Manual Aluno SOLAR - RBCAS Abril2009 Cemig
Manual Aluno SOLAR - RBCAS Abril2009 Cemig
Manual Aluno SOLAR - RBCAS Abril2009 Cemig
AQUECIMENTO SOLAR
PROJETO SOLBRASIL
MDULO SOLAR
MANUAL DO ALUNO
MDULO - SOLAR
Autores e Colaboradores
Elizabeth Marques Duarte Pereira
Alexandre Salomo de Andrade
Lucio Cezar de Souza Mesquita
Carlos Felipe da Cunha Faria
Alexandre Marcial da Silva
Ana Maria Botelho
Dlcio Rodrigues
Felipe Augusto Tetzl Rocha
Julia Maria Garcia Rocha
Juliano Alex de Almeida
Leonardo Chamone Cardoso
Luciano Torres Pereira
Luiz Otvio Marques Duarte
Ricardo Jos da Silva Melo
Rudolf Ruebner
Silvia Sampaio Rocha
Agradecimentos
Agradecemos a todos aqueles que colaboraram para realizao deste projeto. Em
especial, agradecemos aos alunos, professores e equipe tcnica do GREEN Solar pelo
apoio constante e fundamental e FINEP pelo suporte financeiro.
MDULO - SOLAR
ndice
21
37
58
85
111
123
143
157
165
175
186
210
233
253
Capitulo 16 Anexos
287
1
NOES INICIAIS SOBRE O AQUECIMENTO SOLAR
MDULO - SOLAR
INTRODUO
Nesse capitulo pretendemos apresentar as aplicaes prticas da energia solar, descrever os
principais componentes de uma instalao de aquecimento solar e fixar os conceitos bsicos que
utilizaremos nos prximos captulos. A figura 1.1 apresenta, esquematicamente algumas
aplicaes da energia solar destacando o foco desse manual que o aquecimento de gua.
As aplicaes prticas da energia solar podem ser divididas em dois grandes grupos: energia
solar ativa e passiva. O uso da energia solar por meios passivos, com nfase Arquitetura Solar,
envolve, primariamente a seleo de materiais de construo e a definio de parmetros de
projeto que propiciem o melhor aproveitamento das condies locais de insolao e ventilao
para atingir os nveis de conforto e climatizao pretendidos.
Nos processos ativos de aproveitamento da energia solar, utilizam-se dispositivos que possam
convert-la diretamente em energia eltrica (painis fotovoltaicos) ou energia trmica (coletores
planos e concentradores).
A energia solar trmica possui uma ampla gama de aplicaes que abrangem processos de
aquecimento de gua, ar e refrigerao. Incluem-se, tambm, nesse caso, processos de mdia e
alta temperaturas que utilizam concentradores solares. A figura 1.2. apresenta os tipos de
coletores solares e respectivas temperaturas de operao.
MDULO - SOLAR
1.1.
Um sistema de aquecimento solar, mostrado esquematicamente na Figura 1.3, pode ser dividido
basicamente em trs sub-sistemas, discutidos a seguir.
MDULO - SOLAR
a. Captao: composto pelos coletores solares onde circula o fluido de trabalho a ser aquecido,
as tubulaes de interligao entre coletores e entre a bateria de coletores e o reservatrio
trmico e, no caso de instalaes maiores, a bomba hidrulica. No Brasil, o fluido de trabalho
normalmente utilizado a gua.
1.2.
MDULO - SOLAR
1.2.1 Porte
A definio do porte de uma instalao de aquecimento solar est intrinsecamente associada ao
volume dirio de gua a ser aquecida e as caractersticas da edificao onde o sistema ser
instalado. De maneira geral, quanto ao porte, pode-se classificar:
Tabela 1.1 Classificao de uma instalao de aquecimento solar conforme seu volume
Instalao
Volume Dirio de
Armazenamento
Tipo
Pequeno porte
Termossifo
Mdio porte
Circulao Forada
Grande porte
Circulao Forada
1.2.2 Circulao
a. Instalao Solar em Circulao Natural ou Termossifo
Atualmente, no Brasil, grande parte dos sistemas de aquecimento solar em funcionamento so
residenciais, de pequeno porte e operam por circulao natural (termossifo). Nesse caso, a
circulao da gua nos tubos de distribuio dos coletores promovida apenas pela diminuio
de sua densidade devido ao aquecimento da gua nos coletores solares, efeito conhecido como
termossifo.
O principio de funcionamento e as caractersticas desse tipo de sistema sero abordadas com
detalhes no capitulo 12.
b. Instalao Solar em Circulao Forada ou Bombeada
Neste caso, a circulao do fludo de trabalho atravs do circuito primrio da instalao
promovida pela ao de uma bomba hidrulica, sendo sua utilizao recomendada para
instalaes de mdio e grande porte ou quando os parmetros exigidos para a instalao em
termossifo no possam ser atendidos. A Figura 1.5 ilustra os componentes bsicos de uma
instalao bombeada.
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
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MDULO - SOLAR
b. Acoplado ou Compactos
Um sistema de aquecimento solar compacto ou acoplado caracteriza-se quando o coletor solar
e o reservatrio trmico se fundem em uma nica unidade, conforme mostrado na Figura 1.6. O
sistema acoplado opera em circulao natural e sua grande vantagem de reduzir eventuais
erros e minimizar custos de instalao.
Entretanto, deve-se destacar que, devido a grande rea de exposio de seus componentes e do
pequeno desnvel entre o ponto de sada da gua quente do coletor solar (retorno ao reservatrio)
e a base do reservatrio trmico constata-se uma reduo da eficincia trmica diria da
instalao solar. Estudos elaborados por Faiman et [2001] demonstram que a perda trmica nos
perodos noturnos pode atingir 30% de toda a energia armazenada ao longo do dia,
recomendando alguns dispositivos para minimiz-la. Cabe ressaltar que esta soluo tem-se
mostrado muito atraente para conjuntos habitacionais onde o volume de gua quente a ser
armazenado no excede 200 litros por dia e, tambm, para consumidores individuais em sistemas
de auto-instalao.
11
MDULO - SOLAR
c. Integrados
Em um sistema integrado o reservatrio e o coletor constituem a mesma pea. Assim como no
caso da Fig. 12.1, na maioria das vezes eles so formados por tubos pintados de preto e
colocados em uma caixa com isolamento trmico e uma cobertura transparente. O maior
problema dos sistemas integrados que boa parte da energia captada durante o dia perdida
noite. A figura 1.7 apresenta outros modelos de sistemas integrados, inclusive um modelo para
camping (direita).
Alm disso, sua grande massa trmica reduz riscos de congelamento que podem ocorrer em
algumas regies do pas.
12
MDULO - SOLAR
b. Indireta
Nos sistemas onde a troca de calor indireta, o fluido que circula pelos coletores no o mesmo
utilizado nos pontos de consumo da edificao. Esse tipo de instalao adotada em localidades
onde a temperatura ambiente pode trazer riscos de congelamento aos coletores, em processos
indstrias ou nas demais aplicaes onde no pode haver a mistura do fluido que circula pelos
coletores e o que ser consumido. A figura 1.8 apresenta esquematicamente este tipo de
instalao.
Figura 1.8. Representao esquemtica de um sistema de aquecimento solar operando em circuito indireto.
13
MDULO - SOLAR
Figura 1.11 Tipos de coletores planos, temperatura de operao e curvas caractersticas de eficincia
Adaptado de Solarserver
14
MDULO - SOLAR
Os coletores solares fechados so utilizados para fins sanitrios, atingindo temperaturas da ordem
de 70 a 80oC. Na Figura 1.13, so mostrados exemplos de coletores fechados, cujos
componentes sero discutidos em detalhes mais a frente.
Isolamento trmico: minimiza as perdas de calor para o meio. Fica em contato direto com a
caixa externa, revestindo-a. Os materiais isolantes mais utilizados na indstria nacional so: l de
vidro ou de rocha e espuma de poliuretano.
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
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MDULO - SOLAR
Tubos (flauta / calhas superior e inferior): tubos interconectados atravs dos quais o fluido
escoa no interior do coletor. Normalmente, a tubulao feita de cobre devido sua alta
condutividade trmica e resistncia corroso.
Placa absorvedora (aletas): responsvel pela absoro e transferncia da energia solar para
passagem da radiao solar e minimiza as perdas de calor por conveco e radiao para o meio
ambiente.
Para temperaturas mais elevadas, recomendam-se os coletores solares do tipo tubo evacuado,
mostrado na Figura 1.14. Este produto predominantemente fabricado por empresas chinesas ou
joint ventures sino-internacionais.
Os modelos mais eficientes utilizam tubos de calor (heat pipe) com zonas de evaporao e
condensao, exemplificadas na Figura 1.15. A parte (a) da figura mostra esquematicamente os
componentes bsicos do coletor de tubo evacuado, sendo a aleta, tubo de vidro e condensador
evidenciados nas partes (c) e (d). A parte (b) apresenta os detalhes desses elementos e fixao
de cada tubo calha coletora.
16
MDULO - SOLAR
(a)
(c)
(b)
(d)
Figura 1.15 Componentes dos Coletores Solares de Tubos Evacuados com tubos de calor
A partir desse ponto, o texto estar restrito s aplicaes do aquecimento solar para fins sanitrios
ou aquecimento de piscina. No primeiro caso, necessrio incluir na instalao um reservatrio
trmico para armazenar a gua quente e garantir seu uso a qualquer momento. No caso da
piscina aquecida, ela prpria o reservatrio trmico da instalao solar. Em ambos os casos,
so previstos aquecedores complementares, eltrico ou a gs, que so acionados em dias
chuvosos ou com baixa incidncia de radiao solar ou quando ocorrer aumentos eventuais de
consumo de gua quente.
17
MDULO - SOLAR
As partes constituintes do reservatrio trmico so mostradas na Figura 1.16. e podem ser assim
resumidas:
Corpo interno: fica em contato direto com a gua aquecida e, por isso, deve ser fabricado
com materiais resistentes corroso, tais como cobre e ao inoxidvel nos reservatrios
fechados. Nos reservatrios abertos, utiliza-se, tambm, o polipropileno.
Isolante trmico: minimiza as perdas de calor para o meio. colocado sobre a superfcie
18
MDULO - SOLAR
Proteo externa: tem a funo de proteger o isolante de intempries, tais como: umidade,
aquecimento que tem como objetivo complementar o aquecimento solar de modo a garantir o
fornecimento de gua quente, seja em perodos de baixa insolao ou mesmo quando ocorrer
consumo excessivo. Usualmente, o sistema de aquecimento auxiliar eltrico constitudo por uma
ou mais resistncias eltricas blindadas, colocadas no reservatrio trmico em contato com a
gua armazenada. O acionamento dessas resistncias pode ser controlado automaticamente por
meio de um termostato, ou manualmente, pelo prprio usurio.
alimentao de gua fria e aos demais componentes da instalao (coletores solares, sistemas de
aquecimento auxiliar e etc) .
19
2
MERCADO BRASILEIRO DE ENERGIA SOLAR
MDULO - SOLAR
APRESENTAAO E JUSTIFICATIVAS
O atual estgio de crescimento e desenvolvimento das naes exigindo uma crescente e muitas
vezes insustentvel explorao dos recursos naturais permite-nos criar e antever cenrios nos
quais o aquecimento solar venha a ser aproveitado em grande escala, principalmente no Brasil,
que tem condies de se tornar uma referncia mundial no aproveitamento do recurso solar.
O Brasil tem um enorme potencial de aproveitamento da energia solar: praticamente todas suas
regies recebem mais de 2200 horas de insolao com um potencial equivalente a 15 trilhes de
MWh, correspondente a 50 mil vezes o consumo nacional de eletricidade.
O mercado mundial de aquecedores solares comeou a crescer a partir da dcada de 70, mas
expandiu significativamente durante a dcada 90 e como resultado deste crescimento houve um
aumento substancial de aplicaes da tecnologia, da qualidade e confiabilidade e modelos de
produtos disponveis. Segundo relatrio publicado anualmente pela IEA - Agencia Internacional de
Energia, os principais pases utilizadores da tecnologia de aquecimento solar so destacados no
mapa da figura 2.1. So 41 pases ao todo que representam aproximadamente 57% da populao
global e cerca de 90 % do mercado de aquecimento solar mundial.
23
MDULO - SOLAR
So eles:
1 - rea coletora instalada acumulada dada em metros quadrados m2;
2 - rea coletora instalada acumulada per capita dada em metros quadrados por mil habitantes
m2/ 1.000 habitantes
3 - Potncia instalada acumulada de coletores solares dada em MW th
4 - Potncia instalada acumulada per capita dada em MW th por cem mil habitantes.
Os dois primeiros indicadores foram muito utilizados at o ano de 2004, mas diante da
necessidade crescente de comparar o aquecimento solar com outras fontes de energia em termos
de potncia, especialistas da IEA definiram uma fator de converso entre metros quadrados de
coletores solares e potncia nominal em MW th (potncia trmica).
1 m2 de coletor solar 0, 7 kWth
Dados do aquecimento solar no mercado mundial:
25,4 milhes de toneladas de CO2 evitadas (9,3 bilhes de litros de leo equivalente)
24
MDULO - SOLAR
As tabelas 2.1 e 2.2 e as figuras 2.2 e 2.3 mostram a participao de alguns dos principais atores
da tecnologia solar em todo o mundo.
Tabela 2.1- rea coletora instalada
Pas
rea Coletora
Instalada (m2)
China
Estados Unidos
Japo
Turquia
Alemanha
Israel
Australia
Grcia
ustria
Brasil
Taiwan
India
Frana
Africa do Sul
Chipre
Espanha
Canad
Mxico
Holanda
Sua
Italia
Dinamarca
Portugal
Suecia
Eslovenia
Nova Zelandia
Barbados
Belgica
62.000.000
28.398.544
7.726.000
7.280.000
6.476.000
4.790.000
4.749.000
2.994.200
2.769.072
2.266.000
1.425.700
1.000.000
792.062
756.030
734.000
700.433
679.626
642.644
583.000
550.620
460.000
328.900
274.300
243.735
101.751
86.990
74.601
74.249
Fonte: IEA- Solar Heat Worldwide Markets and Contribution to the Energy Supply 2004
25
MDULO - SOLAR
Figura 2.3 Grfico da potncia instalada per capita para cada 100 mil habitantes
Fonte: IEA- Solar Heat Worldwide Markets and Contribution to the Energy Supply 2004
No cenrio energtico brasileiro, torna-se cada vez mais evidente a necessidade de incentivo ao
uso de energias renovveis complementares atual gerao hidreltrica. Busca-se, dessa forma,
garantir nveis de fornecimento de energia eltrica necessrios ao crescimento populacional e
universalizao dos servios de energia, ao crescimento econmico e a gerao de novos postos
de trabalho, com menor impacto ambiental possvel.
A energia solar trmica para aquecimento de gua tem-se mostrado como soluo tcnica e
economicamente vivel para os problemas de reduo do consumo de energia eltrica no setor
residencial brasileiro e de modulao da curva de carga de nossas concessionrias de energia.
No caso do aquecimento solar de gua em substituio aos chuveiros eltricos, deve-se ressaltar,
ainda, que embora no ocorra gerao de energia, em seu sentido mais restrito, a retirada dos
aquecedores eltricos instantneos (chuveiros eltricos) e a correspondente reduo de sua
participao no horrio de pico de demanda das concessionrias de energia eltrica do pas, pode
ser interpretada como uma intensa e constante gerao virtual de energia eltrica.
26
MDULO - SOLAR
Finalmente vale lembrar que o Brasil se encontra em uma regio entre os trpicos e prximo a
linha do equador privilegiando-se dos elevados ndices solarimtricos que so determinantes para
o crescente aproveitamento do aquecimento solar.
Notadamente o aquecimento solar vem sendo implantado no Brasil desde meados da dcada de
70 e desta forma muitos coletores solares implantados j no esto mais em operao devido ao
envelhecimento e desta forma avaliou-se qual parcela da rea coletora acumulada estaria
efetivamente em operao no ano de 2005 chegando-se aos nmeros apresentados na tabela 2.3
que caracteriza o mercado brasileiro de aquecimento solar.
27
MDULO - SOLAR
2005
394.658
2.700.458
276
1.890
182.507.000
52.196.313
14,8
Potencia Instalada Per Capita- Metodologia IEA (MWth/ 100 mil hab)
1,04
Quando se comparam os indicadores apresentados pelo Brasil com os apresentados por outros
pases lideres e pioneiros na implantao sustentvel da tecnologia do aquecimento solar
evidencia-se o estagio de nosso mercado e o grande potencial a ser explorado.
Esta estruturao da indstria brasileira evidencia um dos aspectos socais positivos da tecnologia
solar advindos da modularidade de suas aplicaes, da descentralizao de sua produo
gerando mais empregos por unidade de energia. A tabela 2.4 mostra o nmero de postos de
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MDULO - SOLAR
Fonte
Nuclear
PCHs
Gs Natural
Hidroeletricidade
Petrleo
Petroleo Offshore
Carvao
Lenha
Elica
lcool
Solar( Fotovoltaica)
Fonte: Goldemberg,J. Coelho, S.T; Nastari, P.M.; Lucon,O. Ethanol learning curve- the Brazillian experience
Administrao
8
Fabricao
Comercial
12
15
Instalao e
Manuteno
20
29
MDULO - SOLAR
O uso de aquecedores solares pode contribuir para a reduo da emisso de CO2 por parte do
setor eltrico brasileiro. Uma anlise do ciclo de vida de quatro diferentes alternativas para o
aquecimento de gua para residncias no pais - chuveiros eltricos, aquecedores de passagem a
gs natural, aquecedores de passagem a GLP e aquecedores solares mostrou que os
aquecedores solares emitem menos de 60% do CO2 e de CH4 emitidos pelos chuveiros. Neste
contexto, recursos adicionais obtidos por meio de pagamentos de servios ambientais da
tecnologia seriam uma importante ferramenta na promoo de aquecedores solares no pas. A
rea coletora instalada em 2005 no Brasil garante a reduo da emisso de mais de mais de
850.000 toneladas de CO2 na atmosfera.
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
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MDULO - SOLAR
Terciario
14%
Industrial
1%
Residencial
85%
No setor tercirio o aquecimento solar vem sendo utilizado principalmente para aquecimento de
gua no setor hoteleiro e hospitalar e para o aquecimento de piscinas. No setor industrial seu uso
ainda restrito para o aquecimento de gua para uso em vestirios e cozinhas industriais mas
estudos apontam para uma ampla gama de utilizao da tecnologia na gerao de calor de
processos industriais e diante de um contexto indefinido quanto ao uso e produo do gs natural
o aquecimento solar torna-se ainda mais competitivo neste setor.
Desde o racionamento de energia eltrica de junho de 2001, esto sendo feitas vrias previses,
algumas otimistas e outras bastante sombrias, sobre o cenrio energtico brasileiro: prazos e
custos relativos construo de novas hidreltricas e termeltricas a gs natural e aumento de
tarifas para compensao dos novos custos operacionais ou de perda de receita das
concessionrias de energia eltrica.
O aquecimento de gua em chuveiros eltricos no setor est presente em cerca de 51% das
residncias brasileiras de acordo com o PNAD- (Pesquisa Nacional por Amostragem de
Domiclios). Nas regies Sul e Sudeste seu uso atinge, praticamente, a totalidade das residncias.
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
31
MDULO - SOLAR
Os dados de posse dos equipamentos eltricos indicam que o chuveiro eltrico nos domiclios das
Regies Centro-Oeste, Sudeste e Sul tinha presena acima dos 85%, nas Regies Norte e
Nordeste s cerca de 8 e 15% dos domiclios possuam o equipamento,respectivamente.
Neste ponto, deve-se ressaltar que o aquecimento solar de gua em substituio ao chuveiro
eltrico no tem sido entendido por tcnicos e legisladores brasileiros como uma forma de gerao
de energia, mas apenas como uma medida eficiente de conservao e uso racional de energia.
A anlise do problema enfrentado nos ltimos anos pelo sistema eltrico interligado das Regies
Sul, Sudeste e Centro-Oeste do pas, para atender demanda de potncia eltrica no horrio de
ponta, evidenciou a contribuio do chuveiro eltrico para a formao da ponta na curva de carga,
como mostra a figura 2.9. Apesar de apresentarem um consumo relativamente baixo no perodo de
24 horas, os chuveiros eltricos contribuem muito para o consumo no horrio de ponta e
consequentemente o aumento da demanda mxima instantnea de potencia. Estudos realizados
em vrias concessionrias de energia eltrica do pas tm atribudo ao chuveiro eltrico e ao nosso
hbito de banho dirio, normalmente em horrio concentrado ao final do dia, a participao de 20 a
50% no aumento acentuado de potncia eltrica requerida entre 17 e 21 horas.
32
MDULO - SOLAR
2005
82.255
51%
26.620.119
10.382
830
26,8%
Analisando dados do setor eltrico observa-se que o setor residencial responsvel por 25,2 %
do consumo total de energia eltrica no Brasil e que o aquecimento de gua representa 26,8%
deste consumo. O sistema Interligado Nacional registrou em 7 de Abril de 2005 um recorde para a
demanda mxima instantnea de energia eltrica no valor de 60.918 MW o que significa que o
aquecimento de gua atravs do chuveiro eltrico pode representar pouco mais de 12%
(10.382MW / 60.918MW) da demanda mxima instantnea de energia eltrica no Brasil.
2005
85%
2.295.390
4,0
573.847
581
3.900
10%
224
333,2
33
MDULO - SOLAR
Como pode ser observado o aquecimento solar j atende mais de 570 mil residncias em todo o
Brasil e contribui para a reduo de 224 MW de potncia no horrio de ponta do setor eltrico
nacional. Observa-se tambm que sua utilizao permitiu uma economia de energia eltrica de
mais de 330 GWh no ano de 2005. Observa-se na tabela 2.7 que o aquecimento solar possui uma
pequena penetrao nas habitaes brasileiras de apenas 1,1%, nmero inexpressivo quando
comparamos, por exemplo, a Israel, onde mais de 80% das residncias possuem aquecedores
solares.
Tabela 2.7 Penetrao do aquecimento solar no setor residencial
Penetraao do aquecimento solar no setor residencial
2.005
182.507.000
52.196.313
573.847
1,10%
34
MDULO - SOLAR
2005
1.161.757
2.323.514
2,0
1.161.757
Economia de energia prevista por ano por domiclio com F-Chart 70%
(kWh/ ano)
632
21,06
3.900
10%
453
734,0
2005
6.600.000
13.200.000
2,0
6.600.000
Economia de energia prevista por ano por domiclio com F-Chart 70%
(kWh/ ano)
Aumento de renda mensal por domicio R$
632
21,06
3.900
10%
2.574
4.169,9
Observa-se analisando as tabelas 2.8 e 2.9, que a utilizao do aquecimento solar em habitaes
de interesse social, nas quais a penetrao do chuveiro eltrico de 100%, teria um grande
impacto do ponto de vista social gerando uma grande economia de energia e de dinheiro (varivel
de acordo com os valores praticados por cada concessionria) bem como traria um grande
beneficio para o setor eltrico pois representaria o deslocamento de no mnimo 2600 MW de
demanda de potncia no horrio de ponta do setor e geraria uma economia de 4,2 TWh por ano.
35
MDULO - SOLAR
a - para os moradores
Reduo de inadimplncia;
Em estudo feito pela CEMIG, concluiu-se que com a implantao do aquecimento solar, 1
transformador que atendia a 25 casas passou a atender a 55 casas com a substituio do chuveiro
eltrico pelo aquecimento solar;
c - para o governo
energtica nacional e com o desenvolvimento econmico das populaes atingidas pela tecnologia
solar;
se deslocar recursos para outras reas prioritrias como a prpria poltica habitacional brasileira.
36
3
CASOS DE SUCESSO E BENEFICIOS
BENEFICIOS AMBIENTAIS E SOCIAIS
MDULO - SOLAR
INTRODUO
Em 2005, o Brasil totalizou cerca de 3 milhes de metros quadrados de rea instalada de
coletores solares. De acordo com critrios lineares de dimensionamento, adotados pela grande
maioria das empresas, e que se espera sejam abandonados aps a leitura desse texto, estima-se
1m2 para cada usurio final. Dessa forma, a penetrao dos aquecedores solares no Brasil atinge
apenas 1,6% da populao. Valor este extremamente inexpressivo para um pas com a dimenso
territorial e os nveis de irradiao solar do Brasil. ustria e Grcia atendem a 12 e 22% da
populao com aquecimento solar para fins sanitrios, respectivamente.
Para avaliao do impacto positivo para o setor eltrico nacional esperado a partir da implantao
de polticas de governo de incentivo ao uso do aquecedor solar em substituio ao chuveiro
eltrico, foram propostos alguns ndices-base, a saber:
Dessa forma, a energia mdia gerada pelos coletores instalados no pas de 2585 GWh/ano, com
correspondente deslocamento de demanda de energia no horrio do pico da ordem de 544 MW.
Este valor corresponde a 27% da potncia gerada nas usinas trmicas nucleares e 4,4% da
capacidade instalada em trmicas convencionais na matriz energtica brasileira.
Tais nmeros podem ser confrontados com aqueles propostos pela European Solar Thermal
Industry Federation (ESTIF) e o programa para o Aquecimento e Arrefecimento Solar da Agncia
Internacional de Energia (IEA SHC) que expressaram, pela primeira vez em 2004, a contribuio
do aquecimento no mais em funo da rea instalada, mas em termos da potncia gerada. O
fator de converso recomendado de 0,70 kWth para cada metro quadrado de rea de coletores
solares.
Ole Pilgaard, presidente da ESTIF, declarou nessa oportunidade que agora, a capacidade do
solar trmico pode e deve aparecer em todas as estatsticas, lado a lado com as capacidades das
outras fontes de energia renovvel e as pessoas compreendero que a nossa tecnologia pode
contribuir tremendamente na reduo da emisso de gases causadores do efeito de estufa,
permitindo ainda um fornecimento global de energia mais sustentvel.
39
MDULO - SOLAR
De acordo com esse ndice, os aquecedores solares instalados no Brasil gerariam uma potncia
equivalente a 2100 MW th, Este valor cerca de 19% inferior ao obtido na simulao feita para o
caso brasileiro, que forneceu 0,86 kW th/ m2. Uma justificativa para tal discrepncia pode estar
associada aos menores nveis de irradiao solar na Europa. Entretanto, o valor europeu tem sido
adotado tambm em vrios estudos e projees para o Brasil, tornandoos bastante conservativos
e seguros.
Quanto gerao de empregos diretos, a ESTIF estabelece para a Comunidade Europia que a
gerao de 1000 GWh com aquecedores solares geraria 3960 empregos contra apenas 72
empregos da gerao nuclear. No caso brasileiro, a produo anual de 2585GWh garantiria, ento,
10237 empregos. Entretanto, estudos realizados pela ABRAVA [2002], demonstram que a
produo, comercializao e instalao de 400.000m2 por ano de aquecedores solares garantem
cerca de 12.000 empregos descentralizados nas diferentes reas de atuao envolvidas como,
engenharia, manufatura, projeto, instalao e manuteno. Constata-se que o nmero declarado
pela ABRAVA cerca de 17% superior ao definido para a CE, sendo que o menor nvel de
automatizao da indstria brasileira poderia justificar tal discrepncia.
Alm dessa contribuio matriz energtica e gerao de empregos, deve-se destacar que
polticas de incentivo ao aquecimento solar NO exigiriam investimentos diretos do governo.
Entretanto, torna-se imprescindvel a criao de modelos de sustentabilidade para atendimento s
habitaes de interesse social, formao descentralizada de recursos humanos, legislao
apropriada, linhas de financiamento, desenvolvimento e adoo de rotinas padronizadas de
dimensionamento para aplicaes especficas, caderno de recomendaes para recebimento de
obras, acompanhamento da operao e manuteno, dentre outras.
A seguir, sero discutidos alguns casos de sucesso do uso do aquecimento solar no Brasil.
40
MDULO - SOLAR
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
1980 1994 1995 1996 2000 2003 2004 2005 2006
ano
Figura 3.1 - Evoluo temporal da instalao de aquecedores solares em habitaes de interesse social
Esse nmero bastante modesto se comparado ao dficit habitacional brasileiro, estimado pelo
IPEA [2005] em 6 milhes de residncias, e com grande concentrao na populao de baixa
renda. Entretanto, constata-se um crescimento significativo nos ltimos 2 anos que pode ser
explicado principalmente pela iniciativa de concessionrias de energia eltrica para atendimento
aos nveis de investimento, exigidos pela ANEEL, em programas de eficincia energtica e
gerenciamento pelo lado da demanda de energia.
O grfico da Figura 3.2 mostra como o aquecimento solar para a populao de baixa renda se
distribui nos diversos estados brasileiros, evidenciando o importante papel da CELG, LIGHT e
CEMIG nesse processo.
2,3% PR SP
GO
3,2%
35,7%
RJ
0,7%
36,4%
21,7%
SC
MG
41
MDULO - SOLAR
(a) Tecnologia 1
(b) Tecnologia 2
A Figura 3.4 mostra a diferena de consumo e do valor da conta de energia eltrica para duas
famlias com o mesmo nmero de pessoas, eletrodomsticos e hbitos de consumo similares.
42
MDULO - SOLAR
No caso de Contagem, foi tambm avaliado o grau de adaptabilidade dos moradores e nvel de
satisfao frente s tecnologias solares adotadas e mostradas na figura 3.3. Os resultados
indicam que 93% da populao consideram o aquecimento solar muito bom e bom.
Entretanto, o elevado nvel de venda dos aquecedores solares da Tecnologia 2, justificado pelas
famlias como devido a urgncias financeiras, sugerem a necessidade de criao de programas
de atendimento continuado ps-venda para os conjuntos habitacionais alm da adequada
integrao do aquecedor solar na moradia.
Apesar dos esforos para atendimento populao de baixa renda com aquecedores solares
realizados nos ltimos anos, pode-se afirmar que uma frao expressiva da rea total de coletores
instalados em residncias e edifcios est ainda restrita s classes sociais A e B. A cidade de Belo
Horizonte constitui-se, nesse sentido, como um caso internacional, possuindo mais de 1000
prdios com sistemas de aquecimento solar central. A foto area de um bairro de luxo da Capital
mineira, mostrada na Figura 3.5, ilustra a grande penetrao do aquecimento solar neste
segmento de mercado.
43
MDULO - SOLAR
Dentre as principais aplicaes do aquecimento solar central, destaca-se sua utilizao no setor
hospitalar, conhecidos como hospitais solares. Infelizmente, a grande maioria dos hospitais ainda
utiliza energia eltrica ou combustvel fssil, como leo, GLP ou gs natural, na produo de gua
quente para fins sanitrios. A introduo de sistemas de aquecimento solar em hospitais traz
grandes benefcios, como:
Dentre as obras de aquecimento solar no setor de sade, destaca-se o LIFE CENTER em Belo
Horizonte, com capacidade instalada para atender 15.000 pessoas por ms, em 90 apartamentos
e 236 consultrios. Para aquecer 18.000 litros de gua por dia, foi desenvolvido um sistema
hbrido de aquecimento solar, mostrado na Figura 3.7, e reaproveitamento da energia liberada pelo
ar condicionado do Centro Clnico. O GLP utilizado como fonte
44
MDULO - SOLAR
Alm de Hospitais e Clnicas, essa tecnologia, tambm vem sendo aplicada para atender Hotis e
Pousadas com excelentes resultados de economia para os administradores da unidade hoteleira e
conforto para os hspedes. Nesse sentido, a cidade de Porto Seguro se destaca com mais de 250
hotis e pousadas solares. Alguns exemplos so mostrados na Figura 3.8.
Hotel Shalimar
45
MDULO - SOLAR
A humanidade enfrenta atualmente o que talvez seja o maior desafio de sua histria: como
estabilizar o clima da Terra que est evoluindo para alteraes perigosas em funo das
alteraes qumicas provocadas na atmosfera do planeta pelas emisses de gases-estufa
gerados na sua atividade econmica?
Este aumento na temperatura mdia do planeta j vem causando efeitos nocivos sobre o clima do
planeta, como o aumento do nmero e da fora de furaces, diminuio das geleiras das grandes
cadeias de montanhas, maior incidncia de secas e enchentes, entre outros. A figura 3.9 a seguir
ilustra o derretimento acelerado da calota polar em torno do plo norte; na figura v-se claramente
a diminuio da cobertura de gelo do mar rtico entre os anos de 1979 e 2003.
46
MDULO - SOLAR
25000
20000
15000
10000
5000
eo
r
l
pe
t
m
in
er
al
ca
rv
o
na
tu
ra
l
g
s
s
se
is
to
ta
lf
at
am
en
to
de
sm
milhes de toneladas de CO 2
47
MDULO - SOLAR
Quadro 3.1 - Fontes, caractersticas e efeitos dos principais poluentes na atmosfera
Fonte: Relatrio de Qualidade do Ar no Estado de So Paulo 2004, Companhia de Tecnologia de Saneamento
Ambiental (CETESB), 2005
EFEEITOS GERAIS
FONTES
EFEITOS GERAIS
POLUENTE
CARACTERSTICAS
SOBRE O MEIO
PRINCIPAIS
SOBRE A SADE
AMBIENTE
Partculas
Partculas de material
Processos industriais, Quanto menor o
Danos vegetao,
totais em
slido ou lquido
exausto de motores,
tamanho da partcula,
deteriorao da
suspenso
suspensas no ar na
poeira ressuspensa,
maior o efeito sobre a
visibilidade e
(PTS)
forma de poeira,
queima de biomassa
sade. Causam efeitos
contaminao do solo.
neblina, aerossol,
e, tambm, fontes
significativos em
fumaa, fuligem etc
naturais como plem,
pessoas com doena
menores que 100
aerossol marinho e
pulmonar como asma e
micra.
solo.
bronquite.
Partculas
Partculas de material
Processos de
Aumento de
Danos vegetao,
deteriorao da
inalveis
slido ou lquido
combusto (industriais atendimentos
e veiculares) e
hospitalares e mortes
visibilidade e
(MP10) e
suspensas no ar na
fumaa
forma de poeira,
aerossol secundrio
prematuras.
contaminao do solo.
(formado na
neblina, aerossol,
fumaa, fuligem etc
atmosfera).
menores que 10
micra.
Pode levar formao
Queima de
Desconforto na
Dixido de
Gs incolor de forte
de chuva cida, causar
odor, semelhante ao
combustveis, refinaria respirao, doenas
enxofre
de petrleo, veculos
respiratrias,
corroso aos materiais
(SO2)
gs produzido na
e danos vegetao
agravamento de
a diesel, indstria de
queima de palitos de
papel e celulose.
doenas respiratrias e em folhas e colheitas.
fsforos. Pode ser
cardiovasculares j
transformado em SO3,
existentes. Pessoas
que na presena de
com asma, doenas
vapor de gua, passa
crnicas de corao e
rapidamente ao cido
pulmo so mais
H2SO4. um
suscetveis ao SO2.
importante precursor
dos sulfatos, um dos
principais
componentes das
partculas inalveis,
Combusto em
Aumento da
Pode levar formao
Dixido de
Gs marrom
motores e processos
sensibilidade asma e
de chuva cida, danos
nitrognio
avermelhado, com
industriais, usinas
bronquite, diminuio
vegetao e colheita.
(NO2)
odor forte e irritante.
de resistncia
Pode levar formao trmicas que utilizam
leo ou gs e
infeces respiratrias.
de cido ntrico,
incineradores.
nitratos (que
aumentam as
partculas inalveis na
atmosfera) e
compostos orgnicos
txicos.
Monxido
Gs incolor, inodoro e
Combusto
Altos nveis de CO
de carbono
inspido.
incompleta.
esto associados a
(CO)
prejuzos nos reflexos,
na capacidade de
estimar intervalos de
tempo, no aprendizado
e na viso.
Oznio (O3) Gs incolor, inodoro
No emitido
Irritao dos olhos e
Danos colheita,
nas concentraes
diretamente
vias respiratrias,
vegetao nativa, a
ambientais. Principal
atmosfera.
diminuio da
plantaes agrcolas e a
componente do
produzido por reaes capacidade pulmonar.
plantas ornamentais.
smog, a nevoa
fotoqumicas na
Exposies a altas
fotoqumica.
atmosfera a partir dos concentraes podem
xidos de nitrognio e levar a sensao de
dos compostos
aperto no peito, tosse e
orgnicos volteis.
chiado na respirao. O
O3 tem sido associado
ao aumento de
internaes
hospitalares.
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
48
MDULO - SOLAR
O Brasil se insere de forma diferenciada no quadro das emisses de gases estufa que provocam
as mudanas climticas. De forma inversa mdia global, o pas emite gases estufa
principalmente devido ao desmatamento, principalmente da Amaznia. O inventrio oficial
brasileiro de emisso de gases estufa publicado em 2004 pelo Ministrio de Cincia e Tecnologia,
mostra que cerca de 73% das emisses brasileiras destes gases so provenientes de
desmatamento, 25% da queima de combustveis fsseis e o restante de outras fontes,
principalmente da atividade pecuria. Por conta do desmatamento, o Brasil mesmo no sendo um
pas desenvolvido, oficialmente o 6 maior emissor mundial de gases estufa, sendo que alguns
pesquisadores o colocam entre a 3 e a 4 posio neste ranking, dado o aumento das taxas de
desmatamento da Amaznia ocorrido de 1994, ano base do inventrio oficial brasileiro de gases
estufa, at 2004.
Biomassa
29,1%
Hidroeletricidade
14,5%
Urnio
1,5%
Carvo
6,5%
Gs Natural
8,7%
Petrleo e derivados
39,7%
49
MDULO - SOLAR
Apesar de sua matriz energtica relativamente limpa, o Brasil sofre com impactos ambientais e
sociais da gerao de energia e tem como contribuir nesta rea para o esforo global de mitigao
das mudanas climticas.
Por conta dos problemas acima descritos, a expanso da hidroeletricidade no Brasil hoje encontra
diversos problemas que vo das dificuldades de licenciamento a uma enxurrada de processos
judiciais que tm dificultado grandemente a implantao de novas usinas.
Numa escala menor, mas ainda importante, eletricidade e calor tm sido gerados por meio de
queima de combustveis fsseis no pas tanto em termeltricas conectadas rede quanto em
geradores isolados, caldeiras e fornos localizados em reas urbanas. Estes usos tambm
contribuem com a poluio local e so matria de preocupao ambiental por conta de, por um
lado, apresentarem tendncia de crescimento e, por outro, serem de difcil controle, dada sua
disperso geogrfica.
50
MDULO - SOLAR
51
MDULO - SOLAR
Figura 3.12 - Consumo de Energia Eltrica por uso final no setor residencial
Fonte: PROCEL-Eletrobrs
A infra-estrutura para aquecimento de gua na maioria das cidades baseada nos chuveiros
aquecedores eltricos instantneos, equipamento de baixo custo inicial, mas de grande consumo
de energia ao longo de sua vida til e que, por isto, impinge importantes demandas de capital para
o setor eltrico e altos custos ambientais e sociais. Estes equipamentos, alm de consumirem
cerca de 6% de toda a eletricidade produzida no pas, so responsveis por 18% do pico de
demanda do sistema eltrico, o que significa que o setor eltrico tem que se dimensionar,
construir usinas, linhas de transmisso e sistemas de distribuio para este pico.
Os aquecedores solares so uma alternativa excelente para prover a gua quente desejada nas
habitaes, no comrcio e nos servios, e tm muito a contribuir para a mitigao dos impactos
socioambientais do setor eltrico brasileiro. A tecnologia apresenta amplas vantagens ambientais,
econmicas e sociais: por substituir hidroeletricidade e combustveis fsseis, cada instalao de
aquecedores solares reduz de uma vez e para sempre o dano ambiental regional e local
associado s fontes de energia convencionais: no produz gases e materiais particulados que
contribuem para a poluio urbana, no requer rea alagada adicional para gerao de
eletricidade e no deixa lixo radiativo como uma herana perigosa para as geraes futuras.
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
52
MDULO - SOLAR
Como j discutido acima, os aquecedores solares contribuem com a mitigao das mudanas
climticas na medida em que no emitem gases estufa durante sua utilizao. Quando
aquecedores solares de gua so aplicados na suplementao ou na substituio de aquecedores
de gua convencionais, evitam a queima de grande parte do combustvel que seria usado nestes
sistemas e, conseqentemente, grande parte dos gases estufa que seriam emitidos.
Com base nestes fatores de emisso possvel calcular a quantidade de carbono no emitido
pela instalao de coletores solares em substituio ao uso de combustveis fsseis para o
aquecimento de gua.
53
MDULO - SOLAR
COMBUSTVEL
Gs natural
173,7
GLP
195,3
Querosene
222,5
leo combustvel
249,8
Carvo mineral
304,2
Coque
328,1
339,4
Os acordos internacionais que buscam mitigar as mudanas climticas, a Conveno Quadro das
Noes Unidas sobre Mudanas Climticas e seu Protocolo de Quioto, estabeleceram metas de
reduo das emisses de gases estufa para os pases industrializados e mecanismos que buscam
facilitar o cumprimento destas metas. Entre estes mecanismos, o MDL ou Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo, permite que pases industrializados que tm metas de reduo de
emisses de gases estufa estabelecidas comprem de pases emergentes certificados de reduo
de emisso emitidos por projetos de reduo de emisses implantados nestes pases, que no
tm obrigaes concretas de reduo de emisso. O MDL facilita aos pases industrializados o
cumprimento de suas metas, na medida que projetos em pases emergentes so mais baratos em
geral que aqueles nos pases industrializados, enquanto cria um fluxo de recursos financeiros para
os pases emergentes que devem ser empregados em projetos de desenvolvimento sustentvel.
Assim, o MDL oferece oportunidades de superao de barreiras difuso dos aquecedores
solares nestes pases, entre eles o Brasil.
54
MDULO - SOLAR
Pas
Barbados
Brasil
China
China
ndia
Mxico
Mxico
frica do Sul
Custo mdio
do sistema
solar (US$)
CER ganho
com CRE por
sistema solar
com US$5/t
1.797
840
261
326
350
1.995
1.500
844
165
46
41
34
75
89
119
72
Valor do CRE
(% do custo
do sistema
solar com
CO2 a
US$5/ton)
9%
5%
16%
10%
21%
4%
8%
9%
Os rendimentos da comercializao de CREs podem ajudar a lidar com vrias das barreiras
enfrentadas pela tecnologia de aquecedores solares de gua. Os CREs podem tornar os
equipamentos mais baratos para os consumidores e melhorar a viabilidade de projetos de
instalao e tambm de empresas solares. Arranjos financeiros que ataquem dificuldades ao
financiamento, tais como financiamentos de terceiras partes ou contratos de performance, podem
ter sua viabilidade facilitada com os recursos dos CREs servindo de alavanca para financiamentos
adicionais.
O quadro 3.5 abaixo apresenta o nmero de postos de trabalho criados por unidade de energia
gerada em diversas fontes de energia. Nitidamente pode-se observar que fontes que dependem
de grandes concentraes de capital e manejo de fontes fsseis geram quantidades de postos de
trabalho bastante inferiores quelas descentralizadas e renovveis. Enquanto a hidroeletricidade
pode gerar cerca de 250 postos de trabalho por TWh, a tecnologia solar fotovoltaica pode gerar de
entre 30 mil a 100 mil postos de trabalho para a mesma quantidade de energia. Apesar do caso
solar exemplificado no quadro 6 ser o fotovoltaico, estima-se que os aquecedores solares, pelas
suas caractersticas, gerem um nmero de postos de trabalho de magnitude assemelhada.
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
55
MDULO - SOLAR
Fonte de energia
Nuclear
PCHs
Gs natural
Hidroeletricidade
Petrleo
Petrleo offshore
Carvo
Lenha
Elica
lcool
Solar (fotovoltaica)
No mbito global os aquecedores solares podem contribuir para a reduo de conflitos por
controle das fontes fsseis de energia, principalmente do petrleo, ultimamente em todas as
manchetes devido aos conflitos do Afeganisto e do Iraque, alm das escaramuas polticas
protagonizadas pelas administraes Bush nos EUA e Chavez na Venezuela. A reduo da
demanda internacional por petrleo propiciada por tecnologias de conservao de energia e pelo
emprego de fontes alternativas ao petrleo e renovveis est na agenda do dia dos governos dos
pases grandes consumidores.
56
4
RECURSO SOLAR
MDULO - SOLAR
O clculo da energia solar incidente em cada cidade e nas condies especficas da obra que
receber o aquecedor solar imprescindvel na anlise de viabilidade tcnica e econmica de sua
implantao.
Tal anlise similar para qualquer combustvel, renovvel ou fssil. Por exemplo: se uma
indstria decide substituir a velha caldeira eltrica por um modelo mais recente a gs natural,
parece bvio que a primeira preocupao ser com a garantia de fornecimento do gs em sua
planta industrial. Se no existem gasodutos ou expectativa de extenso da rede para a regio,
essa proposta ser imediatamente descartada.
Felizmente no Brasil, o Sol bastante generoso e brilha durante o ano inteiro, na maior parte do
pas. Entretanto, a garantia de sua disponibilidade um ponto crtico para essa fonte energtica
intermitente, que alterna dias e noites, perodos ensolarados e chuvosos ou nublados. Alm disso,
bastante intuitivo que um projeto solar em So Paulo exigir uma rea de coletores superior ou
a especificao de modelos mais eficientes do que um projeto similar a ser instalado em Natal/
RN.
Este captulo foi dividido em trs partes. Na Parte1, apresentam-se os fundamentos da radiao
solar e sua caracterstica espectral que definitiva na seleo dos melhores materiais a serem
empregados na fabricao de coletores solares. Na Parte 2, discutida a geometria solar. O
movimento relativo Sol - Terra influencia sobremaneira a deciso sobre o melhor posicionamento
dos coletores na obra, caracterizado pelos ngulos de inclinao e orientao da instalao solar.
A Parte 3 trata dos modelos de estimativa da radiao solar para os ngulos da instalao
estudados na segunda parte.
Tais modelos so importantes desde que os dados de radiao solar, disponveis nos Atlas
Solarimtricos, referem-se apenas ao nmero mdio de horas de insolao em cada ms do ano
ou da radiao solar incidente no plano horizontal, tambm em mdia mensal. Entretanto,
conforme ser visto nesse captulo os coletores devem estar sempre inclinados em relao
horizontal e no dimensionamento de sistemas de aquecimento solar para finalidade banho e
piscina, muitas vezes so necessrias informaes sobre a radiao solar em mdias horrias,
por exemplo.
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
60
MDULO - SOLAR
Todos os corpos emitem radiao eletromagntica como conseqncia de sua energia interna que,
em condies de equilbrio, proporcional temperatura do corpo. Essa energia emitida ocorre em
uma ampla faixa de comprimentos de ondas que variam entre 10-10 e 104 m, mostrada na Figura
4.1. Os menores comprimentos de onda esto associados aos raios gama, raios X e a radiao
ultravioleta, enquanto as microondas possuem grandes comprimentos de onda. Valores
intermedirios de comprimento de onda (na faixa de 0,1 a 100 m) referem-se radiao trmica a
qual pode ser detectada como calor ou luz. Essa a radiao de interesse nesse texto.
A radiao solar emitida pelo Sol, uma forma de radiao trmica, se encontra na faixa de
comprimentos de onda entre 0,1 a 3,0 m, conhecida como banda solar. Do total dessa energia,
7% est na regio do ultravioleta, 46,8% no visvel e o restante na banda de infravermelho
prximo, conforme mostrado na Figura 3.2. A radiao emitida por corpos a 100 ou 1000oC, por
exemplo, ocorre na regio do infravermelho entre 07, e 1000m. A regio de comprimentos de
onda superiores a 3,0 m conhecida como a banda de emisso.
61
MDULO - SOLAR
A descrio da radiao solar tem por base sua natureza espectral e direcional, podendo ser
entendida
como
uma
distribuio
contnua
no-uniforme
de
vrios
componentes
O corpo negro uma superfcie ideal, utilizada como referncia para avaliao das propriedades
radiantes de superfcies reais. Um corpo negro possui as seguintes caractersticas:
Para entender tais caractersticas, o corpo negro pode ser representado por um volume finito com
cavidade interna e que possui uma pequena abertura por onde passa um raio com determinado
comprimento de onda. Constata-se facilmente que esse raio sofrer mltiplas reflexes na
cavidade, mas que a probabilidade de que ele encontre o pequeno orifcio para sada
praticamente nula. Portanto, o corpo negro um absorvedor ideal, pois absorve toda a radiao
incidente sobre ele, independente do comprimento de onda e dos ngulos de incidncia.
Em conseqncia, o corpo negro atingir a mxima temperatura de equilbrio quando comparado
aos corpos reais. E, assim, pode-se afirmar que nenhuma superfcie emitir mais energia do que
um corpo negro, sendo, portanto denominado emissor ideal. Como essa emisso ocorre
uniformemente em todas as direes, o corpo negro tambm conhecido como emissor difuso.
O Sol uma esfera de 695 000 km de raio e massa de 1,989 x 1030 kg, cuja distncia mdia da
Terra de 1,5x1011 metros. Sua composio qumica basicamente de hidrognio e hlio, nas
propores de 92,1 e 7,8%, respectivamente.
62
MDULO - SOLAR
A energia solar gerada no ncleo do Sol, atravs de reaes de fuso nuclear quando quatro
prtons de hidrognio se transformam em um tomo de hlio, sendo liberada grande quantidade
de energia, mostrada na Figura 4.3. Nesta regio, a temperatura do Sol chega a atingir 15 milhes
de graus Celsius.
Para determinao da temperatura efetiva do Sol, diferentes critrios podem ser adotados:
Critrio 1 - Energia radiante proveniente do Sol: equivale ao poder emissivo de um corpo negro a
uma temperatura de 5777K.
Critrio 2 - Comprimento de onda em que ocorre a mxima emisso de energia: o Sol pode ser
tratado como um corpo negro a 6300K.
Assim, para clculos simplificados de engenharia, comum adotar-se para a temperatura do Sol o
valor aproximado de 6000K.
4.1.3. Irradiao - G
A irradiao espectral (G) definida de modo anlogo ao poder emissivo espectral, considerandose agora a energia incidente sobre uma superfcie, ou seja, a taxa pela qual a radiao de
determinado comprimento de onda incide sobre uma superfcie, por unidade de rea da
superfcie e por unidade de intervalo d de comprimento de onda em torno de . Se este valor for
integrado para todos os comprimentos de onda e todas as direes, tem-se a irradiao total
hemisfrica (G).
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
63
MDULO - SOLAR
Aplicandose tal conceito radiao solar, define-se a constante solar (GSC) como a energia
incidente por unidade de tempo e rea, em uma superfcie instalada fora da atmosfera da Terra, de
modo a receber os raios solares com incidncia normal. Para uma distncia mdia entre a Terra e
o Sol, seu valor mais atual, recomendado por Duffie e Beckmann [1991], 1367 W/m2.
Essa constante corresponde a um valor mximo da irradiao solar, pois medida antes que
ocorra qualquer tipo de atenuao por nuvens, aerossis, poluio ou absoro pelos prprios
elementos constituintes da atmosfera terrestre. No entanto, ao atravessar a atmosfera terrestre,
condies climticas e locais introduzem modificaes na intensidade e espectro da radiao, alm
de alterar sua direo original, conforme exemplifica a Figura 4.4.
Assim, a irradiao solar incidente sobre os coletores solares, conforme Figura 4.5, decomposta
em duas componentes:
Radiao solar direta (GB): definida como a frao da irradiao solar que atravessa a
atmosfera, espalhada por aerossis, poeira, ou mesmo, refletida pelos elementos constituintes
dessa atmosfera. A parte da radiao que atinge o coletor proveniente da emisso e reflexo de
sua vizinhana, caracterizada pela vegetao e construes civis, tambm includa em sua
componente difusa, sendo comumente denominada albedo.
64
MDULO - SOLAR
Dessa forma, define-se a irradiao solar instantnea G incidente sobre o plano de interesse e
expressa em W/m2, como a soma de suas componentes na forma:
G = G B + GD
(4.1)
A Figura 4.6 mostra a curva real da radiao solar incidente em Belo Horizonte / MG no plano
horizontal, em um dia tpico de vero. Neste grfico, constata-se a ocorrncia de nuvens no
perodo da manh, responsveis por forte oscilao nos valores da radiao incidente, sendo o
perodo da tarde de cu praticamente limpo. So apresentados, ainda, os resultados da
integrao dos valores instantneos para o perodo de 14:00 s 15:00 horas e para todo o dia.
Neste texto, adota-se a mesma conveno utilizada por Duffie e Beckmann [1991], na qual G, I e H
representam valores instantneos da radiao solar e valores integrados em mdias horria e
diria, respectivamente. Valores da radiao solar em mdia mensal so identificados pela barra,
na forma
65
MDULO - SOLAR
66
MDULO - SOLAR
Soluo
I = 700 W/m2 x 1h = 700 Wh/m2.
1000W = 1kW
1h = 3600 s
Portanto
I = 0,700 kWh/m2
1 W= 1 J/s
O melhor aproveitamento do recurso solar um dos requisitos para garantir o bom funcionamento
da instalao, menor investimento na implantao do sistema, alm de uma maior economia ao
final do ms. A instalao correta e otimizada de uma bateria de coletores solares exige uma
definio prvia das inclinaes e orientaes mais adequadas, as quais variam em funo da
posio geogrfica da localidade em estudo e do perfil de consumo de gua quente.
Como ser discutido a seguir, o correto posicionamento dos coletores solares visa promover:
67
MDULO - SOLAR
Longitude geogrfica (L) o ngulo medido ao longo do Equador da Terra, tendo origem no
meridiano de Greenwich (referncia) e extremidade no meridiano local, conforme Figura 4.7. Na
Conferncia Internacional Meridiana foi definida sua variao de 0o a 180o (oeste de Greenwich) e
de 0o a 180o (leste de Greenwich). A Longitude muito importante da determinao dos fusos
horrios e da hora solar, discutida a seguir.
68
MDULO - SOLAR
Altitude (Z) equivale distncia vertical medida entre o ponto de interesse e o nvel mdio do
mar. Por exemplo, as estaes climatolgicas de Belo Horizonte e Salvador esto a 850 e 4
metros acima do nvel do mar, respectivamente.
Os movimentos da Terra, mostrados na figura 4.9 podem ser sucintamente descritos como:
horas;
Movimento de translao em torno do Sol, em uma rbita elptica cujo perodo orbital de
365,256 dias.
69
MDULO - SOLAR
O ngulo formado entre a vertical ao plano da rbita e o eixo Norte Sul, mostrado na figura 4.9a
de 23 graus e 27 minutos, ou seja, 23,45. Define-se assim, regies e pocas do ano com maior
nvel de incidncia da radiao solar. No caso especfico do Hemisfrio Sul, os solstcios e
equincios so aproximadamente :
A declinao solar definida como a posio angular ao meio-dia solar em relao ao plano do
Equador, conforme mostrado na Figura 4.9a. Pode ser entendida como uma medida anloga
latitude geogrfica no sistema de coordenadas equatoriais.
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
70
MDULO - SOLAR
Assim, conclui-se que = 0 em qualquer ponto sobre o equador celeste. Va lores negativos
correspondem a pontos do hemisfrio Sul e positivos ao hemisfrio Norte. A declinao solar pode
ser obtida pela equao de Cooper na forma:
284 + d
= 23,45 o sen 2
365
(4.2)
radianos.
(a) Definio
71
MDULO - SOLAR
b)
Soluo
a) O valor do parmetro d para o dia 16/02 d = 31+16 = 47
Substituindo-o na equao 4.6 tem-se que = - 13. Portanto, o Sol encontra-se no Hemisfrio
Sul sobre a cidade de Salvador
b) Neste caso, o valor do seno na equao 4.2 deve ser igual a 1, ou seja, o ngulo igual a
270o. Resolvendo-se a equao obtm-se d = -10, correspondente ao dia 21/12, prximo ao
Solstcio de Vero no Hemisfrio Sul.
Os ngulos da instalao solar esto associados inclinao e orientao dos coletores solares.
Este ltimo conhecido como ngulo azimutal de superfcie.
ngulo de inclinao do coletor (): o ngulo formado pelo plano inclinado do coletor solar e o
plano horizontal, conforme apresentado na Figura 4.12.
Profissionais das reas da Engenharia Civil e Arquitetura comumente expressam a inclinao dos
telhados em porcentagem, conhecida como declividade. Como os clculos envolvidos na
Geometria Solar exigem que a inclinao esteja expressa em graus ou radianos, necessrio
cuidado especial para se evitar erros na comunicao dessa informao.
72
MDULO - SOLAR
Soluo:
A declividade informada significa que para um deslocamento de 100 cm na horizontal, o ponto de
contato com telhado sobe o correspondente a 30 cm. De acordo com os conceitos da
Trigonometria, constata-se que a altura de 30 cm corresponde ao cateto oposto ao ngulo de
inclinao do telhado () e o deslocamento horizontal de 100cm ao cateto adjacente.
Portanto, pode-se escrever que: a declividade de 30% equivalente a um ngulo de 16,7o.
atan = cateto oposto / cateto adjacente
atan = 30/100
= 16,7
Declividade Inclinao
(%)
( )
Declividade Inclinao
(%)
( )
40
22
10
45
24
15
50
27
20
11
55
29
25
14
60
31
30
17
65
33
35
19
70
35
73
MDULO - SOLAR
<0
A importncia desse ngulo ficar evidenciada em todos os clculos do Projeto Solar. Veja alguns
exemplos discutidos a seguir.
74
MDULO - SOLAR
3
2
1
Soluo:
Casas 1, 2 e 4 Voltados para o Norte Geogrfico. Sabe-se que o Sol nasce leste e se pe
oeste e como o ngulo azimutal para ambas as casas est em torno de 180, significa que os
coletores solares enxergam o Sol praticamente durante todo o dia.
Comentrios:Tal cuidado na orientao dos coletores no ser suficiente para garantir um bom
funcionamento da instalao solar. A foto foi tirada s 10 horas da manh e veja como os
coletores da casa 2 ainda esto sombreados pelo muro e casa vizinha.
Casa 5:
Os coletores solares esto praticamente voltados para leste, com ngulo azimutal prximo de
90o . Assim, pode-se afirmar que os coletores solares enxergam o Sol somente no perodo da
manh. No perodo da tarde o Sol encontra-se atrs dos coletores solares, reduzindo
drasticamente a incidncia de radiao sobre eles, fato este que compromete a operao da
instalao solar.
Comentrios: Veja como a rea de coletores da Casa 1 muito maior comparada com as outras
casas da mesma rua e de padro construtivo bastante similar. Quais fatores explicariam tal
discrepncia no dimensionamento?
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
75
MDULO - SOLAR
Coletores de menor desempenho? Maior nvel de conforto dos moradores? Mais pontos de
utilizao de gua quente? Menor gasto mensal com aquecimento auxiliar?
Cidade
Declinao magntica
Cidade
Declinao magntica
Porto Alegre
(em graus)
-14,74
Fortaleza
(em graus)
-21,6
Florianpolis
-17,46
Teresina
-21,4
Curitiba
-17,3
So Luis
-20,7
So Paulo
-19,6
Belm
-19,5
Belo Horizonte
-21,5
Macap
-18,5
Rio de Janeiro
-21,4
Palmas
-19,9
Vitria
-22,8
Manaus
-13,9
Salvador
-23,1
Boa Vista
Aracaju
-23,1
Porto Velho
-10,6
Macei
-22,9
Rio Branco
-7,34
Recife
-22,6
Goinia
-19,2
Joo Pessoa
-22,4
Cuiab
-15,1
Natal
-22,1
Campo Grande
-15,2
Braslia
-14
-20
76
MDULO - SOLAR
Os ngulos solares so fundamentais para o clculo da estimativa da radiao solar que chega ao
plano do coletor, alm de permitir a avaliao prvia de eventuais problemas de sombreamento
que podem ocorrer na obra em estudo. Esses ngulos so: ngulo horrio, zenital, de altitude
solar, ngulo azimutal do Sol e o ngulo de incidncia da radiao direta.
ngulo horrio (): corresponde ao deslocamento angular do Sol em relao ao meridiano local
em decorrncia do movimento de rotao da Terra, mostrado na Figura 4.14. Esse deslocamento
de 150/hora, visto que a Terra completa 360o em 24 horas. Ao meio dia solar o ngulo horrio
nulo, os sinais positivo e negativo referem-se aos perodos da tarde e da manh, respectivamente.
ngulo zenital (z): o ngulo formado entre a vertical a um observador local e o raio da
componente direta da radiao solar, mostrado na Figura 4.15. Quando o Sol est no znite, ou
seja, exatamente acima do observador, popularmente dizse que o sol est a pino.
O ngulo zenital varia entre 0 e 90, sendo calculado pela equao:
(4.3)
77
MDULO - SOLAR
Para exemplificar e fixar o conceito do ngulo zenital, sero discutidas a seguir determinadas
condies especiais.
Soluo:
Ao meio dia solar, o ngulo horrio nulo e a equao 4.3. se reduz a:
cos z = sensen + cos cos
z = ( - )
Assim, pode-se concluir que ao meio dia solar o ngulo zenital dado pela diferena entre a
declinao solar e a latitude local, considerado seu sinal algbrico.
Comentrios:
No dia 23/12, Solstcio de Vero para o Hemisfrio Sul, O Sol est exatamente sobre o Trpico
de Cncer, sobre a cidade de So Paulo. Nesse caso, a declinao solar e a latitude de SP so
iguais e, portanto, o ngulo zenital nulo ao meio dia solar. Tem-se sol a pino em So Paulo
neste dia.
78
MDULO - SOLAR
Soluo:
Quando o Sol surge no horizonte, o ngulo zenital igual a 90, cujo cosseno nulo. Assim, a
equao 4.3 se reduz a:
Comentrios
1. A Tabela a seguir mostra a hora do nascer e do pr-do-sol em diferentes datas para a
cidade de Belo Horizonte (Latitude = -20o):
Data
21/jan
22/mar
23/jun
Declinao
(graus)
-20,14
0
23,44
Nascer do
Sol
(graus)
-97,67
-90,00
-80,92
Nascer do
Sol
(hora)
5:29
6:00
6:36
Por-do-Sol
Por-do-Sol
(graus)
97,7
90,0
80,9
(hora)
18:31
18:00
17:24
79
MDULO - SOLAR
Como 1hora corresponde ao deslocamento angular de 15o, ter-se- 13:02h de horas tericas de
insolao nesse dia em Belo Horizonte.
Esse raciocnio pode ser expresso de maneira geral pela equao:
N=
2
arcos (- tan tan )
15
(4.5)
ngulo de incidncia da radiao direta (): o ngulo formado entre a normal superfcie e a
reta determinada pela direo da radiao solar direta, como representa a figura 4.17. Sua
variao : 0 90 .
80
MDULO - SOLAR
O ngulo de incidncia da radiao direta sobre uma superfcie com determinada orientao
e inclinao calculado pela equao:
cos = sen sen cos - sen cos sen cos +
+ cos cos cos cos + cos sen sen cos cos
(4.6)
81
MDULO - SOLAR
Soluo:
Como os coletores esto voltados perfeitamente para o Norte Geogrfico (ngulo azimutal de
superfcie igual a 180o):
= (
- )
a) A declinao do Sol no dia do Equincio de Outono (21/03) nula. Assim:
= 0 - (- 23,45o) = 23,45o
b) Para o Solstcio de Inverno (21/06), a declinao do Sol (
= 23,45o) onde
= 23,45o - (- 23,45o) = 46,90o
c) Para o Solstcio de Vero (22/12), a declinao do Sol (
= -23,45o) Assim:
= - 23,45o - (- 23,45o) = 0o
A inclinao otimizada para So Paulo estaria na faixa entre (0o e 46,90o).
Comentrios:
1. Ateno para o sinal da latitude do Hemisfrio Sul
2. Parece intuitivo que a melhor inclinao para uma bateria de coletores solares seria aquela que
permitisse levar esses mesmos coletores para onde o Sol est em cada dia do ano. Dessa
forma, seriam compensadas a latitude local e a declinao solar.
Entretanto, nas instalaes de aquecimento solar de gua seria muito complexo alterar a
inclinao de uma bateria de coletores ao longo do ano. Pode-se destacar problemas quanto s
tubulaes de alimentao e retorno da gua quente que ligam os coletores ao reservatrio
trmico onde deve ser evitada a formao de sifes, incluso de partes mveis no sistema que
aumentariam as despesas com manuteno e prpria insero arquitetnica dos coletores nos
telhados e fachadas.
Assim, recomenda-se a definio de uma inclinao fixa ( fixa). Na maioria das aplicaes
residenciais, esse valor coincidir com a prpria inclinao do telhado.
Quando houver a possibilidade de definio prvia dessa inclinao, como suporte ao projeto
arquitetnico, o projetista poder utilizar diferentes critrios para a seleo do melhor ngulo de
inclinao dos coletores solares, a saber:
82
MDULO - SOLAR
Critrio 1 Mdia anual : Neste caso, a mdia aritmtica calculada a partir das inclinaes timas
nos respectivos solstcios de vero e inverno, coincide com a prpria latitude da localidade de
interesse., ou seja :
fixa = l
l
(4.7)
Critrio 2 Favorecimento do Inverno: Este critrio muitas vezes aplicado devido maior
demanda de gua quente no perodo de inverno. Neste caso, recomenda-se:
fixa = l
l + 10
(4.8)
Critrio 4 Perodos de pico de demanda de gua quente: Como, por exemplo, o aquecimento
solar de gua para hotis na regio nordeste do Brasil. Na maioria dos casos, a alta temporada
coincide com os meses de vero, portanto o projeto solar dever contemplar essa especificidade.
Os conceitos tericos que permitem calcular a energia solar incidente em determinada cidade e
sob as condies particulares de cada obra sero apresentadas atravs de planilhas fornecidas
juntamente com este material.
A seguir, so apresentadas algumas obras de aquecimento solar com comentrios gerais sobre a
qualidade do posicionamento de coletores.
83
MDULO - SOLAR
Avaliaes gerais
Inclinado
A instalao dos coletores solares em um
plano inclinado permite otimizar o ngulo de
inclinao e orientao para cada cidade.
Nesse caso, o arquiteto precisa participar
desde o primeiro momento da deciso pelo
uso de aquecedores solares na edificao.
Acervo GREEN
Avaliaes gerais
Nesse caso, provavelmente a deciso pelo
uso de aquecedores solares seja posterior
ao projeto ou construo da casa. Por isso,
a insero do aquecimento solar na moradia
trouxe grande impacto visual, muitas vezes
indesejvel para proprietrios e arquitetos.
Acervo: Tuma
Entretanto, no caso da Obra 2 outro fator precisa ser destacado: a grande proximidade entre os
coletores apesar da grande rea de telhado disponvel. Este tpico ser detalhado nos capitulo 13.
84
5
COLETORES SOLARES E OS PRINCIPIOS DA TRANSFERNCIA
DE CALOR
MDULO - SOLAR
Este captulo tem por finalidade a reviso de conceitos da Transferncia de Calor relevantes para
um bom projeto de coletores solares e reservatrios trmicos. Em um mercado altamente
competitivo, encontrar a melhor relao custo x benefcio para os equipamentos fabricados e
comercializados pode fazer grande diferena.
Em cincias trmicas, o calor definido como uma forma de energia em trnsito causada pela
diferena de temperatura entre dois sistemas ou partes de um mesmo sistema. O processo de
transferncia de calor pode ocorrer de trs maneiras distintas, a saber:
emitidas por qualquer corpo a uma temperatura acima de 0 K. o nico mecanismo que no
requer um meio material para que ocorra troca de energia.
A seguir, tais conceitos sero descritos em detalhes para que sejam bem compreendidas a
seleo de materiais e a definio de seus respectivos parmetros geomtricos, como espessuras
e espaamentos, visando-se, assim, maximizar a transferncia de calor para a gua em coletores
solares e minimizar as perdas trmicas para o ambiente nesses mesmos coletores e nos
reservatrios que armazenam a gua quente produzida.
87
MDULO - SOLAR
Em outras palavras, maximizar a eficincia trmica dos coletores solares, que definida como a
razo entre a taxa de transferncia de calor para a gua, denominado calor til, e a taxa de
energia solar incidente no plano do coletor, ou seja:
Q til
G. A ext
(5.1)
onde:
G: irradiao solar global instantnea incidente no plano do coletor, expressa em W/m2;
A ext: rea externa do coletor, em m2;
Q til: calor til absorvido pela gua, em W.
88
MDULO - SOLAR
A irradiao incidente sobre uma superfcie pode ser absorvida, refletida e/ou transmitida,
conforme ilustrao da Figura 5.3.
G
Especular
Difusa
Figura 5.3 Esquema Simplificado da Trajetria dos Raios Solares na Cobertura Transparente
Em palavras, tem-se:
De acordo com a Figura 5.3, o balano de energia para a radiao incidente sobre a superfcie em
questo dado por:
++=1
(5.2)
89
MDULO - SOLAR
Afirmativa 1:
Ambos os vidros apresentam boa transmissividade na banda solar (0,1< < 3,0 m), mas o vidro
de maior espessura melhor.
Afirmativa 2:
Para o vidro com espessura de 3,05mm, a transmissividade praticamente constante nas faixas
0,1< < 1,5 m = 87%
2,2 < < 3,0 m = 30%
Afirmativa 3:
Soluo:
As afirmativas 2 e 3 so verdadeiras e suas afirmativas podem ser extradas diretamente da
leitura do grfico.
A afirmativa 1 apenas parcialmente verdadeira, pois ambos os vidros apresentam boa
transmissividade na banda solar Em termos espectrais, o vidro de MENOR espessura tem maior
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
90
MDULO - SOLAR
Comentrios:
Os vidros so materiais empregados em coletores solares, pois so transparentes na banda
solar e so opacos na banda de emisso (da placa). Este comportamento espectral
comumente conhecido como Efeito Estufa, presente tambm no policarbonato, acrlico e alguns
plsticos.
Diante de tal constatao, foi desenvolvida uma metodologia experimental por Pereira, Melo e
Cunha [2002] para avaliar quantitativamente o comportamento da transmitncia, dos vidros
brasileiros. O termo transmitncia, aqui empregado, substitui transmissividade, pois se trata de
uma propriedade que depende da massa do corpo de prova, a qual est associada espessura
dos vidros.
As amostras testadas foram vidros lisos de 2, 3 e 4 mm de espessura, vidros martelados e
canelados, policarbonato, vidros nacionais e importados de baixo teor de ferro, com
rea
91
MDULO - SOLAR
Aps o tratamento estatstico dos dados obtidos em campo, foi calculada a transmitncia total das
coberturas transparentes, para cada ngulo de incidncia da componente direta da radiao solar
(
) no intervalo de 0 a 60.
Para completar a avaliao, os vidros de 3mm de espessura e de baixo teor de ferro foram
previamente envelhecidos. Os resultados obtidos so mostrados na Tabela 5.1b, indicando que a
transmitncia mdia reduzida de 3,4% para o vidro de baixo teor de ferro e de 11,4% para o
vidro comercial. Tal fato atribudo ao processo de oxidao que ocorre nos vidros com elevado
teor de ferro durante a fase de exposio continuada ao Sol.
Tabela 5.1 Resultados Experimentais dos Ensaios de Coberturas Transparentes
Tipos
mxima
Liso 2 mm
87
87
Liso 3 mm
88
89
Liso 4 mm
84
85
Martelado
74
80
Canelado
77
79
Policarbonato
84
86
Baixo teor de Fe
88
89
92
MDULO - SOLAR
Tipos
mdia
mxima
Liso 3 mm
78
85
Policarbonato
83
86
Baixo teor de Fe
85
90
(b)
Vidros Envelhecidos
O grfico da Figura 5.5 evidencia uma reduo acentuada da transmitncia do vidro martelado
para ngulos de incidncia a partir de 40o. De acordo com o tema estudado no Captulo 4,
dependendo da inclinao e orientao dos coletores, pode ocorrer uma grande diminuio no
perodo de funcionamento efetivo do coletor solar devido baixa transmitncia do vidro.
Os resultados deste estudo tiveram efeito imediato sobre o mercado nacional de aquecedores
solares, com a eliminao dos vidros fantasia pelas maiores empresas do setor.
A seguir, ser apresentada uma discusso sobre a importncia das propriedades espectrais da
tinta na reduo das perdas ticas a partir da placa absorvedora.
93
MDULO - SOLAR
Emissividade
De acordo com Siegel e Howell [1992], para as caractersticas intrnsecas da radiao solar, podese considerar que a absortividade e emissividade de um material para determinado comprimento
de onda sejam iguais (Lei de Kirchhoff). Assim, um material de alta absortividade, em determinado
comprimento de onda, apresentar tambm alta emissividade.
Apesar de serem propriedades equivalentes, para a banda solar o importante o valor da
absortividade e para a banda de emisso, o da emissividade. Uma tinta comercial apresenta o
valor de ambas as propriedades constantes para todos os comprimentos de onda. A seletividade
de uma tinta, recobrimento ou tratamento qumico dado pela razo:
(5.3)
A Figura 5.6 mostra o comportamento uma superfcie seletiva real de xido de cromo sobre
nquel.
94
MDULO - SOLAR
Soluo:
a)
b)
De acordo com a equao de balano de energia para radiao incidente sobre a superfcie
Comentrios:
A seletividade dessa tinta ou recobrimento seletivo est diretamente relacionada temperatura
da placa, visto que a placa ir absorver 92% da energia incidente sobre ela e somente emitir
10% da energia que ela emitiria se fosse um corpo negro. A energia acumulada na placa
causa um aumento de sua temperatura. Aumenta o calor til e, conseqentemente, a eficincia
do coletor solar.
O Produto (cp)
A partir das propriedades estudadas, pode-se avaliar a atenuao da radiao solar global (G)
incidente na superfcie externa da cobertura, exemplificada na Figura 5.7. Parte dessa radiao
sofre reflexo (
c G) e absoro (
c G) na cobertura transparente, sendo que somente a frao
transmitida (cG) atingir a placa absorvedora do coletor solar. Desta energia, apenas a frao
(cp)G ser absorvida pela placa, sendo responsvel pelo aumento de sua temperatura. A parte
refletida pela placa retorna ao vidro e, assim, sucessivamente.
De forma simplificada, pode-se escrever:
S = c p G
(5.4)
95
MDULO - SOLAR
onde S corresponde energia absorvida pela placa por unidade de rea, expressa em W/m2.
Figura 5.7 - Esquema Simplificado da Trajetria dos Raios Solares dentro do Coletor Plano
Visto que, apenas uma parcela da radiao solar incidente sobre o coletor absorvida pela placa.
Dessa energia absorvida, uma frao convertida em calor til, sendo o restante perdido para o
ambiente atravs das perdas trmicas, por conveco e radiao.
Inicialmente, ocorre uma transferncia de energia entre a placa aquecida e a camada de ar mais
prxima a ela. O ar mais aquecido tem menor densidade (ou massa especfica) e tende a se
movimentar para cima, como mostram as linhas ascendentes na cor marron. O ar mais frio e,
portanto, mais denso, desce segundo as linhas azuis. A conveco est essencialmente associada
a este movimento global ou macroscpico do fluido.
96
MDULO - SOLAR
Analisando novamente as Figuras 5.1 e 5.2, verifica-se que, em um coletor solar, o mecanismo de
transferncia (perdas) de calor por conveco ocorrer, principalmente, em duas situaes, a
saber:
entre elas
Entre essa cobertura e o ar ambiente e que depender fortemente da velocidade do vento nas
Este mecanismo, ilustrado na Figura 5.8, denominado conveco natural, pois o movimento do
ar existente entre as duas placas no causado por nenhum agente externo, mas sim pelo
gradiente de massa especfica existente. O efeito lquido desse gradiente denominado fora de
97
MDULO - SOLAR
Propriedades do fluido como densidade (), viscosidade absoluta (), difusividade trmica (T)
Estudos desenvolvidos por Rocha et al [1998] com base no modelo de Hollands, citado por Duffie
e Beckman [1991] analisa o comportamento do coeficiente convectivo em funo do espaamento
placa-vidro e da inclinao do coletor sob condies tpicas de operao. Constata-se que tal
espaamento no deve ser inferior a 16mm. O valor comumente adotado pelas empresas
brasileiras da ordem de 25mm.
a)
Se fosse feito vcuo entre as duas placas paralelas, a transferncia de calor por
Soluo
Falsa. Conforme visto anteriormente, a conveco est intrinsecamente associada ao movimento
do ar. Em sua ausncia (vcuo), a perda por conveco seria praticamente nula.
b) Estudos confirmam que a perda por conveco placa-vidro praticamente independe do seu
respectivo espaamento. Entretanto, deve-se ressaltar que, quanto maior for a distncia placavidro, mais material ser gasto na fabricao do coletor sem qualquer benefcio aparente.
Mc Adams [1954] recomenda, para uma montagem de coletores solares, que o coeficiente de
transferncia convectiva de calor entre sua cobertura e o ar ambiente (hc-a), expresso em W/m2oC,
seja o valor mximo entre os nmeros compreendidos nos colchetes da seguinte relao:
98
MDULO - SOLAR
(5.5)
onde:
V: velocidade do vento em m/s
L: comprimento caracterstico do coletor solar igual a 4(rea da placa)/(permetro da placa)
Janeiro
0,5
25
Agosto
3,5
21
c)
Para Agosto:
Para Janeiro:
99
MDULO - SOLAR
Para Agosto:
Comentrios:
O coeficiente de transferncia convectiva de calor entre sua cobertura e o ar ambiente ser no
mnimo igual a 5 W/m2oC. Tal valor corresponde praticamente quele obtido para uma
velocidade mdia de 0,5m/s, considerada muito baixa.
Conforme visto no Estudo de Casos 5.4, as reas superficiais da placa absorvedora e da cobertura
transparente so praticamente iguais (Ap=Ac=A) e o fator de forma
(5.6)
100
MDULO - SOLAR
0,9) por uma superfcie seletiva (p = 0,1). Considere que, em ambos os casos, a emissividade do
vidro igual a 0,05.
Soluo
a)
b)
A perda por radiao na cobertura transparente de um coletor solar ocorre pela troca de calor
entre essa cobertura de rea (Ac) e a abboda celeste de rea Acu, considerada infinita quando
comparada ao valor de Ac.
A perda tica e perda trmica por conveco e radiao caracterizam as perdas pelo topo do
coletor solar. As perdas pela base e pelas laterais do coletor solar, assim como a energia que
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
101
MDULO - SOLAR
cruza a placa absorvedora at atingir os tubos onde circula a gua a ser aquecida so processos
de transferncia de calor tpicos do mecanismo de conduo, apresentado a seguir.
A conduo o processo pelo qual o calor se transfere de uma regio temperatura mais
elevada, dentro de um meio slido ou fluido em repouso, ou entre meios diferentes em contato
fsico direto, para outra regio temperatura mais baixa. Tal mecanismo est exemplificado na
Figura 5.9. A taxa de transferncia de calor por unidade de rea, denominada fluxo de calor (q),
sendo expressa em W/m2.
(a) Poliuretano
(b) L de vidro
(c) L de rocha
102
MDULO - SOLAR
A Tabela 5.3 mostra o valor da condutividade trmica de materiais de uso comum em instalaes
de energia solar.
Tabela 5.3. Condutividade trmica de materiais isolantes
Condutividade Trmica
Material
(W / m K)
L de vidro
0,038
L de rocha
0,040
0,026
Soluo
Afirmativa 1: Falsa
Um bom isolamento trmico teve garantir uma alta resistncia passagem do calor, a qual pode
ser obtida por:
maiores espessuras do isolamento
pequena rea de contato
baixa condutividade trmica
ou seja, deve-se procurar elevar o valor da resistncia atravs de um desses itens ou de uma
combinao deles.
Afirmativa 2: Falsa
Como a rea da base normalmente maior do que a soma das reas das laterais, prefervel
garantir-se o isolamento da base, embora bons coletores solares devam ter base e laterais
isoladas.
103
MDULO - SOLAR
Neste texto, a aplicao dos conceitos tericos envolvidos est restrita compreenso dos
parmetros de projeto e da escolha de materiais que otimizem o desempenho de coletores solares.
Rocha e Pereira [2001] propuseram os grficos mostrados na Figura 5.11 que correlacionam
diferentes parmetros de projeto de um coletor solar, classificao A do INMETRO, e que utilizam
tintas comerciais sobre a placa absorvedora.
104
MDULO - SOLAR
Afirmativa 1
Com uma placa absorvedora com 0,50mm de espessura, pode-se fabricar um coletor A se
forem utilizados 9 tubos/m para a aleta de cobre e 11 tubos/m para a aleta de alumnio.
Afirmativa 2
Para o aumento da eficincia das aletas de um coletor solar recomendvel:
1a. Materiais de alta condutividade trmica, como cobre e alumnio
1b. Placas de maior espessura
1c. Maior nmero de tubos por metro linear de coletor solar a fim de se reduzir o espaamento
entre os mesmos.
Soluo:
Afirmativa 1: Falsa.
Essa uma afirmativa falsa em sua totalidade, mas rigorosamente pode-se dizer que ela
verdadeira para a placa de cobre e falsa para a de alumnio.
Retorne ao grfico da Figura 5.14a. Acompanhe a reta paralela ao eixo dos x, correspondente
ordenada de 0,50mm. A curva de cor vermelha, relativa ao cobre, corta a reta em 8,8 tubos/m.
Assim, se forem empregados 9 tubos/m tem-se uma das condies para se obter o coletor de
classificao A. Lembre-se que tal estudo no leva em conta eventuais restries que ocorrem
nos processos de fabricao na indstria.
Em relao aleta de alumnio, se a curva de cor azul for prolongada ela cortar a reta paralela
em torno de 12 tubos/m, no satisfazendo, assim, a condio de espessura mnima para 11
tubos/m.
Afirmativa 2: Verdadeira
Todas as afirmativas a, b e c esto corretas.
Na fabricao de coletores existem diversos fatores econmicos que precisam ser contemplados.
Assim, a busca pela melhor eficincia dos coletores deve ser sempre norteada pela relao
custo x benefcio da empresa. Conforme ser discutido frente, verifica-se que a melhoria do
processo de fixao da aleta aos tubos de distribuio de
gua tem promovido aumento de sua eficincia sem que haja necessidade de se aumentar a
espessura da placa absorvedora ou do nmero de tubos. O processo comumente adotado o de
soldagem por ultrassom. Outra opo se adotar as superfcies seletivas para reduo das
perdas ticas j estudadas.
105
MDULO - SOLAR
Contato
Sistemas compostos podem apresentar uma queda de temperatura significativa entre as
interfaces dos diversos materiais empregados devido resistncia trmica de contato criada entre
tais materiais. Tal resistncia causada principalmente pelos efeitos da rugosidade das
superfcies em contato, como mostra a Figura 5.12.
Normalmente, os pontos de contato entre as superfcies deixam folgas que so preenchidas por
ar. Dessa forma, a transferncia de calor efetiva entre tais superfcies torna-se um efeito
combinado de troca por conduo entre os materiais metlicos e de troca de calor por conduo
e/ou radiao atravs dos espaamentos criados.
106
MDULO - SOLAR
Figura 5.14 .Exemplo de contato entre placa absorvedora e tubos de distribuio em coletores abertos polimricos
soldados
Fonte: prNP004448-2006
A eficincia trmica instantnea de coletores solares pode ser expressa segundo uma equao
linear na forma:
5.6
onde
a: parmetro relacionado ao produto (cp) e correspondente ao ponto onde a reta corta a
ordenada (eixo y)
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
107
MDULO - SOLAR
b: termo dependente associado s perdas trmicas pelo topo, base e laterais do coletor
solar. Graficamente, corresponde inclinao da reta.
Tal equao pode ser representada pelas retas genricas mostradas na Figura 5.19, para 4
coletores solares fechados (A, B, C e D) e um coletor aberto E.
90,0
80,0
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
0,000
0,010
0,020
0,030
0,040
0,050
0,060
0,070
Coletor B
Coletor C
Coletor D
Coletor E
Figura 5.15 Exemplo de eficincias trmicas instantneas de coletores solares fechados e abertos
108
MDULO - SOLAR
Afirmativa 5:
Quanto menor a temperatura da gua entrada do coletor solar maior a eficincia trmica dos
coletores solares.
Soluo :
Afirmativa 1: Verdadeira
Como as perdas trmicas podem ser avaliadas pela inclinao da reta genrica, a afirmativa
verdadeira. Os coletores abertos so recomendados para aplicao Piscina, pois operam
normalmente baixa temperatura, entre 26 e 32oC.
Afirmativa 2: Verdadeira
Para todos os valores da abscissa, a eficincia trmica do coletor A a maior dentre os coletores
fechados. Entretanto, para valores de x < 0,015, o coletor aberto tem maior eficincia trmica do
que o coletor A.
Afirmativa 3: Falsa
Como as retas para os coletores B e C so paralelas, espera-se que as perdas trmicas sejam
bastante similares. A eficincia trmica do coletor B superior do coletor C, pois sua reta parte
de um ponto mais alto da ordenada Y, relacionado ao produto (cp).
Afirmativa 4: Falsa
Os coletores A e D possuem valores similares do produto (cp) e no apenas da absortividade
das superfcies empregadas.
Afirmativa 5: Verdadeira
Uma avaliao breve da figura 5.15 mostra que quanto menor o valor da abscissa x maior a
eficincia trmica dos coletores solares. Assim, para valores conhecidos da temperatura
ambiente e da radiao solar incidente, o valor de x menor para menores temperaturas da
gua entrada do coletor solar.
No capitulo 7 ser apresentado, com detalhes, como se determina eficincia trmica de um coletor
solar e os demais ensaios que o coletor submetido para sua aprovao no Programa Brasileiro
de Etiquetagem.
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
109
6
RESERVATRIOS TRMICOS E OS PRINCIPIOS DA
TRANSFERNCIA DE CALOR
Caractersticas Construtivas
Geometria e Forma de Operao
Balano de Energia
MDULO - SOLAR
INTRODUO
Nos Captulos 4 e 5 foram estudados os fenmenos relativos radiao solar e o coletores planos
fechados que compem o sub-sistema CAPTAO de uma instalao de aquecimento solar,
apresentado na Figura 1.8.
Devido ao carter intrinsecamente intermitente da radiao solar, que intercala dias e noites,
perodos ensolarados, chuvosos e nublados, em toda instalao solar deve-se prever uma fonte
complementar de energia, como eletricidade e gs, que garantir o aquecimento auxiliar nos
perodos sem a insolao mnima requerida ou mesmo quando ocorrer um aumento eventual do
consumo de gua quente.
dimensionamento da instalao solar exigir a definio de uma relao entre volume de gua
armazenada, rea de coletores e fonte complementar de energia.
112
MDULO - SOLAR
O corpo interno, por ficar em contato direto com a gua, geralmente fabricado com materiais
resistentes corroso, como cobre, ao inoxidvel e ao com tratamento vitrificado ou esmaltado.
Tambm so disponveis no mercado brasileiro reservatrios feitos em fibra de vidro, polipropileno
e polietileno de alta densidade.
Alm disso, seu corpo interno deve suportar as variaes de presso que porventura ocorram e
expanso da gua resultante do aumento da temperatura. Quanto maiores as presses de trabalho
previstas, maiores devero ser as espessuras da parede do corpo interno. Por exemplo, no
mercado brasileiro, essa espessura varia entre 0, 4 e 0,8mm para o ao inoxidvel, em valores
aproximados.
Neste ponto, deve-se ressaltar que quanto menor o volume de gua armazenada no reservatrio
menor ser sua constante de tempo trmica. Tal fenmeno cria o seguinte critrio tcnico:
Reservatrios trmicos com volumes diferentes e isolados com o mesmo isolante devero usar
MAIORES ESPESSURAS PARA OS RESERVATRIOS DE MENOR VOLUME.
113
MDULO - SOLAR
(a) horizontais
(b) verticais
Figura 6.3. Reservatrios Trmicos.
Fonte: Agncia Energia
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
114
MDULO - SOLAR
Quanto seu funcionamento: podem operar em desnvel ou em nvel com caixa de gua fria,
conforme apresentado na Figura 6.4. Reservatrios em desnvel operam sempre cheios, mas
os em nvel variam de acordo com o nvel da caixa de abastecimento. Reservatrios em nvel
so mais fceis de instalar sob o telhado, mas tem a desvantagem de poder falhar em casos
de falta de abastecimento de gua durante o dia. Nesses casos, o retorno de gua dos
coletores pode ficar acima do nvel da gua, o que provoca paralisao da circulao de
gua por termossifo.
(a) desnvel
(b) nvel
Figura 6.4. Funcionamento de reservatrios Trmicos.
Fonte: Soletrol
115
MDULO - SOLAR
Considere:
qENT a taxa de energia transferida para o interior do reservatrio, proveniente dos coletores
solares
qSAIDA a taxa de energia transferida para fora do reservatrio que inclui a taxa de energia
associada gua quente consumida (qCONS) e taxa de perda de energia para o ambiente
(qPERDA), atravs do isolante trmico.
Assim, equao para o balano de energia no reservatrio trmico pode ser escrita na forma:
(6.1)
onde
cp: calor especfico presso constante da gua, nas aplicaes prticas
considerado constante e igual a 4,18kJ/kg oC.
Aplicando-se, novamente, o conceito de circuito trmico equivalente, a taxa de perda de energia
para o ambiente (qPERDA) pode ser escrita como:
(6.2)
sendo:
TVIZ : temperatura do ar na vizinhana do reservatrio trmico e que, em algumas
situaes prticas, no coincide com a temperatura ambiente.
RT: resistncia trmica total, correspondente resistncia associada passagem de
calor por conduo na parede dos corpos interno e externo (desprezvel para materiais metlicos)
116
MDULO - SOLAR
e no isolante do reservatrio e, tambm, perda de calor por conveco entre a proteo externa
e a vizinhana.
O inverso da resistncia trmica total conhecido como condutncia trmica global, sendo
representada pelo produto (UA)RT, ou seja:
(6.3)
O valor da condutncia trmica global avaliado nos ensaios experimentais que compem o
Programa Brasileiro de Etiquetagem de Reservatrios Trmicos do INMETRO, apresentado no
Captulo 7.
Soluo
Considerando-se o calor especfico da gua cp = 4,18 kJ/kg oC e substituindo-se os valores
numricos apropriados na equao 6.1, tem-se:
ou seja:
117
MDULO - SOLAR
Para determinar a temperatura do tanque como uma funo do tempo, a equao 6.1 deve ser
integrada no tempo. Como os dados de radiao so usualmente disponveis em base horria, o
intervalo de tempo mais comumente usado nessa integrao tambm para cada hora. O Estudo
de Caso 6.2 ilustra como o balano de energia no tanque pode ser usado para se obter a
temperatura do reservatrio trmico como funo do tempo.
Hora
qENT (MJ)
16
17
17
15
13
qCONS (MJ)
10
18
Soluo:
Reescreva a equao 6.1 em forma de diferena finita, resolvendo-a para a temperatura do
reservatrio no fim de um incremento de tempo t =1 hora, ou seja:
118
MDULO - SOLAR
onde a constante 3600 segundos que multiplica o fator (UA)RT decorrente da integrao no
intervalo de 1 hora.
As unidades de energia aps a integrao esto expressas em Joule e o calor especfico da gua
cp igual a 4180 J/kg oC. Lembre-se que 1MJ = 1000.000 Joule.
A evoluo dos valores obtidos para a temperatura ao final de cada intervalo de tempo est
mostrada tabela e grfico a seguir:
Como a energia transferida para o interior do reservatrio provm dos coletores solares, a
condio ideal seria aquela em que toda a energia gerada nos coletores fosse integralmente
transferida para o interior do reservatrio. Entretanto, em decorrncia das perdas de calor nas
tubulaes existentes entre o coletor e o reservatrio ocorrem perdas que precisam ser
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
119
MDULO - SOLAR
minimizadas. Para tal, recomenda-se que essas tubulaes sejam isoladas. Os isolamentos de
polietileno expandido com espessuras de 5mm e 10mm so os mais utilizados.
Outro fato muito questionado por consumidores o tempo que gua permanece aquecida dentro
do reservatrio trmico. Adotando-se a mesma metodologia de clculo utilizada no estudo de caso
6.2, pode-se determinar qual ser a temperatura da gua no RT, aps um determinado perodo
sem que haja entrada de gua vinda dos coletores nem sada de gua para consumo.
Soluo:
Reescreva a equao 6.1 em forma de diferena finita, resolvendo-a para a temperatura do
reservatrio no fim de um incremento de tempo t =1 hora, ou seja:
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
120
MDULO - SOLAR
onde a constante 3600 segundos que multiplica o fator (UA)RT decorrente da integrao no
intervalo de 1 hora.
A evoluo dos valores obtidos para a temperatura ao final de cada intervalo de tempo est
mostrada no grfico a seguir:
Variao da Temperatura no RT
50,50
Temperatura (C)
___
50,00
49,50
49,00
48,50
48,00
47,50
47,00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
TRT 50,00
49,81
49,63
49,44
49,26
49,08
48,90
48,72
48,54
48,36
48,18
48,01
47,83
47,66
Perodo (h)
121
7
PBE PROGRAMA BRASILEIRO DE ETIQUETAGEM
Caractersticas Construtivas
Geometria e Forma de Operao
Balano de Energia
MDULO - SOLAR
INTRODUO
O Programa Brasileiro de Etiquetagem para Coletores Solares permite a criao de critrios
personalizados para comparar os diferentes modelos de coletores disponveis no mercado
nacional. Representa, pois, uma forma rpida e segura para a seleo do coletor solar que melhor
atenda s necessidades de gua quente a custos compatveis.
Esse conjunto de ensaios bem mais rigoroso, uma vez que avalia uma srie de fatores
construtivos e de projeto do coletor alm de confirmar a eficincia previamente estabelecida nos
ensaios do grupo 1.
124
MDULO - SOLAR
O coletor solar exposto ao Sol sem a passagem de gua em suas tubulaes durante 30 dias,
consecutivos ou no, em que a radiao solar diria exceda 17MJ/m2. O dia que apresenta esta
caracterstica denominado dia vlido. Normalmente, para que este perodo se complete, o coletor
permanece entre 45 e 60 dias em exposio, dependendo da poca do ano. A figura 7.1, a seguir,
mostra os coletores em exposio.
Choque Trmico
Durante o ensaio de Exposio no-operacional, so promovidos trs choques trmicos a cada
perodo de 10 dias vlidos completados. Para que se inicie o teste, necessrio que a radiao
solar instantnea no plano do coletor seja superior a 890 W/m2, durante um perodo mnimo de 1
hora. Observada esta condio, trs jatos de gua fria com vazo controlada so simultaneamente
direcionados para o vidro do coletor, conforme ilustra a figura 7.2.
125
MDULO - SOLAR
Esse ensaio leva o coletor a condies extremas, sendo um bom indicativo da qualidade dos
materiais usados e, principalmente, de sua vedao. Problemas de vedao, evidenciados na
figura 7.3, podem comprometer, de modo significativo, o desempenho trmico do coletor, assim
como seu tempo de vida til, que, em condies normais de operao, estimado pelos
fabricantes entre 15 e 20 anos.
Presso Hidrosttica
Como os coletores solares so submetidos a condies operacionais bastante diversas, a presso
para este ensaio de 1,5 vezes o valor da presso mxima especificada pelo fabricante.
Entretanto, este valor no poder ser inferior a 20 mca (2 kgf/cm2) ou superior a 60 mca (6
kgf/cm2).
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
126
MDULO - SOLAR
Esse ensaio feito aps a Exposio no-operacional, sem incidncia de raios solares sobre o
coletor e com durao fixada em 15 minutos.
no houver evidncia de vazamento ou deteriorao das partes em contato direto com o fluido
(gua).
Etapa 1 e 2 - Inspees
Diariamente so feitas inspees visuais no coletor solar para detectar evidncias de problemas de
vedao, quebra ou qualquer outra avaria.
Constante de Tempo
Para atender exigncia de regime quase-permanente na operao dos coletores solares
nos ensaios do Grupo 2, devemos determinar a constante de tempo do coletor solar. Essa
constante definida como o tempo necessrio para que a diferena de temperatura entre a
gua sada e entrada do coletor (Tfs - Tfi ) seja reduzida a 36,8% de seu valor inicial, quando
a radiao solar incidente instantaneamente bloqueada. o que demonstra a figura 7.4.
40
Constante de Tempo = 54 segundos
36
Tfs
32
Tfe
28
24
20
30
60
90
120
Tempo(segundos)
127
MDULO - SOLAR
dos materiais utilizados e suas respectivas espessuras, ou seja, da inrcia trmica do coletor
solar.
m c p ( T fs - T fi )
(7.1)
G . A ext
A transp
F R v p
A ext
F R U L (T fi - T amb
G
(7.2)
vazo mssica: m
At o ano de 2004 estes ensaios experimentais no eram realizados sob condies climticas
controladas, dessa forma, as normas utilizadas fixam as seguintes exigncias:
128
MDULO - SOLAR
Na figura 7.5, mostramos as curvas de eficincia trmica instantnea para vrios coletores
participantes da primeira fase do PBE.
90
80
70
60
SRCC-1
50
SRCC-2
40
30
20
10
0
0 ,0 0 0
0 , 0 10
0 ,0 2 0
0 ,0 3 0
0 ,0 4 0
0 ,0 50
Simulador Solar
Inaugurado no dia 17 de dezembro de 2004 no Grupo de Estudos em Energia (GREEN),
localizado na Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais (PUC Minas), o primeiro Simulador
Solar da Amrica Latina entrou em operao no ano de 2005.
Desenvolvido na Alemanha, o simulador demandou investimentos da ordem de US$ 620 mil,
custeados pela Eletrobrs/PROCEL com verba do Banco Mundial (BIRD), por meio do GEF
(Fundo para o Meio Ambiente Mundial). A parceria faz parte do Projeto de Capacitao
Laboratorial coordenado pela ELETROBRS/PROCEL com o apoio do PNUD (Programa das
Naes Unidas para o Desenvolvimento) que objetiva capacitar laboratrios para etiquetagem e
concesso do Selo PROCEL de equipamentos. Com isso, criada a rede para dar suporte a Lei
de Eficincia Energtica (N 10.295/2001), que estabelece ndices mximos de consumo de
energia ou mnimos de eficincia energtica, priorizando os produtos do Programa Brasileiro de
Etiquetagem - PBE, coordenado pelo INMETRO com o apoio da ELETROBRS/PROCEL.
No ano de 2005, foram realizados 63 ensaios no simulador solar, sendo 26 destinados ao
acompanhamento da produo 2005, coordenado pelo INMETRO. Esse fato agilizou os ensaios
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
129
MDULO - SOLAR
de modo a acabar com a fila de espera de coletores solares que, em mdia, atingia de 8 a 10
meses. Deve-se destacar que para os ensaios completos, a durao , ainda, de 2 a 3 meses
seguindo as normas adotadas pelo PBE, que so rgidas e exigem o envelhecimento prvio da
amostra a ser ensaiada sob determinadas condies climticas.
130
MDULO - SOLAR
vazo mssica igual a 0,02kg/s por m2 de rea externa do coletor (aplicao banho);
iv.
v.
regime quase-permanente.
O critrio ii tem como objetivo anular o segundo termo da equao 7.2, rescrevendo-a na forma:
A transp
A ext
{F
Rv p
(7.3)
Para coletores planos com cobertura transparente do tipo vidro liso comercial, o comportamento
fsico da curva de eficincia trmica em funo do ngulo de incidncia da radiao direta
apresentado na figura 7.8.
131
MDULO - SOLAR
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Verificamos, ento, uma reduo mais acentuada da eficincia trmica dos coletores para ngulos
superiores a 50. Esses ngulos ocorrem no princpio da manh e final da tarde, desde que a
inclinao e orientao do coletor solar estejam otimizadas para a cidade em questo.
Definimos, ento, o Fator de Correo para o ngulo de Incidncia - K como a razo entre a
eficincia medida para um determinado ngulo e o valor mximo, obtido para = 0. Feitas as
simplificaes, podemos afirmar que:
K =
v p
v p
(7.4)
Para avaliar o comportamento do coletor ao longo do dia, tornamos linear a funo K na forma:
K = a + b
1
cos
(7.5)
132
MDULO - SOLAR
O fator de correo para o ngulo de incidncia aplicado equao 7.5 corrige o valor da
eficincia trmica do coletor para ngulos de incidncia superiores a 30. Esta correlao ter
grande importncia no desenvolvimento do Modelo da Carta F, a ser estudado no seguinte.
Passo 1 Determinar a radiao solar incidente no plano do coletor, em mdia horria para
o ms especificado.
Adotamos para isso o modelo recomendado pela ASHRAE, que possui como dados de entrada
apenas as temperaturas mxima (Tmax) e mnima (Tmin) para o ms em questo. Considerando que
a temperatura mxima s 14 horas, a equao proposta :
Tamb = Tmax
T T
15 (HS 14)
cos
+
2
2
180
(7.6)
133
MDULO - SOLAR
onde:
T = Tmax Tmin
Passo 6 Determinar a produo mensal de energia por coletor solar em mdia mensal.
Consideramos que a energia produzida pelo coletor solar durante uma hora, equivalente ao
produto de sua eficincia trmica pela energia incidente no plano do coletor neste mesmo perodo.
O valor horrio multiplicado por 30 para obteno da energia gerada durante um ms, em cada
intervalo de tempo. A soma dos valores horrios para as i horas do dia, com nvel satisfatrio de
radiao solar, fornece a produo mensal de energia. Em nosso caso, o ndice i varia de 1 a 9,
correspondente ao perodo entre 8 e 17 horas.
Assim, tem-se:
9
1
* Aext
1000
[kWh/ms]
(7.7)
A constante 1000 apenas para converso da unidade em kWh/ms, permitindo, assim, uma
melhor avaliao, por parte dos consumidores finais, da economia de energia a ser obtida com a
utilizao do aquecimento solar.
134
MDULO - SOLAR
Aplicao: BANHO
A > 77 kWh/ms.m
77 B > 71
71 C > 61
61 D > 51
51 E > 41
Aplicao: PISCINA
A > 95 kWh/ms.m
95 B > 87
87 C > 79
79 D > 71
71 E > 63
Avaliao da evoluo temporal do valor mdio da Produo Mensal Especfica de Energia dos
coletores solares para aplicao banho etiquetados e com o Selo PROCEL demonstra uma
sensvel melhora dos produtos que receberam o Selo PROCEL, alm de um crescimento mais
acentuado dos coletores ensaiados em busca da classificao A.
135
MDULO - SOLAR
Marcaes e instrues
Tenso suportvel
Volume
Presso
Corrente de fuga
Potncia absorvida
Resistncia ao enferrujamento
136
MDULO - SOLAR
(m3)
(kWh/ms.m3)
0,1
310
0,15
290
0,2
280
0,25
270
0,3
270
0,4
250
0,5
240
0,6
210
Consideremos o tanque da figura 7.9, contendo uma massa m de gua temperatura uniforme
(tanque completamente misturado) Tr, dependente do tempo. O balano de energia no tanque
estabelece que, a taxa de energia transferida para fora do tanque deve ser igual taxa de variao
da energia trmica armazenada dentro do tanque:
[(UA) (T
r
Ta' ) = mc p
dTr
dt
(7.8)
137
MDULO - SOLAR
A soluo da equao 7.8 para um intervalo de tempo t, no qual a temperatura do tanque varia de
Tr,i a T r,f,
Tr , f Ta'
(UA)r
exp
=
t
'
mc p
Tr ,i Ta
Tanque completamente
misturado, contendo uma massa
m de gua temperatura
(7.9)
Energia perdida
para o ambiente a
Ta
Tr
A equao 7.9 usada para calcular a condutncia trmica global de perda de calor do tanque
atravs do seguinte procedimento:
O tanque carregado com gua temperatura uniforme Tr,i (> 60 oC) e deixado resfriar em um
ambiente com temperatura Ta, por um perodo de tempo t (compreendido entre 12 e 24 h), at a
temperatura uniforme Tr,f. A uniformizao da temperatura do tanque realizada com o auxlio de
uma bomba. Essas grandezas so medidas e inseridas na equao 7.9, extraindo assim o
coeficiente de perdas trmicas do equipamento.
138
MDULO - SOLAR
Tri
Trf
Ta
(m )
( C)
( C)
( C)
(s)
0,390
62,0
57,0
23,0
54000
Soluo
Calor especfico da gua, cp = 4180 J/kg.oC
Considerando a massa especfica da gua = 1000 kg/m3; a massa de gua contida no tanque
Tr f Ta'
(UA)r
=
exp
t
'
mc
T
r ,i
a
p
57 23
(UA)r
=
exp
*
54000
62 23
390 * 4180
(UA)r
= 4,14 W / oC
Soluo
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
139
MDULO - SOLAR
Substituindo na equao 7.9, a condutncia trmica de perda de calor obtida no exemplo 8.1, a
temperatura do tanque aps 24 h estimada para as condies estabelecidas pelo GT-SOL (Tr,i
= 50oC e Ta = 21oC)
Tr , f 21
4,14
=
exp
*
24
*
3600
390 * 4180
50
21
Resolvendo
Tr,f = 44,3 oC
A perda especfica de energia diria do tanque
Q perda
Vefetivo
Q perda
Vefetivo
= * c p * (Tr ,i Tr , f
Q perda
Vefetivo
= 30 *
23,83
= 0,20 kWh ms / litro = 200 kWh / ms / m 3
3600
Portanto, de acordo com a tabela 7.1, o tanque foi aprovado no ensaio de desempenho trmico.
140
8
MTODOS DE DIMENSIONAMENTO
MDULO - SOLAR
INTRODUO
O dimensionamento adequado de um sistema de aquecimento solar (SAS) no uma tarefa
simples, exigindo o conhecimento prvio dos hbitos de consumo de gua quente pelos usurios
finais, com base em uma anlise criteriosa do tipo da construo que receber os coletores
solares, disponibilidade de radiao solar nas condies especficas da obra, fatores climticos
locais e desempenho trmico dos produtos, dentre outros.
Este captulo trata da avaliao da demanda de gua quente e da energia requerida para o
dimensionamento bsico do sistema (volume de gua armazenado e quantidade de coletores
solares necessrios). Tal dimensionamento muito importante para definio do desempenho
trmico de longo prazo da instalao solar e respectiva anlise econmica, a serem estudados
mais frente.
Para facilitar este estudo, detalha-se na Figura 8.1, o passo a passo do dimensionamento de
instalaes de aquecimento solar.
A visita tcnica, caracterizada como Passo 1 do Dimensionamento, evidencia a necessidade de se
identificar as expectativas do empreendedor ou usurio final quanto ao nvel de conforto e
economia a serem atingidos com uso do sistema de aquecimento solar atravs de questionrios,
pesquisa de hbitos, etc. Nessa oportunidade, feita tambm uma avaliao prvia dos locais
disponveis na obra para insero dos componentes de uma instalao solar.
Visita Tcnica
Demanda de
gua quente
Demanda de
energia
Radiao Solar
disponvel
Requisitos de
projeto
Questionrios
de visita
Normas
Tcnicas
Inclinao e
orientao do
coletor solar
Relao
Volume - rea
Estudo de
insero
preliminar
Histograma de
consumo
Frao solar
Medio e
verificao
Detalhamento
do estudo de
insero
Especificao
de produtos
Figura 8.1 - Fases para o correto dimensionamento de uma instalao de aquecimento solar
Para dimensionar a necessidade de gua quente dos usurios, caracterizada pelo volume dirio
de gua quente e temperatura de operao requerida, importante se ter conhecimento prvio de
padres de consumo para diferentes edificaes brasileiras, em funo das classes sociais e das
aplicaes finais para o setor residencial, industrial e de servios.
144
MDULO - SOLAR
O levantamento da demanda de gua quente feito com base em informaes gerais obtidas a
partir de:
Experincia.
GHISI [2005] sugere as faixas de temperaturas de operao mostradas na Tabela 8.1, enquanto
os volumes dirios de gua quente podem ser estimados com auxlio da Norma ABNT NB128,
cujos consumos especficos para diferentes aplicaes, esto mostrados na Tabela 8.2.
Tabela 8.1 - Temperaturas de operao indicadas para diferentes aplicaes
Edificao
Lavanderias
75 C a 85 C
Cozinhas
60 C a 70 C
35 C a 50C
Fonte: Ghisi [2005]
Edificao
Consumo
Alojamento Provisrio
24 per capita
36 per capita
Residncia
45 per capita
Apartamento
60 per capita
Quartel
45 per capita
Escola Internato
45 per capita
36 por hspede
Hospital
Restaurante e similares
12 por refeio
Lavanderia
145
MDULO - SOLAR
Entretanto, uma anlise simples dos valores apresentados nessa tabela nos leva a buscar
explicaes:
Por que o hspede de um hotel consumiria gua quente de modo similar ao morador de um
casa popular?
Por que o morador de um apartamento gastaria mais gua quente do que o de uma
residncia?
Por causa de tais paradoxos, que bom senso, observao crtica e conhecimento prvio da
aplicao e tipologia construtiva se tornam to importantes no dimensionamento da demanda
diria de gua quente.
Outra forma de dimensionamento pode ser desenvolvida com base na vazo e capacidade dos
equipamentos de uso final no setor residencial, alm do tempo e freqncia de sua utilizao. A
Tabela 8.3 apresenta valores tpicos para uso residencial.
Tabela 8.3 - Vazo de gua quente de equipamentos
Peas de Utilizao
(litros/minuto)
Bid
3,6
Chuveiro
7,2*
Lavabo
7,2
Tanque (lavanderia)
18**
Pia cozinha
15
* Este nmero, por exemplo, bastante controvertido. No caso de casas populares onde so instalados chuveiros de
potncia at 4400W, a vazo do banho limitada pelo prprio equipamento em 3 litros/minuto.
** As mquinas de lavar roupas, assim como as lava-louas consomem quantidades pr-definidas de gua para cada
ciclo. Recomenda-se verificar com o fabricante do equipamento ou manual de instrues o volume e temperatura da
gua a ser utilizada.
Diante dos valores to diferentes, como os apresentados no estudo de caso 8.1, torna-se visvel a
necessidade de uma avaliao criteriosa no dimensionamento do volume de gua quente a ser
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
146
MDULO - SOLAR
armazenado em uma instalao de aquecimento solar. Mais uma vez possvel concluir que o
dimensionamento deva ser exclusivo respeitando as particularidades de cada instalao voltandose sempre no conceito fundamental de dimensionamento:
8.1
Onde:
Vtotal-pto: volume total dimensionado por ponto;
Qpto: vazo no ponto de utilizao;
tpto: tempo de uso do ponto;
Npto: nmero de utilizaes dirias;
Alm do volume de gua quente consumido, importante conhecer em que perodos ocorre o
consumo do volume dimensionado, itso , o perfil de consumo da instalao. Por exemplo, nos
vestirios de uma determinada indstria, o consumo de gua quente estar intrinsecamente
associado ao horrio de troca de turnos dos seus funcionrios. Se nessa indstria, tem-se troca
de turno s 23:00h e s 7:00h da manh, toda a gua usada nos banhos dever ser gerada no dia
anterior e armazenada durante toda a noite.
No setor residencial, os horrios de banho so muito variveis, dependendo dos hbitos pessoais
e at mesmo do dia da semana.
147
MDULO - SOLAR
0,16
0,14
0,12
0,10
0,08
0,06
0,04
0,02
0,00
1
8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Hora do dia
ASHRAE
CEMIG
Nvel de conforto
Entende-se por nvel de conforto no uso da gua quente a relao entre vazes, tempo de
utilizao e temperatura. O nvel de conforto tem uma importante influencia sobre o consumo total
de gua quente em uma residncia. As vazes tpicas apresentadas por um chuveiro eltrico
ficam entre 3 e 6 litros por minuto. Duchas podem apresentar vazes muito maiores e registra-se
casos de vazes superiores as 30 litros por minuto. Em um momento no qual se fala em
desenvolvimento sustentvel a reduo do consumo de gua torna-se fundamental e por isto a
vazo recomendada para atingir-se um bom nvel de conforto deve situar-se entre 6 e 10 litros por
minuto. O tempo de banho o outro fator que determina o nvel de conforto e esta associado
tambm ao numero de banhos dirios. Segundo a Pesquisa de Eletrodomsticos e Hbitos de
Uso - 2005 (PPH) identificou-se que 65,4 % dos entrevistados declaram tomar banhos de at 10
minutos. Dessa forma, pode-se tomar como referencia nos dimensionamentos, um tempo de 6 a
10 minutos por banho. A tabela 8.4 outra referencia que pode ser utilizada e coloca lado a lado
os pontos de utilizao e o consumo dirio de gua quente.
Tabela 8.4 - Consumo mdio de gua quente por ponto de utilizao
Ponto de Utilizao
Consumo dirio a 40 oC
Ducha
70 a 90 litros/pessoa
Lavatrio
5 a 7 litros/pessoa
Bid
5 a 7 litros/pessoa
Cozinha
24 litros/pessoa
Banheira
148
MDULO - SOLAR
A seguir, esto apresentadas algumas planilhas para avaliao do consumo detalhado de gua
quente no setor residencial. Os valores mencionados em seu preenchimento so recomendados
nas Tabelas 8.2 e 8.3.
Entretanto, as planilhas automatizadas esto disponveis para que os valores possam ser
alterados de modo a atender as especificidades de cada famlia.
4 moradores
1 empregado domstico
Passo 2 Identifique os pontos tpicos de consumo de gua quente requeridos pelo futuro
usurio do aquecimento solar na listagem apresentada a seguir:
Pontos de Utilizao
Sim
1. Chuveiro ducha
2. Banheira de hidromassagem
3. Lavabo
4. Ducha higinica
5. Pia de cozinha
6. Mquina lava-louas
7. Lavanderia
X
X
X
X
X
X
X
No
Nesse caso, o morador quis avaliar todo o potencial de uso do aquecimento solar em sua
residncia. Aps feito o levantamento inicial, estes pontos de consumo de gua quente sero
reavaliados para compatibilizar conforto, custo inicial e economia pretendida.
Passo 3 De acordo com a vazo de cada pea e nmero de pontos de consumo encontre o
volume dirio de gua quente:
149
MDULO - SOLAR
1. Chuveiro / ducha
1. Chuveiro - Ducha
Vazo da ducha (litros/minuto)
10,00
Vazo da ducha
(litros/minuto)
10,00
Nmero dirio de
banhos
4,00
Obs. Em habitaes populares, a vazo dos chuveiros considerada de 3,0 litros por minuto.
2. Banheira de Hidromassagem
2. Banheira de hidromassagem
Capacidade da banheira (litros) Frequncia semanal de
uso
150,00
2,00
Consumo mensal de
gua quente
1200,00
Obs. Note que os clculos so feitos para valores mensais, porque normalmente a lavagem de roupa e o uso da
banheira de hidromassagem no so dirios.
3.Lavabo
3. Lavabo
Vazo da pia (litros/minuto)
4,00
4. Ducha Higinica
4. Ducha higinica
Vazo da ducha (litros/minuto)
3,60
5. Pia da Cozinha:
5. Pia da cozinha
Vazo da pia (litros/minuto)
15,00
Frequncia semanal de
uso
5,00
Consumo semana de
gua quente
100,00
7. Lavanderia:
7. Lavanderia
Massa de roupa seca por
semana (kg)
24,00
Consumo semanal de
gua quente
288,00
150
MDULO - SOLAR
12000
1200
1440
1296
27000
400
1152
44488
26,97%
2,70%
3,24%
2,91%
60,69%
0,90%
2,59%
100,00%
1482,93
Constata-se que o uso de gua quente na pia da cozinha tem um peso importante no volume de
gua a ser armazenada, alm de encarecer significativamente o custo inicial da instalao de
aquecimento solar. Excluindo-se tal uso, o consumo dirio de gua quente bastante reduzido,
conforme mostrado na Caso 2 a seguir:
68,62%
6,86%
8,23%
7,41%
0,00%
2,29%
6,59%
100,00%
A energia necessria para aquecer este volume de gua ao final do ms (Lms), qualquer que seja
a forma de aquecimento escolhida dada pela 1 Lei da Termodinmica na forma:
Lms =
8.2
onde:
151
MDULO - SOLAR
Soluo:
O volume mensal ser arredondado para 18000 litros, correspondendo a um reservatrio trmico
de 600 litros (valor a ser aquecido por dia):
A rea total de coletores solares necessria para atender demanda de energia estimada pela
equao 8.2 definida pelas condies climticas de instalao dos coletores na obra e, claro,
pelas caractersticas operacionais e de projeto do modelo selecionado
Para um pr-dimensionamento rpido, o nmero de coletores e, conseqentemente, a rea
coletora total pode ser determinada a partir dos dados da Etiqueta do INMETRO, disponveis em
http://www.inmetro.gov.br/consumidor/pbe/PBE12.pdf.
A tabela a seguir extrada desse site mostra os critrios atuais de classificao do coletores
solares no Brasil.
152
MDULO - SOLAR
NDICE BANHO/ACOPLADO
NDICE PISCINA
Pme = 31,0
Pme = 55,0
Fonte : INMETRO
153
MDULO - SOLAR
Dados de entrada
(Latitude)
(Inclinao)
(Azimutal Sup)
Altitude [km]
Emitncia da superfcie
Ms
Janeiro
Fevereiro
Maro
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Insolao
Total
189,8
195,5
215,1
228,9
237,1
240,1
256,5
255,6
210,1
190,5
181,7
165,1
-19,56
30
-179,99
0,85002
0,20
Emitncia de superfcie
Terra
0,04
Tijolo Vermelho
0,27
Concreto
0,22
Barro ou Argila
0,14
Sup.Const.Clara
0,60
Grama
0,20
Temperatura
mnima (C)
18,8
19,0
18,8
17,3
15,0
13,4
13,1
14,4
16,2
17,5
18,2
18,4
1. Chuveiro - Ducha
Vazo da ducha (litros/minuto)
7,20
Vazo da ducha
(litros/minuto)
10,00
2. Banheira de hidromassagem
Capacidade da banheira (litros)
Frequncia semanal de
uso
150,00
2,00
3. Lavabo
Vazo da pia (litros/minuto)
4,00
4. Ducha higinica
Vazo da ducha (litros/minuto)
2,00
5. Pia da cozinha
Vazo da pia (litros/minuto)
4,00
Nmero dirio de
banhos
4,00
Consumo mensal de
gua quente
1200,00
0,00
0,00
0,00
O terceiro passo de uso da planilha ser a determinao da frao solar, isto , quanto seu
sistema de aquecimento solar vai lhe garantir, da sua demanda total, para aquecimento de gua.
154
MDULO - SOLAR
Dados de entrada
Volume do reservatrio
Temperatura de set-ut
Temperatura de banho
rea coletora
FrUL
Fr (ta)
Ms
Janeiro
Fevereiro
Maro
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
400
50,5
40
6
7
0,9
Li (kWh)
398,0
354,3
395,1
408,8
441,1
445,0
465,6
452,6
410,2
411,0
393,5
406,6
4981,9
Controle
20556,6
155
9
MTODO DA CARTACARTA-F
Metodologia de Clculo
baco de Determinao da Frao Solar
MDULO - SOLAR
CARTA F
Uma pergunta bastante freqente feita pelas pessoas que pretendem substituir o sistema de
aquecimento eltrico de gua pelo sistema solar : Afinal, qual ser a economia que terei em
A economia a ser atingida depende do padro de consumo de cada residncia: hbitos dos
moradores, eletrodomsticos usados, freqncia de sua utilizao e tarifas praticadas pela
concessionria de energia eltrica local.
Por exemplo, uma residncia da classe A onde se utiliza, de forma intensiva, gua quente em
duchas de elevada vazo, em banhos de longa durao, em banheiras de hidromassagem, na
cozinha e lavanderia a conta de energia eltrica ao final do ms bastante elevada. Entretanto
esse valor tambm decorrente do uso do ar condicionado em todos os quartos e salas, de
fornos eltricos e de microondas, de geladeiras e congeladores de diferentes portes, etc. Neste
caso, embora o consumo de gua quente seja alto, o impacto na conta mensal de energia eltrica
decorrente do aquecimento solar poder ser relativamente menor ao obtido em uma residncia da
classe D, que dispe apenas de uma televiso e geladeira pequena e cuja participao do
chuveiro na conta de energia muito mais significativa do que no primeiro caso.
158
MDULO - SOLAR
instalaes a mdio e longo prazo, a partir do conhecimento adquirido nos temas anteriores,
como:
curva de eficincia trmica instantnea
fator de correo do ngulo de incidncia - K
capacidade volumtrica do reservatrio trmico
A frao solar fi para um determinado ms do ano definida como a razo entre a energia suprida
pelo sistema de aquecimento solar (Qsolar) e a demanda mensal de energia (Li), calculada mediante
a equao 8.1, ou seja:
fi =
(8.1)
Q solar
Li
(8.2)
X=
Y=
(8.3)
A CFR ( c p ) HT N
Li
Definio
Unidade (SI)
AC
m2
FRUL
W / m2 C
e igual a 100C
159
MDULO - SOLAR
Grandeza
Definio
Unidade (SI)
Tamb
questo
t
durao do ms
Segundos
Li
Joule
W / m2 C
J/m
nmero de dias do ms
** Duffie e Beckman [1991] recomendam, quando essa informao no estiver disponvel, adotar o valor de 0,96* FR
(cp)n, ou seja, 96% do valor medido experimentalmente durante os ensaios do PBE / INMETRO.
(8.4)
A adoo deste modelo deve atender s restries mencionadas na tabela a seguir, citadas por
Duffie e Beckmann:
160
MDULO - SOLAR
Tabela 8.1 - Faixa de Parmetros de Projetos Usados no Desenvolvimento da Carta - F
0,6 <
()n
< 0,9
FRAC
< 120 m
<
2,1
<
UL
30
<
< 90
83
<
(UA)h
Frao Solar
3,50
f=0,9
3,00
f=0,8
2,50
f=0,7
2,00
f=0,6
f=0,5
1,50
f=0,4
f=0,3
1,00
f=0,2
f=0,1
0,50
0,00
0
10
12
14
16
18
161
MDULO - SOLAR
X c1
relao volume/re a
=X
75 l/m2
0 ,25
(8.5)
100 - T amb
(8.6)
em que:
Trede : temperatura na qual a gua admitida da rede pblica;
Tf,min: temperatura mnima desejvel de gua quente.
Assim, a equao 8.4 deve ser recalculada para incluir as duas correes propostas.
F=
fL
i
i=1
12
(8.7)
i=1
162
10
AQUECIMENTO AUXILIAR
Tipos de Sistemas
Dimensionamento
Controle e Acompanhamento
MDULO - SOLAR
INTRODUO
O aquecimento solar caracteriza-se por utilizar o sol como sendo uma fonte gratuita e infinita de
energia, que chega a Terra em diferentes intensidades, variando com o horrio do dia e regio do
planeta.
Seu uso capaz de proporcionar uma grande economia em insumos energticos, tanto com a
minimizao no consumo de eletricidade quanto na reduo da queima de combustveis fsseis
poluentes e no renovveis.
Os sistemas auxiliares, como o prprio nome diz, vm em auxlio instalao principal quando
esta no capaz, por qualquer razo (falta de radiao solar mnima, consumo alm do estimado
e at sub-dimensionamento do sistema de aquecimento solar), de suprir com gua quente o
consumo dela requerido.
166
MDULO - SOLAR
10.1.1 Eltrico
Esse tipo de sistema constitudo por uma ou mais resistncia eltricas acopladas ao corpo
interno do reservatrio e conectada a um termostato, cuja funo controlar o funcionamento da
resistncia eltrica.
167
MDULO - SOLAR
Esse tipo de sistema constitudo por um aquecedor de passagem eltrico que fica ligado
diretamente ao ponto de consumo podendo ser, inclusive,o prprio chuveiro eltrico.
O uso do chuveiro eltrico como sistema de aquecimento auxiliar vem sendo amplamente
difundido em residncias de interesse social pois, proporcionam
sistemas controlados por termostato, uma vez que o aquecimento auxiliar s entrar em ao no
momento do consumo da gua quente. Levantamentos realizados com usurios desses sistemas
identificaram que mesmo em meses mais frios ou dias nublados, a chave seletora de temperaturas
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
168
MDULO - SOLAR
10.1.2 Gs
O sistema de aquecimento auxiliar a gs vem sendo muito utilizado em residncias de luxo e em
instalaes de mdio e grande porte. Na instalao desse tipo de sistema importante seguir
todas as normas tcnicas de segurana, operao e instalao. Assim como no sistema auxiliar
eltrico pode-se dividir o sistema auxiliar a gs em duas categorias distintas a seguir detalhadas.
169
MDULO - SOLAR
Esse tipo de associao tambm possvel de ser realizado, todavia, o nmero de aquecedores
deve ser dimensionado para suprir a vazo mxima de consumo, pois devem fornecer gua
quente instantaneamente. Outro ponto importante a ser observado nesse tipo de instalao, alm
da verificao se o aquecedor est preparado para receber gua quente, se a presso da gua
que circula por ele ser suficiente para aciona-lo ou se ser necessria a instalao de um sistema
pressurizador.
A associao entre reservatrios trmicos e caldeiras ou geradoras de gua quente tambm pode ser feita, devendo ser
estudada, caso a caso, qual a melhor forma de interligao.
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
170
MDULO - SOLAR
De forma simplificada, pode-se dizer que uma bomba de calor composta por cinco componentes
bsicos: ventilador, evaporador, compressor, condensador e vlvula de expanso.
171
MDULO - SOLAR
COP =
(10.1)
Dessa forma, pode-se concluir que quanto maior o COP maior ser a eficincia do equipamento.
Por exemplo, se temos uma bomba de calor cujo COP igual a 3,5, equivale a dizer, de acordo
com a equao 10.1, que a bomba consumir 1 kW para produzir 3,5 kW e que ser melhor que
um equipamento com COP igual a 3.
O correto dimensionamento do sistema de aquecimento auxiliar de uma piscina, atravs de
bombas de calor, deve ser realizado analisando-se o balano de energia da instalao, o qual
ser detalhado no capitulo 14.
10.2 Dimensionamento
172
MDULO - SOLAR
Como os banhos ocorrem s 17:00 hs, um tempo seguro para aquecimento da gua seria 3
horas antes do consumo. Dessa forma tem-se:
Dessa forma, o reservatrio trmico dever possuir um conjunto de resistncias eltricas com
esta potncia.
Se o sistema de aquecimento auxiliar fosse a gs os aquecedores de passagem deveriam
possuir:
1 kW = 860 kcal/h
Logo:
Observao:
Neste exemplo, o sistema de aquecimento auxiliar foi dimensionado para aquecer toda a gua
consumida no perodo de 3 horas, tendo em vista o atendimento de um pico de consumo.
Entretanto muito importante no deixar que o sistema auxiliar concorra com o aquecimento
solar, controlando o perodo de funcionamento das resistncias eltricas ou aquecedores a gs
com auxilio de um timer.
173
MDULO - SOLAR
174
11
ANALISE DE VIABILIDADE ECONMICA
Conceitos Bsicos
Mtodos para Anlise de Viabilidade de Projetos
MDULO - SOLAR
INTRODUAO
Alm das tcnicas utilizadas, que sero posteriormente demonstradas, so vrios os aspectos a
serem observados no momento em que se faz necessria uma tomada de deciso, devendo se
considerar, ainda, que tal deciso envolve componentes financeiros e no-financeiros.
O primeiro aspecto a ser considerado diz respeito ao fato de que, quando h necessidade de se
decidir quanto utilizao de energia solar, no se pode trabalhar com uma alternativa nica.
Assim, caso se pense em substituio, deve-se analisar o ganho econmico-financeiro em relao
ao sistema anterior, enquanto se s se pensar em aquecimento, quando este no existia, tem-se
que pensar em termos de conforto, embora, sempre, no se possa dimension-lo, em termos
financeiros.
Um outro aspecto, o terceiro, diz que apenas as diferenas de alternativas so relevantes. Desse
modo, se houver, por exemplo, troca de uma bomba de calor por coletores, o investimento na
bomba no seria considerado, nem na situao atual, tendo em vista que ela j foi adquirida e est
em funcionamento e no haveria necessidade de aquisio de outra para servir ainda como um
equipamento auxiliar, pois ela j existe.
O quarto aspecto a ser observado que as alternativas estudadas devem sempre considerar o
valor do capital no tempo, ou seja, valores nominalmente iguais em investimentos, custos
operacionais ou em reduo de gastos, porm ocorrendo em pocas distintas, na realidade,
so diferentes quando analisados sob a tica da matemtica financeira ou da anlise de
investimentos
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
177
MDULO - SOLAR
O quinto aspecto diz respeito a ser considerado o problema do capital escasso. Qualquer
alternativa que exija quantia superior aos recursos disponveis, sejam prprios ou de terceiros,
deve ser descartada.
O sexto ponto fala da necessidade de que decises separveis devem ser tratadas isoladamente.
Por exemplo, se uma empresa estiver analisando, simultaneamente, a troca de chuveiros eltricos
e de aquecimento industrial por energia solar, os dois projetos devem ser analisados
separadamente, pois um deles pode ser vivel e o outro no, mas em conjunto serem viveis.
Nesse caso, se optasse apenas pelo projeto que vivel, seu ganho seria maior.
O stimo aspecto recomenda que se atribua certo peso para aquelas previses que apresentam
determinado grau de incerteza. o que ocorre, por exemplo, com as estimativas das mdias de
temperatura e dos dias de chuva, quando se projeta a utilizao de coletores solar.
Uma outra situao que deve ser levada em considerao na elaborao de um projeto diz
respeito aos aspectos qualitativos no quantificveis em termos monetrios. Nesse caso, tem-se
os aspectos ambientais, como ocorre com a gerao de CO2, quando se utiliza o aquecimento
atravs de leo combustvel, diesel, GLP e gs natural
178
MDULO - SOLAR
FV1
FV2
FV3
__
FVn
(1 + i)
(1 + i)
(1 + i)
(11.1)
Onde:
VPL : valor atual
FV : valor de um desembolso ou de um ganho no futuro
i : taxa de juros mensal (da poupana ou de qualquer outra aplicao pertinente)
n : prazo (expresso em meses)
0=
E0
(1 + i)
E1
(1 + i)
E2
(1 + i)
+K+
En
(1 + i) n
(11.2)
Onde:
E: corresponde aos eventos (entradas ou sadas de recursos) que ocorrem ao longo do
projeto.
O projeto ser vivel caso a TIR seja superior taxa de atratividade i desejada.
11.3. Pay-back
O Pay Back calculado de duas maneiras:
O Pay Back Simples tem o defeito de no considerar o valor do capital no tempo, mostrando
apenas o momento em que, atravs de valores nominais, acontece o retorno do investimento
inicial.
179
MDULO - SOLAR
O Pay Back Descontado j considera o valor do capital no tempo, pois descapitaliza cada parcela
ao longo do projeto da mesma forma que a utilizada no VPL, mostrando o momento exato em que
acontece o retorno do investimento inicial agora em termos reais.
Em ambos os casos, o projeto s ser vivel se o prazo de retorno do investimento se der dentro
do perodo previsto, normalmente a vida til do equipamento.
Nmero de apartamentos: 16
180
MDULO - SOLAR
Dados de Consumo
Dados Financeiros
TIPO DE CLIENTE
6,00%
6,00%
3,0
N de unidades
16
6,00%
48,0
6,00%
N total de pessoas
112,00
6,00%
5.376,00
6,00%
5.000,00
6,00%
21
6,00%
6,00%
6,00%
6,00%
4.494,34
0,650
0,15
1.808,97
59,75%
6,00%
6,00%
6,00%
Preo do kWh
R$ 0,55
1.476,95
2.685,37
17.723,41
32.224,39
994,93
R$ 40.000,00
R$ 40.000,00
R$ 0,00
R$ 40.000,00
R$ 0,00
R$ 0,00
1,50%
R$ 0,00
0,75%
R$ 0,00
R$ 40.000,00
N de Prestaes Mensais
2,00%
R$ 0,00
181
MDULO - SOLAR
Demanda
Energia
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
Instalao
Solar
R$ 40.000,00
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.777,41
2.777,41
2.777,41
2.777,41
2.777,41
2.777,41
Nominal
R$ (40.000,00)
R$
1.410,28
R$
1.410,28
R$
1.410,28
R$
1.410,28
R$
1.410,28
R$
1.410,28
R$
1.410,28
R$
1.410,28
R$
1.410,28
R$
1.410,28
R$
1.410,28
R$
1.410,28
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.715,81
R$
1.715,81
R$
1.715,81
R$
1.715,81
R$
1.715,81
R$
1.715,81
Diferena
Atual
R$ (40.000,00)
R$ 1.399,79
R$ 1.389,37
R$ 1.379,02
R$ 1.368,76
R$ 1.358,57
R$ 1.348,45
R$ 1.338,42
R$ 1.328,45
R$ 1.318,56
R$ 1.308,75
R$ 1.299,01
R$ 1.289,34
R$ 1.414,32
R$ 1.403,79
R$ 1.393,34
R$ 1.382,97
R$ 1.372,68
R$ 1.362,46
R$ 1.352,32
R$ 1.342,25
R$ 1.332,26
R$ 1.322,34
R$ 1.312,50
R$ 1.302,72
R$ 1.423,45
R$ 1.412,86
R$ 1.402,34
R$ 1.391,90
R$ 1.381,54
R$ 1.371,25
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
Acumulada
(40.000,00)
(38.589,72)
(37.179,43)
(35.769,15)
(34.358,86)
(32.948,58)
(31.538,29)
(30.128,01)
(28.717,72)
(27.307,44)
(25.897,15)
(24.486,87)
(23.076,59)
(21.517,99)
(19.959,39)
(18.400,79)
(16.842,20)
(15.283,60)
(13.725,00)
(12.166,40)
(10.607,81)
(9.049,21)
(7.490,61)
(5.932,01)
(4.373,41)
(2.657,61)
(941,80)
774,01
2.489,82
4.205,63
5.921,44
Verifica-se que o perodo onde a diferena no fluxo de caixa se torna positiva significa que ocorreu
o retorno do investimento.
TIR
3,39% a.m.
49,19% a.a.
VPL
R$
Pay-back descontado
459.338,14
27 meses
182
MDULO - SOLAR
2a) Financiamento de 50% do equipamento, com uma taxa de juros mensal de 1,5% .
Dados de Consumo
Dados Financeiros
TIPO DE CLIENTE
6,00%
3,0
6,00%
N de unidades
16
6,00%
6,00%
N total de pessoas
48,0
112,00
6,00%
5.376,00
6,00%
5.000,00
6,00%
21
6,00%
6,00%
6,00%
6,00%
6,00%
0,650
6,00%
0,15
4.494,34
1.808,97
59,75%
2.685,37
32.224,39
R$ 40.000,00
6,00%
Preo do kW h
R$ 0,55
1.476,95
17.723,41
994,93
R$ 40.000,00
R$ 0,00
R$ 20.000,00
R$ 0,00
R$ 20.000,00
R$ 0,00
1,50%
R$ 0,00
0,75%
R$ 40.000,00
N de Prestaes Mensais
12
2,00%
R$ 1.833,60
183
MDULO - SOLAR
Demanda
Energia
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
Instalao
Solar
R$ 20.000,00
R$ 2.895,20
R$ 2.895,20
R$ 2.895,20
R$ 2.895,20
R$ 2.895,20
R$ 2.895,20
R$ 2.895,20
R$ 2.895,20
R$ 2.895,20
R$ 2.895,20
R$ 2.895,20
R$ 2.895,20
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.777,41
2.777,41
2.777,41
2.777,41
2.777,41
2.777,41
Nominal
R$ (20.000,00)
R$
(423,32)
R$
(423,32)
R$
(423,32)
R$
(423,32)
R$
(423,32)
R$
(423,32)
R$
(423,32)
R$
(423,32)
R$
(423,32)
R$
(423,32)
R$
(423,32)
R$
(423,32)
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.715,81
R$
1.715,81
R$
1.715,81
R$
1.715,81
R$
1.715,81
R$
1.715,81
Diferena
Atual
R$ (20.000,00)
R$
(420,16)
R$
(417,04)
R$
(413,93)
R$
(410,85)
R$
(407,79)
R$
(404,76)
R$
(401,74)
R$
(398,75)
R$
(395,78)
R$
(392,84)
R$
(389,91)
R$
(387,01)
R$ 1.414,32
R$ 1.403,79
R$ 1.393,34
R$ 1.382,97
R$ 1.372,68
R$ 1.362,46
R$ 1.352,32
R$ 1.342,25
R$ 1.332,26
R$ 1.322,34
R$ 1.312,50
R$ 1.302,72
R$ 1.423,45
R$ 1.412,86
R$ 1.402,34
R$ 1.391,90
R$ 1.381,54
R$ 1.371,25
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
Acumulada
(20.000,00)
(20.423,32)
(20.846,63)
(21.269,95)
(21.693,26)
(22.116,58)
(22.539,89)
(22.963,21)
(23.386,52)
(23.809,84)
(24.233,15)
(24.656,47)
(25.079,78)
(23.521,19)
(21.962,59)
(20.403,99)
(18.845,39)
(17.286,80)
(15.728,20)
(14.169,60)
(12.611,00)
(11.052,41)
(9.493,81)
(7.935,21)
(6.376,61)
(4.660,80)
(2.944,99)
(1.229,18)
486,62
2.202,43
3.918,24
TIR
3,69% a.m.
54,55% a.a.
VPL
R$
Pay-back descontado
457.334,94
28 meses
Verifica-se que mesmo com financiamento de 50% do valor total da instalao o prazo de retorno
do investimento no aumenta significativamente. Este fato pode ser explicado atravs do fluxo de
caixa da instalao, uma vez que a economia gerada com o uso do aquecimento solar possibilita o
pagamento das prestaes amortizando mais rapidamente o investimento realizado.
184
12
INSTALAES DE PEQUENO PORTE
Termossifo
Princpios de Funcionamento
Desafios e Solues de Instalao
Circulao Forada
MDULO - SOLAR
INTRODUO
Mais de 90% dos sistemas de aquecimento solar no Brasil so sistemas termossifo, que oferecem
ao consumidor baixo custo, eficincia e confiabilidade. Como apresentado anteriormente, em
relao circulao da gua, vale lembrar que, dividimos os sistemas de aquecimento solar em
duas categorias. Nos sistemas bombeados, uma moto-bomba responsvel pela circulao da
gua, que sai do reservatrio trmico (RT), passa pelos coletores e volta para o reservatrio. J
nos sistemas por termossifo, essa circulao ocorre de maneira natural.
Alm disso, um sistema operando com base no princpio do termossifo pode ser do tipo integrado,
acoplado (ou compacto) ou convencional. A fig. 12.1 mostra um desenho de um sistema integrado,
parte de uma das primeiras patentes relacionadas a um aquecedor solar, obtida por Clarence
Kemp, em 1891, nos Estados Unidos. Esse sistema era formado por trs tanques cilndricos
colocados dentro de uma caixa de madeira e com uma cobertura de vidro.
Figura 12.1. Sistema integrado patenteado nos Estados Unidos, em 1891, por Clarence Kemp.
187
MDULO - SOLAR
separao entre coletores e reservatrios. A Figura 12.2 mostra um desenho extrado da primeira
patente norte-americana com essa configurao, de 1910, onde pode-se observar distintamente o
reservatrio trmico e o coletor.
Figura 12.2. Sistema Night and Day patenteado em 1910 pelo norte-americano William Bailey. Esse foi o
primeiro sistema com a configurao convencional de reservatrio e coletores separados.
Desde ento, essa tem sido a configurao bsica dos sistemas de aquecimento solar por
termossifo. Uma pequena variao desses sistemas deu origem ao que chamamos de sistemas
compactos ou acoplados. Nesse caso, apesar de haver a separao fsica entre reservatrio e
coletores, os componentes ficam muito prximos e so, muitas vezes, comercializados como um
pacote ou mono-bloco. A figura 12.4 mostra alguns exemplos de sistemas compactos.
188
MDULO - SOLAR
Apesar das instalaes solares de pequeno porte por termossifo serem relativamente simples,
existem alguns complicadores. Primeiro, dificilmente uma equipe de engenharia estar envolvida
no projeto e execuo da instalao. Normalmente, ou um tcnico (que pode ser o prprio
instalador) ou o vendedor ser o responsvel pelo levantamento de dados e definio de
parmetros em relao instalao, como dimensionamento e posicionamento dos componentes.
Segundo, na hora de realizar a instalao, mais cuidados devem ser observados no termossifo do
que em uma instalao bombeada. Mas se instalado de modo apropriado, o sistema termossifo
praticamente imune a falhas de circulao.
Assim, fica claro que o treinamento e a capacitao desses profissionais so to importantes para
o sucesso das instalaes quanto aquisio de um bom aquecedor solar.
densidade (kg/m )
995
990
985
980
975
970
965
960
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
temperatura ( C)
Figura 12.5. Variao da densidade da gua em relao ao aumento da temperatura.
189
MDULO - SOLAR
Isso quer dizer que medida que a gua aquecida, ela fica mais "leve" em relao gua mais
fria. Por isso, em um reservatrio trmico, a gua quente est sempre na parte mais alta. Na
verdade, a gua quente est flutuando sobre a gua mais fria, assim como uma bia cheia de ar
flutua sobre a gua porque o ar dentro dela menos denso do que a gua.
A presso exercida pelas colunas de gua A e B, que esto paradas, sobre o ponto C chamada
de presso esttica. A frmula para a presso esttica manomtrica1 diz que a presso exercida
igual acelerao da gravidade versus a densidade do fluido (no caso, gua) versus a altura da
coluna, ou seja:
P=densgh
(12.1)
Onde:
P: a presso manomtrica esttica em pascals
dens: a densidade do fluido em kg/m3
g: a acelerao da gravidade (aproximadamente 9,8 m/s2)
h: altura da coluna em metros.
Se ento consideramos as presses exercidas pelas colunas A e B, podemos ver que elas so
iguais, pois as densidades so as mesmas e a altura h tambm a mesma. Nessas condies, as
duas colunas continuam em equilbrio e com a mesma altura.
190
MDULO - SOLAR
Vamos imaginar agora que comeamos a fornecer energia para a coluna A, como na Fig.12.7.
A gua no interior da coluna A comear a se aquecer. Porm, como se pode notar no grfico da
Fig. 12.6, se gua est mais aquecida, a sua densidade diminui. Ao observar a equao h1, notase que ao diminuir a densidade da gua, reduz-se a presso que a coluna exerce. Isso quer dizer
que a diminuio da densidade leva a uma reduo da presso da coluna A. Como a temperatura
da coluna B no mudou, surge uma diferena de presso. A
coluna A agora exerce menor presso e assim empurrada pela coluna B, at que uma nova
situao de equilbrio seja estabelecida (Fig.12.8).
Figura 12.8. Diferena de altura nas colunas gerada pelo aquecimento da coluna A.
Se agora incluirmos um reservatrio e fizermos um circuito fechado, como na Fig. 12.9, o efeito
causar um fluxo contnuo da gua no sentido do reservatrio para a coluna B e depois para a
coluna A, onde a gua aquecida e empurrada de volta para o reservatrio. E exatamente assim
que um aquecedor solar por termossifo funciona.
191
MDULO - SOLAR
Imagine que toda a gua no reservatrio e na tubulao do trecho 1 est a 20oC e que a gua no
trecho 2 e nos coletores est a 40oC. Podemos ver que temos aqui de novo as colunas A e B.
Usando a equao h1 e sabendo que a altura h igual a 2,0 metros e a acelerao da gravidade
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
192
MDULO - SOLAR
igual aproximadamente a 9,8 m/s2, podemos calcular a presso manomtrica exercida por cada
coluna no ponto mais baixo do sistema (C). Falta saber a densidade da gua a 20 oC e a 40oC.
Olhando no grfico da Fig. 11.6 podemos ver que as densidades valem aproximadamente 998 e
983 kg/m3, respectivamente para a gua a 20 oC e a 40oC. Ento temos:
pascal
Pfria = densf x g x h = 998 x 9,8 x 2 = 19.561
pascal
Inicialmente, fixa-se um ponto, aqui denominado de C no local mais baixo do sistema. A presso
exercida pela coluna de gua fria :
193
MDULO - SOLAR
Pq = densq x g x h + densf x g x h1
A diferena de presso ser:
Pf -Pq =(densf x g x h+densf x g x h1) - (densq x g x h+densf x g x h1)
Pf -Pq = densf x g x h - densq x g x h
Como se pode notar, essa alternativa no resulta no aumento da fora motriz do termossifo.
J foi demonstrado que a fora motriz do termossifo pequena. Isso quer dizer que, desejandose um fluxo de gua adequado durante um dia normal e operao do sistema, no se pode usar
tubos de dimetro muito pequeno, nem trechos de tubulao muito longos e/ou com excesso de
curvas e conexes. Normalmente usa-se tubos de 22 mm (3/4") em instalaes de at 8 m2 e 28
Mas ateno:
Acima de 12 m2, a soluo dividir o sistema em dois ou mais sistemas separados. Mas claro
que, se o sistema for muito grande, digamos com 400 m2, no se deve instalar um grande nmero
de pequenos sistemas. O melhor nesse caso fazer uma nica instalao bombeada.
194
MDULO - SOLAR
Um sintoma desse tipo de problema um sistema que, ao final do dia, sem que a gua tenha sido
usada durante o perodo, apresenta uma pequena quantidade de gua muito quente no
topo do RT enquanto o resto gua fria. Isso quer dizer que o sistema circula pouca gua a uma
temperatura muito alta. E isso acontece por causa de um ou mais dos seguintes motivos: o
dimetro da tubulao muito pequeno, h muitas curvas na interligao coletores/reservatrio
trmico, os trechos retos so muito longos, h algum bloqueio na tubulao.
Para evitar-se problemas, deve-se seguir algumas regras prticas no dimensionamento das
tubulaes. Para isso pode-se usar o conceito de comprimento equivalente de tubulao. A idia
calcular as conexes como equivalentes de trechos de tubos retos. Nos anexos deste manual
apresenta-se uma tabela com os comprimentos equivalentes para tubulaes de diferentes
dimetros (No termossifo normalmente utilizam-se tubos de 22mm e 28mm)
Na tabela, pode-se observar que um cotovelo de 90o e 22 mm possui um comprimento equivalente
a 1,2 metro, isso quer dizer que essa conexo produz a mesma perda de carga que um trecho reto
com 1,2 m de comprimento. Assim, "convertem-se" as conexes em trechos retos.
195
MDULO - SOLAR
Quantidade
Comprimento
equivalente p/ pea
Comprimento
equivalente total
1,2
4,8
0,5
Registro Gaveta
0,2
0,4
Trechos retos
15 m
15
Pea
Cotovelo 90o
Curva 45
Falta saber qual seria o mximo recomendado em termos de comprimento equivalente para
diferentes instalaes. As tabelas 12.2 e 12.3 mostram esses valores mximos recomendados, de
acordo com o volume a ser aquecido diariamente e tambm a altura entre o topo dos coletores e o
fundo do reservatrio (que chamaremos de agora em diante apenas de distncia topo/fundo).
Essas tabelas foram desenvolvidas baseadas em coletores com inclinao de 18o e dados para a
cidade de So Paulo (SP). Adotou-se um mximo geral de 25 metros de comprimento equivalente,
pois em sistemas com tubulaes muito longas a eficincia ser prejudicada por causa de perdas
de calor na tubulao, mesmo que haja um bom fluxo de gua. A rigor, deveria haver uma
recomendao diferente para cada local, pois a circulao promovida pelo termossifo depende da
quantidade de radiao solar disponvel e outras condies climticas. Contudo, fcil perceber
que isso no seria nada prtico. possvel que um sistema atenda s necessidades de gua
quente, mesmo que instalado fora das recomendaes apresentadas. A diferena que a
eficincia do sistema pode acabar extremamente prejudicada, e o que est sendo feito com 6 m2,
por exemplo, poderia ser feito com apenas 4 m2.
Tabela 12.2. Comprimentos Equivalentes Mximos para Instalaes com Coletores de 2 m x 1 m.
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
28
22
28
200
25
22
28
22
28
22
28
25
300
24
25
25
25
25
25
25
25
25
25
400
17
25
20
25
23
25
25
25
25
25
500
13
25
15
25
18
25
20
25
22
25
600
10
25
12
25
14
25
16
25
18
25
700
NR
23
10
25
12
25
13
25
15
25
800
NR
19
NR
22
NR
25
11
25
12
25
1000
NR
11
NR
14
NR
17
NR
20
NR
23
196
MDULO - SOLAR
Tabela 12.3. Comprimentos Equivalentes Mximos para Instalaes com Coletores de 1 m x 1 m.
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
28
22
28
22
28
22
28
22
28
200
25
25
300
19
25
22
25
25
25
25
25
25
25
400
14
25
16
25
19
25
22
25
24
25
500
10
25
12
25
15
25
17
25
19
25
600
NR
22
NR
25
12
25
13
25
15
25
700
NR
17
NR
21
NR
25
11
25
12
25
800
NR
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NR
17
NR
20
NR
24
10
25
1000
NR
NR
NR
10
NR
13
NR
16
NR
19
na tubulao.
- Os comprimentos no so comprimentos reais e sim comprimentos
equivalentes.
- Nr = no recomendado
Por exemplo, um sistema de 500 litros, com distncia topo/fundo de 10 cm e operando com
coletores 2 x 1 , deve ter um comprimento equivalente mximo total de 13 metros em tubos 22mm.
Uma instalao, mesmo em condies favorveis, teria pelos menos 2 cotovelos de 90o, dois
cotovelos de 45o e dois registros de gaveta ou esfera abertos. S a teramos um comprimento
equivalente de 3,9 m para 22 mm.
Resta-nos, ento, um comprimento mximo de 9,1 metros para os trechos retos. Com certeza
possvel fazer essa instalao, a no ser que a distncia entre os coletores e o RT seja grande
demais.
E vale lembrar tambm que o uso de muitos cotovelos, para desviar de peas do telhado ou
pilares, ou simplesmente porque o instalador faz um trabalho mal feito, rapidamente reduz o
comprimento de trechos retos que sobra. Afinal de contas, cada cotovelo de 90o usa 1,2 m do
total permitido.
Por ltimo, importante observar que podemos trocar trechos de 22 mm por 28 mm para reduzir a
perda de carga total. Para uma mesma vazo, em regime turbulento, um tubo de 28 mm leva a
uma perda de carga cerca de 3,0 vezes menor que um tubo de 22 mm. Assim, se no houver
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
197
MDULO - SOLAR
como os coletores ficarem mais prximos do RT, e se o comprimento equivalente total estiver
"estourado", pode-se usar esse artifcio. Mas preciso contar as conexes de 28 mm
apropriadamente, de acordo com a tabela 11.1. Aps somarem-se as conexes e trechos retos de
28 mm, divide-se o valor final por 3,0 para "converter" o resultado para 22 mm. Vejamos um
exemplo.
Uma instalao possui 16 metros de trechos retos, 4 cotovelos de 90o, 4 cotovelos de 45o e dois
registros de gaveta abertos. E todas as peas tm 22 mm. Com medo de que a perda de carga
total seja excessiva, o projetista decide trocar a tubulao de alimentao entre o RT e as placas
por tubos e conexes de 28 mm. Qual seria o comprimento equivalente final em tubos de 22 mm
considerando-se que o trecho de alimentao tem 9 m de tubos retos, 2 cotovelos de 90o, 2
cotovelos de 45o e um registro gaveta?
Quantidade
Comprimento eq. p/
pea
1,2
4,8
0,5
Registro Gaveta
0,2
0,4
Trechos retos
16 m
16
Pea
Cotovelo 90o
Curva 45
Quantidade
Comprimento eq. p/
pea
1,5
Curva 45
0,7
1,4
Registro Gaveta
0,3
0,3
Trechos retos
09 m
Pea
Cotovelo 90o
o
198
MDULO - SOLAR
13,7
=4,6 m de comprimento equivalente de 22 mm.
3,0
Agora, soma-se o que sobrou de peas de 22 mm, ou seja, o retorno dos coletores para o RT.
Quantidade
Comprimento eq. p/
pea
1,2
2,4
0,5
Registro Gaveta
0,2
0,2
Trechos retos
07 m
Pea
Cotovelo 90o
o
Curva 45
- o ideal fazer a troca dando preferncia para a tubulao de alimentao dos coletores, onde a
gua est mais fria. Isso porque os tubos de 28 mm perdem mais calor do que os tubos de 22
mm;
Alm de no poder ter um comprimento equivalente muito alto, o termossifo tambm no pode ter
pontos onde ar e/ou vapor de gua podem ficar presos, pois o sistema no tem fora para
empurrar bolhas, que podem crescer a ponto de interromper a circulao dentro dos tubos. E isso
explica porque algumas vezes a instalao funciona por alguns dias e depois pra. Nesses casos,
o mais comum chamar o instalador para fazer a manuteno. Ele chega, remove o ar do sistema,
e por alguns dias tudo funciona perfeitamente At que a instalao volte a "travar"! E isso acontece
porque a bolha se forma lentamente, at crescer o
bastante para interromper o fluxo por completo. A nica soluo nesse caso eliminar o ponto de
acmulo de bolhas, e que muitas vezes no to visvel quanto os da figura 12.11.
199
MDULO - SOLAR
Figura 12.11. Exemplo de sifonamento que causam a interrupo do fluxo em sistemas termossifo.
Mesmo que no haja entrada de ar diretamente no sistema, sempre haver acumlo nesses
pontos, pois a prpria gua possui um pouco de ar dissolvido. Ou seja, a prpria gua traz ar
para esses pontos de sifonamento. Teoricamente, se houver um respiro ou eliminador de ar nesse
ponto, a instalao pode operar sem problemas, mesmo com o ponto de sifonamento, porque o ar
no ficaria retido. Muitas vezes o instalador no percebe que h um sifo, e o melhor mesmo
sempre conferir os trechos da instalao com um pequeno nvel
Nem sempre um sifo nos tubos pra a circulao. Se houver para aonde o ar sair (sempre para
cima!), no haver acmulo. A figura 12.12 mostra um sistema que traz um sifo na alimentao.
Mas ali no h problema algum de circulao, porque qualquer bolha de ar voltaria para o RT ou
subiria pelos coletores para, mais uma vez, chegar ao RT, de onde esse ar seria expelido atravs
do respiro (ou suspiro).
200
MDULO - SOLAR
Dois dos mais importantes cuidados na instalao por termossifo j foram vistos. Resta agora
analisar uma instalao tpica, com algumas de suas dimenses caractersticas. comum que as
recomendaes bsicas nas instalaes por termossifo sejam dadas em relao a essas
medidas.
A primeira medida a altura entre a caixa d'gua e o reservatrio. Essa distncia determina a
presso de trabalho do RT e dos coletores. Aumentando-se essa altura, aumenta-se a presso nos
coletores. Entretanto, em relao circulao do termossifo, nada muda, pois a presso ser
aplicada nas duas colunas (figura 13.9) e o efeito se anularia. Portanto, essa altura tem
importncia apenas na definio da presso de trabalho do reservatrio e na forma como fazemos
a ligao hidrulica caixa dgua-RT. Em termos do termossifo, nada muda!
Enquanto a distncia entre a caixa d'gua e o RT no afeta o rendimento do termossifo, a
distncia topo/fundo (TP) de muita importncia. Essa distncia ajuda na circulao do sistema,
pois, quanto maior seu comprimento, maior ser o comprimento das colunas de gua quente e
gua fria. Quanto maior as colunas, maior a fora gerada na circulao do termossifo. Por isso,
pode-se observar na tabela 12.2 que quanto maior for essa distncia, maior ser o comprimento
equivalente mximo de tubulao permitido.
Porm, claro que quanto maior for essa distncia, maior ser tambm a perda de calor, pois mais
longo ser o caminho da gua. Alm disso, a instalao vai ficar mais cara, pelo simples fato de
que mais tubos sero usados.
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
201
MDULO - SOLAR
A distncia TP no apenas ajuda a circulao da gua como tambm tem papel crucial no combate
ao que se chama de circulao inversa, que a circulao de gua pelos coletores no perodo
noturno e que leva ao resfriamento da gua. Ela resultado do mesmo fenmeno que promove a
circulao durante o dia. noite, os coletores se esfriam, assim como esfria a gua contida em seu
interior. A gua mais fria provoca um diferencial de presso no sentido inverso, provocando uma
circulao no sentido contrrio e que resulta, em ltima instncia, no resfriamento da gua que
estava no reservatrio. Na maioria dos casos, esse efeito muito pequeno, e justamente porque
as instalaes preservam a distncia TP em valores corretos.
Um pesquisador australiano, Graham Morrison3, realizou estudos para analisar o efeito da
distncia TP no volume de gua recirculado em um sistema com consumo dirio de 200 litros. Ele
observou que, se a distncia TP fosse nula, a gua se resfriaria a uma taxa de cerca de 1 litro por
hora - o que levaria a perdas de cerca de 8% da energia coletada em um reservatrio de 200 litros
durante uma noite. Mas com uma distncia topo/fundo igual a 10 cm, o fluxo reverso caa para a
metade. J com 20 cm de distncia, o fluxo se reduzia para apenas 0,3 litro por hora. Ou seja, a
altura correta entre o topo dos coletores e o fundo do reservatrio no s garante boa circulao
durante o dia como tambm bloqueia a circulao reversa durante a noite. E o ideal manter essa
altura entre 25 e 30 cm.
Existe um teste simples para verificar se uma instalao est sofrendo de circulao reversa em
excesso. Basta acompanhar a temperatura da gua na tubulao de retorno dos coletores para o
RT logo que o sol se pr. Se a gua estiver quente e no houver mais sol, pode-se concluir que a
gua quente presente nesse trecho na verdade gua que est retornando do RT em direo aos
coletores, onde ser esfriada. E a soluo para o problema aumentar a altura topo/fundo.
Muitas vezes, a primeira idia na cabea das pessoas sobre como combater a circulao inversa
colocar uma vlvula de reteno na tubulao, impedindo o fluxo reverso. Mas a deve-se lembrar
que o termossifo um fenmeno fraco, e que a presso gerada durante o dia no seria suficiente
para abrir uma vlvula de reteno comum. Ou em outras palavras, o sistema simplesmente no
funcionaria.
Por ltimo, necessrio ressaltar que o isolamento das tubulaes no apenas evita as perdas de
calor como tambm ajuda na circulao do termossifo. Sem o isolamento, na medida em que o
calor perdido na tubulao de retorno dos coletores para o RT, a gua fica mais densa (mais
"pesada") e diminui a diferena de presso entre a coluna fria e a coluna quente, o que prejudica a
circulao.
3
Morrison, G.L., Reverse circulation in termosyphon solar water heaters, Solar Energy, vol. 36,
num. 4, pg. 377-379, 1986.
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
202
MDULO - SOLAR
Por exemplo, pode-se avaliar o caso de uma instalao convencional (figura 12.14). Se o coletor
tiver 2 m de comprimento e estiver instalado sobre um telhado com 30% de declividade (ou cerca
de 17o de inclinao), a projeo vertical desse coletor ser cerca de 60 cm. Se a distncia
topo/fundo for de 20 cm, RT tiver um dimetro de 60 cm, o desnvel entre o fundo da ciaxa e o topo
do reservatrio for 20cm e a altura da caixa d'gua for 50 cm, a altura total ser 60+20+60+20+50
= 210 cm (2,1 metros).
Figura 12.14. Dimenses em uma instalao convencional por termossifo tpica (vista lateral).
Na prtica, poucos so os telhados que possuem dimenses suficientes para uma instalao como
essa, mas existem algumas alternativas para driblar o problema.
203
MDULO - SOLAR
J os coletores invertidos partem do mesmo princpio, mas possuem uma largura maior que a do
mini-coletor. E aqui bom lembrar que o coletor invertido no somente um coletor que foi
"tombado", pois a sua serpentina tem de ser adaptada para ficar na direo correta do fluxo de
gua, com os pequenos tubos de ascenso sempre para cima. E h mais um detalhe: essa
soluo possui os inconvenientes de aumentar a distncia percorrida pela tubulao na instalao
e de reduzir a fora motriz do termossifo. Por exemplo, para 8 m2 de coletores de 2 x 1m, a
largura da bateria seria de 4 m. Com coletores de 1 x 2 m, a largura total salta para 8 metros. E no
caso de instalaes maiores, como as de 1.000 litros, a aplicao dessa alternativa fica bastante
difcil, pois quase sempre o comprimento total da tubulao de interligao dos coletores
ultrapassar os valores mximos recomendados.
Figura 12.15 Instalao com mini-coletores ( esquerda) e com coletores invertidos ( direita).
(fotos: acervo Soletrol).
Figura 12.16 Instalao de mini coletores em longa bateria (fotos: acervo Soletrol)
Uso de torres:
As torres so solues arquitetnicas para a falta de altura do telhado. Essa opo simples e
relativamente barata, mas possui um maior impacto em termos da esttica da construo. Por
outro lado, muitas vezes a torre j est prevista no projeto arquitetnico ou h um desejo dos
proprietrios em faz-la, para aumentar a presso de trabalho da rede hidrulica da residncia.
A torre pode ser feita para receber apenas a caixa dgua ou pode abrigar tambm o reservatrio
trmico. Mas quando for tecnicamente possvel, o melhor us-la somente para a caixa dgua,
pois assim tem-se liberdade para alocar o reservatrio trmico mais prximo dos coletores,
enquanto a torre fica mais baixa.
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
204
MDULO - SOLAR
O ponto negativo dessa soluo o potencial para formao de sombra sobre os coletores, e por
isso que a posio da torre em relao aos coletores deve ser bem avaliada antes da sua
construo.
Outra soluo para reduzir a altura total do termossifo o emprego de um reservatrio trmico
em nvel. Nesse caso, no lugar da caixa dgua estar acima do RT, os dois componentes podem
ser instalados no mesmo nvel, e sem a necessidade de que eles estejam prximos, lado a lado.
205
MDULO - SOLAR
206
MDULO - SOLAR
Como apresentado anteriormente veremos este tipo de instalao com mais detalhes nos prximos
captulos que iro tratar exclusivamente de sistemas com circulao forada.
207
13
INSTALAES DE MDIO E GRANDE PORTE
Circulao Forada
Etapas do Projeto Executivo
Associao entre Coletores e Reservatrios
Equilbrio Hidrulico
MDULO - SOLAR
INTRODUO
O aquecimento solar, alm de oferecer diversos benefcios sociais e ambientais, pode
proporcionar, ao usurio, uma economia em termos financeiros significativa. Hoje, graas ao
programa nacional de certificao de coletores e reservatrios trmicos, busca incessante por
qualidade e avano tecnolgico dos fabricantes e a um movimento organizado entre empresas do
setor, o aquecimento solar conquistou credibilidade no segmento de mdio e grande porte e, cada
vez mais, vem sendo adotado em hotis, motis, indstrias, hospitais, escolas, edifcios
residenciais, clubes, academias, dentre outros, como soluo definitiva para aquecimento de gua
para banho.
Um sistema de aquecimento solar de mdio porte (SAS MP) e grande porte (SAS GP) podem
ser caracterizados como instalaes com grau significativo de exigncia tcnica por agregarem
inmeras variveis, que no somente se restringem correta instalao de coletores solares e
reservatrios trmicos.
Neste captulo sero abordados os temas referentes etapa inicial de implantao de um sistema
de aquecimento solar, correspondente s fases de projeto, planejamento e infra-estrutura de
instalaes de mdio e grande porte.
Um projeto e aquecimento solar caracterizado como uma obra de engenharia, portanto, deve ser
registrado no CREA (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) e elaborado por
profissional tecnicamente capacitado e habilitado.
211
MDULO - SOLAR
212
MDULO - SOLAR
A elaborao de um projeto executivo de aquecimento solar pode ser subdividida nas seguintes
etapas:
a. Associao em Paralelo
213
MDULO - SOLAR
Por se tratar de uma associao em paralelo, as temperaturas T1 e T2 devem ser iguais. Para que
isso ocorra, os trechos de tubulao para interligao hidrulica entre os reservatrios trmicos
devem obedecer aos seguintes parmetros: a1 = a2; b1 = b2; c1 = c2 e d1 = d2. Essa igualdade entre
os trechos de tubulao garantir uma equalizao do fluxo de entrada e sada de gua dos
reservatrios trmicos e consequentemente o equilbrio hidrulico entre os mesmos.
Da mesma forma que no caso anterior, as temperaturas T1, T2 e T3 devem ser equivalentes,
assim como as distncias entre os trechos de tubulao devem permanecer idnticas para que se
garanta o equilbrio hidrulico entre os reservatrios.
b. Associao em Srie
Os dimetros das tubulaes K1, K2 e K3 devem ser iguais, garantindo que o fluxo de entrada
Os dimetros das tubulaes K1, K2 e K3 devem ser dimensionas de forma que atendam o
A sada de gua para os coletores dever ser feita do reservatrio 1 (reservatrio mais frio) e o
214
MDULO - SOLAR
As redes de distribuio hidrulica de gua fria e quente devem ser pressurizadas igualmente,
de alta presso.
215
MDULO - SOLAR
a. Geometria
Assim como os reservatrios trmicos, os coletores solares tambm podem ser verticais ou
horizontais. Cabe ao projetista determinar que geometria de coletores ser mais adequada
instalao.
b. Orientao e inclinao
Orientao
Assim como em qualquer instalao de aquecimento solar, os coletores devem ficar orientados
para o norte geogrfico e permitindo-se desvios de at 30 para leste ou oeste, sem a necessidade
de compensao de rea coletora.
Inclinao
Como visto no captulo 5, a inclinao dos coletores determinada a partir da localidade onde os
mesmos sero instalados. Esse valor calculado atravs do valor, em mdulo, da latitude + 10.
Vale lembrar que o ngulo encontrado atravs dessa equao privilegia os meses de inverno,
cabendo uma anlise da demandada de gua quente da instalao ao longo do ano, para definio
do ngulo que ir proporcionar o melhor rendimento ao sistema.
216
MDULO - SOLAR
c. Suporte Metlico
A perfeita adequao dos coletores solares em instalaes de mdio e grande porte normalmente
ocorre atravs do uso de suportes metlicos, garantindo assim a orientao e inclinao
desejveis para maior captao de energia do sistema.
Ao definir um modelo de suporte que se adeque aos coletores e rea disponvel para instalao,
deve-se atentar para os seguintes aspectos:
Verificar se a estrutura do local onde sero instalados suportar o peso total do conjunto
O suporte dever suportar as cargas de vento da localidade onde ele ser instalado,
Nas fotos anteriores podemos ver os pilaretes de concreto construdos para apoiar os suportes
metlicos. A construo dos mesmos de grande importncia pois evita interrupes na manta de
impermeabilizao da laje.
Fixados os valores de orientao e inclinao dos coletores solares, importante verificar qual a
distncia mnima entre as baterias de coletores para evitar ou minimizar o sombreamento que
poder ocorrer entre as mesmas ou em razo de outros obstculos como construes vizinhas,
217
MDULO - SOLAR
rvores e etc. O valor da distncia horizontal entre uma fila de coletores ou algum obstculo de
altura h poder ser determinado, de forma simplificada atravs da seguinte equao:
d=hxk;
(14.1)
-5
- 10
- 15
- 20
- 25
- 30
- 35
0,541
0,433
0,541
0,659
0,793
0,946
1,126
1,347
1,625
A distncia ideal entre baterias deve considerar, alm dos efeitos do sombreamento, um espao
suficiente para que se realizem manutenes e limpeza dos coletores.
Vale lembrar que esta equao apenas orientativa, e a anlise de distncias entre baterias deve
ser criteriosamente desenvolvida para cada projeto.
A eficincia de uma srie de coletores est diretamente ligada forma como eles so associados.
A associao entre baterias um dos passos mais importantes de uma instalao de aquecimento
solar, pois a ela est relacionada a temperatura que se pretende atingir, a vazo de operao do
sistema e consequentemente o dimensionamento das tubulaes e demais acessrios.
218
MDULO - SOLAR
T2
T1
219
MDULO - SOLAR
o tipo de associao mais utilizado em obras de mdio e grande porte, pois quando h limitaes
de rea fsica para instalao dos coletores, deve-se combinar os dois modelos de associao
(srie e paralelo) para que se consiga alocar o nmero de coletores necessrios instalao.
Figura 13.15 - Associao mista: trs baterias em paralelo combinada com duas baterias em srie
13.2.3. Hidrulica
As instalaes hidrulicas de aquecimento solar se dividem entre circuito primrio, compreendido
entre o reservatrio trmico e os coletores, e secundrio, correspondente ao circuito hidrulico
situado entre o reservatrio e os pontos de consumo.
a. Fluido de trabalho
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
220
MDULO - SOLAR
O fluido de trabalho no circuito primrio ,na grande maioria dos casos, a gua que circula
diretamente pelo interior dos coletores. Deve-se sempre verificar a composio fsico-qumico e a
temperatura de operao da gua para identificar sua compatibilidade com os materiais da
instalao por onde ir circular.
Em algumas instalaes pode-se utilizar fludos trmicos sendo, o aquecimento realizado de forma
indireta por meio de trocadores de calor.
b. Equilbrio hidrulico
A eficincia de uma bateria de coletores, como visto anteriormente est relacionada sua
associao e vazo do fluido de trabalho. Dessa forma, adota-se o principio do retorno invertido,
com o objetivo de equalizar a vazo entre as baterias de coletores. Esse princpio permite
equilibrar hidraulicamente a instalao, de forma que a perda de carga no percurso do fluido de
trabalho seja sempre a mesma, independente da bateria de coletores pela qual ele circule.
Os dimetros dos os trechos de tubulaes devero ser dimensionados de acordo com a vazo
que neles circula. O correto dimensionamento do dimetro das tubulaes poder reduzir
sensivelmente os custos da instalao.
Nas ilustraes a seguir, pode-se observar a forma correta de interligao entre baterias de
coletores utilizando-se o princpio do retorno invertido, onde todos os trechos (em vermelho), entre
os pontos A e B, possuem a mesma distncia e a forma incorreta, onde o fluido percorrer
distncias diferentes em cada bateria que ele circule.
221
MDULO - SOLAR
O valor da vazo total de operao (Qo) do circuito primrio calculado em funo da associao
das baterias de coletores solares. Quando no definido pelo fabricante, recomenda-se adotar, para
o clculo, o valor da vazo de teste de eficincia dos coletores solares para banho (72 litros por
hora por m)*, devendo-se ainda determinar a rea til (Au
bateira
(13.2)
222
MDULO - SOLAR
Au bateria = 5 x 2m x 2 = 20 m
Qo = Au bateira x 72 l/h.m
Qo = 20 m x 72 l/h.m
Qo = 1440 l/h
223
MDULO - SOLAR
Considerando a interligao hidrulica abaixo e cada coletor solar com rea de 2m. Qual ser a
vazo de operao (Qo)do sistema ?
Au bateria = 4 x 2m x 3 = 24 m
Qo = Au bateria x 72 l/h.m
Qo = 24 m x 72 l/h.m
Qo = 1728 l/h
d. Tubulaes
224
MDULO - SOLAR
Tabela 13.2. Vazes mximas em tubos de cobre
Dimetro
Velocidades mximas
Vazes mximas
(mm)
(pol)
m/s
l/hora
15
22
1/2
3/4
1,6
1,95
720
2.160
28
35
1
1.1/4
2,25
2,50
4.320
9.000
42
1.1/2
2,50
14.400
54
66
2
2.1/2
2,50
2,50
20.520
32.040
79
2,50
43.200
104
2,50
64.800
e. Bomba Hidrulica
e.1 Dimensionamento
Para determinao das perdas de carga totais de um sistema de aquecimento solar deve-se adotar
os seguintes passos:
225
MDULO - SOLAR
Au baterias = 4 x 2m x 3 = 24 m
Qo = Au baterias x 72 l/h.m
Qo = 24 m x 72 l/h.m
Qo = 1728 l/h ou 1,73 m/h
0,0 m
3,0 m
0,9 m
13,2 m
0,2 m
1,0 m
18,3 m
Rede Brasil
de Capacitao em Aquecimento Solar
Conforme baco de Fair-Whipple-Hsiao (Anexo
2) para:
226
MDULO - SOLAR
As tubulaes, conexes, registros e vlvulas de uma instalao por onde circulem fluidos com
temperaturas superiores a 40 C devem ser isoladas termicamente. O isolamento de tubulaes
externas, que estejam submetidas aos efeitos dos raios ultravioletas e intempries, deve ser
protegido com material que suporte as condies as quais ser submetido, garantindo assim, uma
vida prolongada ao isolamento.
Espessura do Isolamento
(mm)
D 22
22 > D 66
10
D > 66
20
Cabe ressaltar que a tabela acima apenas orientativa, devendo, a espessura do isolamento, ser
determinada de acordo com o local da instalao e caractersticas do isolamento.
227
MDULO - SOLAR
Por no receber radiao solar durante a noite, o fludo de trabalho permanece estagnado e,
portanto, exposto s condies climticas do local da instalao. Em regies com risco de geadas,
so utilizados sistemas de proteo, com o intuito de evitar danos ao sistema.
Recirculao da gua esse sistema far circular, atravs de uma bomba hidrulica, a gua do
reservatrio trmico quando a temperatura do sensor, localizado nos coletores solares, acusar
valores prximos a 5 C.
gua existente nos coletores drenada quando a temperatura nos coletores atinge valores
prximos a 5 C.
uma soluo que reduz a temperatura de congelamento do fluido de trabalho. Para que o sistema
funcione corretamente, alm da instalao de um trocador de calor necessrio verificar se a
soluo encontra-se nas propores ideais definidas pelo fabricante do fluido e se no ir
comprometer os acessrios da instalao.
13.2.6 Temperaturas
Uma instalao de aquecimento solar deve ser projetada para suportar uma ampla variao de
temperaturas, que vo desde as que apresentam risco de congelamento at aquelas prximas a
de ebulio da gua.
228
MDULO - SOLAR
Em tais hipteses, para evitar danos a instalao de aquecimento solar, importante a utilizao
de materiais e equipamentos que suportem a temperatura de operao sistema, bem como o uso
de protees que no permitam, por exemplo, o funcionamento da bomba de circulao quando o
sistema alcanar temperaturas prximas de ebulio da gua.
13.2.7 Presso
Da mesma forma que o reservatrio trmico e os coletores solares, as tubulaes e acessrios
hidrulicos devem ser dimensionados para suportar presses 1,5 vez superiores s quais sero
submetidas durante o funcionamento do sistema de aquecimento solar.
do sistema;
O quadro de comando pode ainda conter alguns equipamentos para controle e acompanhamento
do rendimento da instalao, tais como: hormetro, programador horrio, medidores de radiao
solar, medidores de vazo, sensores de temperatura auxiliares, hidrmetros e etc.
229
MDULO - SOLAR
Figura 13.22. Representao esquemtica de um sistema de aquecimento solar com trocador de calor
230
14
INSTALAO, MANUTENO
MANUTENO E SEGURANA
MDULO - SOLAR
INTRODUO
Fluxograma de funcionamento;
Localizao de equipamentos;
Cortes;
Traado da tubulao;
234
MDULO - SOLAR
a. Fluxograma de funcionamento
Por meio desta representao grfica determina-se a localizao dos reservatrios trmicos, os
coletores solares e demais equipamentos na construo.
235
MDULO - SOLAR
c. Isomtricos
d. Cortes
236
MDULO - SOLAR
b. Reservatrios trmicos
Os reservatrios trmicos devem ser armazenados em local protegido de intempries e com suas
entradas e sadas vedadas, at o momento da instalao, impedindo a entrada de folhas ou
objetos que possam afetar o funcionamento do sistema.
O transporte dos reservatrios trmicos deve ser executado atravs de seus olhais ou alas de
transporte seguindo as recomendaes do fabricante e nunca pelas tubulaes.
237
MDULO - SOLAR
A seguir esto relacionados alguns EPIs, ferramentas e acessrios necessrios para realizao de
uma instalao de aquecimento solar .
Uniforme;
Luvas;
14.4.2. Ferramentas
238
MDULO - SOLAR
Chave de grifo;
Maarico;
Inclinmetro
Alicate;
Trena;
Serrote;
Bssola;
Martelo;
Furadeira eltrica;
Extenso eltrica;
Lixa;
Multmetro;
a. Bomba hidrulica
Quando o sistema de aquecimento solar no pode operar em termossifo utiliza-se uma bomba
hidrulica cujo objetivo promover a circulao do fluido de trabalho entre os coletores e o
reservatrio trmico.
As bombas hidrulicas utilizadas em sistemas de aquecimento solar devem possuir algumas
caractersticas especiais para que operem de forma segura e duradoura.
Corpo hidrulico
Corpo hidrulico: o corpo hidrulico abriga o rotor o qual pode ser fabricado em ferro fundido, ao
inoxidvel, bronze, polmero ou outro material, devendo ser especificado conforme as
caractersticas fsico qumicas e temperatura do fluido que ser bombeado.
Motor eltrico: acoplado ao corpo hidrulico responsvel pelo acionamento do rotor sendo
dimensionado conforme a potncia necessria para vencer as perdas de carga e desnveis da
instalao. Vale ressaltar que para trabalhar com gua quente as bombas precisam ter o rotor em
bronze ou ao inox e vedao em Viton ou EPDM.
239
MDULO - SOLAR
c. Termostato
Termostatos
so
dispositivos
que
permitem
abertura
ou
d. Fluxostato
e. Sensores de temperatura
(fonte: Fullgauge)
240
MDULO - SOLAR
f. Manmetro
g. Vlvulas e registros
Vlvulas so dispositivos utilizados para controle, bloqueio, manuteno e desvio de fluxo do fluido
circulante de uma instalao hidrulica. Em um SAS, as vlvulas mais utilizadas so:
241
MDULO - SOLAR
Vlvula de reteno
Esse tipo de vlvula permite o fluxo do liquido em uma s direo podendo ser instalada na vertical
ou horizontal de acordo com as especificaes da vlvula.
Fonte:website docol
Figura 14.11 - Vlvula de reteno
Fonte:website genovalvulas
Figura 14.12 - Vlvula eliminadora de ar
Vlvula quebra-vcuo
Fonte:website silgonvalvulas
Vlvula de segurana
Esse modelo de vlvula responsvel por proteger o sistema contra presses superiores s
dimensionadas para sua operao.
Fonte:website drava
Figura 14.14 Vlvula de segurana
242
MDULO - SOLAR
De posse do projeto dos suportes, suas especificaes devem ser rigorosamente seguidas, de
forma a garantir sua correta fixao estrutura do telhado ou s bases construdas especialmente
para sua instalao.
A base dos suportes dos coletores dever ser confeccionada em concreto ou outro material que
suporte o peso dos coletores, as cargas de vento e as intempries a que o sistema ser
submetido. Deve-se ainda atentar para os seguintes itens na confeco das bases:
A distncia entre as bases deve ser calculada de forma que o suporte nela instalado no
Os parafusos de fixao dos suportes nas bases devem ser galvanizados ou protegidos contra
corroso.
Quando os suportes metlicos forem instalados sobre telhados, as telhas perfuradas devero
ser impermeabilizadas.
Os suportes e suas respectivas bases de fixao devero ser projetados por profissional
tecnicamente habilitado
tubular.
* Ateno: conforme a norma NBR 7198, vedado o uso de vlvulas de reteno no ramal de
alimentao de gua fria por gravidade do reservatrio trmico, quando o mesmo no possuir
respiro.
243
MDULO - SOLAR
A alimentao de gua fria do reservatrio, vinda da caixa dgua, deve ser exclusiva no
A sada para o dreno deve ser conectada a uma tubulao de esgoto ou destinada a local
apropriado;
Quando for utilizado conjunto de vlvulas para SAS de alta presso, a rea logo abaixo do
244
MDULO - SOLAR
A interligao hidrulica dos coletores poder ser executada em srie ou paralelo de acordo com
o que for definido no projeto da instalao. Alm de seguir as configuraes de projeto, no
momento da instalao dos coletores, deve-se atentar para os seguintes itens:
a. As conexes entre coletores podem ser executadas com luvas soldadas ou luvas de unio, as
b. Deve-se instalar um registro gaveta ou esfera na parte inferior da bateria para dreno dos
coletores.
d. A instalao dos coletores deve prever fcil acesso para limpeza e manuteno.
coletores com um pequeno aclive, entre 2% e 3%, no sentido da sada da gua quente, evitandose sifes provocados por desnveis no telhado ou erro na instalao.
245
MDULO - SOLAR
246
MDULO - SOLAR
Os sensores podem ser fixados diretamente na tubulao, quando a mesma for de cobre, ou
instalado em poos termomtricos. Aps sua instalao os mesmos devem ser isolados
termicamente.
14.9.2 Quadro de comando
O quadro de comando deve ser instalado em um local prximo ao SAS protegido de intempries e
de fcil acesso, para possveis verificaes de temperatura ou operao do sistema.
.
Fonte: acervo Green
Figura 15.21 Quadro de comando Vista Interna
a. Resistncia eltrica
247
MDULO - SOLAR
b. Aquecedor de passagem a gs
descendente, evitando-se a formao de sifes, que podem prejudicar a vazo nos pontos de
consumo.
d. A prumada de gua fria da descarga dever ser exclusiva. No deve-se instalar ramais para o
248
MDULO - SOLAR
Deve-se encher lentamente o sistema, preferencialmente da parte mais baixa para o topo evitando
a formao de bolsas de ar no circuito hidrulico.
b. Teste de estanqueidade
Os circuitos hidrulicos devem ser testados com presso 1,5 vez, superior presso de operao
da instalao com objetivo de identificar possveis vazamentos. As vlvulas de segurana, quando
existentes, devem ser instaladas aps o teste de estanqueidade, pois as mesmas operam em
presso nominal inferior a de teste.
Nesta etapa importante acionar manualmente todas as vlvulas ventosas para retirada completa
do ar do sistema.
Sensores, bomba hidrulica, vlvula de segurana e demais acessrios devem ser testados
simulando-se condies de operao do sistema e verificando seu comportamento.
14.12
Acabamento
expostas a radiao solar e intempries devem possuir algum tipo de elemento protetor (alumnio
corrugado, fita aluminizada, etc.).
b. Verificar se todas as tubulaes esto bem fixadas e sem formao de sifes no seu percurso;
c. Verificar se todos os cabos eltricos esto devidamente encapados e conduzidos atravs de
eletrodutos;
d. Verificar a existncia de alguma obstruo na sada do conjunto de vlvulas de seguraa.
249
MDULO - SOLAR
14.14 Manuteno
A manuteno de um sistema de aquecimento solar, quando corretamente instalado, bem
simples. A seguir apresentam-se as principais aes de manuteno aplicveis a um sistema de
aquecimento solar.
14.14.1 Manuteno preventiva
Mensal
diferencial de temperatura;
Semestral
Anual
250
MDULO - SOLAR
CHECAR
CAUSA PROVVEL
SOLUO
Coletores
Coletores danificados
Substituir
Registros
Abrir registros
Inclinao das
tubulaes
Ar no circuito hidrulico
Retirar o ar do circuito
Tubulao de
distribuio
Vazamento
Desconfigurado
Reconfigurar
Descontinuidae do cabeamento
Sensores danificados
Substituir
Bomba danificada
Reparar ou susbtituir
Resistncias queimadas
Substituir
Termostato danificado
Substituir
Termostato desregulado
Regular
Controlador diferencial
de temperatura
Bomba hidrulica
Aquecedor auxiliar
(eltrico)
Aquecedor auxiliar
(gs)
Usurios
Aquecedor auxiliar
Substituir
Termostato de acioanmento
defeituoso
Ajuste imprprio da chama piloto
de gs
Reparar
Reajustar
Checar a dimensionamento do
sistema
Ponto de ajuste do termostato muito Reduzir a temperatura de ajuste
alto
do termostato
Consumo excessivo
Sensor de temperatura
Calibrao imprpria
Dimensionamento
Sistema superdimensioando
Checar dimensionamento
Vedao defeituosa
Substituir
Vlvula em operao
Checar condies de
funcionamento
Reparar ou substituir.
Tubulao defeituosa
Reparar ou substituir.
Usurios
Vlvula eliminadora de
ar
Vlvula
anticongelamento
Tubulao do coletor
251
15
AQUECIMENTO SOLAR DE PISCINA
Aspectos Construtivos
Instalao Hidrulica
Balano de Energia
Projeto
Instalao
Manuteno Preventiva e Corretiva
MDULO - SOLAR
INTRODUO
A aplicao da energia solar trmica em aquecimento de piscinas vem crescendo de forma
consistente e significativa em todo Brasil. Diante dessa realidade, a necessidade de profissionais
qualificados passa ser fundamental para o desenvolvimento de todos os nveis da cadeia
produtiva: certificao, fabricao, vendas, projeto e instalao. Para que isto ocorra, necessrio
que o profissional da rea esteja atualizado quanto aos produtos oferecidos pelo mercado, critrios
de qualidade, diferenciais tecnolgicos e metodologias de projeto e instalao
Um sistema de aquecimento solar para piscina pode ser divido basicamente em quatro
subsistemas distribudos da seguinte forma:
254
MDULO - SOLAR
O coletor solar tem a funo de absorver a radiao solar incidente e transferi-la para a gua da
piscina no momento em que esta passa pelo coletor solar. Durante este processo, naturalmente
ocorrem perdas de energia cuja intensidade varia em funo do tipo de projeto construtivo,
caractersticas e aplicao de cada coletor solar.
Atualmente, no mercado brasileiro, utilizam-se dois tipos distintos de coletores para o aquecimento
de piscina.
Semelhantes aos coletores utilizados no aquecimento de gua para banho, podem atingir
temperaturas de at 60C. Esses coletores podem ser metlicos ou polimricos, entretanto para
serem utilizados no aquecimento de piscinas so submetidos a testes de eficincia especficos
para essa aplicao.
Esse modelo de coletor recomendado para aplicaes cuja temperatura mxima de utilizao
de 35C, sendo, por essa razo, normalmente fabric ado em polmeros, no isolados termicamente
alm de no possurem nenhum tipo de cobertura, constituindo-se apenas de placa absorvedora e
tubos.
Ao selecionar qual o modelo de coletor mais adequado para um projeto de aquecimento de piscina
alguns fatores devem ser observados:
a. Propriedades mecnicas
255
MDULO - SOLAR
c. Presso de trabalho
Ao se dimensionar a bomba para circulao da gua pelos coletores deve-se verificar qual a
presso de operao do sistema e assim definir qual o modelo de coletor suportar as presses
impostas pela bomba sem apresentar nenhum tipo de deformao ou vazamento.
d. Tratamento da superfcie
Por serem equipamentos que trabalham essencialmente expostos a radiao solar, todos os
modelos de coletores, sejam eles abertos ou fechados, metlicos ou polimricos, devem possuir
tratamento qumico em sua superfcie absorvedora, garantindo maior vida til e a eficincia
projetada do equipamento. Em coletores metlicos, a placa absorvedora recebe uma camada de
tinta, a qual deve suportar as elevadas temperaturas de operao, as dilataes e contraes do
metal e a radiao solar incidente. J os coletores feitos em polmeros, recebem, em sua
composio qumica, elementos que o protegem contra a ao dos raios ultravioleta (anti-UV)
permitindo assim que suas caractersticas construtivas sejam mantidas.
e. Isolamento trmico
256
MDULO - SOLAR
Fonte:website solazerpiscinas
Fonte: website engevilr
Fonte: website sibrape
= 3,1416
A= a x a
A=bxh
A=bxh/2
A = x d/4
257
MDULO - SOLAR
O primeiro passo para se determinar a rea de piscinas com formatos irregulares subdividi-la
em duas ou mais figuras geomtricas de rea conhecida. Sendo assim tem-se:
rea do retngulo 1:
rea do tringulo 2:
rea da circunferncia 3:
A1 = b x h
A2 = (b x h)/2
A2 = x d /4
A1 = 4 m x 2 m
A2 = 1,3m x 1m / 2
A2 = 3,1416 x 3 /4
A1 = 8,00 m
A2 = 0,65 m
A2 = 7,07 m
Para determinao do volume basta multiplicar a rea total encontrada pela profundidade mdia
da piscina.
258
MDULO - SOLAR
a. Piscinas abertas
c.
Piscinas fechadas
piscina.
259
MDULO - SOLAR
1,2
0,8
0,6
0,4
0,2
0
26
27
28
29
30
31
32
33
Temperatura [C]
Piscinas de treinamento: 26 C;
260
MDULO - SOLAR
Uma das maiores dificuldades na insero de um sistema de aquecimento solar para piscina
esto relacionadas s questes hidrulicas que sero discutidas a seguir. Contudo, importante
que durante a construo da piscina as tubulaes de ralo de fundo e bocais de retorno estejam
corretamente dimensionadas para receber o sistema de aquecimento solar.
Em piscinas ainda em fase de projeto possvel prever bocais independentes para suco e
retorno do sistema de aquecimento solar.
Acrescentar um bocal de retorno para cada 50m de superfcie de gua ou um bocal para cada
50 m de gua, devendo-se sempre optar pela maior quantidade obtida, sendo o mnimo de dois.
concentrandose o maior nmero de bocais nas regies mais rasas ou onde haja tendncia de
estagnao da gua.
261
MDULO - SOLAR
b. Tubulao independente:
Alm de prever ralo de fundo e bocais de retorno para o sistema de filtragem, a piscina
construda com ralo de fundo e bocais de retorno especficos e devidamente dimensionados para
o sistema de aquecimento solar. Esta a medida mais correta a ser tomada em piscinas
comerciais de grande porte, onde o sistema de aquecimento solar ser implantado de forma
totalmente independente do sistema de filtragem.
c. Tubulao dependente:
O ralo de fundo e bocais de retorno previsto para o sistema de filtragem da piscina ser
aproveitado pelo sistema de aquecimento solar. Esta situao muito comum em se tratando de
piscinas residenciais de pequeno porte, conforme ilustra a figura 19. Contudo, fundamental que
a tubulao dimensionada para a vazo de filtragem (ralo de fundo e bocais de retorno) tambm
seja compatvel com a vazo do sistema de aquecimento solar, pois a filtragem e o aquecimento
da piscina acontecem ao mesmo tempo e utilizando-se da mesma bomba hidrulica. Existem
tambm os casos de piscinas em que as bombas hidrulicas de filtragem e aquecimento solar
sero independentes. Nestes casos, fundamental que a tubulao dimensionada seja
compatvel com a vazo praticada pelo sistema de filtragem e aquecimento solar ao mesmo
tempo. Este segundo caso muito comum em piscinas comerciais de grande porte onde no foi
previsto tubulao independente para o sistema solar.
O circuito hidrulico o meio de interligao entre o coletor solar e a piscina. Esta interligao
pode de ser feita de vrias maneiras, em funo das dificuldades que a instalao oferece para
insero do sistema de aquecimento solar. So eles:
262
MDULO - SOLAR
a. Bomba Hidrulica:
Neste tipo de aplicao, no h possibilidade de instalao do sistema solar por circulao natural
ou termossifo. Toda instalao bombeada (circulao forada), visto que as perdas de carga
so maiores e, normalmente os coletores ficam posicionados acima da piscina. Em sistemas de
aquecimento solar residencial (pequeno porte), comum usar a prpria bomba hidrulica de
filtragem para circulao de gua nos coletores solares. Em sistemas de aquecimento solar
comercial (grande porte) geralmente utilizada uma bomba hidrulica independente e exclusiva
para circulao de gua nos coletores solares. importante que a bomba seja dotada de pr-filtro
ou que este possa ser adaptado ao circuito hidrulico, pois reduz a chance de entupimento dos
coletores. Para dimensionar a bomba hidrulica preciso calcular a altura manomtrica da
instalao e a vazo de projeto dos coletores.
Pr-filtro
Motor eltrico
b. Tubulao:
O PVC marrom resiste a temperaturas prximas de 40C sem sofrer deformaes, atxico e
resistente a intempries, portanto o tipo de tubulao mais utilizada em instalaes de
aquecimento solar para piscinas com coletor solar plano aberto polimrico. Devido faixa de
temperatura de operao, no h necessidade de isolamento trmico. Em uma instalao de
aquecimento solar, a tubulao dividida em: tubulao de alimentao, interligao e retorno
dos coletores. Na tabela 15.1 esto especificadas as vazes mximas praticadas nas tubulaes
de PVC respeitando a velocidade mxima de 2,5 m/s. A experincia prtica mostra que vazes
cuja velocidade excede 2,5 m/s passam a gerar srios problemas de vibrao ao longo da
tubulao, portanto importante que os limites apresentados na tabela 2 sejam respeitados.
263
MDULO - SOLAR
Dimetro PVC
Vazo Mxima
Vazo Mxima
(mm)
(m/h)
(l/min)
20
2,04
34,05
25
3,30
54,97
32
5,46
91,05
40
8,76
145,97
50
13,68
228,08
60
20,16
335,94
75
31,35
522,55
85
40,40
673,32
110
67,61
1126,83
A situao apresentada anteriormente vlida somente para coletores abertos cujas tubulaes
no suportam a expanso ocasionada pelo congelamento da gua em seu interior. Quando se
utilizam coletores fechados na instalao o processo inverso, isto , criam-se atravs de sifes e
dispositivos hidrulicos, maneiras de fazer com que os coletores permaneam cheios no momento
em que a bomba hidrulica desligar. Em tal caso a proteo anticongelamento realizada pelo
controlador diferencial de temperatura que acionar a bomba hidrulica, fazendo circular a gua da
piscina nos coletores, casos os mesmos atinjam temperaturas prximas s de congelamento.
264
MDULO - SOLAR
Quando, por algum motivo, exista uma incompatibilidade entre o tratamento da piscina e o coletor
solar pode-se optar pelo uso de fluidos trmicos, aquecendo-se a gua da piscina de forma indireta
atravs de trocadores de calor.
15.4.
Aquecimento auxiliar
O sistema de aquecimento solar, quando dimensionado corretamente, pode suprir a maior parte da
demanda de energia para o aquecimento de uma piscina. Contudo, nos meses de inverno ou
perodos prolongados de chuva, o sistema de aquecimento solar no ser capaz de atingir a
temperatura desejada da gua, sendo necessrio, portanto, um sistema de aquecimento auxiliar
com objetivo de complementar a energia no fornecida pelos coletores. Os sistemas de
aquecimento solar mais comumente utilizados so:
Tabela 15.2 Tipos de sistemas auxiliares mais utilizados com suas respectivas fontes de energia
Tipo
Fonte de energia
Bomba de calor
Eltrico
Aquecedores de passagem
265
MDULO - SOLAR
a. Bomba de calor
A bomba de calor um equipamento eltrico que alia alta eficincia trmica a um consumo
reduzido de energia. Este equipamento vem sendo amplamente utilizado como apoio a sistema de
aquecimento solar, pois alm das caractersticas apresentadas anteriormente so de fcil
instalao.
Em uma instalao solar convencional de aquecimento de piscinas, a bomba de calor interligada
em srie ao sistema e instalada na tubulao de retorno para a piscina conforme apresentado
esquematicamente abaixo.
Estes aquecedores, quando utilizados para apoio ao aquecimento solar de piscina so interligados
em srie ao sistema.
c. Geradoras de gua quente
Assim como a bomba de calor o uso de geradoras de gua quente ou caldeiras como
complemento ao sistema de aquecimento solar tambm muito comum. As caldeiras, em geral,
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
266
MDULO - SOLAR
aquecimento de piscina (aquecedores a gs, diesel, eltrico, lenha, etc.) consiste em dimensionar
a potncia e quantidade de aquecedores a serem utilizados a partir do levantamento do volume de
gua a ser aquecida, ganho de temperatura e tempo desejvel para que o aquecimento ocorra.
Este mtodo de dimensionamento muito pouco usual em sistemas de aquecimento solar de
piscina, pois parte da premissa de que o tempo necessrio para que ocorra o ganho de
temperatura na piscina seja o mnimo possvel. Para isso, o sistema solar dimensionado
necessitar ter elevada potncia, grande rea coletora e, obviamente, um alto custo de
investimento. Neste mtodo o clculo do volume da piscina tem maior importncia que a rea
superficial.
sistemas de aquecimento solar para piscinas. Consiste basicamente em dimensionar uma rea
coletora com potncia tal capaz de produzir energia suficiente para, diariamente, repor as perdas
trmicas da piscina aquecida. Para chegar ao dimensionamento da quantidade ideal de coletores
solares feito um balano energtico, relacionando as perdas e ganhos de energia trmica na
piscina. Neste mtodo o clculo da rea superficial da piscina tem maior importncia que o volume,
visto que a maior parte das perdas de energia de uma piscina acontece pela sua superfcie,
conforme poder ser visto a diante.
267
MDULO - SOLAR
Perda por Evaporao: responsvel por 60% a 70% da perda trmica de uma piscina
da piscina. A camada de ar frio que se desloca sob a superfcie da piscina aquecida pelo contato
com a camada superficial de gua e em seguida da lugar a outra camada de ar frio. A perda por
conveco tambm diretamente proporcional velocidade do vento e pode representar at 20%
das perdas trmicas. Dobra-se a perda por conveco quando dobra-se a velocidade do vento.
Perda por Radiao: as piscinas irradiam energia trmica diretamente para o cu. Este outro
importante mecanismo de perda trmica e pode exceder 10% da perda de energia trmica total de
uma piscina aquecida.
Perda por Conduo: ocorre atravs da transferncia de calor entre a gua da piscina
enterrada e o solo ou concreto que circunda as suas laterais e fundo. O solo seco e o concreto so
relativamente bons isolantes trmicos, o que faz com que a perda trmica por conduo seja muito
pequena. No caso de piscinas desenterradas, a perda por conduo maior, no entanto ainda
assim, muito pequena se comparada aos outros mecanismos de perda de energia, no
ultrapassando, na maioria dos casos 5%.
Ganho Direto de Energia: consiste no ganho direto proporcionado pela radiao solar que
incide diretamente sob a superfcie da gua da piscina. Estima-se que cerca de 75% desta energia
absorvida e 25% refletida pela piscina.
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
268
MDULO - SOLAR
Ganho do Aquecimento Solar: consiste na energia solar absorvida pelos coletores solares,
onde o baixo nvel de radiao solar incidente no permite que o sistema de aquecimento solar
atenda a demanda energtica da piscina. As alternativas mais comuns so: bombas de calor
(eltrico), aquecedores de passagem a gs (GLP ou gs natural) e geradoras de gua quente
(GLP, diesel ou lenha).
Aps ter definido os mecanismos de perda e ganho de energia trmica da piscina, necessrio
realizar o balano de energia, cujo objetivo quantificar a energia que o sistema de aquecimento
solar dever repor diariamente piscina. Para isso, sabemos que:
(15.1)
(15.2)
(15.3)
Logo;
(15.4)
(15.5)
Da;
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
269
MDULO - SOLAR
(15.6)
O projeto tem grande importncia na cadeia produtiva do aquecedor solar, pois garante uma
correta instalao, reduz custo em funo da soluo otimizada, facilita o planejamento da
execuo da instalao e permite retirar o mximo de rendimento possvel do coletor solar. Em
funo disso, importante ressaltar que os sistemas de aquecimento solar podem ser classificados
como:
270
MDULO - SOLAR
271
MDULO - SOLAR
bomba hidrulica, pois quanto maior for a distncia, mais potente dever ser a bomba e maior
sero as perdas trmicas de temperatura na tubulao. Em termos prticos, no h uma limitao
muito bem definida quanto a distncia mxima entre coletores e casa de mquinas. Contudo,
prudente redobrar os cuidados em instalaes onde a distncia ultrapassa os 100 metros.
d. Alimentao Eltrica: como j foi dito, todo sistema de aquecimento solar bombeado,
portanto importante verificar o tipo de alimentao eltrica da obra para que o quadro de
comando eltrico seja projetado de forma compatvel.
272
MDULO - SOLAR
A interligao entre coletores bastante simples e prtica, contudo no deve ser feita sem
critrios. Ou seja, para cada projeto de coletor solar, h sempre um limite mximo de coletores que
podem ser interligados entre si e esta informao deve ser sempre divulgada pelo fabricante do
coletor solar.
Este fenmeno, com certeza pode comprometer o desempenho do sistema de aquecimento solar.
Portanto, fundamental que o fabricante do coletor solar de piscinas disponibilize em seu material
tcnico o nmero mximo de coletores permitido por bateria, pois est informao de grande
importncia na elaborao de projetos e instalao.
com o mesmo nmero de coletores. Desta forma fica garantido que a vazo de trabalho ser a
mesma em todas elas e, consequentemente, a eficincia trmica da instalao ser maior. Nestes
casos, as baterias de coletores podem ser interligadas entre si, das seguintes formas:
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
273
MDULO - SOLAR
Interligao em Srie:
A tubulao de alimentao conectada apenas em uma das baterias, que por sua vez
conectada a bateria seguinte at que a ltima bateria seja conectada a tubulao de retorno. Note
na figura abaixo, que a interligao entre baterias feita de forma a conectar a sada de gua
quente de uma bateria entrada de gua fria da bateria seguinte. Alm disso, a vlvula quebra
vcuo instalada apenas na tubulao de retorno, na ltima bateria da srie.
Com isso fica fcil entender que em uma instalao solar com 2 baterias em srie, a rea coletora
de interesse, para clculo de vazo, reduzida metade. Da mesma forma que em uma
instalao solar com 3 baterias em srie, a rea coletora de interesse, para clculo de vazo,
reduzida um tero.
No entanto, existem critrios para interligar as baterias de coletores em srie. Estes critrios esto
relacionados com o a eficincia trmica da instalao. sabido que, quanto maior a temperatura
de entrada no coletor solar, menor a sua eficincia trmica. Com as baterias de coletores no
diferente. medida que a interligao de baterias em srie comea ficar muito extensa, as ltimas
baterias comeam a perde eficincia trmica, visto que so alimentadas pelas baterias anteriores
com a gua j aquecida.
Interligao em Paralelo:
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
274
MDULO - SOLAR
Esta modalidade de instalao muito utilizada em sistemas residenciais e neste caso a rea
Contudo, tambm h critrios para a sua utilizao. Estes critrios esto relacionados ao aspecto
hidrulico da instalao. A experincia prtica mostra que, interligao de baterias de coletores
em paralelo onde utilizado um extenso nmero de ramais de alimentao, h uma grande
dificuldade em manter a uniformidade ou constncia da vazo em todas as baterias de coletores.
Com isso as baterias das extremidades so favorecidas e as do centro prejudicadas.
Interligao Mista:
Muito utilizada em projetos de sistemas de aquecimento solar de piscinas de grande porte. Como o
prprio nome j diz, trata-se de um misto entre as duas modalidades discutidas acima: srie e
paralelo. Geralmente, a interligao entre baterias , primeiramente, explorada ao mximo na
modalidade em srie e, esgotado as possibilidades, dar-se incio ao estudo de possibilidades de
interligaes em paralelo.
275
MDULO - SOLAR
Alm do que j foi discutido, importante alertar para alguns pontos que podem fazer a diferena
entre um sistema de aquecimento solar eficiente e um sistema de aquecimento solar eficaz. So
eles:
Os coletores ou baterias de coletores devem ser instalados de forma a garantir equilbrio hidrulico
entre eles, ou seja, o circuito hidrulico no pode gerar preferncia e com isso, desequilibrar
hidraulicamente o sistema.
Como j dito, a gua sempre busca o trajeto de menor esforo para o seu escoamento, em funo
disso cabe ao circuito hidrulico a funo de garantir que a gua alimente todos os coletores ou
baterias de coletores uniformemente.
O circuito hidrulico deve ser projetado de forma que permita a drenagem dos coletores e
tubulao quando a bomba hidrulica desarmada. A drenagem do sistema solar importante por
que evita o superaquecimento da gua, o que pode comprometer a tubulao de PVC. Alm disso,
uma forma de prolongar a vida til dos coletores solares, visto que boa parte deles no foram
projetados para suportar presso esttica. Cabe ressaltar que para coletores fechados a gua
deve permanecer nos coletores.
O circuito hidrulico deve ser o mais simplificado possvel, de forma a reduzir as perdas de carga
do sistema. Alm disso, o trajeto mais longo do circuito hidrulico deve ser conectado a tubulao
de alimentao, ficando para o retorno dos coletores o trajeto mais curto, cujo objetivo reduzir as
perdas trmicas do sistema.
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O projeto hidrulico de insero do sistema solar na casa de mquinas simples, desde que este
seja previsto ainda na etapa de projeto e construo da piscina. O que torna a casa de mquina
complexa e a tarefa de projetar a insero do sistema solar quando este no foi previsto na
construo da piscina.
A tubulao de alimentao e retorno dos coletores pode ser inserida na casa de mquinas de
varias formas, cada uma delas adequada uma situao especfica. As alternativas mais comuns
so:
Alternativa mais comum de insero do sistema solar na casa de mquinas. recomendvel para
instalaes de pequeno porte (piscinas residenciais, infantis, etc) onde o tempo de filtragem
menor que 8 horas e a vazo e presso de trabalho so baixas, de forma que o risco de danos no
filtro muito pequeno. Neste tipo de instalao a mesma bomba hidrulica alimenta o sistema de
filtragem e de aquecimento solar ao mesmo tempo. Veja a figura a seguir.
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Conforme pode ser visto anteriormente, instalada uma vlvula de reteno logo aps o filtro, cuja
funo evitar golpe de arete no rotor da bomba, no momento em que ela desarma. Alm disso,
a vlvula de reteno tem a funo de evitar retorno de gua para dentro do filtro, provocando
retrolavagem, durante a drenagem do sistema solar. O registro entre os tubos de alimentao e
retorno dos coletores deve ficar sempre fechado obrigando a gua passar pelos coletores antes de
retornar para a piscina. O by-pass tenha a funo de permitir a drenagem dos coletores,
geralmente feito com tubulao de 20mm PVC .
b.
Aplicada em sistemas de aquecimento solar de grande porte, onde o tempo de filtragem maior
que 8 horas e inferior a 16 horas. Normalmente nestes casos, a tubulao proveniente do ralo de
fundo no capaz de atender s vazes do sistema de filtragem e do sistema solar ao mesmo
tempo. Sendo assim, a prioridade de acionamento durante o dia do aquecimento solar, ficando a
filtragem para ser feita durante a noite. Veja a figura a seguir
Neste tipo de casa de mquinas instalada uma vlvula de reteno no recalque da bomba
hidrulica do sistema solar, cuja funo evitar golpe de arete, no momento em que ela
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desarma. Alm disso, outra vlvula de reteno instalada aps o filtro e tem a funo de evitar
retorno de gua, provocando retrolavagem, durante a drenagem do sistema solar.
Em instalaes deste tipo, fundamental verificar se a tubulao de ralo de fundo compatvel
com a vazo necessria ao sistema de aquecimento solar.
Contudo, existem ainda casas de mquinas cujo regime de filtragem da piscina no para, ou seja,
dura 24 horas por dia. Naturalmente que casos como estes so mais complexos e exigem, alm
de uma bomba hidrulica independente, um nvel de automatizao muito maior, uma equipe
tcnica experiente, especializada e originalidade em solues de engenharia.
Onde a rea coletora de interesse faz referncia ao conceito de interligao hidrulica entre
baterias de coletores em srie e paralelo. Com base nesta equao possvel calcular a vazo de
projeto na alimentao, interligao e retorno dos coletores.
A partir desta informao, possvel especificar toda tubulao do circuito hidrulico. Para isto
basta verificar na tabela de vazes mximas qual a tubulao mais adequada para cada trecho do
sistema hidrulico.
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A interligao entre sistema de aquecimento solar e auxiliar pode ser feito de vrias formas e
depende das condies de instalao, perfil de utilizao da piscina e criatividade da equipe
tcnica em encontrar solues. Segue as formas mais comuns de interligao:
d.
Aplicvel em caso de sistema de aquecimento solar de pequeno porte, onde a presso e vazo de
trabalho so baixas. A interligao do aquecimento auxiliar, normalmente, acontece na tubulao
de retorno da filtragem, aps o retorno de gua quente dos coletores. Desta forma a gua da
piscina somente passa pelo sistema de aquecimento auxiliar aps ter passado pelo sistema solar.
Ou seja, a preferncia para aquecimento da piscina sempre ser do aquecedor solar. Caso a
incidncia de radiao solar seja insuficiente, um termostato acionar o aquecimento auxiliar, que
far o complemento da temperatura. Caso haja necessidade de uso do aquecimento auxiliar
durante a noite, os registros de alimentao e retorno do sistema solar devero ser fechados e a
bomba hidrulica dever trabalhar no modo manual.
e.
Em casos onde o cliente exige maior nvel de conforto na operacionalizao do sistema ou mesmo
em casos onde o sistema de aquecimento auxiliar acionado por pressostato, como por exemplo,
os aquecedores de passagem a gs, usam-se uma bomba exclusiva para o sistema de
aquecimento auxiliar, succionando gua da tubulao proveniente do ralo de fundo.
Neste caso, o sistema de aquecimento auxiliar poder ser acionado a qualquer hora, sem
necessidade de manipulao de registros. Contudo, fundamental verificar se a tubulao de ralo
de fundo compatvel com a soma das vazes da bomba de filtragem e bomba do aquecimento
auxiliar.
importante ressaltar que estas so as solues mais comuns para insero do aquecimento
auxiliar no circuito hidrulico do sistema solar, contudo no so as nicas.
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Quanto ao sensor de temperatura da piscina, este fixado na tubulao de ralo de fundo atravs
de um poo metlico (lato, ao inox ou cobre), conforme a figura abaixo.
Normalmente, os cabos dos sensores so curtos e devido a isto, necessrio que sejam feito
extenses. No entanto, o tipo de fiao usada nas extenses pode varia em funo do tipo de
sensor e recomendaes do fabricante do quadro de comando eltrico.
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Diferencial de temperatura entre coletores solares e piscina para armar a bomba hidrulica de
circulao: de 4 C a 3,5C.
Diferencial de temperatura entre coletores solares e piscina para desarmar a bomba hidrulica
de circulao: de 2 C a 1,5C.
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a. Segurana em primeiro lugar. Antes de qualquer coisa importante certificar-se de que o local
construo de suporte metlico e/ou analise as alternativas para fixao dos coletores.
d. Apesar de j ter sido verificado na etapa de projeto, importante assegurar-se de que o local
Conhea a casa de mquinas, espao disponvel para trabalhar e dificuldades para insero do
sistema solar.
g. Verifique se a relao de material hidrulica, acessrios e ferramentas esto completas. A falta
de um destes itens pode implicar na paralisao da obra, atraso no prazo de entrega e perda de
tempo.
Finalizada a etapa de instalao hidrulica dos coletores solares, importante que, antes de dar
incio prxima etapa do processo, seja feito a fixao dos mesmos. Com isso, o equipamento no
corre o risco de ser levado por ventanias ou tempestades.
Alguns coletores solares disponveis no mercado j saem de fbrica com os pontos de fixao
definidos em sua prpria estrutura.
Para fixao dos coletores solares recomenda-se utilizar arames de cobre ou ao galvanizado,
abraadeiras ou fitas perfuradas de ao galvanizado. Alm disso, importante ressaltar que os
coletores solares de plstico possuem alto coeficiente de dilatao e, em funo disso recomendaRede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar
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se que a fixao seja feita somente no tubo mestre superior, de forma a deixar o tubo mestre
inferior livre para a dilatao do material.
A fixao mal feita dos coletores solares pode causar a formao do que chamamos de barrigas
nas baterias de coletores e causar inmeros problemas de vazamento na interligao hidrulica.
Em funo disso, a fixao deve ser feita, no mnimo, em trs pontos (extremidades e centro) dos
coletores. Para isso, pode ser feito uso de uma rgua de alumnio para facilitar o alinhamento da
tubulao mestre.
Finalizado a instalao, importante que seja feita uma inspeo geral na obra antes de dar o
servio por encerrado. Segue a baixo os principais pontos que devem ser vistoriados:
projeto executivo.
b. Verifique se a interligao hidrulica entre coletores e entre baterias de coletores esta correta e
de problema.
g. Verifique se os sensores de temperatura foram instalados corretamente e se as extenses dos
15.9.Manuteno
A manuteno de um sistema de aquecimento solar extremamente simples, basicamente
preventiva e fundamental para o bom funcionamento do equipamento. Existem algumas
recomendaes que so especficas de cada fabricante de aquecedor solar, porm, independente
disto recomendvel que o procedimento de inspeo apresentado acima seja repetido a cada 6
meses. Normalmente, as revendas especializadas em aquecimento solar possuem equipe tcnica
treinada para este tipo de prestao de servio que, de preferncia, deve ficar agendado desde a
entrega da obra.
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15.9.1.
Problema
Vazamento
Local
Causa
Nos painis
Ao
Refazer a colagem.
Falta de aperto
Apertar as conexes.
Abraadeiras mal
colocadas/conectadas
a colocao perfeita
do anel de vedao.
elevao
A gua no
Piscina
aquece
Registros fora da posio
Sombreamento
Verificar pr filtro.
Verificar filtro.
Verificar bomba.
Verificar obstruo no ralo de fundo da
piscina.
Verificar entupimento nos painis.
Falta de energia
Verificar disjuntores.
Tubos cheios Alimentao dos Registro do By pass fechado Abri by pass de drenagem.
de gua com
sistema
desligado
painis
Vlvula quebra vcuo travada Retir-la e fazer uma limpeza.
entupida
Registros fechados
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ANEXOS
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rgido ou cobre
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