A Arte Japonesa - Capítulo I, II e III
A Arte Japonesa - Capítulo I, II e III
A Arte Japonesa - Capítulo I, II e III
CaPtulo
Diz.sequeoJapofllhojdavelhicedomundo.Seriatalvezmaiscertodizer
mediterrnico andavam
que o Japo ainda dormia quando a sia continental e o mundo
"ontu"tos
ditavamqueasilhasqueseencontravamaolonge'nomaroriental'deviamser
lenda conta que o primeiro
as P'eng Lai, as Ilhas Eleitas dos Imortais, enquanto uma
um barco carregado de
mandou
C'),
imperador Ch'in, Shih Huang-Ti (221-229 a'
encostas' O resultado
nas
rapazes e raparigas para recolherem o elixir que crescia
desta expedio e de outras anteriores desconhecido'
Paraosjaponesesdaquelapoca,aChinadeviaigualmenteparecerremotaelen-
dria,sendopoucososvestgiosdoprimeiroseculodaeracristqueindiquemter
pinturas' no as h'
havido qualquer intercmbio cultural directo' E, quanto a
pr-histricos
$ s0
osvestgiosmaisremotosdaartepictricajaponesaqueatagorasedescobriram
desepintaranimaisepssaros,principalmenteveadoseavesquticas'Aformaeo
tudo o que a china
gnero do desenho tornam estes sinos totalmente diferentes de
com a arte do
produzia naquela altura, ainda que possa haver uma relao remota
minsculas cenas tm
bronze praticada no vale do Yang-Ts, no reino de Ch'u' As
caractersticas essena nitidez do desenho e o cuidado na execuo que viriam a ser
"frk-
(o)
hff
Poucoposteriorapocaaqueremontamaspinturasdesepulturas,noperodo
descoberta na regio
dos Tmulos (c. 250-550 d. C.), a maior parte das quais foi
encontradas'
a norte de Kyushu, prximo da Coreia' Das setenta e uma sepulturas
e a Se.
so a de Otsuka (sepultura real), prximo de Fukuoka,
as mais importantes
pulturadaaldeiadeTakehara,quedatamdosculovoudocomeodosculovr.
drages e os barcos
barro, em que eram pintados homens, cavalos, plantas estilizadas,
e preto,
que transportavam as almas dos mortos. A cores, vermelho, verde, amarelo
afinidade com as pinso fort"s, aplicadas cruamente, mostrando os deenhos certa
turas muito mais requintadas dos tmulos da Coreia desse tempo'
(c)
99
(l)
(B) O Tigre
Jataka: do Relicrio
de Tamamushi, provvelmente 650-675
Nara, Japo, Horyu-Ji
100
mushi, assim chamado por os seus painis estarem enquadrados por barras de bronze
dourado, todas rendilhadas, postas por cima das aas iridescentes de um escaravelho,
conhecido por insecto-jia (tanwmushi/. O relicrio (c), que tem a forma de um templo
em miniatura colocado sobre uma base elevada, foi executado provvelmente de
65O a 675. As portas-painis tm pintadas figuras dos guardies celestes, as portas
Iaterais so ornamentadas com bodhisattvas e na parte de trs v-se a pintura estilizada do Bico de Abutre. Os quato painis da base mostram a montanha sagrada
Meru, adoradores diante de uma relquia de Buda e duas histrias tiradas de jatakas (n).
A execuo das pinturas de uma linha ntida e fluente, em laca amarela, vermelha
e verde, sobre um fundo preto. A tecnica aproxima-se da pintura a leo ocidental,
e o estilo, que se pode designar por sino-coreano, tem um efeito decorativo em superfcie e encanta pelo
ter agradado imenso ag gosto japons da poca.
Ittqr;t
-.{
,-
(c)
Relicrio de Tamamushi,
provvelmente 650-675
Na
mundo.
nordeste,
Kond,
aclitos (p. 205). com nobreza calma e austera, pertencem a um mundo intemporal
muito remoto em relao s vises extremamente humanas de um pintor religioso
do ocidente, como, por exemplo, Fra Angelico. Foram desenhados em argamassa
seca, com uma pincelada maravilhosamente fluente e subtil, e um sombreado muito
leve d a sensao de solidez plstica; a cor comedida, mas o pigmento foi amontoado numa sobreposio rica na representao das flores e das jias. Alguns conhecedores descobriram nestes paineis a influncia da pintura budista da sia Central,
mas' no entanto, so essencialmente chineses pelo estilo, se bem que mais belos que
qualquer pintura budista daquela poca que ainda exista na china. Aps mil e duzentos anos de conservao, foram, em grande parte, deitrudos num incndio em 194g.
(r) NNtrr{o
Paraso de Amida
(pormenor): pintura mural, c. Z)
Naru, tapo, Iloryu-Ji
101
(,r)
ANNMo
of Fine rts
euase nada resta dos numerosos estandartes que decoravam 65 lernplos budistas
do perodo Nara, mas alguns fragmentos do.Paldso de mida, tecido em tapearia
de seda, encontram-se no Taima Dera, templo situado a sul de Nara. O mais importante dos estandartes ainda existentes o chamado mandara Hokke-Do (Diagrama
Mstico da Pregao), que mostra Shakyamuni fazendo a sua pregao sobre o Bico
do Abutre. Conservou-se no Hokke-Do de Todai-Ji, o grande templo de Nara, at
ao fim do sculo xx, e faz actualmente parte dos tesouros do Museum of Fine Arts
de Boston. Embora danificado, enegrecido e muito retocado, as imagens da divindade e dos seus aclitos sobressaem, com um brilho que no parece terreno, de um
fundo de montanhas cobertas de rvores (a.). Por ele se pode fazer um estudo do estilo
T'ang da paisagem, e o facto de a mandara estar pintada sobre linhagem grosseira'
em vez de seda, leva concluso de que foi executado no Japo, e no na China.
Os bens dos mosteiros budistas de Nara eram devidos, enl grande parte, generosa
proteco da corte, proteco que no podia deixar de ter influncia na arte budista.
Um documento surpreendente desta influncia pode ver-se num pequeno estandarte
que se conserva em Yakushi-Ji (n), o qual representa Kichijo-Ten (Mahashri), deusa
da abundncia e encarnao da beleza, cuja adorao foi imposta pela imperatriz por
um decreto de 767. A graciosa f,gura, envolta em vestes difanas e panejamentos
ondeantes realados a ouro, tem um ar absolutamente terreno, de que emana no S
a espiritualidade budista, mas muito mais o tipo opulento da beleza feminina criada
na China por Chang Hsuan e Chu Fang, pintores da corte T'ang (p' 158)'
0s rolos de IngakYo
Por falta de documntos histricos, no h possibilidade de saber ao certo por
quem ou onde foram executadas pinturas como a Kichiio-Ten. evidente, por outro
lado, que os manuscritos da Escritura das Causas e Efeitos, o! Ingakyo, foram copiados no Japo de um original chins. Quatro verses, que se encontram em coleces
japonesas, foram pintadas em meados do seculo vIII, com uma quinta verso provvelmente meio sculo mais tarde, e deles existm tambm fragmentos em vrios
museus ocidentais. O Ingakyo conta a histria da vida e as vidas anteriores de Buda.
A ilustrao encontra-se acima do texto, e l-se, como em todas as escrituras do
Extremo Oriente; da direita para a esquerda (p. 206). Embora os factos tenham
ocorrido na ndia do seculo YI a. C., esto representados, do mesmo modo que nas
pinturas de Tunhuang, segundo o estilo da China de T'ang. So notveis pelo seu
encanto ingnuo e pela sua limpidez.
Pinuras do rec'rio de Shoso-In
(r)
ANNrMo
toz
Construdo em756,o relicrio do grande templo deTodai-Ji abriga uma das maiores
e mais antigas coleces de artes e ofcios do mundo. Por morte do imperador Shomu,
ocorrida naquele ano, a piedosa imperatriz ofereceu os tesouros da borte ao templo,
sendo colocados num enorme amazm constl'udo em madeira, o Shoso-In (o), onde
pernaneceram em perfeitas condi@es, embora alguns objecto tenham desaparecido
.
3;
(D)
103
"d
semelhantes a asas de pssaros e os seus jardins cheios de lagos formavam um mundo
parte. Ali, belos prncipes e mulheres maravilhosas viviam rJespreocupados em
meio do luxo, tendo acsso a todos os pr?eres intelectuais e dos sentidos. A poesia
mais rarefeita e artificial. Os homens encorajavam a cincia e a literatura do continente e pnsavam que lhes advinha maior dignidade ao escreverem em chins, enquanto as mulheres, menos cultas e com menos inibies, escreviam na prpria lngua
que vieram da china no princpio do seculo xx. A seita Tendai (em chins, T,ien
T'ai) foi estabelecida no monte Hiei, em 805, pelo sacerdote saicho, chamado Dengyo Daishi, que ensinava um sistema que englobava tudo, com base no texto de
Lotus sutra. A seita shigon (em chins, chen yen) foi introduzida no Japo, trs
anos mais tard, por Kukay, que se chamava Kobo Daishi. Shingon afirmava que
cada ser uma manifestao da sabedoria divina, que deificada pelo Buda primordial, Dai Nichi-Nyorai (Maha Vairochana).
Ambas as seitas afirmavam que s os sacerdotes podiam interceder junto da divindade e ambas possuam rituais complicados, cujas frmulas apenas eram conhecidas
(a) A
Mandara Taizo-Kai,
sculo vnr
Nara, lapo, Kojma-Dera
to4
(c)
ANNrMo
Fnix,
construdo em 1053
Uji, Japo, Byodo-In
elegncia dos seus pavilhes, que se reflectem na gua, e o esplendor das pinturas
que cobrem as paredes e as portas, so expresso perfeita do requinte feminino da arte
religiosa dos Fujiwara. O arranjo decorativo destas pinturas trata principalmente dos
105
do regime Fujiwara.
Duas obras-primas da pintura budista Fuiiwara
() ANr.'nro Amida
Yamagoshi,
sculo xtII
Quioto, Japo, Zenrin-li
A atraco da arte budista Fujiwara era frequentemente mais para os olhos e para
os.sentidos que para o esprito. De mesmo modo que a literatura da poca, exprime
sentimentos de grande delicadeza numa linguagem extremamente requintada, mas
raramente sonda as profundidades da experincia religiosa. O exemplo mximo deste
esteticismo emocional o grande painel de seda do nirvana de Buda, datado de 1086
sati-
Retratos religiosos
Nos etratos do final do perodo Fujiwara, esta intensidade .de sentimento foi
substituda pela mesma combinao de esplendor decorativo e de vazio espiritual que
caracterizavam o Shaka Nyorai (p. 207). Mais impressionantes entre as obras finais
do siulo xr so as pinturas dos Dezasseis Rakan (santos budistas) de Raigo-Ji,
'
(B).
ANNIMo
r06
Captulo
II
YAMATO.E
Descobrimento do Japo pelos aistas iaponeses
Em 894, Sugawara No Michizane, erudito proeminente e conselheiro dos negcios estrangeiros, foi encarregado de chefiar outra misso cultural China. Ento,
dirigiu um pedido ao rei, no apenas para que o dispensasse, mas para que deixasse
definitivamente de mandar embaixadas. A viagem era perigosa, fazia ele notar, e a
China mostrava-se agitada. De facto, a queda da Dinastia T'ang estava iminente
e parecia que nada havia a ganhar com a continuao de mais contactos. Alm disso,
o Japo, que durante trs sculos fora discpulo da China, comeava flnalmente a ter
a noo da sua prpria identidade cultural. Do que ele precisava no era j mais da
civilizao chinesa, mas de tepo para digerir o que aprendera e oportunidade para
se servir disso a seu modo. E durante os trs sculos seguintes o Japo vai ficar isolado
nesse perodo que tomar corpo uma arte verdadeiramenle
nacional. Ser chamada Yamato-E, ou, literalmente, Arte de Yamato, a rea do
cento de Honshu, em redor de Quioto e Nara, que os Japoneses consideram o centro
da sua civilizao.
Assim como, durante o perodo Nara, a paixo dos Japoneses pela novidade
do continente, sendo
e pelo que era actual fizera que as pessoas pretendessem ser o mais chinesas possvel,
fazia agora que as coisas chinesas e os gneros de pintura e de escrita chineses se
encontrassem repentinamente postos de lado. Como se viu no ltimo capitulo, foram
a fico e os dirios escritos pelas damas da corte, na sua prpria lngua, que irimeiro
abriram o caminho a uma nova liberdade de expresso. Os poetas seguiram este exemplo,
descrevendo a beleza da terra de Yamato como Se a vissem pela primeira vez, con19,
escola de Kose
(c)
ANNIMo
do Rolo Kitano
c. 1219
Tenjin-Engi,
I(osE No KANAoKA
O primeiro
)sl
to1
com o telhado levado pelo vento)). As nuvens, dispostas em largas camadas horizontais,
tinham por fim escurecer o horizonte, pr a cena em primeiro plano e esconder partes
indesejveis, alm de, quando executadas a ouro, acrescentar um efeito deorativo.
A casa sem telhado permite-nos ter uma viso para dentro dos quartos e observar
o drama
so puramente japoneses;
Os rolos narrativos
letra cursiva de muita graa e elegncia. A data exacta destes rolos no conhecida,
embora tenha sido sugerida a hiptese de terem sido pintados para com eles presentear o imperador ou a imperatriz durante a primeira metade do sculo xrr, podendo tambm tratar-se, muito provvelmente, do conjunto que se sabe ter sido
encomendado pelo imperador em 1119. Qualquer que seja a sua origem, mostra
a Yamato-E no e_splendor da sua juventude, embora ainda buscasse inspirao no
mundo feminino e imaginrio da corte Fujiwara.
109
Atribudo a
FUJTWARA
NonuzaNe
FUJIWARA NOBUZANE
-)}
xf"
&.
4A
poca.
Poetas
se conservou na
a queda
do regime
por Fujiwara Nobuzane (1176-1265). Os trinta e seis poetas eram homens e mulheres
da era Fujiwara, clebres pelos seus poemas em lngua nativa (a), e os retratos deles
popularizaram-se tanto na poca que receberam o nome especial de kasen-e (retratos
dos poetas imortais). Os <<retratos destes rolos no tm, evidentemente, semelhanas
com os poetas, visto qu estes j tinham morrido h muito quando a pintura foi
feita, mas procuraram ir alm da tcnica convencional hikme kagi-hana e do uma
sugesto dos traos e do carcter de cada um deles. O retrato da poetisa Ko Ogimi
apresentado na p. 212. A opulenta extravagncia do seu vestido e as cores suaves
e quentes eram habituais na arte da corte Fujiwara, mas os ngulos acentuados e os
contrastes dramticos, obtidos pela riqueza da tinta preta, so a expresso de um
gosto mais viril da poca Kamakura, que se seguiu'.
(r) ANNlt{o
Gnio Descendo do
110
ru
(c) ANNnro
de histrias acerca do monte Shiji que servem de ilustrao a lendas do monge
Myoren, que ali restaurou um templo em princpios do seculo x. Um dos rolos conta
a histria da sua mgica tigela de arroz, que andava de um lado para o outro a
recolher comida para o seu proprietrio, e o que aconteceu ao rico fazendeiro que
no cumpriu devidamente as Suas obrigaes de protector; o segundo. o relato de
como Mygren conseguiu curar o imperador, embora se enontrasse a grande diStncia, sendo o terceiro o relato do encontro milagroso com a sua velha irm.
O contraste do tratamento entre estes e os rolos de Genji notvel, pois, se os
HocEN EN-I
4r
(D)
HocEN
EN-r A Vida de
Ippen
n1
(A) ANN&,ro
Macaco Adorando
Uma R (pormenor):
rolos animalsticos, sculo xlr
Quioto, apo, Kozan-Ii
(s)
ANNn\.o
mostram animais em atitudes humanas: a brincar (n), a provocar-se uns aos outros,
discutindo e executando cerimnias budistas. A maior parte do terceiro e todo o quarto,
que datam do perodo Kamakura e foram executados por um pintor de talento inferior,
representam vrias actividades humanas, jogos e divertimentos. A ilustrao (a) mostra
um pormenor do primeiro rolo, em que uma missa budista est a ser reaLizad,a por
macacos e coelhos diante de uma r, sentada maneira de Buda. Estas cenas cheias
de vida e engraadas no so acompanhadas por qualquer texto, tendo-se discutido
muito o seu sentido. Alguns eruditos sugerem que um monge das instalaes de Kozan-Ji,
da seita shingon, os desenhou para satirizar o comportamento dos monges do templo
rival de Tendai, nas vizinhanas de Enryaku-Ji, mas; qualquer que tenha sido a inteno do artista, evidente que no se tratava meramente de um talento impetuoso,
mas de um artista que dominava a linha a tinta chinesa. Todavia, como estes rolos
mostram, o artista jpons servia-se agora da linha de um modo puramente japons,
porque, enquanto a linha chinesa essencialmente caligrfica, a do pintor japons,
que, no ntimo, um realista, serve de base descritiva forma que est a desenhar.
do sculo xrrr, um exemplo flagrante da maneira como a aite pode reflcetir os acontecimentos nos meios polticos e soiais. Durante o sculo xrr, a corte Fujiwara e a
nobreza embrenhavam-se cada vez mais no mundo imaginrio vvidamente descrito
112
I
i
nos rolos Genji, enquanto, do outro lado das paredes dos seus palcios, poderosas
foras destruidoras estavam em aco. Assim, perante o declnio do poder do imperador Fujiwara, cada vez mais aumentava o poder dos senhores feudais, embora
aquele tivesse tentado submetlos com a oferta de terrs, o que apenas contribuiu
para intensificar a luta entre as famlias rivais.
Em meados do seculo xu, dois cls, o Taira e o Minamoto, abriram caminho
para a supremacia, desencadeando uma guerra civil que durante trinta anos revolveu
o Japo numa luta de ferocidade inigualvel. euioto foi abandonada, o grande
Todai-Ji, em Nara, ioi destrudo, e os campos foram devastados pelos exrcitos que
faziam a sua pilhagem. Cerca de 1185, cs Minamoto, depois de vrias contrariedades,
emergiram triunfantes sobre os Taira, estabelecendo a su capital em Kamakura, ao
sul de Tquio, to longe quanto possvel da enervante influncia da corte Fujiwara.
o xgum (literalmente, general brbaro dominador) Minamoto No yoritomo organizou os seus servidores numa grande disciplina administrativa, conhecida como
bagu-fu, ou quartis militares, e muitos homens astutos, fugindo atmosfera sufo_
cante de Quioto, foram oferecer os seus prstimos a Kamakura, onde entretanto os
samurai (literalmente, aqueles que servem) haviam formado uma nova lite que imps
(c)
disciplina (c).
A literatura pica deste periodo, tal como o Heike Monogatari, ou Hiskjria de
Heike, que descreve a ascenso e a queda do cl Taira, est cheia de feitos de cora-
0s rolos de guerras
um
fogo ao prtico imperial, culpando disso Minamoto. Mas acaba por descobrir-se
a verdade, e Tomo expulso. os trs pergaminhos, que fazem agora parte da coleco
sakai, em Tquio, foram pintados na segunda metade do sculo xrr e mostram o fogo
no prtico, o pnico que se estabelece atrs dele e a confuso na ru. o realismo
destes quadros est atenuado pelos traos muito delicados e pela cor.
Os trs rolos que ainda existem de um conjunto ilustrativo do Heiji Monogatari,
pintados de uma forma menos subtil, mas talvez mais atraente, datpm provvelmente
de trs perodos diferentes do seculo xlu. Este livro descreve os acontecimentos do
Inverno de 1159-60, quando os Taira esmagaram temporriamente os Minamoto.
o Heiji Monogatari e outras novelas militares deste perodo, tais como o Hogen
Monogatati e .o Heike Monogaari, esto escritos num estilo directo, muito diferente
do estilo cheio de subtileza que caracterizava o estilo literrio da corte dos Fujiwara.
ll3
Da mesma maneira, tambm o realismo frio dos quadros inspirados nestes livros apresenta um contraste notvel em relao s abstraces umptuosas dos rolos Genji.
Nas pp. 214-215 e em (A) e (n), pode ver-se pormenores dos primeiros rolos do
Heiji Monogatari, agora expostos em Boston, no Museum of Fine Arts. O romance
descreve a constituio das foras de Taira e Minamoto e conta como um tirano,
o nobre Fujiwara No Nobuyori, desvastou o palcio do velho imperador antes de
destruir o seu rival, o ministro Shinzei. O texto escrito no rolo exposto em Boston
relata como Nobuyori se apressou a pr o imperador em segurana, pois a sua pessoa
era sagrada: <<Depois deu uma ordem e os soldados bloquearam o palcio em todas
as quatro fachadas e deitaramlhe fogo. Aqueles que tentavam escapar eram fuzilados ou espancados at morte. Muitos saltaram para dentro dos poos, na esperana de poderem salvar-se. As aias e as criadas, saindo a correr e a gritar, caam
e eram espezinhadas pelos cavalos e pelos homens. Foi mais que horrvel. Ningum
sabe quantas pessoas perderam a vida.
Este terrvel espectculo est reproduzido to vividamente que parece ser possvel ouvir o crepitar das chamas, o barulho dos cascos dos cavalos, os gritos das
mulheres em pnico. Com um domnio extraordinrio, o pintor conseguiu criar, conjuntamente com as chamas e o fumo, a desordem catica no ptio e as linhas estticas
e duras dos edifcios do palcio, numa beleza visual que transcende os horrores da prpria cena. Na complexidade do desenho, a riqueza das cores e do contedo e as variaes do ritmo e do tempo fazem que o quadro possa ser comparado aos vrios
andamentos de um sinfonia dramtica.
Da carnificina mostrada nos rolos de guerras, passamos queles que representam
outras calamidades, reais ou imaginrias, que ocuparam as massas naqueles anos turbuler-rtos. A mistura de stira e compaixo que muitas vezes encontramos na arte budista
japonesa pode ser perfeitamente observada numa srie de rolos ilustrando os tormentos
do corpo e do esprito a que os homens esto sujeitos. Estes, os Rolos das Doenas,
foram pintados cerca do ano 12O0, e mostram, num leve esboo feito com um trao
a tinta e uma pintura ligeira, grande variedade dos padecimentos do homem (c), desde
Boston, Mus.
of Fine rts
tt4
(c)
il5
() ANrqrvo
1219
Furrwane TaeNosu
r}-
:*
42(-
tu
"Jt
f6
))-
Famosos
A estampa da p. 216 mostra uma pintura de um touro negro que poderia ser um
pormenor aumentado da siie Kitano Tenjin-Engi, mas que, na realidade, uma das
seces que restam do Rolo dos Dez Touros Famosos, pintado cerca de 1300. Os
outros dois fragmentos ainda existentes esto em Cleveland e em Tquio. O artista
concentrou-se no essencial, e os touros so mostrados em silhueta, sendo o seu slido
volume sugerido atravs de amplos contornos e uma misteriosa <<sombra negativa e
a sua vitalidade atravs de uma delicadeza de linhas, mostrando os olhos uma expresso
atemorizada. O poder contido e disciplinado das suas formas uma expresso viva
dos ideais estticos do periodo Kamakura.
O retrato Kamakura
Encontramos uma expresso cada vez mais pertita,dos ideais Kamakura no
retrato do grande militar Minamoto No Yoritomo (p.2ll), que um trabalho de
Fujiwara Takanobu (1142-1205), chefe do servio de construes da capital e que foi
um pintor de retiatos renovador. um dos cinco retratos que se conhecem do ex-imperador Go-Shinakawa e dos seus ministros, pintados por Fujiwara Tokanobu para o
palcio imperial, construido em 1188, estando actualmente no Jingo-Ji, em Quioto.
A finalidade do retrato de Minamoto no foi smente a flgurao dos ideais da classe
samurai, mas tambm a criao da presena viva do homem para que depois de morto
possa continuar a transmitir inspirao e fora aos seus continuadores. Assim, nesta
pintura, a disciplina de ferro exercida por Minamoto em relao ao seu temperamento
ardoroso perfeitamente posta prova pelo poder do pintor para controlar a silhueta
tecnica perfeita e
o trao firme
Jugen:
116
Criana (pormenor),
fins do sculo xrrl
Mikage, Japo, Col. N. Murayama
(o) ANNuo
tt7
Museu Nezu.
Captulo
III
dias
dato rival a imperador, o qual tentou fazer renascer o poder da casa imperial. Ento
seguiu-se uma longa luta, amarga e sem sentido, pela sucesso, um perodo conhecido
por Namboku-Cho (perodo das cortes de Norte e Sul), durante as quais os xguns
Ashikaga de Quioto ganharam fora, para flnalmente, em 1392, serem capazes de
derrubar o regime rival. A era de 1392 a 1573, durante a qual a famlia Ashikaga
governou como regente, geralmente chamada o perodo Ashikaga, sendo tambm
conhecida por periodo Muromachi, do nome do distrito de Quioto onde estava situado
o palcio do xgum.
Na sua nsia de pder e na sua alegria por o terem conquistado, os xguns Ashikaga
precisaram de grandes somas de dinheiro, tendo-o adquirido, em parte, pelo que tiraram
aos seus adversrios, e, por outro lado, fazendo renascer o comrcio com a China,
o qual estava suspenso devido s invases monglicas do fim do sculo xItr. Cerca
de 1400, constituiu-se uni departamento do governo para controlar este comrcio, mas
a sua orientao, at no que se refere ao equipamento da frota, foi entregue aos grandes
mosteiros de Quioto, principalmente aos da seita Zen.
Renovados os ynculos culturais com a China
(.ql ANNtrlo
Forjando Uma
Espada de Samurai: do Rolo
dos Artfices, sculo xvt
Tquo, Mus. de Okakura Shukokan
118
Por intermdio do Zen, comeou-se a discutir a pintura chinesa dos fins dos perodos
T'ang e Sung do Sul, e a sua influncia na pinturajaponesa iria ser grande e duradoura.
O Zen foi introduzido rio Japo, no sculo xII, por dois monges, Min An-Eisai e Dogen,
e o seu empenho pela autodisciplina e aco rpida, a sua austeridade e simplicidade,
imediatamente atingiram uma massa responsvel da lite militar de Kamakura. Aos
seus olhos, havia nisto duas virtudes adicionais: era a verdadeira anttese do ascetismo
de Fujiwara e, acima de tudo, era algo novo. Durante o sculo XIII, os monges viajaram
pela China e estudaram a doutrina, e no seu regresso fundaram os mosteiros Zen, sendo
notveis os mosteiros de Enkaju-Ji e Kencho-Ji, em Kamakura, e Tenrnr-Ji, em Quioto.
A se juntavam nobres e samurai, no apenas para estudarem a doutrina Zen, mas'para
se embeberem da requintada atmosfera que se respirava nestes mosteiros. Mas o Zen era
smente um dos aspectos culturais Sung do Sul, e era a cultura Sung no seu todo que
as camadas mais elevadas da sociedade japonesa ento quiseram
adquirir, to vidamente
(s) O
Pavilho Dourado
Kinkal:u-Ji,
1397
Quoto, fapo
Zen e a arte
de pensar sem especulao, enquanto a sua preferncia pelo quietismo.e pela autodisciplina estava de acordo com o carcter nacional. Contemplar tranquilamente uma
queda de gua, uma flor ou uma rocha era limpar o esprito de todas as impurezas e
aproximar-se mais da natureza divina. Meditar sobre uma pintura focando um assunto
(c)
119
semelhante acabou por ter a mesma finalidade. A pintura inspirada to Zeft tornou-se
ela prpria objecto de meditao, quase de venerao, e, colocada no toko-no-mo,
um amplo recanto num dos lados da sala principal de uma casa ou de um templo,
a pintura tomou um carcter de cone religioso, perfeito em si mesmo e isolado do
espectador, pedindo-lhe a mxima concentrao.
Este ascetismo, esta absoro consciente na beleza natural e naquelas coisas
humanas que parecem encarn-la, levou ao desenvolvimento dessa instituio japonesa nica, a cerimnia do ch (a e p. 273), na qual qualquer gesto, qualquer palavra
dita ou qualquer objecto usado se justifica pela sua beleza, pela sua simplicidade e pela
sua naturalidade. Um dos paradoxos da cultura japonesa a cerimnia do ch, que
(l)
do
Cno DrNso
J L
1L
\
Retraos do 7*n
Antes de referir a pintura a tinta, deveria mencionar-se uma pintura Znn que,
com a mesma flnalidade, usa uma tecnica completamente diferente. Um princpio
essencial da doutrina Zen diz que a iluminao se obtm por intuio directa, ajudada
por um estmulo que passa, como uma corrente electrica, do mestre ao discpulo. Depois
de alguns anos de estudo, com intimidaes e humilhao, o aluno devia, como graduao, receber um retrato do seu mestre, o qual lhe servia de diploma, certiflcando que
obtivera aproveitamento e lhe dava o direito de usa. o matrio do seu professor. Estes
retratos, chamados chin-zo, eram feitos com um cuidado reverente, e os melhores de
entre eles so estudos profundos no s da aparncia fsica do mestre, mas tambm
do seu carcter, discernimento e dignidade. O maior expoente deste tipo de retratos
pintados foi Cho Densu (1352-1431), pintor profissional Iigado a Tofuku-Ji, que ainda
hoje guarda a sua obra-prima, o retrato do <<mestre nacional>) do ensino Zen, Sho-
-lchi (s).
Mestres da pintura a tinta
(s)
Sho-Ichi (pormenor)
120
prximo de Hangchow onde viveu Mu Ch'i (v. p. 62). Criou um estilo to prximo
do de Mu Ch'i (p. 176), estendendo-se at ao uso dos seus sinetes, que as suas obras
so difceis de distinguir. Moku-An e outros pioneiros japoneses da pintura a tinta
restringiram-se aos assuntos relacionados com o Zen, mas, no princpio do sculo xv,
essa pintura passou a incluir paisagens no estilo da academia Sung do Sul.
Um domnio completo do suiboku-ga foi adquirida por Tensho Shubun (c), pintor,
escultor e administrador do Sokoku-Ji, em Quioto, o.qual desenvolveu a sua,actividade
entre 1425 e 1450. O seu professor foi Josetsu, acerca de quem pouco se conhece.
Em 1423, Shubun acompanhou uma misso budista Coreia, e, como director do departamento de pintura, foi o primeiro a ser oficialmente reconhecido como praticante do
novo estilo chins. No h dvida de que foi uma escolha feliz para este posto, pela
perfeio e preciso do seu trabalho com o pincel e pela sua grande viso, tendo constitudo um padro que todos os seus continuadores na pintura a tinta se esforaram
por imitar. No h acerteza de que exista algum trabalho saido das suas mos, mas a
paisagem, to cheia de sensibilidade, Lendo Num Ermitrio Num Bosque de Bambus
(p. 246), tem-lhe sido sempre atribuda, devendo estar muito prxima do seu esiilo.
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e os seus coutinuadores
O aluno mais famoso de Shubun foi Sesshu Toyo (1420-1506). Depois de ter
feito a sua aprendizagem com Shubun no Sokoku-Ji, Sesshu foi para a China em 1468, ali
entrando logo em contacto com pintores da escola Che, discpulos de Tai Chin (v. p. 76),
que deram nova vida pintura a tinta da tradio acadmica Sung do Sul. Sesshu
tambm visitou Pequim, onde foi alvo de muitas honrarias e teve oportunidade
de ver e copiar pinturas feitas pelos prprios mestres Sung. Isto desapontou-o ao ponto
de referir o fraco nvel da pintura que encontrou, mas o ano que passou na China
no foi perdido, pois a influncia do estilo de pintura da escola Che libertou-o do
estilo demasiadamente perfeito do seu mestre Shubun e fez caft por terra os ltimos
ideais. Alm disso, das composies de pssaros e flores Ming adquiriu o poder de
as desenhar em grande escala, o que mais tarde passou a usar nas suas pinturas de
biombos.
Sesshu
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pintou uma paisagem maneira de Kao K'o-Kung, mas parece que ignorou
completamente os trabalhos dos ltimos mestres do Sul, como Shen Chu e Wen Cheng-Ming, que foram quase seus contemporneos. Isto pode surpreender, mas tambm
certo que Sesshu no vira os trabalhos deles na China, porque os letrados Ming
formavam uma sociedade paite, na qual nenhum estranho, e muito menos um pintor
.profissional japons, podia ser admitido.
Quando regressou ao Japo, em 1469, Sesshu foi primeiramente para Kyushu.
Ento, depois de viajar trs anos pelo Japo, fixou-se no seu templo, o Unkoku-An, em
Honshu do Sul, onde permaneceu at morrr. A sua influncia espalhou-se rpidamente
pelos seus colegas pintores e cedo ele adquiriu grande reputao.
Ao contrrio de Shubun, que,continuou toda a sua vida a pintar maneira chinesa, Sesshu tinha por esta altura absorvido completamente a tcnica e os princpios
do suiboku-ga e fora berh sucedido ao transform-lo, pelo poder claro da sua perso-
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nalidade artstica, num estilo japons. Foi tambm um intrprete perfeito do haboku-ga
(pintura de salpicos de tinta) e de retratos no estilo Zen e mestre calgrafo (a).
A maior pintura de Sesshu foi um grande rolo executado erh 1486, o qual descreve
uma paisagem em transio atravs das estaes da Primavera ao Inverno (n e p. 263).
A estampa da p. 217 mostra uma outra cena de Inverno, uma das duas pinturas que
restam de um conjunto das quatro estaes, agora no Museu Nacional de Tquio.
Nesta pintura e na sua companheira, Outono, Sesshu mostra grande capacidade no trabalho a pincel, o que nos aproxima mais de Fan K'uan (p. 162) que de qualquer outro
pintor japons. A firme angularidade da linha e os tons muito frios da tinta so altamente
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pararmos esta pintura com o rolo de Hsia Kuei das pp. 54 e 254.
outros pintores que, como sesshu, estavam profundamente influenciados por
shubun, incluindo Bunsei, Jasoku e sotan, exerceram a sua actividade em euioto
durante os meados e ltimos anos do sculo xv. Embora Sotan tivesse sucedido ao seu
mestre na direco do departamento de pintura, no h a ceteza de terem sido identificadas obras suas. Jasoku e Bunsei foram famosos principalmente devido aos seus
retratos de padres doZen, por exemplo, o ltimo, o magnfico Yuima (o). Numa inscri.o na metade superior da pintura, o abade de Nanzen-Ji explica que um padre
zen, ao transformar a casa dos seus antepassados num mosteiro, encomendou a Bunsei
a sua principal imagem para devoo, o retrato de seu pai cmo Yuima (vimatakirti),
o discpulo de shakyamuni. notvel no s pela sua expresso de grande fora espiritual e intelectual, mas tambm pela mestria com que Bunsei trabalhou duas tcnicas
completamente diferentes do pincel: um trao nervoso no desenho das tnicas, uma
preciso fria na interpretao dos pormenores dos rostos.
um exemplo admirvel da expresso da influncia de sesshu no Japo pode ser
observado atravs da carreira de sesson shukei (c. 1504-d. 1589), que nasceu no longnquo Nordeste do Japo e a flcou toda a sua vida. Sesson dominou uma grande variedade detemas e estilos de tinta (c), ea sua obra maisconhecida talyezumadasmais
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pequenas, uma folha de lbum com um barco de pesca numa tempestade a navegar
apressadamente para o abrigo da m-argem (p. 218). O facto de Sesson ter passado a sua
vida nesta rea remota a estudar a pintura a tinta dos mestres chineses e japoneses
prova que nesta altura os trabalhos daqueles foram muito copiados e passados de
mo em mo, constituindo ainda um outro exemplo da rapidez com que novas ideias
e novos estilos artsticos se tornavam correntes no Japo.
A famlia Ami
Os Japoneses viram sempre com respeito a transmisso de uma arte ou oficio de
pais para fllhos. Se faltasse um filho com o talento necessrio, o pai poderia adoptar
um jovem prometedor para transmitir o nome e a tradio da famlia, e estas linhagens artsticas, como a da famlia Kose, j mencionada, acabaram por tornar-se uma
caracterstica comum na pintura japonesa. Uma das mais famosas a famlia Ami:
No-Ami(1397-1471),seufilho Gei-Ami(1431-85)e seu neto So-Ami,que morreu em 1525.
Foram, por sucesso, pintores e avaliadores de arte oficiais de trs xguns e compilaram ao longo dos anos o catlogo da coleco das pinturas.dos xguns, o Catlogo
da Secretaria de rte dos Xtguns, documento de grande valor para o estudo da pintura chinesa e japonesa a tinta deste perodo. Regista obras * algumas das quais
foram cpias posteriores atribudas a cerca de cento e setenta artistas chineses,
das Seis Dinastias ao perodo Ming. Embora seja'evidente, pelo seu nome, que os
membros da famlia Ami foram amidistas, todos eles pintaram temas Zen. No-Ami
foi um admirador entusistico' de Mu Ch'i, enquanto Gei-Ami tinha um estilo
mais pesado, inspirado em Sesshu.
Dos trs, . o mais talentoso e influente foi So-Ami. Como paisagista, foi notvel
pela sua mestria no estilo do Sul, numa altura em que muitos dos pintores trabalhavam
no estilo do Norte, como Shubun e Sesshu. A sua obra-prima, as portas de correr de
Daisen-In, no Daitoku-Ji, Quioto G,. 222), mostra uma amplitude de viso notvel
num pintor japons. A atmosfera carregada de humidade, os suaves contornos arre-
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Quioto, Jopo
escola de Kano
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2.
3.
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(morreu novo)
Yukinobu
Shoei
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Eitoku
6.
Mitsunobu
Takanobu
7.
Sadanobu
(morreu novo)
Tannyu
Naonobu
I
8.
Yasunobu
124
Tsunenobu
Yasunobu
a categoria de
academia oficial, categoria que alargou aos ramos regionais. Em segundo
Iugar, apoiou
o tipo exacto do artfice profissional, que, at introduo da pintura literria
chinesa,
no sculo xvrrr' sempre manteve grande prestgio no Japo. Em terceiro lugar,
enquanto
as tcnicas e os temas convencionais eram geralmente chineses, em todos
os outros
aspectos
a nfase em relao ao seu trabalho de artfice, o realismo <<claro e incisivo
e a preciso da forma, a falta de quaisquer normas escolares ou religiosas
- estava
em perfeito acordo com o gosto japons.
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Paisagem
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oYamato.E,eoprprioMitsunobufoifamosopelosseusrolosvivosecoloridos,
Motonobu e posteriores
ilustrando romances e poemas picos (u). o casamento de
o termo <<familias;
e
Tosa-usando
casamentos entre membros das famflias Kano
pingenealgico-trouxe
mais no seu significado artstico japons que no sentido
turadeKanoasduascoisasquedeinciofaltavamparaformarumverdadeiroestilo
rica
nacional: um tema japons e um uso da cor de uma forma
decorativa' um exemplo
admirveldestaunioobiomboProvadoresemTakao(p.Z2|),pintadopelofilho
MrrsuNoBU
y.
DA.-
lo
biombos,portasdecorrererolosdesuspenso(e).Asuaencomendamaisimportante,
inclui a decorao completa
executada com a ajuda de outros membros da famlia,
e os conjuntos de portas
do interior do mosteiro fortiflcado de Hongan-Ji, em osaka,
decorreremDaitoku-JieMyoshin-Ji,emQuioto,queforamdesmontadasetor-
(a)
126
(s)
TosA MrrsuNoBU
Tquio, Mus. Naconal
xvl