arte brasileira, a cada edio do programa
so selecionados artistas e indicados curadores de
vrias partes do pas. Ganha destaque assim a arte
feita alm do tradicional circuito representado pelas
cidades de So Paulo e do Rio de Janeiro.
Na edio 2001/2003 do programa, a abrangncia
nacional foi reforada ainda em seu cronograma
de mostras, que, alm de terem sido apresentadas
nas unidades da rede fixa Ita Cultural, tiveram
lugar, por intermdio de parcerias, em instituies
culturais escolhidas por sua reconhecida atuao
como centros difusores de cultura nas localidades
em que esto sediadas e em suas regies. Dessa
forma, o pblico pde tomar contato com a cultura e a arte de lugares diferentes e estabelecer
contrapontos e semelhanas.

As instituies culturais regionais, alm de locais


privilegiados para a exibio das mostras, assumiram outro papel de relevada importncia na
dinmica do programa. Atuaram como parceiras
do Instituto na complexa logstica de recebimento
dos portflios de artistas, disponibilizando sua
infra-estrutura fsica e operacional para que o
material fosse adequadamente armazenado e
pudesse ser pesquisado pela equipe curatorial.
Foi composta equipe curatorial com coordenao
geral de Fernando Cocchiarale, curador do Museu
de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Participam da
equipe trs curadores-coordenadores Cristina
Freire, integrante do corpo curatorial do Museu
de Arte Contempornea da Universidade de So
Paulo; Moacir dos Anjos, curador do Museu de
Arte Moderna Alosio Magalhes, do Recife; e
Jailton Moreira, criador do Torreo, espao independente voltado para a arte contempornea,
em Porto Alegre e nove curadores adjuntos
Cleomar Rocha [BA], Cristvo Coutinho [AM],
Eduardo Frota [CE], Juliana Monachesi [SP], Maria
do Carmo de Siqueira Nino [PE], Marlia Panitz
[DF], Marisa Flrido Cesar [RJ], Paulo Reis [PR] e
Paulo Schmidt [MG].
A edio iniciou-se com a publicao de edital e
regulamento, em maro de 2001, e com a realizao de uma ampla pesquisa, denominada Mapeamento Nacional da Produo Emergente. Dividiuse o pas em nove regies, que foram visitadas
pelos curadores adjuntos. Nessas visitas, foram
levantados dados sobre cidades que so plo de
atrao cultural e as condies em que ocorre o
ensino formal e informal da arte nesses locais; os
espaos expositivos, o mercado, o circuito artstico
e a escoagem da produo; a circulao e a troca
da informao artstica; as aparelhagens e a infraestrutura cultural; a presena ou ausncia de
atividade crtica e curatorial; as caractersticas da
produo; e as expectativas dos artistas em relao
ao programa. As informaes do mapeamento
geraram diagnsticos que, sintetizados, esto

presentes nos textos analticos dos curadores-coordenadores e do coordenador da equipe curatorial,


que seguem este prefcio.
Alm da indicao, com base no mapeamento,
de artistas para integrar esta edio, o elenco
formou-se com o recebimento de 1.495 inscries
espontneas de todo o Brasil. Aps anlise dos
portflios, a equipe curatorial selecionou 69 artistas, residentes e atuantes em 16 Estados e no
Distrito Federal, para participar do cronograma de
exposies. Outros 292 artistas mapeados faro
parte de um banco de dados e imagens, que ser
disponibilizado no site www.itaucultural.org.br.
Os critrios adotados na seleo final foram a
qualidade das obras de cada inscrito; a coerncia
entre o resultado visual e o conceito proposto; o
grau de experimentao do discurso e da potica; o uso de novas mdias; a permeabilidade da
obra, sua contaminao ou resistncia a outras
linguagens; a adequao da mdia ao discurso;
a consistncia da pesquisa empreendida para a
concepo dos trabalhos; e o estgio de formao
especfica dos artistas.
Um workshop organizado para apresentar a
dinmica de atuao do programa reuniu, durante
uma semana, em fevereiro de 2002, os 69 artistas
e a equipe curatorial, na sede do Ita Cultural.
Esse evento proporcionou a troca de experincias
artsticas entre os participantes e o aprofundamento de temas da arte contempornea, apresentados em palestras por filsofos, socilogos,
artistas, curadores e representantes de instituies
culturais.
De fevereiro a abril de 2002, foi realizada,
em parceria com a Fundao Clvis Salgado
Palcio das Artes, em Belo Horizonte, a exposio Rumos da Nova Arte Contempornea
Brasileira, que abriu o cronograma de mostras e
reuniu todos os artistas desta edio, sob curadoria de Fernando Cocchiarale. No decorrer do

ano de 2002 e at o primeiro trimestre de 2003,


sero realizadas quinze mostras em espaos culturais brasileiros, com curadoria dos nove curadores adjuntos (exposies de pequeno porte) e
dos trs curadores-coordenadores (exposies de
mdio porte).
Com o objetivo de contribuir para o aprimoramento da formao artstica dos participantes,
estabeleceu-se convnio entre o Ita Cultural
e o Consulado Geral da Frana, em So Paulo.
Sob coordenao da Direction des Affaires Culturelles, Paris, rgo ligado ao Consulado, foi oferecida uma bolsa ateli-residncia a um dos artistas desta edio, entre maro e abril de 2002, na
Cit ds Arts, Paris. A seleo dos candidatos
bolsa levou em conta critrios como a pesquisa
dos conceitos de arte contempornea, a linguagem empregada em suas obras, a capacidade de
reflexo sobre a produo e a formao artstica
e insero no circuito das artes.
Este livro encerra as atividades da edio 2001/2003
do programa. Os textos que compem a publicao constituem um amplo levantamento das
condies em que se faz a arte contempornea
brasileira, ressaltando a densidade potica das
obras dos participantes, alguns deles provenientes de localidades em que o processo e o circuito
artsticos so prticas ainda incipientes.
Cabe aqui agradecer o apoio recebido de instituies com as quais o Instituto estabeleceu parcerias para a apresentao das mostras, que, alm
de cederem sua infra-estrutura fsica e operacional
para que os eventos pudessem ocorrer da forma
mais satisfatria possvel, atuaram efetivamente
na difuso dos conceitos do programa, bem
como das obras, artistas e curadores. So elas
Fundao Clvis Salgado Palcio das Artes, Belo
Horizonte; Fundao Joaquim Nabuco, Recife;
Galeria Athos Bulco, Braslia; Museu de Arte
Contempornea do Paran, Curitiba; Museu de
Arte da Universidade Federal do Cear, Fortaleza;

e Museu de Arte da Universidade Federal do


Paran, Curitiba.
Registre-se tambm a prospeco realizada junto
de outras instituies que, apesar da frutfera troca,
devido a contingncias operacionais no puderam
abrigar mostras Centro Drago do Mar de Arte e
Cultura e Centro de Artes Visuais Raimundo Cela,
Fortaleza; Fundao Casa Frana-Brasil, Museus
Castro Maya Museu do Aude e Pao Imperial,
Rio de Janeiro; Museu de Arte Contempornea,
Niteri; Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado
Malagoli, Pinacoteca da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul e Espao Cultural Usina do
Gasmetro, Porto Alegre; Fundao Cultural de
Curitiba, Curitiba; e Fundao Jaime Cmara,
Goinia.
Com o programa Rumos Ita Cultural Artes
Visuais, o Ita Cultural cumpre o importante
papel de democratizar o acesso cultura e fomentar a diversidade cultural e social do Brasil.

Instituto Ita Cultural


So Paulo, dezembro 2002
-

DIAGNSTICOS DAS
REGIES MAPEADAS

10

Nordeste
e Sudeste
Alagoas, Bahia e Sergipe
Curador adjunto Cleomar Rocha
No mapeamento regional decidiu-se pela visita s
capitais dos Estados de Alagoas, Bahia e Sergipe e a
algumas cidades do interior baiano, considerando-se as
atividades artsticas de produo e as exposies regulares nas localidades em questo. As visitas ocorreram ao
longo dos meses de maro a maio de 2001.

Alagoas/Macei
Em Alagoas, no h curso superior de artes plsticas, apenas alguns cursos bsicos na rea. A falta
de atividades de formao artstica dificulta o
surgimento de nomes na cidade, e a ausncia de
exposies significativas no contexto contemporneo torna nulo o envolvimento dos artistas com
temticas e questes relacionadas arte atual. Os
poucos artistas que despontam vm de formao
superior em reas afins, como arquitetura e comunicao, e normalmente sintonizam sua produo
a partir de viagens ao Recife, a Salvador, a So
Paulo e Europa.
Existem tambm espaos culturais como a Pinacoteca Universitria, ligada Universidade Federal
de Alagoas, Ufal, com trs salas para exposies.
A Ufal no mantm cursos de graduao em arte,
oferecendo, esporadicamente, alguns poucos cursos de extenso. A universidade no tem nenhum
projeto de desenvolvimento na rea.
O Servio Social do Comrcio, Sesc, tem um espao bem interessante, prximo ao centro da cidade,
com teatro, salas de treinamento e galeria de arte.
A galeria pequena, o que dificulta a montagem
de uma boa exposio.

Bahia/Salvador
A capital do Estado passa por um perodo de transio, bastante necessria, no mbito das artes
visuais. Um grupo de artistas dos anos 1960, apadrinhado pelo Estado, manteve a rea de artes
plsticas relegada a uma cultura visual desatualizada.
O grupo, hermtico para novos nomes, dominava
os setores educacionais - a Escola de Belas Artes
da Universidade Federal da Bahia, EBA/UFBA - e as
polticas pblicas dos governos estadual e municipal,
alm da rea comercial de arte. Sua influncia foi
determinante para que novos nomes no alcanassem espao ou projeo. Sob nova direo, a EBA foi
retomada como centro de formao na Bahia.
Entre as instituies de formao, apenas a EBA/
UFBA mantm um curso de graduao em artes
plsticas, contando com vrias oficinas. A escola passou por uma fase considerada negra. A
recuperao est sendo feita com o auxlio da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS,
que disponibiliza alguns de seus professores para
o curso de mestrado da escola baiana, reaberto
em 2000. Ademais, outras iniciativas, tomadas por
instituies privadas, no conseguiram manter-se.
Os artistas da nova gerao buscam espaos para
mostrar seu trabalho e encontram dificuldade em
seu prprio territrio e mais ainda nos principais
eixos do circuito nacional de arte. A alternativa para
muitos tem sido a participao nos sales regionais,
que efetivamente esto longe de ser um espao legtimo da arte. No h crticos em atividade na Bahia.
A grande contribuio do Museu de Arte Moderna
da Bahia, MAM, d-se pela manuteno de seus
espaos de exposio, que recebem boas mostras
e onde se realiza anualmente o Salo MAM-Bahia
de Artes Plsticas, um dos melhores do pas. Os
artistas vem com preocupao o espao do
Museu, que no tem uma poltica de valorizao
de artistas baianos e conseqentemente no afina
suas relaes com a classe como um todo.

Algumas galerias comerciais mantm exposies


de seus representados, mas no conseguem projeo ou inferncia na produo contempornea.
Dos espaos, a atuao e a importncia se restringem verdadeiramente ao MAM, Associao Cultural Brasil Estados Unidos, ACBEU, e ao Instituto
Cultural Brasil Alemanha, ICBA. Recentemente
foi aberta uma sala de exposies na escola da
Aliana Francesa, que pretende desenvolver trabalho anlogo. Contudo, pelas primeiras mostras
ali realizadas, falta uma dimenso crtica para se
nivelar aos outros espaos.

Bahia/Vitria da Conquista
A cidade de Vitria da Conquista, interior baiano,
apresenta uma expressiva produo em relao
ao seu tamanho. A base da atividade o Museu
Regional de Artes, ligado Fundao Cultural do
Estado da Bahia e responsvel pela edio de um
Salo Regional de Artes Plsticas. Rene vrios artistas, acometidos do mesmo mal que assola Feira de
Santana: produes de qualidade duvidosa, mas que
colecionam prmios. Questes como inovao, diferente e choque ainda so tidas como parmetro para
a valorizao da arte. Em conseqncia, vrios trabalhos no passam de deprimentes estudos vazios.

Bahia/Feira de Santana
Feira de Santana, a principal cidade do interior baiano, conta com um grupo de artistas interessados
em atividades de formao em arte contempornea,
vistos na movimentao do Centro Universitrio de
Cultura e Arte, Cuca, ligado Universidade Estadual
de Feira de Santana, Uefs. Tendo a sua volta os mais
atuantes artistas locais, o Cuca exerce o papel de um
verdadeiro centro cultural.
De modo geral, os artistas no tm uma orientao de formao ou informao em Feira
de Santana. Os trabalhos so, em sua maioria,
formal, conceitual ou tecnicamente imaturos. A
produo na cidade est basicamente voltada
para os sales regionais, que possibilitam a
exposio de trabalhos e premiam alguns artistas.
A Uefs no tem nenhum curso na rea. Mantm
apenas um curso de extenso em desenho, que
beira o desenho tcnico e no consegue avanar
no campo artstico. Contguo ao Cuca est o
Museu Regional de Artes, que mantm um acervo
de artistas locais e uma bela coleo de desenhos
ingleses do sculo XIX.

Entre as instituies, o Museu Regional de Artes


um espao de atuao referencial, onde se pretende criar uma biblioteca para os artistas. Concentra
uma pequena galeria (sem recursos para exposies maiores), um teatro, alm de algumas salas
de aula.

Bahia/Ilhus
Em Ilhus, Bahia, a atividade cultural e artstica
baseada no turismo, sem outras preocupaes. Seus
espaos so quase inexistentes e a atividade em artes
visuais se restringe a uns poucos artistas de pouca
qualidade. Foi possvel conhecer alguns trabalhos expostos em uma livraria e na associao dos artistas.
Entre as instituies, a Casa dos Artistas concentra
alguns artistas e um nmero maior de artesos. A
instituio, que funciona em uma sala no quarteiro Jorge Amado, no tem espao para exposies
nem se dedica formao.

Sergipe/Aracaju
A cidade tem tambm um Museu de Arte Contempornea, com trs salas de exposio - uma
maior e duas menores. No h nenhuma orientao
seletiva para a ocupao das galerias do museu.

A cidade de Aracaju conta com uma produo


bem pequena e tmida em arte. A ausncia de
cursos e atividades culturais acaba por inibir pre-

11

12

tenses maiores. A Universidade Federal de Sergipe,


UFSE, mantm o Centro de Cultura e Arte, Cultarte,
responsvel pelas atividades culturais da universidade.
Contudo, a atividade desenvolvida ali mnima, em
funo do que dispe. O Cultarte est alojado num
velho casaro no centro da cidade, com duas amplas
salas para exposies, duas salas de aula e um anexo
onde funciona a parte administrativa. O velho casaro encontra-se em pssimo estado de conservao,
impossibilitando sua ocupao. H um projeto de
criao de um museu nesse espao, cuja reforma
est na dependncia de liberao da verba. Por isso,
a primeira exposio que deveria ocupar o espao,
montada h meses, no pde ser aberta visitao.

svel pela formao de artistas no Estado do


Esprito Santo. A regio sofreu uma grande perda
com a interrupo dos Festivais de Vero promovidos pela prpria universidade na cidade de Nova
Almeida, onde se estabeleciam contatos entre
artistas capixabas e os dos demais Estados.

A cidade tem poucas galerias, quase desconhecidas. A populao tambm no d mostras de


conhecimento da atividade artstica desenvolvida
ali, fato curioso numa cidade pequena.

No que se refere s instituies culturais, deve-se


ressaltar a atuao de duas delas, que, em nichos
distintos, tm colaborado incisivamente no circuito
cultural capixaba.

Alm do Cultarte, um novo espao cultural pode


ser utilizado para atividades de formao em arte.
Localizada na praa da Matriz, a Galeria lvaro
Santos tem sala de exposies e instalaes para
cursos e palestras. Sua administrao fica a cargo da
Fundao Municipal de Cultura, Turismo e Esportes
de Aracaju, Funcaju, e est aberta a propostas de
mostras e eventos culturais. Sem espaos adequados para exposies, o Servio Social da Indstria,
Sesi, mantm cursos de desenho e pintura para iniciantes. A cidade de Aracaju, ao contrrio de Macei,
no tem nenhuma relao histrica com arte e
totalmente destituda de referncias artsticas.

A Casa Porto das Artes, ligada Capitania dos


Portos, vem desenvolvendo importante poltica
de difuso e fomento s artes plsticas por meio
de uma programao contnua e da promoo do
Salo do Mar, que hoje o principal evento de
carter competitivo, abrangendo os Estados de
Minas Gerais e do Esprito Santo.

Esprito Santo e Minas Gerais


Curador adjunto Paulo Schmidt

Esprito Santo/Vitria e Vila Velha


O curso de artes da Universidade Federal do
Esprito Santo, Ufes, atualmente o nico respon-

Vitria e Vila Velha contam com um pequeno


nmero de galerias de arte institucionais e por
intermdio desses espaos que o circuito expositivo
se d. Nota-se que a maior parte da programao
de eventos constitui-se de exposies concebidas
e organizadas por grupos de artistas, como numa
reao escassa iniciativa institucional.

O Museu Ferrovirio Vale do Rio Doce, inicialmente


um museu temtico, mantm uma sala e um grande
galpo dedicados a mostras de arte contempornea,
viabilizando exposies de artistas brasileiros, acessveis no apenas aos artistas e estudantes da rea,
mas tambm ao pblico infanto-juvenil e escolar,
por meio de seu programa de ao educativa.
O Museu de Arte do Esprito Santo, Maes, vem concentrando esforos no Programa de Ao Educativa
com a comunidade, ao mesmo tempo que se
empenha na constituio de uma biblioteca/banco
de dados de artes plsticas e na preparao da
reserva tcnica para ampliao de seu acervo,
podendo tornar-se um importante ncleo de pesquisa e de difuso das artes plsticas no Estado.

Minas Gerais/Belo Horizonte


A capital do Estado tem hoje um grande nmero
de galerias e espaos destinados arte contempornea. O ensino, porm, mantm-se restrito
a duas escolas universitrias: a Escola de Belas
Artes da Universidade Federal de Minas Gerais,
EBA/UFMG, e a Escola Guignard da Universidade
do Estado de Minas Gerais. Esta ltima parece
atravessar uma crise de identidade relacionada a
diversas mudanas a que se submeteu na dcada
passada.
Embora ambas estejam contribuindo enormemente para a formao de artistas voltados s
questes da contemporaneidade, prevalece ainda
na cidade uma produo bastante conformada
aos nichos de comercializao mais imediata e de
fcil circulao.
A produo emergente, como em outros tempos,
padece de mecanismos mais eficientes para sua
difuso, como publicaes especializadas, que
tornem mais possvel a interlocuo entre artistas,
seus pares, crtica e pblico.
Entre os espaos expositivos da cidade, vale ressaltar o esforo que vem sendo realizado pelo
Centro Cultural da UFMG, que tem priorizado
a apresentao de mostras individuais de jovens
artistas, tornando possvel uma importante etapa
na maturao do processo de trabalho destes.

Minas Gerais/Uberlndia e Juiz de Fora


Plos de referncia em suas regies, a Universidade Federal de Uberlndia, UFU, e a
Universidade Federal de Juiz de Fora, UFJF,
oferecem cursos de artes plsticas nos currculos. Tais plos apresentam caractersticas
bastante distintas e, por questes geogrficas, se voltam, predominantemente, para So
Paulo e Rio de Janeiro.

A UFU mantm na cidade o Museu Universitrio,


Muna, que, mesmo com estrutura deficiente, um
espao de referncia na cidade.
O trabalho desenvolvido pela Secretaria Municipal
de Cultura de Uberlndia no sentido de fazer emergir a produo jovem contempornea, em mostras
panormicas de artes plsticas e fotografia, tem
representado importante papel para os artistas da
cidade e da regio do Tringulo Mineiro.
A UFJF conserva em seu campus alguns espaos
expositivos, que no contam, porm, com equipamentos adequados e tampouco mantm uma
regularidade de programao de eventos.
Em Juiz de Fora, o Centro Cultural Bernardo
Mascarenhas a instituio cultural com atuao
mais dinmica. Suas instalaes contam com
diversas galerias, atelis, auditrio/teatro e salas
de aula disponveis a grupos da comunidade, que
as utilizam para cursos, grupos de estudo, ensaios,
reunies etc.
Pouco desperta s investigaes das linguagens
contemporneas, Juiz de Fora conserva fortes as
tradies da pintura e do desenho, construdas ali
por geraes de artistas ainda bastante presentes
na regio.

Minas Gerais/Poos de Caldas


Embora a cidade tenha um bem equipado centro museolgico, a Casa da Cultura de Poos de
Caldas, gerido numa parceria entre o Instituto
Moreira Salles e a prefeitura, a produo artstica
local se mostra bastante incipiente. Mesmo sem
ter gerado ainda maiores efeitos sobre a comunidade artstica, a atuao da Casa da Cultura
- mediante exposies de arte brasileira algumas
vezes aliadas a cursos ministrados pelos expositores - tem sido de grande importncia para a
cidade e a regio.

13

14

Minas Gerais/Ouro Preto


Mesmo demonstrando uma vocao natural mais
voltada para a conservao e restaurao de bens
artsticos histricos, Ouro Preto mantm alguns
espaos pblicos que se dedicam tambm apresentao de mostras contemporneas, como a
Sala Manuel da Costa Atade (anexo do Museu da
Inconfidncia), a Casa dos Contos e a Fundao de
Arte do Ouro Preto, Faop, escola que atua na formao de artistas e restauradores. interessante
observar a grande incidncia de artistas na cidade
que tm se apropriado das tradies religiosas ou
da esttica barroca colonial para desenvolver seus
trabalhos, traduzindo essas experincias numa
linguagem contempornea.

Rio de Janeiro
Curadora adjunta Marisa Flrido Cesar
No Estado do Rio de Janeiro foram identificadas
trs regies, segundo caractersticas especficas
quanto formao, produo e ao circuito de
arte: (1) as cidades do Rio de Janeiro e de Niteri,
que, apesar de constiturem unidades polticas e
administrativas independentes, foram consideradas uma s rea, em razo do intercmbio entre
elas e de sua contigidade fsica e cultural; (2)
o sul fluminense, formado pelas cidades de
Barra Mansa, Resende, Volta Redonda, Itatiaia e
cercanias, por constiturem um ncleo regional
de formao e difuso de arte promovido especialmente pela Universidade de Barra Mansa e
pelo Museu de Arte Moderna de Resende; e (3)
a regio serrana, pela proximidade da cidade do
Rio de Janeiro.
Foram visitados 122 artistas, 99 dos quais no Rio de
Janeiro e em Niteri (20 inseridos no banco de dados
do programa Rumos Ita Cultural Artes Visuais
1999/2000); 12 do interior fluminense (um inserido
no referido banco de dados); e 11 da regio serrana

(dez de Petrpolis, um deles tambm j inserido no


banco de dados, e um de Terespolis).

Rio de Janeiro/Rio de Janeiro e Niteri


O Rio de Janeiro tem um sistema institucional de
arte bastante consolidado e constitui historicamente um centro cultural de influncia nacional.
No entanto, isso no evita a intermitncia com que
vm ocorrendo seus sales, como o Nacional e o
Carioca, que foram importantes referncias nacionais durante anos, desde sua instituio. Por outro
lado, outros projetos e programas vm atraindo a
participao de artistas do Brasil, a exemplo de O
Artista Pesquisador, promovido pelo MAC/Niteri,
e o Programa de Bolsas RioArte, da Prefeitura da
Cidade do Rio de Janeiro, que concede bolsas para
o desenvolvimento de projetos artsticos, inclusive
em artes visuais. Ainda para cobrir a lacuna deixada
pelo Salo Nacional, o MAM do Rio de Janeiro e a
RioArte realizaram, no ano de 2002, a 1 Mostra
Rio Arte Contempornea.

institucional de arte e os ncleos alternativos administrados por artistas. Esses grupos tm propostas,
tempos de atuao e consolidao um pouco
diferentes na cena carioca e mesmo brasileira.
Alm de estarem se tornando uma referncia s
artes, assim como um acontecimento nas cidades,
so iniciativas que, no decorrer de suas experincias, esto tomando a dimenso de uma poltica
cultural e social, graas a sua natureza relacional
e crtica.
Entre os grupos de artistas que agenciam espaos
e so por vezes tambm produtores de eventos
artsticos, identificamos quatro que tm proposta
de intercmbio com outros grupos similares. Esses
grupos so os mais atuantes no cenrio artstico
carioca e fluminense e aglutinam, em torno
deles, boa parte da produo artstica emergente.
So eles: Atelier DZ9, Portas Abertas e Prmio
Interferncias Urbanas (coordenado por Jlio
Castro), Espao Agora, Projeto Capacete, Galeria
do Poste (Niteri), Zona Franca e Projeto Dromo.

seminrios e palestras ministradas por artistas e


tericos de fora); e na publicao de peridicos
especializados, ainda que de forma incipiente.

Rio de Janeiro/Regio serrana


A regio serrana no chega a constituir um ncleo
de referncia especial s artes visuais no Estado do
Rio de Janeiro. As visitas aos atelis foram concentradas na cidade de Petrpolis, que, entre as trs
principais cidades da serra fluminense (Petrpolis,
Terespolis e Friburgo), vem demonstrando iniciativas mais contundentes para reverter esse quadro.
A regio como um todo carece de espaos de
exposio abertos a mostras de arte contempornea, de cursos de arte de formao acadmica ou de centros de debate, reflexo ou crtica de
arte. Suas galerias destinam-se principalmente
exposio da produo artstica local.

Fernando Cocchiarale
Duas escolas so as principais responsveis pela formao em artes visuais no Rio de Janeiro: a Escola de Artes
Visuais do Parque Lage, EAV/Parque Lage, e a Escola de
Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
EBA/UFRJ, com nfase em seu curso de ps-graduao
(mestrado e doutorado). Essa formao complementada pelos atelis informais de artistas.
A quantidade expressiva de cursos de ps-graduao criados nestes ltimos anos, em sua maior
parte tericos, explicita um interesse renovado
pelas artes visuais. Esses cursos, sete j funcionando e outros em fase de estruturao, formam
historiadores e crticos de arte, assim como artistas
que coadunam suas inquietaes experimentais
com as tericas. So os principais responsveis pela
publicao de revistas especializadas de qualidade.
O interessante a observar a forma como vem
ocorrendo certa permeabilidade entre o ensino

Rio de Janeiro/Sul fluminense


Barra Mansa, Resende, Volta Redonda e Itatiaia
O Museu de Arte Moderna de Resende tem um
representativo acervo da arte brasileira (Tarsila do
Amaral, Pancetti, Paulo Roberto Leal, entre outros).
Alm de promover o Salo da Primavera desde
1974 e exposies temporrias, destaca-se como
referncia s artes visuais do interior fluminense.
Essa funo, que busca dotar artistas e pblico
de instrumentos para assimilar o acervo moderno do Museu e as exposies de arte contempornea que ali ocorrem, vem sendo assumida pela
Universidade de Barra Mansa, UBM. O empenho
da UBM deve ser especialmente enfatizado na
formao de artistas, com a criao do curso de
educao artstica; na organizao de mostras de
arte contempornea na galeria da universidade;
na promoo de um intercmbio terico (com

Coordenador da equipe curatorial

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Norte e
Sudeste

Ao reunir num mesmo relato regies e Estados


como o Amazonas e So Paulo no possvel
deixar de aludir ao contraste que quaisquer comparaes acabam provocando.

Regio Norte e So Paulo

O contraste, como sabemos, surge da reunio de


elementos to distintos ao serem colocados sob um
mesmo foco. No entanto, entendo que as regies
apresentadas aqui so complementares e sintetizam
esse mistrio da unidade na diferena, que constitui
o povo brasileiro e suas manifestaes culturais.

Oferecer um panorama da produo artstica emergente num pas de dimenses continentais e contrastes inauditos como o nosso requer de quem se
aventura na empreitada dois requisitos fundamentais: flexibilidade e trnsito. A flexibilidade sugere
um olhar que se abre ao novo. Isso porque cabe
aos curadores conhecer novos talentos mais do
que reconhecer trabalhos e artistas j consagrados.
Longe de um sistema que se desenha na rota dos
grandes centros hegemnicos, o trnsito sugere a
possibilidade de rever os caminhos j trilhados. A
pouca informao sobre o que se passa nas diversas
regies do pas tem como correlato mais desinformao. Essa desinformao multiplica-se quando
gerada e reproduzida por meio dos pr-conceitos.
No mapeamento proposto pelo programa Rumos
Ita Cultural Artes Visuais 2001/2003, o deslocamento dos curadores para diversas regies do
pas sugere a busca de proximidade, neste caso
entre os curadores e artistas, no contexto de cada
lugar visitado.
So Paulo (a capital e o interior) e Estados da
Regio Norte foram visitados, respectivamente,
pelos curadores adjuntos Juliana Monachesi e
Cristvo Coutinho. Se a formao de jovens
curadores um dos eixos desse programa, a participao de ambos foi exemplar. A avaliao do
mapeamento regional que se segue pauta-se nas
informaes colhidas por eles em suas viagens e
inmeras visitas a atelis de artistas. certo que o
trabalho de campo orienta qualquer investigao
que busque na iseno a excelncia de seus objetivos. Nesse caso, foi fundamental a visita a diferentes cidades, que se constituram, ao longo do
tempo, plos de formao ou difuso do ensino
ou apoio arte contempornea.

Do ponto de vista da produo artstica, certo


que as diferenas so marcantes. O que em outras regies do pas, eventualmente, aparea mais
nuanado, no Norte e no Sudeste surge em seus
mais vvidos contrastes.
O estudo da Regio Norte, realizado por Cristvo
Coutinho, jovem artista e produtor cultural residente em Manaus, pauta-se em observaes feitas
em cada Estado visitado.
Anotou Cristvo Coutinho em seu relatrio:
A Regio Norte, onde se incluem os Estados do
Acre, Amap, Par, Rondnia e Roraima, necessita de aes imediatas que possibilitem uma
aproximao mais rpida do conceito de arte
contempornea. Na maioria das cidades visitadas,
constatou-se no s a falta de vrios segmentos
em termos de acompanhamento no desenvolvimento das artes visuais, mas tambm o vazio
na interpretao e construo do olhar e fazer
contemporneo.
Existem casos isolados de pessoas/artistas que vo
para outros locais do pas e, assim, conseguem
inserir-se no sistema de uma maneira perifrica,
sem descaracterizar o agir de cada local.
Nas cidades de Rio Branco e Porto Velho verificase a existncia de iniciativas, tanto de artistas
quanto de parceiros locais, que possibilitam a

formao ou mesmo intercmbios que aproximam os interessados. Essas cidades dispem


de locais (galerias, oficinas, auditrios) e executam muitos trabalhos com o Servio Social do
Comrcio, Sesc, que desenvolve projetos nas
reas de dana, teatro, artes plsticas e outras,
sendo muitas vezes a melhor referncia para
exercer parcerias.
Na cidade de Boa Vista observa-se uma falta de
receptividade, pela ausncia de trabalhos capazes
de identificar uma necessidade natural. (...)
Existe aqui [em Macap] um plo de atrao. Os
macapaenses se abastecem de uma ligao cultural existente entre sua cidade e Belm, da haver
em Macap uma vontade de se expressar. A cidade
mantm o Centro de Artes Candido Portinari, que,
embora no conte com uma ao contempornea,
faz com que pessoas participem e cursem at dois
anos regulares de desenho, pintura, teatro, escultura e outros. H, na cidade, pessoas interessadas
em participar de programas de formao ou outro
tipo de intercmbio.
De todas as cidades visitadas, Belm a que
apresenta atitude e uma maior visibilidade contempornea, tanto em formao quanto na permanncia de sales de arte, o que a aproxima de uma
integrao com o restante do pas.
Para a identificao de uma melhor abordagem,
o programa de formao, ou outro tipo de ao,
deveria manter um estreito contato com instituies locais, como a Fundao Curro Velho, que
trabalha com adolescentes, em uma dinmica
de construo contempornea. E, ainda, com
o Instituto de Artes Visuais do Par, ou com o
prprio Museu de Arte do Belm, Mabe, que,
como parceiro local, viabilizaria as necessidades de
formao, workshops e intercmbios. (...)
Depois de ter experimentado nos anos de 1998
e 1999 a realizao do Salo Plstica Amaznia,

cujo objetivo era a aproximao de curadores e


pessoas ligadas arte contempornea, a cidade
[de Manaus] necessita, neste momento, de
programas de formao ou outros que possibilitem o acesso a maior interao e aprendizado.
Manaus tem locais indicados para as devidas
aes. O espao mais adequado para tal o
Centro de Artes da Universidade do Amazonas,
Caua, que dispe de galeria, oficinas e auditrio,
cuja diretoria demonstra disposio em estabelecer parceria.
H vrios cursos indicados para a cidade de
Manaus, mas que poderiam circular pelas cidades
de Rio Branco, Porto Velho, Macap e Belm.
A necessidade de um projeto de formao mais
sistemtico para os artistas locais fica evidenciada
neste relato. Nada de novo ou surpreendente
at aqui. No entanto, parece-me significativo ressaltar que seriam aes razoavelmente simples,
como viabilizar o acesso dos artistas locais a uma
prensa. simblico que a impossibilidade de
acesso a uma prensa seja razo forte o suficiente
para que no haja um gravador sequer na capital
do Amazonas. A necessidade de realizar a formao fora da regio tambm relevante. Mais
uma vez evidencia-se o deslocamento para que
se possa viabilizar a formao de artistas e curadores, professores de arte e, mais amplamente,
produtores culturais.
Parece-me significativo ainda, sobretudo com base
em minhas prprias observaes do contexto
artstico e cultural amazonense, especialmente
da cidade de Manaus, que tive a oportunidade
de visitar algumas vezes, que os artistas locais,
de amplo reconhecimento nacional e at internacional, sejam pouco reconhecidos e valorizados
pela comunidade local. Os pesquisadores que realizam sua titulao acadmica em universidades
da Regio Sudeste, como a Universidade de So
Paulo, e retornam aps a concluso do curso aos
seus Estados tm tambm importante papel a des-

17

18

empenhar na formao das geraes mais jovens,


no sentido de multiplicar o acesso formao,
especificamente de artes, em sua regio. Assim,
a universidade poderia configurar-se como um
importante plo de difuso da reflexo ligada
visualidade contempornea.
Uma visita ao Museu do ndio, na cidade de
Manaus, reveladora e tristemente conclusiva
sobre a situao de descaso em que se encontra
o patrimnio cultural da Amaznia. Repensar a
cultura brasileira incluir como bens nacionais,
alm da floresta, com toda a sua infinitamente
rica biodiversidade, toda a potencialidade cultural
e criativa daqueles que habitam essa regio.
Por contraste...
Em So Paulo, tanto na capital como no interior,
a possibilidade de acesso, difuso, distribuio e
circulao de informaes artsticas demonstra
uma situao inversa da descrita acima. interessante notar como a profuso de iniciativas acaba
proporcionando maior qualidade dos resultados.
Como exemplo observamos que, do total de 1.495
portflios recebidos pelo programa, 510 so de
So Paulo, e 16 foram os artistas do Estado contemplados nesta edio.
Sobre a questo da visibilidade da produo artstica,
o caso dos Sales de Arte Contempornea, que so
realizados na capital e em diversas cidades do interior
paulista, exemplar. Os sales sobrevivem desde o
sculo XVIII, quando foram criados, na Frana. Ao
serem importados pelo Brasil, dois sculos depois, ainda
sustentam a lgica e os princpios anlogos queles de
sua criao. A constante querela entre acadmicos e
modernos (leia-se hoje contemporneos), por exemplo,
uma das caractersticas que se mantm, de diferentes
formas, desde aquele perodo.
Sobre os resultados das viagens realizadas em So
Paulo, abrangendo a capital e o interior, anotou a
curadora adjunta Juliana Monachesi:

Apesar de So Paulo constituir uma referncia de ensino e fomento produo em arte


contempornea, com faculdades de artes conhecidas pela inventividade da produo de seus
alunos e instituies culturais que tm projetos com perfil semelhante ao do Rumos Ita
Cultural Artes Visuais, o interior do Estado em
geral no se contagia por essa efervescncia. Os
focos de produo contempornea no interior de
So Paulo caracterizam-se por aes difusas de
grupos independentes ou projetos bissextos do
governo local. (...)
Em So Paulo so trs os cursos de artes que
mais se destacam: o da Escola de Comunicaes
e Artes, ECA/USP, o da Fundao Armando
lvares Penteado, Faap, e o da Faculdade Santa
Marcelina. Um diferencial para a formao dos
artistas em So Paulo dado pelo grande
nmero de cursos livres e grupos de orientao
em ateli coordenados por artistas ou professores renomados. Entre outros, destacam-se o
grupo de estudos em fotografia orientado por
Eduardo Brando e os acompanhamentos em
ateli por Leda Catunda e Srgio Romagnolo,
Nuno Ramos, Paulo Monteiro, Carlos Fajardo,
Sandra Cinto e Albano Afonso.
A difuso e o fomento da arte contempornea
na cidade de So Paulo esto generosamente
distribudos entre instituies e um mercado de
arte consolidado. O Centro Cultural So Paulo e
o Pao das Artes realizam projetos semelhantes
de seleo por meio de portflios de artistas
jovens, que so contemplados com mostras individuais ao longo do ano, realizadas em paralelo
a exposies de artistas com trajetria consolidada. Os dois museus de arte contempornea da
cidade Museu de Arte Moderna de So Paulo,
MAM, e Museu de Arte Contempornea da
Universidade de So Paulo, MAC/USP tambm
tm projetos voltados para a produo jovem:
o Panorama de Arte Brasileira, do MAM, realizado bienalmente e mescla trabalhos de artistas

consagrados com os de emergentes, assim como


o Heranas Contemporneas, do MAC.
De todos os plos paulistanos de produo e
reflexo sobre arte contempornea, entretanto, os
que mais chamam a ateno na histria recente
so iniciativas dos prprios artistas, ao propor
formas de autogesto cultural. A principal delas
chama-se Linha Imaginria, grupo que mapeia a
produo brasileira realizando exposies independentes pelo pas.
A produo paulistana tem tantos matizes que
difcil defini-la. Entretanto, possvel falar
de duas linhagens bsicas nesta produo: os
jovens artistas encontram-se, em geral, engajados em discusses de forma ou em discusses
temticas. Assim, o mapeamento em So Paulo
detectou, por um lado, artistas voltados para
pesquisa de materiais, discursos em torno do
espao, de linhas, cores e superfcie. Por outro
lado, encontrou muitos artistas cuja produo
est centrada em discusses sobre identidade,
memria, ideologia, questes urbanas, institucionais etc. Dos trabalhos vistos, os de melhor
qualidade foram aqueles que conseguiram aliar
as duas preocupaes.

Interior de So Paulo
No interior de So Paulo, com exceo das
cidades-satlites da capital (Campinas e os
municpios do ABC paulista) e de Ribeiro Preto,
a produo artstica predominantemente
acadmica ou uma academia da arte moderna.
Em geral, as tentativas de fazer arte contempornea resvalam em prefiguraes de efeito. O
nico movimento que se ope a isso no interior
o respeitvel circuito de sales de arte antenados com a produo de fato contempornea. o
caso dos sales de Santo Andr, So Bernardo do
Campo, Santos, Jacare, Americana, Piracicaba e
Ribeiro Preto.

O que se nota, entretanto, que, apesar de


os sales levarem uma massa crtica para essas
regies, isso no suficiente para fomentar nos
artistas locais um olhar mais crtico. Em alguns
locais, no possvel sequer estabelecer um dilogo inteligvel sobre arte contempornea, porque
as pessoas no tm informao sobre o que se
fez em arte desde meados da dcada de 1950.
Em So Jos do Rio Preto, artistas formados pela
faculdade de artes local relatam que os professores insistem para que os alunos faam pintura
abstrata, por se tratar da tendncia mais atual da
arte. No toa que Ribeiro Preto, com uma
produo contempornea relevante, tenha tido
ao longo de sua histria instituies culturais que
abasteceram o lugar de informao.
A cidade de Campinas bem provida de espaos
expositivos voltados para a arte contempornea.
Alm do Centro de Convivncia Cultural e do
Museu de Arte Contempornea ambos com programao inconstante no que concerne ao perfil
das mostras , a cidade conta com a Galeria de
Arte Unicamp, que oferece programao continuada com linguagens atuais. De forma semelhante a
experincias de gesto independente detectadas
em So Paulo, o Ateli Aberto funciona como local
de exposies, cursos, palestras e residncia de
artistas convidados para realizar site specifics no
espao, alm de elaborar projetos de curadoria e
produo para mostras em outros locais.
Em termos de instalaes museolgicas, uma
cidade vizinha a Campinas est mais bem equipada. O Museu de Arte Contempornea de Americana passou, entre 1997 e 2000, por reformas e
adaptaes do sistema de iluminao, do ar-condicionado e da reserva tcnica, tornando-se hoje um
modelo para as regies vizinhas. O museu intercala mostras de arte contempornea com outras
histricas, contribuindo para a formao de um
novo pblico, principalmente por meio de investimentos no setor educativo, que j contempla toda
a rede escolar pblica da cidade.

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20

As cidades do ABC, apesar da proximidade com


So Paulo, apresentam espaos prprios de discusso e difuso da arte contempornea. Santo
Andr funciona como um articulador da produo
local, uma vez que a Casa do Olhar, administrada
pelo governo municipal, realiza diversos eventos
integrando artistas da regio. Os Sales de Arte
Contempornea de Santo Andr e So Bernardo
do Campo, que acontecem, respectivamente, no
Salo de Exposies do Pao Municipal e no Espao
Henfil de Cultura, constituem referncia obrigatria
para os artistas iniciantes do Estado de So Paulo e
atraem tambm artistas de outras localidades. E o
Prmio Revelao de Americana nos ltimos dois
anos tem alcanado dimenso nacional.

A disparidade regional, explcita nas desigualdades sociais, econmicas e culturais que a


acompanham, antiga e profundamente arraigada em nosso pas. Esse , sem dvida, o maior
desafio poltico e social a ser enfrentado em
todos os setores e no seria diferente nas reas
artsticas e culturais. As distncias que separam
os artistas so, no raro, muito grandes, tanto
no sentido fsico como tambm no simblico. As
desejveis aproximaes, como condio para o
estabelecimento de dilogos profcuos, so realizadas no sem muito esforo e empenho de
todas as partes envolvidas.

Cristina Freire
Dois outros eventos semelhantes no interior paulista integram o circuito de lanamento dos novos
nomes da arte brasileira: a Bienal de Santos e o
Salo de Arte de Ribeiro Preto, Sarp, que em
2000 completou 25 anos de existncia e conhecido por ter exibido e premiado em incio de carreira artistas como Ana Maria Tavares, Rosngela
Renn e Jos Damasceno. Tanto o Centro de
Cultura Patrcia Galvo, onde se realiza a Bienal de
Santos, quanto o Museu de Arte de Ribeiro Preto,
Marp, onde tradicionalmente acontece o Sarp, so
espaos privilegiados.
Recentemente, o Salo de Ribeiro Preto precisou
ser deslocado para a Casa de Cultura da cidade
em razo de desavenas com os artistas locais,
que reclamavam o direito de realizar, tambm no
museu, a exposio de um evento similar de arte
acadmica do qual participam. Esse um obstculo enfrentado na maioria das cidades, cujos
equipamentos culturais precisam contemplar
todas as vertentes artsticas. Em cidades como
Piracicaba, a contenda foi mais bem resolvida,
com a realizao de uma Bienal de Arte Naf; e
em So Jos do Rio Preto, com a criao de um
Museu de Arte Primitivista, tambm para abrigar
o legado do artista mais ilustre da cidade, Jos
Antnio da Silva.

Curadora-coordenadora

Sul, Nordeste
e Norte
Quando partimos para a realizao do Rumos
Ita Cultural Artes Visuais 2001/2003, a situao era muito distinta de quando nos reunimos
pela primeira vez, no incio de 1999, na organizao da primeira edio do programa. Se desta vez
no necessitvamos tanto do esprito desbravador,
certamente precisaramos de um segundo olhar
que viesse confirmar ou relativizar as primeiras
impresses, que fosse ao mesmo tempo autocrtico com as limitaes do programa e ajudasse a
reafirmar sua identidade buscando as novidades
ocorridas neste perodo. Precisvamos dar continuidade, estabelecendo relaes e ao mesmo
tempo constatando as diferenas.
O Rumos Ita Cultural Artes Visuais 2001/2003
reconfigura, em relao edio anterior do programa, a distribuio dos Estados em novas regies
ligeiramente distintas. A regio que compreendia
apenas Rio Grande do Sul e Santa Catarina foi
acrescida do Paran, que na edio anterior compunha com Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Na edio de 1999/2000 os Estados do Cear,
Maranho e Piau foram agrupados com o Rio
Grande do Norte, que nesta edio foi substitudo
por Tocantins. Essas mudanas foram adequaes
com o objetivo de aproximar as afinidades dos
contextos culturais e obter melhor operacionalizao do projeto.
O primeiro mapeamento diagnosticou que as
aptides e os problemas de cada regio esto ligados a situaes culturais complexas e, portanto,
difceis de demonstrar mudanas substanciais num
curto perodo. So processos muitas vezes submetidos s oscilaes de polticas culturais omissas
ou praticamente inexistentes e que mantm o
movimento e os avanos graas persistncia e
tenacidade dos seus produtores.

As observaes que se seguem foram obtidas por


meio da contribuio inestimvel dos trabalhos
dos curadores adjuntos Paulo Reis e Eduardo Frota,
que fizeram uma escuta detida e atenciosa nesses
Estados. Seus relatrios e principalmente as muitas
conversas proveitosas ajudaram a formar uma viso
mais abrangente e prxima dessas regies.

Paran, Rio Grande do Sul e Santa Catarina


Curador adjunto Paulo Reis
Apesar de estes Estados fazerem parte de uma
regio de espectro geogrfico e social relativamente homogneo, estamos longe de conferir
essa mesma homogeneidade ao quadro cultural,
principalmente no que diz respeito formao,
produo e circulao da arte contempornea.
Podemos notar uma proximidade entre Porto
Alegre e Curitiba, no apenas em relao aos
panoramas locais, mas tambm na relao desproporcional que essas capitais tm com as demais
cidades dos respectivos Estados. So diferenas
relevantes em relao qualidade e profuso
dessas produes. A centralizao se mantm,
embora cidades como Pelotas, Novo Hamburgo e
Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, e Londrina,
no Paran, sejam plos de irradiao considerveis.
Em Florianpolis verifica-se uma maior carncia em
relao s outras capitais, mesmo sendo esta a que
mostrou mais avanos neste perodo. A implementao do curso de bacharelado em artes visuais na
Universidade de Santa Catarina, Udesc, comea a
habilitar uma promissora produo jovem.
Santa Catarina tambm se fez notar pela reformulao da 31 Coletiva de Artistas de Joinville.
O evento, realizado no novo Complexo Cultural
Antrtida, em 2001, reconfigurou a tradicional
mostra dando nfase a projetos que trabalhavam com a estrutura fsica e a trama histrica
daquele prdio da cidade. Porm, na edio de
2002, a Coletiva se mostrou hesitante quanto

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ao passo dado no ano anterior, retornando ao


desgastado modelo de exibies que tentam
contemplar toda a produo local, misturando
amadorismo e artesanato com artistas ligados
a propostas contemporneas. Este um exemplo de como se desenvolvem as conquistas nas
cidades de menor porte em toda essa regio.
Quando se conseguem pequenos avanos, eles
so sucedidos por uma carga conservadora de
proporo por vezes muito maior. Tambm ocorreu com xito no Estado o 1 Salo de Artes de
Jaragu do Sul, que demonstrou seriedade e
rigor na edio inaugural. Na parte de formao
importante notar a persistncia exitosa do 4
Seminrio de Artes de Celso Ramos. Esse consta
de uma srie de oficinas, ministradas por artistas e
tericos de diversas partes do pas, que atende um
significativo pblico no Estado de Santa Catarina.
No Paran ocorreram dois fatos cuja importncia
real ainda est por ser definida nos prximos anos.
O primeiro foi o projeto Faxinal das Artes, um
programa de residncia de artistas que reuniu 100
nomes de todo o Brasil. Sob curadoria de Agnaldo
Farias e Fernando Bini, esse grupo produziu, discutiu
e aprofundou relaes de maneira extremamente
informal e direta, sem as costumeiras mediaes
institucionais. No fim de 2002, inaugurou-se em
Curitiba o NovoMuseu. As instalaes e as intenes do projeto no tm precedentes e parmetros
em qualquer outra parte do Brasil. Se por um lado
isso motivo de contentamento e otimismo, por
outro preocupa-nos saber como iro estabelecerse as relaes com a comunidade e principalmente
todo o suporte operacional de grande porte que o
museu exige. Espera-se que ele atue na formao
de agentes locais e do pblico e no dependa do
relativismo dos interesses polticos futuros.
No Rio Grande do Sul, poderamos dividir os
acontecimentos em dois diferentes tipos: as confirmaes e as novidades. A primeira confirmao
a notar a Bienal do Mercosul, que na terceira
edio afirma seu carter contemporneo e d

continuidade ao dilogo da produo local com


um espectro internacional. O Museu de Arte do
Rio Grande do Sul, com uma srie de exposies
de artistas nacionais e mostras de artistas locais de
abrangncia at ento no usual na cidade, junto
com a continuidade dos cursos de mestrado e
doutorado na Universidade Federal do Rio Grande
do Sul so fatos que se consolidaram nesse perodo. As novidades ficam por conta do lanamento
do projeto do Museu da Fundao Iber Camargo,
a cargo do arquiteto portugus Alvaro Siza, que
promete ser um local adequado para abrigar
a obra do pintor assim como ponto ativo de
exposies e fomento de pesquisa. A inaugurao
do Santander Cultural tambm digna de nota,
pois vem aparelhar a cidade de mais um precioso
espao de exibies, cinema e palestras.

Cear, Maranho, Piau e Tocantins


Curador adjunto Eduardo Frota
A situao nesses quatro Estados mudou muito
pouco nos dois ltimos anos, excetuando-se
o Cear, que no fim de 2002 inaugurou a 1
Bienal Cear Amrica, que, seguindo a linha das
grandes exposies, ambiciona acionar toda uma
dinmica cultural local. Em 2001, j havia ocorrido em Juazeiro do Norte a Bienal do Cariri, que
deixou poucos rastros. Segue-se com o pensamento do poder messinico dos grandes projetos,
porm sem o lastro cultural devido, correndo o
risco de terminarem no encontrando sustentao adequada nas frgeis malhas culturais.
So propostas que embora bem-intencionadas
buscam apenas uma visibilidade, negligenciando
as carncias de formao. Enganam-se ao achar
que certas lacunas de toda uma dinmica cultural possam ser suprimidas pelo poder mgico
do grande evento.
Alm de Fortaleza, Teresina e So Lus revelam-se
com potenciais centros, principalmente no que diz
respeito fotografia. Embora ainda restrita aos

padres de um realismo documental, o meio


pelo qual as ligaes com a problemtica da arte
contempornea podem fluir, pois a pintura e a
escultura esto ainda demasiadamente limitadas a
uma produo mais acadmica.
Se por um lado o panorama da produo contempornea pouco animador, de outro a situao do
artesanato local ainda mais desalentadora. Nos
ltimos anos houve uma rpida estandardizao
e uma pasteurizao do trabalho secular de toda
uma produo artesanal popular, hoje transformada em objetos impessoais empobrecidos de inventividade. Tudo para atender ao voraz apetite de
uma indstria turstica de estreita viso cultural.
A visita a esses Estados no apenas recoloca as
situaes levantadas na primeira edio do programa como tambm acaba questionando os
limites do prprio Rumos Ita Cultural Artes
Visuais. At quando vamos enviar curadores para
rastrearem situaes de arte contempornea e,
de conscincia limpa e dever cumprido, constatar
mais uma vez que por ali nada acontece? tirnico esperar parcerias quando j sabemos que elas
no tm condio de se estabelecer. O problema
muito mais profundo, e necessita-se saber dar sem
esperar receber. J no basta a incluso no mapa
de um olhar descompromissado, necessrio criar
um mapa de aes efetivas e generosas.

Concluso
O relgio que conta o tempo na evoluo dos
processos culturais no anda na mesma velocidade
em todo o pas. Se a periodicidade do Rumos Ita
Cultural Artes Visuais ser de dois ou trs anos,
devemos ser pacientes, mas atentos s pequenas
oscilaes. Pacincia no deve significar resignao
e inrcia. Somente o trabalho lento e contnuo na
formao que poder alterar substantivamente
esse quadro. Se por vezes notamos inverses nesses processos, comeando do fim para o princpio,

e creditando exclusivamente ao evento a responsabilidade de formao, torna-se difcil a cobrana


de resultados. inegvel que vivemos um progressivo aumento dos equipamentos culturais pelo
Brasil, embora nem sempre sucedidos das devidas
condies operacionais para a sua eficcia. Se em
meio a esses processos desordenados conseguimos
alguns resultados, creditam-se os mritos quase
que exclusivamente ao jovem artista brasileiro,
com sua produo diversa e instigante.

Jailton Moreira
Curador-coordenador

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Centro-Oeste
e Nordeste
Distrito Federal, Gois, Mato Grosso
e Mato Grosso do Sul
Curadora adjunta Marlia Panitz

Mato Grosso do Sul

Gois

Distrito Federal

Embora com dificuldades muito semelhantes s


de Cuiab, Campo Grande, a capital do Estado, se
diferencia pela existncia de curso superior em arte,
na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul,
e pela postura clara de alguns artistas de buscar
mostrar seus trabalhos fora do Estado. Essa tendncia convive, porm, com uma resistncia da comunidade cultural em relao abertura do circuito.

Embora cidades como Gois Velho e Pirenpolis


centros tursticos e ncleos patrimoniais do Estado
renam grupos de artistas e sediem eventos culturais de relativa importncia (o que tambm, mais
recentemente, vem acontecendo com as cidades
da Chapada dos Veadeiros), o espao privilegiado
de formao e exposio Goinia.

Braslia centraliza a produo, a veiculao e as


atividades de formao em arte no Distrito Federal,
embora cidades como Taguatinga e Sobradinho
tenham grupos organizados de artistas dispostos a
veicular seus trabalhos de modo independente. Com
uma tradio de fomento ligado quase que exclusivamente ao Estado, a cidade passa por uma disseminao de lugares pertencentes a instituies privadas ou
formados por artistas e produtores culturais.

Mato Grosso
As cidades plos de produo artstica no Estado,
alm da capital, Cuiab, e da vizinha Vrzea Grande,
so Rondonpolis e Barra do Garas, onde o
trabalho pouco se diferencia do perfil cuiabano.
recorrente a avaliao da necessidade de incluir
essa produo no circuito nacional, pela recepo
de exposies de artistas de fora ou pela circulao
da produo local por outras cidades.
Nos discursos dos tericos e dos produtores culturais
quase todos com formao em outros Estados ,
h o reconhecimento da falta de um curso superior
na rea, para uma maior circulao de idias, embora no se perceba tal queixa quando so os artistas
que falam. Esses demandam, principalmente, workshops sobre novas mdias e de cunho terico.
Os espaos para formao e veiculao da produo
artstica so escassos e sem um perfil definido. O
mais importante permanece sendo o Museu de Arte
e de Cultura Popular, criado dentro da Universidade
Federal de Mato Grosso, que guarda um acervo de
artistas do Estado. Embora bastante deteriorado,
sem equipamentos e espaos adequados, ainda
referncia para os artistas. A abertura do Sesc Arsenal
oferece a Cuiab um prdio multiuso (galeria, teatro,
estdio etc.), que pode provocar alguma mudana
na produo cultural da cidade. Mas a iniciativa que
parece ser mais promissora a criao de A Clula,
formada por um grupo de artistas e produtores da
cidade, sem nenhum vnculo institucional, interessados em trabalhar com novas mdias.

Os espaos para exposio so escassos e isso ,


em parte, atribudo ao isolamento da cidade em
relao s itinerncias nacionais. H somente uma
galeria de arte, com perfil estritamente comercial.
A universidade funciona, nesse contexto, como um
plo para pesquisas e intercmbios, viabilizando a
vinda de artistas e tericos para realizar workshops
e a apresentao de exposies no Museu de Arte
Contempornea de Campo Grande, Marco, que
est construindo um moderno prdio. Essa iniciativa de intercmbio est sendo implementada em
conjunto com a Secretaria de Cultura da cidade e
a Associao de Artistas Plsticos, entidade com
forte atuao local.
A produo artstica em Mato Grosso do Sul continua sendo predominantemente de pintura. Ela
tambm est presente no interior, notadamente em
Dourados, onde h uma universidade e um grupo
de artistas organizados; Corumb, onde funciona a
Casa de Cultura; e em Aquidauana, com o Museu
de Arte Pantaneira. O que diferencia essa produo
da de Mato Grosso parece ser a presena de espao
para pesquisa de linguagens e o fato de vrios artistas terem passado por experincias de formao em
outros Estados. H, alm disso, uma preocupao
entre os gestores culturais de que as aes de formao se estendam a esses plos. Associando-se
a esse esforo, Humberto Espndola, artista que
referncia para a produo local, criou o Instituto
Enokade, organizao no-governamental voltada
para o desenvolvimento de projetos culturais de
fomento e divulgao da arte do Estado.

A produo de Goinia diversificada, com


predominncia de instalaes. H, entretanto,
dificuldades em relao s possibilidades de
veiculao de propostas mais experimentais,
j que as galerias tm perfil comercial e so,
portanto, avessas a riscos. Essa produo
geralmente veiculada no Museu de Arte Contempornea de Gois, na universidade ou em
projetos fora do Estado. A realizao do Salo
Nacional de Arte de Gois, desde 2001, pelo
Flamboyant Shopping Center cujos prmios
aquisitivos foram incorporados ao acervo do
MAC gerou grande expectativa em relao a
mudanas nesse quadro.
O Instituto de Arte da Universidade Federal de
Gois atua como formador e incentivador de
pesquisas no campo das linguagens artsticas.
Por outro lado, muitos dos artistas em atividade
na cidade no esto vinculados universidade,
mas aos cursos livres, como os ministrados no
MAC que em seu quadro conta com artistas
representativos como instrutores e no Centro
Livre de Artes, ligado ao Museu de Arte de
Gois, que tem imensa freqncia, mas estrutura precria. Tambm o Centro Cultural da
Fundao Jaime Cmara mantm o Concurso de
Novos Valores das Artes Plsticas, cujas premiaes tm possibilitado a alguns artistas a realizao de estgios no exterior. H, ademais, uma
preocupao de vrias organizaes culturais
em empreender aes de formao do olhar do
pblico, por meio de workshops e seminrios
sobre a produo contempornea.

Espaos como a Galeria de Arte do Espao Ambiental


Guimares Rosa/Funarte responsvel pelo projeto
Prima Obra , o Centro Cultural Banco do Brasil, o
Conjunto Cultural da Caixa e a Galeria Le Corbusier
da Embaixada da Frana desenvolvem projetos centrados na divulgao da produo contempornea,
ocupando uma funo que tradicionalmente era
desempenhada pelo Museu de Arte de Braslia e
pelas galerias ligadas Secretaria de Cultura.
A criao de dois espaos particulares voltados para
a produo contempornea de artes visuais, a Arte
Futura, que edita um tablide com informaes e
crticas de arte, e o Espao Cultural Contemporneo
Venncio, que edita uma srie de livros de artistas
contemporneos da regio, foi de grande importncia para a cidade, pois eles oferecem alternativa s
vicissitudes polticas. Essas galerias alternam, em
suas agendas, exposies de artistas nacionais com
as de artistas locais. A maior parte desses estabelecimentos citados mantm programas educativos e de
formao de pblico nos eventos que promovem.
A Universidade de Braslia o espao que centraliza
a formao e as pesquisas de artistas que trabalham
com experimentao de linguagem. A criao do
mestrado em arte um fator determinante para a
produo emergente, j que muitos artistas (a maior
parte deles formada pela UnB) tm desenvolvido
trabalhos aliados aos projetos de mestrado. A transformao da rea de concentrao desse mestrado
de arte e tecnologia da imagem para arte con-

25

26

tempornea, com duas linhas de pesquisa (poticas


contemporneas e teoria e histria da arte) tambm
parece responder a uma demanda de ampliao de
pesquisa, antes concentrada apenas nas novas tecnologias. Com um nmero significativo de artistas trabalhando com videoarte e web arte, delineia-se tambm
uma tendncia ao uso da fotografia como suporte.
Uma linha de trabalho recorrente a que coloca a
obra como espao de cruzamento de questes relativas a outras reas de conhecimento.
Ligados universidade, esto dois espaos de
pesquisa e exposio: Galeria da Casa de Cultura
da Amrica Latina e Galeria de Arte da UnB. Esta,
inaugurada em 1999 e administrada pelo Instituto
de Artes da UnB, alterna mostras experimentais
de alunos e professores com propostas de grandes
nomes da arte brasileira e internacional, cujos projetos so criados especificamente para o espao.
A Faculdade de Artes da Fundao Brasileira de
Teatro, embora tradicionalmente ligada s artes
cnicas, organizou um prmio para novos talentos
em artes visuais e se apresenta como mais um
canal para a divulgao dos novos artistas.

Rio Grande do Norte/Paraba/Pernambuco


Curadora adjunta Maria do Carmo de Siqueira Nino

H aspectos referentes ao meio de artes visuais


que so comuns s cidades visitadas nesses trs
Estados e devem, portanto, ser considerados em
conjunto. Os jovens artistas em atividade que se
sentem atrados por formas de expresso que
impliquem o uso de mdias e/ou expresses que
ainda no fazem parte do repertrio do pblico
das pequenas cidades site specific ou instalaes,
por exemplo tm necessidade de se deslocar
para as capitais de seus Estados. L encontram um
ambiente institucional mais propcio ao desenvolvimento de suas investigaes.

Mesmo nas capitais, contudo, sentem-se isolados num contexto cultural que ainda trata suas
atividades como exceo no meio das artes
visuais. Nesse ambiente de relativo isolamento, o
prprio contato com o curador deste programa
freqentemente avaliado de forma positiva pelos
artistas, pois constitui uma oportunidade de discutir as questes que envolvem seus trabalhos.
Isso um ndice da relativa carncia de atividades
de reflexo e discusso sobre arte contempornea
na regio. So poucas as oportunidades de obter
informaes tericas ou histricas sobre critrios
e conceitos de contemporaneidade e de participar de workshops prticos voltados a expresses
artsticas atuais.
Existe, porm, no sentido oposto do que foi
apontado e mesmo entre artistas mais jovens, um
certo desencanto causado pela pouca representatividade da pintura em sales de arte. Para esses
artistas, a prtica da pintura ou de outros meios
mais tradicionais, como a gravura, sempre foi a
principal via pela qual a grande maioria se inicia
em atividades artsticas, alm de ser um elo forte
de contato com um pblico mais abrangente,
com a possibilidade de aceitao no mercado.
Nesse contexto, os artistas muitas vezes sentemse impelidos a alterar, s vezes abruptamente, a
direo de sua produo, passando a trabalhar
com formas expressivas no tradicionais (instalao, performance, novas tecnologias), suposto
condicionante de sua insero no meio de artes
na contemporaneidade.
A necessidade de possuir uma formao profissional institucional outro fator que exerce
atrao e assume importncia crescente para a
gerao mais jovem. Alm de promover a absoro de conhecimentos que podem transbordar
para a sua rea de criao, a educao formal
vista tambm como uma maneira de abrir portas
a outras possibilidades de atuao no mercado e,
potencialmente, liberar o artista para desenvolver
uma produo experimental.

As instituies
Paraba
So quatro as instituies em Joo Pessoa que se
destacam na difuso e promoo das artes visuais
contemporneas. Na Fundao Espao Cultural
da Paraba funciona a Galeria Archidy Picado, a
qual possui instalaes em condies para abrigar
exposies de mdio e grande portes.
Ligado Universidade Federal da Paraba e com
longa histria de engajamento com a produo contempornea, est o Ncleo de Arte Contempornea.
Esse Ncleo sedia cursos tericos, workshops de
artistas e cumpre pauta regular com artistas da
regio, por meio de propostas selecionadas por
curadores convidados.
Destaca-se ainda o Centro Cultural So Francisco,
no Convento So Francisco, um dos prdios
histricos mais visitados da cidade, cujo espao de
exposies , atualmente, o que mais aposta na
experimentao de jovens artistas.
Por fim, h o Centro de Artes Visuais Tambi.
Embora suas atividades estejam temporariamente
suspensas, esse espao de exposies e cursos tem
promovido e abrigado uma srie de convnios de
cooperao artstica com outros pases, notadamente com a Alemanha e a Frana.
Em Campina Grande, por sua vez, a instituio que
se destaca o Museu de Arte Assis Chateaubriand,
Maac, onde mantido um acervo permanente. No
entanto, pequena a interface com a produo
dos artistas locais.

Rio Grande do Norte


H em Natal uma diversidade de instituies que,
de modos distintos, promovem a produo contempornea, embora a maior parte delas no esteja

satisfatoriamente equipada para desempenhar suas


funes. Uma das mais antigas a Fundao
Cultural Capitania das Artes, primeiro espao do
municpio a preservar e a incentivar o fazer cultural,
onde funcionam cursos de arte, atelis e galerias.
O Centro Federal de Educao Tecnolgica, Cefet,
um estabelecimento de ensino cujo setor de
artes plsticas dispe de algumas salas que servem
de atelis e abrigam cursos de arte. O Centro possui tambm auditrio e sala de exposies. O Solar
Bela Vista, por sua vez, aluga seus espaos para a
realizao de eventos, cursos e exposies.
o jovem Espao Cultural Casa da Ribeira,
contudo, que mais se tem dedicado, programaticamente, a promover e discutir artes visuais
contemporneas, com uma pauta de mostras de
artistas nacionalmente conhecidos. Conta com
uma sala de exposies e com o suporte financeiro
da Petrobras para viabilizar suas aes.
Por fim, a Universidade Federal do Rio Grande do
Norte dispe de um Ncleo de Arte e Cultura,
onde funciona a Galeria ConvivArte, capaz de
abrigar exposies de mdio porte.

Pernambuco
A Fundao de Cultura e Turismo de Caruaru mantm um amplo espao, em condies regulares,
que pode abrigar obras de grande porte e onde se
realiza a maior parte dos eventos culturais e tursticos da regio. Em Petrolina, a Fundao Cultural
oferece um museu com boa rea de exposies e
em condies satisfatrias de funcionamento.
O Museu de Arte Contempornea de Pernambuco, situado em Olinda, conserva rico acervo
de arte moderna. Tem galerias para exposies,
mas suas condies fsicas ressentem-se da falta
de conservao. Foi a sede do Salo dos Novos,
realizado em 2000, evento que se mostrou

27

28

importante por dar visibilidade a vrios artistas


em processo de afirmao de suas trajetrias.

sentado exposies de artes visuais, com nfase


ao suporte fotogrfico.

o Recife, entretanto, que concentra as principais


instituies do Estado. Na Universidade Federal
de Pernambuco destaca-se o Laboratrio de Artes
Plsticas, sob a responsabilidade do Departamento
de Teoria de Arte e Expresso Artstica, que
tambm responde pela Oficina Guaianases de
Gravura, em funcionamento no prdio-sede do
Centro de Artes e Comunicao. A encontra-se
tambm a Galeria de Arte Capibaribe, que abriga
exposies definidas por convnios com outras
instituies e projetos dos prprios alunos e tem
elevada freqncia de pblico. Recife ressente-se,
porm, da inexistncia de cursos de bacharelato e
de ps-graduao em artes plsticas.

, contudo, o Museu de Arte Moderna Alosio


Magalhes, Mamam, gerido pela Prefeitura do
Recife, o espao mais atuante do Estado em termos de programao de exposies temporrias
de arte moderna e contempornea, alm de
abrigar rico acervo do perodo. O Mamam tem
boa freqncia de pblico, desenvolve trabalho de
monitoria para os visitantes e promove exposies
de artistas locais, nacionais e estrangeiros, parte
de uma poltica que busca ampliar o repertrio
visual disposio da populao, incluindo a realizao de palestras e cursos.

Atrelado Pr-Reitoria de Extenso da UFPE, est


o Instituto de Arte Contempornea, IAC. Situado
na sede do Departamento de Extenso Cultural, o
IAC realiza, na Galeria Pequeno Formato, mostras
de porte reduzido de jovens artistas da cidade.
Outra instituio federal, a Fundao Joaquim
Nabuco, mantm, por meio de seu Instituto de
Cultura, trs espaos dedicados arte contempornea as Galerias Vicente do Rego Monteiro,
Massangana e Baob. Elas alternam, em sua programao, mostras de artistas jovens com outras
de artistas j consagrados.
Trs instituies geridas pelo governo estadual
destacam-se no segmento das artes visuais.
A mais antiga delas o Museu do Estado de
Pernambuco, que abriga uma pinacoteca de arte
moderna e contempornea e duas galerias
Renato Carneiro Campos e Wellington Virgulino.
Nelas, artistas jovens expem seus trabalhos,
mas sem regularidade definida. O Museu da
Imagem e do Som de Pernambuco, Mispe, produz exposies em convnio com outros rgos,
alm de promover encontros e workshops. Por
fim, o Observatrio Cultural Malakoff tem apre-

Entre as instituies privadas, destacam-se o


Instituto Cultural Bandepe e o Instituto Ricardo
Brennand. O primeiro tem alternado exposies de
arte contempornea com outras de cunho histrico, embora sinalize serem estas ltimas o seu foco
de atuao. O Instituto Ricardo Brennand mantm
rica pinacoteca de arte brasileira do sculo XIX e
tambm do perodo holands no Brasil e realiza,
alm disso, mostras temporrias de artistas consagrados desses perodos.
Entre as galerias que trabalham com arte contempornea de forma sistemtica e possuem espaos
expositivos adequados, destacam-se a Amparo 60,
o Espao Cultural Dumaresq, o Espao Cultural
ria e a Galeria Observatrio Arte Fotogrfica.
Eventualmente, esses espaos promovem cursos e
oficinas ligados produo contempornea.
Por fim, preciso fazer meno a dois espaos
geridos por artistas: o Submarino ateli coletivo
de um grupo de jovens artistas e o N.A.V.E.
tambm ateli coletivo, que organiza cursos e oficinas com nfase multidisciplinar em artes visuais.

Moacir dos Anjos


Curador-coordenador

ARTISTAS

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Adriana Boff

Janaina Barros

Alexandre Vogler

Jred Domcio

Amilcar Packer

Jeanine Toledo

Ana Laet

Jeims Duarte

Andr Santangelo

Joo Loureiro

Arthur Leandro

Jorge Fonseca

Beatriz Pimenta

Jorge Menna Barreto

Bruno de Carvalho
Caetano Dias
Caio Machado
Carla Linhares
Carla Zaccagnini
Carlos Mlo
Cinthia Marcelle
Clarissa Campello
Cludia Leo
Daniella Penna
Divino Sobral
Domitlia Coelho
Ducha
Elisa Queiroz
Enrico Rocha
Fabiana Wielewicki
Fabiano Gonper
Fabiano Marques
Fabio Faria
Felipe Barbosa

Juliana Stein
Larcio Redondo
Letcia Cardoso
Leya Mira Brander
Lucas Levitan
Luciano Mariussi
Luiz Carlos Brugnera
Marcelo Cidade
Marcelo Feij
Maril Dardot
Mrio Simes

Adriana Boff
Adriana Boff (Caxias do Sul RS 1976) formou-se em pintura pela UFRGS, Porto Alegre, em 1999. Seu trabalho em
fotografia traz experimentaes nascidas no Clube da Lata,
coletivo de artistas gachos que emprega a tcnica do
pinhole. Pesquisa a relao entre espaos pblicos e privados
e lana um olhar intimista sobre vivncias e experimentaes
na cidade. Participou, entre outras exposies, de Clube da
Lata 1 Ano (Casa de Cultura Mario Quintana, Porto Alegre,
1999), Faces da Nova Gerao dos Artistas do IA (Pinacoteca
Baro de Santo ngelo, Porto Alegre, 2000), Divergncias
(Centro Cultural Usina do Gasmetro,
Porto Alegre, 2001), 27 Panorama de
Arte Brasileira (MAM Ibirapuera, So
Paulo, 2001, MAM, Rio de Janeiro, e
MAM, Salvador, 2002) e Ven a Casa
(Madri, 2001). Integrou a interveno urbana O Lado de Dentro de um
Outdoor (Centro Municipal de Cultura, Porto Alegre, 2001). Vive e trabalha
em Porto Alegre.

Marta Neves
Marta Penner
Martinho Patrcio
Maxim Malhado
Odires Mlszho
Paula Krause
Raquel Garbelotti
Rodrigo Borges

Frederico Cmara

Rodrigo God

Gabriela Ficher

Rosana Ricalde

Gabriela Machado

Roosivelt Pinheiro

Gabriele Gomes

Silvia Feliciano

Genesco Alves

Tti Waldraff

Glaucis de Morais

Thiago Bortolozzo

Graziela Kunsch

Tonico Lemos Auad

Gustavo Magalhes

Wagner Morales

Imagem Aurora [srie Obscuras Refrigeradas], 2000/2001


fotografia com cmera obscura montada s/MDF [tempo de captao: 120 horas]
120 x 90 cm
Coleo da artista
Foto: Divulgao/Arquivo do artista

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Alexandre Vogler

Amilcar Packer

Alexandre Vogler de Moraes (Rio de Janeiro RJ 1973) graduou-se em


pintura pela EBA/UFRJ, Rio de Janeiro, onde apresentou dissertao
de mestrado em linguagens visuais, em 1999. Foi artista residente
no Programa de Utilizao dos Ateliers da Lada, Porto, Portugal, em
2000. Coordena o Projeto Zona Franca de Artes Visuais e o Projeto
Atrocidades Maravilhosas de Interveno Urbana no Rio de Janeiro,
desde 2000. Sua produo caracteriza-se pela diversidade de operaes, orientadas por uma reflexo crtica que traa relaes entre o
ideal moderno de ordem e pureza do urbanismo e da arte. Realizou
a mostra individual Alexandre Vogler (LGC Arte Hoje e Pao Imperial,
Rio de Janeiro, 2000). Participou, entre outras exposies, do 7
Salo MAM-Bahia de Artes Plsticas (MAM, Salvador, 2000), Check-in
(Caldeira 213, Porto, Portugal, 2000), 27 Panorama de Arte Brasileira
(MAM Ibirapuera, So Paulo, 2001, MAM, Rio de Janeiro, e MAM,
Salvador, 2002). Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

Amilcar Lucien Packer Yessouroun (Santiago, Chile, 1974) formou-se em


filosofia pela FFLCH/USP, So Paulo, em 1999, e estudou fotografia com
Eduardo Brando, em So Paulo, 1997/2000. Suas imagens resultam de
um processo que comea pela montagem de cenrios em casa, onde
executa e registra em vdeo performances particulares. As cenas so
fotografadas diretamente da tela da TV. Nas fotos, seu corpo figura em
aes como vestir roupas de modo inusitado ou interagir com outros
prolongamentos do ser humano, subvertendo o uso dos objetos e
sugerindo novos significados para o prprio corpo. Apresentou mostra
individual no Programa Anual de Exposies de Artes Plsticas do CCSP
(So Paulo, 2002). Participou, entre outras exposies, da 1 Mostra
Rio Arte Contempornea (MAM, Rio de Janeiro, 2002), Coletiva de
inaugurao (Galeria Vermelho, So Paulo, 2002), Fotografias no
Acervo do Museu de Arte Moderna de So Paulo (MAM Ibirapuera,
So Paulo, 2002) e Desvio e Norma (Projeto Dromo, Rio de Janeiro,
2002). Vive e trabalha em So Paulo.
Tudo Sempre Comea Bem [detalhe], 2000
etiquetas adesivas e carimbos
200 x 500 cm
Coleo do artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural

Still de Vdeo Sem Ttulo # 35, 1999


fotografia
120 x 160 cm
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Arquivo do artista

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34

Ana Laet

Ana Maria Andrade de Laet (Barretos SP 1952)


formou-se em comunicao visual e desenho
industrial pela Faap, So Paulo. Freqentou
cursos da EAV/Parque Lage, Rio de Janeiro,
entre 1997 e 1999, e o Ateli Nelson Leirner,
Rio de Janeiro, em 2000. Sua potica est centrada no corpo, seus hbridos e sua representao, utilizando fotografias e imagens digitais
de corpos humanos, s quais agrega matria
orgnica, como couro animal, e inorgnica,
como plstico-cristal. Participou, entre outras
exposies, do Salo Paranaense (Curitiba,
1998), Humor Negro (Pao das Artes, So
Paulo, e Anna Maria Niemeyer Galeria de Arte,
Rio de Janeiro, 2000), A Imagem do Som de
Gilberto Gil (Pao Imperial, Rio de Janeiro,
2000) e A Imagem do Som de Antnio Carlos
Jobim (Pao Imperial, Rio de Janeiro, 2001).
Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

Voc o que Voc Come, 2001/2002


instalao cabides, capas de couro rstico, fotografias impressas em plstico-cristal e cabo de ao
80 x 50 cm [cada capa]
Coleo da artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural

Andr Santangelo
Andr Luiz Santangelo Vianna (Rio de Janeiro
RJ 1977) licenciou-se em artes plsticas pela
Faculdade Dulcina de Moraes, em Braslia,
em 1999. Freqentou a EAV/Parque Lage,
Rio de Janeiro, entre 1996 e 1997. professor de arte na rede pblica de ensino.
Seu trabalho joga com oposies, com as
tenses entre iguais. Os espaos que cria
necessitam de manuteno diria, produzindo situaes que colocam o trabalho no
limiar da performance. Vidros, peixes, gua
corrente, mercrio so elementos que usa
com freqncia. Realizou a mostra individual Doces Instantes (Projeto Prima Obra,
Funarte, Braslia, 2000). Em parceria com
Antnio Elias, exps In Extremis e In Vivo... In
Vitro (Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional de
Braslia, Braslia, 1999/2000). Participou, entre
outras exposies, de Box Project e Leveza
(Museum of Installation, Londres, 2000).
Faz interferncias no cotidiano das cidades.
Montou DeLeite (Base da Transio Listrada,
Fortaleza, 2002). Vive e trabalha em Braslia.

Reiniciar, 2001/2002
instalao aqurios, peixes-beta, TVs e cmeras
220 x 150 cm [rea aprox.]
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Arquivo do artista

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36

Arthur Leandro

Beatriz Pimenta

Arthur Leandro de Moraes Maroja (Belm PA 1967) tornou-se


mestre em linguagens visuais pelo programa de artes visuais da
EBA/UFRJ, Rio de Janeiro, em 2000. Faz instalaes fotogrficas
e videogrficas. Procura no real o inconveniente de imagens,
trabalhando em torno da natureza pessoal destas, na medida em
que se possam apresentar ao senso comum. Realizou a mostra
individual Nunca Fomos To Felizes (Galeria Theodoro Braga,
Belm, 1996). Participou, entre outras exposies, do Salo
Nacional de Fotografia (prmio, Porto Alegre, 1993), Fotografia
Paraense Contempornea: Novas Vises (Galeria de Fotografia e
Galeria Srgio Milliet, Funarte, Rio de Janeiro, 1998), Vermelho
21 (MNBA, Rio de Janeiro, 1999), Projeto
Atrocidades Maravilhosas de Interveno
Urbana no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro,
2000) e 27 Panorama de Arte Brasileira
(MAM Ibirapuera, So Paulo, 2001, MAM,
Rio de Janeiro, e MAM, Salvador, 2002).
Vive e trabalha em Macap.
Beatriz Pimenta Velloso (Niteri RJ 1960) formouse em comunicao visual pela EBA/UFRJ, Rio de
Janeiro, em 1984, onde atualmente faz mestrado
em artes visuais. Freqentou o Ateli de Gravura
do Ing, no Museu do Ing, Niteri, de 1982 a
1985, e o curso de pintura na EAV/Parque Lage,
Rio de Janeiro, em 1992. A produo da artista
inclui pintura, fotografia com interferncia digital e
instalaes que interrogam as grandes alteraes
do conhecimento e da vida ocasionadas pelas
novas tecnologias. Realizou a mostra individual
Ponto de Vista (Espao Cultural Srgio Porto,
Rio Arte, Rio de Janeiro, 2000). Participou, entre
outras exposies, do 5 e 6 Salo MAM-Bahia
de Artes Plsticas (MAM, Salvador, 1998/1999),
Centro Cultural Recoleta (Buenos Aires, Argentina,
1999), Museu Emlio Caraffa (Crdoba, Argentina, 1999) e Galeria do Poste (Centro Cultural
Laurinda Santos Lobo, Rio de Janeiro, 2001). Vive
e trabalha no Rio de Janeiro.
No-Negativo, 2002
instalao espelho com palavras escritas em negativo
dimenses variveis
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Arquivo do artista

Cabea, Tronco e Membros, 2000/2002


instalao fotolitos, acrlico, gua, madeira e silicone
800 x 800 cm [rea]
Coleo da artista
Foto: Divulgao/Christina Bocayuva

37

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Bruno de Carvalho
Bruno Pacheco de Carvalho (Rio de Janeiro RJ 1978) formou-se
em comunicao social pela PUC/Rio, Rio de Janeiro. Fez, entre
1995 e 2000, cursos de pintura, videoarte e videoinstalao na
EAV/Parque Lage, Rio de Janeiro, com os professores Adriana
Varella, Suzi Coralli, Anna Bella Geiger e Fernando Cocchiarale.
Realiza vdeos e videoinstalaes em que o espectador se percebe em um espao em que disputa ou se confronta com a
imagem copiada. Apresentou a videoinstalao e o texto 2HS,
em parceria com Jlio Rodrigues (14th International Congress
of Aesthetics Aesthetics as Philosophy, Eslovnia, 1998). Participou, entre outras exposies, da 4 Mostra MIS de Vdeos
(MIS, So Paulo, 2000), Uma Gerao em Trnsito (Centro
Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2001), 1 Mostra Rio
Arte Contempornea (MAM, Rio de Janeiro, 2002), 8th Los
Angeles Free Waves Festival (MOCA California Plaza e Iturralde
Gallery, 2002) e Artefoto (Centro Cultural Banco do Brasil, Rio
de Janeiro, 2002). Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

V.E.S.A., 2001/2002
instalao videocassete, fita magntica, colches, monitor de TV, amplificador, CD-player, sensor eletrnico e caixas de som 260 x 300 cm
Coleo do artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural

Caetano Dias
Alberto Caetano Dias Rodrigues (Feira de Santana BA
1959) cursou letras vernculas na UCSAL, Salvador, entre
1985 e 1987. Seus trabalhos mais recentes so fotografias
tratadas digitalmente e impressas em plotter. A potica do
artista est entre o pessoal e o social, o sagrado e o profano, o ntimo e o pblico, em um jogo de significaes
que gera a ambigidade de uma obra complexa, simples
e contempornea. O resultado o vigor de um trabalho
que anseia por respostas, e as indica sistematicamente em
vrios planos. Realizou mostra individual na Temporada
de Projetos (Pao das Artes, So Paulo, 2002). Participou,
entre outras exposies, da 3 Bienal de Artes Visuais do
Mercosul (Santander Cultural, Porto Alegre, 2001), 14
Fragmentos Contemporneos Artistas Portugueses e
Brasileiros (MAM, Salvador, e Galeria 57, Leiria, Portugal,
2001) e 10 Anos Marlia Razuk (Marlia Razuk Galeria de
Arte, So Paulo, 2002). Vive e trabalha em Salvador.

Convivas, 2001
fotografia digital
125 x 175 cm
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Arquivo do artista

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Caio Machado

Caio Cesar Machado (So Paulo SP 1977) formou-se em artes plsticas pela Faap, So Paulo,
em 2000. Em seus trabalhos escultricos, constri
mveis rudimentares de madeira cujas prateleiras irregulares e portas entortadas evidenciam
sua inutilidade. O acabamento tosco das peas
remete ao vocabulrio da arte povera, e a instabilidade dos mveis ironiza sua caracterstica de
mobilidade. No processo de trabalho do artista,
esculpir esses mveis equivale a desenhar com
madeira no espao, assim como ele constri objetos semelhantes na superfcie de um papel, sempre partindo da observao de paisagens urbanas
de lugares abandonados. Participou de exposio
coletiva de aquarelas (mezanino da Faap,
So Paulo, 1999) e da Mostra da
Graduao (Salo Cultural da Faap,
So Paulo, 2000). Vive e
trabalha em
Osasco,
So Paulo.

Carla Linhares

Carla Piedade Linhares de Almeida (Itabira MG 1975)


freqentou a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
da PUC, Belo Horizonte, e formou-se em desenho pela
EBA/UFMG, Belo Horizonte, em 1999. Alm de cursos
de pintura e reflexo terica, participou de seminrios de
arte contempornea, no Brasil e no exterior. A arquitetura e o urbanismo so fatores preponderantes no seu
projeto artstico. Realizou mostra individual na Galeria
Thomas Cohn (So Paulo, 2001). Participou, entre outras
exposies, de Circuito Antivicioso de Regras Cotidianas
(Semana de Arquitetura e Urbanismo e Desenvolvimento
Sustentvel, PUC, Belo Horizonte, 2000), Salo Paulista
de Arte Contempornea (referncia especial do jri, So
Paulo, 2000), Projeto Balaio Brasil (Sesc Belenzinho, So
Paulo, 2000), Projeto Portas Abertas (1 lugar, Galeria
Kolams, Belo Horizonte, 2000) e Mostra Conduta da
Imagem (Museu Metropolitano de Arte de Curitiba,
Curitiba, 2001). Vive e trabalha em Belo Horizonte.

162 x 120 x 53 cm [fechado]


Coleo do artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural

Sem Ttulo, 2000


objeto madeira

Malha Urbana (Belo Horizonte), 2001


miniaturas de mveis estilo chipendale e planta urbana
270 x 350 cm
Coleo da artista
Foto: Divulgao/Arquivo da artista

41

42

Carla Zaccagnini

Carla Zaccagnini (Buenos Aires, Argentina, 1973)


formou-se em artes plsticas pela Faap, So Paulo,
em 1995, e faz mestrado em poticas visuais na
ECA/USP, So Paulo. Realiza desenhos baseados no
contorno ou no contato com objetos, o que culminou na frottage da Galeria Adriana Penteado Arte
Contempornea, So Paulo, em 2000. Apresentou
diferentes estratgias para dar visibilidade ao acervo
de instituies em que exps, como o financiamento
do restauro de uma pea. Realizou mostras individuais
no MAP (Belo Horizonte, 2002) e no Torreo (Porto
Alegre, 2002). Participou, entre outras exposies,
de In Passing (Bard College, Nova York, 1999), 27
Panorama de Arte Brasileira (MAM Ibirapuera, So
Paulo, 2001, MAM, Rio de Janeiro, e MAM, Salvador,
2002), Caminhos do Contemporneo 1952-2002
(Pao Imperial, Rio de Janeiro, 2002) e Brasileos
Contemporneos (Centro de Arte Contemporneo
Wifredo Lam, Havana, Cuba, 2002). Vive e trabalha
em So Paulo.

Carlos Mlo

Jos Carlos de Mlo (Riacho das


Almas PE 1969), entre 1989 e
2000, fez cursos de histria da arte
e de pesquisa plstica, no Instituto
de Arte Contempornea, e de
multimeios, com Paulo Brusky, na
Associao Brasil-Amrica, no Recife;
e no Barbican Centre, em Londres.
Participou do workshop Interveno
na Paisagem, com Penelope Wherli, na Fundao Joaquim Nabuco
(Recife, 2002). Sua obra apresenta uma reflexo fenomenolgica
sobre arte, religio e sagrado na atualidade, sexo, memria, morte
e a dimenso do que nos escapa no imaginrio cotidiano. De suas
mostras individuais destacam-se Desenhos e Colagens (IAC/UFPE,
Recife, 1997), Ausncias (DEC/UFPE, Recife, 1998), ZONE (IAC/
UFPE, Recife, 2002). Entre outras exposies, participou de Quatro
Artistas de Pernambuco Brasil (Fundao da Juventude, Porto,
Portugal, 2001), Permanncias e Rupturas (Torre Malakoff, Recife,
2001), 2 Salo de Arte de Gois (Goinia, 2002) e 9 Salo de Arte
da Bahia (prmio MAM-Bahia, Salvador, 2002). Vive e trabalha
Assentos, 2001
projeto de bancos dobrveis e modulares [em colaborao com Keila Costa]
40 x 40 x 40 cm [prottipo]
Coleo da artista
Foto: Divulgao/Arquivo da artista

Algo, 2001/2002
instalao slides e plotter s/parede
220 x 300 x 300 cm
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Edson Lucena

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Cinthia Marcelle

Cinthia Marcelle de Miranda Santos (Belo Horizonte MG


1974) formou-se em desenho pela EBA/UFMG, Belo
Horizonte. Coordenou com o grupo VEM!!!, entre 2000 e
2002, o projeto Caminhando no Lado Selvagem, no qual
fez a curadoria da obra do jovem artista falecido Pedro
Moraleida. Integram seu trabalho processos coletivos realizados com outros artistas. Apresentou a mostra Aonde
Anda Minha Tereza?, em dupla com Sara Ramo. Participou,
entre outras exposies, do Circuito Cultural Banco do
Brasil (Sesiminas, Belo Horizonte, 2000). Vive e trabalha em
Belo Horizonte.

Maril Dardot

Maril Dardot Magalhes Carneiro (Belo Horizonte MG


1973) formou-se em comunicao social pela UFMG,
Belo Horizonte, em 1996. Cursou artes plsticas na Escola
Guignard, Belo Horizonte, de 1997 a 1999. Termina em
2003 o mestrado em linguagens visuais na EBA/UFRJ, Rio
de Janeiro. Fez mostras individuais na EAV/Parque Lage,
Rio de Janeiro, 2001, e no Museu de Arte da Pampulha,
Belo Horizonte, 2002. Recebeu um dos cinco prmios da
1 Mostra Rio Arte Contempornea (MAM, Rio de Janeiro,
2002). Participou, entre outras exposies, de MatriaPrima (NovoMuseu, Curitiba, 2002). Vive e trabalha no Rio
de Janeiro.

Nas instalaes realizadas em parceria pelas artistas Cinthia


Marcelle e Maril Dardot, so utilizados os sistemas pblicos de comunicao, como a telefonia e os correios, por
intermdio dos quais o espectador convidado a interagir
no trabalho de arte. Este concebido como um "entre",
uma troca incessante de fluxos que privilegia "os encontros
imprevisveis e os dilogos improvveis", diluindo a autoria
e o objeto de arte finalizado e visvel.

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Me Liga, 2000/2002
instalao telefone pblico, cartes telefnicos e impresso em catlogos telefnicos
Apoio: Brasil Telecom
Coleo das artistas
Fotos: Divulgao/Arquivo das artistas

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Clarissa Campello

Cludia Leo

Clarissa Campello Ramos (Vitria


ES 1978) formou-se em pintura
pela EBA/UFRJ, Rio de Janeiro,
em 2000. Nesse ano, freqentou cursos na EAV/Parque Lage,
Rio de Janeiro. Ao transitar entre
os limites da pintura, fotografia,
imagem digital e performance,
seu trabalho investiga o estatuto do auto-retrato contemporneo e as noes de identidade e
estranhamento. Participou, entre
outras exposies, de Mostrarte
(Universidade Estcio de S, Rio
de Janeiro, 2000). Vive e trabalha
no Rio de Janeiro.
Ana Cludia do Amaral Leo (Belm PA 1967) formou-se em jornalismo pela UFPA, Belm, em 1996.
Atualmente, cursa mestrado em comunicao e
semitica, na PUC, So Paulo. uma das fundadoras do Caixa de Pandora Ncleo de Imagens.
Constri imagens por meio da manipulao de filme
e papel no laboratrio fotogrfico, usando como
suporte espelhos oxidados e vidros pontilhados. As
imagens remetem perda, constituio de territrios de desejos inatingveis e saudade do que
no se pode mais tocar. Realizou a mostra individual
O Jardim dos Caminhos que Se Bifurcam (Galeria
de Fotografia do Alpendre, Fortaleza, 2000). Participou, entre outras exposies, de Fotografia Brasileira Contempornea Coleo Joaquim Paiva
(Museu Nacional de Arte, La Paz, Bolvia, 2000) e
27 Panorama de Arte Brasileira (MAM Ibirapuera,
So Paulo, 2001, MAM, Rio de Janeiro, e MAM,
Salvador, 2002). Vive e trabalha em So Paulo.

Pintura [srie], 2000


jato de tinta s/papel fotogrfico
84 x 59 cm [cada imagem]
Coleo da artista
Fotos: Juninho Motta/Ita Cultural

O Jardim dos Caminhos que Se Bifurcam, 2000


instalao fotografia manipulada montada entre lminas de vidro e espelhos [14 imagens]
dimenses variveis
Coleo da artista
Foto: Divulgao/Orlando Maneschy

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Daniella Penna

Daniella Maria Penna Soares (Belo Horizonte MG 1960) formou-se


em artes plsticas com habilitao em desenho e escultura pela
Escola Guignard/UEMG, Belo Horizonte, em 2000, onde atualmente cursa o mestrado em artes plsticas e contemporaneidade.
Constri dirios utilizando a fotografia. A imagem apropriada
em seu trabalho como flagrantes, seriados ou no, que ocultam
evidncias. A despreocupao com a composio e a trivialidade
da cena induzem o olhar do espectador a procurar algo que
deveria estar ali e que, no entanto, falta. Realizou interferncia
espacial na Galeria da Assemblia Legislativa (Belo Horizonte,
2000). Participou, entre outras exposies, de Apontando o Alvo
(Pace Arte Galeria, Belo Horizonte, 1999), Condutibilidade (Cemig
Espao Cultural Galeria de Arte, Belo Horizonte, 2000), Seqncia
(Galeria da Escola Guignard, Belo Horizonte, 2000) e Randevu
(Galeria Casa dos Contos, Ouro Preto, 2000). Vive e trabalha em
Belo Horizonte.

No Adianta Faltar ao Enterro [detalhe], 2000


fotografia plotter
52 x 220 cm [polptico]
Coleo da artista
Fotos: Divulgao/Arquivo do artista

Divino Sobral

Divino Sobral de Sousa (Goinia GO 1966), artista


autodidata, pesquisador e curador independente.
Escreve textos crticos, publicados no Brasil e no exterior.
Sua obra rene elementos de memria pessoal entrelaados com a mitologia e com a histria. Em instalaes,
incorpora cordes fiados a partir de cabelos (com os
quais tece redes), livros (que imobiliza pela imerso em
cera) e roupas (que so ora oxidadas, ora bordadas, formando estampas que parecem reproduzir textos sobre
o tecido). Realizou mostra individual no MAC (Goinia,
2002). Participou, entre outras exposies, da 2 Bienal
do Mercosul (Fundao Bienal de Artes Visuais do
Mercosul, Porto Alegre, 1999) e Obras do Faxinal das
Artes (MAC, Curitiba, 2002). Foi curador da coletiva
Olhar Multiplicado (Espao Cultural Contemporneo
Venncio, Braslia, 2002). Vive e trabalha em Goinia.

Palavras no Meio da Noite, 2000


aquarela, lpis grafite e lpis de cor sobre papel
32 x 44 cm
Coleo do artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural

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Domitlia Coelho

Maria Domitlia Costa Coelho da Silva


(So Paulo SP 1971) formou-se em cincias sociais pela Unicamp, Campinas,
em 1993; em So Paulo, estudou
fotografia com Eduardo Castanho, em
1994, e com Eduardo Brando, entre
1997 e 2000. Suas fotografias caracterizam-se pelo tratamento dado s
massas de luz retratadas. Os trabalhos
voltados para cenas urbanas so focados em luzes e luminosos da cidade
(com pessoas em segundo plano), e
as fotografias de vitrines de lojas de
mveis confundem a luz interna com
a luz externa. A simbologia das vitrines
remete a um questionamento do lugar que a arte ocupa nos
dias de hoje, como decorao. Realizou mostra individual na
Temporada de Projetos (Pao das Artes, So Paulo, 2001) e no
MAM (So Paulo, 2002). Participou, entre outras exposies, do
Projeto Abra/Coca-Cola de Arte Atual (Centro Cultural So Paulo,
1998), Panorama de Arte Brasileira (MAM Ibirapuera, So Paulo,
1999) e Fotografias do Acervo do MAM (MAM Ibirapuera, So
Paulo, 2002). Vive e trabalha em So Paulo.

Sem Ttulo [srie], 2001


transparncia fotogrfica em caixa de acrlico com luz
dimenses variveis
Coleo da artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural

Ducha
Ducha (Rio de Janeiro RJ 1977) formou-se em pintura
pela EBA/UFRJ, Rio de Janeiro, em 2000. Freqentou
cursos da EAV/Parque Lage, Rio de Janeiro, entre 1994 e
1995. Produziu aes em espaos expositivos ou urbanos,
como a interferncia nos refletores do Cristo Redentor,
Rio de Janeiro, sem a autorizao das instituies responsveis pelo monumento. Realizou mostra individual no
Agora/Capacete (Rio de Janeiro, 2001). Participou, entre
outras exposies, do Prmio Interferncias Urbanas
(primeiro prmio, com a interveno no Cristo Redentor,
Rio de Janeiro, 2000), Orlndia (ocupao coletiva de
uma casa no bairro de Botafogo, Rio de Janeiro, 2001),
27 Panorama de Arte Brasileira (MAM Ibirapuera, So
Paulo, 2001, MAM, Rio de Janeiro, e MAM, Salvador,
2002), 1 Mostra Rio Arte Contempornea (MAM, Rio
de Janeiro, 2002) e Obras do Faxinal das Artes (MAC,
Curitiba, 2002).
Vive e trabalha no
Rio de Janeiro.

Laranja, 2000/2002
instalao
50 x 50 cm
Coleo do artista
Fotos: Divulgao/Arquivo do artista

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Elisa Queiroz

Enrico Rocha

Maria Elisa Moreira Queiroz (Maca RJ 1970) formou-se em artes plsticas pela Ufes, Vitria. Suas
obras so registros do prprio corpo, em que
expe afetos e denota sexualidade. Por utilizar
vrios recursos, como a fotografia, a apropriao
de objetos ou mesmo o design na confeco de
mveis ergonmicos, o trabalho remonta alegoricamente a seus dados biogrficos e referenciais.
Realizou mostras individuais no Espao de Arte
da Codesa (Vitria, 1996) e na Galeria de Arte
Espao Universitrio (Ufes, Vitria, 1998). Participou,
entre outras exposies, de Releitura de Matisse
(Biblioteca Central, Ufes, Vitria, 1993), Instalao
(Capela Santa Luzia, Vitria, 1995, e Palcio do
Caf, Vitria, 1998), Confortvel (Ufes/Defa, Vitria,
1999), Projeto Balaio Brasil (Sesc Belenzinho, So
Paulo, 2000) e 2 e 3 Salo Capixaba do Mar (Casa
Porto das Artes, Vitria, 2000 e 2001 - prmio).
Vive e trabalha em Vitria.

Enrico Rocha Barbosa Costa (Fortaleza CE 1976)


formou-se em comunicao social na UFCE,
Fortaleza, em 2001. Seus primeiros trabalhos em
fotografia foram direcionados para o jornalismo e
exibidos em pequenas mostras organizadas pelos
alunos da universidade. Como conseqncia da
pesquisa realizada para o projeto experimental de
concluso do curso, desenvolve atualmente um
trabalho com fotografias no qual utiliza a cmara
em baixa velocidade e atrai imagens construdas
ao acaso. Essa imprevisibilidade, que compreende
o cotidiano, sugere discusses sobre os modos
de percepo da imagem, a apropriao e a construo do real. Vive e trabalha em Fortaleza.
Namoradeira, 2000/2002
instalao madeira, transfer, tecido, bala, papel e vidro
250 x 250 x 150 cm
Coleo da artista
Foto: Divulgao/Cludia Pedrinha

Insnia, 2001
fotografia
120 x 80 cm
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Arquivo do artista

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Fabiana Wielewicki

Fabiana Feronha Wielewicki (Londrina


PR 1977) formou-se em artes plsticas pela Udesc, Florianpolis, 2001.
Bolsista de iniciao cientfica nessa
instituio, realizou a pesquisa O Campo
Expandido da Gravura Contempornea,
em 2000 e 2001, e integrou o Projeto
Arte no nibus, que promove intervenes urbanas em Florianpolis, em
2000. Freqentou cursos de xilogravura,
serigrafia e desenho. Participa do grupo de
artistas Vaca Amarela. Sua potica utiliza-se
da fotografia para focar a paisagem urbana.
Seu olhar constri outras temporalidades
para uma paisagem vista da janela de seu
quarto. Realizou a mostra individual Paralaxe
(MIS, Florianpolis, 2001). Participou, entre
outras exposies, da Coletiva de Miniaturas
(1999), 7 Salo Nacional Victor Meirelles
(2000), Implumes (2001) e Pretexto Potico
(2001), todas no Masc, Florianpolis. Vive e
trabalha em Florianpolis.
Monlogo [detalhe], 2000
imagem digitalizada s/acetato
27 x 16 cm
Coleo da artista
Foto: Divulgao/Dansio Silva

Fabiano Gonper
Fabiano Gonalves Pereira (Joo Pessoa PB 1970) cursou oficinas de escultura, na Fundao Espao Cultural
Jos Lins do Rego, Joo Pessoa, em 1989. Partindo
do cotidiano e de experincias de ordem pessoal, seu
trabalho oscila entre o imaginrio de cunho surrealizante e o real, introduzindo o mistrio, sem excluir,
porm, a possibilidade da comunicao com o receptor. Realizou, em 1996, Universo em Queda Livre, uma
retroperspectiva, no Centro Cultural So Francisco,
Joo Pessoa, onde mostrou duas sries de esculturas,
resultado de um processo de anulao de valores/vises
estticas e incio de sua nova figurao e novos processos. Apresentou a mostra individual Dimensionveis
(Galeria Sesc Paulista, So Paulo, 2001). Participou,
entre outras exposies, do 26 Panorama de Arte
Brasileira (MAM Ibirapuera, So Paulo, 1999, Centro
Drago do Mar de Arte e Cultura, Fortaleza, e MAC,
Niteri, 2000). Vive e trabalha em
Joo

Objeto de Exilar/Stio/Sem Ttulo, 2000


objeto
30 x 90 cm [trptico]
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Rodolfo Athayde

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Fabiano Marques

Fabiano Neves Marques Pereira (Santos SP 1970) formou-se em comunicao social pela Faap, So Paulo,
em 1992. Fez cursos livres com os artistas Waldo
Bravo, Regina Carmona, Dudi Maia Rosa, Albano
Afonso e Sandra Cinto, em So Paulo, entre 1999 e
2001. Suas instalaes e esculturas tm como base
a histria da arte e elementos simblicos referentes
formao do povo brasileiro ou a tradies nacionais. Apresentou, entre outras, as mostras individuais
Escultura de Garagem (Plano Anual de Exposies,
Fundao Pinacoteca Benedito Calixto, Santos, 2002)
e Cascata - III Mostra do Programa de Exposio do
CCSP (So Paulo, 2002). Participou, entre outras
exposies, do 29 Salo de Arte Contempornea
de Santo Andr (Santo Andr, 2001), Edital 2001
(MAC, Campinas, 2001) e Programa Anual de Exposies de Artes Plsticas (CCSP, So Paulo, 2002).
Vive e trabalha em So Paulo.

Fabio Faria

Fabio Thadeu de Faria (So Paulo SP 1974) formouse em educao artstica pela Faap, So Paulo, em
1997. Realiza pinturas quase realistas, que retratam
interiores de locais sempre vazios, para evidenciar
o desolamento da vida contempornea. O vazio
existencial est tambm presente na produo do
artista, seja em fotografia, seja em vdeo. Em todos
os trabalhos, a imagem sempre criada de modo a
enfraquecer ou perder o referencial, com influncia
do olhar cinematogrfico sobre as coisas. Realizou
mostra individual na Galeria Thomas Cohn (So
Paulo, 2000). Participou, entre outras exposies,
do 6 e 8 Salo MAM-Bahia de Artes Plsticas
(MAM, Salvador, 1999 e 2001), Portas Abertas
(Galeria Thomas Cohn, So Paulo, 1999), Prmio
Estmulo 2000 (primeiro prmio, Fundacin ArteBA,
Buenos Aires, Argentina, 2000) e 3 Bienal de Artes
Visuais do Mercosul (Santander Cultural, Porto
Alegre, 2001). Vive e trabalha em So Paulo.
The Siestawatch, 2001/2002
instalao madeira, espuma, tecido e vdeo
120 x 120 cm [rea aprox.]
Coleo do artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural

Sem Ttulo Interior # 100, 1999


leo s/tela
100 x 200 cm
Cortesia Galeria Thomas Cohn [So Paulo SP]
Foto: Divulgao/Arquivo do artista

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Felipe Barbosa

Felipe do Nascimento Barbosa (Niteri RJ 1978) formou-se em pintura pela EBA/UFRJ, Rio de Janeiro, em
2001. Freqentou cursos na EAV/Parque Lage, Rio de
Janeiro, e no Ateli de Gravura do Ing, no Museu
do Ing, Niteri, entre 1996 e 1998. Participou do
Programa Taller Exposicin de Pintura Iberoamericana,
Madri, em 2001. Apropria-se de objetos e elementos
encontrados no cotidiano urbano, como palitos de
fsforo e tampas de garrafas de refrigerante, para
extrair de sua materialidade e do processo de realizao da obra possibilidades artsticas. Em parceria
com a artista Rosana Ricalde, participou do Prmio
Interferncias Urbanas, Rio de Janeiro, em 2000 e
2001. Participou, entre outras exposies, do 27
Panorama de Arte Brasileira (MAM Ibirapuera, So
Paulo, 2001, MAM, Rio de Janeiro, e MAM, Salvador,
2002). 1 Mostra Rio Arte Contempornea (MAM,
Rio de Janeiro, 2002) e 1 Bienal Cear Amrica
- De ponta-cabea (Fortaleza,
2002). Vive
e trabalha
no Rio de
Janeiro.

Frederico Cmara

Frederico Ozanam Agostino Cmara (Governador Valadares


MG 1971) formou-se em gravura pela EBA/UFMG, Belo
Horizonte, em 1993. Fez residncia no Vermont Studio
Center, Johnston, Vermont, Estados Unidos, 2000; no
The Banff Centre for the Arts, Banff, Canad, 2001; e na
Fundacin Valparaiso, Mojacar Playa, Espanha, 2001. Sua
produo de videoarte se baseia na utilizao econmica
de recursos, atingindo resultados documentais e realistas.
Os trabalhos refletem sobre as indagaes do artista e
seu papel em relao s instituies culturais e sociais.
Participou, entre outras exposies, 19 Festival de Vdeo e
Filme Documentrio de Kassel (Alemanha), Trap (Vermont
Studio Center, Johnston, Estados Unidos, 2000), e Trip
(The Banff Centre for the Arts, Banff, Canad, 2001). Vive
e trabalha em Belo Horizonte e Amsterd.

Corpos que Se Inflamam Quando Atritados, 2000/2001


tela, madeira e palitos de fsforo
45 x 100 x 100 cm
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Arquivo do artista

Fear No Art [No Tenha Medo da Arte] Sangatuck, Michigan, Estados Unidos, 1999
mini-DV, cor, som, 7min
Agradecimento: Geraldo Valrio
Coleo do artista
Foto [still video]: Divulgao/Arquivo do artista

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Gabriela Ficher

Gabriela Machado
Gabriela Ficher (So Paulo SP 1973) formou-se em
educao artstica pela Faap, So Paulo, em 1997.
Realizou cursos de arte contempornea com Felipe
Chaimovich e Agnaldo Farias, em So Paulo. Constri
esculturas em forma de cubos, que sintetizam os
cmodos de uma casa. Em cada face dos cubos figura
um recorte da casa, a face superior correspondendo
ao teto, a inferior ao cho. A srie de trabalhos vai
da Cozinha e Sala de Jantar ao Banheiro e Quarto da
Paula, ora revelando uma padronizao dos ambientes
familiares, ora evidenciando particularidades de seus
habitantes. Participou, entre outras exposies, da
26 e 27 Anual de Artes Plsticas da Faap (Faap, So
Paulo, 1994/1995), Projeto OO (MAB/Faap,
So Paulo, 1995) e Coletiva de
Alunos (Escola 3 Andar,
So Paulo, 1998).
Vive e trabalha em
So Paulo.

Maria Gabriela de Mello Machado da Silva (Joinville SC 1960)


formou-se em arquitetura pela Universidade Santa rsula, Rio de
Janeiro, em 1984, e freqentou os cursos de pintura, desenho,
ateli livre, gravura em metal e litografia da EAV/Parque Lage,
Rio de Janeiro, entre 1985 e 1993. Cria obras bidimensionais
e instalaes usando o desenho. Realizou a mostra individual
Gabriela Machado (Galeria H.A.P., Rio de Janeiro, e Centro
Universitrio Maria Antnia, So Paulo, 2002). Participou, entre
outras exposies, do 13 e 16 Salo Nacional de Artes Plsticas
(prmio aquisio, Funarte, Rio de Janeiro, 1993, e MAM, Rio de
Janeiro, 1998), 6 Salo Nacional Victor Meirelles (prmio, Masc,
Florianpolis, 1998) e Os Gneros da Arte: a Natureza-Morta na
Arte Contempornea (MAM Higienpolis, So Paulo, 2002). Vive
e trabalha no Rio de Janeiro.
Quarto da Paula [Vista 1], 1999/2000
madeira, nylon, papel impresso, algodo, frmica e esmalte sinttico
30 x 30 x 30 cm
Coleo da artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural

Sala dos Fios [detalhe], 2001/2002


instalao papel higinico e pintura da srie Red Serie
400 x 400 cm [rea]
Coleo da artista
Foto: Divulgao/Vicente de Mello

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Gabriele Gomes

Gabriele Gomes (Curitiba


PR 1971) formou-se em
desenho e pintura pelo
Istittuto per lArte ed il
Restauro, Florena, Itlia,
em 1990, e em desenho
e pintura pela Embap,
Curitiba, em 1992. Traos, registros e aes da
artista na natureza, documentados em vdeo e fotografia, constituem seu trabalho.
Realizou mostras individuais no Ybakatu Espao de Arte
(Curitiba, 1996 e 1998) e no Projeto Abra/Coca-Cola de Arte
Atual (Espao Cultural Abra, So Paulo, 1997). Participou,
entre outras exposies, do Projeto Brasil Reflexo 97 A
Arte Contempornea da Gravura (Museu Metropolitano de
Curitiba, 1997), Entre o Eu e o Mundo (MAC, Goinia, 1999),
12 Mostra da Gravura de Curitiba - Marcas do Corpo, Dobras
da Alma (Museu da Gravura, Curitiba, 2000), 3 Bienal de
Artes Visuais do Mercosul (Santander Cultural, Porto Alegre,
2001), EMCONTRA (Museu da Gravura, Curitiba, 2001) e
Arte Brasileo de Hoy (Sala de Armas-Ciudadela, Pamplona,
Espanha, 2002). Vive e trabalha em Curitiba.
Travesseiro no Mar, 2001
VHS, cor, mudo, 2min53
Foto: Divulgao/Leonardo R. Gomes

Genesco Alves
Genesco Alves de Sousa (Jordnia
MG 1972) formou-se em artes
plsticas pela Escola Guignard/
UEMG, Belo Horizonte, em 2000.
Atualmente, faz mestrado em
filosofia pela Fafich/UFMG, Belo
Horizonte. Utiliza blocos de gelo
e pigmento para desenvolver trabalhos hbridos da escultura e da
pintura, que aludem noo de
permanncia das coisas. O incio da
obra determina o princpio do fim
de sua existncia. Restam vestgios,
a memria e a incontestvel idia
de transitoriedade. Participou, entre
outras exposies, de Daqui a Um
Sculo (Centro Cultural UFMG, Belo
Horizonte, 1997), Nove Segundos
da Eternidade 300 Anos de Ouro
Preto (Museu Casa Guignard, Ouro
Preto, 1998), Processos Tridimensionais (Escola Guignard/UEMG, Belo
Horizonte, 1998), O Peso da Luz
(Centro de Cultura de Belo Horizonte, 1999) e A Casa dos Loucos
(Galeria de Arte Minas Tnis Clube,
Belo Horizonte, 2001). Vive e trabalha em Belo Horizonte.

Sem Ttulo, 2001/2002


instalao gua, pigmentos congelados e fotografias
220 x 200 x 200 cm
Coleo do artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural

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Glaucis de Morais

Graziela Kunsch

Glaucis de Morais Almeida (Lajeado RS 1972)


formou-se em desenho pela UFRGS, Porto
Alegre, em 1997, onde concluiu mestrado em
poticas visuais, em 2002. Freqentou cursos
de interveno em espaos urbanos e desenho e teve orientao em artes plsticas no
Torreo, Porto Alegre. Sua pesquisa faz uma
imbricao entre os jogos da arte e a fragilidade das relaes. O elo entre pessoas, seja
pela ponte da linguagem, seja pela construo
da vontade, est precariamente inscrito na
superfcie da parede ou na estrutura frgil de
uma escultura. Realizou, entre outras, mostra
individual na Pinacoteca Baro de Santo
ngelo (Porto Alegre, 2002). Participou, entre
outras exposies, de 25 x 25 (Centro Cultural
Recoleta, Buenos Aires, Argentina, 1997),
Monteiro Lobato (Casa de Cultura
Mario Quintana, Porto Alegre, 1998),
In Corpore (Galeria Obra Aberta, Porto
Alegre, 2000) e Casa (Porto Alegre,
2001). Vive e trabalha em Porto
Alegre.
Graziela Krohling Kunsch (So Paulo SP 1979) formou-se em artes
plsticas pela Faap, So Paulo, em 2001. Na srie de vdeos Nightshot, a artista desenvolve prticas situacionistas de mudanas sutis
no cotidiano das pessoas. A videoinstalao Nightshot 3 mostra
simultaneamente cinco vdeos da artista perambulando noite por
So Paulo, latindo para as pessoas e sendo por vezes acolhida, por
vezes enxotada. Edita a revista Urbnia (do ncleo de performance
Subterrnea) e coordena a Casa da Grazi, centro de contracultura
de So Paulo. Co-organizou as exposies independentes Fumaa
e Fumaa 00 (Faap, So Paulo, 2000). Participou, entre outras
exposies, da 31 e 32 Anual de Artes Plsticas da Faap (prmios - Faap, So Paulo, 1999/2000), Projeto Sonys Heart Awards
(segundo prmio, Berlim, 2000) e Genius Loci: o Esprito do Lugar
(So Paulo, 2002). Vive e trabalha em So Paulo.

Concreto, 2000/2002
instalao 6.000 cartas de baralho e 70 fotografias
160 x 100 x 100 cm [cartas] 220 x 200 cm [fotos]
Coleo da artista
Foto: Divulgao/Miguel Aun

Nightshot 3, So Paulo, 2000


digital, cor, som excerto de A.N.T.I. cinema
Agradecimento: Fernando Nitsch
Coleo pblica
Fotos: Divulgao/Arquivo da artista

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Gustavo Magalhes

Janaina Barros
Gustavo de Oliveira Magalhes
(Braslia DF 1977) concluiu
curso de artes plsticas pela
Universidade de Braslia e de
economia no Ceub, Braslia,
em 2001. Interessa-se pela
abordagem psicanaltica da
perda, da morte e da repetio
como condio do humano.
Seus mais recentes trabalhos
abordam a idia de portais,
que toma de textos bblicos,
reproduzidos como almofadas
moles. Realizou as mostras
individuais Desejo de Morte (Galeria de Bolso da CAL,
Braslia, 2000), Portais (Projeto
Prima Obra, Funarte, Braslia,
2001) e Jovem Arte Contempornea de Braslia (Galeria
Arte Futura, Braslia, 2001).
Vive e trabalha em Braslia.
Janaina Barros de Albuquerque (Recife
PE 1976) licenciou-se em educao
artstica pela UFPE, Recife. Segundo a
artista, sua audioinstalao Conversa
entre Galinhas a lembrana e a
reafirmao de que o homem tenta
comunicar-se com outro animal, utilizando-se de sua fala e de gestos,
com a inteno de ser compreendido.
Participou, entre outras exposies, de
Abril pro Rock (Centro de Convenes,
Recife, 1997), Novos Talentos da Philips
(Recife, 1999) e Formas (Centro de
Artes e Comunicao da UFPE, Recife,
2000). Vive e trabalha no Recife.

Portal 2, 2000/2002
instalao acrilon, plstico, pluma sinttica e fcula
dimenses variveis
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Marcelo Feij

Conversa entre Galinhas, 2000/2002


audioinstalao registro realizado em Pirunga SE
220 x 110 x 120 cm [rea]
Coleo da artista
Foto: Divulgao/Alrio de Castro

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Jred Domcio

Planos Instveis, 2001/2002


interveno em espao expositivo
dimensses variveis
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural

Jred Jos Barbosa Domcio (Fortaleza CE 1973)


formou-se em cincias sociais pela Uece, Fortaleza,
em 2001. Iniciou sua trajetria artstica em 1993, em
sales de arte de Fortaleza. Em sua pesquisa, desenvolve marcaes sobre paredes. As linhas cavadas
nas bordas desestruturam o plano e o tornam instvel para o ambiente que ocupa. Realizou as mostras
individuais Orgnica (Centro Cultural do Abolio,
Fortaleza, 2000) e Manual Prtico de Reconstruo
Vital (Galeria do Geo Dunas, Fortaleza, 2001).
Participou, entre outras exposies, do 4 Salo
Universitrio (primeiro prmio, Mauc, Fortaleza,
1996), 20 Salo dos Novos (meno honrosa,
Fundao Cultural de Fortaleza, Fortaleza, 1996), 9
Salo Paulista de Arte Contempornea (Complexo
Cultural Jlio Prestes, So Paulo,
2000), Salo Nacional de Arte Contempornea (Belo Horizonte, 2000)
e 5 Salo Sobral de Arte Contempornea (Sobral, Cear, 2002). Vive e
trabalha em Fortaleza.

Jeanine Toledo

Jeanine Lima Toledo (Macei AL 1962)


formou-se em comunicao visual pela
UFPE, Recife, em 1983. Seu trabalho
volta-se para a pintura e a escultura,
com destaque para a representao
de partes do corpo. Sem desprezar
a produo artesanal, tambm contempla questes conceituais em suas
obras. Apropria-se de uma citao de
Waltercio Caldas, Isto arte? Arte
isto, e d novo direcionamento a sua
pesquisa artstica, ainda se remetendo
ao corpo, porm refletindo sobre a
natureza da arte atual. Entre vrias
mostras individuais que realizou, a
mais recente Impermanncia (Instituto de Arte Contempornea, Centro
Cultural Benfica, Recife, 2002). Participou, entre outras exposies, de Painting An Imaginative Journey (Slade
School of Fine Art, University of London, Londres, 1996), Cear e Pernambuco: Drages e Lees (Centro Drago
do Mar de Arte e Cultura, Fortaleza,
1998) e 44 Salo Pernambucano de
Artes Plsticas (Observatrio Cultural
Malakoff, Recife, 2000). Vive e trabalha no Recife.
Isto Arte? Arte Isto, 2000
letras e cabelos humanos colados em lona
70 x 300 cm
Coleo da artista
Foto: Divulgao/Fritz Simons

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Jeims Duarte

Joo Loureiro
Joo Eduardo Loureiro (So Paulo SP 1972) formou-se em educao artstica pela Faap, So Paulo, em 1995. Realizou cursos
de histria da arte com Rodrigo Naves e Felipe Chaimovich
e workshop com Tony Cragg, em Santiago de Compostela,
Espanha, em 1998. Constri objetos escultricos como mobilirio e mesas de jogos, de modo a inutilizar sua funo,
gerando desconforto no espectador. Essa subverso pode ser
vista na obra Porta com Respiros, cuja inteno simular o
comportamento parasitrio, que levaria a porta a mofar, ou
em Sinuca, cuja superfcie polida impossibilita o jogo. Realizou
mostra individual no Centro Cultural UFMG (Belo Horizonte,
2002). Participou, entre outras exposies, da mostra Heranas
Contemporneas (MAC/USP, So Paulo, 1997), 8 Salo MAMBahia de Artes Plsticas (MAM, Salvador, 2001), 20
Artistas/20 Anos (Centro Cultural So Paulo, So
Paulo, 2002) e Quase Desenho (Adriana Penteado
Arte Contempornea, So Paulo, 2002). Vive e
trabalha em So Paulo.
Jeims Duarte dos Santos (Joo Pessoa PB 1975) formou-se em
educao artstica com habilitao em artes plsticas pela UFPE,
Recife, em 2000. Parte do desenho de tradio expressionista
prximo ao universo inquietante de Egon Schiele, pintor e
desenhista austraco e se serve desse e de outros meios para
abordar questes ligadas ao tempo, s runas, ao coletivo e ao
individual. Sua proposta se integra a uma tradio presente
na Documenta, Kassel, 1972, em que os artistas que haviam
desintegrado a obra de arte sentiram a necessidade de juntar os
pedaos em todos os tipos de museu mental, com o intuito de
conservar ou apresentar os vestgios. Realizou mostra individual
na Galeria Vicente do Rego Monteiro (Recife, 2000). Participou,
entre outras exposies, do Prmio Pernambuco de Artes
Plsticas Novos Talentos 1999 (MAC, Olinda, 1999). Vive e
trabalha em Macei.

Galleria, 2002
instalao
220 x 200 x 280 cm
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Tadeu Giuliani

Sinuca, 2000
frmica e feltro
70 x 200 x 120 cm [aberta]
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Romulo Fialdini

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Jorge Fonseca

Jorge Menna Barreto


Jorge Mascarenhas Menna Barreto (Araatuba SP 1970) formou-se em desenho pela UFRGS, Porto
Alegre, em 1997. Freqentou cursos de escultura contempornea e pintura. A trama do desejo e
da amizade tecida em alguns de seus trabalhos, ao trazer o espectador para muito perto e tornlo o motor da obra. Realizou mostra individual no Torreo (Porto Alegre, 2000). Participou, entre
outras exposies, do 17 Salo do Jovem Artista (Fundao Bienal de Artes Visuais do Mercosul,
Porto Alegre, 1997), Jornal Aberto (Museu do Telephone, Rio de Janeiro, 2000), 7 Bienal de
Havana (Centro de Arte Contemporneo Wifredo Lam, Havana, Cuba, 2000), 3 Bienal de Artes
Visuais do Mercosul (Santander Cultural, Porto Alegre, 2001), 4 Bienal Barro de Amrica (Museo
Alejandro Otero, Caracas, Venezuela, e Memorial da Amrica Latina, So Paulo, 2001) e Brasileos
Contemporneos (Centro de Arte Contemporneo Wifredo Lam, Havana, Cuba, 2002). Vive e trabalha em Porto Alegre.

Jorge Luiz Fonseca (Conselheiro Lafaiete MG 1966)


autodidata. Sua obra
se forma pelo cruzamento
de gneros, prprio da
arte contempornea. O
artista conjuga procedimentos de carter conceitual, artesania aplicada a materiais
diversos e uma iconografia baseada na cultura popular, constituindo um trabalho singular. Realizou mostras individuais no
Projeto Macunama (Funarte, Rio de Janeiro, 1999), na Celma
Albuquerque Galeria de Arte (Belo Horizonte, 2000) e na
Anna Maria Niemeyer Galeria de Arte (Rio de Janeiro, 2001).
Participou, entre outras exposies, do 53 Salo Paranaense
(prmio aquisio, MAC, Curitiba, 1996), 22 Salo de Arte
de Ribeiro Preto (Ribeiro Preto, 1997), Cotidiano/Arte: A
Tcnica Mquinas de Arte (Ita Cultural, So Paulo, 1999),
Bravas Gentes Brasileiras (Fundao Clvis Salgado Palcio
das Artes, Belo Horizonte, 2000), Arte e Erotismo (Galeria Nara
Roesler, So Paulo, 2000) e A Recente Coleo do MAC (MAC,
Niteri, 2002). Vive e trabalha em Conselheiro Lafaiete.
Agradeo a Graa Alcanada, 2001
entalhes em madeira
80 x 80 x 12 cm
Coleo Irapoan Cavalcanti
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural

Massa, 2000/2002
instalao/performance
220 x 200 x 200 cm
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Arquivo do artista

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Juliana Stein

Larcio Redondo

Juliana Scot Stein (Passo Fundo RS


1970) formada em psicologia pela
UFPR, Curitiba. Freqentou cursos de
histria da arte e tcnica da aquarela
em Florena, Itlia. Sua proposta esttica apresenta a figura humana em
edies e montagens de imagens que
trazem um sentido tico em sua delicadeza. Atualmente, fotografa para a
Colors Magazine, da Itlia. Participou
da 3 Bienal Internacional de Fotografia
Cidade de Curitiba (Curitiba, 2000).
Vive e trabalha em Curitiba.

Larcio Redondo (Paranava PR 1967), formado em


artes plsticas pela Faap, So Paulo, em 1998, fez
ps-graduao em pintura na Konstfack, Estocolmo,
em 2001. Realiza instalaes com imagens em movimento, envolvendo o espectador em suas tessituras
de lembranas e suspenso de memrias. Realizou as
mostras individuais Arenas (Diviso de Artes da UEL,
Londrina, 1995) e Listen to Me, Work in Progress
(Espao Cultural Srgio Porto, Rio de Janeiro, 2002).
Participou, entre outras exposies, do 15 Salo
Nacional de Artes Plsticas (MAM, Rio de Janeiro,
1998), Trienal Internacional de Gravura (Cracvia,
Polnia, 1997), After Venice, colaborao de Dorota
Lukianska (Stockholm Art Fair, Estocolmo, Sucia,
2001), 1 Mostra Rio Arte Contempornea (MAM, Rio
de Janeiro, 2002), Prmio Srgio Motta (Pao das Artes,
So Paulo, 2002), Matria Prima da Arte Brasileira
(NovoMuseu, Curitiba, 2002) e Faith, Hope & Love
(Edsvik Konst & Kultur, Stockholm Art Fair, Estocolmo,
2002/2003). Vive e trabalha em Estocolmo.

den [srie], 1999


fotografia
dimenses variveis
Coleo da artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural

After Venice, 2001


videoinstalao em DVD dimenses variveis
Colaborao: Dorota Lukianska Agradecimentos: BMG e Jobim Music
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Dorota Lukianska

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Letcia Cardoso

Letcia de Brito Cardoso (Cricima SC 1978) cursou


escultura e cermica na Udesc, em Florianpolis.
Freqentou cursos de gravura eletrnica, fotolinguagem, forno de papel e desenho e expresso, entre
outros. Atualmente, integra o grupo de artistas Vaca
Amarela. Seu trabalho acionado pelos movimentos
do homem e seu espao, numa tentativa de rastrear
percepes de si e dos movimentos da natureza.
Realizou mostra individual na Galeria do Shopping
Cricima (Cricima, 2000). Participou, entre outras
exposies, do 9 Salo Universitrio de Artes Plsticas
(UFSC, Florianpolis, 1999), Cumplicidade da Matria
(Galeria Anbal Nunes da UFSC, Florianpolis, 2000),
Implumes (Masc, Florianpolis, 2001), 5 Salo Novos
Valores nas Artes Plsticas (prmio, Fundao Franklin
Cascaes, Florianpolis, 2001) e Obras do Faxinal das
Artes (MAC, Curitiba, 2002). Vive e trabalha em
Florianpolis.

Como Capturar o Vento?, Praia do Rinco, SC, 2001


VHS, cor, som, 5min12
Edio: Casa do Cinema e Vdeo - Edison Puente
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural

Leya Mira Brander


Leya Mira Brander (So Paulo SP 1976) formou-se em educao artstica pela
Faap, So Paulo, em 1997. Suas gravuras em metal so baseadas na recombinao infinita de pequenas matrizes. Imagens e textos remetem a seu cotidiano,
e constituem um dirio de sensaes e idias em que um sentimento reaparece combinado com outros e formam uma obra. A poesia inspirada e o trao
delicado combinam com o formato miniaturizado da obra. Realizou mostras
individuais na Nova Galeria de Arte (So Paulo, 1999) e no Programa Anual de
Exposies de Artes Plsticas (CCSP, So Paulo, 1999). Participou, entre outras
exposies, da Mostra Rio Gravura - So Paulo: Gravura Hoje (Funarte, Rio de
Janeiro, 1999), Gravura Contempornea Mdulo 2 (Espao MAM Nestl,
So Paulo, 2001), 8
Salo MAM-Bahia de
Artes Plsticas (MAM,
Salvador, 2001), Brasileos Contemporneos
(Centro de Arte Contemporneo Wifredo Lam,
Havana, Cuba, 2002) e
Quase Desenho (Adriana Penteado Arte Contempornea, So Paulo,
2002). Vive e trabalha
em So Paulo.

Sem Ttulo [srie], 1999/2001


metal gua-forte e ponta-seca
dimenses variveis
Coleo da artista
Foto: Divulgao/Karina Bacci

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Lucas Levitan

Luciano Mariussi

Lucas Serrano Levitan (Porto Alegre RS 1977)


formou-se em publicidade e propaganda pela
PUC, Porto Alegre, em 2000. Cursou artes
plsticas na UFRGS, Porto Alegre, e freqentou cursos de arte no Torreo, Porto Alegre.
Trabalha como designer grfico e ilustrador.
Em sua obra, h uma busca de outra dimenso dos objetos e espaos, e o espectador
mergulhado em jogos em que o humor e
um certo lirismo propem novas percepes.
Entre as exposies coletivas de que participou
destacam-se 21 Salo do Humor de Piracicaba
(Secretaria de Ao Cultural, Piracicaba, 1994)
e Casa (Porto Alegre, 2001). Vive e trabalha
em Porto Alegre.
Escada, 2000
madeira e vidro
310 x 45 cm
Coleo do artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural

Luciano Augusto Mariussi (Tupssi PR 1974) formou-se


em educao artstica pela FAP, em 1996, e em gravura
pela Embap, em 1997, ambas em Curitiba. Freqentou
cursos de direo de cinema, desenho publicitrio, litografia, livro de artista e xilografia. Sua pesquisa une arte
e informtica, apontando para um certo estranhamento
do homem diante das novas tecnologias. Realizou, entre
outras, a mostra individual Vdeo-foto-grafias (MAC,
Curitiba, 2000). Participou, entre outras exposies, de
Contemporary Brazilian Prints (Universidade de Dallas,
Dallas, Estados Unidos, 1997, e Louisiana State University,
Baton Rouge, Estados Unidos, 1998), Mostra Rio Gravura
(Rio de Janeiro, 1999), 12 Mostra da Gravura de Curitiba
Marcas do Corpo, Dobras da Alma (Museu da Gravura,
Curitiba, 2000), Imagem Experimental (MAM Higienpolis,
So Paulo, 2000) e Fim do Milnio (MAM Higienpolis, So
Paulo, 2001). Vive e trabalha em Curitiba.
No Entendo, Curitiba, 1999
vdeo digital, cor, som, 4min30
Cmera: Jonathan Chotguif Entrevistador: Renato Antnio Berto
Traduo: Harald Stricker e Luciano Lima Assistncia geral: Denise Shibata Edio: Cristiano Vicente
Acervo Museu de Arte Moderna [So Paulo SP] Fotos: Divulgao/Arquivo do artista

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Luiz Carlos Brugnera


Luiz Carlos Brugnera (Espumoso RS 1966) artista autodidata.
Seu projeto artstico caminha no sentido da construo de uma
casa conceitual, sempre mostrada em fragmentos, como uma
grande instalao. Realizou a mostra individual Imagens Conscientes (Espao Arte e Cultura Telepar Brasil Telecom, Curitiba,
2001). Integrou coletivas no Masp (So Paulo, 1995), na Funarte
(Rio de Janeiro, 1995), no Masc (Florianpolis, 1995), no Centro
Cultural Recoleta (Buenos Aires, Argentina, 1998), 2 Arte em
Selo (prmio) - Bienal Internacional de So Paulo (Fundao
Bienal, So Paulo, 1998), Salo MAM-Bahia de Artes Plsticas
(prmio, MAM, Salvador, 1998/1999), 26 Salo Nacional de
Artes de Belo Horizonte (prmio, Museu de Arte da
Pampulha, Belo Horizonte, 2000), Salo Paranaense (prmio,
MAC, Curitiba,
1998, 2000 e
2001), Galeria
Arte
Singullar
(Curitiba, 2001)
e Obras (MAC,
Curitiba, 2002).
Vive e trabalha em
Cascavel.

Assoalho Empoeirado, 2001


grafite s/madeira e p de canela
500 x 200 cm
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Claiton Biaggi

Marcelo Cidade

Marcelo Cidade Teixeira Nunes (So Paulo SP 1979) cursa artes


plsticas na Faap, So Paulo, desde 1998. Trabalha no meio-termo
entre intervenes pblicas e registros fotogrficos. Na performance EuHorizonte, realizada nas ruas de So Paulo, o artista se pendurava nu em postes, utilizando uma tcnica de ginstica olmpica
que permitia que ficasse na horizontal. Em Eu-C. D. Friedrich,
opunha a verticalidade de seu corpo ao horizonte da praia e aparecia vestido, reiterando a oposio entre natureza e cultura da
ao anterior. Realizou trabalhos de inverso de sentido, como
substituir as caladas das ruas de So Paulo por lajotinhas de
cermica e instalar o calamento em uma casa ou confeccionar
um capacho de cimento que fica dentro de casa. Participou, entre
outras exposies, da 32 Anual de Artes Plsticas da Faap (Faap,
So Paulo, 2000), 1 Mostra de Cultura Independente (Funarte,
So Paulo, 2000) e Genius Loci: o Esprito do Lugar (nas ruas de
Vila Buarque, So Paulo, 2002). Vive e trabalha em So Paulo.

Eu Sou Ele Assim como Voc Ele Assim como Voc Sou Eu e Ns Somos Todos Juntos, 2002
fotografia
60 x 350 cm
Coleo do artista
Foto de pr-projeto: Divulgao/Arquivo do artista

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Marcelo Feij

Mrio Lus Simes Filho (Promisso SP 1964) cursou teologia crist no Instituto Bblico Betel Brasileiro, em Joo
Pessoa, entre 1983 e 1985, e ordenou-se pastor evanglico.
Especializou-se em lingstica e missiologia, na Alem-Sil,
Braslia, em 1990. Em 1994, renunciou vida eclesistica
e ministerial. Participou de workshops ministrados por Davi
Wirz, Krassimira Drenska e Erica Sturner-Alex, em Joo
Pessoa, entre 1996 e 1998. Estuda letras na UFPB. Sua
produo, de forte impacto visual e conceitual, situa-se
entre a arte aplicada e as artes plsticas. Aborda questes
da sexualidade e do corpo que levam a refletir sobre a nossa
condio de seres individuais e simultaneamente partes de
uma coletividade. Lugar de mentiras e de verdades, produto
de nossos fantasmas ou de pensamentos ntimos, apto a
se metamorfosear, o corpo visto como dcor e mscara.
Participou, entre outras exposies, do 7 Salo MAM-Bahia
de Artes Plsticas (MAM, Salvador, 2000). Vive e trabalha
em Cabedelo, Paraba.

Mrio Simes

Marcelo Feij Rocha Lima (Goinia GO 1964) formou-se


em jornalismo pela Faculdade de Comunicao da UnB,
Braslia, em 1986. Fez mestrado em arte e tecnologia da
imagem no Instituto de Artes, entre 1995 e 1997. Cursa
doutorado em histria da fotografia, na UnB, onde
professor da Faculdade de Comunicao. Experimenta a
possibilidade de associar os meios digitais aos mecanismos pioneiros da fotografia e s possveis poticas surgidas desse cruzamento. Desenvolve pesquisa em suportes
como papis, placas de loua e vidro, em que as paisagens se constituem por meio da juno de fragmentos
que formam uma narrativa distorcida, meio colagem,
meio quebra-cabea. Realizou, com o grupo Ladres
de Alma, a mostra Cozinha das Almas (Galeria Athos
Bulco, Braslia, 1998, MIS, So Paulo, 1999, e Braslia,
2000). Participou, entre outras exposies, do Prmio
Braslia de Artes Plsticas (prmio aquisio, Museu de
Arte de Braslia, 1998), Salo de Arte do Paran (MAC,
Curitiba, 1999/2000). Vive e trabalha em Braslia.

Paisagem Urbana So Paulo [detalhe], 2000/2001


fotografia impressa s/chapas de vidro e porcelana [70 imagens]
16,5 x 410 cm
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Arquivo do artista

Habeas Corpus, 2001


painis fotogrficos e caixas de madeira com luvas de lycra
20 x 25 cm [painis] e 18 x 14 cm [caixas]
Coleo do artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural

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Marta Neves
Marta Cristina Pereira Neves (Belo Horizonte
MG 1964) formou-se em cinema de animao, em 1992, e tornou-se mestre em
artes plsticas, em 1999, pela EBA/UFMG,
Belo Horizonte. Seu trabalho um exerccio
de sarcasmo sobre a arte e o sistema que
a envolve. A crtica, o mercado, a mdia
especializada e o prprio artista so afrontados por suas obras com humor corrosivo.
Realizou mostra individual na Galeria Circo
Bonfim (Belo Horizonte, 2001). Participou,
entre outras exposies, do 56 Salo
Paranaense (MAC, Curitiba, 1999), 26
Salo Nacional de Arte de Belo Horizonte
(MAP, Belo Horizonte, 2001), 3 Bienal
de Artes Visuais do Mercosul (Santander
Cultural, Porto Alegre, 2001), 27 Panorama de Arte Brasileira (MAM Ibirapuera,
So Paulo, 2001, MAM, Rio de Janeiro,
e MAM, Salvador, 2002), 8 Salo MAMBahia de Artes Plsticas (MAM, Salvador,
2001), Brasileos Contemporneos (Centro
de Arte Contemporneo Wifredo Lam,
Havana, Cuba, 2002) e Obras do Faxinal das
Artes (MAC, Curitiba, 2002). Vive e trabalha
em Belo Horizonte.

Sem Ttulo [detalhe da srie], 2000/2001


impresso em vinil-adesivo s/placa de alumnio [11 obras]
18 x 23 cm a 34 x 55 cm
Coleo da artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural

Marta Penner

Marta Penner da Cunha (Porto Alegre RS 1965)


formou-se em pintura e fez mestrado em arte e
tecnologia da imagem na UnB, Braslia. Orienta o
ateli de pintura da Faculdade de Artes Dulcina de
Moraes, Braslia. Iniciou a trajetria artstica como
gravadora. A fotografia surgiu com enquadramentos em superclose, em ampliaes sobre as quais
inscreve pequenas frases. Depois adotou a tcnica do
pinhole para captar paisagens/runas, que reproduz
em backlight. Criou site em que o usurio descobre e
recobre as paisagens que instala em espaos impessoais. Realizou as mostras individuais Aventuras do
Conhecimento (Espao Cultural do Distrito Federal,
Braslia, 1999) e Um Quarto para o Presidente (Espao
Cultural Contemporneo Venncio, Braslia, 2002).
Participou, entre outras exposies, do 7 Salo
Nacional Victor Meirelles (Masc, Florianpolis, 2000),
Jovem Arte Contempornea de Braslia (Galeria Arte
Futura, Braslia, 2001) e Obras do Faxinal das Artes
(MAC, Curitiba, 2002). Vive e trabalha em Braslia.

Lugares Prediletos/Paisagem do No-Evento, 2000/2001


instalao c/plotagem/website
120 x 386 cm
Coleo da artista
Foto: Divulgao/Antonio Saggese

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Martinho Patrcio

Maxim Malhado
Maxim Pereira Malhado (Ibicara BA 1967) formou-se em educao fsica
pela PUC, Salvador, em 1988. Iniciou o curso de belas-artes na UFBA,
Salvador, mas o abandonou trs anos depois. Seu trabalho reporta-se ao
interior da Bahia, na curiosidade exploratria da infncia. A redescoberta de espaos e a reinveno de formas e modos de abord-las so o
resultado de sua pesquisa, com foco na madeira, repleta de memrias
do Recncavo Baiano. Seu trato com a espacialidade um convite
redefinio de significados, que traz a revelao do incomum da rotina
urbana, do fluxo dentro/fora, processo/acabado. Apresentou, entre
outras, a mostra individual Intermdio (Instituto Cultural Brasil Alemanha,
Salvador, 2001). Participou, entre outras exposies, da 5 Bienal do
Recncavo (Centro Cultural Dannemann, So Flix, Bahia, 2000), Salo
Nacional de Arte de Gois (1 prmio, Flamboyant Shopping Center,
Goinia, 2001) e 8 Salo MAM-Bahia de Artes Plsticas (MAM, Salvador,
2001). Vive e trabalha em Salvador.

Martinho Patrcio Leite (Joo Pessoa


PB 1964) formou-se em educao artstica pela Universidade Federal da Paraba,
em Joo Pessoa. Com uma obra peculiar,
desenvolve conceitos ligados ao cotidiano e
religiosidade. Realizou, entre outras, mostras
individuais no MAM-Bahia (Salvador, 1997),
no Espao Cultural Srgio Porto (Rio de Janeiro,
2000) e no MAM Alosio Magalhes (Recife, 2002).
Participou, entre outras exposies, de 2 Bienal
Internacional de Buenos Aires (Buenos Aires, Argentina, 2002)
e Caminhos do Contemporneo 1952/2002 (Pao Imperial,
Rio de Janeiro, 2002). Tem obras nos acervos do MAM-Bahia,
Salvador, e do MAM Alosio Magalhes, Recife. Vive e trabalha
em Joo Pessoa.
Mscara 1, 2001
cetim
150 x 144 cm
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Valquria Farias

Sobressalto, 2001
madeira e pregos
220 x 200 x 200 cm
Coleo do artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural

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Odires Mlszho

Paula Krause Corra (Canela RS 1977) formou-se


em pintura pela UFRGS, Porto Alegre, em 1999. Sua
pintura tem um peso e uma densidade advindos da
espessa matria e da relao vigorosa com o espao arquitetnico. Realizou mostras individuais na
Galeria Joo Fahrion do Instituto Estadual de Artes
Plsticas (Porto Alegre, 1998), no Instituto Goethe
(Porto Alegre, 1999) e no Torreo (Porto Alegre,
2002). Participou, entre outras exposies, do 1
Prmio Jovem Revelao de Artes Plsticas (MAC,
Americana, 1998), Arte Vista II (Usina do Gasmetro, Porto Alegre, 1999), Faces da Nova Gerao
dos Artistas do IA (Pinacoteca Baro de Santo
ngelo, Porto Alegre, 2000) e Divergncias (Galeria
Iber Camargo da Usina do Gasmetro, Porto
Alegre, 2001). Vive e trabalha em Porto Alegre.

Paula Krause

Jos Odires Micoski (Mandirituba PR 1960), artista autodidata, parte da


apropriao e da interveno sobre imagens de diferentes procedncias.
Livros e documentos antigos, cartazes, mapas, fotos e biografias annimas
geram um elenco de procedimentos prprios. Sua obra produz novos e
raros limites entre uma cosmogonia readaptada interioridade da imagem
e a exterioridade secular, nascida, fundada e perpetuada em patrimnios
intocados e permanentes. Na srie Antecmara da Mscara, retratos retirados de uma revista de beleza dos anos 70 so transfigurados com descolagem e velaturas de papel. Realizou as mostras individuais Caleidoscopia
Mnima (Funarte, Rio de Janeiro, 1999) e Antecmara da Mscara (Espao
Paul Mitchell, So Paulo, 2001). Participou, entre outras exposies, de Sob
Medida (Espao Porto Seguro de Fotografia, So Paulo, 1999), 3 Bienal
Internacional de Fotografia (Curitiba, 2000) e 10 Mostra da Coleo Pirelli/
Masp (Masp, So Paulo, 2001). Vive e trabalha em So Paulo.

Antecmara da Mscara VIII, 2001


fotografia p&b
140 x 100 cm
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Arquivo do artista

Sem Ttulo [detalhe], 1999/2002


instalao piche, leo de soja e tecido
dimenses variveis
Coleo da artista
Foto: Divulgao/Arquivo da artista

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Raquel Garbelotti

Raquel de Oliveira Pedro Garbelotti (Dracena SP


1973) concluiu curso de artes plsticas na Faculdade Santa Marcelina, So Paulo, em 1994, e
mestrado em artes visuais pela Unesp, So Paulo,
em 2001. Suas dobraduras, em forma de telhado,
lareira, fachada, carro, so feitas de madeira, em
duas dimenses, para serem montadas mentalmente. Realizou as mostras individuais no Projeto
Macunama (Funarte, Rio de Janeiro, 1999) e CasasCaixas (Galeria Thomas Cohn, So Paulo, 1999).
Participou, entre outras exposies, do 52 Salo
Paranaense (prmio, MAC, Curitiba, 1995), 4 Salo
MAM-Bahia de Artes Plsticas (MAM, Salvador,
1997), 26 Bienal de Pontevedra (Pontevedra, Espanha, 2000), Coleo Liba e Rubem Knijnik: Arte
Brasileira Contempornea (Margs, Porto Alegre,
2001), 27 Panorama de Arte Brasileira (MAM
Ibirapuera, So Paulo, 2001, MAM, Rio de Janeiro,
e MAM, Salvador, 2002) e 25 Bienal Internacional
de So Paulo (So Paulo, 2002). Vive e trabalha
em So Paulo.

Rodrigo Borges

Rodrigo Borges Coelho


(Governador Valadares
MG 1974) formou-se
em arquitetura e urbanismo pela Universidade
Federal de Viosa, Viosa, em 1997. Bolsista no Programa de Aprimoramento
Discente, EBA/UFMG, Belo Horizonte, em 1999 e 2000, atualmente cursa desenho na mesma instituio. Participou da
oficina Realidades Inventadas, no 32 Festival de Inverno da
UFMG, Diamantina, 2000. Seus trabalhos usufruem o espao
arquitetnico. O desenho redimensiona a dinmica e restabelece perspectivas do ambiente domstico. Participou, entre
outras exposies, da 12 (prmio) e 13 Integrarte (EBA/UFMG
e Centro Cultural da UFMG, Belo Horizonte, 1999/2000), Ponto, Linha e Plano (Centro Cultural da UFMG, Belo Horizonte,
2000), Condutibilidade (Galeria de Arte Cemig, Belo Horizonte, 2000) e Resposta (Galeria de Arte Cemig, Belo Horizonte,
2001). Vive e trabalha em Belo Horizonte.
Sistema Reverso, 2001/2002
instalao
dimenses variveis
Coleo da artista
Foto: Divulgao/Rubens Mano

Banheiro, 2001
pastel-seco e grafite s/papel e parede
220 x 220 cm
Coleo do artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural

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Rodrigo God

Sem Ttulo [srie], 1999/2000


grafite e acrlica s/tela
dimenses variveis
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Franois Calil

Rodrigo Alves Borges (Goinia GO 1980) iniciou a formao


artstica em cursos do Festival de Inverno de Ouro Preto e
no Ateli da Escola Tcnica Federal de Gois, em Goinia.
Trabalha com pintura e desenho, em que insere a escrita.
Explora a relao entre palavra e imagem e cria uma interpretao pessoal dos produtos manufaturados. Compe esquemas/croquis de mquinas (com detalhamento de cada parte,
que lembra desenhos das invenes de Leonardo da Vinci).
Seus pequenos desenhos e explicaes cientficas parecem
flutuar no espao, o que potencializa o carter enigmtico.
Realizou mostra individual na Galeria de Arte Frei Confaloni
(Goinia, 1999). Participou, entre outras exposies, do Salo
de Piracicaba (prmio, Piracicaba, 1999), Projeto Prima Obra
(Funarte, Braslia, 1999), Fundao Jaime Cmara (meno
honrosa, Goinia, 2000), 26 Salo Nacional de Arte (prmio aquisio, Belo Horizonte, 2000) e Olhar Multiplicado
(Espao Cultural Contemporneo Venncio, Braslia, 2002).
Vive e trabalha em Goinia.

Roosivelt Pinheiro

Roosivelt Max Sampaio


Pinheiro(Corocor-Nhamund AM 1964) formou-se,
em 1997, em pintura pela
EBA/UFRJ, Rio de Janeiro,
onde concluiu mestrado
em artes visuais, em 2002.
A instalao Solitrios na/da
Rede assume uma alegorizao e informa o distanciamento da compreenso
e o sentido de ausncia
proporcionados na rede.
Editor participante da revista de arte O Ralador, ano 1, n 1. Realizou o cenrio para o espetculo de
dana Pedra, de Clia Golveia Grupo de Dana, CCBB e CCSP, So Paulo, 2002.
Coordenou, com outros artistas, o projeto Zona Franca, na Fundio Progresso,
Rio de Janeiro, 2001/2002. Realizou, entre outras, exposio individual no
Projeto Vitrine Efmera (Atelier DZ9, Rio de Janeiro, 2001). Participou, entre
outras exposies, das coletivas 1 e 2 Prmio Interferncias Urbanas (Rio de
Janeiro), 27 Panorama de Arte Brasileira (MAM Ibirapuera, So Paulo, 2001,
MAM, Rio de Janeiro, e MAM Salvador, 2002) e integrou o grupo Atrocidades
Maravilhosas no Caminhos do Contemporneo 1952/2002 (Pao Imperial, Rio
de Janeiro, 2002). Vive e trabalha no Rio de Janeiro.
Solitrios na/da Rede, 2001/2002
instalao
dimenses variveis
Coleo do artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural

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Rosana Ricalde

Rosana Ricalde da Silva (Niteri RJ 1971) formou-se em gravura pela EBA/UFRJ, Rio de Janeiro. Faz mestrado em cincia
da arte na UFF, em Niteri. Combina suportes obsoletos com
ditados esquecidos do latim ou transmitidos pela tradio
oral; com verbos da lngua portuguesa agrupados por uma
ao comum; ou poemas de autores brasileiros de sculos
passados. Integra a equipe de produo e pesquisa do Pao
Imperial, Rio de Janeiro, desde 2000. Participou, com Felipe
Barbosa, do Prmio Interferncias Urbanas, Rio de Janeiro,
em 2000 e 2001. Participou, entre outras exposies, do 7
Salo Nacional Victor Meirelles (Masc, Florianpolis, 2000),
27 Panorama de Arte Brasileira (MAM Ibirapuera, So
Paulo, 2001, MAM, Rio de Janeiro, e MAM, Salvador, 2002),
Niteri Arte Hoje (MAC, Niteri, 2002) e Livro: Objeto da
Arte (CCCM, Rio de Janeiro, 2002), 1 Bienal Cear Amrica
- De ponta-cabea (Fortaleza, 2002) e 9 Salo da Bahia
(Salvador, 2002) . Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

Feliz o Sndalo que Perfuma o Machado que o Fere, 2001/2002


instalao p de serra, essncia de sndalo e placa de metal c/gravao
dimenses variveis
Coleo da artista
Foto: Divulgao/Felipe Barbosa

Silvia Feliciano
Silvia Maria Feliciano da Silva
(Bauru SP 1964) formou-se em
escultura, em 1996, e em pintura,
pela UFMG, Belo Horizonte, em
1998. Seu trabalho tem como fundamento as questes ecolgicas
de preservao e reciclagem, bem
como temas ligados arqueologia
ou a materiais minerais e orgnicos. Ela os usa em seus estudos em
Rondnia, onde encontrou um universo que converge para o seu trabalho, nos conceitos e nas formas.
Participou, entre outras exposies,
de O que Acontece Quando Se
Muda de Lugar (Fundao Clvis
Salgado Palcio das Artes,
Belo Horizonte, 1997), Casa de
Guardar Votos (Centro Cultural de
Belo Horizonte, Belo Horizonte,
1999) e Prmio Salo de Arte de
Rondnia (Porto Velho, 2000).
Vive e trabalha em Porto Velho.

Cidade, 2001
madeira e leo de copaba [cinco peas]
150 x 200 cm [cada pea]
Coleo da artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural

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Tti Waldraff

Estratgias para Mudana, 2000/2002


mista cinco peas
dimenses variveis
Coleo da artista/Paula Ramos
Foto: Divulgao/Fabio Del Re

Teresa Dorotea Waldraff (Sinimbu RS 1959)


formou-se em educao artstica pela Feevale,
Novo Hamburgo, em 1979, e em artes plsticas e desenho pela UFRGS, Porto Alegre,
em 1986. professora de artes no ensino
fundamental, em Porto Alegre. Sua potica
est ligada idia de memrias sempre
em transformao. Lembranas e guardados,
num moto dinmico, reinventam-se em novas
estruturas e arranjos de objetos. Realizou as
mostras individuais Itinerantes... ou as Imagens que Habitam (Centro Histrico Cultural
Klinger Filho, Porto Alegre, 1998) e Estratgias
para Mudana (Instituto Goethe, Porto Alegre,
2000). Participou, entre outras exposies,
de Projeto Presena do Artista (Margs, Porto
Alegre, 1994), Paisagem de Vero (MAC,
Porto Alegre, 1995), 2 e 3 Salo
de Arte Postal (Ball State University,
Muncie, Estados Unidos, e
Casa 26, Porto Alegre,
1998/1999) e Projeto Balaio Brasil
(Sesc Belenzinho,
So
Paulo,
2000). Vive e
trabalha
em Porto
Alegre.

Thiago Bortolozzo

Thiago Bortolozzo da Silva (So Paulo SP 1976)


formou-se em artes plsticas pela ECA/USP, So
Paulo, em 2001. Fotografias de fachadas e paredes com desenhos espontneos e intervenes
na arquitetura com escoras, ou outros elementos, para simular o processo de construo so
seus dois campos de trabalho, alm da gravura
e do desenho. No Projeto Utopia 1 2 3 4 enumera os tapumes de uma reforma e, terminada a obra, levaos para cercar uma montanha ou parte da mata, na mesma
seqncia em que estavam no prdio reformado. Realizou
mostras individuais no CCSP (So Paulo, 2002) e no Pao das
Artes (So Paulo, 2002). Participou, entre outras exposies,
da Mostra dos Alunos de Graduao de Artes Plsticas da
ECA/USP (Casa das Rosas, So Paulo, 2001), Figura Impressa
(Adriana Penteado Arte Contempornea, So Paulo, 2001),
Programa Anual de Exposies de Artes Plsticas (CCSP, So
Paulo, 2002) e pera Aberta: Celebrao (Casa das Rosas,
So Paulo, 2002). Vive e trabalha em So Paulo.
Vital Brasil, 2001
site specific madeira e pregos
Coleo do artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural

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Tonico Lemos Auad


Antonio Carlos Lemos Auad (Belm PA 1968) formou-se em
arquitetura e urbanismo pela FAU/USP, So Paulo, em 1997,
e concluiu mestrado em artes visuais na Goldsmiths College,
Londres, em 2000. Sua trajetria artstica marcada pela discusso do desenho, mas destaca-se com a instalao em que
cria formas humanas com carpete desfiado, expostas sobre
esses mesmos carpetes, tornando-se quase invisveis devido s
pequenas dimenses. A posio das minsculas figuras sem
cabea inspirada em fotografias que o artista fez de pessoas
em parques londrinos. Participou, entre outras exposies, de
Antarctica Artes com a Folha (Pavilho Manoel da Nbrega,
So Paulo, 1996), Heranas Contemporneas (MAC/USP, So
Paulo, 1997), Alm do Arcoris (Faap, So Paulo, 1998),
Artfutures 2000 (Barbican Centre, Londres, 2000), Zigzag
(Galeria Thomas Cohn, So
Paulo, 2001) e Paralela (galpo
na avenida Matarazzo, So
Paulo, 2002). Vive e trabalha
em Londres.

Sem Ttulo [Flores em Chama], 2000


fotografia
45,5 x 45,5 cm
Coleo do artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural

Wagner Morales

Wagner Perez Morales Jnior (So Paulo SP 1971) formou-se em cincias sociais pela FFLCH/USP, So Paulo,
em 1992. Entre seus trabalhos destacam-se os documentrios Bali, Olhos Opacos e Na Lona; os vdeos No H
Ningum Aqui #1, #2 e #3, premiados em festivais e no
Salo de Arte de Ribeiro Preto (Ribeiro Preto, 2001);
a performance 3 Montes: Sute para Voz e Mquina de
Lavar, parceria com Rafael Campos e Wagner Malta (3
Semana Fernando Furlanetto, So Joo da Boa Vista,
2000); e as videoinstalaes Bloombaalde, parceria com
Rafael Campos (MIS, So Paulo, 1998), e Eliot (Ateli
Daora Brando, So Paulo, 1999). Realizou a mostra
individual Rossi 22 (Galeria 10,20x3,60, So Paulo,
2002). Participou, entre outros eventos, da Mostra do
Audiovisual Paulista (MIS, So Paulo, 1998, 1999, 2001
e 2002), Iniciativas (Centro Cultural So Paulo, 2000),
Festival do Rio (Rio de Janeiro, 1998 e 2000) e 13 Vdeo
Brasil (So Paulo, 2001). Vive e trabalha em So Paulo.
No H Ningum Aqui # 1, So Paulo, 2000
mini-DV, cor, som, 4min10
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Arquivo do artista

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CURADORES

Fernando Cocchiarale

Fernando Frana Cocchiarale (Rio de Janeiro RJ 1951) crtico de arte; professor de esttica do Departamento de
Filosofia e do curso de especializao em histria da arte e arquitetura do Brasil, na PUC-Rio, Rio de Janeiro; e professor da EAV/Parque Lage, Rio de Janeiro. Curador do MAM, Rio de Janeiro, desde 2000, autor, com Anna Bella
Geiger, do livro Abstracionismo Geomtrico e Informal. Publica regularmente textos em catlogos e revistas de arte.
Foi coordenador de artes visuais da Funarte, entre 1991 e 1999. Atua como membro de jris e comisses de seleo
de eventos como 10 e 15 Salo Nacional de Artes Plsticas (Rio de Janeiro, 1987 e 1995). Foi curador-coordenador
do programa Rumos Ita Cultural Artes Visuais 1999/2000. Fez a curadoria, entre outras exposies, de Rio de Janeiro
1959/1960, Experincia Neoconcreta (MAM, Rio de Janeiro, 1991). Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

Cristina Freire

Maria Cristina Machado Freire (Rio de Janeiro RJ 1961) formou-se em psicologia pela USP, So Paulo, em 1985.
Concluiu doutorado em psicologia social pela USP, So Paulo, em 1995, e mestrado em administrao de
museus e galerias de arte pela City University de Londres, em 1996. professora convidada do programa de psgraduao em psicologia social e artes plsticas do Instituto de Psicologia da USP, So Paulo. Como pesquisadora
e curadora do MAC/USP, So Paulo, fez a curadoria, entre outras exposies, de A Cidade dos Artistas (1997)
e Arte Conceitual e Conceitualismos - Anos 70 no Acervo do MAC/USP (2000). Escreve regularmente artigos
para revistas especializadas nacionais e estrangeiras. Publicou os livros Alm dos Mapas Os Monumentos no
Imaginrio Urbano Contemporneo (Annablume, 1997) e Poticas do Processo Arte Conceitual no Museu
(Iluminuras, 1999). Vive e trabalha em So Paulo.
coordenao equipe curatorial

Fernando Cocchiarale

curadores-coordenadores

Cristina Freire
Jailton Moreira
Moacir dos Anjos

curadores adjuntos

Cleomar Rocha
Cristvo Coutinho
Eduardo Frota
Juliana Monachesi
Maria do Carmo de Siqueira Nino
Marlia Panitz
Marisa Flrido Cesar
Paulo Reis
Paulo Schmidt

Jailton Moreira

Jailton Marenco Moreira (So Leopoldo RS 1960) formou-se em artes plsticas pela UFRGS, Porto Alegre, em 1994.
Criou, com a artista Elida Tessler, o Torreo, em Porto Alegre, onde oferece orientao em artes visuais, desde 1993.
Foi curador adjunto do programa Rumos Ita Cultural Artes Visuais 1999/2000. Fez a curadoria da 31 Coletiva de
Artistas de Joinville (Joinville, 2001). Participou da comisso de seleo da 1 Mostra Rio Arte Contempornea (MAM,
Rio de Janeiro, 2002). Realizou, entre outras, as mostras individuais V Quem V Quem (Galeria de Bolso da UnB,
Braslia, 1999) e Trabalhos Insistentes (Galeria Chaves, Porto Alegre, 2002). Participou, entre outras exposies, de
Territrio Expandido III (Sesc Pompia, So Paulo, 2001), 3 Bienal de Artes Visuais do Mercosul (Santander Cultural,
Porto Alegre, 2001) e Obras do Faxinal das Artes (MAC, Curitiba, 2002). Vive e trabalha em Porto Alegre.

Moacir dos Anjos

Moacir Tavares Rodrigues dos Anjos Jnior (Recife PE 1963) formou-se em economia pela UFPE, Recife, em
1984. Fez mestrado nessa rea na Unicamp, em 1990, e doutorado na University of London, Londres, em
1994. diretor do Museu de Arte Moderna Alosio Magalhes, Recife. Foi coordenador cultural da Fundao
Joaquim Nabuco, Recife, entre 1998 e 2000, e curador adjunto do programa Rumos Ita Cultural Artes Visuais
1999/2000. Participou, entre outras, da curadoria de Origem (Observatrio Cultural Malakoff, Recife, 2000) e
Adorao (Mamam, Recife, e Espao Cultural Contemporneo Venncio, Braslia, 2002). Integrou a Comisso de
Seleo da 1 Mostra Rio Arte Contempornea (MAM, Rio de Janeiro, 2002). Publicou, entre outros, os ensaios
Arte em Trnsito, no catlogo do projeto Nordestes, 1999; Desmanche de Bordas, no livro Artelatina, 2000;
Modernidade, Valor e Arte, na Revista da USP, 2000; e Construo de um Lugar que No Acaba, no catlogo
da exposio Antonio Dias (Mamam, Recife, 2002). Vive e trabalha no Recife.

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Cleomar Rocha

Cleomar de Sousa Rocha (Aurilndia GO 1969) formou-se em letras pela Faculdade de Educao, Cincias e
Letras de Ipor, Gois, em 1991. Estudou artes plsticas na UnB, Braslia, de 1992 a 1995. Em 1997, concluiu,
pela mesma instituio, mestrado em artes, com rea de concentrao em arte e tecnologia da imagem. Nesse
ano, transferiu-se para Salvador, onde atuou como coordenador dos cursos de graduao em educao artstica
e de graduao e ps-graduao em design na Universidade Salvador. Atualmente, faz doutorado em comunicao e cultura contemporneas na UFBA, Salvador. Participou de sales e exposies coletivas apresentando
trabalhos em vdeo e arte computacional, entre eles Ordens e Desordens, Arte e Visualidade (Sebrae, Macei,
1996), Virtus, Coletiva de Arte Computacional (Centro Cultural Adelmar Cardoso Linhares, Salvador, 1998) e
Digital Arte Bahia 99 (ICBA, Salvador, 1999). Vive e trabalha em Salvador.

Cristvo Coutinho

Cristvo Coutinho Batista (Manaus AM 1963) formou-se em direito pela Universidade Federal do Amazonas,
Manaus, em 1983. Concluiu especializao em direito ambiental, no Centro de Cincias do Ambiente dessa
instituio, em 1996, e o curso de introduo museologia e museografia, na Fundao Getlio Vargas,
Manaus, em 1997. Participou dos cursos experincia neoconcreta, no MAM, Rio de Janeiro, 1991, e aplicao
de minerais, terras, xidos em artes plsticas, pintura e objeto, na EAV/Parque Lage, Rio de Janeiro, 1991. Foi
assistente da Coordenadoria do Centro de Artes Chamin, Manaus, de 1997 a 1998; e gerente de exposies
do Centro Cultural Palcio Rio Negro, Manaus, de 1999 a 2000. Realizou mostra individual na Galeria Afrnio
de Castro (Manaus, 1986). Recebeu meno especial do jri do Salo Plstica Amaznia, e prmio aquisio,
pelo trabalho experimental em vdeo intitulado Infantiu, em 1998. Vive e trabalha em Manaus.

Eduardo Frota

Eduardo Elsio Frota (Fortaleza CE 1959) obteve licenciatura plena em educao artstica pelas Faculdades
Integradas Bennet, Rio de Janeiro, em 1986. Freqentou a EAV/Parque Lage, Rio de Janeiro, e o Departamento
de Cursos do MAM, Rio de Janeiro, de 1984 a 1986. Atualmente, coordena o Ncleo de Artes Plsticas do
Alpendre, Casa de Arte, Pesquisa e Produo, em Fortaleza. Recebeu bolsa do Projeto Uniarte 96, da Faperj/
UFRJ, Rio de Janeiro, 1996. Realizou, entre outras, mostras individuais na Galeria Cndido Mendes (Rio de
Janeiro, 1993) e no Torreo (Porto Alegre, 2000). Participou, entre outras exposies, do 6 Salo MAM-Bahia de
Artes Plsticas (MAM, Salvador, 1997), 3 Bienal de Artes Visuais do Mercosul (Santander Cultural, Porto Alegre,
2001), 25 Bienal Internacional de So Paulo (Fundao Bienal, So Paulo, 2002) e Obras do Faxinal das Artes
(MAC, Curitiba, 2002). Vive e trabalha em Fortaleza.

Juliana Monachesi

Juliana Monachesi Ribeiro (So Paulo SP 1976) formou-se em jornalismo pela Faculdade de Comunicao Social
Csper Lbero, So Paulo, em 2001. Freqentou durante trs anos o curso de filosofia da USP, em So Paulo.
Trabalhou, de 1999 a 2000, como jornalista no caderno Ilustrada, da Folha de S. Paulo, no setor de artes
visuais. Fez em 2000 o curso de histria da arte, do crtico Rodrigo Naves, e o curso Estudos Dirigidos em Crtica
Contempornea, da curadora e crtica de arte Lisette Lagnado, na Escola de Crtica de Arte e Literatura, em
So Paulo. Como trabalho de concluso do curso de jornalismo, escreveu o livro-reportagem Sem Ttulo Arte
Contempornea Brasileira da Dcada de 80 ao Ano 2000, mapeamento da atual produo nacional em artes
visuais. Vive e trabalha em So Paulo.

Maria do Carmo de Siqueira Nino

Maria do Carmo de Siqueira Nino (Triunfo PE 1955) formou-se em arquitetura pela UFPE, Recife, em 1980.
Especializou-se em artes plsticas, recebendo o Diplme dEtudes Approfondies, DEA, pela Universidade de
Paris 1 Panthon Sorbonne, Paris, em 1990. Concluiu doutorado em artes plsticas e cincias da arte nessa
instituio, em 1995. Atualmente, professora de graduao e ps-graduao em histria da arte, fundamentos
da linguagem visual e textualidade literria e artstica, na UFPE. Coordenou o Instituto de Arte Contempornea
dessa universidade entre 1998 e 1999. Participou como artista plstica, entre outras exposies, das realizadas na Maison des Associations de Paris (1995), no Forum Les Halles (Paris, 1995), no Ita Cultural Campinas
(Campinas, 1996/1997) e na Galeria Massangana (Recife, 1998). Vive e trabalha no Recife.

Marlia Panitz

Marlia Panitz Silveira (So Leopoldo RS 1958), mestre em teoria e histria da arte pela UnB, Braslia, tornou-se
professora da instituio a partir de 1999. Lecionou na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, Braslia, de 1985
a 1989. Dirigiu o Museu Vivo da Memria Candanga, Braslia, entre 1990 e 1996. Em 1998, dirigiu o MAB,
Braslia, onde coordenou o Prmio Braslia de Artes Visuais 98 e o Programa de Bolsas de Pesquisa MAB/MinC,
para jovens artistas. Atua como pesquisadora e coordenadora dos programas educativos de eventos como
Mostra do Redescobrimento (Salo Negro do Congresso Nacional e Centro Cultural Banco do Brasil, Braslia,
2000). A partir de 1999, passa a escrever sobre artistas de Braslia em jornais e catlogos. Fez a curadoria, entre
outras exposies, de Felizes para Sempre (CCBB, Braslia e So Paulo, 2001) e Gentil Reverso (CCBB, Braslia,
2001). Vive e trabalha em Braslia.

Marisa Flrido Cesar

Marisa Flrido Cesar (Rio de Janeiro RJ 1962) formou-se em arquitetura e urbanismo pela FAU/UFRJ, Rio de
Janeiro, em 1984. Concluiu o curso de especializao em histria da arte e da arquitetura no Brasil, pela PUCRio, Rio de Janeiro, em 1993. mestre em artes visuais na rea de concentrao de histria e crtica de arte pela
EBA/UFRJ, Rio de Janeiro, onde faz doutorado. Trabalha em planos e projetos de urbanismo na Prefeitura da
Cidade do Rio de Janeiro, a partir de 1989. Publica textos em revistas de arte, como O Transtorno da Matria no
Maneirismo, em Gvea, PUC-Rio, 1994; e A Dobra e a Diferena: Colagens de Picasso, em Arte & Ensaio, UFRJ,
1999. Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

Paulo Reis

Paulo Roberto de Oliveira Reis (Curitiba PR 1962) concluiu curso de artes plsticas na Faculdade de Artes do
Paran, Curitiba, em 1985, e mestrado em histria social da cultura, na PUC-Rio, Rio de Janeiro, em 1998.
professor do Departamento de Artes da UFPR, Curitiba, onde faz doutorado em histria. Em Curitiba, trabalhou
na Diviso de Pesquisa e Documentao do MAC, entre 1989 e 1991; na Coordenao de Artes Plsticas da
Fundao Cultural de Curitiba, entre 1991 e 1992; e no Centro de Pesquisas do Museu Guido Viaro, de 1992 a
1998. Participou de jris e comisses de seleo de artistas em eventos como Salo dos Novos (Araucria, 1997)
e Mostra Brasil (Fundao Cultural de Curitiba, 1999). Como curador independente, realizou as exposies
Olhos Blindados (Ybakatu Espao de Arte, Curitiba, 1999), Uma Histria da Pele (Museu da Fotografia, Curitiba,
2000) e a co-curadoria do Panorama de Arte Brasileira (MAM Ibirapuera, So Paulo, 2001, MAM, Rio de Janeiro,
e MAM, Salvador, 2002). Vive e trabalha em Curitiba.

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Paulo Schmidt

Paulo Schmidt (So Paulo SP 1963) cursou desenho e gravura na EBA/UFMG, de 1977 a 1979, e artes plsticas
na Escola Guignard, de 1981 a 1983, em Belo Horizonte. Dirigiu o Departamento de Artes Plsticas da Fundao
Clvis Salgado Palcio das Artes, Belo Horizonte, de 1988 a 1993. Realizou, entre outras, a curadoria de A
Identidade Virtual (Fundao de Arte de Ouro Preto, Casa dos Contos e Sala Athaide do Museu da Inconfidncia,
Ouro Preto, 1994), Imagens da Modernidade (Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte, 1996), Cenas do
Brasil Fotografias de Genevieve Naylor (Centro Cultural Yves Alves, Tiradentes, UFMG, Belo Horizonte, e Faop,
Ouro Preto, 1998/1999), Escritos do Grande Serto de Arlindo Daibert (Fundao Clvis Salgado - Palcio das
Artes, Belo Horizonte, 1999) e Ars Brasilis (Minas Tnis Clube, Belo Horizonte, 2000). Fez diversos projetos grficos editoriais e organizou, ao lado de Eneida Maria de Souza, o livro Mrio de Andrade Carta aos Mineiros
(Editora UFMG, 1997). Vive e trabalha em Belo Horizonte.

MOSTRAS

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RUMOS DA NOVA ARTE


CONTEMPORNEA BRASILEIRA

Esta a mais abrangente das 13 mostras (alm desta, mais trs de mdio
porte, com 18 artistas cada uma, e nove menores, com mdia de cinco
artistas por exposio) que resultaram do mapeamento, da seleo e
da definio das curadorias do programa Rumos Ita Cultural Artes
Visuais 2001/2003. Dela participam os 69 contemplados, selecionados
em todas as regies brasileiras, j integrados s mostras mdias e menores, que vo itinerar pelo pas at 2003.
A exposio Rumos da Nova Arte Contempornea Brasileira sintetiza
as concluses curatoriais dos quatro curadores-coordenadores desta
edio do programa. Elas foram amadurecidas e elaboradas no decorrer
de um processo coletivo. Primeiramente os coordenadores procuraram
reconhecer quais as questes mais recorrentes no universo dos trabalhos
propostos pelos 69 artistas contemplados. Em seguida, investigou-se
em que medida seria possvel estabelecer os liames dessas questes
com traos essenciais da vida contempornea. Por fim, chegou-se
concluso de que esses liames podiam ser efetivamente estabelecidos
a partir dos seguintes traos: a crise do Sujeito (individual e terico), a
crise do Objeto (conhecimento, consumo, obsolescncia e efemeridade)
e a revoluo tecnolgica (rede, sistemas e percepo). Da resultaram
as trs exposies de porte mdio Entre o Mundo e o Sujeito; Poticas
da Atitude: o Transitrio e o Precrio; e Arte: Sistema e Redes , assumidas, respectivamente, pelos curadores-coordenadores Moacir dos Anjos,
Jailton Moreira e Cristina Freire.

coordenador da equipe curatorial

Fernando Cocchiarale

artistas

Exposio geral com os 69 artistas selecionados pelo programa

exposio

Belo Horizonte MG
Fundao Clvis Salgado Palcio das Artes

Esses mesmos temas tambm norteiam a exposio geral que ora apresentamos. Eles foram capazes de acolher, sem problemas, os trabalhos de
todos os selecionados num s evento, inclusive aqueles que, no tendo
sido includos nas trs exposies de porte mdio, vieram a integrar as
outras nove mostras concebidas pelos curadores adjuntos: Abertura e
Ecos (Cleomar Rocha), Manifesto das Indiferenas (Cristvo Coutinho),
O Desconforto da Forma (Eduardo Frota), O Discurso do Choque (Juliana
Monachesi), Risveis Humores (Maria do Carmo de Siqueira Nino),
Grafias do Lugar (Marlia Panitz), Sobre(A)ssaltos (Marisa Flrido Cesar),
Estranhamento (Paulo Reis) e Pupilas Dilatadas (Paulo Schmidt).
No podamos t-lo feito de outra maneira. Na contramo da clareza formal conquistada pelo artista moderno, o artista de nosso tempo baralha
referncias, dilui as fronteiras entre pintura, desenho e escultura, utilizase de repertrios plstico-formais tradicionalmente contraditrios, de
materiais de todo tipo. Explora a distncia entre significante e significado
at o limite de uma simbolizao aparentemente to subjetiva que pode
sugerir uma resistncia a qualquer mediao por conceitos produzidos ao
redor de caractersticas supostamente permanentes e comuns s obras

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de arte. O artista tpico dessa passagem de milnio busca, afinal, em fragmentos da histria, entre o passado e o presente, nas vrias regies do
saber e no cotidiano, a condio singular de sua obra, que se quer nica.
A arte contempornea , pois, refratria classificao pelo discurso
(seja do artista, seja da crtica, seja do pblico). Ao contrrio da produo
tipicamente moderna, cuja nfase na forma, nas linguagens e nos ismos
inseria poticas singulares no campo objetivo da histria, a nova arte
parece desprezar essa insero, tornando difcil avali-la por meio do
repertrio terico-crtico desenvolvido para captar e produzir o sentido
das produes modernas, eminentemente formalizadas e, portanto,
estranhas a esses segmentos da contemporaneidade.
No podendo contar com a objetividade formal, cromtica e espacial
caracterstica dos ismos, em face da fragmentao que se manifesta
em pontos vitais do esgarado campo das artes, a palavra e a lgica do
circuito de arte vm exigindo, de maneira crescente, novas modalidades
de articulao entre obra e fruidor (o curador), novas leituras e interpretaes, novos espaos expositivos e institucionais e um novo pblico.
Essas transformaes vertiginosas, de desdobramentos ainda imprevisveis, no tm permitido que a arte contempornea se torne familiar
ao homem contemporneo. Para a maioria, ela permanece estranha e
incompreensvel. Um dos sintomas mais claros de sua incomunicabilidade
se manifesta na contraditria expectativa do pblico em reconhecer e
designar com preciso produes que no mais se centram no campo
objetivo da forma e na estrita materialidade de sua linguagem.
Entretanto, longe de se restringir esfera do espectador, essa incompreenso permeia tambm as idias de alguns crticos e tericos da arte.
Qual o pblico, eles encaram esse estranhamento como uma negao ou
um desvio da natureza da arte (ainda quando reduzida apenas modernidade). Relutam em aceitar que os princpios tericos, metodolgicos e
conceituais, que os legitimam intelectualmente, nasceram de condies
tcnicas, sociais e culturais que j no existem e, por isso, no mais correspondem aos discursos que antes as faziam transparentes. No querem,
enfim, reconhecer que seus discursos so, como quaisquer outros, antes
histricos que verdadeiros.
Por outro lado, alguns convictos defensores da produo contempornea baseiam sua defesa apenas na valorizao ingnua e pontual
da ruptura e da novidade. Talvez no se tenham interrogado sobre a
origem modernista desses valores, paradoxalmente usados como ndices
de contemporaneidade.

A dificuldade em tornar compreensvel essa produo no reside, portanto, na recusa nem no estranhamento perante as novidades supostamente
inditas e radicais prprias da arte contempornea, mas na persistente
permanncia, tanto para critic-la quanto para valoriz-la, de princpios
interpretativos, valores e crenas forjados para a compreenso da arte
moderna. Ambos os discursos, um pela recusa, o outro pela rendio
acrtica, no conseguem emprestar sentido ao carter transitivo da contemporaneidade.
Se no mais contamos com o aparato terico-crtico produzido a partir da clareza autodefinida da arte moderna, podemos, at segunda
ordem, articular a manifesta subjetividade da produo contempornea
chamada crise do Sujeito. Podemos tambm remeter a generalizao
do uso, na arte, de materiais no-artsticos, extrados do mundo natural
e industrial, crise do Objeto, e, finalmente, articular essas crises com as
transformaes tecnolgicas que permeiam a complexa transitividade do
mundo em que vivemos. esse pano de fundo que justifica e empresta
sentido aos recortes que orientam a curadoria e a montagem da mostra
Rumos da Nova Arte Contempornea Brasileira. Retomemos, ento,
as questes definidas pelos curadores-coordenadores.

Entre o Mundo e o Sujeito


Todas as esferas do Sujeito, individual, artstica e cognitiva, foram
definidas em funo da crena filosfica na identidade e unidade
que as especificavam. Sem esses dois pressupostos tericos no
teria sido possvel designar com clareza as noes de indivduo,
de autoria (a valorizao do estilo pessoal que separou, desde a
Renascena, a arte do artesanato e a autoria individual da coletiva)
e de Sujeito (introduzida por Descartes e reexaminada, sculo e meio
mais tarde, pela crtica kantiana, que delineou uma noo de Sujeito
cognitivo adequada modernidade nascente: transubjetivo, impessoal e voltado para as questes gerais e universais da filosofia e da
cincia). A propalada crise do Sujeito, tpica do estgio atual da vida
contempornea, coincide, essencialmente, com a crise das noes
de identidade e de unidade.
Indispensvel para o sucesso epistemolgico, tecnolgico e econmico da civilizao ocidental, o pensamento dualista, fundado na
oposio de identidades claras e distintas, comeou a ser desmontado, ainda na segunda metade do sculo XIX. Inicialmente terico,
esse desmonte, promovido pela antropologia, histria, sociologia,
psicanlise e filosofia, levou ecloso da to discutida crise do

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Sujeito, que hoje se faz sentir em todos os nveis da vida social e


psquica. Nesse quadro, no est contida apenas a crise do indivduo
e do Sujeito de conhecimento, mas a dos prprios saberes baseados
na polarizao.
Fragmentadas at s entranhas, as noes de indivduo, Sujeito e
conhecimento jazem desarticuladas espera de novos modelos que
atendam nova realidade. Num mundo no qual os processos de totalizao no mais espelham aquelas concepes de unidade extradas
da profundidade (ontolgica ou epistemolgica) em que se supunha
morar a verdade; numa realidade na qual somente acessamos as totalidades editadas a partir da complexa superficialidade que caracteriza a
vida ps-moderna, mas que j se anunciava no passado moderno (de
Frankenstein, do div psicanaltico, da linha de montagem fordista,
da montagem de Eisenstein e Griffith, at as edies de vdeo e de
textos), talvez tenha cabido ao artista a tarefa social da construo de
um novo Sujeito.
O segmento curatorial Entre o Mundo e o Sujeito rene trabalhos
que tratam, de modos diversos, dessa crise e das tentativas contemporneas de constituio de Identidades que assimilem a confuso dos
limites, antes polarizados, entre Sujeito e Objeto. A interferncia no
corpo humano, real ou imaginrio (corpo desnudo, corpo do artista,
corpo da arte), a tematizao do desejo e da sexualidade, a apropriao dos objetos e a reificao de seus cones mais banais, e mesmo
a investigao formal e gestual, so tomadas pela produo contempornea como rastros da solido ou do engenho humanos. Longe
dos grandes sistemas filosficos, que no passado inventaram o sujeito
moderno, o campo esttico parece ser atualmente o nico capaz de
integrar o ilgico, o acaso e o contraditrio. Suas caractersticas o situaram na dianteira da investigao de uma outra noo de identidade
(um Sujeito no mais epistemolgico, mas esttico?), menos unitria
e ordenada, mas certamente mais prxima das novas condies tecnolgicas e histricas.
Deste segmento da mostra participam obras dos seguintes artistas:
Adriana Boff, Ana Laet, Arthur Leandro, Beatriz Pimenta, Bruno de
Carvalho, Caetano Dias, Clarissa Campello, Cludia Leo, Daniella Penna,
Divino Sobral, Domitlia Coelho, Elisa Queiroz, Enrico Rocha, Fabiana
Wielewicki, Fabiano Gonper, Fabio Faria, Gabriela Ficher, Gabriela
Machado, Gabriele Gomes, Gustavo Magalhes, Joo Loureiro, Juliana
Stein, Larcio Redondo, Leya Mira Brander, Luiz Carlos Brugnera, Marcelo
Cidade, Marcelo Feij, Mrio Simes, Marta Penner, Odires Mlszho,
Raquel Garbelotti, Rodrigo Borges e Rodrigo God.

Poticas da Atitude: o Transitrio e o Precrio


A crise do Sujeito e a crise do Objeto so indissociveis do impacto
causado pela implantao inexorvel de processos de produo industriais. Esse impacto, no entanto, no se restringiu revogao dos processos artesanais de produo dos objetos, diretamente dependentes da
habilidade manual do trabalhador. Inicialmente imperceptveis, os efeitos
da demisso da mo (Walter Benjamin) se tornaram, ao longo dos sculos XIX e XX, evidentes, at o ponto crtico a que chegamos. A diviso
do trabalho, que determinou a perda do controle do processo total de
produo de um objeto pelo trabalhador industrial, introduziu no produto (objeto) a obsolescncia, indispensvel lgica do consumo.
Essas transformaes tiveram conseqncias ainda mais drsticas no
campo da arte. Na contramo das tecnologias (primeiramente industriais e, atualmente, da informao), as obras de arte continuaram predominantemente artesanais, contradizendo a lgica e a generalizao do
produto industrializado.
A busca de novas possibilidades de expresso artstica e a experimentao de novos suportes e novos espaos generalizaram o uso de materiais de trabalho no convencionais que vinham sendo pontualmente
experimentados desde o cubismo. Meios de produo visual alternativos
habilidade manual exigida pela pintura e pela escultura, como a fotografia, o cinema e, posteriormente, o vdeo, ampliaram, enfim, os meios
tcnicos e expressivos disposio das artes plsticas, at ento de predominncia artesanal.
A criao dessas alternativas no se limitou, porm, incorporao dos
territrios visuais contguos. Ela se expandiu para a apropriao de objetos
utilitrios, novos ou sucateados, de procedncia industrial (ready-made),
para os espaos naturais (land art), urbanos (arte pblica), institucionais
e simblicos (instalaes), para o mbito da idia (arte conceitual) e para
o prprio corpo (body art e performance). Abrangncia que rompeu, em
definitivo, o estrito campo de uma plstica voltada para seus prprios
materiais, meios e elementos exclusivos, tpica dos momentos mais radicais da arte moderna.
Muitos artistas brasileiros vm trabalhando a partir de materiais e
objetos encontrados nas ruas e at no lixo ou, na esteira de Duchamp,
qualificando situaes estticas por meio de sua atitude. Intervm nos
espaos urbanos ou usam as sobras de seu consumo que, por obsolescncia ou desgaste mnimos, so jogadas fora pelo consumidor tpico
do mundo globalizado.

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Esses ltimos trabalhos, entretanto, no nascem do interesse estrito dos


artistas pelas propriedades materiais, grficas, plsticas e cromticas dos
objetos. Eles no so somente matrias-primas renovadas pela reciclagem, mas objetos que, mesmo deslocados para o campo das artes, ainda
possuem parte da carga semntica que possuam no contexto em que
foram produzidos e onde antes circulavam.
Os mtodos, meios e tcnicas dessas poticas extraem da efemeridade,
da precariedade e da degenerao o sentido crtico das prprias obras.
Seus resultados no devem ser confundidos com experincias cnicas ou
com produtos reciclados, restritos ao fluxo do tempo ou a uma simples
transformao material que nega sua frgil e precria origem.
Manifestas no Brasil desde os Parangols e Blides, criados por Hlio
Oiticica na primeira metade da dcada de 1960, essas poticas da atitude e do precrio encontraram na situao social brasileira um lastro de
realidade que lhes conferiu uma fora esttica e uma atualidade extraordinrias. Por outro lado configuram um plo potico diverso do rigor
geomtrico da tradio construtiva, de fortes razes no pas.
O segmento Poticas da Atitude: o Transitrio e o Precrio foi pensado para agrupar as obras desta exposio que interrogam o valor de
perenidade da obra e o uso de materiais e tcnicas convencionais. Seja
na valorizao das possibilidades poticas de aes e experincias, seja
na utilizao de materiais efmeros ou de mtodos no cartesianos
de ocupao espacial. Deste conjunto participam obras dos seguintes
artistas: Amilcar Packer, Caio Machado, Ducha, Fabiano Marques, Felipe
Barbosa, Genesco Alves, Glaucis de Morais, Graziela Kunsch, Janaina
Barros, Jred Domcio, Letcia Cardoso, Lucas Levitan, Maxim Malhado,
Paula Krause, Silvia Feliciano, Tti Waldraff, Thiago Bortolozzo e Tonico
Lemos Auad.

Arte: Sistema e Redes


Outra possibilidade de superar a crise do objeto, investigada pelos artistas
contemporneos, a da substituio das tcnicas manuais e dos suportes tradicionais pelas novas tecnologias da imagem e da informao em
rede. A essa dimenso material e tecnolgica podemos acrescentar uma
outra, menos evidente e literal, mas certamente no menos contempornea, que se revela no uso, pelos artistas, de mtodos de compreenso e de ao informados pelas idias de sistema e redes. Se no passado
os modernistas usaram a arte para falar de seus meios, os novos artistas
vm usando-a para falar de seu sistema ou circuito, da rede de relaes

existente entre museus e instituies, galerias, crticos, curadores, mercado, artistas e pblico.
Walter Benjamin aponta-nos que a inveno das tecnologias da imagem
fotossensvel (sculo XIX) foi determinante para as transformaes ocorridas no mbito da percepo e no da valorao das obras de arte. Mas
isso no significa que as linguagens da fotografia e do cinema tenham,
automaticamente, nascido com suas tcnicas. O mesmo podemos dizer
do vdeo, da computao grfica e da imagem digital.
H hoje no Brasil alguns grupos (de artistas, designers, videomakers e
outros) cujo interesse esttico restringe-se ao uso explcito da tecnologia.
Parecem desconsiderar, em nome do apreo deslumbrado pela high tech
e do desprezo pela low tech, que o registro de uma performance, por
exemplo, feito, quase sempre, em vdeo, pela capacidade que essa tecnologia tem de registrar, como nenhuma outra, uma ao em tempo real,
imediatamente. Defendem seu ponto de vista a partir de um repertrio
de idias de perfil modernista (o chavo do esperado compromisso da
obra com os meios utilizados para produzi-la).
Noo frgil e demasiado abrangente, a chamada Arte e Tecnologia
vem permitindo muitos equvocos. O principal deles talvez seja a confuso entre possibilidades tcnicas e inveno potica: alguns pesquisadores, curadores e crticos consideram a simples utilizao de meios
tecnolgicos suficiente para configurar questes estticas. Com isso
atropelam diferenas e lanam numa vala comum produes bastante
diferenciadas.
Muito antes da difuso universal da internet artistas como Cildo Meireles
trabalharam a noo de rede (um canal de irradiao e conexes em
movimento no-linear). Suas Inseres em Circuitos Ideolgicos, das
quais a mais conhecida o Projeto Coca-Cola, poderiam, num sentido
lato, ser pensadas do ponto de vista da lgica da rede (web). As Inseres
nos revelam que a demanda e a lgica da rede j existiram antes mesmo
de sua efetiva implantao.
Feitas as ressalvas, entretanto, importante reconhecer o sucesso, a
positividade e a contribuio da experimentao diretamente tecnolgica, ou por ela informada, para a percepo contempornea. Essas
questes esto na origem do ltimo conjunto apresentado, Arte:
Sistema e Redes, embora muitas obras realizadas com meios tecnolgicos tenham sido alocadas nos outros dois segmentos da exposio, uma
vez que tratavam de questes essenciais do mundo contemporneo
neles destacadas.

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Este ltimo ncleo da mostra Rumos da Nova Arte Contempornea


Brasileira integrado por trabalhos dos seguintes artistas: Alexandre
Vogler, Andr Santangelo, Carla Linhares, Carla Zaccagnini, Carlos
Mlo, Cinthia Marcelle e Maril Dardot, Frederico Cmara, Jeanine
Toledo, Jeims Duarte, Jorge Fonseca, Jorge Menna Barreto, Luciano
Mariussi, Marta Neves, Martinho Patrcio, Roosivelt Pinheiro, Rosana
Ricalde e Wagner Morales. Suas obras discutem os sistemas de legitimao e institucionalizao da arte e expandem a noo de rede do
mbito tecnolgico estrito para o campo de mltiplas significaes da
arte de nossos dias.

Fernando Cocchiarale
janeiro 2002

ENTRE O MUNDO E O SUJEITO

curador-coordenador

Moacir dos Anjos

artistas

Adriana Boff
Ana Laet
Beatriz Pimenta
Bruno de Carvalho
Caetano Dias
Clarissa Campello
Cludia Leo
Domitlia Coelho
Fabiano Gonper
Fabio Faria
Gabriela Ficher
Gabriele Gomes
Gustavo Magalhes
Juliana Stein
Larcio Redondo
Marcelo Cidade
Marcelo Feij
Mrio Simes

exposies

Recife PE
Fundao Joaquim Nabuco
So Paulo SP
Ita Cultural So Paulo

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A diversidade de estilos, tcnicas, operaes e temas, que caracteriza a


produo contempornea em artes visuais, faz da organizao de mostras coletivas um exerccio de articulao de fragmentos simblicos.
nelas que o que usualmente disperso acolhe sentidos comuns, embora irremediavelmente provisrios. A despeito de sua coeso aparente
nas salas expositivas, esses sentidos esto sempre prontos a se desfazer
quando as exposies so concludas e os trabalhos devolvidos a sua
irredutvel singularidade. Diante do universo amplo e variado formado
pelos trabalhos dos 69 artistas contemplados pelo programa Rumos Ita
Cultural Artes Visuais 2001/2003, papel do curador, que o recorta
em mostras menores, identificar que traos evidentes ou sugeridos
somente de cada um desses trabalhos estabelecem aproximaes ou
atritos com aquilo que particulariza os demais, de modo a agrup-los
temporariamente sem imposies externas de tema ou idia.

como vozes ntimas que se tornam pblicas, acentuam uma crise conceitual na qual esto tambm envolvidos.
O desmanche progressivo da noo de Sujeito ntegro, estvel e autnomo , em parte, resultado de uma srie de rupturas nos discursos do conhecimento moderno. Da descoberta do inconsciente por Sigmund Freud
concepo estruturalista do mundo apoiada nos escritos de Karl Marx,
da revoluo lingstica de Ferdinand de Saussure descrio do poder
disciplinar feita por Michel Foucault, o ltimo sculo e meio tem colocado
em evidncia a inexistncia de uma identidade fixa, de uma essncia
humana, de uma fala estvel, de um corpo liberto. Os movimentos que,
desde a dcada de 1960, reivindicam, com veemncia, os direitos civis
das mulheres, dos negros e dos homossexuais tm igualmente contribudo para o descentramento conceitual do Sujeito moderno, tornando-o
permevel ao campo da poltica das diferenas demarcado por diversos e
ativos grupos sociais. Por fim, a intensificao do fluxo internacional de
bens simblicos a que se chama globalizao tem comprimido o tempo
e o espao em que se desenrolam ao e pensamento, permitindo a permuta incessante de posies diferentes de mundo e provocando a desterritorializao permanente das identidades culturais em que se fundam e
se afirmam os sistemas de representao de indivduos e povos.1

Deve-se atentar, contudo, para o fato de essa identificao s poder ser


feita de uma forma relacional, na qual cada trabalho posto diante de
outros e com eles avaliado seu poder de atrao simblica. Como so
todos possuidores de um feixe largo de significados possveis, a ativao
especfica de cada um desses sentidos depende da presena prxima e
contingente de mais trabalhos que partilhem com o outro humores e
modos de se expressar. a partir do entendimento de que uma exposio
coletiva implica respeitar os sentidos comuns provisoriamente criados pela
aproximao entre trabalhos diversos que se organiza a presente mostra,
bem como as demais pertencentes a esse programa de mapeamento,
fomento e difuso da nova arte contempornea brasileira.
Os trabalhos dos 18 artistas que compem a exposio Entre o Mundo
e o Sujeito no ilustram, portanto, um tema definido de modo arbitrrio. Agrupados e postos em contato, so eles que ativam, ao contrrio,
uma questo que perpassa as vrias instncias da vida contempornea,
problematizando-a de maneiras diversas e sem propor sntese alguma.
Enunciam, de pontos de vista que convergem em alguns momentos e
em outros apenas se tocam, o estado presente da crise j longa em que
submergiu a idia de Sujeito moderno, ancorada numa concepo de
seres humanos unificados e dotados de identidade fixa e autonomia
plena. Em vez da afirmao da integridade do Sujeito, o seu carter
fragmentado e difuso que os trabalhos aqui reunidos apontam; em vez
de identidades estveis, a identificao com o que efmero e mltiplo que assinalam. No h em quaisquer desses trabalhos, entretanto,
a pretenso do comentrio discursivo e culto; tampouco se pretendem
engajados numa atitude crtica ou celebratria do estado de confuso
de limites entre as coisas do mundo e o Sujeito do conhecimento, aquele
que supostamente as pesa e pensa. Apenas espelham, mimetizam e,

Por sugerirem, de diferentes maneiras, a condio transitria e circunstancial do Sujeito na contemporaneidade no mais estvel, mas se refazendo a cada instante; no mais uno, mas dividido de modo irreparvel ,
os trabalhos que integram esta exposio terminam tambm por comentar a prpria transitividade simblica que os define e o esgaramento das
fronteiras que os faziam pertencer ao mbito somente do esttico. esta,
portanto, uma mostra reflexiva em que os trabalhos desenham, ainda
quando no possuam tal pretenso, um mapa conciso das incertezas
sobre o prprio espao que a arte ocupa hoje no mundo.

Cludia Leo
O Jardim dos Caminhos
que Se Bifurcam, 2000

O lugar simblico no qual se constroem muitos dos trabalhos reunidos


nesta mostra o corpo humano ou o de sua ausncia explcita e ruidosa.
a partir dele que se articulam vrias das formas encontradas para o
enfrentamento s vezes claro, s vezes s insinuado de uma situao
de perda ou de mistura de referncias que eram separadas antes. Em
alguns desses trabalhos, tal perplexidade se volta para a prpria maneira
com que a materialidade do corpo representada, fazendo-o menos
espesso e denso e tornando-o s superfcie opaca. Nas fotografias de
Cludia Leo, por exemplo, imagens difanas de partes do corpo humano e de seus espaos supostos de vida so suspensas em conjuntos desde
o teto, constituindo fragmentos visuais de uma narrativa que se forma
somente no olho de quem as percorre e que se desmancha logo aps.

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nessa perene abertura reformulao do sentido especfico, que porventura tenha, que o trabalho aspira, contraditoriamente, permanncia
como obra. Ancorado numa temporalidade distinta, o trabalho de Ana
Laet no prope, por sua vez, narrativa alguma: busca seduzir o olhar,
de modo rpido, por meio da estranheza causada pela aproximao que
faz de lugares simblicos distantes. Penduradas em cabides de roupas,
fotografias de corpos humanos desnudos so impressas em plstico liso
e formam, juntas de peles de animais, estruturas que ativam a supresso
de diferenas entre natureza e cultura.
Calcados em viso diversa, trs outros trabalhos da mostra tratam dos
variados modos em que um mesmo corpo pode afirmar-se no mundo.
Partindo da fotografia frontal de uma mulher ou um homem, Beatriz
Pimenta a divide em partes iguais e cria duas outras imagens: cada
uma delas formada por uma das metades da fotografia original e seu
duplo rebatido para o lado ausente. Cria, por meio desse procedimento
simples, seres bizarros que evidenciam o quo distinto pode ser o que
parece simtrico ao olhar distrado. J Clarissa Campello faz do seu
prprio rosto suporte para a investigao de quantas pessoas pode vir a
ser um dia. Utilizando-se apenas de cosmticos e perucas, modifica sua
aparncia fsica at prximo ao limite de desapario dos traos comuns
que revelam, nas fotografias que registram seu ato, tratar-se do mesmo
indivduo. Baralha assim identidades por ela construdas e reivindica,
para si e para qualquer um, vrias outras formas possveis de existncia.
Marcelo Cidade, por fim, apresenta o registro fotogrfico de intervenes
que fez em centros urbanos: despido, abraa-se a postes de sinalizao e,
num impulso corporal, pe-se na posio de um horizonte quase oculto.
Desprende-se, assim, no s das roupas que o tornam homem civil, mas
tambm da verticalidade que o define como humano: coloca-se num
espao de suspenso simblica e fsica que o libera de ser coisa alguma.
Ainda nesse contexto de significados moventes, vrios outros trabalhos
pem em tenso a prpria polaridade entre a idia de Sujeito moderno
e as coisas do mundo, fazendo destas ndices da primeira ou de seu
gradual desaparecimento. Os trs espelhos que Fabiano Gonper apresenta em linha possuem, cada um deles, capacidades distintas de apreenso dos corpos que se postam na sua frente. No primeiro, o reflexo
corresponde ao que usualmente se espera da experincia do espelhamento; no segundo, uma retcula metalizada produz o desconforto do
aprisionamento virtual da carne; no terceiro, o vidro esfumado quase
no mais reflete o corpo, exilando-o do auto-reconhecimento. Valendose de estratgia aparentemente oposta, Mrio Simes busca exibir o
corpo o mais que pode, adornando todas as suas extremidades com
malha azul e fotografando-o quase como objeto decorativo apenas.

Ana Laet
Voc o que Voc Come,
2001/2002

Fabio Faria
Sem Ttulo - Interior #
100, 1999

Beatriz Pimenta
Moises e Simone, 2000
plotter s/lona vinlica
180 x 335 cm
Coleo da artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural

Domitlia Coelho
Sem Ttulo [srie], 2001

Clarissa Campello
Pintura [srie], 2000

Gabriela Ficher
Quarto da Paula [Vista
1], 1999/2000

Marcelo Cidade
Eu-Horizonte, 2000
fotografia
70 x 100 cm
Coleo do artista

Foto: Juninho Motta/Ita Cultural

Fabiano Gonper
Objeto de Exilar/Stio/
Sem Ttulo, 2000

Mrio Simes
Habeas Corpus, 2001

Adriana Boff
Obscuras Refrigeradas,
2000/2002
geladeira, cmaras
obscuras, fotografias pinhole s/borracha imantada
150 x 65 x 20 cm
Coleo da artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural

Gustavo Magalhes
Desejo de Morte,
1999/2000
instalao - concreto armado, parafina e lmpadas
220 x 400 x 400 cm [rea]
Coleo do artista
Foto: Juninho Motta/Ita Cultural

Tambm aqui, contudo, restam poucos traos da delineao precisa de


uma subjetividade; so somente os vestgios de uma identidade difusa
ou o que se apresenta como possibilidade construtiva de outras que o
artista apresenta.
J nas pinturas de Fabio Faria no h espao para a representao de
corpos. Embora descrevam, em superfcies delineadas com calma, ambientes destinados sua presena quartos, cinemas, salas , grita nelas o
silncio constrangedor da falta. So trabalhos que afirmam, na ausncia
por demais evidente de quem eles mais falam, a melancolia que a perda
das coordenadas simblicas de afeto causa. Ainda que tambm registrem espaos vazios, as fotografias que Domitlia Coelho faz de vitrines
de lojas de mveis no parecem remeter a ausncias, mas ao que h j
inscrito, em potncia, como formas de vida em ambientes onde tudo
simulado. Fotografadas da rua, essas vitrines so igualmente oferta e
recusa de acesso, fronteiras tnues, mas claras, entre o espao pblico
(rua) e o espao privado (loja/casa).
Os pequenos cubos que Gabriela Ficher espalha nas salas de exposio
condensam, por sua vez, espaos feitos para serem habitados. Um deles
carrega, fixados em cada um de seus lados, os mesmos materiais que
cobrem as superfcies da sala. Outro reproduz os do quarto; um terceiro, os do banheiro; e outro, os da cozinha. So ambientes sintticos
e mveis que, como as pinturas descritas acima, tambm marcam a
presena humana por sua ausncia, tornando-se ndices da mobilidade
simblica e fsica que define o mundo contemporneo. Tomando no
os ambientes da casa, mas um dos seus objetos como plataforma de
onde enuncia sua fala, Adriana Boff afixa, na porta de uma geladeira
trazida para o espao da mostra, fotografias que inicialmente sugerem
um ambiente estranho memria. Observadas com ateno, revelam
tratar-se, contudo, de imagens do prprio interior da geladeira, realizadas quando ele se encontrava vedado ao olho humano e s existia,
portanto, como imagem lembrada. Abrindo-se sua porta, descobrem-se
as vrias cmaras obscuras que, feitas com embalagens de produtos alimentcios, captaram as imagens das demais ali postas, invertendo, por
isso, noes de ausncia e presena.
justo do fascnio invertido pela falta que trata a instalao de Gustavo
Magalhes. No interior das quatro urnas de concreto que a compem,
lmpadas acesas e quentes flutuam lentamente sobre uma base espessa
de parafina, gradualmente derretida pelo calor intenso. Atrado pela
incandescncia vinda de dentro das urnas, o olhar paciente acompanha
o arfar vagaroso de corpos ausentes, que no esto ali nem em lugar
algum, mas em trnsito constante. O trabalho em vdeo de Gabriele

119

120

Gomes talvez, contudo, dentre os que compem a exposio, o que


mais sinteticamente evoque, novamente pela falta explcita da figura
humana, a diluio das construes identitrias fixas e a fluidez dos
lugares simblicos que se pode assumir hoje no mundo. Constando
apenas da imagem de um travesseiro que bia incerto no mar sem
afundar tempo algum, ele torna o objeto de repouso da cabea lugar
suposto como o da razo e do discernimento emblema da efemeridade
de qualquer posio que o indivduo assuma.
A linha extensa composta das pequenas fotografias de Marcelo Feij
prope, em seu turno, uma narrativa truncada e hbrida do espao urbano, na qual alturas, distncias, volumes, pessoas e fatos so destitudos
de uma ordem hierrquica ou de interesse singular, constituindo juntos
uma paisagem quebrada e nica. Impressas algumas sobre loua e outras
sobre vidro, as fotografias alternam ainda as sensaes de opacidade e
transparncia que a construo de identidades mltiplas engendra. A
fragmentao da experincia urbana est tambm presente na videoinstalao de Bruno de Carvalho. Atrado pelo som de rua e pela luz cortada, que emanam de um pequeno monitor localizado no piso de uma
sala coberta por colches, o visitante se aproxima desse vrtice de apelos
aos sentidos e provoca, com o seu deslocamento, a interrupo dos rudos que ouvia. Restam apenas, nessa experienciao do corpo no espao
construdo pelo artista, as imagens de pessoas correndo num labirinto
formado por vrios nibus e a frase escrita na tela que afirma, com
alguma ironia: Voc est seguro aqui. As implicaes da idia frgil de
segurana so tambm adequadas para o entendimento do conjunto de
fotografias apresentado por Juliana Stein, nas quais imagens de pessoas,
de objetos e de espaos so justapostas sem nenhuma hierarquia e por
vezes s em pedaos. Sugerem ser registros de ambientes hospitalares
fechados ou asilos, lugares de afastamento do convvio social amplo e de
vigilncia e controle sobre os corpos dos internos e pacientes. A edio
partida das imagens d, contudo, sentido comum e potncia aos desejos
reprimidos nas instituies disciplinares e que apenas se querem diferentes (desregulados) nos prazeres e infelicidades da vida.
Os dois ltimos trabalhos da mostra a ser comentados evocam o corpo
humano inteiro apenas para anunciar com clareza sua natureza cindida
na contemporaneidade. Nas fotografias apresentadas por Caetano Dias,
imagens de homens despidos so tratadas digitalmente e desfocadas
at virarem manchas coloridas de luz. Os ambientes que as entornam,
contudo, so mantidos ntidos, tornando-se quase molduras para uma
nudez interdita. Na tenso assim criada, o artista abre frestas entre o
mundo ntimo e a esfera pblica, entre o oferecimento de corpos e a
sua recusa e, numa ampliao de seu foco de alcance, tambm entre a

Gabriele Gomes
Travesseiro no Mar,
2001

Marcelo Feij
Paisagem Urbana So Paulo [detalhe],
2000/2001

Larcio Redondo
After Venice [detalhe],
2001

fotografia e a pintura. J a videoinstalao de Larcio Redondo mostra,


em duas projees avizinhadas, um casal que dana (o prprio artista e
Dorota Lukianska, sua colaboradora nesse projeto) numa sala espelhada
e ao som de uma melodia conhecida e antiga. medida que negociam
seu encontro danado, suas imagens atravessam os espaos de uma a
outra projeo, se multiplicam em outras vrias imagens que os espelhos
refletem e se confundem aos olhos de quem as observa. Aproximam
ainda o que real do simulacro, o que uma e outra cmara filmaram e
o que presente e o que s fato rememorado. Afastados de qualquer
nostalgia de definies seguras e totalizantes, esses e os demais trabalhos
da mostra esboam, nos modos singulares em que se expressam, caminhos possveis para a construo da idia de um Sujeito fragmentado e
em estado de recriao constante.
Moacir dos Anjos

Bruno de Carvalho
V.E.S.A., 2001/2002

Juliana Stein
den [srie], 1999

Caetano Dias
Nos Campos do Senhor,
2001
fotografia
125 x 189 cm
Coleo MAM Bahia

Foto: Divulgao/Arquivo do artista

Nota
1. HALL, Stuart. A identidade cultural na ps-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 1997.

121

122

POTICAS DA ATITUDE:
O TRANSITRIO E O PRECRIO

curador-coordenador

Jailton Moreira

artistas

Amilcar Packer
Caio Machado
Ducha
Fabiano Marques
Felipe Barbosa
Genesco Alves
Glaucis de Morais
Graziela Kunsch
Janaina Barros
Jred Domcio
Letcia Cardoso
Lucas Levitan
Maxim Malhado
Paula Krause
Silvia Feliciano
Tti Waldraff
Thiago Bortolozzo
Tonico Lemos Auad

exposies

Recife PE
Fundao Joaquim Nabuco
So Paulo SP
Ita Cultural So Paulo

O alinhamento das palavras atitude, transitrio e precrio no significa


um somatrio que visa precisar e reduzir a rea de abordagem desta
exposio. Ao contrrio, busca criar um campo de foras semntico
onde os conceitos especficos que emanam de cada palavra danam
em rbitas prprias e ao mesmo tempo se magnetizam. Os artistas aqui
reunidos refletem com suas obras esses pontos e acabam por dinamizlos, expandi-los e problematiz-los.
O foco na atitude do artista tem origem nas vanguardas histricas, principalmente no dadasmo, com seus postulados de antiarte. Em 1969,
Harald Szeemann fez uma curadoria histrica e pontual, When Attitudes
Become Form (Quando as atitudes se tornam forma), em Berna. Esta logo
virou referncia no s para as manifestaes que se seguiram na dcada
de 1970 privilegiando as aes dos artistas, mas tambm como exemplo
de curadoria autoral. Segundo o prprio Szeemann, nunca a atitude do
artista tinha sido to diretamente colocada nas obras.1 De l para c, a
palavra atitude se banalizou a ponto de virar um adjetivo vinculado desde
s mais ingnuas e mercadolgicas propostas do universo da msica pop
at ao discurso do mundo da moda.
A modernidade, desde o incio, estava associada a idias de transitrio e
de velocidade. No decorrer do sculo XX viu-se na radicalizao e acelerao desses conceitos um direcionamento que levaria pulverizao da
matria. O conceito de transitrio evoca as idias de efmero, transitivo
e fugidio. Esse vis aparece nos anos 60 vinculado a propostas como
happenings, performances, environments, land art etc. Era o crescimento
de uma arte que celebrava o instante e ao mesmo tempo se debruava
sobre os fenmenos naturais, suas transformaes e perenidade.
Pode-se perceber uma esttica do precrio atravessando os dois ltimos
sculos e passando por movimentos to distintos como o impressionismo
e a arte povera. Ela notada desde em uma progressiva ausncia de polimento da pintura, colocando em evidncia o gesto criador, at nas aes
que manifestavam a vulnerabilidade do corpo do prprio artista na body
art. A partir dos fatos de 11 de setembro de 2001, h um redimensionamento dos parmetros vigentes que ainda est para ser metabolizado.
A compreenso de que o precrio condio constituinte de toda a
estrutura torna-se fundamental para relativizar o que a ptina do sucesso
poltico, social e tecnolgico pode dissimular.
sintomtico que boa parte da produo detectada neste mapeamento
trabalhe com articulaes possveis desses conceitos. As ltimas dcadas foram marcadas por um totalitarismo do novo, quando este passa
a ser o combustvel de uma dinmica institucional que aprimorou seus

123

124

sistemas de mediao entre a arte de ponta e o pblico, pasteurizando


e amortecendo algumas potncias. Os artistas cientes da dificuldade de
escapar dessas equaes buscam ao menos indagar a sua real flexibilidade
e permeabilidade. Voltam a atacar justamente nos pontos geradores de
alguns paradoxos que baralharam os elementos componentes do circuito
artstico. A dificuldade de atribuir valor monetrio a uma ao, o museu
como aliado e carrasco, a museografia como matria produtora de sentido, a fragilidade e dissoluo do objeto artstico e a nfase no pensamento so situaes que no se apresentam como novidade, mas surgem
como perguntas recorrentes que no foram devidamente exauridas.
Carece ento indagarmos que diferenas essas atitudes possuem em
relao a uma genealogia to prxima. Seria uma retomada de questes
lanadas ou apenas uma reedio desinformada de velhos traquejos? Em
um primeiro momento, notam-se proposies que ocorrem com base na
ausncia do antigo dogmatismo. Os artistas se colocam como agenciadores provisrios de uma circunstncia em que, para resolv-la, todo tipo
de articulao vlido. Ao deflagrarem essas situaes, no se escravizam a comprometimentos inegociveis. So aes que evocam a singularidade e brevidade do momento e, ao mesmo tempo, se apresentam
como eventuais nos seus processos artsticos. Nota-se aqui a importncia do fortalecimento de circuitos institucionais e independentes, que,
alheios s exigncias do mercado de arte, se tm mostrado receptivos e
com um especial apetite para esse tipo de produo.
A atitude que essas obras evidenciam no uma srie de pantomimas
exibicionistas e narcseas, mas cutuces provocativos em um observador
passivo que instigado a pensar como o seu corpo e sentidos responderiam a esses embates.
A existncia do objeto, sua artesania, seu apuro formal, no deve ser
necessariamente abolida. Nas obras de Felipe Barbosa, Glaucis de Morais
e Lucas Levitan, este funciona como um indicativo do risco que o artista
est correndo, at mesmo com a possvel perda do prprio objeto. um
perigo partilhado com o observador, para quem oferecida a idia de
pacto e cumplicidade. O momento de percepo se adensa medida que
se compartilha uma responsabilidade sobre a visualidade apresentada. O
costumeiramente reduzido tempo de fruio se distende em eternidades
particulares. a convico de que, por maior que seja a intermediao
entre a obra e a sua percepo, este o momento de potncia revitalizadora e intraduzvel do fazer e usufruir arte.
A instabilidade pode tambm ser traduzida no equilbrio precrio revelado nas fotos de Amilcar Packer e nos mveis tortos de Caio Machado.

Felipe Barbosa
Corpos que Se Inflamam
Quando Atritados,
2000/2001

Graziela Kunsch
Nightshot 3, 2000

Fabiano Marques
The Siestawatch,
2001/2002

Glaucis de Morais
Concreto, 2000/2002

Ducha
Laranja, 2000/2002

Lucas Levitan
Escada, 2000

Paula Krause
Sem Ttulo, 1999
instalao - tecidos e
leo de soja
220 x 300 cm
Coleo da artista

Foto: Juninho Motta/Ita Cultural

Amilcar Packer
Still de Vdeo Sem Ttulo
# 35, 1999

Genesco Alves
Sem Ttulo, 2001/2002

Caio Machado
Sem Ttulo, 2000

Tonico Lemos Auad


Sem Ttulo [Flores em
Chama], 2000

Tti Waldraff
Estratgias para
Mudana, 2000/2002

Letcia Cardoso
Como Capturar o
Vento?, 2001

Amilcar Packer faz vdeos do prprio corpo, que se tensiona com objetos e
com o espao onde est inserido. Depois fotografa no monitor essas atuaes, que mostram os confrontos com o cenrio ou com uma indumentria. So imagens de ajustes provisrios e rimas dissonantes. Perante os
mveis de Caio Machado estamos constantemente reorientando o olhar
e executando um contorcionismo imaginrio na busca de uma ergonomia
possvel.
O transitrio o eixo que aproxima propostas formalmente to distintas
como as de Tti Waldraff, Graziela Kunsch e Fabiano Marques. Para Tti
Waldraff, a viagem se coloca como metfora e urgncia. So carrinhos
de viagem amalgamados com seus embrulhos que nos estendem um
convite partida ao mesmo tempo que se mostram desolados pela nossa
inrcia. Graziela Kunsch utiliza a estratgia do passeio para provocar de
modo mais direto esta estagnao. Ao gravar cinco horas de vdeo de
uma caminhada errante pela noite paulistana, latindo desesperadamente
para toda pessoa que encontra, pretende colher do imprevisto a fasca
geradora de algo que no poderia ser previamente determinado. Fabiano
Marques rearticula continuamente elementos de um ateli inventado. O
espao do artista matria que no exibe uma face estvel, pois este
est sempre atuando e propondo assim novas configuraes. Para tanto,
durante a exposio a obra constantemente alterada, seguindo uma
rgida partitura de possibilidades apresentada pelo artista.
As fronteiras entre arte e vida so novamente bombardeadas pelas aes
de Graziela Kunsch e Ducha. Os registros em foto ou vdeo so documentaes de happenings e, ao mesmo tempo, uma confisso dos seus
limites. As aes provocativas de Ducha so descargas energticas que
instauram processos entrpicos e fazem lembrar o que enunciou o artista
Hans Haacke: Fazer alguma coisa indeterminada, que parea sempre
diferente, que no possamos prever a forma.2
Outro grupo de artistas trata a forma como resultante da experincia,
como um deixar acontecer: uma espcie de fatalidade. Aqui o trabalho
requer no s a coragem de desencadear uma proposio, sem as intromisses vaidosas e ordenadoras do ego, mas tambm a aceitao do
acaso. Para tanto bom apostar no que Germano Celant falava quando
conceituava os limites da arte povera: A arte tradicional bloqueia a
respirao do material.3 Fazer ento com que este respire conferir
uma vida autnoma, ver a distncia e se apropriar, ao final, de todo o
processo. Os longos panos de Paula Krause, embebidos em gua e leo
e constantemente se esvaindo, se avizinham sem dvida dos gelos monocromticos de Genesco Alves, de durao breve, mas que imprimem o
rastro em planos de gesso. Os desenhos em bananas de Tonico Lemos

125

126

ARTE: SISTEMA E REDES

Auad, com o preto do amadurecimento que revela lentamente um texto


ou uma imagem, e o vdeo de Letcia Cardoso, tentando inutilmente reter
o que est sempre a passar, so modelos do gesto artstico. Nessas obras,
a imagem final incerta, vive no tempo e faz deste seu parceiro.
Os trabalhos de Maxim Malhado, Thiago Bortolozzo e Jred Domcio podem
ser vistos, sem medo do trocadilho, como a perguntar se estamos diante
de obras na exposio ou de uma exposio em obras. Percebidos dentro
da exposio, apontam para a sua cenografia. Thiago Bortolozzo e Maxim
Malhado usam elementos de construo civil como andaimes, escoras, frmas de vigas e pilares, atualizando suas estruturas engenhosas e utilitrias
como a criar novas arquiteturas ou a frisar a arquitetura existente. Jred
descasca linhas de pintura e reboco para justamente potencializar o que
antes era imperceptvel: a parede branca. So escritas que reconfiguram o
espao expositivo e semeiam a dvida por toda a exposio.
Nos trabalhos de Silvia Feliciano e Janaina Barros h um cruzamento dos
imaginrios urbanos e suburbanos. Para tanto, usam elementos que, ao
mobilizarem sentidos como audio e olfato, desestabilizam as certezas da visualidade. Silvia Feliciano monta uma espcie de maquete de
cidade com poliedros de madeira aromatizados com leo de copaba. O
cheiro penetrante evoca o contexto de onde essas peas foram extradas,
mostrando-se antagnico imagem construda. O fato de o cheiro ir se
dissipando progressivamente soma-se como uma metfora realista e terrvel. Janaina Barros constri um espao diminuto e o sonoriza com um
discurso hilariante, por meio de um ingls pauprrimo, para um grupo de
galinhas. um comentrio bem-humorado sobre a babel de linguagens e
faz com que aparea o desejo ridculo de produzirmos sentido em tudo.
Nas ltimas frases do Grande Serto: Veredas, de Guimares Rosa,
Riobaldo sentencia: ...Existe homem humano. Travessia.4 A exposio
Poticas da Atitude: o Transitrio e o Precrio revela, na traduo
deste grupo de artistas, que arte atitude, que o precrio suficiente e
o transitrio destino.

Jailton Moreira

Notas
1 KLSER, Bernd e HEGEWISCH, Katharina. Lart de lexposition. Paris: Editions du Regard,
1998.
2 GARRAUD, Colette. Lide de nature dans lart contemporain. Paris: Flammarion, 1993.
3 __________. Op. cit., 1993.
4 ROSA, Joo Guimares. Grande serto: veredas. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1979.

Maxim Malhado
Sobressalto, 2001

curadora-coordenadora

Cristina Freire

artistas
Thiago Bortolozzo
Vital Brasil, 2001

Jred Domcio
Planos Instveis,
2001/2002

Silvia Feliciano
Cidade, 2001

Janaina Barros
Conversa entre
Galinhas, 2000/2002

Alexandre Vogler
Andr Santangelo
Carla Zaccagnini
Carlos Mlo
Cinthia Marcelle
Divino Sobral
Frederico Cmara
Jeanine Toledo
Jeims Duarte
Jorge Fonseca
Jorge Menna Barreto
Luciano Mariussi
Maril Dardot
Marta Neves
Marta Penner
Roosivelt Pinheiro
Rosana Ricalde
Wagner Morales

exposies

Fortaleza CE
Museu de Arte da Universidade Federal do Cear
So Paulo SP
Ita Cultural So Paulo

127

128

Algo se manifesta no campo da arte quando do belo passa-se ao interessante como critrio de valor. Para o artista norte-americano Donald Judd,
o interessante faz frente qualidade intrnseca da obra de arte, apregoado
pela esttica moderna. Isto porque o interesse no inerente obra,
mas advm da relao entre o observador, a obra e o contexto em suas
mltiplas dimenses. Distante de um determinismo absoluto e normativo,
trata-se de uma categoria constantemente criada e recriada. O interessante
define-se, pois, pela indeterminao e pelo relativismo. Sabemos, desde
pelo menos Marcel Duchamp, que a diferena entre objetos cotidianos e
objetos de arte passa pelo enquadre institucional, que complexo e organiza-se como um sistema. Envolve, portanto, um conjunto de variveis no
apenas artsticas, mas tambm polticas, sociais e histricas, que configuram o que se convencionou chamar obra de arte, ao longo dos tempos.
O campo artstico organiza-se, assim, como um sistema composto de um
conjunto de redes de sentidos e funes cambiantes. Esta a moldura
da obra contempornea, dentro da qual artista, crtico, curador, galerista
e pblico, invariavelmente, misturam seus papis. O valor econmico e
o valor simblico so fundidos e todos os envolvidos nesse sistema so
responsveis por sua criao e circulao. Se, num primeiro momento, a
tarefa do crtico foi arbitrar o gosto, louvvel tarefa que muitos ainda no
se dispuseram a abdicar, hoje opera-se muito mais como uma observao
crtica e apurada dos mecanismos que fazem mover esta engrenagem.
Assim, aproximar-se da obra no significa acercar dos olhos sua materialidade sensvel maneira do connaisseur, mas, sim, compreender criticamente os meandros desse sistema.
Como um microcosmo, as redes tambm no existem autonomamente.
Inserem-se, organicamente, na sociedade contempornea, j definida
como Era da Informao. Como observa Manuel Castells, socilogo da
contemporaneidade: Redes constituem a nova morfologia social de
nossas sociedades, e a difuso da lgica das redes modifica de forma
substancial a operao e os resultados dos processos produtivos e de
experincia, poder e cultura. Embora a forma de organizao social em
redes tenha existido em outros tempos e espaos, o novo paradigma da
tecnologia da informao fornece a base material para sua expanso
penetrante em toda a estrutura social.1 Essa insero em redes, que
privilegia o lugar da informao e seus fluxos, o ponto de partida para
a reunio dos trabalhos que, de uma forma ou de outra, indagam sobre
o estatuto da obra de arte na nossa poca.
certo, porm, que a conscincia crtica sobre esse sistema levou muitos
artistas, sobretudo a partir das dcadas de 1960 e de 1970, a tomar os
meandros da produo, circulao e distribuio da arte como tema de

suas obras. Em suma, o que se questionava era o significado da criao


e os seus limites numa sociedade regulamentada. Se, naquele momento,
o questionamento do sistema da arte tinha ares de revolta, hoje caracteriza-se por uma distante ironia.

Jeanine Toledo
Isto Arte? Arte Isto
[detalhe], 2000

Luciano Mariussi
No Entendo, 1999

Frederico Cmara
Fear No Art [No Tenha
Medo da Arte], 1999

Marta Neves
Sem Ttulo
[srie][detalhe],
2000/2001

Jeims Duarte
Galleria, 2002

O circuito de comunicao estabelecido entre artista, obra e pblico,


antes resumido a estes trs elementos, hoje expande-se em nmero e
complexidade. A artista Jeanine Toledo resume a indagao bsica desta
rede de sentidos cambiantes. Sua obra completa-se com uma breve
demonstrao sustentada somente dentro de um sistema de significados
e valores. Isto arte? indaga. Arte isto, responde; numa tautologia
emaranhada em fios de cabelo.
Luciano Mariussi lana esse questionamento fora do circuito artstico. No
vdeo No Entendo, interroga, em diversas lnguas, os passantes nas ruas.
O que surge como resposta nos garante, mais uma vez, que esta definio,
pelo menos em se tratando de arte contempornea, elabora-se dentro de
um conjunto de cdigos muito distante de um idioma comum.
Atento a esses cdigos inerentes definio de arte contempornea,
Frederico Cmara realiza vdeos como parte de um penoso testemunho
dos passos exigidos do artista aspirante legitimao dentro do sistema
artstico. Os nomes dos mais conhecidos artistas, por exemplo, so repetidos como mantras, exausto e sem trgua, como figuras idealizadas de
uma sorte inatingvel.
Marta Neves escolhe as publicaes conceituadas no circuito artstico
para indagar este mesmo sistema de legitimao. Opera dentro de uma
irnica estratgia de guerrilha ao apropriar-se e subverter capas de revistas de arte, peas centrais na produo, circulao e distribuio de valores hegemnicos. Se as revistas so parte de um sistema relativamente
recente de legitimao de valores, as galerias remontam origem do
conceito de valor de exposio.
A Galeria, herdeira dos Gabinetes de Curiosidades e tambm presente
nos palcios reais, remonta a muitos sculos. A prpria galeria, em sua
dimenso contempornea e ideolgica, interrogada por Jeims Duarte
em seus projetos de galerias virtuais. Os projetos de espaos expositivos
sugerem um valor de exibio, leia-se poder de legitimao, que funde
real e imaginrio.
Cada vez mais o papel do observador central nas poticas contemporneas, sobretudo a partir da segunda metade do sculo XX, quando
a contemplao abandonada, e do pblico exige-se um envolvimento

129

130

mais direto e ativo. Integrante da proposio artstica, a ao, a reao ou


at mesmo, como no trabalho de Jorge Menna Barreto, o peso, isto , a
massa corprea deste observador/participador parte da obra. O artista
torna-se um propositor de situaes e a obra resulta dessas interaes
sempre cambiantes.
Nesse sentido, tambm possvel tomar os prprios meios de comunicao tradicionais como o correio ou a rede telefnica como pontos
centrais de um trabalho, tal como propem Cinthia Marcelle e Maril
Dardot. Trata-se de um projeto em que o circuito de comunicao toma o
centro do interesse, e a mensagem importa menos que o estranhamento
provocado pela descontextualizao de seus meios. Muito diferente,
por exemplo, da utilizao do correio como estratgia de resistncia
ditadura poltica vivida no pas na dcada de 1970, quando os envios
postais foram estratgia marginal para a troca de informaes artsticas
e sobrevivncia ordem repressora dominante.
Se a participao do pblico central nessas proposies, certo tambm que o papel do artista tem, em outros projetos, contornos menos
definidos e, no raro, a autoria esvaecida. Na proposta de Carla
Zaccagnini, a cooperao entre a artista e aqueles no selecionados
para as exposies do programa Rumos Ita Cultural Artes Visuais,
sutilmente, prope uma mistura de papis entre artista, crtico e curador,
que se mesclam dentro da exposio, sugerindo o relativismo e a sempre
inevitvel arbitrariedade das escolhas.
O papel da linguagem, entenda-se aqui a relao entre o tangvel dos
objetos e a fugacidade de suas representaes, central nas poticas
conceituais. A obra de Joseph Kosuth, sobretudo a partir de 1965, e a do
coletivo ingls Art and Language so exemplares. Pode-se dizer, escreve
Kosuth, que a arte descreve a realidade, mas, diferente da linguagem,
as obras de arte simultaneamente descrevem como elas a descrevem.2

Jorge Menna Barreto


Massa, 2000/2002

Cinthia Marcelle e
Maril Dardot
Me Escreva!,
2001/2002
instalao - caixa de
correio, cartes-postais
e escaninho
dimenses variveis
Coleo das artistas
Fotos: Divulgao/Arquivo das
artistas

Andr Santangelo
Reiniciar, 2001/2002

Roosivelt Pinheiro tece suas redes de pesca na contracorrente das interfaces eletrnicas. Elabora assim uma identidade de resistncia e traz
tona o reverso desta teia de imaterialidades. As redes que tece em seu
trabalho so parte de um saber sensvel, que sobrevive nas tradies e
nas experincias compartilhadas. O peso das pedras que pendem do teto
em sua instalao a sensvel certeza que contrasta com as imagens
imateriais que fluem nas redes de computadores e so solitariamente
encontradas nesses espaos virtuais.
Roosivelt Pinheiro
Solitrios na/da Rede,
2001/2002

Carla Zaccagnini
[em colaborao com
Keila Costa]
Assentos, 2001

Marta Penner
Lugares Prediletos/Paisagem do No-Evento,
2000/2001

Carlos Mlo opera em sua obra de orientao conceitualista na fronteira


onde os liames entre significante e significado se rompem. O esquema de
conceitos que apresenta desaloja o sentido das palavras, fazendo-o transitar entre um vocabulrio esquemtico construdo com a lgica incerta
da imaginao e os registros de inslitas aes.
A identidade constitui-se pelo olhar do outro, no espao intervalar entre
o ser e sua imagem especular; O que me falta esse eu que tu vs e a
ti o que falta s tu que eu vejo, sugere a fenomenologia de MerleauPonty. Ao investigar os limites tecnolgicos do espelhamento, Andr
Santangelo instala uma janela/olho/cmara que confunde o sensvel. a

fuso/confuso entre a realidade e a imagem eletrnica que transtorna


o comportamento de peixes-beta. Interessante metfora da condio
contempornea, na qual a informao torna-se cada vez mais veloz e o
signo avana sobre as coisas que perdem sua densidade. No apenas a
densidade das coisas se altera, mas tambm a noo de superfcie. Da
relao sensvel do contato face a face, passamos interface da tela,
tempo/espao de mltiplas conexes instantneas.

Mais uma vez a rede: sentido absoluto no qual no importa o centro mas
o tempo/espao das conexes. Este espao/tempo sem materialidade ou
densidade transforma os lugares em espaos de passagem. Desprovidos
da densidade do lugar, a chegada suplanta a partida, tudo chega ou
descarregado na mquina sem que seja necessrio partir. Os hotis so
emblemas dessas zonas de passagem, no-lugares na expresso de Marc
Aug, como os aeroportos e estaes so zonas de trnsito.
Marta Penner, por meio de fotografias e na elaborao de um site, interroga o sentido dessas reas de ningum e de todos, onde o particular
prprio s subjetividades e s singularidades d lugar ao uniforme e ao
padronizado, ao mesmo tempo que a memria, nosso mais valioso patrimnio, torna-se souvenir a ser adquirido como objeto barato levado para
casa como remdio paliativo e ineficaz progressiva perda da capacidade
de compartilhar experincias significativas. Ao serem carregados na tela
do computador, esses frgeis souvenirs tambm no permanecem e se
esfacelam. Sugerem, mais uma vez, a progressiva perda da transmissibilidade da experincia, como j anunciava Walter Benjamin, ao comentar
a substituio da narrao pela informao na modernidade. Escreve
Benjamin: Cada manh, recebemos notcias do mundo todo. E, no
entanto, somos pobres em histrias surpreendentes.3 Da incapacidade
de narrar decorre a incomunicabilidade das experincias. A tecnologia
favorece uma relao na qual informao e experincia tm vetores inversos de sentido.

Carlos Mlo
Algo, 2001/2002
Wagner Morales
No H Ningum Aqui #
1, 2000

No vdeo No H Ningum Aqui, de Wagner Morales, uma voz de mulher,


gravada na secretria eletrnica, procura, desesperadamente, marcar um

131

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SOBRE(A)SSALTOS

encontro com um homem desconhecido. Ao responder ao anncio, colocado anonimamente pelo artista no jornal, a voz explicita nas mensagens
gravadas o isolamento de quem consome anncios e, tal qual sujeito
annimo, encarna o destino de tornar-se objeto-mercadoria.
Nesse sistema de comunicao bsico que a linguagem, os artistas tambm praticam a palavra, isto , no simplesmente escrevem, mas procuram
dotar a palavra de uma densidade originria perdida. Sua mnima unidade
significativa, a letra, torna-se unidade plstica de sentido em vrios trabalhos. Ao valer-se das letras livres de qualquer linearidade ou seqncia lgica, os artistas operam uma escrita sem sintaxe, superpondo e justapondo
palavras, retornando expressividade plstica das letras e potencialidade
expressiva do acaso, como exploraram os poetas concretos.
Divino Sobral desenha histrias e narra palavras. De sua caligrafia surgem desenhos/escrituras que tornam impossvel qualquer divrcio entre
palavra e forma.
Alexandre Vogler constri suas frases com carimbos em tortuosas linhas
que se repetem sem comeo nem fim. A des(organizao) do texto
imputa sentido ao espao em que se instala. Da pgina branca e assptica, lugar privilegiado da escrita, seu gesto/palavra dirige-se ao universo
denso de significados dos lugares onde inscreve/escreve sua ao.

Divino Sobral
Palavras no Meio da
Noite, 2000

Alexandre Vogler
Tudo Sempre Comea
Bem [detalhe], 2000

Rosana Ricalde
Corrente de Papel,
2001
papel
dimenses variveis
Coleo da artista

Foto: Divulgao/Felipe Barbosa

curadora adjunta

Marisa Flrido Cesar

Rosana Ricalde d materialidade ao jogo de letras, como se as palavras fossem as peas e o acaso fosse a regra de um mesmo sistema combinatrio.
Jorge Fonseca tambm opera na busca de uma fuso sensvel e intuitiva
entre imagens e palavras, mas, por sua vez, orienta-se para o sagrado.
A linearidade lgica e a racionalidade da linguagem do lugar, em suas
pinturas e objetos, palavra carregada de um sentido transcendente.
Enfim, ao interrogar os meandros do sistema artstico e suas redes, este
conjunto de obras sugere uma reflexo crtica sobre a pluralidade das
poticas artsticas contemporneas a partir do paradigma comum de
serem, notadamente, interessantes.

artistas

Jorge Fonseca
Os Classificados do
Amor [detalhe], 2001
tecido, acrlica e bordados
220 x 150 cm
Coleo do artista

Foto: Divulgao/Cuia Guimares

Alexandre Vogler
Carla Linhares
Ducha
Felipe Barbosa
Graziela Kunsch
Jorge Menna Barreto
Marcelo Cidade
Rosana Ricalde

Cristina Freire
Notas
1. CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. So Paulo: Paz e Terra, 1999. p. 497.
2. KOSUTH, Joseph. Art after philosophy and after. Collected writings, 1966-1990.
Massachusets: MIT Press, 1993. p. 247.
3. BENJAMIN, Walter. O narrador. v. 1. So Paulo: Brasiliense, 1985. p. 203 (Obras escolhidas)

exposio

Belo Horizonte MG
Ita Cultural Belo Horizonte

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Um Horizonte, qui Belo: a cidade tomada por Sobre(A)ssaltos tem,


no nome, o apelo das distncias, a prece das disperses. Um dueto entre
o aqui e o alhures, o instante e a eternidade, o centro e a margem.

colher as flores desse mal; o viajante, quem sabe, encontraria, no labirinto rejeitado por Descartes, o amor de Ariadne. Anjos profanos, distrados,
a deambular pelas ruas indecisas.

As cidades fundaram-se na interseo dos caminhos dos homens e dos


deuses. Uma esquina. Um ponto fixo no solo movedio dos espaos,
no fluxo fugidio dos tempos. Essa abertura, gerada na fantasmagoria
que rondava os muros da cidade e a identidade das coisas e dos seres,
permitiria a constituio de um homem e do mundo que ele habita.
Uma fresta em sua voraz irrealidade para que se desse a apario de
uma distncia, a irrupo de uma transcendncia, o anncio do Nome.
Um orculo no qual estaria a previso de todos os destinos. Um porto
inequvoco no qual ancorar as verdades e as significaes. Um centro do
qual o mundo se estenderia definindo seus horizontes.

A exposio rene oito artistas que realizam aes e intervenes no


espao urbano. Sua proposta inicial previa a passagem por vrias cidades,
incorporando as itinerncias em suas reflexes, possibilitando um
dilogo entre elas e a memria crtica de seu processo. O cancelamento
das exposies, contudo, restringiu sua experincia s ruas de Belo
Horizonte, que nem por isso deixaria de desvendar as infinitas cidades
que uma cidade abriga.

Mas as cidades traem os deuses, e os deuses delas desconfiam. No se


esgotam os exemplos de cidades fabulosas, cujos nomes guardam l os
seus mistrios. Babilnia, a prostituda famosa. Seu nome? Porta do deus.
Mas de um deus que se corrompeu, seduzido pelos impuros desejos
despertos entre seus muros e jardins suspensos. Babilnia, o duplo degradado e maldito da celestial Jerusalm. Babilnia, a me desvirtuada.
E se Atlntida, cidade ideal dos deuses para a qual Plato sonhou uma
organizao poltica e social sem falhas, permanecesse na memria como
a origem perdida de todas as civilizaes, a runa de Babel silenciaria
esse horizonte unvoco. Afinal, uma torre que alcanasse o Verbo era a
promessa de uma traduo absoluta do real, de uma articulao perfeita
entre a experincia e sua decodificao, entre as coisas e os nomes. Babel
tem no nome a raiz hebraica Bll: confundir. Deus castigaria o homem por
sua pretenso e arrogncia desmedidas, destruindo a torre e separando
os povos em diversas lnguas. Mas ao declarar ao homem sua incomunicabilidade e sua condio errante no mundo, Ele lhe devolveria a perplexidade inesgotvel, o sobressalto em um mundo sempre a conhecer,
sempre a situar, sempre a nomear.

So poticas que guardam entre si e as cidades a contaminao e a disperso dos territrios: a flutuao de fronteiras e de significados entre
o autor e o espectador, a arte e o mundo. Uma constituio relativa
que implica e evidencia a trama de relaes na qual esses trabalhos se
inserem, engendram e criticam: uma trama de afetos, sistemas e fenmenos exteriores ao universo soberano e autnomo da arte moderna, s
condies abstratas e ideais de espao e de tempo que esta reivindicava.
Invadindo-se pelas alteridades, deslocam-se para os espaos do mundo,
realizam-se na circunstncia e nos encontros fortuitos, submergem na
entropia urbana.

Reparar o colapso de Babel foi a inteno do saber metafsico; construir


sua torre, o projeto histrico da modernidade, diz Derrida.1 Alcanar,
enfim, o centro alhures de onde os orculos anunciam suas verdades, o
centro na origem dos mundos ou no fim dos tempos.

Desprotegidas da moldura da galeria, que convenciona o objeto


como artstico, essas aes colocam em tenso extrema o que pode
ser considerado arte, para quem, em nome de quem. Interrogam se
resta arte alguma lucidez crtica ao mundo, mesmo nele se imiscuindo: algum poder de sensibilizao na vida contempornea capaz
de concorrer circulao e manipulao vertiginosa de imagens
e informaes, espetacularizao banalizada e absoluta e sua
reduo a mercadoria nesta comunidade universal e vazia chamada
mercado. Por isso inquirem o sentimento crescente da perda da
esfera pblica e a afirmao de que sua representao social vem se
reduzindo nessa rede de fluxos cada vez mais desterritorializados
pela economia globalizada e pelas novas tecnologias encenao,
a uma perptua simulao de si mesmas. Verificam, enfim, como
possvel, aquela que foi, por tradio, a arena da vida pblica, tecido
das sociabilidades, presena visvel do convvio e do conflito de complexas diferenas: a cidade.

Mas eis o mistrio das cidades: mesmo antes de os deuses ou de a


histria desertarem das cidades e dos homens, muitos j haviam antecipado os desvios que as cidades abrigam. Uns as condenariam, outros
as celebrariam. Baudelaire j o sabia, Benjamin tambm. O flneur iria

Sua inscrio na rua obriga o agenciamento recorrente de laos entre


alguns espectadores/participantes, no apenas para um acordo sobre
a nomeao de um objeto como arte, mas para a constituio de uma
dimenso social e coletiva de encontros e trocas por meio da arte.

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Assim, Jorge Menna Barreto e Marcelo Cidade deslocam terras e


horizontes. Minha Terra/Sua Terra, MTST consiste na extrao de 70
quilos (correspondentes ao peso de Jorge) de terra de uma cidade, e
sua distribuio, em pequenas pores, aos visitantes de outra cidade.
A disperso das fronteiras e seu destino imprevisvel denunciam que
todo limite um corte arbitrrio em um todo infinitamente mvel. Pois
como fixar territrios em um mundo sem centros, se todo vnculo ao
solo se reduz gravidade, atrao que a terra exerce sobre nossos
corpos? A distribuio de terra exige essa espcie de despedaamento
do corpo/terra do artista e sua doao ao outro alm da fronteira: uma
desprivatizao de si. A contingncia material desse elo coloca o corpo
entre a efemeridade de sua posio e a potncia que esta mobilidade
contm: incontveis territrios surgiro e sero absorvidos em um universo fragmentado, que oferece tanto seu nomadismo errtico quanto
o mltiplo do horizonte.

Jorge Menna Barreto


Minha Terra, Sua Terra
[Rumos], 2001/2002
instalao/performance
textos: Agnaldo Farias e
Daniella Samad
dimenses variveis
Coleo do artista
Foto: Daniel Mansur/Ita Cultural

Alexandre Vogler
Macumbanonsite
[Trabalho pra Maria
Padilha, Rainha
da Encruzilhada],
2001/2002
performance/instalao
- ptalas de rosa vermelha, pemba branca e
licor de anis
Coleo do artista

O horizonte era essa linha circular que limitava o plano da terra e o cu,
e que colocava aquele que olha no centro do mundo que ela limitava.
Marcelo Cidade compe um horizonte constitudo por centenas de habitantes alinhados na paisagem de cada uma das cidades da mostra, que
o artista rene pela fotografia.
A paisagem foi a fico de um mundo visto por um sujeito universal, que
submeteu os horizontes do mundo a seu olho e sua medida. Que subjugou
todos os desvios: os da carne, os do impensado, os do outro obscuro que
erra nossa volta, a um ponto de fuga referendado por seu olhar, na altura
exata de sua contemplao. O olho que est na origem do quadro. A paisagem se ancora nesse olhar, ordena os espaos e rene, no horizonte, as
disperses de todos os lugares. Horizonte infinito da visualidade o pouso
das distncias impalpveis que apenas a viso toca. A paisagem domnio
do quase in-corpreo. O horizonte para onde todos os lugares se dirigem
e de onde todos os lugares extravasam. Ao mesmo tempo que se somam,
os horizontes de Marcelo se relativizam. Recusam a paisagem como o
mundo submetido a um olhar centralizado, para apresent-la como centenas de horizontes que nos olham e que nos dissipam como unidade.
E se a paisagem o horizonte do lugar, dele difere. O lugar talvez abrigue
os corpos e a memria, a ancoragem cultural ao solo. As intervenes
urbanas de Felipe Barbosa e Rosana Ricalde verificam os processos de constituio e desaparecimento da paisagem, do lugar e da memria na urbe
contempornea, sua dinmica autofgica e mutante. Visibilidade intitula
o muro de 8.000 pes, erguido em uma passagem no centro de Belo
Horizonte. Se o olhar alcana a paisagem por sobre a barreira de pes,
ao corpo interditado o acesso. A alguns quarteires, Leveza conecta-se

implicitamente Visibilidade: 10.000 garrafas de gua mineral, cobrindo


o chafariz do Palcio das Artes.2 A gua foi retirada na madrugada de
sua instalao e vendida nas esquinas. O po, levado, dias depois, como
comida. Como ento conceber a arte como o domnio exclusivo de um
olho desencarnado, do universo da Visibilidade? Como aceitar a fruio
esttica como um juzo autnomo, purificado e asctico em sua Leveza,
dissociado das necessidades da existncia, desvinculado de um corpo que
tem fome e sede? Nossas perversidades em exposio.

Apoio: PUC TV [Minas


Gerais]

Foto: Daniel Mansur/Ita Cultural

Marcelo Cidade
Eu Sou Ele Assim como
Voc Ele Assim como
Voc Sou Eu e Ns
Somos Todos Juntos
[detalhe], 2002

Carla Linhares
Circuito Antivicioso
de Regras Cotidianas,
2000/2002
interveno urbana metal e adesivos
40 x 40 cm
Coleo da artista

Foto: Daniel Mansur/Ita Cultural

Ducha
Laranja, 2000/2002
Felipe Barbosa e
Rosana Ricalde
Visibilidade, 2002
interveno - 8.000
pes e engradado de
madeira
150 x 1.000 cm
Coleo dos artistas

Foto: Daniel Mansur/Ita Cultural

Se como espao pblico entendemos o mundo comum a todos, mas


diferente do lugar que nos cabe dentro dele, onde o lugar que nos
especfico? Ao tecer correspondncias entre o projeto moderno do
urbanismo racionalista e da arte, Alexandre Vogler deflagra o que h de
excludente e perverso em seu ideal de pureza, como renova os sentidos
das prticas situacionistas da arte contempornea. Acolhendo o acaso
em seus planos e as incongruncias da vida em seu cotidiano, aponta-nos
que o lugar que nos especfico, se existe, a escultura para abrigar a
populao de rua; a esquina onde a entidade da umbanda Maria Padilha,
Rainha da Encruzilhada, encontra-se com Robert Smithson para uma
Macumbanonsite. Vogler revela o que h de fecundo na aceitao do
erro, no permeio da arte pelas diferentes construes culturais.
Carla Linhares interroga as possibilidades de uma vida social e pblica
como ao comunicativa. Invade os cdigos de informao urbana para
interferir no circuito viciado das rotinas dirias. Suas placas so colocadas entre outros cartazes e sinalizaes. Suas mensagens alteradas so
lufadas de ar na asfixia de um mundo sobrecodificado, que regula os
contatos pessoais no espao urbano e os corpos em seus deslocamentos.
Um mundo no qual a prpria vida se torna texto, signo, cdigo gentico.
A artista sabe que uma afasia nos assola: se vivemos mecanicamente as
relaes coletivas, reinventemos a flnerie, com suas sutis escrituras, com
sua cartografia da errncia.
Ao relatar que recorrer a uma fuga ao serto e experincia de
Guimares Rosa para criar uma situao de desestabilizao do senso de
realidade, e apresentar na galeria apenas um faco recolhido na viagem,
Ducha questiona a esfera pblica como o campo do discurso no qual
o estatuto de um fato determinado e legitimado, inclusive uma obra
de arte. Assim como a narrativa de Grande Serto: Veredas tecida em
torno desse vazio deixado pelo ouvinte de Riobaldo, presena invisvel
que o leitor dever preencher, a obra (?) de Ducha construda pelas
vozes produzidas em torno de sua fuga e de sua reticente frase, como o
discurso crtico e curatorial. Quem fala? Com que autoridade? Uma interrogao que parece j no ter resposta.

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Graziela Kunsch, com uma cmara de vdeo, parte em direo margem,


coordenada geogrfica e simblica, acolhedora dos excludos e malditos
da sociedade. Graziela emigra para encontrar, nas Babilnias perifricas,
aqueles acuados em guetos. E o gueto no o territrio ou o lugar.
o fim do sonho de um espao vital comum e de uma comunidade originria sem conflitos. Suas performances exigem uma reao do outro,
um acolhimento ou uma rejeio: exibem o desespero da incomunicabilidade. Na madrugada de Belo Horizonte, a artista Rita Duro, entre
outras prostitutas-mulheres-nomes de ruas-esquinas-mercadoria com
a avenida do Contorno. Na galeria, o espectador escolhe, para assistir
em uma cabine individual, a uma das fitas de vdeo com nomes das
mulheres-esquinas. Escolha Uma poderia se chamar o julgamento de
Pris, pois retoma como tema a Beleza reificada da Vnus, da Virgem,
da prostituta, e questiona o juzo do gosto em seu lastro histrico. Um
juzo que, um dia, se vinculou ao prazer (nem to) desinteressado.

GRAFIAS DO LUGAR

Graziela Kunsch
Escolha Uma [Belo
Horizonte], 2002
videoinstalao/
performance
200 x 200 cm
Coleo da artista

Foto: Divulgao/Arquivo da artista

Toda a arte pblica, se considerarmos que apresentao a um outro


do qual jamais prescinde. Hoje, colocado o desafio de repensar as
formas de seu endereamento ao outro, com o qual estabelece laos ou
afastamentos: experincia compartilhada e possvel no mundo em que
vivemos. Como disse Jean-Luc Nancy: A arte original e constitutivamente mostra, exposio, comunicao, envio, endereamento, partilha
(...). No h nada menos solipsista do que a arte.3

Marisa Flrido Cesar


curadora adjunta

Marlia Panitz

artistas

Notas
1 DERRIDA, Jacques. Escrever um modo de morar. Projeto, So Paulo, v. 118, n. 118, jan.
/fev. 1989.
2 Leveza foi realizada por Felipe Barbosa e Rosana Ricalde para a exposio Rumos da
Nova Arte Contempornea Brasileira, curadoria de Fernando Cocchiarale, inaugurada em
fevereiro de 2002, simultaneamente a Sobre(A)ssaltos. A referncia pela correspondncia
com a obra Visibilidade.
3 NANCY, Jean-Luc. Jean-Luc Nancy / Chantal Pontbriand: uma conversa. Arte & Ensaios,
Rio de Janeiro, n. 8, p. 147-148, nov. 2001.

Carla Linhares
Fabiana Wielewicki
Glaucis de Morais
Marcelo Feij
Rodrigo Borges

exposio

Belo Horizonte MG
Ita Cultural Belo Horizonte

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Como vai meu mundo?


Ele est espalhado e ondulado na minha mesa, um grande crculo
de terreno intratvel. Zonas de puro espao estendem-se, alcanam
os mais longnquos pontos da minha imaginao. um mundo feito
com muito mais do que reinos e continentes. um reino conhecido
apenas por aqueles que tm olhos para ver o invisvel...
Meu mapa me absorve com o que no revela. Cada vez que olho
para ele, sou cativado pelo que, at agora,
no foi includo dentro de suas margens.

inscritas convidam os leitores artistas e fruidores a compor narrativas


(im)possveis. Assim, o objeto de arte, que transita entre imagem e escrita
tanto no que diz respeito s aes sobre o suporte quanto ao que
denota uma estrutura sinttica em algumas obras , construo que
recobre o espao vazio. substituto do inexistente a ser reconhecido pelo
olhar.4

Fra Mauro1

Encerrado num mosteiro, esse homem da Renascena produzia seu mapamndi. Pela palavra e pelo desenho, compunha seu documento. No seu
relato, porm, j se achava a chave do que s poderia ser articulado mais
tarde: a inscrio dos lugares a inscrio de uma falta... dela que surgem as grafias do lugar. A descoberta do mundo se fez seguindo mapas
criados pela imaginao dos cartgrafos, alimentada pela narrativa dos viajantes. A geografia, ento, se instituiu como cincia que descreve a superfcie da Terra (e o que se movimenta sobre ela), nascida de uma cartografia
fantstica, onde as fronteiras entre fato e lenda no existiam.
Segundo a genealogia do conceito de espao no Ocidente, retraada por
Michel Foucault,2 na Idade Mdia ele existia por localizao (idntico a
lugar). Galileu, ao demonstrar seu carter infinito, dissolveu os lugares
medievais: extenso suplanta localizao. Hoje, a situao suplanta a
extenso situao definida por relaes de proximidade entre pontos
ou elementos (...).3 O que implica circulao. Se perdemos a garantia da
localizao, o espao contemporneo , por princpio, vazio de lugares
concretos. topolgico. Como estrutura, recebe seus lugares circunstanciais por investimento, por nomeao.
O mapa, que entrelaa o carter efmero dos deslocamentos e a estabilidade de um cdigo que nos possibilita identificar lugares, permeia o
imaginrio contemporneo. Embora o mundo no seja mais vasto como
antes e possamos estar do outro lado do planeta em tempo real sem
sairmos de casa, convm que levemos nossos registros ao fazermos nossas viagens. Talvez seja este o estatuto das grafias: o de marca que
requisita um pertencimento.
A arte contempornea apropria-se desse mtodo: incorpora as indicaes
dos itinerrios de leitura ao seu corpo. Associadas idia de demarcao
(de territrio), de lugar investido simbolicamente pelo artista, as marcas

Carla Linhares
Plexo Urbano, 2002
planta urbana, espelhos
e luz artificial
dimenses variveis
Coleo da artista

Foto: Divulgao/Arquivo da artista

Fabiana Wielewicki
Monlogo, 2000

Glaucis de Morais
Linhas de Pensamento,
2000
pregos s/madeira e
texto impresso s/papel
30 x 193 cm
Coleo da artista

Foto: Divulgao/Arquivo da artista

Marcelo Feij
Paisagem Urbana So Paulo [detalhe],
2000/2001

Se a obra marca em um espao, ela estabelece o lugar fsico para um


lugar evocado. Grafias do Lugar, portanto, investiga a recorrncia dessas inscries substitutas, sob a perspectiva de cinco artistas que trabalham a idia de no-pertencimento (cultural ou geogrfico) a um lugar
preexistente demarcao. Estes so lugares construdos pelos que se
sabem sem lugar garantido. So contingentes, construes em torno da
ausncia. As paisagens, aqui, resistem paisagem.
Em Plexo Urbano, de Carla Linhares, a luz revela o mapa da cidade. O
reflexo obtido por sua incidncia sobre espelhos ordenados lana uma cartografia imaterial sobre o cho e as paredes da galeria. Onde era esperada
a imagem especular, o olhar encontra a trilha de luz que desenha ruas,
quarteires... Demarcao efmera a ser guardada no fundo dos olhos.
Em Monlogo, as janelas de Fabiana Wielewicki sempre a mesma janela
reificam o lugar nomeado em diferentes lugares. Ao serem organizadas
como frase composta da repetio de uma s palavra, atualizam (e cristalizam) a fugacidade do vislumbre, que ter de ser suposto (ou inventado)
pelo observador. Pois elas subtraem a paisagem. Oferecem somente a
moldura. Despertam nossa curiosidade e negam-se ao que nos convidam
a fazer ver alm, ver atravs. Nos propem um lugar-receptculo.
As Linhas de Pensamento, de Glaucis de Morais, vindas da estrutura de
seu tear (seu fio de Penlope), configuram-se como uma sucesso de
pregos em seqncia, lida como marcao do texto que a acompanha:
palavras que ao serem escritas inscrevem um caminho. Resultantes do
desvio de um outro projeto o de tecer uma enorme rede (lugar de
repouso) , elas transformam o instrumento em parte da obra e a completam pela descrio do que poderia ter sido aquele outro: ...Primeiro
prende bem, passa por aqui por cima, faz a volta (...) Comea outra vez.
preciso pegar o fio condutor... Quase infinita descrio de itinerrio...
um lugar de passagem, um lugar de onde partir.
A sentena de imagens de Marcelo Feij, sua Paisagem Urbana, se constri por fragmentos captados por sua cmara. Repartindo e reorganizando a paisagem das cidades que visita, ele compe uma outra, mutvel,
porque feita por pequenos ladrilhos que aguardam diferentes combina-

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RISVEIS HUMORES

es que ele determina ao fix-los na parede. Organizadas maneira do


cartgrafo Malraux, em seu Museu Imaginrio, elas conservam o nome
das cidades originais. Mas se formam arbitrariamente. Como o museu,
este um lugar mental, que nos habita.5
Dos interiores de Rodrigo Borges, surge uma catalogao de objetos,
uma reorganizao do cotidiano que inventa uma nova arquitetura, sem
funcionalidade. Desenhos que se fazem como colagem de fragmentos,
eles se formam por acumulao. Desfeitos do espao tridimensional que
seus nomes requerem so Banheiros, Cozinhas , parecem notas margem dos ambientes que citam. No h registro dos equipamentos que
se espera encontrar. Em seu lugar, aluses passagem dos ocupantes
eventuais, suas marcas.

Rodrigo Borges
Banheiro, 2001

Situadas umas em relao s outras, as obras traam sua narrativa composta das narrativas de cada um... Uma nova geografia.

Marlia Panitz

curadora adjunta

Maria do Carmo de Siqueira Nino

Notas
1 COWAN, James. O sonho do cartgrafo meditaes de Fra Mauro na corte de Veneza
do sculo XVI. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. p. 116-7.
2 FAUBION, J.D. (org.) Michel Foucault. Different spaces. In Aesthetics, method and epistemology essential works of Foucault 1954-1984. v. 2. Londres: Penguin Books, 1998.
p. 175-185.
3 Ibid., p. 176.
4 O que lembra a alegoria do vaso, que Lacan toma de Plato, para explicar o processo
de sublimao pela arte: o objeto-receptculo encarado como significante da produo
artstica, como organizao em torno do vazio. In: LACAN, Jacques. Seminrio 7: a tica
em psicanlise. So Paulo: Jorge Zahar, 1997. p. 163.
5 Como Jean-Franois Lyotard define o Museu Imaginrio, de Andr Malraux. In LYOTARD,
Jean-Franois. Assinado, Malraux. Rio de Janeiro: Record, 1998. p. 310.

artistas

Cinthia Marcelle
Frederico Cmara
Graziela Kunsch
Janaina Barros
Leya Mira Brander
Maril Dardot

exposio

Braslia DF
Galeria Athos Bulco

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144

O humor a arte das superfcies e das dobras, das singularidades


nmades e do ponto aleatrio sempre deslocado, a arte da gnese
esttica, o saber-fazer do acontecimento puro ou a
quarta pessoa do singular.

Transformado em co-autor voluntrio ou no do processo criativo proposto, ao tentar se comunicar sem conhecimento prvio do interlocutor ou
a que se destina a conversa, se insere uma possibilidade ldica que flerta
com o acaso, com a surpresa e o nonsense: encontros e desencontros que
podem estimular situaes fictcias, originais, inusitadas e cmicas.

Gilles Deleuze
O riso adquire aqui sua dimenso social mais plena e defendida por
Bergson: fenmeno contagioso, comunicativo por excelncia, que pressupe a existncia de grupos sociais e seus entrelaamentos. Aquele que
ri necessita da cumplicidade do outro para associar-se a ele no riso e
juntos rirem de si mesmos.

Sobre o humor, at que ponto podemos esperar que seus encantos permaneam intatos, porquanto seus mecanismos e procedimentos sejam
analisados? Ao rirmos, a relao com o objeto de nosso riso que se
acha determinada: aceitao ou recusa, h o pressuposto de que uma
comunicao se estabelea.
A tica social e subjetiva do riso e do humor, estando sempre presente,
no elude a questo sobre o que d o toque risvel aos trabalhos, e nos
conduz incansavelmente sobre a consistncia dos efeitos de humor das
propostas aqui evocadas.
Graziela Kunsch, por meio do latido em Nightshot 3, se pergunta sobre
a possibilidade de novos cdigos universais de comunicao. A incluso
fortuita de pessoas, registrada durante seu percurso pelas ruas de So
Paulo, aponta para uma tendncia em favor da concepo de uma obra
que seja coletiva, visceral, estruturada a partir do confronto direto com
o cotidiano e em total disponibilidade para lidar com a improvisao da
artista e com o risco da reao das pessoas diante da incongruidade e do
burlesco da situao.

Janaina Barros
Conversa entre
Galinhas, 2000/2002

Ao evocar simultaneamente o cotidiano banal e prosaico de pessoas comuns e ali-lo a fatores que contradizem essa idia, o idioma estrangeiro, ela se insere no princpio esttico de composio do
burlesco transformado em princpio ldico e perceptivelmente barroco:
inverter os signos do universo evocado significante e significado ,
tecer uma armadilha ao nosso pensamento lgico, inserir um efeito de
estranhamento e desproporo, provocando a sensao do ridculo e
do inesperado.

Graziela Kunsch
Nightshot 3, 2000

H uma perda do carter fetichista da obra como monumento, porm


a apresentao dos vdeos em um espao institucionalizado introduz
uma separao que funciona como um aparato propcio nossa postura
crtica. Isso impede que o pblico se identifique de maneira ilusionista,
abrindo espao para a inverso da perspectiva inicialmente dramtica
busca desesperada de comunicao na solido da metrpole , em
uma anestesia afetiva que funciona pela alternncia e pelo contraste
entre tenso e alvio, como um poderoso catalisador de efeito cmico.
De maneira diferente, a obra Me Liga, concebida pela dupla Cinthia
Marcelle e Maril Dardot, se complementa e adquire totalmente o
sentido por elas esperado quando um espectador, em dado momento,
aceita interagir com o telefone pblico instalado no prprio espao
expositivo. O trabalho no se situa propriamente no espao da galeria,
mas utopicamente entre as polaridades daqueles que eventualmente
instauram um dilogo.

Leya Mira Brander


Sem Ttulo [srie],
1999/2001

Cinthia Marcelle e
Maril Dardot
Me Liga, 2000/2002

Quando a situao proposta por Janaina Barros na audioinstalao


Conversa entre Galinhas se concretiza para o espectador, ele se v diante
de um tipo bastante freqente de gag cmica, de irresistvel efeito burlesco, presente nas comdias desde os primrdios das artes cnicas e do
cinema. Comicidade, de certa forma, prenunciada pelo ttulo apesar da
ambigidade que ele sugere , associada simplicidade desafiadora do
aparato e da idia posta em prtica, alm da evocao da visualidade de
uma cena que ocorre apenas em nossa imaginao, tudo contribui para
manter seu poder de deflagrar o riso franco e de nos surpreender.

As pequenas gravuras em metal agenciadas como histrias em quadrinhos de Leya Mira Brander se apresentam como um dirio: escrito na
primeira pessoa e em forma de dilogo direto com um hipottico leitor,
evoca uma mirade de sentimentos como ternura, intimidade, receios,
romance, humor, que so poetificados em um tipo de desenho e/ou
escrita que remete incerteza e ao inacabado do rabisco, como se no
se destinassem a ser partilhados. O carter ldico da constante recombinao das matrizes formando novas seqncias de imagens contrasta
com o seu contedo de cunho sentimental e folhetinesco, criando um
sutil efeito de distanciamento; evoca sua faculdade de usar um juzo
crtico em relao aos seus sentimentos, como um tipo de resistncia
iluso, alm apontar para os procedimentos de representao inerentes
linguagem da gravura. Isso mostra como o narrador a artista se situa

145

146

MANIFESTO DAS INDIFERENAS

em respeito a seus enunciados. Essa distncia torna-se ento uma atitude


do ego em face do objeto esttico, qualidade caracterstica daquele que
capaz de rir de si mesmo.
Da mesma forma, Frederico Cmara, em seu vdeo Fate, utiliza-se de um
humor levemente irnico e ao mesmo tempo refinado, numa narrativa
cujos mecanismos precisos desnudam suas apreenses em relao sua
prpria condio de artista jovem, herdeiro de uma longa tradio e
tambm imigrante. O personagem, assim como a situao e a intriga,
esboado com muita clareza, poder de sntese e destreza quanto a
suas ambies e receios, o que poderia fazer-nos evocar a comdia de
carter.

Frederico Cmara
Fate [Destino], Londres,
2001
mini-DV, cor, som, 5 min
Coleo do artista
Foto: Divulgao/Arquivo do artista

O efeito de humor aqui presente est associado a essa capacidade de


recuo e de anlise demonstrada na estratgia de concepo da histria
e seu teor fictcio. Estando ligada ao julgamento do observador, a
percepo da dimenso cmica o coloca em posio de superioridade
em relao ao que percebido na verificao do mundo, disso tirando
prazer intelectual e criativo. Assim entrevistos, o distanciamento e a
conseqente dissimulao assumem um carter crtico, embora sejam
noes aproximativas, subjetivas e portanto dificilmente mensurveis:
metforas, enfim.
A conscincia de que podemos rir de tudo o que nos rodeia pode, em
determinados momentos da vida, at nos surpreender. Mas o humor e
o riso permanecem como poderosas possibilidades de confronto entre a
civilizao e o indivduo.

curador adjunto

Cristvo Coutinho
Maria do Carmo de Siqueira Nino
artistas

Arthur Leandro
Daniella Penna
Gabriela Machado
Gustavo Magalhes
Paula Krause

exposio

Belo Horizonte MG
Ita Cultural Belo Horizonte

147

148

Tudo que circula carrega em si uma possibilidade de identificar


verdadeiramente um autor com o seu ato.

Os cinco artistas juntos so separveis na apresentao de seus trabalhos,


lidam com materiais diferentes um do outro e alcanam, em silncio,
o que h alm do que estamos vendo; suas obras de construo aparentemente subjetiva so um ato de vontade em sua forma mais ousada.
De contedos inversos, so obras de transfigurao da banalidade e de
busca de formas perdidas, sem renegao ou resignao do sentido,
para alm da diferena. Com desenvoltura de pureza e imanncia, que
mantm a qualidade da transcendncia dos trabalhos.

Jean Baudrillard, O Paroxista Indiferente

Com a construo de um mundo paralelo e virtual em substituio


nossa realidade, no estamos mais no mundo. Estar no mundo se tornou
uma eventualidade pouco provvel. No incio deste sculo XXI, estamos
todos reunidos, mais do que nunca, em um s lugar, estamos um dentro do outro, e no conseguimos o respeito pela vida. Nela, as imagens
de beleza e verdade so patrimnios de uma busca que ultrapassam e
implodem o homem, as coisas e as diferenas.

A cumplicidade na ausncia do sujeito, sobre o domnio da representao e sua desapario, faz do objeto um acontecimento nico, o que
torna esses artistas participantes de desdobramentos e de uma quebra
de simetria visual. Combinando saturao esttica e nostalgia do objeto
perdido da pintura, so idias de elementos simples e de abstrao direta
na linha da modernidade.

Durante sculos, o sentimento do esprito foi o criador e a salvaguarda


das atitudes imaginrias dos grandes artistas. Os conflitos individuais
existenciais serviam de protagonistas e referenciais para o fazer das
idias. Hoje, porm, estamos em uma rede de informaes e de reaes
compulsivas e despojadas de quaisquer valores elaborados e praticados
em algum perodo do passado.
Os artistas de agora so objetos do seu trabalho. E, como tal, o horizonte e a rede esto disponveis como fonte de personalidade e suposta
riqueza. Os acontecimentos e as atitudes sejam elas artsticas, sejam
de outro parmetro que servem de referencial para a construo de
uma obra so, na realidade, apenas instrumentos de iniciao para
uma possibilidade vindoura e ps-contempornea (?). O intervalo
presente recheado de releituras e camadas superpostas desse fazer
mostra uma busca do desaparecer e de indiferenas do artista e do
pblico. A curadoria dos trabalhos reunidos sob essa temtica resulta
na dissoluo dos signos e no jogo deliberado dos significantes. O
vazio das obras resultado da prpria necessidade extrema de cada
artista em se ausentar e ao mesmo tempo multiplicar a expresso da
produo atual. Tal o desafio lanado pela imaginao livre, que, por
sua vez, a razo da animao em que consiste enfim o prazer do
trabalho contemporneo.
Como todo ato criativo humano, o despejar de idias visa ordenao
e comprovao de uma possibilidade de comunicao. As indiferenas e
desconfianas existentes so uma contribuio em um tempo que chega
exausto e proliferao do desejo do ter. Somos capazes da observao compreensiva, como tambm embalagens de conceitos vendidos
em um mercado de produtos exageradamente recheados de supostos
objetivos definidos.

Paula Krause
Sem Ttulo, 1999/2002

Gabriela Machado
Sala dos Fios [detalhe],
2001/2002

Daniella Penna
No Adianta Faltar ao
Enterro [detalhe], 2000

Em seus trabalhos, as artistas Paula Krause e Gabriela Machado


compartilham a semelhana da pintura, o dilogo existente e o que
interessante como imagem capaz de guardar seu segredo. O que
vem de outro lugar procura um outro lugar, criando acesso a formas e
resultados reinventados. Segundo o texto Derramamento de Formas,
de Andr Severo, na obra Sem Ttulo, de Paula Krause, escapam
construes que se esforam para alcanar uma estabilidade que
no se firma. Seu trabalho difere pela necessidade de se apreender
antes que tome a forma da determinao e do sentido na matria
existente e construda com peso e densidade de um ato pictrico, de
desdobramentos no espao e numa relao prpria de invaso com
o espectador.
Na obra intitulada Sala dos Fios trabalhos de formas constitudas em
uma linha abstrata , Gabriela Machado procura definio na relao
pintura versus objeto versus instalao. Na elaborao da aparncia,
uma iluso original da pintura, de ruptura, de um menor intervalo
para sua existncia. Como diz, seu trabalho o registro do impulso
corpreo, de se envolver fisicamente em ato contnuo, em um desvio
esttico de autenticidade do autor com o seu ato, de cpias diferentes
do mesmo fazer. Em sua liberao das formas surge a realizao e o
seu fim exposto.
As fotografias de Daniella Penna sem peripcias, pelo seu recorte absoluto, sua imobilidade absoluta, e at por sua essncia de silncio, sem
seres humanos, so, mesmo assim, carregadas de sentido, em intervalos
de seduo com o mundo de cenas de realidades comuns a todos e
cheio de ausncia do eu. So imagens condensadas, verdadeiramente

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PUPILAS DILATADAS

fixas e sem diluio, comprometidas, com outra tradio, intemporal, de


evidncia e de reflexo do perecer humano, como permanncia de uma
raa excluda.
A obra do artista Arthur Leandro a no-existncia de uma imagem real
fotogrfica, mas sua memria e sugesto, um meio de modificar a viso
convencional que temos dela. Acontecimento negado, uma reduo
fenomenolgica, atravs dela a pergunta passa a ser: ser que ns pensamos o mundo ou o mundo que nos pensa? No fato da possibilidade
fotogrfica, o objeto que nos olha e determina a relao de existncia
de um mundo de escolhas e imagens negadas e se fixa no conceito da
prpria fotografia.
O trabalho de instalao Portais, de Gustavo Magalhes, determina o
simbolismo da passagem e o lugar da ausncia e desapario do sujeito
de surgir o objeto como evidncia insolvel, cheio de representaes.
Um lugar privilegiado para a desapario. Assim como portal, um espelho, que faz refletir a imagem do vencedor. Entretanto, no se parece
mais verdadeiramente com ele. Em sua banalizao, uma imagem
deformada, de uma falta de iniciao do sujeito em nossos dias, um
acontecimento puro pela sua ausncia.
Em nosso momento, os artistas, em mltiplas ramificaes, inclusive virtuais, talvez encontrem uma forma de se perder na imensido das redes.
No plano tcnico, o verdadeiro autor aquele que busca regra que provavelmente no aquela que se pensa. Encontramo-nos diante de uma
indeterminao definitiva. E possvel que os artistas contemporneos,
em sua maioria, no fiquem demasiadamente conscientes de seu lugar
na histria da arte e busquem o estado de experincia na relao
homem e universo de possibilidades de despojamento ritualstico.

Arthur Leandro
No-Negativo, 2002

Gustavo Magalhes
Portal 2, 2000/2002

curador adjunto

Paulo Schmidt

artistas

Cristvo Coutinho

Beatriz Pimenta
Elisa Queiroz
Enrico Rocha
Martinho Patrcio
Rosana Ricalde

exposio

Recife PE
Fundao Joaquim Nabuco

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O ltimo filme de um dos mais aclamados diretores do sculo


passado, Stanley Kubrick, teve seu roteiro baseado na obra do
austraco Arthur Schnitzler, publicada em 1928 Traumnovelle
, traduzida para o portugus com o ttulo Pequeno Romance de
Sonho. Schnitzler, que alm de escritor e dramaturgo era mdico,
teria causado profundo espanto ao seu contemporneo Freud, que
aps mais de 20 anos de relutncia confessou ver no autor e em sua
obra um duplo seu, tamanha a proximidade entre a fico literria e
a teoria psicanaltica que desenvolviam. Freud se estranha diante da
familiaridade com que Schnitzler lida com o inconsciente, o desejo,
o erotismo e a morte.
O filme de Kubrick (De Olhos Bem Fechados Eyes Wide Shut, no
original) conserva em grande medida a atmosfera de sonho criada por
Schnitzler na Viena do incio do sculo XX. Mas, para alm do carter
onrico, oscilando entre a imaginao e o inconsciente, Kubrick bolina
no seio da sociedade crist e capitalista do seu tempo, expondo as
contradies de seus valores e de sua moral. Em um beco de estreitas sadas, sua histria indica direes que jamais resultam em algo,
esboando continuamente o perfil da impotncia humana ao manobrar entre os seus ntimos desejos e o establishment de uma sociedade
hipcrita.
Erotismo e amor no so necessariamente parceiros constantes e, em De
Olhos Bem Fechados, Kubrick confirma esse fato. Anunciado pela imprensa (sic) como o novo ltimo tango, o filme um tratado sobre sexo
onde no h sexo, apenas indcios, atravs dos movimentos dos personagens, ou pela explorao cenogrfica.

As obras que se encontram nesta mostra no apresentam, salvo excees,


nenhum trao de lascvia patente que as classifique como arte ertica,
mas sim o fio que as enlaa. Se o lugar da ausncia marca um vazio,
nesse pertencimento que a presena se faz. No a saudade a presena
daquilo que no est? Os trabalhos destes cinco artistas ocupam antes
lugares perifricos do amor e da sexualidade, como a angstia, a solido,
a ironia, a obsesso, que o centro do prprio amor ou do sexo. Espelham
em conjunto o que Kubrick malfadou como sendo o amor-sexo nos tempos do HIV e da internet com o sexo virtual.
Beatriz Pimenta
Cabea, Tronco e
Membros [detalhe],
2000/2002

Enrico Rocha
Insnia, 2001

Elisa Queiroz
Namoradeira,
2000/2002

Com desconforto, vejo no filme de Kubrick uma obra-prima no que diz


respeito traduo que faz do amor e do sexo no mundo contemporneo. No gosto do que vejo, mas me rendo lucidez com que as coisas
ali se apresentam.
No posso dizer que a mostra Pupilas Dilatadas venha em decorrncia do filme De Olhos Bem Fechados. Freud que aqui me socorra,
ou mesmo Jung que me explique. Colocados assim, lado a lado, os
ttulos se sobrepem e um se transforma em declinao do outro.
Pouco importa. Esta exposio tem idias que no me pertencem,
nem mesmo ao Stanley. Elas fazem parte do nosso imaginrio e,
mais ainda, do nosso mundo real. Em ambos os casos filme e
exposio , ficam claras as utopias do homem contemporneo
diante de valores frgeis e perspectivas obscuras para o futuro da
sociedade.

A instalao fotogrfica de Beatriz Pimenta Cabea, Tronco e Membros


desvela a fragilidade de um corpo desconexo entre suas partes, numa
ambincia em que as vises se multiplicam, tornando os corpos da obra
e do espectador ainda mais dilacerados.
As fotografias de Enrico Rocha, Insnia, apreendem aquilo que quase
inapreensvel, em rastros e flashes de um olhar conturbado e disperso.
Num movimento de translao fotogrfica, usa da cor-luz registrando
estroboscopicamente os alvos de seus disparos perdidos. Mais que os
desenhos de luzes resultantes nas imagens, sobressaem na contracena a
perturbao e a dislexia.
Na sua sala Namoradeira, Elisa Queiroz apropria-se de elementos de
uma movelaria ergonomicamente referenciada nos corpos da artista e
de seu amante. O ambiente repleto de cdigos da libido, constituindo
uma ode ao desejo e volpia; entretanto, neste carrossel, os lugares
dos amantes esto rigidamente marcados e fisicamente separados. Os
sujeitos enamorados sucumbem ao idlio dos momentos a dois para
viver uma arrebatadora paixo pelo estado em que se encontram o
de amar o amor.

Martinho Patrcio
Mscara 1, 2001

Com seus variados significados compreendendo elemento manufaturado de tecido, intriga, cerzidura malfeita, namoro impudente , a palavra
fuxico nomeia o elemento-base para os trabalhos de Martinho Patrcio.
Nomeados como Mscaras pelo artista, esses mosaicos de cetim resultam
em cones de fetiche evocando irrefrevel luxria. a mscara com a qual
o sujeito oculta sua identidade e chancela sua fantasia.

Rosana Ricalde
"Feliz o Sndalo que
Perfuma o Machado que
o Fere", 2001/2002

Em Verborun Torrens, Rosana Ricalde estabelece, mais que uma obra,


um projeto cujo procedimento se desdobra em um trabalho contnuo,
sob inmeras configuraes possveis. Com caracteres irreversivelmente
gravados, formando um caudal de aes na primeira pessoa do presente
do indicativo, a artista se reconhece, se individualiza, se afirma e, em
meio a tantas aes, se anula e se imobiliza. primeira vista a obra se

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apresenta infinita, uma vez que o encontro entre linguagem e leitor o


, mas a explorao desse manancial denuncia a obsesso da obra, que
ordena alfabeticamente seus verbos. Como um autmato fica desprovido
de vontade prpria.

O DESCONFORTO DA FORMA

A leitura dos trabalhos nesta exposio no deve e nem pode ser tomada
como conclusiva. Minha inteno multiplicar os significados diante da
complexidade dos significantes. A arte, como toda linguagem, depende
de interpretaes que a tornem sempre mais desejvel. Seja entendida
esta curadoria como a construo de um discurso que vem a partir da
obra de arte e no antes dela.

Paulo Schmidt

curador adjunto

Eduardo Frota

artistas

Felipe Barbosa
Joo Loureiro
Luiz Carlos Brugnera
Raquel Garbelotti
Rodrigo God

exposio

Campinas SP
Ita Cultural Campinas
Espao de Fotografia e Novas Mdias

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O artista contemporneo convive com uma produo de conceitos que,


distendidos e rearticulveis, se deslocam de um campo estrito ou seguramente esttico da arte para outras vrias categorias do conhecimento.
certo que, em um desses momentos de fluxo transitrio, a obra perde a
sua autonomia esttica puramente formal e se contextualiza num mundo
prenhe de contra-informaes, operando outros sentidos expandidos
dentro de uma dinmica teia de significaes.

que est sob o feixe de luz. Mas no sexto verso abre espaos em branco
entre as palavras dobrado, livros e chaveiro. Adiante, a cabeceira da
cama abre-se numa grande fenda e suga do mundo um sujeito possvel
de reinveno e seu itinerrio, que se interrompe num outro espao em
branco, para esbarrar nas imagens, tambm j decodificadas, de um relgio (o demarcador do tempo ou da falta dele) e de um copo (que pode
ser pensado aqui como a idia de abandono, de algum que esteve). Fora
do feixe de luz h muito a ser pensado pela possibilidade de significaes
dos objetos reposicionados.

Assim, pensar acerca da condio da forma, como critrio e processo na


arte contempornea, parece ser um desafio que oscila entre dois pontos:
o primeiro, seria lhe atribuir um lugar que no seja o de sua construo
pura; o segundo seria lhe conceder uma outra condio que no seja a
sua mera desconstruo. E a partir desse desafio, talvez possa interessar
uma forma processual que, ao mesmo tempo, no abra mo da construo do objeto, e o recoloque com uma outra proposta de significao
no mundo.

sobre essa reposio dos objetos que o poema se articula muito mais
como passagem de percepes e informaes diversificadas e menos
como reduto de permanncia formal, to cara tradio construtiva
moderna. nessa fragmentao de significados que o objeto se v
imerso num mundo de contradies e se potencializa a partir dos atritos
que nele so evocados, e no em sua mera ordenao lgica.

Sob esse aspecto, parece haver uma espcie de esvaziamento do sentido


original da forma e uma possibilidade outra de apreend-la como uma
variante de descobertas, deixando ao artista a rgida tarefa de pesquisa
para materializar um novo objeto, mltiplo de sentidos, que se projeta
exaurido de suas funes formais preconcebidas, trazendo uma situao
de desconforto aos estmulos antes facilmente decodificveis.

Joo Loureiro
Sinuca, 2000

Com esse pensamento, em carter ilustrativo e de comparao, podemos


nos remeter a um poema de Francisco Alvim, intitulado Luz.

Felipe Barbosa
Terra Semeada,
2001/2002
cama de madeira e terra
semeada
160 x 190 x 150 cm
Coleo do artista

Em cima da cmoda
uma lata, dois jarros, alguns objetos
entre eles trs antigas estampas
Na mesa duas toalhas dobradas
uma verde, outra azul
um lenol tambm dobrado livros chaveiro
Sob o brao esquerdo
um caderno de capa preta
Em frente uma cama
cuja cabeceira abriu-se numa grande fenda
Na parede alguns quadros

Foto: Divulgao/Arquivo do artista

Luiz Carlos Brugnera


Assoalho Empoeirado,
2001

O trabalho de Joo Loureiro, por exemplo, se desarticula como objeto


funcional. uma mesa de sinuca que tem a sua estrutura alterada: pernas que se desprendem da imagem primeira que se tem de mesa, e a
disfuno do plano horizontal provocada pelas dobras do tecido, onde
normalmente se movimentam as bolas, determinando uma impossibilidade ao do jogo. A mesa est deslocada para uma nova apropriao simblica.
Este deslocamento a alterao das estruturas primeiras do objeto
tambm acontece no trabalho de Felipe Barbosa, em que uma cama
de casal, de madeira macia, posta num vazio espacial e de sentidos,
porque desacompanhada de uma moblia que a identifique com a idia
de quarto (lugar ntimo de sono, amor ou silncio, por exemplo), onde
no cabe mais o corpo fsico. A cama, coberta com capim, retira a presena do humano, impondo a perenidade da ausncia.
Em vez da ausncia, mantendo uma tessitura com a passagem do
tempo, o trabalho de Luiz Carlos Brugnera um assoalho coberto com
grafite e canela em p. Aqui, h duas relaes de sentidos: a do assoalho, de lugar de passagem a depositrio de vestgios; e uma outra, a do
p de canela, que uma sutileza, um gesto, uma bruma, para descontextualizar o assoalho.

Um relgio, um copo
Esse poema lista objetos da casa. Esta, por sua vez, j reposicionada,
tomada no mais como lugar de estar, mas como lugar de passagem. O
inventrio construdo por Alvim aparentemente objetivo, s existe o

Raquel Garbelotti
Sistema Reverso,
2001/2002

Por sua vez, o trabalho de Raquel Garbelotti so desenhos projetivos de


objetos funcionais, como janelas, portas e assoalhos, diagramados em
placas de madeira industrial. Uma espcie de baralhamento dos cdigos
de medidas, de lugar e de posio, resultando como peas soltas de um

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O DISCURSO DO CHOQUE

grande quebra-cabeas induzindo o espectador a assumir a operao de


re-codificar os objetos no espao.
Por fim, os desenhos de Rodrigo God, em grafite e acrlico sobre tela,
so verdadeiras inseres do ldico, mas sem o carter construtivo simplificado que o mundo infantil pede, assumindo, num grau de projeo
criativa, verdadeiras mquinas imaginrias, sem nenhum compromisso
formal de que esses desenhos projetos inventados sejam, de fato,
construdos. Podem nos remeter, por exemplo, aos inventos pensados
por Jules Verne ou, s avessas, aos desenhos renascentistas de Leonardo
da Vinci. Os desenhos de God so o que podemos chamar de verdadeiras autonomias.

Rodrigo God
Sem Ttulo [srie],
1999/2000

Pensar o objeto em uma condio processual dar a ele a possibilidade


da autonomia, como sugere o poema de William Carlos Williams:
O Carrinho de Mo Vermelho
tanta coisa depende
de um
carrinho de mo
vermelho
esmaltado de gua da
chuva
ao lado das galinhas
brancas
(traduo de Jos Paulo Paes)

Eduardo Frota

curadora adjunta

Juliana Monachesi

artistas

Ana Laet
Andr Santangelo
Bruno de Carvalho
Caetano Dias
Odires Mlszho

exposio

Curitiba PR
Museu de Arte da Universidade Federal do Paran

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Feridas no vo cicatrizar, sentencia Thom Yorke em Ok Computer,


terceiro de cinco discos do Radiohead, cujas msicas perturbadas de
letras sombrias arranham o real.1 A banda um dos muitos porta-vozes
de um discurso difuso na produo artstica contempornea, que est
ligado melancolia, perverso, ao estranho, e pode ser reconhecido
nos filmes de David Lynch e Michael Haneke ou nos livros de Paul Auster
e Ian McEwan. Tambm nas artes visuais, certa produo est voltada
para a evocao do real, entendido como traumtico. Todas essas vozes
entoam o discurso do choque.

morturias de sinistra beleza. Nessa srie, os rostos das mulheres ressurgem envelhecidos, submersos, sufocados e cegos. A beleza em
estado terminal destituda de olhar, ou tem seus olhos voltados para
o interior. Segundo Freud, no texto Das Unheimliche,2 em que analisa
o fenmeno do familiar reprimido que retorna, o medo de ferir ou
perder os olhos um dos mais recorrentes em crianas, conservado por
muitos adultos, e funciona como um substituto do temor de ser castrado. O autocegamento do criminoso mtico dipo, escreve Freud, era
uma atenuao do castigo da castrao. As figuras cegas de Mlszho
fazem o terror do real brilhar.

O termo ferida est na raiz etimolgica da palavra trauma, que


designa todo acontecimento na vida de um sujeito que, por uma incapacidade de assimilar e elaborar, no pode se inscrever no psiquismo.
O real, definido por Lacan na dcada de 1960 em termos de trauma,
se refere a essa sobra, quilo que foge ao domnio das palavras e de
qualquer outra forma de simbolizao. O real no pode ser representado,
ele pode apenas ser repetido, como nas obras de Andy Warhol, cujas
repeties de marilyns e cadeiras eltricas, mais do que reproduzir efeitos
traumticos, os produzem.
Trata-se da adoo preventiva da compulso repetio, ou seja, a
utilizao daquilo que choca como uma defesa contra esse choque,
na anlise de Hal Foster sobre o decano da arte pop. Caetano Dias,
Ana Laet e Odires Mlszho trabalham sempre com sries em que
procedimentos mecnicos se repetem gerando imagens pouco diferentes entre si. Nas obras de Andr Santangelo e Bruno de Carvalho,
a repetio reside no eterno looping de seus vdeos. Ao eleger como
assunto de suas obras elementos da ordem do perverso, do sinistro,
do grotesco e at do abjeto, esses artistas no visam a uma catarse,
de fato eles se inserem em um quadro de colapso da arte como
sublimao.

Andr Santangelo
Sobre os Olhos e as
Gotas, 2000/2002
instalao - aqurios,
peixes, cristal, sal grosso, TV e vdeo
dimenses variveis
Coleo do artista

Foto: Divulgao/Arquivo do artista

Caetano Dias
Todos os Santos de
Todos os Dias, 2001
fotografia digital
125 x 201 cm
Coleo do artista

Foto: Divulgao/Arquivo do artista

Bruno de Carvalho
Vis-ita, 2001/2002
videoinstalao
dimenses variveis
Coleo do artista

Caetano Dias um perversor de imagens. Ele as contrabandeia de


outra mdia, subverte sua funo e corrompe sua forma com o borramento de contornos e contextos anteriormente ntidos. Dias um
desvirtuador da internet, transformando fantasias impalpveis da rede
em concretas plotagens ao alcance das mos. Dias um depravador de smbolos, fazendo de imagens pornogrficas seus santinhos
eletrnicos. Suas obras transtornam o olhar porque tentam flagrar a
abjeo no ato, como faz o Piss Christ, de Andres Serrano. Claro que
no conseguem, porque o real impossvel de representar.
Na Antecmara da Mscara, de Odires Mlszho, imagens de uma
revista feminina da dcada de 1970 so transmutadas em mscaras

Foto: Divulgao/Paula Canella

Odires Mlszho
Antecmara da Mscara
VIII, 2001

Ana Laet
Voc o que Voc
Come, 2001/2002

O trabalho de Andr Santangelo presentifica o unheimlich freudiano,


porque seus singelos peixinhos coloridos em aqurios so o objeto
da infncia alienado do passado. Aqui, esses peixes tm sua morte
cronometrada a conta-gotas. Mas a morte nunca se realiza, porque
quando os aqurios esto quase vazios, eles so abastecidos com
gua novamente. Em paralelo, imagens urbanas repetitivas e familiares promovem um segundo alheamento. O real descortinado pelo
elemento estranho.
No caso dos trabalhos de Ana Laet e Bruno de Carvalho, a evocao
do real transfere-se do choque violao porque colocam em cena o
corpo e seus limites. A estranha ambio deste tipo de abordagem
gozar do trauma do sujeito, com o aparente clculo de que se o objeto
perdido no pode ser reclamado, ao menos a ferida que ele deixou para
trs pode ser esquadrinhada, escreve Foster a respeito da estratgia
da abjeo. O termo refere-se aos limites do corpo, distino espacial entre dentro e fora e passagem temporal do corpo materno lei
paternal, na definio de Jlia Kristeva. O abjeto algo cuja proximidade
excessiva provoca pnico.
Na videoinstalao Vis-ita, de Bruno de Carvalho, o espectador convidado a engatinhar por um tnel de tecido preto at desembocar na
tela que mostra uma endoscopia. estranha proximidade de entranhas
humanas, dada principalmente pela vivncia fsica do trabalho, soma-se
a captao do rosto do visitante e a sobreposio dessa imagem do
vdeo. Uma proximidade excessiva que pode produzir pnico.
Voc o que Voc Come, de Ana Laet, pe em display invlucros de
carne humana para consumo de massa. As imagens de fragmentos de
corpo so impressas em couro rstico em formato de capas de tinturaria,
dispostas em cabides. O canibalismo sugerido a atualizao de um
real grotesco. Segundo Foster, muitos artistas so impulsionados por
uma ambio de que suas obras provoquem efeito e, ao mesmo tempo,

161

162

sejam drenadas de efeito. Essa oscilao sugere a dinmica de choque


psquico desviado por um escudo protetor que Freud desenvolveu em sua
discusso da pulso de morte. A instalao de Laet se equilibra nessa
frgil dinmica entre vitalidade e niilismo.

ABERTURA E ECOS

Juliana Monachesi

curador adjunto

Cleomar Rocha

artistas

Arthur Leandro
Caetano Dias
Enrico Rocha
Luciano Mariussi
Marta Penner

Notas
1 O termo real utilizado neste texto fundamenta-se na teorizao do crtico de arte Hal
Foster em seu livro The Return of the Real. Cambridge: The MIT Press, 1996.
2 A verso utilizada neste texto de 1919 da traduo do ingls The Uncanny na Edio
Standard Brasileira, volume 17. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1969.

exposio

Campinas SP
Ita Cultural Campinas
Espao de Fotografia e Novas Mdias

163

164

A mostra apresenta trabalhos de cinco artistas que discutem seus universos poticos na dimenso da obra isolada, mas que em conjunto
possibilitam observar a abertura da obra no nvel estrutural para contemplao, explorao e interao e no plano semntico, mais caro ao
produto artstico.
Luciano Mariussi
Unfriendly, 2000
software
Execuo: Srgio Luiz
dos Santos
Coleo do artista

Nesse sentido, a exposio apresenta dois trabalhos para serem vistos,


um para ser explorado e dois para serem interagidos. Contudo, todos
eles ecoam ao tangenciarem o sensvel, provocando mesmo as tipologias
de abertura estrutural da obra, reivindicando, no plano semntico, a
abertura das significaes. Ali, sim, as obras se abrem para o dilogo com
o apreciador, construindo-se na execuo delas mesmas, vivas no embate
que faz, de determinados produtos, arte.
Desse modo, as imagens desfocadas do baiano Caetano Dias se abrem
para significaes diversas a partir da desconstruo da imagem
fotogrfica, no desfocamento da figura central, em uma espcie de
nvoa que transforma a nitidez pressentida pela observao na magia
da diversidade semntica, propondo um jogo de significados entre o
que se v e o que no se mostra. Os ttulos deslocam de vez o trabalho,
dando um tom crtico e de denncia, desvelando o ser cultural, social,
e despertando pensamentos nem sempre reservados s construes
onricas.
O cearense Enrico Rocha trilha caminhos similares, apresentando,
em sua srie de fotografias Insnia, no mais o desfocamento, mas
o deslocamento da imagem, fazendo a nitidez se perder, movimento
ampliado com o ttulo que sugere bem mais do que diz. Na noite perdida, em que o sono no se faz presente, um outro sono se constri,
alimentado de desejos, medos e sensaes. Seus monitores deslocados
so janelas que deslocam o observador, fazendo-o trilhar sua prpria
condio de insone. So mais que isso: tornam-se espelhos, multiplicando os sentidos trazidos pelo apreciador, construindo com este sua
prpria significao.
O amapaense Arthur Leandro nos apresenta a instalao videogrfica
Aqum do Eu Alm do Outro, que j pelo ttulo invoca a subjetividade.
Suas imagens, vistas pelo espelho dgua, teimam em no se mostrar,
duelando com a observao e a percepo. Nesse dilogo, as significaes afloram e se multiplicam, ora encontradas aqum do prprio eu
construdo pelo outro, ora escondidas alm do outro, construdo pelo
meu eu. E na fuga da imagem que a abertura significativa explora a
instalao, convocando no apenas o olhar do observador, mas tambm
seu corpo, convidado para a explorao espacial do trabalho.

Foto: Juninho Motta/Ita Cultural

Marta Penner
Lugares Prediletos/Paisagem do No-Evento,
2000/2001
Caetano Dias
Sobre a Virgem, 2001
fotografia digital [dptico]
125 x 210 cm
Coleo do artista

Partindo para a arte computacional, interativa, o paranaense Luciano


Mariussi mostra Unfriendly, um aplicativo de computador interativo
que nada permite, provocando o usurio; e esta provocao que d
significado ao processo de interao homem/mquina. Suas interfaces,
sem problemas informacionais ou de usabilidade, trazem como ponto
crucial sua utilidade, que faz pensar. O trabalho sensibiliza e questiona
a prpria interatividade maqunica, multiplicando a significao no pelo
seu carter interativo balizado pela hipertextualidade, mas pelo sensvel,
intangvel, artstico.
A brasiliense Marta Penner trabalha seu Paisagem do No-Evento de
forma instigante ao reverter a dinmica temporal da rede de computadores, baseada no tempo real, para o tempo psicolgico, apresentando
detalhes de paisagens de Braslia, relacionando-as ao olhar atento, contemplativo. A inverte-se tambm a condio interao/contemplao,
base para algumas tipologias de abertura da obra de arte. Mais uma vez,
aqui no se tem como primordial a abertura pela interao computacional
do website, mas pelo princpio artstico do olhar da artista, que explora
tempos e espaos que extrapolam a objetividade de uma significao
dada, fazendo-a ocorrer, de fato, no embate entre obra e apreciador, na
dinmica da fruio artstica.

Foto: Divulgao/Arquivo do artista

No conjunto de obras, as aberturas semnticas, que solicitam do apreciador uma complementao de sentido, tornam-se as vozes que ecoam e
permanecem, independentemente da abertura estrutural, tcnica.

Enrico Rocha
Insnia, 2001

Todos os trabalhos apresentados, eletrnicos e computacionais, tangenciam ou centralizam a questo da arte e tecnologia; sugerem, no conjunto,
uma leitura do desenvolvimento cronolgico das tcnicas de produo de
imagem que inscrevem o desenvolvimento tecnolgico da arte. Contudo,
faz-se mister descartar tal possibilidade, e mesmo question-la, uma vez
que a reunio das obras no eixo da expresso contempornea elege o
veio das significaes criadas na subjetividade do confronto obra/apreciador pela recepo da obra. A abertura aqui tida a partir do fenmeno perceptivo da obra. E essa abertura que possibilita o seu ecoar
nas muitas mentes que a encontram, e que com ela dialogam.

Cleomar Rocha
Arthur Leandro
Aqum do Eu - Alm do
Outro, 2000/2002
videoinstalao
220 x 300 x 300 cm
Coleo do artista

Foto: Divulgao/Arquivo do artista

165

166

ESTRANHAMENTO

Cobras cegas so notvagas.


O orangotango profundamente solitrio.
Macacos tambm preferem o isolamento.
Certas rvores s frutificam de 25 em 25 anos.
Andorinhas copulam no vo.
O mundo no o que pensamos.
Carlos Drummond de Andrade, Histria Natural

Com base na proposta dos curadores, adjuntos e coordenadores, do programa Rumos Ita Cultural Artes Visuais 2001/2003, procurei pensar
e reunir obras de arte visando propiciar ao espectador uma aproximao e
compreenso especficas da arte na contemporaneidade. Esta exposio,
tendo por ponto de partida a idia de estranhamento, apresenta-se como
um espao para a discusso e reflexo artsticas, lugar da tenso do
inusitado e da permanente ressignificao das coisas. Faz tambm uma
aposta no papel da arte como entendimento de nossa poca.

curador adjunto

Paulo Reis

artistas

Adriana Boff
Fabiana Wielewicki
Gabriele Gomes
Letcia Cardoso
Marcelo Cidade

exposies

Campinas SP
Ita Cultural Campinas
Espao de Fotografia e Novas Mdias
Curitiba PR
Museu de Arte Contempornea do Paran

Podemos afirmar que um dos propsitos, ou constituintes, da linguagem


artstica a possibilidade de fazer estranhar a ns mesmos e ao meio
em que vivemos micro e macrossociedades. Estranhar, numa acepo
ampla, experimentar o novo, o no-conhecido, e tambm no reconhecer o que nos familiar (O Estranho, Sigmund Freud), experimentando outros sentimentos quando se desconstri nossa lgica cotidiana.
construir outras relaes espao-temporais e ter conscincia da limitao
de nossos parmetros de entendimento e de nossa razo historicamente
construda. Mudar a perspectiva de nosso olhar, experimentar outros
pontos de vista na apreenso do mundo e, assim, compreender a densidade dos tecidos do real. E poder olhar a ns mesmos com novos e
distanciados olhos e, ao entender que o eu um outro (Rimbaud), observar-nos criticamente em nossa fragmentada condio contempornea.
Uma idia de estranhamento pode ser buscada no movimento artstico
do surrealismo. Em suas inquiries e vivncias de uma outra lgica,
apontava-se para uma idia do estranho. Sonhos, delrios, alucinaes,
vertigens e associaes desvelavam, para seus artistas, uma realidade
escondida, subterrnea mesmo, por dentro daquela outra em que se
vivia. O surrealismo arquiteta estranhamentos pela troca de lugares algo
como um guarda-chuva e uma mquina de costura numa mesa de dissecao (Lautramont) , frottages, mtodo paranico-crtico, colagens,
cadavre exquis, entre muitos outros. O crtico e poeta mexicano Octavio
Paz, no livro O Arco e a Lira, afirma que o surrealismo um movimento
pioneiro ao se debruar sobre o problema da inspirao. O fazer artstico

167

168

seria trazido para a regio do inteligvel, sensivelmente alargado, e no


mais para o domnio do gnio.

fronteiras entre natureza e sujeito; em Letcia Cardoso, realiza-se uma


cartografia do corpo e seus movimentos, reverberaes e humores; e, em
Marcelo Cidade, o corpo posicionado como medida instvel da paisagem em meio ao imenso rudo da cidade.

Ao se trazer, porm, a referncia dos conceitos surrealistas, no se quer,


como em sua prtica, descobrir o outro, a outra realidade, o outro
mundo, a outra racionalidade, mas a complexidade da trama de nossa
realidade no o outro, mas o mesmo.

Marcelo Cidade
Eu-Horizonte 6, 2000
fotografia
40 x 60 cm
Coleo do artista

Foto: Antonio Saggese/Ita Cultural

O artista Marcel Duchamp ser tambm uma referncia terica e


artstica, por suas operaes de deslocamento provocadas por seus
readymades. O conceito de estranhamento est ligado a uma idia de
troca de posies num campo semntico, pois aquilo que troca de lugar
ganha outro significado e perde seu sentido original. Um urinol (a obra
Fonte, de Marcel Duchamp), deslocado de seu lugar de sentido e uso,
ao entrar para um certame de arte, local do sistema e da validao
artsticos, por ele contaminado e se transforma em objeto de arte.
O fazer artstico substitudo pelo pensar, e a arte torna-se uma operao de linguagem. Essa discusso, amplificada, ser uma das grandes
contribuies da arte conceitual.
De um lado, pensa-se a atuao artstica como atividade de produo
de conhecimento e, de outro, deposita-se na mltipla equao do
estranhamento um dos princpios de pensamento sobre o fazer artstico.
A reunio dos artistas selecionados Adriana Boff, Fabiana Wielewicki,
Gabriele Gomes, Letcia Cardoso e Marcelo Cidade faz convergir, entre
questes muito prprias a cada corpo de obra, alguns pontos de leitura
que evocam o debate trazido por esta exposio.
As coordenadas com as quais percebemos a realidade e agenciamos
seus sentidos sero manipuladas distintamente pelos artistas. A idia
do tempo estar ligada brevidade do instantneo (Marcelo Cidade
e Gabriele Gomes), durao estendida (Adriana Boff), simultaneidade (Fabiana Wielewicki) e ao momento presente (Letcia Cardoso).
O espao engendrado estar circunscrito ao urbano (Marcelo Cidade
e Fabiana Wielewicki), interioridade do corpo (Letcia Cardoso), a
uma natureza recriada (Gabriele Gomes) e ao territrio do privado
(Adriana Boff).
Longe de esgotarem as discusses dos artistas, distintas percepes sero
assim propostas. No trabalho de Adriana Boff, um duplo do mundo
aparece habitado fantasmaticamente por objetos que registram seus
prprios olhares; em Fabiana Wielewicki, o absurdo rompe, por meio da
justaposio de temporalidades diversas, a organizao dos lugares; em
Gabriele Gomes, a marca de sua passagem se d no apagamento das

Ambos os olhares, do surrealismo e de Duchamp, so dois dos fundamentos da exposio Estranhamento, que, se a princpio, apresenta o
fazer artstico como uma inquietao e pesquisa de novos olhares, tambm afirma e reflete a relao, sempre renovada, entre arte e vida.

Paulo Reis
Adriana Boff
Imagem Aurora [srie
Obscuras Refrigeradas],
2000/2001

Fabiana Wielewicki
Sem Ttulo [srie
Paralaxe], 2000
fotomontagem
91 x 206 cm
Coleo da artista

Foto: Divulgao/Arquivo da artista

Gabriele Gomes
Travesseiro no Mar,
2001

Letcia Cardoso
Oua-Te, 2000
espelho e estetoscpio
50 x 300 cm
Coleo da artista

Foto: Divulgao/Fabiana Wielewicki

169

170

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3 Disponvel em portugus na coletnea de textos de A.


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173

174

NDICE ONOMSTICO

AFONSO, Albano (Albano Fernandes Afonso) 18, 56


ALBUES JNIOR, Jos Damasceno (ver DAMASCENO, Jos)
ALBUQUERQUE, Janaina Barros de (ver BARROS, Janaina)
ALMEIDA, Carla Piedade Linhares de (ver LINHARES, Carla)
ALMEIDA, Glaucis de Morais (ver MORAIS, Glaucis de)
ALVES, Genesco (Genesco Alves de Sousa) 30, 63, 112, 122,
125
ALVIM, Francisco (Francisco Soares Alvim Neto) 156
AMARAL, Tarsila do 15
ANDRADE, Carlos Drummond de 167
ANJOS, Moacir dos (Moacir Tavares Rodrigues dos Anjos Jnior)
7, 28, 100, 101, 107, 115, 121
AUAD, Tonico Lemos (Antonio Carlos Lemos Auad) 30, 98,
112, 122, 125
AUARIA, Waldo Alejandro Bravo (ver BRAVO, Waldo)
AUG, Marc 131
AUSTER, Paul 160
BARBOSA, Felipe (Felipe do Nascimento Barbosa) 30, 58, 94,
112, 122, 124, 133, 136, 155, 157
BARRETO, Jorge Menna (Jorge Mascarenhas Menna Barreto)
30, 73, 114, 127, 130, 133, 136
BARROS, Janaina (Janaina Barros de Albuquerque) 30, 67, 112,
122, 126, 143, 145
BATISTA, Cristvo Coutinho (ver COUTINHO, Cristvo)
BAUDELAIRE, Charles (Charles Pierre Baudelaire) 134
BAUDRILLARD, Jean 148
BENJAMIN, Walter 111, 113, 131, 134
BERGSON, Henri 145
BERNARDES, Pedro Moraleida (ver MORALEIDA, Pedro)
BINI, Fernando 22
BOFF, Adriana 30, 31, 110, 115, 119, 166, 168
BORGES, Rodrigo (Rodrigo Borges Coelho) 30, 91, 110, 139, 142
BORGES, Rodrigo Alves (ver GOD, Rodrigo)
BORTOLOZZO, Thiago (Thiago Bortolozzo da Silva) 30, 97, 112,
122, 126
BRANDO, Eduardo 18, 33, 50
BRANDER, Leya Mira 30, 77, 110, 143, 145
BRAVO, Waldo (Waldo Alejandro Bravo Auaria) 56
BRUGNERA, Luiz Carlos 30, 80, 110, 155, 157
BRUSCKY, Paulo (Paulo Roberto Barbosa Bruscky) 43
CALDAS, Waltercio (Waltercio Caldas Jnior) 69
CMARA, Frederico (Frederico Ozanam Agostino Cmara) 30,
59, 114, 127, 129, 143, 146
CAMPELLO, Clarissa (Clarissa Campello Ramos) 30, 46, 110,
115, 118
CAMPOS, Rafael (Rafael Campos Rocha) 99
CARDOSO, Letcia (Letcia de Brito Cardoso) 30, 76, 112, 122,
126, 166, 168, 169
CARMONA, Regina 56
CARNEIRO, Maril Dardot Magalhes (ver DARDOT, Maril)
CARVALHO, Bruno de (Bruno Pacheco de Carvalho) 30, 38,
110, 115, 120, 159, 160, 161

CASTANHO, Eduardo (Eduardo Amaral Castanho) 50


CASTELLS, Manuel 128
CASTRO, Jlio 15
CATUNDA, Leda (Leda Catunda Serra) 18
CELANT, Germano 125
CESAR, Marisa Flrido 7, 14, 100, 103, 107, 133, 138
CHAIMOVICH, Felipe 60, 71
CIDADE, Marcelo (Marcelo Cidade Teixeira Nunes) 30, 81, 110,
115, 118, 133, 136, 166, 168, 169
CINTO, Sandra (Sandra Regina Cinto) 18, 56
COCCHIARALE, Fernando (Fernando Frana Cocchiarale) 7, 15,
38, 100, 101, 106, 114
COELHO, Domitlia (Maria Domitlia Costa Coelho da Silva) 30,
50, 110, 115, 119
COELHO, Rodrigo Borges (ver BORGES, Rodrigo)
CORALLI, Suzi (Suzi Coralli Moreira) 38
CORRA, Paula Krause (ver KRAUSE, Paula)
COSTA, Enrico Rocha Barbosa (ver ROCHA, Enrico)
COUTINHO, Cristvo (Cristvo Coutinho Batista) 7, 16, 100,
102, 107, 147, 150
CRAGG, Tony 71
CUNHA, Marta Penner da (ver PENNER, Marta)
DA VINCI, Leonardo 92, 158
DAMASCENO, Jos (Jos Damasceno Albues Jnior) 20
DARDOT, Maril (Maril Dardot Magalhes Carneiro) 30, 44,
114, 127, 130, 143, 144
DELEUZE, Gilles 144
DERRIDA, Jacques 134
DESCARTES, Rene 109, 135
DIAS, Caetano (Alberto Caetano Dias Rodrigues) 30, 39, 110,
115, 120, 159, 160, 163, 164
DOMCIO, Jred (Jred Jos Barbosa Domcio) 30, 68, 112,
122, 126
DRENSKA, Krassimira 83
DUARTE, Jeims (Jeims Duarte dos Santos) 30, 70, 114, 127,
129
DUCASSE, Isidore-Lucien (ver LAUTRAMONT, Conde de)
DUCHA 30, 51, 112, 122, 125, 133, 137
DUCHAMP, Marcel 111, 128, 168, 169
DWEK, Zizette Lagnado (ver LAGNADO, Lisette)
EISENSTEIN, Sergei 110
ELIAS, Antnio (Antnio Carlos Elias) 35
ESPNDOLA, Humberto (Humberto Augusto Miranda Espndola) 24
FAJARDO, Carlos (Carlos Alberto Fajardo) 18
FARIA, Fabio (Fabio Thadeu de Faria) 30, 57, 110, 115, 119
FARIAS, Agnaldo (Agnaldo Aric Caldas Farias) 22, 60
FEIJ, Marcelo (Marcelo Feij Rocha Lima) 30, 82, 110, 115,
120, 139, 141
FELICIANO, Silvia (Silvia Maria Feliciano da Silva) 30, 95, 112,
122, 126
FICHER, Gabriela 30, 60, 110, 115, 119
FONSECA, Jorge (Jorge Luiz Fonseca) 30, 72, 114, 127, 132

175

176

FOSTER, Hal 160, 161


FOUCAULT, Michel 117, 140
FREIRE, Cristina (Maria Cristina Machado Freire) 7, 20, 100,
101, 107, 127, 132
FREUD, Sigmund 117, 152, 161, 162, 167
FROTA, Eduardo (Eduardo Elsio Frota) 7, 21, 22, 100, 102, 107,
155, 158
GALILEI, Galileu (ver GALILEU)
GALILEU (Galileu Galilei) 140
GARBELOTTI, Raquel (Raquel de Oliveira Pedro Garbelotti) 30,
90, 110, 155, 157
GEIGER, Anna Bella 38, 101
GOD, Rodrigo (Rodrigo Alves Borges) 30, 92, 110, 155, 158
GOMES, Rosngela Renn (ver RENN, Rosngela)
GOMES, Gabriele 30, 62, 110, 115, 120, 166, 168
GONPER, Fabiano (Fabiano Gonalves Pereira) 30, 55, 110, 115,
118
GRIFFITH, David Wark 110
HAACKE, Hans 125
HANEKE, Michael 160
JUDD, Donald 128
JUNG, Carl (Carl Gustav Jung) 152
KOSUTH, Joseph 130
KRAUSE, Paula (Paula Krause Corra) 30, 89, 112, 122, 125,
147, 149
KRISTEVA, Jlia 161
KUBRICK, Stanley 152, 153
KUNSCH, Graziela (Graziela Krohling Kunsch) 30, 65, 112, 122,
125, 133, 138, 143, 144
LACAN, Jacques 160
LAET, Ana (Ana Maria Andrade de Laet) 30, 34, 110, 115, 118,
159, 160, 161, 162
LAGNADO, Lisette (Zizette Lagnado Dwek) 102
LAUTRAMONT, Conde de (Isidore-Lucien Ducasse) 167
LEAL, Paulo Roberto 15
LEANDRO, Arthur (Arthur Leandro de Moraes Maroja) 30, 36,
110, 147, 150, 163, 164
LEO, Cludia (Ana Cludia do Amaral Leo) 30, 47, 110, 115, 117
LEITE, Martinho Patrcio (ver PATRCIO, Martinho)
LEVITAN, Lucas (Lucas Serrano Levitan) 30, 78, 112, 122, 124
LIMA, Marcelo Feij Rocha (ver FEIJ, Marcelo)
LINHARES, Carla (Carla Piedade Linhares de Almeida) 30, 41,
114, 133, 137, 139, 141
LOUREIRO, Joo (Joo Eduardo Loureiro) 30, 71, 110, 155, 157
LUKIANSKA, Dorota 75, 121
LYNCH, David 160
MACHADO, Caio (Caio Cesar Machado) 30, 40, 112, 122, 124,
125
MACHADO, Gabriela (Maria Gabriela de Mello Machado da
Silva) 30, 61, 110, 147, 149
MAGALHES, Gustavo (Gustavo de Oliveira Magalhes) 30,
66, 110, 115, 119, 147, 150

MALHADO, Maxim (Maxim Pereira Malhado) 30, 87, 112, 122, 126
MALRAUX, Andr 142
MALTA, Wagner (Wagner Malta Tavares) 99
MARCELLE, Cinthia (Cinthia Marcelle de Miranda Santos) 30,
44, 114, 127, 130, 143, 144
MARIUSSI, Luciano (Luciano Augusto Mariussi) 30, 79, 114, 127,
129, 163, 165
MAROJA, Arthur Leandro de Moraes (ver LEANDRO, Arthur)
MARQUES, Fabiano (Fabiano Neves Marques Pereira) 30, 56,
112, 122, 125
MARX, Karl 117
MAURO, Fra 140
McEWAN, Ian 160
MEIRELES, Cildo (Cildo Campos Meirelles) 113
MLO, Carlos (Jos Carlos de Mlo) 30, 43, 114, 127, 130
MERLEAU-PONTY, Maurice 130
MICOSKI, Jos Odires (ver MLSZHO, Odires)
MLSZHO, Odires (Jos Odires Micoski) 30, 88, 110, 159, 160, 161
MONACHESI, Juliana (Juliana Monachesi Ribeiro) 7, 16, 18,
100, 102, 107, 159, 162
MONTEIRO, Paulo (Paulo Bacellar Monteiro) 18
MORAES, Alexandre Vogler de (ver VOGLER, Alexandre)
MORAIS, Glaucis de (Glaucis de Morais Almeida) 30, 64, 112,
122, 124, 139, 141
MORALEIDA, Pedro (Pedro Moraleida Bernardes) 44
MORALES, Wagner (Wagner Perez Morales Jnior) 30, 99, 114,
127, 131
MOREIRA, Jailton (Jailton Marenco Moreira) 7, 23, 100, 101,
107, 122, 126
MOREIRA, Suzi Coralli (ver CORALLI, Suzi)
NANCY, Jean-Luc 138
NAVES, Rodrigo (Rodrigo Figueira Naves) 71, 102
NEVES, Marta (Marta Cristina Pereira Neves) 30, 84, 114, 127, 129
NINO, Maria do Carmo de Siqueira 7, 26, 100, 103, 107,
143, 146
NUNES, Marcelo Cidade Teixeira (ver CIDADE, Marcelo)
OITICICA, Hlio 112
PACKER, Amilcar (Amilcar Lucien Packer Yessouroun) 30, 33,
112, 122, 124, 125
PAES, Jos Paulo (Jos Paulo Paes da Silva) 158
PANCETTI, Jos (Giuseppe Gianinni Pancetti) 15
PANITZ, Marlia (Marlia Panitz Silveira) 7, 24, 100, 103, 107,
139, 142
PATRCIO, Martinho (Martinho Patrcio Leite) 30, 86, 114, 151, 153
PAZ, Octavio 167
PENNA, Daniella (Daniella Maria Penna Soares) 30, 48, 110, 147, 149
PENNER, Marta (Marta Penner da Cunha) 30, 85, 110, 127,
131, 163, 165
PEREIRA, Fabiano Gonalves (ver GONPER, Fabiano)
PEREIRA, Fabiano Neves Marques (ver MARQUES, Fabiano)
PIMENTA, Beatriz (Beatriz Pimenta Velloso) 30, 37, 110, 115,
118, 151, 153

PINHEIRO, Roosivelt (Roosivelt Max Sampaio Pinheiro) 30, 93,


114, 127, 131
PINI, Ana Maria da Silva Arajo Tavares (ver TAVARES, Ana Maria)
PLATO 134
QUEIROZ, Elisa (Maria Elisa Moreira Queiroz) 30, 52, 110, 151, 153
RAMO, Sara 44
RAMOS, Clarissa Campello (ver CAMPELLO, Clarissa)
RAMOS, Nuno (Nuno lvares Pessoa de Almeida Ramos) 18
REDONDO, Larcio 30, 75, 110, 115, 121
REIS, Paulo (Paulo Roberto de Oliveira Reis) 7, 21, 100, 103,
107, 166, 169
RENN, Rosngela (Rosngela Renn Gomes) 20
RIBEIRO, Juliana Monachesi (ver MONACHESI, Juliana)
RICALDE, Rosana (Rosana Ricalde da Silva) 30, 58, 94, 114,
127, 132, 133, 136, 151, 153
RIMBAUD, Arthur (Jean-Nicolas-Arthur Rimbaud) 167
ROCHA, Cleomar (Cleomar de Sousa Rocha) 7, 10, 100, 102,
107, 163, 165
ROCHA, Enrico (Enrico Rocha Barbosa Costa) 30, 53, 110, 151,
153, 163, 164
RODRIGUES, Alberto Caetano Dias (ver DIAS, Caetano)
RODRIGUES, Jlio 38
ROMAGNOLO, Srgio 18
ROSA, Dudi Maia (Rafael Maia Rosa) 56
ROSA, Joo Guimares 126, 137
SANTANGELO, Andr (Andr Luiz Santangelo Vianna) 30, 35,
114, 127, 130, 159, 160, 161
SANTOS, Cinthia Marcelle de Miranda (ver MARCELLE, Cinthia)
SANTOS, Jeims Duarte dos (ver DUARTE, Jeims)
SAUSSURE, Ferdinand de 117
SCHIELE, Egon 70
SCHMIDT, Paulo 7, 12, 100, 104, 107, 151, 154
SCHNITZLER, Arthur 152
SERRA, Leda Catunda (ver CATUNDA, Leda)
SERRANO, Andres 160
SEVERO, Andr (Andr Schulz Severo) 149
SILVA, Jos Antnio da 20
SILVA, Jos Paulo Paes da (ver PAES, Jos Paulo)
SILVA, Maria Domitlia Costa Coelho da (ver COELHO, Domitlia)
SILVA, Maria Gabriela de Mello Machado da (ver MACHADO,
Gabriela)
SILVA, Rosana Ricalde da (ver RICALDE, Rosana)
SILVA, Silvia Maria Feliciano da (ver FELICIANO, Silvia)
SILVA, Thiago Bortolozzo da (ver BORTOLOZZO, Thiago)
SILVEIRA, Marlia Panitz (ver PANITZ, Marlia)
SIMES, Mrio (Mrio Lus Simes Filho) 30, 83, 110, 115, 118
SIZA, Alvaro 22
SMITHSON, Robert 137
SOARES, Daniella Maria Penna (ver PENNA, Daniella)
SOBRAL, Divino (Divino Sobral de Sousa) 30, 49, 110, 127, 132
SOUSA, Divino Sobral de (ver SOBRAL, Divino)
SOUSA, Genesco Alves de (ver ALVES, Genesco)

SOUZA, Eneida Maria de 104


STEIN, Juliana (Juliana Scot Stein) 30, 74, 110, 115, 120
STURNER-ALEX, Erica 83
SZEEMANN, Harald 123
TAVARES, Ana Maria (Ana Maria da Silva Arajo Tavares Pini) 20
TAVARES, Wagner Malta (ver MALTA, Wagner)
TESSLER, Elida 101
TOLEDO, Jeanine (Jeanine Lima Toledo) 30, 69, 114, 127, 129
VARELLA, Adriana (Adriana Canlizzi de Queiroz Varella) 38
VELLOSO, Beatriz Pimenta (ver PIMENTA, Beatriz)
VERNE, Jules 158
VIANNA, Andr Luiz Santangelo (ver SANTANGELO, Andr)
VOGLER, Alexandre (Alexandre Vogler de Moraes) 30, 32, 114,
127, 132, 133, 137
WALDRAFF, Tti (Teresa Dorotea Waldraff) 30, 96, 112, 122, 125
WARHOL, Andy (Andrew Warhol) 160
WHERLI, Penelope 43
WIELEWICKI, Fabiana (Fabiana Feronha Wielewicki) 30, 54,
110, 139, 141, 166, 168
WILLIAMS, William Carlos 158
WIRZ, Davi 83
YESSOUROUN, Amilcar Lucien Packer (ver PACKER, Amilcar)
YORKE, Thom 160
ZACCAGNINI, Carla 30, 42, 114, 127, 130

177

179
179

178

Presidente de Honra
Olavo Egydio Setubal

Centro de Documentao e Referncia


Selma Cristina da Silva

Presidente
Mil Villela

Itaulab
Marcos Cuzziol

Vice-Presidentes Seniores
Joaquim Falco
Jorge da Cunha Lima

Ita Numismtica Museu Herculano Pires


Helosa Arrobas Martins

Mapeamento Nacional da Produo Emergente 2001/2003

Vice-Presidentes Executivos
Alfredo Egydio Setubal
Ronaldo Bianchi
Diretores Executivos
Antonio Carlos Barbosa de Oliveira
Antonio Jacinto Matias
Cludio Salvador Lembo
Mal Pereira de Almeida
Renato Roberto Cuoco
Superintendente Administrativo
Walter Feltran
Superintendente de Atividades Culturais
Eduardo Saron
Superintendente de Pesquisas e Projetos
Jos Roberto Sadek

Ncleo Administrativo
Christiano Neves
Ncleo de Ao Educativa
Renata Bittencourt
Ncleo de Artes Cnicas
Sonia Sobral
Ncleo de Artes Visuais
Marcelo Monzani
Ncleo de Cinema e Vdeo
Roberto Moreira S. Cruz
Ncleo de Comunicao
Eduardo Saron
Ncleo de Literatura
Lus Camargo
Ncleo de Msica
Edson Natale

Controle Interno e Compliance


Antonio Osrio Toledo Fernandes

Ncleo de Produtos Culturais


Ana Regina Carrara

Ncleo de Artes Visuais


Coordenao
Marcelo Monzani
Produo
Carmen Fajardo
Olga Mitiko Yamashiro
Valria Dias Barzaghi Toloi
Karen Cristina de Freitas Garcia
Equipe Curatorial
Coordenao
Fernando Cocchiarale
Curadores-Coordenadores
Cristina Freire
Jailton Moreira
Moacir dos Anjos
Curadores Adjuntos
Cleomar Rocha
Cristvo Coutinho
Eduardo Frota
Juliana Monachesi
Maria do Carmo de Siqueira Nino
Marlia Panitz
Marisa Flrido Cesar
Paulo Reis
Paulo Schmidt
Edio e Preparao de Originais
Letra-Guia Ltda.
Rosalina Gouveia
Alexandra Bertola

Ncleo de Relaes Institucionais


Eduardo Saron
Ncleo de Tecnologia
Roberto Sanches Padula
Ncleo do Site
Jos Roberto Sadek
Ncleo Operacional
Vlamir Saturni

Ncleo de Comunicao
Coordenao
Eduardo Saron
Produo Executiva
Janaina Chaves
Edio e Reviso de Textos
Celina Oshiro
Marco Aurlio Fiochi
Design e Produo Grfica
Roberto Carneiro
Sheila Ferreira
Yoshiharu Arakaki
Assessoria de Imprensa
Babi Borghese
Assessoria de Imprensa Rumos Artes Visuais
Texto Intermdia
Estagirios
Carlos Geraldo Temteo Pereira
Maurcio Aoad Gimenez

Centro de Documentao e Referncia


Coordenao
Selma Cristina Silva
Normalizao Bibliogrfica e ndice Onomstico
Josiane Aparecida Mozer
Banco de Imagens
Humberto Pimentel
Digitalizao e Tratamento de Imagens
Jonatas Almeida
Ncleo Operacional
Coordenao
Vlamir Saturni
Superviso de Montagem de Exposies
Henrique Idoeta Soares
Produo de Montagem
Edvaldo Incio da Silva
Jos Camilo da Silva
Apoio ao recebimento de portflios
Casa de Cultura Ivan Morrocos - Secretaria de Estado de Esportes,
Cultura e Lazer RO
Centro Amapaense de Atividades Culturais - Secretaria de Educao do
Estado do Amap AP
Centro Cultural So Francisco PB
Centro de Artes Visuais Raimundo Cela - Palcio da Abolio CE
Centro de Cultura e Arte - Universidade Federal de Sergipe SE
Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho MA
Fundao Cultural Capitania das Artes RN
Fundao Cultural de Curitiba PR
Fundao Cultural Monsenhor Chaves PI
Fundao de Cultura e Comunicao Elias Mansur AC
Fundao Jaime Cmara GO
Fundao Joaquim Nabuco PE
Galeria de Arte do Centro de Artes da Universidade Federal do Esprito
Santo ES
Museu de Arte Contempornea MS
Museu de Arte de Belm PA
Museu de Arte de Santa Catarina SC
Museu de Arte do Rio Grande do Sul RS
Museu de Arte e Cultura Popular MT
Museu de Arte Moderna da Bahia BA
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro RJ
Museu do Homem do Norte AM
Secretaria de Cultura de Palmas TO
Secretaria de Educao, Cultura e Desporto de Roraima RR
Secretaria Municipal de Educao de Macei AL
Agradecimentos
A equipe curatorial, artistas e instituies culturais que colaboraram
com o programa.

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Mapeamento nacional da produo emergente : Rumos Ita Cultural Artes Visuais 2001/2003 /
Coordenao Fernando Cocchiarale, Cristina Freire, Jailton Moreira, Moacir dos Anjos -So Paulo : Ita Cultural, 2002.
180 p. : fotos color.
ndice Onomstico
Biografias
ISBN n 85.85291-35-4
1. Artes visuais 2. Arte contempornea 3. Brasil 4. Artistas Brasileiros 5. Biografia
CDD 709.049

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