2005 Relatório Técnico Ser Criança Curvelo - MG (FEV-MAR-05)
2005 Relatório Técnico Ser Criança Curvelo - MG (FEV-MAR-05)
2005 Relatório Técnico Ser Criança Curvelo - MG (FEV-MAR-05)
1. INTRODUÇÃO
O Projeto Ser Criança, em Curvelo, é idealizado e executado pelo Centro Popular de Cultura e
Desenvolvimento, instituição responsável pela formação dos educadores, metodologia do Projeto,
planejamento, acompanhamento e avaliação das atividades realizadas. A prefeitura apóia a iniciativa,
cedendo 10 educadores que trabalham diretamente com as crianças.
Este ano iniciamos as atividades com a formação dos educadores que, durante uma semana,
discutiram e repensaram as ações para o ano de 2005.
Nosso ponto de partida foram os Indicadores de Qualidade do Projeto (IQP). Levantamos os pontos
que foram mais fracos em 2004 e como poderíamos trabalhá-los melhor. Tais pontos foram: a
freqüência, envolvimento com as famílias, dia-a-dia pouco dinâmico e com poucos atrativos para as
crianças e adolescentes.
A partir desse diagnóstico, a equipe combinou várias ações para o mês de fevereiro como:
organização e decoração do Projeto, com o objetivo de tornar o espaço mais bonito e aconchegante;
resgate de atividades como a cozinha experimental, papel artesanal, realização de rodas de avaliação
com as crianças, diariamente, confecção e utilização de jogos de forma mais sistemática para
trabalhar alfabetização e as quatro operações. Parte da equipe articulou com a comunidade: visitas às
escolas onde as crianças do Projeto estudam, realização de oficinas de brinquedos reciclados nos
2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
• Roda
A roda é o instrumento que garante, dentro do Projeto, o diálogo como mediador de relações “iguais
entre pessoas diferentes”. O respeito entre as diferentes formas de pensar valoriza os saberes e fazeres
de cada um. Cada pessoa tem um ritmo de aprendizagem e compreensão do mundo. A roda contribui
para uma harmonia entre os participantes, pois enquanto nos permitimos conversar e conhecer o
outro, com certeza podemos fazer melhor o que o Projeto se propõe.
Muitas crianças, e até mesmo alguns educadores, têm dificuldades de fazer a roda. Para muitos é
difícil ouvir o outro, afinal aprendemos a todo momento “lá fora”, a resolver tudo com violência,
imposições e repressão. Fazer a roda tem sido um exercício de paciência e muita aprendizagem sobre
o outro e seus direitos de ser humano.
As pequenas rodas de conversas, dinâmicas e brincadeiras são usadas para solucionar os problemas
rotineiros do Projeto e alguns externos com a famíla e escola, na maioria das vezes.
A apresentação da TV Ser Criança, por exemplo, é um resultado dos combinados na roda e tem
contribuído para a geração do hábito de ouvir, refletir e discutir sobre tudo que acontece no futebol,
capoeira, brincadeiras, etc.
Trabalhar a auto-estima e sentir-se bem com o que somos e temos sem gerar comodismo, é um dos
objetivos que trabalhamos, quando nos propomos pensar o espaço do Ser Criança como um lugar
bonito, limpo e provocador de mudanças e descobertas para seus participantes -crianças, adolescentes
e educadores. Iniciamos a organização e decoração ainda sem as crianças. Quando estas chegaram,
tentamos envolvê-las. Não foi muito fácil, pois demoraram a entender que esta atividade era também
responsabilidade delas e de todos os educadores, mesmo de quem chegou depois. Vimos que não
podíamos continuar com grupos definidos fazendo a decoração, pois além de não se envolverem, não
conservavam o que o estava pronto. Voltamos para a roda para rediscutir, dividir novamente os
Precisamos descobrir mais formas de promover realmente a apropriação desse trabalho pelas crianças
e educadores.
• Brinquedoteca
Durante estes meses, os grupos tiveram a oportunidade de confeccionar diversos brinquedos como o
biboquê de bolinha de gude, biboquê de tampinha, bambolês, cavalinho de garrafa descartável e
carrinhos de madeira.
Os carrinhos feitos com restos de madeira da carpintaria atraíram muito as crianças. Foi um
instrumento que proporcionou momentos de conversas e produção de conhecimento àquelas que mal
conseguiam participar da roda.
“A brinquedoteca é encantada”. Assim dizem algumas crianças que participam da confecção dos
brinquedos.
• Bornal de Jogos
Assim como todas as atividades do Projeto, o jogo é um instrumento pedagógico importante no nosso
dia-a-dia. Espontaneamente, as crianças utilizam os jogos de dama, ludo, amarelinha, futebol de
pregos. Estes são jogos que contribuem para a socialização, harmonia e cooperação entre as crianças.
Jogos como o “Damática, Girou-brincou aprendeu-ensinou, Contando a estória, Mercado Educativo,
também fizeram parte do dia-a-dia das crianças, porém trabalhamos com eles matemática, letras,
produção de estórias e coordenação motora. A maior novidade para as crianças foi a Tábua de
Pitágoras, onde trabalhamos divisão e multiplicação. Fizemos uma, no espaço de dever com papelão e
retalhos. As crianças têm muitas dificuldades com os cálculos, muitas apenas copiam o dever, não
compreendem o que se pede, embora já estejam em séries mais avançadas. O Projeto vem com essa
função social de gerar oportunidades, quantas forem necessárias para gerar desenvolvimento,
protagonismo e fazer com que as crianças sejam cidadãos de direitos. Para isso é preciso aprender e
muito, inclusive a ser feliz.
• Livros
Com os livros, procuramos aguçar a criatividade, despertar o interesse e cuidado com a biblioteca.
Uma das boas experiências vividas com esta atividade foi no grupo de Reginalda com o livro
Escalibim, Escalibim, de Regina Carvalho. A princípio pareceu simples a história, mas a discussão foi
enriquecedora. Todos falaram de si, pudemos conhecer melhor cada um, seus anseios, sonhos e
medos.
Com esta atividade talvez tenhamos descoberto que direção devemos dar as nossas ações para vencer
as dificuldades de relacionamento e socialização dos adolescentes.
• Cozinha Experimental
Uma das receitas utilizadas foi o pão de queijo com batata. Esta é uma atividade que está sendo
retomada agora.
Outros recursos pedagógicos utilizados neste trimestre para promover a aprendizagem, auto-estima e
socialização foram: trabalho com a horta, oficina de papel reciclado, filmes para discussões nos
grupos e brincadeiras como: “Micróbio”, “Coelhinho saiu da toca”, “Carrinho de picolé”, “Corrida de
pneus”, “Você gosta de mim”, “Dança da Serpente”, “Maestro” e outras.
As atividades também tiveram como objetivo específico estimular a leitura e a escrita das crianças.
Para tanto, os educadores fizeram com os grupos textos para o jornal e mural a partir do que foi feito.
3. GERENCIAMENTO DO PROJETO
O Projeto Ser Criança é coordenado pelo Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento - CPCD,
instituição responsável pela metodologia do trabalho e execução de todas as ações propostas. A
Prefeitura Municipal de Curvelo,apóia cedendo os educadores que trabalham diretamente com as
crianças.
É perceptível uma certa comodidade de parte da equipe, que acaba transferindo isso para as
atividades desenvolvidas.
Há também um outro problema que é a confusão do papel que nos propusemos desenvolver e o papel
da escola, dando ênfase a questões as quais são de responsabilidade da escola e deixando questões
fundamentais a desejar.
Na avaliação do Projeto foi detectado que esse foi um dos objetivos que não trabalhamos bem. A
comunidade e famílias das crianças participantes conhecem pouco sobre o trabalho, dificultando, na
maioria das vezes, a compreensão da metodologia e o melhor atendimento às crianças, visto que, é
essencial conhecer a “história” de cada uma para desenvolvermos bem o trabalho. Percebemos uma
distância grande entre equipe/família/crianças e também muita evasão. Os problemas surgidos eram
tratados como questões separadas, como se um não dependesse do outro, tanto na compreensão
quanto resolução. Depois da equipe refletir sobre estas questões, combinamos algumas ações que
pudessem provocar um envolvimento maior das famílias e Projeto e que melhorasse a freqüência.
A equipe ainda é receosa e resistente para desenvolver atividades fora do Projeto, e esse tem sido um
dos desafios a serem superados.
Começamos com visitas às casas das crianças evadidas, às escolas para conversar sobre a
metodologia, funcionamento e objetivos. A maioria das escolas visitadas combinou a realização de
oficinas com as crianças. Onde não tinha condição de realizar na escola, fizemos na rua e nas
associações de bairro, que dão muito apoio.
No bairro São Geraldo e Açucena a comunidade não só nos recebeu, como visitaram o trabalho na
Barraquinha.
Aproximar das pessoas, aprender com elas e também ensinar um pouco do dia-a-dia do Projeto Ser
Criança acabou gerando uma confiança maior das famílias e conseqüente melhoria da freqüência.
Afinal, só podemos gostar daquilo que conhecemos.
Paralelo ao trabalho na comunidade, a equipe esteve atenta às ações realizadas dentro do Projeto. O
grupo tem reorganizado os horários, atividades e acompanhando mais de perto as crianças, no
entanto ainda é preciso avançar muito nesse aspecto.
• Índices Quantitativos
• Índices Qualitativos
7. INDICADORES DE DIFICULDADES
Com relação aos doze índices de qualidade do Projeto, há um avanço no nível de eficácia das
atividades.
Este avanço vem sendo percebido com a transformação das crianças que estão mais tranqüilas e
menos violentas.
A felicidade e a apropriação são os dois indicadores que atingem os maiores níveis de resultados, pois,
ainda não tendo atingido a transformação desejada na organização e no cumprimento da
metodologia, as crianças gostam muito do que é feito no Ser Criança.
O processo está em constante construção. Acreditamos que com as discussões e correções de rumo
feitas a partir das avaliações do que foi realizado e replanejamento no cotidiano, alcançaremos
melhores resultados com relação aos outros indicadores.
• Reflexão
Em todos os grupos há problemas, aflições, alergias, momentos bons. Há também, aqueles meninos
inquietos que deixam os nervos da gente à flor da pele. No grupo, há um desses garotos - Denner. Ele
é inquieto, provocador e caçador de confusões, mas no fundo, lançando olhares diferentes, é menino
carente de amor e atenção. Tudo que ele faz dentro do Ser Criança, na maioria das vezes, é para
irritar mesmo. É uma espécie de provocação que faz com que pensemos que não há mais alternativas
para seu caso. São rodas, conversas, combinados... Enfim, tudo que pensamos para que haja
mudança, mas isso não acontece.
A situação dele aqui dentro é um reflexo do que ele vive lá fora. É uma espera que vai levar um
tempinho e coloca tempo nisso!...
O que esperamos dele exige paciência, tolerância e ousadia da nossa parte para que possamos
promover, de fato, uma transformação satisfatória em relação as suas atitudes. Em conseqüência,
repenso minhas ações, o que posso fazer e como conseguir. É como se estivesse num observatório
para essa situação, interferindo positivamente na vida dele.
Se houvesse uma receita pronta! Mas não. O que move as nossas ações são essas inquietudes que
surgem, levando assim à ação-reflexão –ação no desenvolvimento do trabalho.
Posso dizer que em nossa vida devemos buscar, constantemente, nossos ideais...nossos
sonhos...nossos objetivos...
1.INTRODUÇÃO
O Projeto Ser Criança II funciona no bairro Ponte Nova há dois anos. É uma iniciativa do Rotary Club
de Curvelo em parceria com o Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento – CPCD, Prefeitura
Municipal de Curvelo e Associação do Bairro Ponte Nova.
Esse ano, o trabalho foi iniciado com a formação das educadoras pelo Centro Popular de Cultura e
Desenvolvimento, durante o mês de fevereiro.
2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
• Capacitação de Educadores
A primeira atividade foi a capacitação das educadoras, com duração de 3 semanas. Dentro da
capacitação, trabalhou-se a parte teórica e prática da metodologia do Projeto. Trabalhamos a
metodologia proporcionando vivência entre os meninos, na roda, e participação no dia-a-dia do
Projeto.
Dentro dessa capacitação houve parte criativa com a Oficina de brinquedos, a partir de sucata,
fabricação de papel reciclado e papel marchê.
Dentro das atividades com o Bornal de Jogos de Aprendizagem e Bornal de Jogos da Paz que trabalha
temas transversais como respeito, cidadania, auto-estima, etc., discutimos a importância desses itens
no processo educacional da criança e adolescente.
A última atividade foi a elaboração de um plano de trabalho e Avaliação (PTA), que nos possibilitou
traçar objetivos e atividades que possam proporcionar maiores chances de êxito no Projeto.
• Salão de Beleza
Temos crianças que chegam ao Projeto sujas todos os dias ou com a mesma roupa. Raramente trocam
de roupas e, quando isso acontece, vestem outra suja.
O Salão de beleza é uma das atividades semanais que objetiva trabalhar higienização e, acima de
tudo, a auto-estima das crianças. Durante um dia na semana, transformamos nosso espaço em um
salão de beleza para lavar, cortar cabelos e unhas, fazer escovação, etc. trabalhamos com as crianças
num clima harmonioso e descontraído, com conversas sobre a vida delas, aproveitando para falar da
importância de se sentir bonito, da necessidade de se cuidar do corpo e zelar pelo meio ambiente.
• Tarefas de casa
A tarefa de casa é um compromisso do Projeto, firmado com os pais. É a atividade mais difícil de ser
executada, pois não conseguimos fazer com que ela seja prazerosa. Representa um sacrifício tanto
para as crianças como para as educadoras. Temos muitas crianças com dificuldades escolares e
crianças não alfabetizadas. Isso atrapalha, pois todas recebem a mesma tarefa de casa. Estamos
trabalhando com o Bornal de Jogos, livros infanto-juvenis e outras dinâmicas para sanar essas
dificuldades.
• Bornal de Jogos
Os jogos são usados diariamente com as crianças, principalmente os de Aprendizagem que estimulam
escrita, matemática, raciocínio lógico, e outros. Os jogos são acompanhados pelas coordenadoras
A poesia é trabalhada um dia na semana, principalmente no turno da tarde, onde as crianças são
apaixonadas por poesia. O Bornal de Livros é um recurso para brincarmos com a leitura e a escrita e,
acima de tudo, a criatividade das crianças. Já fizemos a contação de estórias que, aliás, as crianças
adoraram.
Aproveitamos as atividades diárias para discutirmos com as crianças sobre higiene, cuidado com o
corpo, bons hábitos alimentares e como cuidar das coisas que temos, além de usar o lanche para
fazermos algo bem feito para o outro. Essas atividades são as que as crianças mais gostam. Acho que
as educadoras conseguem mudar a visão de cada criança sobre o respeito de um para com o outro,
organização e higienização dos alimentos e do ambiente, os quais passam a ser mais agradáveis.
3. GERENCIAMENTO DO PROJETO
Helbert Rodrigues – educador do CPCD – acompanhou o Projeto Ser Criança do bairro Ponte Nova
durante o mês de março. O objetivo do acompanhamento foi discutir com as coordenadoras a prática
do dia-a-dia e planejar outras atividades de acordo com a avaliação e necessidades diagnosticadas. A
alimentação é de responsabilidade do Rotary Club e o pagamento das educadoras, da Prefeitura
Municipal de Curvelo.
Percebe-se uma grande preocupação das educadoras com as crianças, cada uma a seu modo. Duas
educadoras trabalham no Projeto em horários alternados, cada uma com suas qualidades: uma é
bastante dinâmica e tem experiência com crianças; a outra, é reflexiva e, com senso inovador,
consegue provocar as crianças nas discussões. As duas são bastante criativas.
Muitas pessoas estão empenhadas no cuidado com o Projeto e contribuem bastante, entre elas, três
mulheres do bairro. Uma delas é avó de uma criança do Projeto e as outras duas não têm filhos lá.
Elas ajudam a fazer o lanche, participam da roda, contribuem com as discussões do grupo e com o
cuidado que se deve ter ao preparar a merenda.
A participação da comunidade, de um modo geral, é fraca. Ainda não foi possível realizar reuniões
com a participação de todos os pais.
Depois da última reunião, fomos às casas dos pais pra conversar sobre o Projeto. Perguntamos o
porquê da ausência e como poderiam participar de agora em diante. A visita foi importante porque
pudemos ouvi-los. A questão ainda é sobre o horário da reunião para facilitar a participação deles e
que precisamos adequar.
Não temos nenhum trabalho concreto com a escola. Há grande abertura da diretora da escola em
conversar com as educadoras sobre as crianças. O espaço da escola é aberto ao Projeto: buscamos
água para beber e fazer suco. A diretora e algumas professoras visitaram o Projeto para conhecê-lo e
conversar assuntos relacionados às crianças.
Do Programa de Saúde da Família (PSF), contamos com alguns funcionários para os mais diferentes
tipos de dificuldades que se nos aparecem.
Conversamos sobre as crianças e seus problemas, detectados junto às suas famílias. Discutimos
também alguns casos, providências e soluções para tornar o dia-a-dia e a vida das crianças mais
prazerosos.
• Índices Qualitativos
• Índices Quantitativos
10. SÍNTESE
As educadoras constataram que não existe receita pronta para os problemas, que cada um deles é
único e requer um tratamento específico.
A roda tornou-se uma prática entre as crianças em todas as ocasiões necessárias. É interessante
observar como elas ficam atentas aos comportamentos uns dos outros para provocar uma roda. Na
hora do dever, as dificuldades percebidas por outra pessoa são encaminhadas para a educadora, em
clima de harmonia.
• Poesia
O Mar
O mar é de Ana
_Íris, vamos ao mar
Vamos ver o que há
Vamos brincar com o mar
Vamos ver o mar brilhar
Ana Beatriz - 11 anos
Ajudante do Projeto
• Depoimentos
“Eu gosto dos jogos porque a gente aprende coisas que precisa na escola.”
José Carlos Fernandes da Silva
“Gostei muito, pois o Gleyson estava muito fraco no dever e ele ficou louco para vir para o Projeto.”
Mãe de Cleyson
1. INTRODUÇÃO
O Projeto Ser Criança, no bairro Bela Vista, é de responsabilidade da ONG Sopro de Vida que, a
partir deste ano, conta com o apoio da Prefeitura Municipal, cedendo quatro educadoras e uma
cozinheira, e do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD), responsável pela formação dos
educadores e metodologia.
O Projeto funciona em um espaço cedido pela igreja do bairro nos seguintes horários: 07:00 às
11:00h e 13:00 às 17:00h.
2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
• Roda
A primeira atividade do dia é a roda. Nela, crianças e educadoras sentam-se para conversar, cantar,
brincar e planejar as atividades diárias e dividir suas experiências. A roda também e feita para avaliar
o dia, com o objetivo de buscar melhorias, dividir as aprendizagens e solucionar alguns problemas.
Fazer roda não era um hábito para crianças e educadores, mas os mesmos não mostraram muita
resistência com a nova metodologia. Há algumas crianças que ainda estão resistentes, mas a maioria
já incorporou a roda no seu dia-a-dia.
Foram confeccionados os seguintes jogos: “Torre de Hanói”, “Abre a Carta” e “Centopéia”. Estes jogos
foram utilizados para estimular o raciocínio lógico, socialização, estabelecimento de regras e promover
a aprendizagem e a interpretação.
O jogo “Torre de Hanói” foi confeccionado por um grupo de 5 crianças. Elas trouxeram cinco caixetas
de tamanhos diferentes e as encaparam com pedaços de revistas, cada caixeta de uma cor. Depois
explicaram o jogo na roda grande. No início, todas tiveram dificuldades para compreender o jogo.
Agora, este jogo é a sensação do Projeto. Todas ficam ansiosas para conseguir mudar a torre de lado
com apenas 31 toques.
O jogo “Abre a Carta”, além de ser muito usado pelas crianças no Projeto, é emprestado para que
elas os levem para casa e brinquem com irmãos, vizinhos e pais.
Também foi utilizado o jogo “Batalha da Amizade” para promover uma discussão sobre amizade nos
grupos. Notou-se que a maioria das crianças tem dificuldade demonstrar amizade por seus colegas.
Na hora de abraçar, fazer um cafuné, dar um aperto de mão ou fazer um elogio, os gestos das
crianças eram “brutos”. A partir daí, começamos a demonstrar na roda quais eram as formas mais
carinhosas de se fazer estes gestos. No início, os adolescentes mostraram-se resistentes, mas depois
foram sendo conquistados pelas crianças menores.
Os brinquedos são um grande atrativo para crianças. Foram feitos carrinhos, biboquês, móblies para
decoração e rabo de cometa com o objetivo de promover felicidade, o trabalho em grupo, usar de
maneira racional a sucata e elevar a auto-estima das crianças.
Nas primeiras atividades houve muita confusão como: crianças que não queriam dividir o material,
não concordavam em fazer brinquedos para o Projeto, não queriam ajudar na limpeza e organização
do espaço, muito desperdício de sucata e brigas.
A avaliação das atividades foi muito importante para provocar uma mudança na maneira de agir
dessas crianças. Fazer a criança pensar por que aconteceram certas atitudes, contribuiu para a
formação de seu senso crítico, fazendo com que as mesmas apontassem onde deveriam mudar.
É o grande desafio do Projeto. Todas as crianças trazem o dever e a maioria delas apresentam várias
dificuldades quando vão fazê-lo, além de terem pouca assistência em casa. Com tudo isso, o dever
acaba tomando uma grande parte do tempo. A equipe propôs confeccionar jogos para ajudar as
crianças a sanarem suas dificuldades em matemática e português.
• Horta
No local onde o Projeto acontece havia uma horta. O grupo “Esperança”, após discutir sobre uma
feira de ciências que aconteceu na escola em que o Nycolas estuda, ficou responsável por recuperar a
horta. O grupo começou a contornar os canteiros com a planta Pingo de Ouro. A idéia do grupo é
plantar hortaliças para serem utilizadas na merenda e algumas plantas medicinais para se fazer
pomadas, xaropes, chás, bolos e etc.
• Almoço e lanche
A forma com que o almoço é servido é uma novidade. As crianças não tinham o hábito de se servirem.
Nos primeiros dias, isto causou um grande estranhamento nelas. Agora causa satisfação. Colocar a
comida no prato sem deixar cair na mesa, coordenar o almoço, ajudar na organização final são
motivos para se orgulharem.
Ainda tem que melhorar. Há desperdício de comida, crianças que não gostam de sentarem junto com
outras, brigas por causa de pratos e talheres diferentes. Estes assuntos são avaliados pelas crianças
que já sugeriram mudar os pratos e os talheres.
• Outras atividades
Algumas crianças e adolescentes são muito agressivas. Para combater esse fato de forma lúdica e
promover uma convivência harmoniosa, a equipe decidiu iniciar o clube de vídeo com o filme “Era do
Gelo”, promover brincadeiras, atividades esportivas, contação de histórias. As crianças mais
agressivas, no início, não mostram interesse em participar, mas logo se integram ao grupo e mostram
seu lado carinhoso.
A equipe do Projeto é formada por quatro educadoras. Cada educadora é responsável por um grupo
de 20 crianças.
Dois membros da diretoria da ONG Sopro de Vida acompanham a rotina administrativa (merenda,
material para as atividades, voluntários, etc) do Projeto.
Começar um trabalho que é “desconhecido” causa muita ansiedade. Este foi o sentimento das
educadoras na primeira semana de Projeto, e isso causou um pouco de insegurança no grupo.
O que contribuiu para que esta insegurança fosse superada e para que a equipe tivesse um bom
desempenho foi a boa relação inter-pessoal entre seus membros. Conversar sobre as dificuldades de
cada um é uma rotina na equipe. Essa conversa visa à busca de soluções para os problemas.
A equipe estabeleceu uma relação de amizade com as crianças e com os pais que visitaram o Projeto.
Os voluntários participaram do Projeto nas seguintes atividades: Oficina de Pintura em Tecido, Oficina
de Artesanato com Jornal; Capoeira e ajudaram a fazer o lanche. Até o momento participaram 12
voluntários.
O envolvimento com os voluntários precisa ser aumentado, pois os mesmos não têm conhecimento da
metodologia do Projeto e isso pode dificultar o trabalho junto à equipe de educadoras.
• Índices Qualitativos
• Índices Quantitativos
- Participação de 80 crianças;
- Uma lista de espera com 60 crianças;
- Boa freqüência
7. DIFICULDADES ENCONTRADAS
- Danificação da decoração por outras pessoas que utilizam o espaço do Projeto nos finais de
semana;
- Resistência de algumas crianças em aceitar a metodologia;
- Crianças agressivas;
- Falta de comunicação com alguns voluntários;
- Muito tempo gasto com o dever.
“Eu comecei muito ansiosa, pois tudo era desconhecido, era uma forma de trabalhar diferente, mas
agora já me sinto mais à vontade, pois cada dia aprendo um pouco com o meu grupo. Quero
desempenhar melhor a minha função aqui dentro do Projeto.”
Sandra - Educadora
Projeto Ser Criança - Bela Vista
“Não viemos ao mundo por acaso. Temos um lugar a ocupar, uma função a nossa espera. Por isso,
devemos nos dedicar para obtermos bons resultados. Na primeira semana foi muito difícil manter 20
adolescentes em um ambiente “aberto”. Hoje, vejo que posso contribuir para com estes adolescentes,
dando-lhes liberdade para que possam experimentar várias oportunidades e descubram suas
habilidades.”
Cinthia Dias dos Reis - Educadora do Grupo Esperança
Projeto Ser Criança - Bela Vista
“Em todo início existem dificuldades. Com o empenho da equipe em buscar soluções para as
dificuldades do Projeto e das crianças, tenho me sentido mais segura em tomar decisões importantes
para superação das dificuldades.”
Marlene - Educadora do Grupo Criança Feliz
Projeto Ser Criança - Bela Vista
“É muito importante levar a criança a descobrir não só seus erros, mas também suas habilidades.
Temos algumas crianças agressivas e dispersas. Pretendo trabalhar com elas a afetividade. Gosto
muito de participar do Projeto. Ele me faz ter mais interesse e disposição em trabalhar.”
Shirlene Soares Fernandes - Educadora Grupo Adolescentes da Paz
Projeto Ser Criança - Bela Vista
O trabalho está ganhando o seu ritmo. A cada dia as crianças demonstram as mudanças que
acontecem em seu dia-a-dia, a alegria de estarem no Projeto. A equipe se mostra empenhada em
resolver os problemas que aparecem e em trazer novidades para as crianças.
Para que possa ter um bom trabalho em equipe e que esse seja educativo para todos, a equipe de
educadoras precisa aproximar-se mais dos voluntários.
É muito importante, também, haver uma nova reunião entre o CPCD e a ONG Sopro de Vida para
que ambos tomem conhecimento das metodologias e não haja incoerência no trabalho conjunto.
Washington Alves - Educador
Objetivo: Apenas 5 peças compõem este jogo. É ótimo para desenvolver o raciocínio de alunos que, a
partir dos 7 anos, já têm capacidade para transportar a torre de Hanói de um ponto para outro, num
desafio que desperta o interesse até dos adultos.
Material: Providencie 5 quadrados de cores e tamanhos diferentes, que podem ser feitos utilizando
papelão.
Regra: Risque sobre a mesa 3 pontos paralelos, distantes 10 cm um do outro. O jogador deve montar
a torre sobre o ponto da esquerda. O objetivo é mudá-lo para o ponto da direita, mexendo uma peça
por vez e usando apenas os 3 pontos marcados. Nenhuma peça pode ficar sobre outra menor.
Enquanto uma criança joga, as demais marcam o tempo gasto para chegar ao objetivo. Ganha quem
mudar a torre de lugar mais depressa. É possível determinar o vencedor também calculando quem fez
menos movimentos para mudar a torre para o ponto da direita. São necessárias no mínimo 31
passagens .
O desafio incentiva a criança a vencer suas barreiras aprendendo noções de espaço, proporção e
tamanho.
“Eu não conseguia jogar, fui aprendendo, observando os outros e experimentando com paciência.
Este jogo não cansa a gente.”
Sandra – 11 anos
“É um jogo que estimulou muito o raciocínio das crianças e adolescentes, testando sua paciência e
força de vontade. A cada tentativa, o participante sente a necessidade de vencer o desafio que o
jogo impõe, e isso impulsiona a criança”.
Fonte: Jogo indicado pela Sra. Leda - Supervisora E. E. Boaventura Pereira Leite
Formam-se dois grupos. O campo é divido ao meio e cada grupo escolhe um lado. Um grupo fica de
frente para o outro com seus componentes lado a lado, com a mão esticada. Quem começa a
brincadeira sempre é o Brasil. Uma pessoa do Brasil vai até o campo da Alemanha e começa a bater
de leve na mão do componente da Alemanha. Quando o componente do Brasil bater na palma da
mão do componente da Alemanha, este terá que correr atrás do componente do Brasil. Se ele o pegar
antes do meio do campo, o componente do Brasil passará paro o grupo da Alemanha. Se não pegar,
ele passará para o grupo da Alemanha. A brincadeira continua com os grupo se alternando. Vencerá
quem conseguir buscar todos os componentes de um grupo