A Subordinação
A Subordinação
A Subordinação
Índice
1. A Subordinação
Introdução
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As línguas naturais dispõem de uma das propriedades mais interessantes, que é o facto
de poderem combinar frases com outras frases, de modo a obter unidades frásicas complexas.
Essencialmente existem dois processos de construção de frases complexas: a coordenação e a
subordinação.
As frases complexas formadas por coordenação, podem ser ligadas por dois tipos de
conectores, as pausas, representadas na escrita através de vírgulas, e conjunções
coordenativas.
O segundo processo de construção de frases complexas, a subordinação, caracteriza-se pelo
facto de a sua construção frásica ser essencialmente através de estruturas de encaixe, no qual a
subordinada é um constituinte, essencial ou acessório, de toda a frase superior.
1. A Subordinação
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A subordinação é um processo de construção de frases complexas, que se caracteriza pelo
facto de a sua construção frásica ser essencialmente através de estruturas de encaixe, ou seja
dependente de uma outra oração.
São orações subordinadas substantivas, as orações que, na frase superior, ocupam posições
destinadas a argumentos.
Assim, as subordinadas substantivas ora se encontram na posição reservada ao argumento
externo ( com a relação gramatical de sujeito), ora na posição reservada ao argumento interno
não preposicionado ( em que desempenham a função de complemento directo) ou ainda nas
posições reservadas a argumentos internos preposicionais (tendo neste caso, uma relação
gramatical de complemento oblíquo, ou de complemento indirecto).
Uma vez que são argumentos de verbos, nomes e adjectivos da frase superior (são seleccionadas
por itens lexicais da frase superior), estas frases subordinadas denominam-se completivas ou
integrantes.
Consoante a categoria sintáctica a que pertence o item que selecciona a completiva, assim
recebe a designação de completiva de verbo de nome ou de adjectivo.
Exemplos:
1. Ela sabe que me pode telefonar.
2. É verdade que ele não colaborou no trabalho.
3. A Maria sente-se orgulhosa por os seus alunos terem sido premiados.
Há ainda um subtipo de orações relativas que se qualificam como substantivas; são as relativas
sem antecedente expresso ou livres.
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Este tipo de relativas, muito frequentes em provérbios, ocorrem em posições típicas de
expressões nominais, quando são utilizadas as formas quem e o que.
Ocorrem em posições típicas de expressões preposicionais, quando ocorre a forma onde.
Exemplos:
4. Quem vai ao mar perde o lugar.
5. O João odeia o que o faz pensar.
6. Jantámos ontem onde vocês fizeram a festa de anos.
São orações subordinadas adjectivas aquelas que, na frase superior ocupam posições destinadas
a modificadores nomínais.
Assim, a subordinação adjectiva é um processo de formação de frases complexas em que a frase
encaixada ocupa posições típicas de adjectivos. As subordinadas com esta propriedade são as
relativas com antecedente expresso, são constituintes de um Sintágma Nominal (SN), e ocupam
nele posições típicas de adjectivos atributivos.
Ao caracterizar uma oração relativa com antecedente expresso, é necessário identificar a
expressão que fixa o valor referencial do pronome relativo e o seu antecedente.
Exemplo:
7. O rapaz simpático abriu a porta.
A oração relativa ocorre adjacente à direita do seu antecedente. Às orações relativas adjectivas,
que restringem a referência do seu antecedente, chamam-se relativas restritivas, uma vez que
funcionam como modificadores restritivos. Quanto à natureza do antecedente, este pode ser um
quantificador (como em 8); O modo verbal escolhido é o indicativo ou o conjuntivo.
Exemplos:
8. Os miudos que acabaram o trabalho estão a brincar no recreio.
9. Encontrei um escritor que não sabe Linguística.
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As orações relativas explicativas ou apositivas acrescentam ao antecedente uma qualidade
acessória e esclarecem melhor a sua significação, mas não são indispensáveis ao sentido
essencial da frase. Aparecem na escrita entre vírgulas.
Exemplo:
10. As laranjas, que eu comprei ontem , são muito doces.
São orações subordinadas adverbiais aquelas que, na formação de frases complexas, ocupam
posições típicas de expressões adverbiais. São normalmente introduzidas por uma conjunção
subordinativa adverbial.
Assim, as orações subordinadas adverbiais ocorrem geralmente à esquerda ou à direita da frase
superior. A Subordinada adverbial tanto pode preceder como seguir-se ao restante material da
frase superior, sem que tal facto origine agramaticalidade da frase complexa.
Exemplos:
11. Quando chegar a casa, tomo um duche frio.
12. Tomo um duche frio quando chegar a casa.
13. Se tiveres dúvidas sobre o trabalho, podes telefonar-me.
14. Podes telefonar-me Se tiveres dúvidas sobre o trabalho.
As subordinadas adverbiais são introduzidas por conjunções subordinativas, e podem ser finitas
(com o verbo no indicativo ou no conjuntivo) ou não finitas, se o verbo se encontra no infinitivo
(flexionado ou não flexionado), no gerúndio ou no particípio passado.
Exemplos:
15. Comprei uma casa embora tenha pouco dinheiro.
16. Para chegares a horas leva o carro.
17. Em terminando a aula vamos jantar.
18. Terminada a aula , fomos jantar.
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Há dois tipos de frases encaixadas tradicionalmente incluidas na subordinação adverbial, as
comparativas e as consecutivas.
As comparativas exprimem um termo de comparação, enquanto que as consecutivas exprimem
um efeito ou consequência do elevado grau de uma propriedade expressa na frase superior.
Exemplos:
19. Ele é tão simpático como eu esperava ( que fosse).
20. Às vezes é mais perigoso mentir (do) que dizer a verdade.
21. O João fala tanto que toda a gente fica farta.
22. Há tão poucos médicos nesse hospital que encerraram três serviços.
Contudo, estas orações não ocorrem em posições típicas de adverbiais, ou seja, não partilham
propriedades deste tipo de subordinadas – por exemplo, não podem preceder o restante material
da frase superior mantendo a mesma interpretação. Além disso, a ocorrência destes dois tipos de
subordinadas depende da presença de certos itens na frase superior , concretamente, de
expressões que exprimem o grau.
Exemplos:
23. Ele é tão simpático como eu esperava ( que fosse).
24. * Como eu esperava (que fosse) ele é tão simpático.
25. *Ele é simpático como eu esperava (que fosse).
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4. Identificação das conjunções subordinadas adverbiais do Português
ª Estas conjunções e locuções conjuncionais seleccionam indicativo com tempo passado e presente; seleccionam conjuntivo com
tempo futuro, que pode ser expresso quer pelo presente quer pelo futuro do conjuntivo.
Fonte da tabela:
Língua Portuguesa; Instrumentos de Análise; Inês Duarte. Cap. 4 pp 171. Universidade Aberta. 2000.
Conclusões:
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As orações Subordinadas denominam-se, Substantivas, Adjectivas e Adverbiais. Desempenham
funções comparáveis às exercidas por substantivos, adjectivos e advérbios. As Subordinadas
completivas são sempre seleccionadas por um item da frase superior.
As orações subordinadas adverbiais são normalmente introduzidas por uma conjunção
subordinativa adverbial. Tanto podem preceder como seguir-se ao restante material da frase
superior, sem que tal facto origine agramaticalidade da frase complexa.
As subordinadas adverbiais comparativas e consecutivas, não partilham propriedades típicas
deste tipo de subordinadas e apresentam propriedades que as aproximam das subordinadas
completivas.
Bibliografia:
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Gramática Moderna; Bechara Evanildo ; (Ed. 1983: pag 200 a 220).
Nova Gramática do Português Contemporâneo; Celso Cunha e Lindley Cintra; Edições João Sá
da Costa. Lisboa 1984. Cap.18, pp 596 a 612.
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