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FACULDADE DE ADMINISTRAO CINCIAS EDUCAO E

LETRAS FACEL
PSICOLOGIA

PSICOLOGIA SOCIAL E POLTICAS PBLICAS: Os processos


de reinsero social dos usurios de crack em situao de rua

Ivan Boeno de Camargo Junior

Curitiba PR
2015

Ivan Boeno de Camargo Junior

PSICOLOGIA SOCIAL E POLTICAS PBLICAS: Os processos


de reinsero social dos usurios de crack em situao de rua

Pr-projeto de Trabalho de Concluso de Curso apresentado na


Faculdade de Administrao Cincias Educao e Letras FACEL
como requisito bsico para a concluso do Curso de Psicologia.
Orientador (a): Silvia Brandt

Curitiba PR
2015

SUMRIO
INTRODUO.............................................................................................4
1.......................... O CAPITALISMO E O SURGIMENTO DA PSICOLOGIA
8
1.1.......Histria da Psicologia Social no Brasil: de um fazer excludente a
uma prtica transformadora............................................................................10

INTRODUO
O presente projeto resultado de uma inquietao do pesquisador frente a
crescente discusso sobre polticas pblicas para o tratamento de lcool e outras
drogas, que ganharam ainda mais destaque com a implantao do programa Crack
possvel vencer, (GOVERNO FEDERAL, 2013) implantado em dezembro de 2011
e que de acordo com balano do programa j tem adeso de todos os estados e de
118 municpios at 2013.
O programa gerou grande polmica e foi alvo de muitas crticas ao aplicar a
medida de internao compulsria em regies conhecidas como cracolndia, em
So Paulo no ano de 2012. O artigo da Terapeuta Ocupacional e militante poltica,
Camila Viviane Lui de Souza (2014, p.1), tenciona crticas sobre o programa, e de
acordo com a terapeuta o mesmo se prope a trabalhar com seguintes eixos:
Preveno, Cuidado e Autoridade, mas infelizmente, s o ltimo eixo parece ser
colocado em prtica. Diante de tais crticas, o objetivo da presente pesquisa
inicialmente era conhecer o programa e compreender as suas especificidades para
ento validar ou no as hipteses sobre o mesmo. A anlise do assunto, no entanto,
levou um processo de reelaborao e aprofundamento da problemtica.
Entendendo que a subjetividade do homem se objetiva nas relaes com os
signos externos, e que estes so conceituados a partir das ideologias que circundam
a sociedade a partir de materialidades realizadas em nvel gerencial maior. Percebese como necessrio conhecer se e de que formas a Psicologia tem influenciado na
elaborao e gesto das polticas pblicas, para que, contrariando as crticas citadas
acima, os eixos de preveno e cuidado sejam de fato operacionalizados, garantindo
a humanizao e reinsero do usurio de crack.
Somadas s questes da relao entre a Psicologia poltica e as polticas
pblicas, outra problemtica relacionada s drogas destacada: o alto ndice de
usurios de crack em situao de rua. De acordo com Ribeiro & Laranjeira (2012,
p.39) o usurio de crack apresenta um mais grave padro de consumo, maior
envolvimento em atividades ilegais e prostituio, maior risco dos efeitos adversos e
maior chance de morar ou ter morado na rua.
A pesquisa de Bastos & Bertoni (2014, p. 50) indica que os usurios de crack
e/ou similares so, majoritariamente, adultos jovens com idade mdia de 30,28
anos. Embora a maior parcela da populao usuria de crack seja adulta,

importante tambm compreender que crianas e adolescentes em situao de rua


que fazem uso e abuso de drogas tem suas condies ainda mais agravadas devido
ao efeito do crack que dificulta, a curto e longo prazo, o estabelecimento das
relaes sociais, implicando no processo de socializao.
O presente projeto possui ento uma importncia social, pois, a anlise da
influncia da Psicologia nas polticas pblicas essencial para a construo de
diretrizes gerais para as prticas psicolgicas na sociedade, alm de proporcionar
possveis estratgias de operacionalizar propostas e polticas que j esto em vigor,
porm que ainda no so eficazes. Em termos administrativos Megginson (1998, p.
11) define eficcia como:
A capacidade de fazer1 as coisas certas ou de conseguir resultados.
Isto inclui a escolha dos objetivos mais adequados e os melhores meios de
alcan-los. Isto , administradores eficazes selecionam as coisas certas
para fazer e os mtodos certos para alcan-las.

Desse modo, as polticas para usurios de crack e outras drogas existem e so


teoricamente muito bem construdas (so eficientes), mas acabam no sendo
apropriadas pela populao que delas se beneficiam.
Enquanto pesquisador e sujeito que me deparo no cotidiano [in]comum (Santa
Morte, 2015) com indivduos que vivem em situao de rua, e que por vezes, pedem
alguns minutos de ateno seja para pedir algumas moedas, pedir um prato de
comida, ou simplesmente ser ouvido. quando se caminha longas distncias nas
principais ruas da cidade - e se deparando de esquina a esquina com pessoas
alojadas em marquises, embrulhadas em papelo, dividindo o que conseguiu do
almoo, guardando os pertences nas tampas de registro de gua, vivendo um dia
aps o outro para subsistir, e ainda, muitas vezes tudo isso ainda somado
dependncias - que se pode ter o mnimo de sensibilidade e se perguntar, ser
mesmo que eles vivem assim por que querem?
Para a justificativa acadmica, destaca-se a importncia desta e de outras
pesquisas sobre o crack e seus efeitos sobre a sociedade, pois o uso e abuso desta
substncia promovem transformaes dialticas entre sujeitos e polticas de sade
sobre o crack e seus efeitos sobre a sociedade de uma forma ampla desde aspectos
de sade at segurana pblica, habitao, educao, assistncia social, entre
outros.
1

(Sem grifo no original)

O conceito de dialtica ser o plano terico que ser utilizado para fundamentar
o atual projeto. O terico que estruturou a Psicologia Scio-Histrica, Lev
Semyonovich Vygotsky (2007, p. 62), admite que a influncia da natureza sobre o
homem, afirma que o homem, por sua vez, age sobre a natureza e cria, atravs das
mudanas provocadas por ele na natureza, novas condies naturais para sua
existncia, ou seja, o indivduo e a sociedade no so compreendidos de forma
isolada, mas sob uma tica interacionista e dinmica (dialtica).
Os princpios da Psicologia social que so caracterizados pelo compromisso
social, um trabalho transformador e emancipador, sero norteadores para a
compreenso do processo de reinsero social do usurio de crack. O conceito de
Paulo Freire (1987, p. 38) de emancipao que a libertao autntica, que a
humanizao em processo, no uma coisa que se deposita nos homens [...]
prxis, que implica na ao e reflexo, ou seja, a Psicologia social no compreende
o indivduo de forma cristalizada ou ainda passiva, Para ela o sujeito tem um papel
ativo em seu contexto em um processo dialtico em que o indivduo e o ambiente se
modificam mutuamente.
Diante dos atuais desafios para o governo e ainda do paradigma de uma
Psicologia Social baseada no mtodo materialista histrico dialtico, possvel
questionar: como a Psicologia pode intervir nas polticas pblicas para o processo de
reinsero social do usurio de crack em situao de rua?
O objetivo principal deste trabalho analisar a influncia da Psicologia na
formulao de polticas pblicas, no que diz respeito aos processos de reinsero
social do usurio de crack em situao de rua quando submetidos s polticas de
assistncia social e sade.
Como objetivos especficos pode-se apontar: a) analisar como o psiclogo
participa da formulao das polticas pblicas e se o mesmo possu poder
deliberativo nesse processo; b) compreender as suas funes especficas nas
polticas de sade e assistncia social. c) levantar informaes atravs de
referncias bibliogrficas sobre a reinsero social do usurio de crack em situao
de rua, e quais so as alternativas de trabalho que podem possibilitar a reinsero
social ; d) verificar qual o papel do psiclogo no programa crack possvel vencer
e de que forma este programa atua para que as polticas para o crack sejam
eficazes, e se ele de fato eficaz.

Como metodologia do presente estudo, que de base exploratria, utilizar-se-


a anlise qualitativa, a partir da coleta de dados em base miditica, ou seja,
reportagens, grficos, mapas e descries disponveis em bancos de dados
eletrnicos do programa crack possvel vencer. Como procedimento foi realizado
levantamento bibliogrfico acerca do marco terico, psiquiatria, cincias sociais e
direito.
Para tanto, o presente estudo se organiza da seguinte maneira: No Captulo
01. O Capitalismo e o surgimento da Psicologia buscou-se fazer um resgate da
histria da Psicologia enquanto cincia, bem como destacar os ideais iluministas
burgueses que a mesma se apropriou. Demonstrando assim que a Psicologia s foi
necessria por uma condio histrica, e que de alguma forma contribuiu para a
excluso, e como posteriormente a mesma passou por uma transformao
paradigmtica e finalmente assume um papel construtivo nas polticas pblicas e
volta-se s parcelas esquecidas da sociedade.
O Captulo 2. Polticas pblicas e o processo de reinsero social.
O Captulo 03. A participao social da psicologia na formulao de polticas
pblicas.
Captulo 04: discusso. Onde foi realizada uma anlise dos processos de
reinsero social do usurio de crack a partir dos materiais encontrados, que foram
confrontados com o marco terico da psicologia...
Captulo 05: Consideraes finais

1. O CAPITALISMO E O SURGIMENTO DA PSICOLOGIA


A ascenso do capitalismo bem como as revolues burguesas na Europa
foram fatores que estiveram atrelados consolidao da Psicologia como cincia.
De acordo com Bock (2001, p.15), entre os principais ideais que permeavam o
pensamento cientfico-filosfico no sculo XIX, destacavam-se a nfase na razo
humana, na liberdade do homem, na possibilidade de transformao do mundo real
e nfase no prprio homem. O Capitalismo apropria-se desses discursos filosficos,
assim como a Psicologia, e legitima-se medida que a sociedade passa a reproduzir
tal discurso. Para que o mesmo se consolidasse, foram necessrios no s que os
modos de produo se aprimorassem, mas tambm que outras revolues de
conceitos religiosos at os cientficos ocorressem, criando assim um contexto
poltico, econmico, filosfico, religioso, cultural e cientfico favorvel para que o
capitalismo firmasse colunas e expandisse os seus territrios.
importante ressaltar que o mundo, como naturalizado pela sociedade
contempornea, s foi possvel atravs das revolues mencionadas. Corroborando
com esse o raciocnio, Hobsbawm (2010, p.) enfatiza que esta revoluo
transformou, e continua a transformar, o mundo inteiro". A Revoluo Industrial,
conforme indica Hobsbawm (2010, p.) foi o triunfo no da indstria como tal, mas da
indstria capitalista; no da liberdade e da igualdade em geral, mas da classe mdia
ou da sociedade burguesa liberal. Os ideais de igualdade, liberdade e fraternidade,
da Revoluo Francesa trazem consigo uma pergunta que acaba sendo inevitvel
de fazer: igualdade, liberdade e fraternidade para quem? Essa pergunta tambm
pode ser feita se trocarmos esses sufixos por Psicologia.
Conforme

exposto

acima,

cincia

tambm

passou

por

diversas

transformaes, rompendo com o paradigma teocntrico da idade mdia, e voltandose para o homem e o ambiente. Hobsbawm (2010, p.) enfatiza que em 1789:
As hipteses gerais sobre o mundo e o homem estavam marcadas
por um penetrante individualismo, que se devia mais introspeco dos
indivduos da classe mdia ou observao de seu comportamento do que
aos princpios a priori nos quais declarava estar fundamentada, e que se
expressava em uma psicologia (embora a palavra ainda no existisse em
1789).

As cincias conquistaram espao na era moderna, dentre elas a Psicologia que


passou a servir e atender demanda de uma classe burguesa. Seu sujeito de

estudo e suas origens epistemolgicas so produtos de concepes capitalistas. De


acordo com Bock (2001, p.19) a histria do capitalismo carrega a ideia de um
mundo interno aos sujeitos, da existncia de componentes individuais, singulares,
pessoais, privados, toma fora permitindo que se desenvolva um sentimento de eu.
Os discursos liberais se utilizam o saber Psicolgico para explicar as injustias
sociais, justificando que os homens, sujeitos singulares, podem ascender na
sociedade conforme se aproveitam do que recebem de forma igualitria da
sociedade (Revoluo Francesa). Newton Duarte (2004, p.127) destaca que a
Psicologia burguesa possui um carter aistrico, estabelecendo estgios de
desenvolvimento que independem do contexto social/cultural e, alm disso,
psicologiza as diferenas de classe pela ideologia do talento e da naturalizao da
hierarquia social.
Com uma base filosfica racionalista e dualista, esse homem livre e racional foi
dividido e estudado em um modelo mecanicista, em que o mesmo visto como um
relgio. A mente e tambm o meio que esse homem vive so dissecados, desse
modo, construindo assim campos fragmentados de estudo: As Cincias Humanas e
as Naturais. importante ressaltar que esses pressupostos no s influenciam a
cincia, mas todo um modelo de sociedade, o trabalho, por exemplo, sofre as
consequncias dessa diviso fsico-psicolgica, ao passo que os trabalhos manuais
vo se distinguindo dos trabalhos intelectuais, segundo Marx, fator que contribui
para alienao do sujeito no processo produtivo, sua crtica alienao advinda do
capitalismo expressiva em O Capital (1996, p. 274), nele Marx enfatiza que todos
os meios para o desenvolvimento da produo se convertem em meios de
dominao e explorao do produtor, mutilam o trabalhador, transformando-o num
ser parcial, degradam-no, tornando-o um apndice da mquina. Essa crtica viso
mecanicista e fragmentada e dicotmica de homem s seria superada na Psicologia
a partir de um paradigma mais interacionista, com uma Psicologia de base Marxista.
Em oposio a essa Psicologia burguesa e aistrica Vygotsky desenvolveu na
Rssia uma teoria que buscava resgatar a historicidade do sujeito, superando vises
dicotmicas de homem e compreendendo que este constitudo na relao com o
mundo, condio em que ambos se modificam mutuamente.
Para destacar a importncia da historicidade foi resgatada a necessidade da
Psicologia para uma sociedade capitalista, ou seja, uma cincia e suas formulaes
tericas esto sempre em uma relao dialtica com a realidade material de uma

sociedade. Do mesmo modo, isso acorreu na Unio Sovitica com Vygotsky, de


acordo com Cole & Scribner (2007, p.)
A
teoria
psicolgica
no
poderia
ser
elaborada
independentemente das demandas prticas exigidas pelo governo,
e o amplo espectro da obra de Vygotsky mostra, claramente, a sua
preocupao em produzir uma psicologia que tivesse relevncia
para a educao e para a prtica mdica.

Portanto Vygotsky e com teoria Scio-Histrica procurou responder s


questes que o seu pas necessitava, e baseou-se na metodologia e prtica marxista
que foi apropriada pela toda sociedade sovitica, principalmente na esfera polticoeconmica. Um dos principais aspectos pesquisados por Vygotsky foram questes
relacionada aprendizagem, sobre isso Lucci (2006, p. 2,3.) enfatiza que no pas
um dos mais srios problemas a enfrentar era o da educao. Consta que por
aquela poca o ndice de analfabetismo girava em torno de 70%.
sob a base do materialismo histrico dialtico Vygotsky desenvolve uma
teoria interacionista e segundo Bonin (1996 Apud Lucci, 2006, p. 4) uma nova teoria
que abarcasse uma concepo de desenvolvimento cultural do ser humano por meio
do uso de instrumentos, em especial a linguagem, tida como instrumento do
pensamento.
1.1 Histria da Psicologia Social no Brasil: de um fazer excludente a uma
prtica transformadora
*Marco terico, onde se operacionaliza os conceitos de Psicologia,
como dialtica, signos, linguagem e pensamento, participao social,
etc.
*Falar mais sobre a Psicologia Social bem como aprofundamento
em materialismo histrico dialtico, Vygotsky, etc..
O contexto histrico da construo da Psicologia como profisso no Brasil,
assim como na gnese da mesma, marcado por um saber elitista, segregacionista
e sem compromisso social e comunitrio. A Psicologia como um campo do saber
sobre o indivduo e a subjetividade se limitava a criar mtodos para investigar e
resolver mazelas acerca desse ser, dentre estes, no Brasil destacam-se os testes
psicolgicos. De acordo com Bock (2011, p.1):

A modernidade est diretamente relacionada tecnologia: ao saber


fazer com a ajuda de uma tcnica ou aparelho. A Psicologia se apresenta
com seus instrumentos tcnicos: os testes psicolgicos. Se dispe a ajudar
na categorizao, discriminao, diferenciao dos sujeitos para que
pudssemos (baseados na cincia e a tcnica) produzirmos processos
sociais mais eficientes. O Homem certo para o lugar certo era a resposta
que oferecamos elite brasileira.

Apesar de regularizada em 1962, a prpria Psicologia passou por processos de


redefinies ideolgicas, Bock afirma que (Ibid., p. 2) no tnhamos a corporao
para dar forma profisso; no tnhamos o discurso ideolgico que caracteriza uma
profisso; no tnhamos modelos nem lastro. As condies ideolgicas para as
prticas no eram coerentes com as demandas e o contexto scio-histrico da
populao brasileira, que em sua maioria carecia de polticas de assistncia e
compromisso social.
O cenrio da profisso foi se transformando na medida em que a Psicologia
passa por uma transformao terica e prtica. De acordo com o Conselho Federal
de Psicologia (CFP. 2011, p. 14):
A Psicologia brasileira passou a criticar suas referncias tericas e
prticas na medida em que profissionais, professores, pesquisadores e
estudantes passaram a responder s demandas dos diversos segmentos da
sociedade com os quais trabalhavam. Buscam compreender, no cenrio
estrutural da desigualdade socioeconmica, a fala dos sujeitos imersos em
prticas e discursos institudos que legitimavam a segregao e a excluso.
So gestadas, nessas condies, prticas que procuram atender s
demandas da maioria da populao, at ento alijada do acesso ao trabalho
do psiclogo, como a Psicologia comunitria e jurdica, entre outras
prticas.

A partir dessa mudana paradigmtica, de uma prtica social e historicamente


contextualizada, a Psicologia encontra um papel construtivo nas polticas pblicas.
No entanto, deve-se observar em que tica atuar, pois para Bock (2011, p.6),
polticas pblicas no so polticas para pobres. Polticas Pblicas so polticas
para todos, portanto devemos construir uma cincia que promova os direitos
humanos para todos, atentando para as populaes que nunca tiveram servios de
Psicologia ao seu alcance.

A Psicologia Social foi desenvolvendo-se a partir de diversos acontecimentos


que ocorreram no mundo todo. A Psicologia social latino americana possui
caractersticas diferenciadas da norte americana, em decorrncia do contexto scio
estrutural que se encontrou no momento de sua insero. Sobre as prticas
comunitrias, Quintal Freitas (2012, p. 375) indica que:
Todas eram prticas orientadas por um tipo de Psicologia Social,
Nacional e Latino-Americana, que buscava conhecer a realidade concreta
das pessoas; eram trabalhos que explicitavam algum tipo de compromisso
poltico em favor dos setores populares; defendiam uma ligao necessria
com outras reas do conhecimento; e criticavam as teorias psicolgicas que
fossem ahistricas e reducionistas e que, infelizmente, predominavam na
formao dos futuros psiclogos.

A aproximao do psiclogo com as realidades cotidianas das comunidades


possibilitou que os objetivos fossem alcanados com exito, que o mesmo
compreendesse que a prtica social no fundamentada em roteiros prestabelecidos, mas sim em trabalhos contextualizados, voltados s demandas da
sociedade e das condies existenciais dos indivduos nela vivem e nela sofrem.

2. POLTICAS PBLICAS E O PROCESSO DE REINSERO SOCIAL


A reinsero social s mencionada, quando de alguma forma existe seus
outros extremos: a excluso, isolamento e alienao em relao sociedade.
Corroborando com Ganev & Lima (2011) a reinsero social pode ser definida como
o processo de integrao ou reintegrao de um indivduo ou grupo que no
participa (ou nunca exerceu) do convvio social e no exerce sua cidadania, atravs
do trabalho, convvio familiar, escolar, etc.
Os indivduos que vivem em situao de rua, como que com um grito de
protesto e resistncia Gentrificao Urbana, conceito estudado e desenvolvido
como fenmeno por Neil Smith, um gegrafo crtico que constri suas teorias sob
uma perspectiva marxista. (MENCIONAR: As faces (in)visveis da regenerao
urbana: rua Riachuelo e a produo de um cenrio gentrificado)
*Declarao universal dos direitos humanos
Usar: Conselho Federal de Psicologia. Drogas, Direitos Humanos e Lao
Social. - Braslia: CFP, 2013.

2.1 Polticas de assistncia social


2.2 O Estado, setor privado e o terceiro setor
2.2.1 A poltica pblica e o consumo de crack
As polticas pblicas para drogas um eixo, no menos importante, das
necessidades no pas qu ando se fala em excluso social, que tambm ocorre em
um processo cclico e estrutural com diversas outras parcelas da populao que
ainda sofrem com o problema da excluso, como por exemplo: as pessoas com
necessidades especiais, a populao negra, a populao LGBTT, as pessoas com
transtorno psiquitrico, a periferia, entre outras.
A incluso um momento histrico que temos presenciado, pois ao
analisarmos as culturas da antiguidade, idade mdia e modernidade, percebemos
uma excluso e elitizao sem questionamentos ticos e morais sobre tais atos. O
direito cidadania garantido pela Constiuio Federal Brasileira2, no entanto,
observa-se pessoas morando nas ruas, nos centros das cidades em condies
precrias de existncia, mal se pode mencionar a possibilidade de um alimento,
qui de cidadania.

3. O USO DE DROGAS NA HISTRIA E NOS DIAS ATUAIS


Assim como se entende que a Psicologia no surgiu sem uma influncia do
contexto, o sentido atribudo s drogas atualmente no algo que pode ser
naturalizado ou simplesmente reduzido aos efeitos da droga no sistema nervoso,
sob uma perspectiva biologicista. importante mencionar que os fatores que podem
contribuir para o tratamento e a reinsero social so uma compreenso
interativista e contextualizada da dependncia. Pesquisadores da rea de
dependncia e tratamento de drogas como Marcelo Ribeiro **citar**..., onde se
considera que as drogas, situao de rua, a prostituio e o trfico (trabalho) e a
violncia, entre outros fatores sociais se influenciam mutuamente e de uma forma
multideterminada constituem o usurio de crack.
3.1 O Estado da Arte em pesquisas sobre o crac k
3.2 O uso de drogas nas concepes hegemnicas dos manuais
3.3 Cultura do consumo: de rituais at os dias atuais
3.4 Histria do crack no Brasil
3.5 Perfil do usrio de crack
Os organizadores Bastos & Bertoni realizaram uma pesquisa nacional sobre o
uso e abuso de crack, fazendo um mapeamento, nos municpios amostrados, nos
locais onde se concentravam os usurios de crack. No que diz respeito ao perfil do
usurio Bastos & Bertoni (2014, p. 50-54) destacam que:
Revelou-se que, no Brasil, os usurios de crack e/ou similares so,
majoritariamente, adultos jovens com idade mdia de 30,28 anos [...]
predominantemente do sexo masculino 78,68% [...] com um predomnio
importante de usurios no brancos nas cenas de uso. Cerca de 20% dos
usurios de crack e/ou similares no Brasil eram de cor branca. [...] A
proporo de usurios no Brasil que cursaram/ concluram o Ensino Mdio
se mostrou baixa, alm da baixssima proporo de usurios com Ensino
Superior. No se pode afirmar de maneira simplista que os usurios de
crack e/ou similares so uma populao de/na rua, mas expressiva a
proporo de usurios que se encontram nesta situao aproximadamente
40% dos usurios no Brasil se encontravam em situao de rua no
momento da pesquisa.

No possvel constatar que a maioria da populao de rua de fato viciada,


tampouco se chegou necessariamente nessas condies por tal motivo, embora seja
importante ressaltar que o uso da droga pela droga um agravante para um
indivduo j to marginalizado. Alm dos adultos, as crianas tambm fazem uma
pequena parte da populao de usurios de crack, o que indica o Levantamento

nacional sobre o uso de drogas entre crianas e adolescentes em situao de rua


nas 27 capitais brasileiras, realizado pelo Centro Brasileiro de Informaes Sobre
Drogas Psicotrpicas (CEBRID). No levantamento Noto (2003, p. 56) que aponta
que:
O consumo de derivados da coca (cocana, crack, merla) entre as
2.807 crianas e adolescentes entrevistados que os maiores ndices
ocorreram em So Paulo, Recife, Curitiba e Vitria (entre 15 e 26%),
seguidas de Natal, Joo Pessoa, Fortaleza, Salvador e Belo Horizonte
(entre 8 e 12%).

Nesse momento de extrema importncia destacar a infncia e adolescncia,


no pela alta incidncia de consumo ou abuso de drogas, mas sim para que as
disposies preliminares do Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA) sejam
observadas.
A infncia e adolescncia so compreendidas como uma fase singular do
desenvolvimento, perodo no qual o indivduo carece de ateno especial, e
conforme o 3 artigo do estatuto (1990, p.3) deve ser assegurado por lei ou por
outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o
desenvolvimento fsico, mental, moral, espiritual e social, em condies de liberdade
e de dignidade. Para que seja possvel um desenvolvimento de qualidade nas
funes psicolgicas superiores, necessrio que existam condies reais para que
isso ocorra.
3.5.1. Usurio de crack em situao de rua (cap. 43)
___________
4. A PARTICIPAO

SOCIAL DA PSICOLOGIA NA FORMULAO

DE

POLTICAS PBLICAS.
4.1 Reforma Psiquitrica
IVAN, SERA QUE VOCE NO PODE FAZER UMA DISCUSSO GERAL
NESSE TOPICO 4, UM TEXTO DISCURSIVO SEM ABRIR TOPICOS? FICA
DESGASTANTE INICIAR CADA TOPICO.
Esse aqui um trecho de um trabalho que eu fiz, pode ficar se quiser..so de
sua melhorada iniciando esse topico descrevendo a breve descrio
histrica da entrada da psicologia nesse contexto. Pode usar aqueles
artigos que eu vi voc falando com a SILVIA para articular e enriquecer esse
tpico.

........ A reforma Psiquitrica entre os anos de 1970 e 1980, a Organizao


Mundial

da

Sade

(OMS)

analisa

crescimento

das

doenas

mentais,

compreendendo que o seu tratamento no mais cabe a responsabilidade de seu


cuidado

ficar

cargo

exclusivo

da

classe

mdica.

Preconiza

ento

descentralizao dos servios existentes, a integrao de servios psiquitricos em


unidades de cuidados gerais, e o aumento da participao de outros profissionais e
a participao da comunidade. No Brasil, essas ideias passam a ser direcionadas
pelo movimento da Reforma Psiquitrica Brasileira, que nasceu em decorrncia da
Reforma Sanitria, tendo seguindo os princpios e diretrizes que a orientam.
Por conta do processo de reforma psiquitrica ocorrido no Brasil como discutido
anteriormente, a entrada da psicologia como integrante da equipe multidisciplinar foi
necessria para compreender esse fenmeno emaranhado de nexos interfuncionais.
Para essa compreenso Diemenstein (1998) aponta em que circunstncias se
deram essa insero, esclarece de forma precisa como essa entrada ocorreu nas
polticas publicas em um momento preciso em um contexto histrico-polticoeconmico determinado:
A dcada de 70 ficou marcada como uma poca em que o Brasil viveu
inmeras transformaes a nvel social e econmico que vieram determinar
os rumos das polticas pblicas de sade... pode-se dizer que a partir do
final dos anos 70, o campo da sade mental configurou-se como um grande
plo de absoro de psiclogos, insero que deu se em parte devido s
crticas quanto predominncia de mdicos nas equipes de sade, e ao
investimento que passou a ser efetivado em outras categorias profissionais,
na tentativa de mudar o modelo mdico pregnante e de formar as equipes
multiprofissionais. (1998, pg. 57 e 58).

Ao decorrente deste marco o psiclogo vem adquirindo espao cada vez mais
nas redes pblica de sade. Seu papel sempre promover a promoo da sade e
qualidade de vida. Assim, tem-se uma atuao no convencional onde classificar-se
o trabalho clinico, ou seja, tem-se psiclogos com uma atuao prxima de
movimentos institucionais e grupais, saindo do padro clinico. Portanto, neste
paradigma, h a equipe do Centro de Ateno Psicossocial (CAPS), promovido pelo
SUS, onde h psiclogos atuando junto com uma equipe multiprofissional.
A insero do psiclogo vem contribuir para o crescimento da psicologia social
nas redes de sade, mas com todo o crescimento, investimento e conquista sabe-se
que, na pratica, no ocorre desta forma. Muitas vezes, esta insero ainda
estudada e pesquisada, pois este trabalho recente, segundo Menegon e Colho

(2006, pg. 168) A participao sistemtica do psiclogo integrando equipes


interdisciplinares na rea da sade tem histria bem recente no Brasil, muito embora
se tenha conhecimento de profissionais atuando nesta rea h mais de 20 anos.
Referencias
DIMENSTEIN, M. D. B. (1998) O psiclogo nas Unidades Bsicas de Sade:
Desafios para a formao e atuao profissionais. Estudos de Psicologia
Disponvel no site: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413294X2010000300006 (acesso em 29/10/2014 s 18h25min).
MENEGON, V. S. M., & Colho, A. L. E. (2006), A insero da Psicologia no
sistema de sade pblica: Uma prtica possvel. Barbari, (24), 177-189,
disponvel no site:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_nlinks&ref=000127&pid=S01027182200800040000600014&lng=en (acesso em 02/06/2014 s 14horas).

4.2 Histria Do Sus/Suas/Caps


4.2.1 Conselhos de sade
_________________
5. Reflexes sobre a participao da Psicologia e anlise crtica das polticas
atuais para o crack
5.1 Crack possvel vencer?
Referncia (CRACK - um novo olhar)
5.2 Cuidado, Preveno e Autoridade: A Psicologia no processo
5.3 Processo de ressignificao social e vocacional (p. 434 livro)
*Mencionar crtica (cap. 29) necessidade de um indivdiduo
produtivo para ser aceito ou reinserido na sociedade.
_________________
CONSIDERAES FINAIS

REFERNCIAS
BASTOS, Francisco I., BERTONI, Neilane. Pesquisa Nacional sobre o uso de crack:
quem so os usurios de crack e/ou similares do Brasil? Quantos so nas capitais
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BOCK, Ana M. B.; GONAALVES, M. G. M.; FURTADO, O. (Orgs). Psicologia
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Cipolla Neto, Luis Silveira Menna Barreto, Solange Castro Afeche. - 7 ed. - So
Paulo: Livraria Martins Fontes Editora Ltda, 2007.

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