Manual Aluno SOLAR - RBCAS Abril2009 Cemig

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CURSO DE CAPACITAO EM

AQUECIMENTO SOLAR
PROJETO SOLBRASIL

MDULO SOLAR
MANUAL DO ALUNO

MDULO - SOLAR

Autores e Colaboradores
Elizabeth Marques Duarte Pereira
Alexandre Salomo de Andrade
Lucio Cezar de Souza Mesquita
Carlos Felipe da Cunha Faria
Alexandre Marcial da Silva
Ana Maria Botelho
Dlcio Rodrigues
Felipe Augusto Tetzl Rocha
Julia Maria Garcia Rocha
Juliano Alex de Almeida
Leonardo Chamone Cardoso
Luciano Torres Pereira
Luiz Otvio Marques Duarte
Ricardo Jos da Silva Melo
Rudolf Ruebner
Silvia Sampaio Rocha

Agradecimentos
Agradecemos a todos aqueles que colaboraram para realizao deste projeto. Em
especial, agradecemos aos alunos, professores e equipe tcnica do GREEN Solar pelo
apoio constante e fundamental e FINEP pelo suporte financeiro.

Este manual um produto do Projeto SolBrasil, financiado pela FINEP - Financiadora de


Estudos e Projetos.

proibida a reproduo total ou parcial deste material sem prvia autorizao.

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

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ndice

Capitulo 1 Noes Iniciais sobre o Aquecimento Solar

Capitulo 2 Mercado Brasileiro de Aquecimento Solar

21

Capitulo 3 Casos de Sucesso e Benefcios Sociais e Ambientais

37

Capitulo 4 Recurso Solar

58

Capitulo 5 Coletores Solares Princpios da transferncia de calor

85

Capitulo 6 Reservatrios Trmicos Princpios da transferncia de calor

111

Capitulo 7 PBE Programa Brasileiro de Etiquetagem

123

Capitulo 8 Mtodos de Dimensionamento

143

Capitulo 9 Mtodo da Carta-F

157

Capitulo 10 Aquecimento Auxiliar

165

Capitulo 11 Anlise Econmica

175

Capitulo 12 Instalaes de Pequeno Porte

186

Capitulo 13 Instalaes de Mdio e Grande Porte

210

Capitulo 14 Instalao, Manuteno e Segurana

233

Capitulo 15 Aquecimento Solar de Piscinas

253

Capitulo 16 Anexos

287

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

1
NOES INICIAIS SOBRE O AQUECIMENTO SOLAR

Tipos de Coletores Solares


Aplicaes do Aquecimento Solar
Classificao de uma Instalao de Aquecimento Solar

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INTRODUO
Nesse capitulo pretendemos apresentar as aplicaes prticas da energia solar, descrever os
principais componentes de uma instalao de aquecimento solar e fixar os conceitos bsicos que
utilizaremos nos prximos captulos. A figura 1.1 apresenta, esquematicamente algumas
aplicaes da energia solar destacando o foco desse manual que o aquecimento de gua.

Figura 1.1 Fluxograma de aplicaes prticas do uso da energia solar

As aplicaes prticas da energia solar podem ser divididas em dois grandes grupos: energia
solar ativa e passiva. O uso da energia solar por meios passivos, com nfase Arquitetura Solar,
envolve, primariamente a seleo de materiais de construo e a definio de parmetros de
projeto que propiciem o melhor aproveitamento das condies locais de insolao e ventilao
para atingir os nveis de conforto e climatizao pretendidos.
Nos processos ativos de aproveitamento da energia solar, utilizam-se dispositivos que possam
convert-la diretamente em energia eltrica (painis fotovoltaicos) ou energia trmica (coletores
planos e concentradores).
A energia solar trmica possui uma ampla gama de aplicaes que abrangem processos de
aquecimento de gua, ar e refrigerao. Incluem-se, tambm, nesse caso, processos de mdia e
alta temperaturas que utilizam concentradores solares. A figura 1.2. apresenta os tipos de
coletores solares e respectivas temperaturas de operao.

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Figura 1.2 Tipos de coletores x temperaturas de operao


www.sciencedirect.com/refocus

1.1.

Sistema de Aquecimento Solar

Um sistema de aquecimento solar, mostrado esquematicamente na Figura 1.3, pode ser dividido
basicamente em trs sub-sistemas, discutidos a seguir.

Figura 1.3 - Desenho esquemtico de um sistema de aquecimento solar residencial


Adaptado de ADEME [2000]
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a. Captao: composto pelos coletores solares onde circula o fluido de trabalho a ser aquecido,
as tubulaes de interligao entre coletores e entre a bateria de coletores e o reservatrio
trmico e, no caso de instalaes maiores, a bomba hidrulica. No Brasil, o fluido de trabalho
normalmente utilizado a gua.

b. Armazenamento: seu componente principal, o reservatrio trmico, alm de uma fonte de


complementar energia, como eletricidade ou gs, que garantir o aquecimento auxiliar em
perodos chuvosos, de baixa insolao ou quando ocorrer um aumento eventual do consumo de
gua quente.

c. Consumo: compreende toda a distribuio hidrulica entre o reservatrio trmico e os pontos


de consumo, inclusive o anel de recirculao, quando necessrio. tambm conhecido como o
circuito secundrio* da instalao.

* O dimensionamento e distribuio hidrulica do circuito secundrio tem sua responsabilidade tcnica


erroneamente atribuda ao projetista do sistema de aquecimento solar. O circuito hidrulico secundrio
pertence ao projeto hidrulico da edificao e portanto a responsabilidade tcnica est vinculada a que o
projetou.

1.2.

Classificaes de um sistema de aquecimento solar

Um esboo da instalao termossolar bsica para aquecimento de gua em uma residncia


unifamiliar pode ser visto na figura 1.4.

Figura 1.4 - Sistema Termossolar de Pequeno Porte


Adaptado CEMIG

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Para a alocao dos coletores solares no telhado e correto posicionamento do reservatrio de


gua quente, diversos aspectos devem ser observados. Estes aspectos sero devidamente
detalhados nos captulos 12 e 13.

Os sistemas de aquecimento solar podem ser classificadas de quatro formas:

1.2.1 Porte
A definio do porte de uma instalao de aquecimento solar est intrinsecamente associada ao
volume dirio de gua a ser aquecida e as caractersticas da edificao onde o sistema ser
instalado. De maneira geral, quanto ao porte, pode-se classificar:
Tabela 1.1 Classificao de uma instalao de aquecimento solar conforme seu volume

Instalao

Volume Dirio de
Armazenamento

Tipo

Pequeno porte

V < 1500 litros

Termossifo

Mdio porte

1500 litros < V < 5000 litros

Circulao Forada

Grande porte

V > 5000 litros

Circulao Forada

1.2.2 Circulao
a. Instalao Solar em Circulao Natural ou Termossifo
Atualmente, no Brasil, grande parte dos sistemas de aquecimento solar em funcionamento so
residenciais, de pequeno porte e operam por circulao natural (termossifo). Nesse caso, a
circulao da gua nos tubos de distribuio dos coletores promovida apenas pela diminuio
de sua densidade devido ao aquecimento da gua nos coletores solares, efeito conhecido como
termossifo.
O principio de funcionamento e as caractersticas desse tipo de sistema sero abordadas com
detalhes no capitulo 12.
b. Instalao Solar em Circulao Forada ou Bombeada
Neste caso, a circulao do fludo de trabalho atravs do circuito primrio da instalao
promovida pela ao de uma bomba hidrulica, sendo sua utilizao recomendada para
instalaes de mdio e grande porte ou quando os parmetros exigidos para a instalao em
termossifo no possam ser atendidos. A Figura 1.5 ilustra os componentes bsicos de uma
instalao bombeada.
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Figura 1.5 Instalao em Circulao Forada

1.2.3 Tipo de sistema


a. Convencional
Classifica-se como convencional um sistema de aquecimento solar onde pode-se distinguir
claramente coletores solares e reservatrio trmico como equipamentos distintos, separados
fisicamente um do outro como apresentado na figura 1.4

b. Acoplado ou Compactos
Um sistema de aquecimento solar compacto ou acoplado caracteriza-se quando o coletor solar
e o reservatrio trmico se fundem em uma nica unidade, conforme mostrado na Figura 1.6. O
sistema acoplado opera em circulao natural e sua grande vantagem de reduzir eventuais
erros e minimizar custos de instalao.
Entretanto, deve-se destacar que, devido a grande rea de exposio de seus componentes e do
pequeno desnvel entre o ponto de sada da gua quente do coletor solar (retorno ao reservatrio)
e a base do reservatrio trmico constata-se uma reduo da eficincia trmica diria da
instalao solar. Estudos elaborados por Faiman et [2001] demonstram que a perda trmica nos
perodos noturnos pode atingir 30% de toda a energia armazenada ao longo do dia,
recomendando alguns dispositivos para minimiz-la. Cabe ressaltar que esta soluo tem-se
mostrado muito atraente para conjuntos habitacionais onde o volume de gua quente a ser
armazenado no excede 200 litros por dia e, tambm, para consumidores individuais em sistemas
de auto-instalao.

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Figura 1.6 Sistemas Acoplados na Bancada de Ensaios do GREEN SOLAR

c. Integrados
Em um sistema integrado o reservatrio e o coletor constituem a mesma pea. Assim como no
caso da Fig. 12.1, na maioria das vezes eles so formados por tubos pintados de preto e
colocados em uma caixa com isolamento trmico e uma cobertura transparente. O maior
problema dos sistemas integrados que boa parte da energia captada durante o dia perdida
noite. A figura 1.7 apresenta outros modelos de sistemas integrados, inclusive um modelo para
camping (direita).

(foto: acervo Soletrol)

(foto: website Coleman)

Figura 1.7 Sistemas de aquecimento solar integrados.

Alm disso, sua grande massa trmica reduz riscos de congelamento que podem ocorrer em
algumas regies do pas.

1.2.4 Troca de calor


a. Direta
A troca de calor direta apresenta-se na maior parte dos sistemas atualmente em funcionamento
no Brasil. Nesse tipo de instalao a gua que circula pelos coletores a mesma que ser
utilizada nos pontos de consumo da edificao, como apresentado na figura 1.3.

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b. Indireta
Nos sistemas onde a troca de calor indireta, o fluido que circula pelos coletores no o mesmo
utilizado nos pontos de consumo da edificao. Esse tipo de instalao adotada em localidades
onde a temperatura ambiente pode trazer riscos de congelamento aos coletores, em processos
indstrias ou nas demais aplicaes onde no pode haver a mistura do fluido que circula pelos
coletores e o que ser consumido. A figura 1.8 apresenta esquematicamente este tipo de
instalao.

Figura 1.8. Representao esquemtica de um sistema de aquecimento solar operando em circuito indireto.

1.3. Coletores Solares

O coletor solar basicamente um dispositivo que promove o aquecimento de um fluido de


trabalho, como gua, ar ou fluido trmico, atravs da converso da radiao eletromagntica
proveniente do Sol em energia trmica. A escolha de um tipo de coletor solar depende
basicamente da temperatura de operao requerida em determinada aplicao prtica. Por
exemplo, para temperaturas elevadas ou produo de vapor necessrio o emprego de coletores
concentradores. A figura 1.9 apresenta a usina solar de Barstow-Califrnia composta por espelhos
planos, orientados de modo a concentrar os raios solares no alto da torre (foco), onde produzido
vapor a alta presso e temperatura superior a 550oC. J a figura 1.10 apresenta um sistema de
coletores com calhas parablicas tambm utilizadas para gerao de vapor. Para o correto
posicionamento dos espelhos e da superficie concentradora, este tipo de montagem exige um
acompanhamento automtico e continuado da trajetria do Sol no cu, cuja posio varia ao
longo do dia e do ano.

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Figura 1.9. Usina Solar de Barstow Califrnia

Fig. 1.10. Coletores com calhas parablicas

Fonte : IEA [International Energy Agency]

Fonte : NREL [National Renewable Energy Laboratory]

Para aquecimento de fluidos at temperaturas da ordem de 150oC, recomenda-se o uso de


coletores planos ou tubos evacuados, sem necessidade de rastreamento do Sol. O grfico da
figura 1.11. exemplifica a correlao entre os tipos de coletores, faixas de temperatura e curvas
caractersticas de eficincia.

Figura 1.11 Tipos de coletores planos, temperatura de operao e curvas caractersticas de eficincia
Adaptado de Solarserver

O aquecimento de piscinas a temperaturas entre 26 e 30oC normalmente promovido por


coletores solares abertos, mostrados na Figura 1.12. Essa designao utilizada, pois tais
coletores no possuem cobertura transparente nem isolamento trmico. Apresentam timo
desempenho para baixas temperaturas o qual decresce significativamente para temperaturas
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mais elevadas. So fabricados predominantemente em material polimrico como polipropileno e


EPDM, resistentes ao cloro e outros produtos qumicos.

Figura 1.12 Exemplos de Coletores Solares Abertos

Os coletores solares fechados so utilizados para fins sanitrios, atingindo temperaturas da ordem
de 70 a 80oC. Na Figura 1.13, so mostrados exemplos de coletores fechados, cujos
componentes sero discutidos em detalhes mais a frente.

Figura 1.13 Exemplos de Coletores Solares Fechados

Basicamente, um coletor solar plano fechado constitudo por:

Caixa externa: geralmente fabricada em perfil de alumnio, chapa dobrada ou material

plstico e que suporta todo o conjunto.




Isolamento trmico: minimiza as perdas de calor para o meio. Fica em contato direto com a

caixa externa, revestindo-a. Os materiais isolantes mais utilizados na indstria nacional so: l de
vidro ou de rocha e espuma de poliuretano.
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Tubos (flauta / calhas superior e inferior): tubos interconectados atravs dos quais o fluido

escoa no interior do coletor. Normalmente, a tubulao feita de cobre devido sua alta
condutividade trmica e resistncia corroso.


Placa absorvedora (aletas): responsvel pela absoro e transferncia da energia solar para

o fluido de trabalho. As aletas metlicas, em alumnio ou cobre, so pintadas de preto fosco ou


recebem tratamento especial para melhorar a absoro da energia solar.


Cobertura transparente: geralmente de vidro, policarbonato ou acrlico que permite a

passagem da radiao solar e minimiza as perdas de calor por conveco e radiao para o meio
ambiente.


Vedao: importante para manter o sistema isento da umidade externa.

Para temperaturas mais elevadas, recomendam-se os coletores solares do tipo tubo evacuado,
mostrado na Figura 1.14. Este produto predominantemente fabricado por empresas chinesas ou
joint ventures sino-internacionais.

Figura 1.14 Exemplos de Coletores Solares de Tubos Evacuados


Fonte: www.apricus-solar.com

Os modelos mais eficientes utilizam tubos de calor (heat pipe) com zonas de evaporao e
condensao, exemplificadas na Figura 1.15. A parte (a) da figura mostra esquematicamente os
componentes bsicos do coletor de tubo evacuado, sendo a aleta, tubo de vidro e condensador
evidenciados nas partes (c) e (d). A parte (b) apresenta os detalhes desses elementos e fixao
de cada tubo calha coletora.

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(a)

(c)

(b)

(d)

Figura 1.15 Componentes dos Coletores Solares de Tubos Evacuados com tubos de calor

A partir desse ponto, o texto estar restrito s aplicaes do aquecimento solar para fins sanitrios
ou aquecimento de piscina. No primeiro caso, necessrio incluir na instalao um reservatrio
trmico para armazenar a gua quente e garantir seu uso a qualquer momento. No caso da
piscina aquecida, ela prpria o reservatrio trmico da instalao solar. Em ambos os casos,
so previstos aquecedores complementares, eltrico ou a gs, que so acionados em dias
chuvosos ou com baixa incidncia de radiao solar ou quando ocorrer aumentos eventuais de
consumo de gua quente.

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1.4. Reservatrios trmicos


Nas aplicaes prticas do aquecimento solar ocorrem defasagens significativas entre o perodo
de gerao de gua quente nos coletores solares e seu efetivo consumo. No setor industrial, por
exemplo, o perodo de consumo de gua quente depende, basicamente, do processo industrial e
dos pontos de utilizao adotados. Como exemplo pode-se citar um vestirio industrial onde
considera-se o horrio de troca de turno de trabalho e um refeitrio onde considera-se o nmero
dirio de refeies e seus respectivos horrios. Entretanto, na grande maioria dos casos,
constata-se a ocorrncia da mesma defasagem observada no setor residencial. Alm disso, devese destacar tambm o carter intrinsecamente intermitente da radiao solar, que alterna dias e
noites, dias ensolarados, nublados e chuvosos.

Assim, constata-se a necessidade de armazenamento de gua quente em reservatrios trmicos


para adequao entre a gerao e o consumo efetivo, alm da definio de uma certa autonomia
para o sistema de aquecimento solar.

As partes constituintes do reservatrio trmico so mostradas na Figura 1.16. e podem ser assim
resumidas:

Figura 1.16 Ilustrao do reservatrio trmico em corte

Corpo interno: fica em contato direto com a gua aquecida e, por isso, deve ser fabricado

com materiais resistentes corroso, tais como cobre e ao inoxidvel nos reservatrios
fechados. Nos reservatrios abertos, utiliza-se, tambm, o polipropileno.


Isolante trmico: minimiza as perdas de calor para o meio. colocado sobre a superfcie

externa do corpo interno, sendo a l de vidro e a espuma de poliuretano os materiais mais


utilizados.

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Proteo externa: tem a funo de proteger o isolante de intempries, tais como: umidade,

danos no transporte ou instalao, etc. Essa proteo normalmente de alumnio, ao


galvanizado ou ao carbono pintado. No se recomenda o uso de lona plstica.

Sistema auxiliar de aquecimento: como o prprio nome indica, um sistema de

aquecimento que tem como objetivo complementar o aquecimento solar de modo a garantir o
fornecimento de gua quente, seja em perodos de baixa insolao ou mesmo quando ocorrer
consumo excessivo. Usualmente, o sistema de aquecimento auxiliar eltrico constitudo por uma
ou mais resistncias eltricas blindadas, colocadas no reservatrio trmico em contato com a
gua armazenada. O acionamento dessas resistncias pode ser controlado automaticamente por
meio de um termostato, ou manualmente, pelo prprio usurio.


Tubulaes: tem a funo de interligar o reservatrio trmico aos pontos de consumo,

alimentao de gua fria e aos demais componentes da instalao (coletores solares, sistemas de
aquecimento auxiliar e etc) .

Apoio para fixao e instalao: os reservatrios trmicos possuem bases de sustentao e

fixao capazes de suportar seu peso em operao garantindo imobilidade ao equipamento. Os


bases de fixao de reservatrios trmicos usualmente so fabricadas em materiais metlicos
protegidos contra corroso.

Os conceitos tericos associados ao projeto de um reservatrio trmico sero discutidos no


Captulo 6.

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2
MERCADO BRASILEIRO DE ENERGIA SOLAR

O Aquecimento Solar no Contexto Internacional


O Aquecimento Solar no Brasil

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APRESENTAAO E JUSTIFICATIVAS

Os recursos energticos so utilizados pelo homem para satisfazer algumas de suas


necessidades bsicas na forma de calor e trabalho. A disponibilidade destes recursos um dos
principais fatores para o desenvolvimento das naes e no menos importantes devem ser suas
formas de converso e utilizao. O extraordinrio crescimento da populao mundial determina a
macia utilizao de energia eltrica e de combustveis fsseis, entre eles, o carvo, petrleo e o
gs natural. Muitas alternativas energticas esto disponveis e vem sendo desenvolvidas e
aplicadas em diversos pases: energia elica, biomassa, MCHS (mini e micro centrais
hidreltricas) e PCHS (pequenas centrais hidreltricas), energia solar trmica e energia solar
fotovoltaica. Dentre estas, a energia solar trmica para o aquecimento de gua tem despertado
interesse mundial principalmente devido sua importncia social, econmica, ambiental, e
tecnolgica e abundncia do recurso solar em todo o planeta.

O atual estgio de crescimento e desenvolvimento das naes exigindo uma crescente e muitas
vezes insustentvel explorao dos recursos naturais permite-nos criar e antever cenrios nos
quais o aquecimento solar venha a ser aproveitado em grande escala, principalmente no Brasil,
que tem condies de se tornar uma referncia mundial no aproveitamento do recurso solar.

O Brasil tem um enorme potencial de aproveitamento da energia solar: praticamente todas suas
regies recebem mais de 2200 horas de insolao com um potencial equivalente a 15 trilhes de
MWh, correspondente a 50 mil vezes o consumo nacional de eletricidade.

2.1. O Aquecimento Solar no Contexto Internacional

O mercado mundial de aquecedores solares comeou a crescer a partir da dcada de 70, mas
expandiu significativamente durante a dcada 90 e como resultado deste crescimento houve um
aumento substancial de aplicaes da tecnologia, da qualidade e confiabilidade e modelos de
produtos disponveis. Segundo relatrio publicado anualmente pela IEA - Agencia Internacional de
Energia, os principais pases utilizadores da tecnologia de aquecimento solar so destacados no
mapa da figura 2.1. So 41 pases ao todo que representam aproximadamente 57% da populao
global e cerca de 90 % do mercado de aquecimento solar mundial.

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Figura 2.1 - Principais pases utilizadores do aquecimento solar


Fonte: IEA- Solar Heat Worldwide Markets and Contribution to the Energy Supply 2004

O mercado de aquecimento solar geralmente avaliado sob a tica de quatro indicadores


comparativos utilizados globalmente e reportados anualmente pela IEA.

So eles:
1 - rea coletora instalada acumulada dada em metros quadrados m2;
2 - rea coletora instalada acumulada per capita dada em metros quadrados por mil habitantes
m2/ 1.000 habitantes
3 - Potncia instalada acumulada de coletores solares dada em MW th
4 - Potncia instalada acumulada per capita dada em MW th por cem mil habitantes.
Os dois primeiros indicadores foram muito utilizados at o ano de 2004, mas diante da
necessidade crescente de comparar o aquecimento solar com outras fontes de energia em termos
de potncia, especialistas da IEA definiram uma fator de converso entre metros quadrados de
coletores solares e potncia nominal em MW th (potncia trmica).
1 m2 de coletor solar 0, 7 kWth
Dados do aquecimento solar no mercado mundial:


141 milhes de metros quadrados de coletores solares instalados;

98,4 GWth de potncia nominal trmica instalada;

58.177 GWh (209.220 TJ) de produo anual de energia;

25,4 milhes de toneladas de CO2 evitadas (9,3 bilhes de litros de leo equivalente)

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As tabelas 2.1 e 2.2 e as figuras 2.2 e 2.3 mostram a participao de alguns dos principais atores
da tecnologia solar em todo o mundo.
Tabela 2.1- rea coletora instalada
Pas

rea Coletora
Instalada (m2)

China
Estados Unidos
Japo
Turquia
Alemanha
Israel
Australia
Grcia
ustria
Brasil
Taiwan
India
Frana
Africa do Sul
Chipre
Espanha
Canad
Mxico
Holanda
Sua
Italia
Dinamarca
Portugal
Suecia
Eslovenia
Nova Zelandia
Barbados
Belgica

62.000.000
28.398.544
7.726.000
7.280.000
6.476.000
4.790.000
4.749.000
2.994.200
2.769.072
2.266.000
1.425.700
1.000.000
792.062
756.030
734.000
700.433
679.626
642.644
583.000
550.620
460.000
328.900
274.300
243.735
101.751
86.990
74.601
74.249

Tabela 2.2 - rea coletora per capita


Capacidade Instalada
por 100 mi
Habitantes (MWth)
Chipre
63,00
Israel
52,00
Barbados
19,34
Grcia
19,10
ustria
18,81
Turquia
7,14
Australia
5,66
Alemanha
4,84
Taiwan
4,52
Japo
4,24
Dinamarca
4,01
Eslovenia
3,59
China
3,33
Sua
3,32
Portugal
1,91
Suecia
1,62
Nova Zelandia
1,53
Holanda
1,26
Espanha
1,18
Brasil
0,89
Frana
0,78
Italia
0,54
Estados Unidos
0,51
Africa do Sul
0,38
Belgica
0,33
Mxico
0,17
Canad
0,17
India
0,07
Pas

Fonte: IEA- Solar Heat Worldwide Markets and Contribution to the Energy Supply 2004

Figura 2.2 Grfico da rea coletora instalada


Fonte: IEA- Solar Heat Worldwide Markets and Contribution to the Energy Supply 2004

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Figura 2.3 Grfico da potncia instalada per capita para cada 100 mil habitantes
Fonte: IEA- Solar Heat Worldwide Markets and Contribution to the Energy Supply 2004

2.2. O Aquecimento Solar no Brasil

No cenrio energtico brasileiro, torna-se cada vez mais evidente a necessidade de incentivo ao
uso de energias renovveis complementares atual gerao hidreltrica. Busca-se, dessa forma,
garantir nveis de fornecimento de energia eltrica necessrios ao crescimento populacional e
universalizao dos servios de energia, ao crescimento econmico e a gerao de novos postos
de trabalho, com menor impacto ambiental possvel.

A energia solar trmica para aquecimento de gua tem-se mostrado como soluo tcnica e
economicamente vivel para os problemas de reduo do consumo de energia eltrica no setor
residencial brasileiro e de modulao da curva de carga de nossas concessionrias de energia.
No caso do aquecimento solar de gua em substituio aos chuveiros eltricos, deve-se ressaltar,
ainda, que embora no ocorra gerao de energia, em seu sentido mais restrito, a retirada dos
aquecedores eltricos instantneos (chuveiros eltricos) e a correspondente reduo de sua
participao no horrio de pico de demanda das concessionrias de energia eltrica do pas, pode
ser interpretada como uma intensa e constante gerao virtual de energia eltrica.

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Finalmente vale lembrar que o Brasil se encontra em uma regio entre os trpicos e prximo a
linha do equador privilegiando-se dos elevados ndices solarimtricos que so determinantes para
o crescente aproveitamento do aquecimento solar.

Atravs de estudos e levantamentos estatsticos realizados pela ABRAVA-Associao Brasileira


de Refrigerao, Ar Condicionado, Ventilao e Aquecimento, atravs de seus Departamentos de
Economia e de Aquecimento Solar obtem-se a caracterizao de sua evoluo histrica do
mercado de aquecimento solar entre os anos de 1985 e 2005. O grfico da figura 2.4 mostra a
evoluo da rea instalada anualmente e da rea acumulada de coletores solares no Brasil.

Figura 2.4 Grfico da evoluo do mercado de aquecimento solar no Brasil


Fonte: ABRAVA-Departamento Nacional de Aquecimento Solar

Notadamente o aquecimento solar vem sendo implantado no Brasil desde meados da dcada de
70 e desta forma muitos coletores solares implantados j no esto mais em operao devido ao
envelhecimento e desta forma avaliou-se qual parcela da rea coletora acumulada estaria
efetivamente em operao no ano de 2005 chegando-se aos nmeros apresentados na tabela 2.3
que caracteriza o mercado brasileiro de aquecimento solar.

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Tabela 2.3 - Dados do mercado de aquecimento solar no Brasil no ano de 2005


Dados do Mercado de Aquecimento Solar no Brasil

2005

Area coletora adicionada


(m)

394.658

Area coletora acumulada


(m)

2.700.458

Potncia trmica adicionada


Metodologia IEA (MW trmicos) com o programa

276

Potencia trmica acumulada


Metodologia IEA (MW trmicos) com o programa

1.890

Populao Estimada (milhes de habitantes)

182.507.000

Nmero de domiclios no Brasil

52.196.313

Area Coletora per capita (m/ 1000 habitantes)

14,8

Potencia Instalada Per Capita- Metodologia IEA (MWth/ 100 mil hab)

1,04

Fonte: ABRAVA- Departamento Nacional de Aquecimento Solar

Quando se comparam os indicadores apresentados pelo Brasil com os apresentados por outros
pases lideres e pioneiros na implantao sustentvel da tecnologia do aquecimento solar
evidencia-se o estagio de nosso mercado e o grande potencial a ser explorado.

A indstria de aquecimento solar no Brasil composta basicamente de micro, e pequenas


empresas e possui uma estrutura bastante simples, como mostra o fluxograma da figura 2.5.

Figura 2.5 Estrutura da empresa brasileira de aquecimento solar


Fonte: ABRAVA- Departamento Nacional de Aquecimento Solar

Esta estruturao da indstria brasileira evidencia um dos aspectos socais positivos da tecnologia
solar advindos da modularidade de suas aplicaes, da descentralizao de sua produo
gerando mais empregos por unidade de energia. A tabela 2.4 mostra o nmero de postos de

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28

MDULO - SOLAR

trabalho estimados na instalao, operao e na manuteno de equipamentos de gerao de


fontes de energia distintas.
Tabela 2.4 Postos de trabalho gerados por diferentes fontes de energia

Fonte
Nuclear
PCHs
Gs Natural
Hidroeletricidade
Petrleo
Petroleo Offshore
Carvao
Lenha
Elica
lcool
Solar( Fotovoltaica)

Postos de Trabalho anuais por


Terawatt-hora
75
120
250
250
260
265
370
733 - 1.067
918 -2.400
3.711 - 5392
29.580 - 107.000

Fonte: Goldemberg,J. Coelho, S.T; Nastari, P.M.; Lucon,O. Ethanol learning curve- the Brazillian experience

A tecnologia termossolar segue a mesma lgica da gerao de empregos da indstria solar


fotovoltaica e segundo estudo realizado pela ABRAVA-Associao Brasileira de Refrigerao, Ar
Condicionado, Ventilao e Aquecimento, atravs de seus Departamentos de Economia e de
Aquecimento Solar, o setor gera aproximadamente 55 empregos por MWth implantado, conforme
mostrado na figura 2.6. No ano de 2005, foram implantados 276 MW th (395.000 metros quadrados
de coletores solares) gerando pouco mais de 15 mil empregos diretos.

Empregos gerados por MWth instalado

Administrao
8
Fabricao
Comercial

12

15

Instalao e
Manuteno
20

Figura 2.6 Empregos gerados no Brasil no setor de aquecimento solar


Fonte: ABRAVA-Departamento Nacional de Aquecimento Solar

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29

MDULO - SOLAR

O Programa Brasileiro de Etiquetagem para aquecedores solares implantado no Brasil em meados


dos anos 90, permitiu a criao de critrios personalizados para comparar os diferentes produtos
disponveis no mercado nacional e possibilitou a evoluo da qualidade e confiabilidade da
indstria brasileira nos ltimos anos. At o ano final do ano de 2005, mais de 160 produtos em todo
o Brasil j haviam sido etiquetados pelo INMETRO, sendo que destes, 62 produtos foram
classificados com a categoria A obtendo o selo PROCEL de produto mais eficiente. Fica evidente
que a indstria nacional vem buscando constante aprimoramento tecnolgico entendendo que a
qualidade e confiabilidade da tecnologia so itens fundamentais para o crescimento e ampliao
da utilizao de aquecedores solares em todo o Brasil.

Com o desenvolvimento tecnolgico e amadurecimento da indstria nacional nos ltimos 10 anos,


o Brasil comea a se tornar um plo exportador da tecnologia solar de aquecimento de gua como
evidencia a o grfico da figura 2.7. As exportaes de 2001 a 2005 apresentaram um crescimento
acumulado de 4256% com uma mdia anual de 157%. Observa-se que as transaes
internacionais representaram no ano de 2005 uma movimentao de quase 800 mil dlares e que
o saldo comercial positivo evidencia o crescente desenvolvimento e maturidade tecnologia no
Brasil.

Figura 2.7 Balana comercial do mercado de aquecimento solar no Brasil


Fonte: ABRAVA - Departamento.de Comrcio Exterior

O uso de aquecedores solares pode contribuir para a reduo da emisso de CO2 por parte do
setor eltrico brasileiro. Uma anlise do ciclo de vida de quatro diferentes alternativas para o
aquecimento de gua para residncias no pais - chuveiros eltricos, aquecedores de passagem a
gs natural, aquecedores de passagem a GLP e aquecedores solares mostrou que os
aquecedores solares emitem menos de 60% do CO2 e de CH4 emitidos pelos chuveiros. Neste
contexto, recursos adicionais obtidos por meio de pagamentos de servios ambientais da
tecnologia seriam uma importante ferramenta na promoo de aquecedores solares no pas. A
rea coletora instalada em 2005 no Brasil garante a reduo da emisso de mais de mais de
850.000 toneladas de CO2 na atmosfera.
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30

MDULO - SOLAR

Segundo estudos realizados pela ABRAVA - Associao Brasileira de Refrigerao, Ar


Condicionado, Ventilao e Aquecimento, atravs de seu Departamento de Aquecimento Solar, a
rea coletora instalada no Brasil em 2005 atinge em sua grande maioria o setor residencial
brasileiro. Cerca de 85% da rea total instalada destinada para o setor residencial como mostra
o grfico da figura 8. Neste setor quase 95% destina-se a instalaes em habitaes unifamiliares
e 5 % para habitaes multifamiliares (edifcios).

Participacao da area instalada de coletores solares por setor econmico

Terciario
14%

Industrial
1%

Residencial
85%

Figura 2.8 Participao do aquecimento solar por setor da economia


Fonte: ABRAVA - Departamento de Aquecimento Solar

No setor tercirio o aquecimento solar vem sendo utilizado principalmente para aquecimento de
gua no setor hoteleiro e hospitalar e para o aquecimento de piscinas. No setor industrial seu uso
ainda restrito para o aquecimento de gua para uso em vestirios e cozinhas industriais mas
estudos apontam para uma ampla gama de utilizao da tecnologia na gerao de calor de
processos industriais e diante de um contexto indefinido quanto ao uso e produo do gs natural
o aquecimento solar torna-se ainda mais competitivo neste setor.

Desde o racionamento de energia eltrica de junho de 2001, esto sendo feitas vrias previses,
algumas otimistas e outras bastante sombrias, sobre o cenrio energtico brasileiro: prazos e
custos relativos construo de novas hidreltricas e termeltricas a gs natural e aumento de
tarifas para compensao dos novos custos operacionais ou de perda de receita das
concessionrias de energia eltrica.
O aquecimento de gua em chuveiros eltricos no setor est presente em cerca de 51% das
residncias brasileiras de acordo com o PNAD- (Pesquisa Nacional por Amostragem de
Domiclios). Nas regies Sul e Sudeste seu uso atinge, praticamente, a totalidade das residncias.
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31

MDULO - SOLAR

Os dados de posse dos equipamentos eltricos indicam que o chuveiro eltrico nos domiclios das
Regies Centro-Oeste, Sudeste e Sul tinha presena acima dos 85%, nas Regies Norte e
Nordeste s cerca de 8 e 15% dos domiclios possuam o equipamento,respectivamente.

Neste ponto, deve-se ressaltar que o aquecimento solar de gua em substituio ao chuveiro
eltrico no tem sido entendido por tcnicos e legisladores brasileiros como uma forma de gerao
de energia, mas apenas como uma medida eficiente de conservao e uso racional de energia.

A anlise do problema enfrentado nos ltimos anos pelo sistema eltrico interligado das Regies
Sul, Sudeste e Centro-Oeste do pas, para atender demanda de potncia eltrica no horrio de
ponta, evidenciou a contribuio do chuveiro eltrico para a formao da ponta na curva de carga,
como mostra a figura 2.9. Apesar de apresentarem um consumo relativamente baixo no perodo de
24 horas, os chuveiros eltricos contribuem muito para o consumo no horrio de ponta e
consequentemente o aumento da demanda mxima instantnea de potencia. Estudos realizados
em vrias concessionrias de energia eltrica do pas tm atribudo ao chuveiro eltrico e ao nosso
hbito de banho dirio, normalmente em horrio concentrado ao final do dia, a participao de 20 a
50% no aumento acentuado de potncia eltrica requerida entre 17 e 21 horas.

Figura 2.9 Participao chuveiro eltrico na demanda de pico do setor eltrico


Fonte: CPFL

A tabela 2.5 evidencia a participao do aquecimento de gua no consumo de energia eltrica no


setor residencial.

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32

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Tabela 2.5 Participao chuveiro eltrico na demanda de pico do setor eltrico


Uso do Chuveiro Eltrico no Setor Residencial
Consumo de eletricidade no setor residencial (GWh)
Penetracao do chuveiro eltrico no Brasil(%)
Nmero de chuveiros eltricos
Demanda mxima de potncia na ponta pelo chuveiro eltrico (MW)
Consumo de energia eltrica por domicilio por ano para aquecimento de
gua(kWh/ ano)
Participacao do aquecimento de gua no consumo de energia no setor
residencial(%)

2005
82.255
51%
26.620.119
10.382
830
26,8%

Analisando dados do setor eltrico observa-se que o setor residencial responsvel por 25,2 %
do consumo total de energia eltrica no Brasil e que o aquecimento de gua representa 26,8%
deste consumo. O sistema Interligado Nacional registrou em 7 de Abril de 2005 um recorde para a
demanda mxima instantnea de energia eltrica no valor de 60.918 MW o que significa que o
aquecimento de gua atravs do chuveiro eltrico pode representar pouco mais de 12%
(10.382MW / 60.918MW) da demanda mxima instantnea de energia eltrica no Brasil.

A instalao de sistemas de aquecimento solar permite a intensa reduo da demanda mxima


instantnea de energia eltrica no Brasil reduzindo as presses de investimentos do setor eltrico
em capacidade de gerao adicional somente para o atendimento ao habito de banho atrelado ao
uso do chuveiro eltrico no Brasil. A tabela 2.6 evidencia a participao do aquecimento solar no
setor residencial.
Tabela 2.6 Participao chuveiro eltrico na demanda de pico do setor eltrico
Aquecimento Solar no Setor Residencial
Participao do setor residencial na rea total instalada (%)
rea coletora acumulada no setor residencial (m)
rea coletora instalada por domiclio
Nmero de domicilios atendidos com aquecimento solar no Brasil
Economia de energia prevista por ano por domiclio com F-Chart 70%
(kWh/ ano)

2005
85%
2.295.390
4,0
573.847
581

Potncia mdia do chuveiro eltrico (W)

3.900

Fator de coincidencia do chuveiro no horrio de ponta (%)

10%

Demanda de potncia retirada da ponta (MW)

224

Economia anual de energia com uso do solar (GWh)

333,2

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33

MDULO - SOLAR

Como pode ser observado o aquecimento solar j atende mais de 570 mil residncias em todo o
Brasil e contribui para a reduo de 224 MW de potncia no horrio de ponta do setor eltrico
nacional. Observa-se tambm que sua utilizao permitiu uma economia de energia eltrica de
mais de 330 GWh no ano de 2005. Observa-se na tabela 2.7 que o aquecimento solar possui uma
pequena penetrao nas habitaes brasileiras de apenas 1,1%, nmero inexpressivo quando
comparamos, por exemplo, a Israel, onde mais de 80% das residncias possuem aquecedores
solares.
Tabela 2.7 Penetrao do aquecimento solar no setor residencial
Penetraao do aquecimento solar no setor residencial

2.005

Populao Estimada (milhes de habitantes)

182.507.000

Nmero de domiclios no Brasil

52.196.313

Nmero de domicilios atendidos com aquecimento solar no Brasil


Penetrao do aquecimento solar no setor residencial(%)

573.847
1,10%

Pode-se analisar o impacto de um programa de incentivo ao uso de aquecedores solares com


base, por exemplo, no dficit habitacional brasileiro. O imenso dbito com os brasileiros carentes
de moradia um dos principais itens da dvida social brasileira - vem se acumulando
principalmente entre as famlias mais pobres, residentes em reas urbanas e se apresenta com
maior gravidade na regio Nordeste, seguida das regies Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Norte.
Famlias que ganham at trs salrios mnimos so as mais atingidas, correspondendo a 83,2% do
dficit habitacional urbano. O dficit habitacional no Estado de So Paulo estimado era de
1.161.757 moradias no ano 2000 de acordo com a Fundao Joo Pinheiro:80% desse dficit est
concentrado nas famlias com renda mensal de at cinco salrios. Somente a cidade de So Paulo
registrou um dficit de cerca de 358 mil moradias, segundo dados do censo 2000 do IBGE,
relacionados na pesquisa sobre o desenvolvimento habitacional da cidade nas ltimas trs
dcadas. Estes e outros dados reveladores de um dos mais graves problemas do Brasil esto
definidos no estudo Dficit Habitacional no Brasil 2000, realizado pela Fundao Joo Pinheiro. A
pesquisa encomendada pela Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidncia da
Repblica revela que a deficincia do estoque de moradias no Brasil cresceu de 5,4 milhes de
unidades em 1991 para 6,6 milhes em 2000. Se pensarmos na resoluo do problema do dficit
habitacional deve-se pensar na definio de uma poltica consistente definitiva para o aquecimento
solar para o setor de habitaes de interesse social. O sucesso e a importncia de programas de
implantao de aquecimento solar em habitaes de interesse social no Brasil j est comprovado
por diversos projetos implantados e outros em fase de implantao. As tabelas 8 e 9 evidenciam a
importncia da tecnologia solar trmica. Considerando-se que em todas as habitaes populares a
penetrao do chuveiro eltrico seria de 100% teramos os seguintes dados para o Estado de So
Paulo e para o Brasil, por exemplo.
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34

MDULO - SOLAR

Tabela 2.8 Aquecimento solar e o dficit habitacional do Estado de So Paulo (2000)


Aquecimento Solar e Deficit Habitacional no Estado de So Paulo

2005

Deficit de Domicilios no Estado de So Paulo

1.161.757

rea coletora acumulada no setor residencial (m)

2.323.514

rea coletora instalada por domiclio


Nmero de domicilios atendidos com aquecimento solar

2,0
1.161.757

Economia de energia prevista por ano por domiclio com F-Chart 70%
(kWh/ ano)

632

Aumento de renda mensal por domicio R$

21,06

Potncia mdia do chuveiro eltrico (W)

3.900

Fator de coincidencia do chuveiro no horrio de ponta (%)

10%

Demanda de potncia retirada da ponta (MW)

453

Economia anual de energia com uso do solar (GWh)

734,0

Tabela 2.9 Aquecimento solar e o dficit habitacional no Brasil (2000)


Aquecimento Solar e Deficit Habitacional no Brasil

2005

Deficit de Domicilios no Estado de So Paulo

6.600.000

rea coletora acumulada no setor residencial (m)

13.200.000

rea coletora instalada por domiclio


Nmero de domicilios atendidos com aquecimento solar

2,0
6.600.000

Economia de energia prevista por ano por domiclio com F-Chart 70%
(kWh/ ano)
Aumento de renda mensal por domicio R$

632
21,06

Potncia mdia do chuveiro eltrico (W)

3.900

Fator de coincidencia do chuveiro no horrio de ponta (%)

10%

Demanda de potncia retirada da ponta (MW)

2.574

Economia anual de energia com uso do solar (GWh)

4.169,9

Observa-se analisando as tabelas 2.8 e 2.9, que a utilizao do aquecimento solar em habitaes
de interesse social, nas quais a penetrao do chuveiro eltrico de 100%, teria um grande
impacto do ponto de vista social gerando uma grande economia de energia e de dinheiro (varivel
de acordo com os valores praticados por cada concessionria) bem como traria um grande
beneficio para o setor eltrico pois representaria o deslocamento de no mnimo 2600 MW de
demanda de potncia no horrio de ponta do setor e geraria uma economia de 4,2 TWh por ano.

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35

MDULO - SOLAR

Os principais resultados dos projetos de aquecimento solar j implementados em habitaes de


interesse social so evidenciados da seguinte forma:

a - para os moradores

Economia real de energia e dinheiro;

Conscientizao sobre o uso racional de energia e gua;

Aumento evidenciado do poder aquisitivo propiciando maior segurana alimentar e maior

conforto (compra de alimentos, eletrodomsticos, material escolar, melhorias habitacionais,etc).


b - para o setor eltrico

Reduo da carga nos horrios de ponta, ocasionando postergao de investimentos em

gerao, transmisso e distribuio;

Reduo de inadimplncia;

Criao e divulgao de um novo pacote de servios ao consumidor de baixa renda;

Em estudo feito pela CEMIG, concluiu-se que com a implantao do aquecimento solar, 1

transformador que atendia a 25 casas passou a atender a 55 casas com a substituio do chuveiro
eltrico pelo aquecimento solar;
c - para o governo

Criao de uma poltica habitacional coerente com o desenvolvimento sustentvel da matriz

energtica nacional e com o desenvolvimento econmico das populaes atingidas pela tecnologia
solar;

Reduo de investimentos na gerao, transmisso e distribuio de energia eltrica, podendo-

se deslocar recursos para outras reas prioritrias como a prpria poltica habitacional brasileira.

Reduo de emisso de poluentes condizente com uma poltica ambiental correta.

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36

3
CASOS DE SUCESSO E BENEFICIOS
BENEFICIOS AMBIENTAIS E SOCIAIS

Panorama Atual do Aquecimento Solar no Brasil


Habitao Popular Sustentvel
Aquecimento Solar Central em Belo Horizonte
Energia e meio ambiente: mudanas no clima e poluio local
Benefcios sociais e ambientais do aquecimento solar

MDULO - SOLAR

INTRODUO
Em 2005, o Brasil totalizou cerca de 3 milhes de metros quadrados de rea instalada de
coletores solares. De acordo com critrios lineares de dimensionamento, adotados pela grande
maioria das empresas, e que se espera sejam abandonados aps a leitura desse texto, estima-se
1m2 para cada usurio final. Dessa forma, a penetrao dos aquecedores solares no Brasil atinge
apenas 1,6% da populao. Valor este extremamente inexpressivo para um pas com a dimenso
territorial e os nveis de irradiao solar do Brasil. ustria e Grcia atendem a 12 e 22% da
populao com aquecimento solar para fins sanitrios, respectivamente.
Para avaliao do impacto positivo para o setor eltrico nacional esperado a partir da implantao
de polticas de governo de incentivo ao uso do aquecedor solar em substituio ao chuveiro
eltrico, foram propostos alguns ndices-base, a saber:

Eficincia mdia dos produtos oferecidos: 50%

Incidncia de radiao solar mdia no pas: 17 MJ/m2/dia

Potncia dos chuveiros eltricos: 4,4 kW

Aquecimento eltrico complementar ao solar: 1,5 kW

Fator de simultaneidade de uso do chuveiro eltrico no horrio de pico: 25%

Dessa forma, a energia mdia gerada pelos coletores instalados no pas de 2585 GWh/ano, com
correspondente deslocamento de demanda de energia no horrio do pico da ordem de 544 MW.
Este valor corresponde a 27% da potncia gerada nas usinas trmicas nucleares e 4,4% da
capacidade instalada em trmicas convencionais na matriz energtica brasileira.

Tais nmeros podem ser confrontados com aqueles propostos pela European Solar Thermal
Industry Federation (ESTIF) e o programa para o Aquecimento e Arrefecimento Solar da Agncia
Internacional de Energia (IEA SHC) que expressaram, pela primeira vez em 2004, a contribuio
do aquecimento no mais em funo da rea instalada, mas em termos da potncia gerada. O
fator de converso recomendado de 0,70 kWth para cada metro quadrado de rea de coletores
solares.

Ole Pilgaard, presidente da ESTIF, declarou nessa oportunidade que agora, a capacidade do
solar trmico pode e deve aparecer em todas as estatsticas, lado a lado com as capacidades das
outras fontes de energia renovvel e as pessoas compreendero que a nossa tecnologia pode
contribuir tremendamente na reduo da emisso de gases causadores do efeito de estufa,
permitindo ainda um fornecimento global de energia mais sustentvel.

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

39

MDULO - SOLAR

De acordo com esse ndice, os aquecedores solares instalados no Brasil gerariam uma potncia
equivalente a 2100 MW th, Este valor cerca de 19% inferior ao obtido na simulao feita para o
caso brasileiro, que forneceu 0,86 kW th/ m2. Uma justificativa para tal discrepncia pode estar
associada aos menores nveis de irradiao solar na Europa. Entretanto, o valor europeu tem sido
adotado tambm em vrios estudos e projees para o Brasil, tornandoos bastante conservativos
e seguros.

Quanto gerao de empregos diretos, a ESTIF estabelece para a Comunidade Europia que a
gerao de 1000 GWh com aquecedores solares geraria 3960 empregos contra apenas 72
empregos da gerao nuclear. No caso brasileiro, a produo anual de 2585GWh garantiria, ento,
10237 empregos. Entretanto, estudos realizados pela ABRAVA [2002], demonstram que a
produo, comercializao e instalao de 400.000m2 por ano de aquecedores solares garantem
cerca de 12.000 empregos descentralizados nas diferentes reas de atuao envolvidas como,
engenharia, manufatura, projeto, instalao e manuteno. Constata-se que o nmero declarado
pela ABRAVA cerca de 17% superior ao definido para a CE, sendo que o menor nvel de
automatizao da indstria brasileira poderia justificar tal discrepncia.

Alm dessa contribuio matriz energtica e gerao de empregos, deve-se destacar que
polticas de incentivo ao aquecimento solar NO exigiriam investimentos diretos do governo.
Entretanto, torna-se imprescindvel a criao de modelos de sustentabilidade para atendimento s
habitaes de interesse social, formao descentralizada de recursos humanos, legislao
apropriada, linhas de financiamento, desenvolvimento e adoo de rotinas padronizadas de
dimensionamento para aplicaes especficas, caderno de recomendaes para recebimento de
obras, acompanhamento da operao e manuteno, dentre outras.

A seguir, sero discutidos alguns casos de sucesso do uso do aquecimento solar no Brasil.

3.1. Habitao Solar Sustentvel

O grfico da figura 2.1 mostra a evoluo temporal da instalao de aquecedores solares em


habitaes de interesse social desde 1980, segundo levantamentos elaborados por Tassarini
[2006] e Pereira [2006] e que totalizam 8695 residncias.

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40

MDULO - SOLAR

Residncias com aquecimento


solar

4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
1980 1994 1995 1996 2000 2003 2004 2005 2006

ano
Figura 3.1 - Evoluo temporal da instalao de aquecedores solares em habitaes de interesse social

Esse nmero bastante modesto se comparado ao dficit habitacional brasileiro, estimado pelo
IPEA [2005] em 6 milhes de residncias, e com grande concentrao na populao de baixa
renda. Entretanto, constata-se um crescimento significativo nos ltimos 2 anos que pode ser
explicado principalmente pela iniciativa de concessionrias de energia eltrica para atendimento
aos nveis de investimento, exigidos pela ANEEL, em programas de eficincia energtica e
gerenciamento pelo lado da demanda de energia.

O grfico da Figura 3.2 mostra como o aquecimento solar para a populao de baixa renda se
distribui nos diversos estados brasileiros, evidenciando o importante papel da CELG, LIGHT e
CEMIG nesse processo.

2,3% PR SP

GO

3,2%

35,7%

RJ
0,7%

36,4%

21,7%
SC
MG

Figura 3.2 Distribuio espacial dos aquecedores solares instalados

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41

MDULO - SOLAR

Dentre os projetos instalados, apenas os de Florianpolis (CELESC/UFSC) e de Contagem


(ELETROBRS/ PUC Minas), mostrado na Figura 3.3, publicaram os resultados da monitorao
realizada. O acompanhamento das contas mensais de energia eltrica permitiu avaliar a economia
para os consumidores finais. Nos dois casos, essa economia atingiu valores entre 30 e 50%,
segundo Abreu et al.[2004], Pereira [2004] e Tassinari [2006].

(a) Tecnologia 1

(b) Tecnologia 2

Figura 3.3 - Exemplos da Instalao de Aquecedores Solares em Contagem

A Figura 3.4 mostra a diferena de consumo e do valor da conta de energia eltrica para duas
famlias com o mesmo nmero de pessoas, eletrodomsticos e hbitos de consumo similares.

Figura 3.4 Exemplo de contas de energia de duas residncias em Contagem/MG

Tais resultados motivaram Prefeituras Municipais, Governos Estaduais, Cooperativas Habitacionais


e a Caixa Econmica Federal a criarem legislao de incentivo ou de obrigatoriedade ao uso de
aquecedores solares, assim como linhas de financiamento.

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42

MDULO - SOLAR

Entretanto, so necessrios esforos concentrados, visando a integrao de todas essas aes


para que o aquecimento solar atinja no Brasil ndices de penetrao comparveis a pases como
Grcia e Espanha.

No caso de Contagem, foi tambm avaliado o grau de adaptabilidade dos moradores e nvel de
satisfao frente s tecnologias solares adotadas e mostradas na figura 3.3. Os resultados
indicam que 93% da populao consideram o aquecimento solar muito bom e bom.

Entretanto, o elevado nvel de venda dos aquecedores solares da Tecnologia 2, justificado pelas
famlias como devido a urgncias financeiras, sugerem a necessidade de criao de programas
de atendimento continuado ps-venda para os conjuntos habitacionais alm da adequada
integrao do aquecedor solar na moradia.

3.2. Aquecimento Solar para edifcios

Apesar dos esforos para atendimento populao de baixa renda com aquecedores solares
realizados nos ltimos anos, pode-se afirmar que uma frao expressiva da rea total de coletores
instalados em residncias e edifcios est ainda restrita s classes sociais A e B. A cidade de Belo
Horizonte constitui-se, nesse sentido, como um caso internacional, possuindo mais de 1000
prdios com sistemas de aquecimento solar central. A foto area de um bairro de luxo da Capital
mineira, mostrada na Figura 3.5, ilustra a grande penetrao do aquecimento solar neste
segmento de mercado.

Figura 3.5 - Vista rea de Belo Horizonte

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

43

MDULO - SOLAR

Em residncias unifamiliares, o cenrio se repetiu, conforme apresentado na Figura 4.6. Nesses


casos, a opo pelo aquecimento solar foi motivada, principalmente, pelo conforto proporcionado
por duchas de elevada vazo. Em alguns casos, pela novidade e sofisticao de seu uso e, com
raras excees, pela conscincia ambiental e necessidade real de economia.

Figura 3.6 Aquecimento Solar Instalao de Pequeno Porte

Dentre as principais aplicaes do aquecimento solar central, destaca-se sua utilizao no setor
hospitalar, conhecidos como hospitais solares. Infelizmente, a grande maioria dos hospitais ainda
utiliza energia eltrica ou combustvel fssil, como leo, GLP ou gs natural, na produo de gua
quente para fins sanitrios. A introduo de sistemas de aquecimento solar em hospitais traz
grandes benefcios, como:

 Reduo das despesas anuais operacionais com aquecimento de gua em at 80%;


 Incentivo a certificao de hospitais com sistemas de gesto ambiental atravs do uso de
tecnologias limpas.

Dentre as obras de aquecimento solar no setor de sade, destaca-se o LIFE CENTER em Belo
Horizonte, com capacidade instalada para atender 15.000 pessoas por ms, em 90 apartamentos
e 236 consultrios. Para aquecer 18.000 litros de gua por dia, foi desenvolvido um sistema
hbrido de aquecimento solar, mostrado na Figura 3.7, e reaproveitamento da energia liberada pelo
ar condicionado do Centro Clnico. O GLP utilizado como fonte

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44

MDULO - SOLAR

complementar de energia. O sistema hbrido de aquecimento atende aos banhos, piscinas


trmicas da rea teraputica, cozinha e lavanderia.

Figura 3.7 Instalao de aquecimento solar no setor hospitalar

Alm de Hospitais e Clnicas, essa tecnologia, tambm vem sendo aplicada para atender Hotis e
Pousadas com excelentes resultados de economia para os administradores da unidade hoteleira e
conforto para os hspedes. Nesse sentido, a cidade de Porto Seguro se destaca com mais de 250
hotis e pousadas solares. Alguns exemplos so mostrados na Figura 3.8.

Hotel Shalimar

Hotel Porto Belo

Figura 3.8 Instalao de aquecimento solar em hotis O caso de Porto Seguro.

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45

MDULO - SOLAR

3.3. Energia e meio ambiente: mudanas no clima e poluio local

A humanidade enfrenta atualmente o que talvez seja o maior desafio de sua histria: como
estabilizar o clima da Terra que est evoluindo para alteraes perigosas em funo das
alteraes qumicas provocadas na atmosfera do planeta pelas emisses de gases-estufa
gerados na sua atividade econmica?

O desmatamento e a queima de combustveis fsseis como o petrleo, o carvo mineral e o gs


natural em motores, caldeiras, fornos e outros equipamentos, tem alterado a composio da
atmosfera. A concentrao de dixido de carbono (CO2) cresceu de 280 partes por milho (ppm)
no perodo pr-industrial anterior a 1850 para os atuais 350 ppm, e continua a crescer. O aumento
da concentrao deste gs, e de outros gases-estufa como, por exemplo, o metano e o CFC e o
HCFC, gases industriais usados em refrigerao, retem calor na atmosfera e provoca aumento da
temperatura mdia do planeta. Do final do sculo XIX at nossos dias, esta temperatura mdia j
aumentou 0,6 oC e prev-se que at o final do sculo XXI se elevar em mais 1,4 oC, se no
mais, dependendo da capacidade dos pases de diminurem suas emisses de CO2.

Este aumento na temperatura mdia do planeta j vem causando efeitos nocivos sobre o clima do
planeta, como o aumento do nmero e da fora de furaces, diminuio das geleiras das grandes
cadeias de montanhas, maior incidncia de secas e enchentes, entre outros. A figura 3.9 a seguir
ilustra o derretimento acelerado da calota polar em torno do plo norte; na figura v-se claramente
a diminuio da cobertura de gelo do mar rtico entre os anos de 1979 e 2003.

Figura 3.9 Diminuio da calota polar norte: 1979 e 2003


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46

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Os modelos climticos hoje existentes mostram que, se o aumento da temperatura mdia do


planeta em relao ao perodo pr-industrial passar de 2C, as mudanas no clima sero
perigosas para a humanidade, podendo inviabilizar a vida em algumas regies do planeta e
dificultar enormemente algumas atividades econmicas, como a agricultura.

Em termos mundiais, a queima de combustveis fsseis a maior responsvel pela emisso do


principal gs-estufa, o CO2, e a conseqente alterao do clima do planeta. Dados do IPCC,
grupo de mais de 3 mil cientistas que assessoram a ONU no assunto, mostram que as fontes de
energia fssil so responsveis por mais de 80% das cerca de 28 bilhes de toneladas de CO2
emitidas anualmente pela humanidade atmosfera, conforme mostrado na figura 3.10 abaixo,
ficando o desmatamento em segundo lugar, mas com bem menor importncia.

25000
20000
15000
10000
5000

eo
r
l
pe
t

m
in
er
al
ca
rv
o

na
tu
ra
l
g
s

s
se
is
to
ta
lf

at
am
en
to

de
sm

milhes de toneladas de CO 2

(International Panel on Climate Change - ONU)

Figura 3.10 - Emisses mundiais de CO2 por ano


Fonte: IPCC Revised 1996 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories: Workbook (Volume 2)

No s globalmente que o aproveitamento da energia dos combustveis fsseis impacta o meio


ambiente e a sade humana. A queima de petrleo e carvo mineral emite uma quantidade
significativa de enxofre e outras substncias que causam as chuvas cidas e , tambm, a
principal fonte de material particulado para a atmosfera das cidades e o entorno de grandes
indstrias e plantas termeltricas. A queima destas fontes de energia, e do gs natural, emite
tambm grandes quantidades de xidos de nitrognio, o NOx, precursor da concentrao de
oznio na atmosfera. Tanto o material particulado quanto o oznio troposfrico, aquele que se
encontra na superfcie do planeta, tm importantes efeitos para a sade conforme mostrado no
quadro 3.1 abaixo, principalmente sobre o sistema respiratrio e sobre crianas e idosos. E as
chuvas cidas causadas pelos gases de enxofre e outros gases presentes na atmosfera,
degradam solos agrcolas, construes e monumentos urbanos.

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47

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Quadro 3.1 - Fontes, caractersticas e efeitos dos principais poluentes na atmosfera
Fonte: Relatrio de Qualidade do Ar no Estado de So Paulo 2004, Companhia de Tecnologia de Saneamento
Ambiental (CETESB), 2005
EFEEITOS GERAIS
FONTES
EFEITOS GERAIS
POLUENTE
CARACTERSTICAS
SOBRE O MEIO
PRINCIPAIS
SOBRE A SADE
AMBIENTE
Partculas
Partculas de material
Processos industriais, Quanto menor o
Danos vegetao,
totais em
slido ou lquido
exausto de motores,
tamanho da partcula,
deteriorao da
suspenso
suspensas no ar na
poeira ressuspensa,
maior o efeito sobre a
visibilidade e
(PTS)
forma de poeira,
queima de biomassa
sade. Causam efeitos
contaminao do solo.
neblina, aerossol,
e, tambm, fontes
significativos em
fumaa, fuligem etc
naturais como plem,
pessoas com doena
menores que 100
aerossol marinho e
pulmonar como asma e
micra.
solo.
bronquite.
Partculas
Partculas de material
Processos de
Aumento de
Danos vegetao,
deteriorao da
inalveis
slido ou lquido
combusto (industriais atendimentos
e veiculares) e
hospitalares e mortes
visibilidade e
(MP10) e
suspensas no ar na
fumaa
forma de poeira,
aerossol secundrio
prematuras.
contaminao do solo.
(formado na
neblina, aerossol,
fumaa, fuligem etc
atmosfera).
menores que 10
micra.
Pode levar formao
Queima de
Desconforto na
Dixido de
Gs incolor de forte
de chuva cida, causar
odor, semelhante ao
combustveis, refinaria respirao, doenas
enxofre
de petrleo, veculos
respiratrias,
corroso aos materiais
(SO2)
gs produzido na
e danos vegetao
agravamento de
a diesel, indstria de
queima de palitos de
papel e celulose.
doenas respiratrias e em folhas e colheitas.
fsforos. Pode ser
cardiovasculares j
transformado em SO3,
existentes. Pessoas
que na presena de
com asma, doenas
vapor de gua, passa
crnicas de corao e
rapidamente ao cido
pulmo so mais
H2SO4. um
suscetveis ao SO2.
importante precursor
dos sulfatos, um dos
principais
componentes das
partculas inalveis,
Combusto em
Aumento da
Pode levar formao
Dixido de
Gs marrom
motores e processos
sensibilidade asma e
de chuva cida, danos
nitrognio
avermelhado, com
industriais, usinas
bronquite, diminuio
vegetao e colheita.
(NO2)
odor forte e irritante.
de resistncia
Pode levar formao trmicas que utilizam
leo ou gs e
infeces respiratrias.
de cido ntrico,
incineradores.
nitratos (que
aumentam as
partculas inalveis na
atmosfera) e
compostos orgnicos
txicos.
Monxido
Gs incolor, inodoro e
Combusto
Altos nveis de CO
de carbono
inspido.
incompleta.
esto associados a
(CO)
prejuzos nos reflexos,
na capacidade de
estimar intervalos de
tempo, no aprendizado
e na viso.
Oznio (O3) Gs incolor, inodoro
No emitido
Irritao dos olhos e
Danos colheita,
nas concentraes
diretamente
vias respiratrias,
vegetao nativa, a
ambientais. Principal
atmosfera.
diminuio da
plantaes agrcolas e a
componente do
produzido por reaes capacidade pulmonar.
plantas ornamentais.
smog, a nevoa
fotoqumicas na
Exposies a altas
fotoqumica.
atmosfera a partir dos concentraes podem
xidos de nitrognio e levar a sensao de
dos compostos
aperto no peito, tosse e
orgnicos volteis.
chiado na respirao. O
O3 tem sido associado
ao aumento de
internaes
hospitalares.
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48

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3.4. Energia e ambiente no Brasil

O Brasil se insere de forma diferenciada no quadro das emisses de gases estufa que provocam
as mudanas climticas. De forma inversa mdia global, o pas emite gases estufa
principalmente devido ao desmatamento, principalmente da Amaznia. O inventrio oficial
brasileiro de emisso de gases estufa publicado em 2004 pelo Ministrio de Cincia e Tecnologia,
mostra que cerca de 73% das emisses brasileiras destes gases so provenientes de
desmatamento, 25% da queima de combustveis fsseis e o restante de outras fontes,
principalmente da atividade pecuria. Por conta do desmatamento, o Brasil mesmo no sendo um
pas desenvolvido, oficialmente o 6 maior emissor mundial de gases estufa, sendo que alguns
pesquisadores o colocam entre a 3 e a 4 posio neste ranking, dado o aumento das taxas de
desmatamento da Amaznia ocorrido de 1994, ano base do inventrio oficial brasileiro de gases
estufa, at 2004.

O consumo nacional de energia no responsvel importante pela emisso global de gases


estufa porque a matriz energtica brasileira relativamente limpa do ponto de vista da emisso
destes gases. Isto porque a gerao de eletricidade no pas baseada em hidroeletricidade, e
programas como o pr-lcool e o de florestas energticas para a produo de ferro gusa com
carvo vegetal em substituio ao carvo mineral substituram significativamente o uso de
combustveis fsseis e reduziram, conseqentemente, a emisso de CO2. Na figura 3.11
apresentada abaixo se pode observar que 43,6% da energia consumida no Brasil provem de
fontes renovveis, incluindo hidroeletricidade, etanol, carvo vegetal e resduo de biomassa como
bagao de cana, casca de arroz e lenha. A importncia deste dado fica mais evidente se
compararmos com a frao mdia de renovveis no mundo, que de somente cerca de 4%.
Recursos Renovveis
43,6%

Biomassa
29,1%

Hidroeletricidade
14,5%

Urnio
1,5%
Carvo
6,5%
Gs Natural
8,7%

Petrleo e derivados

39,7%

Figura 3.11 - Participao das diferentes fontes na matriz energtica brasileira


Fonte: Balano Energtico Nacional, MME 2005
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Apesar de sua matriz energtica relativamente limpa, o Brasil sofre com impactos ambientais e
sociais da gerao de energia e tem como contribuir nesta rea para o esforo global de mitigao
das mudanas climticas.

O fato das hidroeltricas serem relativamente baixas emissoras de gases-estufa no as torna


totalmente limpas e sustentveis. Um documento assinado por centenas de Organizaes No
Governamentais brasileiras e internacionais encaminhado em junho de 2004 Conferncia
Internacional Pelas Energias Renovveis, realizada em Bonn, Alemanha, sintetiza os impactos
sociais das grandes hidreltricas na viso da sociedade civil organizada: citando a Comisso
Mundial de Barragens, o documento afirma que as grandes barragens so responsveis pelo
desalojamento de 40 a 80 milhes de pessoas (no mundo), com muitos dos deslocados
recebendo nenhuma ou inadequada compensao. Milhes de pessoas tm tambm perdido suas
terras e modos de vida e tm sofrido por causa dos efeitos jusante e de outros impactos
indiretos das grandes barragens. O documento tambm alerta para os impactos ambientais das
grandes hidreltricas, por estas serem emissoras de gases estufa, j que a decomposio da
matria orgnica nos reservatrios das hidreltricas causa a emisso de metano e gs carbnico,
e por serem um importante fator no rpido declnio da biodiversidade fluvial no mundo todo. O
mesmo documento alerta para a possvel alterao hidrolgica motivada pelas mudanas
climticas globais causadas pelo aquecimento global, que ao alterar o regime de chuvas pode
implicar reduo notvel da gerao hidreltrica (Doze Razes para Excluir as Grandes
Barragens das Iniciativas para Energias Renovveis, documento disponvel em www.irn.org)

Por conta dos problemas acima descritos, a expanso da hidroeletricidade no Brasil hoje encontra
diversos problemas que vo das dificuldades de licenciamento a uma enxurrada de processos
judiciais que tm dificultado grandemente a implantao de novas usinas.

Numa escala menor, mas ainda importante, eletricidade e calor tm sido gerados por meio de
queima de combustveis fsseis no pas tanto em termeltricas conectadas rede quanto em
geradores isolados, caldeiras e fornos localizados em reas urbanas. Estes usos tambm
contribuem com a poluio local e so matria de preocupao ambiental por conta de, por um
lado, apresentarem tendncia de crescimento e, por outro, serem de difcil controle, dada sua
disperso geogrfica.

3.5. Benefcios ambientais do aquecimento solar


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50

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A gerao de energia descentralizada e em pequena escala pode contribuir consideravelmente


para a proteo do clima global e, ao mesmo tempo, ter um importante papel na melhoria da
qualidade de vida. Os aquecedores solares de gua so particularmente promissores j que a
tecnologia uma das mais simples e baratas fontes de energia renovvel, com uma relao
custo-benefcio bastante favorvel para a reduo de emisses de gases-estufa e da poluio
local causada pela queima de combustveis fsseis em caldeiras. Segundo pesquisa
encomendada pela ABRAVA, a instalao de 1 m2 de coletor solar evita o uso de 215 quilos de
lenha por ano, ou de 66 litros de diesel por ano ou ainda de 55 quilos de gs por ano, dependendo
do combustvel substitudo pelo aquecedor solar. Segundo a mesma pesquisa, quando substitui
aquecedores eltricos, cada 1 m2 de aquecedor solar evita a inundao de aproximadamente 56
m2 de terras frteis que seriam utilizadas para a construo de hidreltricas.

O aquecimento de gua geralmente representa uma alta porcentagem do consumo de energia,


tanto nos lares quanto em vrios setores do comrcio e da indstria, chegando em alguns casos a
30% ou mais. Para termos uma idia do que representa o consumo de eletricidade para
aquecimento de gua nas habitaes brasileiras, por exemplo, podemos observar no quadro 3.2 a
seguir que o consumo de eletricidade pelo setor residencial brasileiro variou entre 19% e 26% do
consumo total de eletricidade do pas. Se cruzarmos esta informao com a apresentada na figura
3.12 tambm mostrada abaixo, onde vemos que o consumo mdio de eletricidade para
aquecimento de gua nas habitaes brasileiras 26% de seu consumo mdio total, podemos
inferir que por volta de 6% da energia consumida no pas utilizada para aquecimento de gua
nas residncias.
Quadro 3.2 - Consumo setorial de eletricidade Brasil
Fonte: Balano Energtico Nacional - BEN, Braslia, Ministrio de Minas e Energia, Brasil, 2002

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51

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Figura 3.12 - Consumo de Energia Eltrica por uso final no setor residencial
Fonte: PROCEL-Eletrobrs

A infra-estrutura para aquecimento de gua na maioria das cidades baseada nos chuveiros
aquecedores eltricos instantneos, equipamento de baixo custo inicial, mas de grande consumo
de energia ao longo de sua vida til e que, por isto, impinge importantes demandas de capital para
o setor eltrico e altos custos ambientais e sociais. Estes equipamentos, alm de consumirem
cerca de 6% de toda a eletricidade produzida no pas, so responsveis por 18% do pico de
demanda do sistema eltrico, o que significa que o setor eltrico tem que se dimensionar,
construir usinas, linhas de transmisso e sistemas de distribuio para este pico.

Por conta da importncia do aquecimento de gua no consumo de eletricidade e por conta


tambm dos impactos socioambientais da gerao desta energia, pode-se concluir que interessa
sociedade brasileira desenvolver um grande mercado para aquecedores solares dadas as
vantagens socioambientais da tecnologia, advindas do deslocamento da hidroeletricidade na
matriz energtica, da gerao de empregos qualificados e da reduo de recursos para
investimentos em gerao, transmisso e distribuio de energia eltrica.

3.5.1. Benefcios ambientais locais e regionais do aquecimento solar

Os aquecedores solares so uma alternativa excelente para prover a gua quente desejada nas
habitaes, no comrcio e nos servios, e tm muito a contribuir para a mitigao dos impactos
socioambientais do setor eltrico brasileiro. A tecnologia apresenta amplas vantagens ambientais,
econmicas e sociais: por substituir hidroeletricidade e combustveis fsseis, cada instalao de
aquecedores solares reduz de uma vez e para sempre o dano ambiental regional e local
associado s fontes de energia convencionais: no produz gases e materiais particulados que
contribuem para a poluio urbana, no requer rea alagada adicional para gerao de
eletricidade e no deixa lixo radiativo como uma herana perigosa para as geraes futuras.
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52

MDULO - SOLAR

Quando substituem combustveis fsseis, os aquecedores solares reduzem a poluio ambiental


por xidos de nitrognio, monxido de carbono, dixido de enxofre, compostos orgnicos volteis
e material particulado, trazendo grandes benefcios ao ar urbano.

Alm de apresentar estas vantagens concretas, a instalao de aquecedores solares em escala


contribui para diversas metas globais que foram definidas a partir da ECO-92 no Rio de Janeiro.
Particularmente contribui com as diretrizes da Agenda 21 Brasileira, que no seu objetivo nmero 4
propunha entre suas aes e recomendaes desenvolver e incorporar tecnologias de fontes
renovveis de energia, levando em considerao a disponibilidade e a necessidade regional, e
tambm com a Declarao do Rio, adotada na Rio 92, que prev em seu PRINCPIO 8 que "para
atingir o desenvolvimento sustentvel e a mais alta qualidade de vida para todos, os Estados
devem reduzir e eliminar padres insustentveis de produo e consumo".

3.5.2. Benefcios ambientais globais do aquecimento solar

Como j discutido acima, os aquecedores solares contribuem com a mitigao das mudanas
climticas na medida em que no emitem gases estufa durante sua utilizao. Quando
aquecedores solares de gua so aplicados na suplementao ou na substituio de aquecedores
de gua convencionais, evitam a queima de grande parte do combustvel que seria usado nestes
sistemas e, conseqentemente, grande parte dos gases estufa que seriam emitidos.

A quantidade exata de gases no emitidos varia em funo do fator de emisso de carbono de


cada combustvel substitudo, indicador da quantidade de toneladas de CO2 emitida por
quilocaloria gerada na queima do combustvel. O quadro 4 apresentado a seguir traz alguns
fatores de emisso de carbono para o gs natural, o GLP, o querosene, o carvo mineral, o coque
de carvo e a lenha, aqui considerada aquela lenha extrada de florestas nativas e no reposta,
portanto no sustentvel, e emissora de gases estufa.

Com base nestes fatores de emisso possvel calcular a quantidade de carbono no emitido
pela instalao de coletores solares em substituio ao uso de combustveis fsseis para o
aquecimento de gua.

Quadro 3.3 - Fatores de emisso de carbono para alguns combustveis tradicionais


Fonte: IPCC Revised 1996 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories: Workbook (Volume 2)

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53

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COMBUSTVEL

FATOR DE EMISSO DE CARBONO


(tCO2/quilocaloria)

Gs natural

173,7

GLP

195,3

Querosene

222,5

leo combustvel

249,8

Carvo mineral

304,2

Coque

328,1

Lenha (no sustentvel)

339,4

Os acordos internacionais que buscam mitigar as mudanas climticas, a Conveno Quadro das
Noes Unidas sobre Mudanas Climticas e seu Protocolo de Quioto, estabeleceram metas de
reduo das emisses de gases estufa para os pases industrializados e mecanismos que buscam
facilitar o cumprimento destas metas. Entre estes mecanismos, o MDL ou Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo, permite que pases industrializados que tm metas de reduo de
emisses de gases estufa estabelecidas comprem de pases emergentes certificados de reduo
de emisso emitidos por projetos de reduo de emisses implantados nestes pases, que no
tm obrigaes concretas de reduo de emisso. O MDL facilita aos pases industrializados o
cumprimento de suas metas, na medida que projetos em pases emergentes so mais baratos em
geral que aqueles nos pases industrializados, enquanto cria um fluxo de recursos financeiros para
os pases emergentes que devem ser empregados em projetos de desenvolvimento sustentvel.
Assim, o MDL oferece oportunidades de superao de barreiras difuso dos aquecedores
solares nestes pases, entre eles o Brasil.

Os rendimentos da comercializao dos certificados de reduo de emisses (CREs) podem


trazer uma contribuio significativa para a implantao de aquecedores solares de gua.
Clculos preliminares mostram que o MDL pode abater em pelo menos 5% o custo de
implantao dos projetos no Brasil e em at 21% em outros pases do mundo. O clculo para o
Brasil apresentado no quadro 3.4 abaixo foi feito com o sistema solar substituindo aquecimento
eltrico com energia proveniente da rede integrada brasileira. Para instalaes que substituam
combustveis fsseis no pas, estima-se que estes rendimentos podem chegar a at 20% do custo
inicial do sistema.
Quadro 3.4 - Ganho potencial com Certificado de Reduo de Emisses com sistemas solares
Fonte: Solar Water Heating as a Climate Protection Strategy: The Role for Carbon Finance; Samuel Milton & Steven
Kaufman Green Markets International, January 2005

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54

MDULO - SOLAR

Pas

Barbados
Brasil
China
China
ndia
Mxico
Mxico
frica do Sul

Custo mdio
do sistema
solar (US$)

CER ganho
com CRE por
sistema solar
com US$5/t

1.797
840
261
326
350
1.995
1.500
844

165
46
41
34
75
89
119
72

Valor do CRE
(% do custo
do sistema
solar com
CO2 a
US$5/ton)
9%
5%
16%
10%
21%
4%
8%
9%

Os rendimentos da comercializao de CREs podem ajudar a lidar com vrias das barreiras
enfrentadas pela tecnologia de aquecedores solares de gua. Os CREs podem tornar os
equipamentos mais baratos para os consumidores e melhorar a viabilidade de projetos de
instalao e tambm de empresas solares. Arranjos financeiros que ataquem dificuldades ao
financiamento, tais como financiamentos de terceiras partes ou contratos de performance, podem
ter sua viabilidade facilitada com os recursos dos CREs servindo de alavanca para financiamentos
adicionais.

3.5.3 Benefcios sociais do aquecimento solar

Os aquecedores solares de gua contribuem tambm para o desenvolvimento econmico de


diversas maneiras. Por exemplo, no demandando investimentos de capital elevados para sua
produo, podem ser produzidos por empresas de pequeno e mdio porte, reconhecidamente
importantes geradoras de empregos. A descentralizao intrnseca nesta tecnologia tambm
responsvel por importante gerao de empregos em revendas, empresas de projeto e de
instalao.

O quadro 3.5 abaixo apresenta o nmero de postos de trabalho criados por unidade de energia
gerada em diversas fontes de energia. Nitidamente pode-se observar que fontes que dependem
de grandes concentraes de capital e manejo de fontes fsseis geram quantidades de postos de
trabalho bastante inferiores quelas descentralizadas e renovveis. Enquanto a hidroeletricidade
pode gerar cerca de 250 postos de trabalho por TWh, a tecnologia solar fotovoltaica pode gerar de
entre 30 mil a 100 mil postos de trabalho para a mesma quantidade de energia. Apesar do caso
solar exemplificado no quadro 6 ser o fotovoltaico, estima-se que os aquecedores solares, pelas
suas caractersticas, gerem um nmero de postos de trabalho de magnitude assemelhada.
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55

MDULO - SOLAR

Quadro 3.5. Postos de trabalho gerados por diferentes formas de energia


Fonte: Ethanol learning curvethe Brazillian experience; Goldemberg, J; Coelho,S.T.; Nastari,P.M.; Lucon,O; disponvel
em Pergamon www.sciencedirect.com; publicado por Elsevier Ltd; 2003

Fonte de energia
Nuclear
PCHs
Gs natural
Hidroeletricidade
Petrleo
Petrleo offshore
Carvo
Lenha
Elica
lcool
Solar (fotovoltaica)

Postos de trabalho anuais por


TeraWatt-hora
75
120
250
250
260
265
370
733 1.067
918 2.400
3.711 5.392
29.580 107.000

Adicionalmente, e ainda no mbito local e regional, efeitos econmicos benficos tambm so


induzidos por meio de economias significativas de combustvel ou energia eltrica, de maneira
que o investimento em aquecedores solares de gua se paga em perodos de 3 anos, ou at
menos em certos casos. Para famlias de baixa renda, a experincia de instalao de
aquecedores solares em habitaes de interesse social tem mostrado que a economia na conta
de luz pode ser entendida como um fator de distribuio de renda.

No mbito global os aquecedores solares podem contribuir para a reduo de conflitos por
controle das fontes fsseis de energia, principalmente do petrleo, ultimamente em todas as
manchetes devido aos conflitos do Afeganisto e do Iraque, alm das escaramuas polticas
protagonizadas pelas administraes Bush nos EUA e Chavez na Venezuela. A reduo da
demanda internacional por petrleo propiciada por tecnologias de conservao de energia e pelo
emprego de fontes alternativas ao petrleo e renovveis est na agenda do dia dos governos dos
pases grandes consumidores.

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56

4
RECURSO SOLAR

Viso Detalhada da Radiao Solar


Geometria Solar
Metodologia de Clculo da Radiao Solar

MDULO - SOLAR

O SOL - AVALIAO DO RECURSO SOLAR

O clculo da energia solar incidente em cada cidade e nas condies especficas da obra que
receber o aquecedor solar imprescindvel na anlise de viabilidade tcnica e econmica de sua
implantao.

Tal anlise similar para qualquer combustvel, renovvel ou fssil. Por exemplo: se uma
indstria decide substituir a velha caldeira eltrica por um modelo mais recente a gs natural,
parece bvio que a primeira preocupao ser com a garantia de fornecimento do gs em sua
planta industrial. Se no existem gasodutos ou expectativa de extenso da rede para a regio,
essa proposta ser imediatamente descartada.

Felizmente no Brasil, o Sol bastante generoso e brilha durante o ano inteiro, na maior parte do
pas. Entretanto, a garantia de sua disponibilidade um ponto crtico para essa fonte energtica
intermitente, que alterna dias e noites, perodos ensolarados e chuvosos ou nublados. Alm disso,
bastante intuitivo que um projeto solar em So Paulo exigir uma rea de coletores superior ou
a especificao de modelos mais eficientes do que um projeto similar a ser instalado em Natal/
RN.

Este captulo foi dividido em trs partes. Na Parte1, apresentam-se os fundamentos da radiao
solar e sua caracterstica espectral que definitiva na seleo dos melhores materiais a serem
empregados na fabricao de coletores solares. Na Parte 2, discutida a geometria solar. O
movimento relativo Sol - Terra influencia sobremaneira a deciso sobre o melhor posicionamento
dos coletores na obra, caracterizado pelos ngulos de inclinao e orientao da instalao solar.
A Parte 3 trata dos modelos de estimativa da radiao solar para os ngulos da instalao
estudados na segunda parte.

Tais modelos so importantes desde que os dados de radiao solar, disponveis nos Atlas
Solarimtricos, referem-se apenas ao nmero mdio de horas de insolao em cada ms do ano
ou da radiao solar incidente no plano horizontal, tambm em mdia mensal. Entretanto,
conforme ser visto nesse captulo os coletores devem estar sempre inclinados em relao
horizontal e no dimensionamento de sistemas de aquecimento solar para finalidade banho e
piscina, muitas vezes so necessrias informaes sobre a radiao solar em mdias horrias,
por exemplo.
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60

MDULO - SOLAR

PARTE 1 - UMA VISO MAIS DETALHADA DA RADIAO SOLAR

Todos os corpos emitem radiao eletromagntica como conseqncia de sua energia interna que,
em condies de equilbrio, proporcional temperatura do corpo. Essa energia emitida ocorre em
uma ampla faixa de comprimentos de ondas que variam entre 10-10 e 104 m, mostrada na Figura
4.1. Os menores comprimentos de onda esto associados aos raios gama, raios X e a radiao
ultravioleta, enquanto as microondas possuem grandes comprimentos de onda. Valores
intermedirios de comprimento de onda (na faixa de 0,1 a 100 m) referem-se radiao trmica a
qual pode ser detectada como calor ou luz. Essa a radiao de interesse nesse texto.

Figura 4.1 O espectro eletromagntico


Adaptado website herbrio

A radiao solar emitida pelo Sol, uma forma de radiao trmica, se encontra na faixa de
comprimentos de onda entre 0,1 a 3,0 m, conhecida como banda solar. Do total dessa energia,
7% est na regio do ultravioleta, 46,8% no visvel e o restante na banda de infravermelho
prximo, conforme mostrado na Figura 3.2. A radiao emitida por corpos a 100 ou 1000oC, por
exemplo, ocorre na regio do infravermelho entre 07, e 1000m. A regio de comprimentos de
onda superiores a 3,0 m conhecida como a banda de emisso.

Figura 4.2 Parte do espectro eletromagntico, evidenciando a banda solar


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61

MDULO - SOLAR

A descrio da radiao solar tem por base sua natureza espectral e direcional, podendo ser
entendida

como

uma

distribuio

contnua

no-uniforme

de

vrios

componentes

monocromticos, o que explica a variao da intensidade de radiao em funo do comprimento


de onda. Sua natureza direcional pode ser simplificada admitindo-se que a radiao seja emitida
de modo uniforme em todas as direes, ou seja, a distribuio e a superfcie emissora so
perfeitamente difusas.

4.1.1. O Corpo Negro

O corpo negro uma superfcie ideal, utilizada como referncia para avaliao das propriedades
radiantes de superfcies reais. Um corpo negro possui as seguintes caractersticas:


Absorve toda a radiao incidente sobre ele

Nenhuma superfcie pode emitir mais energia que um corpo negro

Corpo negro um emissor difuso

Para entender tais caractersticas, o corpo negro pode ser representado por um volume finito com
cavidade interna e que possui uma pequena abertura por onde passa um raio com determinado
comprimento de onda. Constata-se facilmente que esse raio sofrer mltiplas reflexes na
cavidade, mas que a probabilidade de que ele encontre o pequeno orifcio para sada
praticamente nula. Portanto, o corpo negro um absorvedor ideal, pois absorve toda a radiao
incidente sobre ele, independente do comprimento de onda e dos ngulos de incidncia.
Em conseqncia, o corpo negro atingir a mxima temperatura de equilbrio quando comparado
aos corpos reais. E, assim, pode-se afirmar que nenhuma superfcie emitir mais energia do que
um corpo negro, sendo, portanto denominado emissor ideal. Como essa emisso ocorre
uniformemente em todas as direes, o corpo negro tambm conhecido como emissor difuso.

4.1.2. Temperatura Efetiva do Sol - Tsol

O Sol uma esfera de 695 000 km de raio e massa de 1,989 x 1030 kg, cuja distncia mdia da
Terra de 1,5x1011 metros. Sua composio qumica basicamente de hidrognio e hlio, nas
propores de 92,1 e 7,8%, respectivamente.

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62

MDULO - SOLAR

A energia solar gerada no ncleo do Sol, atravs de reaes de fuso nuclear quando quatro
prtons de hidrognio se transformam em um tomo de hlio, sendo liberada grande quantidade
de energia, mostrada na Figura 4.3. Nesta regio, a temperatura do Sol chega a atingir 15 milhes
de graus Celsius.
Para determinao da temperatura efetiva do Sol, diferentes critrios podem ser adotados:
Critrio 1 - Energia radiante proveniente do Sol: equivale ao poder emissivo de um corpo negro a
uma temperatura de 5777K.
Critrio 2 - Comprimento de onda em que ocorre a mxima emisso de energia: o Sol pode ser
tratado como um corpo negro a 6300K.

Assim, para clculos simplificados de engenharia, comum adotar-se para a temperatura do Sol o
valor aproximado de 6000K.

Figura 4.3 O Sol

4.1.3. Irradiao - G

A irradiao espectral (G) definida de modo anlogo ao poder emissivo espectral, considerandose agora a energia incidente sobre uma superfcie, ou seja, a taxa pela qual a radiao de
determinado comprimento de onda incide sobre uma superfcie, por unidade de rea da
superfcie e por unidade de intervalo d de comprimento de onda em torno de . Se este valor for
integrado para todos os comprimentos de onda e todas as direes, tem-se a irradiao total
hemisfrica (G).
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63

MDULO - SOLAR

Aplicandose tal conceito radiao solar, define-se a constante solar (GSC) como a energia
incidente por unidade de tempo e rea, em uma superfcie instalada fora da atmosfera da Terra, de
modo a receber os raios solares com incidncia normal. Para uma distncia mdia entre a Terra e
o Sol, seu valor mais atual, recomendado por Duffie e Beckmann [1991], 1367 W/m2.
Essa constante corresponde a um valor mximo da irradiao solar, pois medida antes que
ocorra qualquer tipo de atenuao por nuvens, aerossis, poluio ou absoro pelos prprios
elementos constituintes da atmosfera terrestre. No entanto, ao atravessar a atmosfera terrestre,
condies climticas e locais introduzem modificaes na intensidade e espectro da radiao, alm
de alterar sua direo original, conforme exemplifica a Figura 4.4.

Figura 4.4 - Radiao solar global e suas componentes

Assim, a irradiao solar incidente sobre os coletores solares, conforme Figura 4.5, decomposta
em duas componentes:


Radiao solar direta (GB): definida como a frao da irradiao solar que atravessa a

atmosfera terrestre sem sofrer qualquer alterao em sua direo original.




Radiao difusa (GD): refere-se componente da irradiao solar que, ao atravessar a

atmosfera, espalhada por aerossis, poeira, ou mesmo, refletida pelos elementos constituintes
dessa atmosfera. A parte da radiao que atinge o coletor proveniente da emisso e reflexo de
sua vizinhana, caracterizada pela vegetao e construes civis, tambm includa em sua
componente difusa, sendo comumente denominada albedo.

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64

MDULO - SOLAR

Figura 4.5 Componentes da Radiao Solar


Fonte: ADEME [2000]

Dessa forma, define-se a irradiao solar instantnea G incidente sobre o plano de interesse e
expressa em W/m2, como a soma de suas componentes na forma:

G = G B + GD

(4.1)

Os subscritos B e D so relativos s componentes direta e difusa da radiao solar,


respectivamente.

A Figura 4.6 mostra a curva real da radiao solar incidente em Belo Horizonte / MG no plano
horizontal, em um dia tpico de vero. Neste grfico, constata-se a ocorrncia de nuvens no
perodo da manh, responsveis por forte oscilao nos valores da radiao incidente, sendo o
perodo da tarde de cu praticamente limpo. So apresentados, ainda, os resultados da
integrao dos valores instantneos para o perodo de 14:00 s 15:00 horas e para todo o dia.

Neste texto, adota-se a mesma conveno utilizada por Duffie e Beckmann [1991], na qual G, I e H
representam valores instantneos da radiao solar e valores integrados em mdias horria e
diria, respectivamente. Valores da radiao solar em mdia mensal so identificados pela barra,
na forma

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65

MDULO - SOLAR

Figura 4.6 Irradiao solar instantnea incidente em Belo Horizonte

Deve-se destacar que a integrao da irradiao solar em perodos de tempo predeterminados


fornecer como resultado a energia recebida por unidade de rea neste mesmo intervalo.
A energia por unidade de rea, pode ser expressa em MJ/m2 ou kWh/m2, conforme exemplificado
no exemplo a seguir: Essa ltima a unidade mais comumente utilizada pelos consumidores e
tcnicos do setor eltrico.

Estudo de Caso 4.1


A radiao solar representada por uma funo tipo degrau, conforme mostrado no grfico da
figura a seguir. Expresse a radiao solar incidente, em mdia horria, entre 12 e 13 horas em
kWh/m2 e MJ/ m2.

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66

MDULO - SOLAR

Soluo
I = 700 W/m2 x 1h = 700 Wh/m2.

1000W = 1kW

I = 700 W/m2 x 1 hora

1h = 3600 s

Portanto

I = 0,700 kWh/m2

1 W= 1 J/s

I = 700 W/m2 x 3600s = 2520000 W.s /m2 = 2520000 J /m2


1.000.000J = 1MJ, tem-se I = 2,52 MJ/m2.
Portanto, pode-se afirmar que : 1MJ = 0,2778kWh

PARTE 2 - GEOMETRIA SOLAR

O melhor aproveitamento do recurso solar um dos requisitos para garantir o bom funcionamento
da instalao, menor investimento na implantao do sistema, alm de uma maior economia ao
final do ms. A instalao correta e otimizada de uma bateria de coletores solares exige uma
definio prvia das inclinaes e orientaes mais adequadas, as quais variam em funo da
posio geogrfica da localidade em estudo e do perfil de consumo de gua quente.
Como ser discutido a seguir, o correto posicionamento dos coletores solares visa promover:

maior perodo dirio de insolao sobre a bateria de coletores;

maior captao da radiao solar em determinadas pocas do ano ou em mdias anuais,

dependendo do tipo de aplicao requerida ou de particularidades do uso final da gua quente.


Nesse estudo, vamos incluir uma breve reviso sobre coordenadas geogrficas, movimento
relativo entre a Terra e o Sol e estaes do ano.

4.2.1. Coordenadas Geogrficas: Latitude, Longitude e Altitude

As coordenadas terrestres permitem a localizao de um ponto sobre a superfcie terrestre ou sua


vizinhana, possibilitando calcular as grandezas envolvidas no estudo da geometria solar para a
cidade ou regio especfica de interesse.

Latitude Geogrfica () corresponde posio angular em relao linha do Equador,


considerada de latitude zero. Cada paralelo traado em relao ao plano do Equador corresponde
a uma latitude constante: positiva, se traada ao Norte e negativa, se posicionada ao sul do

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67

MDULO - SOLAR

Equador, mostrado na Figura 4.7. Os Trpicos de Cncer e de Capricrnio correspondem s


latitudes de 23o 27 ao Norte e ao Sul, respectivamente, compreendendo a regio tropical.

Longitude geogrfica (L) o ngulo medido ao longo do Equador da Terra, tendo origem no
meridiano de Greenwich (referncia) e extremidade no meridiano local, conforme Figura 4.7. Na
Conferncia Internacional Meridiana foi definida sua variao de 0o a 180o (oeste de Greenwich) e
de 0o a 180o (leste de Greenwich). A Longitude muito importante da determinao dos fusos
horrios e da hora solar, discutida a seguir.

Figura 4.7 Representao das linhas de longitude e latitude


Adaptado: NMM London

Figura 4.8 - Localizao do Brasil em relao aos paralelos e meridianos

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68

MDULO - SOLAR

Altitude (Z) equivale distncia vertical medida entre o ponto de interesse e o nvel mdio do
mar. Por exemplo, as estaes climatolgicas de Belo Horizonte e Salvador esto a 850 e 4
metros acima do nvel do mar, respectivamente.

Conforme ser discutido na Parte 3 deste captulo, as coordenadas geogrficas influenciam


significativamente a radiao incidente em cada localidade. A figura 4.8 permite determinar as
coordenadas geogrficas de vrias cidades brasileiras, sendo que informaes mais completas
esto disponveis nas Normais Climatolgicas publicadas pelo Instituto Nacional de Meteorologia
[INMET, 2000].

4.2.2. Os Movimentos da Terra e as Estaes do Ano

Os movimentos da Terra, mostrados na figura 4.9 podem ser sucintamente descritos como:


Movimento de rotao em torno de seu prprio eixo com perodo de aproximadamente 24

horas;


Movimento de translao em torno do Sol, em uma rbita elptica cujo perodo orbital de

365,256 dias.

(a) Rotao da Terra

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69

MDULO - SOLAR

(b) Translao da Terra


Figura 4.9 Movimentos da Terra

O ngulo formado entre a vertical ao plano da rbita e o eixo Norte Sul, mostrado na figura 4.9a
de 23 graus e 27 minutos, ou seja, 23,45. Define-se assim, regies e pocas do ano com maior
nvel de incidncia da radiao solar. No caso especfico do Hemisfrio Sul, os solstcios e
equincios so aproximadamente :

 Solstcio de Vero : 22 de dezembro


 Equincio de Outono : 21 de maro
 Solstcio de Inverno : 21 de junho
 Equincio de Primavera : 23 de setembro

Para o perfeito entendimento do movimento relativo entre a Terra e o Sol, recomenda-se a


alterao do sistema de coordenadas para as coordenadas equatoriais, mostrado na figura 4.9b.
Neste caso, o movimento feito em torno de eixos paralelos ao eixo de rotao e ao Equador,
sendo uma de suas coordenadas a declinao solar ( ).

A declinao solar definida como a posio angular ao meio-dia solar em relao ao plano do
Equador, conforme mostrado na Figura 4.9a. Pode ser entendida como uma medida anloga
latitude geogrfica no sistema de coordenadas equatoriais.
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70

MDULO - SOLAR

Figura 4.10 A rbita da Terra

Assim, conclui-se que = 0 em qualquer ponto sobre o equador celeste. Va lores negativos
correspondem a pontos do hemisfrio Sul e positivos ao hemisfrio Norte. A declinao solar pode
ser obtida pela equao de Cooper na forma:
284 + d
= 23,45 o sen 2

365

(4.2)

em que d corresponde ao dia do ano, sendo igual a unidade, em 1 de janeiro. Portanto, o


parmetro d varia de 1 a 365. Cabe ressaltar que o argumento da equao encontra-se em

radianos.

(a) Definio

(b) Coordenadas Equatoriais


Figura 4.11 - Declinao Solar

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71

MDULO - SOLAR

Estudo de Caso 4.2


a)

Determine a declinao do Sol no dia 16/02.

b)

Calcule o dia em que a declinao do Sol igual latitude de So Paulo (-23,45o)

Soluo
a) O valor do parmetro d para o dia 16/02 d = 31+16 = 47
Substituindo-o na equao 4.6 tem-se que = - 13. Portanto, o Sol encontra-se no Hemisfrio
Sul sobre a cidade de Salvador
b) Neste caso, o valor do seno na equao 4.2 deve ser igual a 1, ou seja, o ngulo igual a
270o. Resolvendo-se a equao obtm-se d = -10, correspondente ao dia 21/12, prximo ao
Solstcio de Vero no Hemisfrio Sul.

4.2.3. ngulos da Instalao Solar

Os ngulos da instalao solar esto associados inclinao e orientao dos coletores solares.
Este ltimo conhecido como ngulo azimutal de superfcie.
ngulo de inclinao do coletor (): o ngulo formado pelo plano inclinado do coletor solar e o
plano horizontal, conforme apresentado na Figura 4.12.
Profissionais das reas da Engenharia Civil e Arquitetura comumente expressam a inclinao dos
telhados em porcentagem, conhecida como declividade. Como os clculos envolvidos na
Geometria Solar exigem que a inclinao esteja expressa em graus ou radianos, necessrio
cuidado especial para se evitar erros na comunicao dessa informao.

Figura 4.12. Inclinao de Coletores Solares


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72

MDULO - SOLAR

Estudo de Caso 4.3


A declividade do telhado de uma obra em anlise igual a 30%. Calcule o ngulo de inclinao
desse telhado, expresso em graus e radianos.

Soluo:
A declividade informada significa que para um deslocamento de 100 cm na horizontal, o ponto de
contato com telhado sobe o correspondente a 30 cm. De acordo com os conceitos da
Trigonometria, constata-se que a altura de 30 cm corresponde ao cateto oposto ao ngulo de
inclinao do telhado () e o deslocamento horizontal de 100cm ao cateto adjacente.
Portanto, pode-se escrever que: a declividade de 30% equivalente a um ngulo de 16,7o.
atan = cateto oposto / cateto adjacente
atan = 30/100
= 16,7

Tabela 4.1 Converso de declividade (%) em inclinao ()

Declividade Inclinao
(%)
( )

Declividade Inclinao
(%)
( )

40

22

10

45

24

15

50

27

20

11

55

29

25

14

60

31

30

17

65

33

35

19

70

35

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73

MDULO - SOLAR

ngulo azimutal de superfcie (): tambm denominado de ngulo de orientao do coletor,


corresponde ao ngulo formado entre a direo norte-sul e a projeo no plano horizontal da reta
normal superfcie do coletor solar e medido a partir do Sul ( = 0), conforme mostrado na Figura
4.13a. Seu valor varia na faixa (-180 180) de acordo com a conveno mostrada a seguir
na Figura 4.13b:

(a) Definio do ngulo Azimutal de Superfcie

<0

< 0: a leste do Sul

> 0: a oeste do Sul

(b) Conveno de Sinais


Figura 4.13 - Esquema para definio do ngulo azimutal de superfcie

A importncia desse ngulo ficar evidenciada em todos os clculos do Projeto Solar. Veja alguns
exemplos discutidos a seguir.

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74

MDULO - SOLAR

Estudo de Caso 4.4 Obras residenciais


A foto a seguir foi tirada em um bairro residencial na cidade de Belo Horizonte por volta das 10
horas da manh. O Sol nasce na parte posterior da foto. Discuta sobre o posicionamento dos
coletores adotado para as casas 1, 2, 4 e 5.

3
2

1
Soluo:
Casas 1, 2 e 4 Voltados para o Norte Geogrfico. Sabe-se que o Sol nasce leste e se pe
oeste e como o ngulo azimutal para ambas as casas est em torno de 180, significa que os
coletores solares enxergam o Sol praticamente durante todo o dia.

Comentrios:Tal cuidado na orientao dos coletores no ser suficiente para garantir um bom
funcionamento da instalao solar. A foto foi tirada s 10 horas da manh e veja como os
coletores da casa 2 ainda esto sombreados pelo muro e casa vizinha.
Casa 5:
Os coletores solares esto praticamente voltados para leste, com ngulo azimutal prximo de
90o . Assim, pode-se afirmar que os coletores solares enxergam o Sol somente no perodo da
manh. No perodo da tarde o Sol encontra-se atrs dos coletores solares, reduzindo
drasticamente a incidncia de radiao sobre eles, fato este que compromete a operao da
instalao solar.

Comentrios: Veja como a rea de coletores da Casa 1 muito maior comparada com as outras
casas da mesma rua e de padro construtivo bastante similar. Quais fatores explicariam tal
discrepncia no dimensionamento?
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75

MDULO - SOLAR

Coletores de menor desempenho? Maior nvel de conforto dos moradores? Mais pontos de
utilizao de gua quente? Menor gasto mensal com aquecimento auxiliar?

4.2.4. Norte Magntico e Norte Geogrfico


Neste ponto, deve-se enfatizar o conceito de declinao magntica, visto que ao longo desse
texto, a orientao do coletor solar sempre referenciada ao Norte Geogrfico e no ao Norte
Magntico, indicado pelas bssolas. Para determinao do Norte Geogrfico, deve-se aplicar uma
correo que varia localmente cerca de 9 por ano.
O Manual de Aulas Prticas inclui um experimento sobre a correta utilizao de bssolas e GPS e
aplicao da correo a ser feita para diferentes localidades. A Tabela 4.2 a seguir mostra os
valores a serem aplicados para as capitais brasileiras.

Tabela 4.2 Declinao magntica para as capitais brasileiras e Distrito Federal

Cidade

Declinao magntica

Cidade

Declinao magntica

Porto Alegre

(em graus)
-14,74

Fortaleza

(em graus)
-21,6

Florianpolis

-17,46

Teresina

-21,4

Curitiba

-17,3

So Luis

-20,7

So Paulo

-19,6

Belm

-19,5

Belo Horizonte

-21,5

Macap

-18,5

Rio de Janeiro

-21,4

Palmas

-19,9

Vitria

-22,8

Manaus

-13,9

Salvador

-23,1

Boa Vista

Aracaju

-23,1

Porto Velho

-10,6

Macei

-22,9

Rio Branco

-7,34

Recife

-22,6

Goinia

-19,2

Joo Pessoa

-22,4

Cuiab

-15,1

Natal

-22,1

Campo Grande

-15,2

Braslia

-14

-20

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76

MDULO - SOLAR

4.2.5. ngulos Solares

Os ngulos solares so fundamentais para o clculo da estimativa da radiao solar que chega ao
plano do coletor, alm de permitir a avaliao prvia de eventuais problemas de sombreamento
que podem ocorrer na obra em estudo. Esses ngulos so: ngulo horrio, zenital, de altitude
solar, ngulo azimutal do Sol e o ngulo de incidncia da radiao direta.
ngulo horrio (): corresponde ao deslocamento angular do Sol em relao ao meridiano local
em decorrncia do movimento de rotao da Terra, mostrado na Figura 4.14. Esse deslocamento
de 150/hora, visto que a Terra completa 360o em 24 horas. Ao meio dia solar o ngulo horrio
nulo, os sinais positivo e negativo referem-se aos perodos da tarde e da manh, respectivamente.

Figura 4.14 - ngulo horrio

ngulo zenital (z): o ngulo formado entre a vertical a um observador local e o raio da
componente direta da radiao solar, mostrado na Figura 4.15. Quando o Sol est no znite, ou
seja, exatamente acima do observador, popularmente dizse que o sol est a pino.
O ngulo zenital varia entre 0 e 90, sendo calculado pela equao:

cos = sensen + cos cos cos


z

(4.3)

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77

MDULO - SOLAR

Figura 4.15 - Definio do ngulo zenital

Para exemplificar e fixar o conceito do ngulo zenital, sero discutidas a seguir determinadas
condies especiais.

Estudo de Caso 4.5 - Meio dia solar


Determine a correlao entre o ngulo zenital e a declinao do Sol ao meio dia solar para cada
localidade estudada.

Soluo:
Ao meio dia solar, o ngulo horrio nulo e a equao 4.3. se reduz a:
cos z = sensen + cos cos

Aplicando-se relaes conhecidas da trigonometria, tem-se:


cos z = cos ( - )

z = ( - )

Assim, pode-se concluir que ao meio dia solar o ngulo zenital dado pela diferena entre a
declinao solar e a latitude local, considerado seu sinal algbrico.
Comentrios:
No dia 23/12, Solstcio de Vero para o Hemisfrio Sul, O Sol est exatamente sobre o Trpico
de Cncer, sobre a cidade de So Paulo. Nesse caso, a declinao solar e a latitude de SP so
iguais e, portanto, o ngulo zenital nulo ao meio dia solar. Tem-se sol a pino em So Paulo
neste dia.

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78

MDULO - SOLAR

Estudo de Caso 4.6 - Hora do Nascer e Pr-do-Sol


Os ngulos horrios (-s) e (+s) designam, respectivamente, a hora do nascer e do pr-do-sol,
em determinada localidade. Deduza a frmula para clculo de hora do nascer do Sol

Soluo:
Quando o Sol surge no horizonte, o ngulo zenital igual a 90, cujo cosseno nulo. Assim, a
equao 4.3 se reduz a:

cos s = - tan tan


(4.4)

s = arcos (- tan tan )

Comentrios
1. A Tabela a seguir mostra a hora do nascer e do pr-do-sol em diferentes datas para a
cidade de Belo Horizonte (Latitude = -20o):

Data
21/jan
22/mar
23/jun

Declinao
(graus)
-20,14
0
23,44

Nascer do
Sol
(graus)
-97,67
-90,00
-80,92

Nascer do
Sol
(hora)
5:29
6:00
6:36

Por-do-Sol

Por-do-Sol

(graus)
97,7
90,0
80,9

(hora)
18:31
18:00
17:24

Veja que no Equincio do Outono (21/03), o Sol nasce e se pe s 6 e 18 horas,


respectivamente. Assim, a durao (astronmica) do dia e da noite seria de 12 horas. Este valor
corresponde ao limite superior de durao do perodo diurno. Durante o vero, a durao terica
do dia seria praticamente igual a 13 horas nessa cidade.
E na regio do Equador? A durao do dia e da noite depende significativamente da poca do
ano?
2. Note que a equao 4.4 define que o dia solar perfeitamente simtrico em relao ao ao
meio dia.

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79

MDULO - SOLAR

Durao astronmica do dia (N):


Por exemplo, para o dia 21 de janeiro a durao astronmica do dia, expressa em graus, pode ser
assim representada:

Como 1hora corresponde ao deslocamento angular de 15o, ter-se- 13:02h de horas tericas de
insolao nesse dia em Belo Horizonte.
Esse raciocnio pode ser expresso de maneira geral pela equao:

N=

2
arcos (- tan tan )
15

(4.5)

onde N da durao astronmica do dia, expressa em horas.


ngulo de altitude solar (s): o ngulo formado entre a horizontal e a direo do Sol, ou seja, o
ngulo de altitude solar corresponde ao complemento do ngulo zenital, como mostra a Figura
4.16.

Figura 4.16 - ngulo de Altitude Solar

ngulo de incidncia da radiao direta (): o ngulo formado entre a normal superfcie e a
reta determinada pela direo da radiao solar direta, como representa a figura 4.17. Sua
variao : 0 90 .

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80

MDULO - SOLAR

Figura 4.17ngulo de Incidncia da Radiao Solar Direta

O ngulo de incidncia da radiao direta sobre uma superfcie com determinada orientao
e inclinao calculado pela equao:
cos = sen sen cos - sen cos sen cos +
+ cos cos cos cos + cos sen sen cos cos

(4.6)

+ cos sen sen sen


Novamente, sero propostas situaes especiais para exemplificar e fixar o conceito do ngulo
incidncia da radiao direta.

Estudo de Caso 4.7 - Instalao otimizada de coletores solares


Determine a inclinao otimizada para o meio dia solar de uma bateria de coletores solares
instalada em So Paulo ( = -23,45o ) voltada para o Norte Geogrfico para os dias :
a) Equincio de Outono : 21 de maro
b) Solstcio de Inverno : 21 de junho
c) Solstcio de Vero : 22 de dezembro

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81

MDULO - SOLAR

Soluo:
Como os coletores esto voltados perfeitamente para o Norte Geogrfico (ngulo azimutal de
superfcie igual a 180o):
= (
- )
a) A declinao do Sol no dia do Equincio de Outono (21/03) nula. Assim:
= 0 - (- 23,45o) = 23,45o
b) Para o Solstcio de Inverno (21/06), a declinao do Sol (
= 23,45o) onde
= 23,45o - (- 23,45o) = 46,90o
c) Para o Solstcio de Vero (22/12), a declinao do Sol (
= -23,45o) Assim:
= - 23,45o - (- 23,45o) = 0o
A inclinao otimizada para So Paulo estaria na faixa entre (0o e 46,90o).
Comentrios:
1. Ateno para o sinal da latitude do Hemisfrio Sul
2. Parece intuitivo que a melhor inclinao para uma bateria de coletores solares seria aquela que
permitisse levar esses mesmos coletores para onde o Sol est em cada dia do ano. Dessa
forma, seriam compensadas a latitude local e a declinao solar.

Entretanto, nas instalaes de aquecimento solar de gua seria muito complexo alterar a
inclinao de uma bateria de coletores ao longo do ano. Pode-se destacar problemas quanto s
tubulaes de alimentao e retorno da gua quente que ligam os coletores ao reservatrio
trmico onde deve ser evitada a formao de sifes, incluso de partes mveis no sistema que
aumentariam as despesas com manuteno e prpria insero arquitetnica dos coletores nos
telhados e fachadas.

Assim, recomenda-se a definio de uma inclinao fixa ( fixa). Na maioria das aplicaes
residenciais, esse valor coincidir com a prpria inclinao do telhado.
Quando houver a possibilidade de definio prvia dessa inclinao, como suporte ao projeto
arquitetnico, o projetista poder utilizar diferentes critrios para a seleo do melhor ngulo de
inclinao dos coletores solares, a saber:

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82

MDULO - SOLAR

Critrio 1 Mdia anual : Neste caso, a mdia aritmtica calculada a partir das inclinaes timas
nos respectivos solstcios de vero e inverno, coincide com a prpria latitude da localidade de
interesse., ou seja :
fixa = l
l

(4.7)

Critrio 2 Favorecimento do Inverno: Este critrio muitas vezes aplicado devido maior
demanda de gua quente no perodo de inverno. Neste caso, recomenda-se:
fixa = l
l + 10

(4.8)

onde a latitude local.

Critrio 3 Perodos crticos de insolao: Quando for necessrio minimizar a complementao


da energia solar com o acionamento do aquecimento auxiliar, deve-se inclinar os coletores solares
de modo a maximizar a energia neste perodo.

Critrio 4 Perodos de pico de demanda de gua quente: Como, por exemplo, o aquecimento
solar de gua para hotis na regio nordeste do Brasil. Na maioria dos casos, a alta temporada
coincide com os meses de vero, portanto o projeto solar dever contemplar essa especificidade.

Os conceitos tericos que permitem calcular a energia solar incidente em determinada cidade e
sob as condies particulares de cada obra sero apresentadas atravs de planilhas fornecidas
juntamente com este material.

A seguir, so apresentadas algumas obras de aquecimento solar com comentrios gerais sobre a
qualidade do posicionamento de coletores.

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83

MDULO - SOLAR

Obra 1 Instalao dos Coletores em Plano

Avaliaes gerais

Inclinado
A instalao dos coletores solares em um
plano inclinado permite otimizar o ngulo de
inclinao e orientao para cada cidade.
Nesse caso, o arquiteto precisa participar
desde o primeiro momento da deciso pelo
uso de aquecedores solares na edificao.

Acervo GREEN

Obra 2 Instalao Solar Residencial

Avaliaes gerais
Nesse caso, provavelmente a deciso pelo
uso de aquecedores solares seja posterior
ao projeto ou construo da casa. Por isso,
a insero do aquecimento solar na moradia
trouxe grande impacto visual, muitas vezes
indesejvel para proprietrios e arquitetos.

Acervo: Tuma

Entretanto, no caso da Obra 2 outro fator precisa ser destacado: a grande proximidade entre os
coletores apesar da grande rea de telhado disponvel. Este tpico ser detalhado nos capitulo 13.

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

84

5
COLETORES SOLARES E OS PRINCIPIOS DA TRANSFERNCIA
DE CALOR

Mecanismos da Transferncia de Calor


Perdas Trmicas
Parmetros Construtivos
Eficincia Trmica

MDULO - SOLAR

COLETORES SOLARES E OS PRINCPIOS DA TRANSFERNCIA DE CALOR

Este captulo tem por finalidade a reviso de conceitos da Transferncia de Calor relevantes para
um bom projeto de coletores solares e reservatrios trmicos. Em um mercado altamente
competitivo, encontrar a melhor relao custo x benefcio para os equipamentos fabricados e
comercializados pode fazer grande diferena.

5.1. Mecanismos da Transferncia de Calor

Em cincias trmicas, o calor definido como uma forma de energia em trnsito causada pela
diferena de temperatura entre dois sistemas ou partes de um mesmo sistema. O processo de
transferncia de calor pode ocorrer de trs maneiras distintas, a saber:

Conduo: quando existe uma variao de temperatura em um meio estacionrio.

Conveco: quando a superfcie de um slido interage com um fluido (lquido ou gs),

estando ambos a temperaturas diferentes.

Radiao: j discutida no Captulo 4 e baseia-se na emisso de ondas eletromagnticas

emitidas por qualquer corpo a uma temperatura acima de 0 K. o nico mecanismo que no
requer um meio material para que ocorra troca de energia.

A seguir, tais conceitos sero descritos em detalhes para que sejam bem compreendidas a
seleo de materiais e a definio de seus respectivos parmetros geomtricos, como espessuras
e espaamentos, visando-se, assim, maximizar a transferncia de calor para a gua em coletores
solares e minimizar as perdas trmicas para o ambiente nesses mesmos coletores e nos
reservatrios que armazenam a gua quente produzida.

No Captulo 1, foram apresentados os componentes e materiais que constituem os coletores


solares planos usualmente empregados em sistemas de aquecimento solar de gua para fins
sanitrios e revistos na figura 5.1. O coletor solar, responsvel pela captao da energia solar,
considerado o corao destes sistemas. Da, a grande importncia de se maximizar a energia
incidente sobre os coletores solares a ser transferida para a gua e minimizar todas as perdas
trmicas. A Figura 5.2 evidencia tais fluxos de energia.
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

87

MDULO - SOLAR

Figura 5.1 Imagem explodida de um coletor solar

Em outras palavras, maximizar a eficincia trmica dos coletores solares, que definida como a
razo entre a taxa de transferncia de calor para a gua, denominado calor til, e a taxa de
energia solar incidente no plano do coletor, ou seja:

Q til
G. A ext

(5.1)

onde:
G: irradiao solar global instantnea incidente no plano do coletor, expressa em W/m2;
A ext: rea externa do coletor, em m2;
Q til: calor til absorvido pela gua, em W.

Figura 5.2 - Diagrama esquemtico dos fluxos de energia no coletor solar


Fonte: Adaptado de ADEME
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88

MDULO - SOLAR

5.2. Perdas ticas


Tais perdas esto associadas s propriedades ticas do vidro e da placa absorvedora a saber:
transmissividade (), reflectividade () e absortividade () que podem ser definidas para cada
comprimento de onda (espectral), para cada ngulo de incidncia (direcional) ou integradas para
todos os

(total) ou todos os ngulos (hemisfrica).

A irradiao incidente sobre uma superfcie pode ser absorvida, refletida e/ou transmitida,
conforme ilustrao da Figura 5.3.

G
Especular

Difusa

Figura 5.3 Esquema Simplificado da Trajetria dos Raios Solares na Cobertura Transparente

Em palavras, tem-se:

De acordo com a Figura 5.3, o balano de energia para a radiao incidente sobre a superfcie em
questo dado por:
++=1

(5.2)

O emprego dessas propriedades na seleo de coberturas transparentes para coletores solares


est exemplificado a seguir.

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89

MDULO - SOLAR

Estudo de Casos 5.1: Cobertura transparente de coletores solares - Propriedades


Espectrais

Avalie as afirmativas a seguir reconhecendo-as como Verdadeira ou Falsa. Justifique suas


respostas com base no grfico da figura a seguir que mostra as curvas tpicas de
transmissividade espectral para vidros lisos com diferentes espessuras.

Fonte: Adaptado de Meinel e Meinel [1976]

Afirmativa 1:
Ambos os vidros apresentam boa transmissividade na banda solar (0,1< < 3,0 m), mas o vidro
de maior espessura melhor.
Afirmativa 2:
Para o vidro com espessura de 3,05mm, a transmissividade praticamente constante nas faixas
0,1< < 1,5 m = 87%
2,2 < < 3,0 m = 30%
Afirmativa 3:

Ambos os vidros so praticamente opacos para comprimentos de onda superiores a 5m.

Soluo:
As afirmativas 2 e 3 so verdadeiras e suas afirmativas podem ser extradas diretamente da
leitura do grfico.
A afirmativa 1 apenas parcialmente verdadeira, pois ambos os vidros apresentam boa
transmissividade na banda solar Em termos espectrais, o vidro de MENOR espessura tem maior
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

90

MDULO - SOLAR

transmissividade nessa faixa. Entretanto, seu uso em coletores solares no recomendvel


devido sua baixa resistncia mecnica.

Comentrios:
Os vidros so materiais empregados em coletores solares, pois so transparentes na banda
solar e so opacos na banda de emisso (da placa). Este comportamento espectral
comumente conhecido como Efeito Estufa, presente tambm no policarbonato, acrlico e alguns
plsticos.

Na dcada de 90, identificou-se no mercado brasileiro de aquecedores solares uma presena


bastante significativa de vidros lisos (3 e 4 mm) e, tambm, de vidros fantasia (canelado e
martelado), mostrados na Figura 5.4

Figura 5.4 - Exemplos de vidros utilizados em coletores solares no Brasil na dcada de 90

Diante de tal constatao, foi desenvolvida uma metodologia experimental por Pereira, Melo e
Cunha [2002] para avaliar quantitativamente o comportamento da transmitncia, dos vidros
brasileiros. O termo transmitncia, aqui empregado, substitui transmissividade, pois se trata de
uma propriedade que depende da massa do corpo de prova, a qual est associada espessura
dos vidros.
As amostras testadas foram vidros lisos de 2, 3 e 4 mm de espessura, vidros martelados e
canelados, policarbonato, vidros nacionais e importados de baixo teor de ferro, com

rea

superficial de 1m2. Algumas amostras foram ensaiadas novas e aps um perodo de


envelhecimento acelerado, quando ficaram expostas s condies climticas durante 30 dias,
consecutivos ou no, em que a radiao solar diria ultrapassava 17 MJ/m2.
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91

MDULO - SOLAR

Aps o tratamento estatstico dos dados obtidos em campo, foi calculada a transmitncia total das
coberturas transparentes, para cada ngulo de incidncia da componente direta da radiao solar
(

) no intervalo de 0 a 60.

Os resultados experimentais obtidos esto sumarizados na forma de grficos e tabelas


apresentados a seguir. A Tabela 5.1a mostra os valores praticamente iguais para a transmitncia
dos vidros de 2, 3mm, visto que a diferena avaliada se encontra dentro da faixa de incerteza
estimada para as medidas experimentais.

Deve-se destacar, entretanto, que os vidros de 2 mm de espessura apresentaram problemas de


resistncia mecnica durante os testes, ao fletir sob a ao de seu prprio peso. Desta forma, o
vidro com 3mm de espessura apresentou a melhor relao custo/benefcio e era o mais utilizado
nos coletores brasileiros. Atualmente, constata-se que vrias indstrias passaram a adotar vidros
com 2,5mm de espessura. Neste caso, recomenda-se a fixao de suportes ou uso de vidros bipartidos para minimizar eventuais quebras.

Para completar a avaliao, os vidros de 3mm de espessura e de baixo teor de ferro foram
previamente envelhecidos. Os resultados obtidos so mostrados na Tabela 5.1b, indicando que a
transmitncia mdia reduzida de 3,4% para o vidro de baixo teor de ferro e de 11,4% para o
vidro comercial. Tal fato atribudo ao processo de oxidao que ocorre nos vidros com elevado
teor de ferro durante a fase de exposio continuada ao Sol.
Tabela 5.1 Resultados Experimentais dos Ensaios de Coberturas Transparentes

Tipos

Transmitncia Experimental (%)


mdia

mxima

Liso 2 mm

87

87

Liso 3 mm

88

89

Liso 4 mm

84

85

Martelado

74

80

Canelado

77

79

Policarbonato

84

86

Baixo teor de Fe

88

89

(a) Vidros Novos

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92

MDULO - SOLAR

Transmitncia Experimental (%)

Tipos

mdia

mxima

Liso 3 mm

78

85

Policarbonato

83

86

Baixo teor de Fe

85

90

(b)

Vidros Envelhecidos

O grfico da Figura 5.5 evidencia uma reduo acentuada da transmitncia do vidro martelado
para ngulos de incidncia a partir de 40o. De acordo com o tema estudado no Captulo 4,
dependendo da inclinao e orientao dos coletores, pode ocorrer uma grande diminuio no
perodo de funcionamento efetivo do coletor solar devido baixa transmitncia do vidro.

Figura 5.5 - Estudo comparativo da transmitncia de vidros brasileiros

Os resultados deste estudo tiveram efeito imediato sobre o mercado nacional de aquecedores
solares, com a eliminao dos vidros fantasia pelas maiores empresas do setor.

A seguir, ser apresentada uma discusso sobre a importncia das propriedades espectrais da
tinta na reduo das perdas ticas a partir da placa absorvedora.

Como nosso objetivo aumentar o mximo possvel a temperatura de equilbrio da placa do


coletor, busca-se maximizar a energia absorvida por ela na banda solar e, portanto, empregar
tintas com alta absortividade nessa regio do espectro. Como pretendemos tambm minimizar a
energia emitida pela mesma placa, agora na chamada banda de emisso, devemos buscar tintas
que emitam menos energia nessa faixa de comprimentos de onda ( > 3m)
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93

MDULO - SOLAR

Emissividade
De acordo com Siegel e Howell [1992], para as caractersticas intrnsecas da radiao solar, podese considerar que a absortividade e emissividade de um material para determinado comprimento
de onda sejam iguais (Lei de Kirchhoff). Assim, um material de alta absortividade, em determinado
comprimento de onda, apresentar tambm alta emissividade.
Apesar de serem propriedades equivalentes, para a banda solar o importante o valor da
absortividade e para a banda de emisso, o da emissividade. Uma tinta comercial apresenta o
valor de ambas as propriedades constantes para todos os comprimentos de onda. A seletividade
de uma tinta, recobrimento ou tratamento qumico dado pela razo:

(5.3)

A Figura 5.6 mostra o comportamento uma superfcie seletiva real de xido de cromo sobre
nquel.

Figura 5.6 - Absortividade Espectral do xido de Cromo


Fonte: Adaptao de Duffie e Beckmann [1991]

Estudo de casos 5.2 - Superfcie Seletiva


A figura abaixo mostra as propriedades ticas de duas tintas comercial e seletiva.

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94

MDULO - SOLAR

a) Calcule a seletividade de cada tinta.


b) Determine a refletividade da tinta comercial em toda a faixa de comprimentos de onda
Calcule a seletividade de cada tinta.
c) Determine a refletividade da tinta comercial em toda a faixa de comprimentos de onda

Soluo:
a)

A partir dos dados lidos no grfico apresentado, tem-se:

b)

De acordo com a equao de balano de energia para radiao incidente sobre a superfcie

para propriedades espectrais tem-se: + + = 1. Como a tinta de um coletor solar


aplicada sobre um substrato de alumnio ou cobre, o valor de = 0. Assim, se a absortividade
igual a 0,90, a refletividade vale 0,10.

Comentrios:
A seletividade dessa tinta ou recobrimento seletivo est diretamente relacionada temperatura
da placa, visto que a placa ir absorver 92% da energia incidente sobre ela e somente emitir
10% da energia que ela emitiria se fosse um corpo negro. A energia acumulada na placa
causa um aumento de sua temperatura. Aumenta o calor til e, conseqentemente, a eficincia
do coletor solar.

O Produto (cp)
A partir das propriedades estudadas, pode-se avaliar a atenuao da radiao solar global (G)
incidente na superfcie externa da cobertura, exemplificada na Figura 5.7. Parte dessa radiao
sofre reflexo (
c G) e absoro (
c G) na cobertura transparente, sendo que somente a frao
transmitida (cG) atingir a placa absorvedora do coletor solar. Desta energia, apenas a frao
(cp)G ser absorvida pela placa, sendo responsvel pelo aumento de sua temperatura. A parte
refletida pela placa retorna ao vidro e, assim, sucessivamente.
De forma simplificada, pode-se escrever:

S = c p G

(5.4)

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95

MDULO - SOLAR

onde S corresponde energia absorvida pela placa por unidade de rea, expressa em W/m2.

Figura 5.7 - Esquema Simplificado da Trajetria dos Raios Solares dentro do Coletor Plano

Portanto, para a maximizao da energia absorvida pela placa, recomenda-se selecionar:

Coberturas de elevada transmissividade;

Tintas ou tratamento especial de alta absortividade para a placa coletora.

Visto que, apenas uma parcela da radiao solar incidente sobre o coletor absorvida pela placa.
Dessa energia absorvida, uma frao convertida em calor til, sendo o restante perdido para o
ambiente atravs das perdas trmicas, por conveco e radiao.

5.3. Perdas Trmicas por Conveco

Conforme mencionada anteriormente, a conveco importante principalmente como mecanismo


de transferncia de energia entre uma superfcie slida e um fluido em movimento, quando existe
uma diferena de temperatura entre eles. Tal mecanismo abrange dois mecanismos, ilustrados na
Figura 5.8.

Inicialmente, ocorre uma transferncia de energia entre a placa aquecida e a camada de ar mais
prxima a ela. O ar mais aquecido tem menor densidade (ou massa especfica) e tende a se
movimentar para cima, como mostram as linhas ascendentes na cor marron. O ar mais frio e,
portanto, mais denso, desce segundo as linhas azuis. A conveco est essencialmente associada
a este movimento global ou macroscpico do fluido.

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96

MDULO - SOLAR

Figura 5.8 - Conveco entre duas placas paralelas

De acordo com a natureza do escoamento, a transferncia convectiva de calor classificada em


conveco natural e forada. Quando o escoamento induzido por algum agente externo, tal
como um ventilador, bomba ou ventos atmosfricos, o processo chamado de conveco

forada. Na conveco natural ou livre, o escoamento resulta meramente das diferenas de


densidade ocasionadas por diferenas de temperatura no fluido, mostradas na Figura 5.8.

Analisando novamente as Figuras 5.1 e 5.2, verifica-se que, em um coletor solar, o mecanismo de
transferncia (perdas) de calor por conveco ocorrer, principalmente, em duas situaes, a
saber:

Entre a placa absorvedora e a cobertura transparente, devido a presena da camada de ar

entre elas

Entre essa cobertura e o ar ambiente e que depender fortemente da velocidade do vento nas

proximidades do coletor solar.

Conveco entre a placa absorvedora e a cobertura transparente

Este mecanismo, ilustrado na Figura 5.8, denominado conveco natural, pois o movimento do
ar existente entre as duas placas no causado por nenhum agente externo, mas sim pelo
gradiente de massa especfica existente. O efeito lquido desse gradiente denominado fora de

empuxo, responsvel pelo surgimento das correntes de conveco.


Os principais parmetros que influenciam a transferncia de calor por conveco, entre a placa
absorvedora e a cobertura transparente, so:
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97

MDULO - SOLAR

Espaamento placa - cobertura (Lp-c)

ngulo de inclinao do coletor solar ()

Propriedades do fluido como densidade (), viscosidade absoluta (), difusividade trmica (T)

Temperatura mdia do ar confinado

Estudos desenvolvidos por Rocha et al [1998] com base no modelo de Hollands, citado por Duffie
e Beckman [1991] analisa o comportamento do coeficiente convectivo em funo do espaamento
placa-vidro e da inclinao do coletor sob condies tpicas de operao. Constata-se que tal
espaamento no deve ser inferior a 16mm. O valor comumente adotado pelas empresas
brasileiras da ordem de 25mm.

Estudo de Casos 5.3


Com base nos conceitos estudados, responda s questes a seguir referentes ao
espaamento entre a placa absorvedora e a cobertura transparente:

a)

Se fosse feito vcuo entre as duas placas paralelas, a transferncia de calor por

conveco seria maior do que na presena do ar?


b)

Quanto maior esse espaamento menor a perda por conveco?

Soluo
Falsa. Conforme visto anteriormente, a conveco est intrinsecamente associada ao movimento
do ar. Em sua ausncia (vcuo), a perda por conveco seria praticamente nula.

b) Estudos confirmam que a perda por conveco placa-vidro praticamente independe do seu
respectivo espaamento. Entretanto, deve-se ressaltar que, quanto maior for a distncia placavidro, mais material ser gasto na fabricao do coletor sem qualquer benefcio aparente.

Conveco entre a cobertura transparente e o ambiente

Mc Adams [1954] recomenda, para uma montagem de coletores solares, que o coeficiente de
transferncia convectiva de calor entre sua cobertura e o ar ambiente (hc-a), expresso em W/m2oC,
seja o valor mximo entre os nmeros compreendidos nos colchetes da seguinte relao:

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98

MDULO - SOLAR

(5.5)
onde:
V: velocidade do vento em m/s
L: comprimento caracterstico do coletor solar igual a 4(rea da placa)/(permetro da placa)

Estudo de Casos 5.4


Um coletor solar comercial com as seguintes dimenses:
Largura (X) = 1000mm
Comprimento (Y) = 2000mm
ser instalado em um cidade cujas condies climticas em janeiro e agosto so :
Velocidade Mdia do Vento (m/s)
Temperatura Ambiente (oC)

Janeiro
0,5
25

Agosto
3,5
21

a)Determine o coeficiente convectivo hc-a para os dois meses.


b)Considerando a temperatura do vidro constante e igual a 50oC, determine a taxa de
transferncia de calor por conveco nos dois casos.
Soluo
a) A rea do coletor calculada pelo produto XY, sendo igual a 2,0m2. O permetro do coletor
de 6m, dado por (2X + 2Y). Assim, o comprimento caracterstico L do coletor igual a (4x 2,0)
m2 dividido por 6m, ou seja, 1,33metros.
Para Janeiro :

c)

Para Agosto:

Substituindo-se estes valores na equao 5.7, tem-se:

Para Janeiro:

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99

MDULO - SOLAR

Para Agosto:

Comentrios:
O coeficiente de transferncia convectiva de calor entre sua cobertura e o ar ambiente ser no
mnimo igual a 5 W/m2oC. Tal valor corresponde praticamente quele obtido para uma
velocidade mdia de 0,5m/s, considerada muito baixa.

5.4. Perdas Trmicas por Radiao

A radiao trmica, em geral, e a radiao solar, em particular, foram estudadas no Captulo 4


Parte 1. As propriedades ticas como emissividade, importantes para o estudo das perdas
radiantes, foram introduzidas neste Captulo. Neste ponto, tais conceitos sero aplicados para
quantificar as perdas trmicas por radiao em coletores solares planos e, principalmente, para
minimiz-las.

Radiao entre a placa absorvedora e a cobertura transparente

Conforme visto no Estudo de Casos 5.4, as reas superficiais da placa absorvedora e da cobertura
transparente so praticamente iguais (Ap=Ac=A) e o fator de forma

Fp-c igual a 1. Substituindo-se

tais valores na equao 5.13, tem-se:

(5.6)

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

100

MDULO - SOLAR

onde os subscritos (c) e (p) referem-se cobertura transparente e placa absorvedora,


respectivamente.
Uma breve avaliao na equao 5.6 mostra que quanto maior o seu denominador, menor a troca
radiante entre as duas placas.

Estudo de Casos 5.5


Avalie a variao no denominador da equao 5.6, quando se substitui uma tinta comercial (p =

0,9) por uma superfcie seletiva (p = 0,1). Considere que, em ambos os casos, a emissividade do
vidro igual a 0,05.

Soluo
a)

Tinta Comercial: substituindo-se os valores dados, obtm-se:

b)

Para a superfcie seletiva

ou seja, o emprego de superfcies seletivas aumenta o denominador em 44%. Entretanto, este


valor no corresponder mesma reduo na perda radiante, pois a temperatura da placa
mais elevada quando se usam tais superfcies.
Comentrios:
Por outro lado, com a temperatura maior da placa a troca de calor por conduo atravs da placa
absorvedora ser significativamente favorecida, aumentando sobremaneira a quantidade de
energia que atingir a gua nos tubos do coletor, conhecido como calor til.

Radiao entre a cobertura transparente e a abboda celeste

A perda por radiao na cobertura transparente de um coletor solar ocorre pela troca de calor
entre essa cobertura de rea (Ac) e a abboda celeste de rea Acu, considerada infinita quando
comparada ao valor de Ac.
A perda tica e perda trmica por conveco e radiao caracterizam as perdas pelo topo do

coletor solar. As perdas pela base e pelas laterais do coletor solar, assim como a energia que
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

101

MDULO - SOLAR

cruza a placa absorvedora at atingir os tubos onde circula a gua a ser aquecida so processos
de transferncia de calor tpicos do mecanismo de conduo, apresentado a seguir.

5.5. Conduo Trmica

A conduo o processo pelo qual o calor se transfere de uma regio temperatura mais
elevada, dentro de um meio slido ou fluido em repouso, ou entre meios diferentes em contato
fsico direto, para outra regio temperatura mais baixa. Tal mecanismo est exemplificado na
Figura 5.9. A taxa de transferncia de calor por unidade de rea, denominada fluxo de calor (q),
sendo expressa em W/m2.

Figura 5.9 - Conduo atravs de uma parede plana

5.5.1. Materiais Isolantes Utilizados na Fabricao de Coletores Solares


Isolamentos trmicos so compostos por materiais de baixa condutividade trmica que podem ser
combinados entre si para que se atinja uma condutividade trmica do conjunto ainda menor. Nos
isolamentos com fibras, p ou flocos, mostrados na Figura 5.10, o material encontra-se finamente
disperso em um espao contendo ar.

(a) Poliuretano

(b) L de vidro

(c) L de rocha

Figura 5.10 Exemplos de isolamentos trmicos utilizados em instalaes solares


Fonte: Isomac / Polirigido
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102

MDULO - SOLAR

A Tabela 5.3 mostra o valor da condutividade trmica de materiais de uso comum em instalaes
de energia solar.
Tabela 5.3. Condutividade trmica de materiais isolantes

Condutividade Trmica

Material

(W / m K)

L de vidro

0,038

L de rocha

0,040

Espuma rgida de poliuretano

0,026

Estudo de Casos 5.6


Discuta as afirmativas a seguir, reconhecendo-as como VERDADEIRAS ou FALSAS. Justifique
sua resposta.
Afirmativa 1
Na seleo de um bom isolamento trmico, a espessura do material o fator preponderante
Afirmativa 2
Para minimizar as perdas de calor por conduo em um coletor solar, prefervel isolar suas
laterais, mesmo que a base permanea sem qualquer isolamento.

Soluo
Afirmativa 1: Falsa
Um bom isolamento trmico teve garantir uma alta resistncia passagem do calor, a qual pode
ser obtida por:
maiores espessuras do isolamento
pequena rea de contato
baixa condutividade trmica
ou seja, deve-se procurar elevar o valor da resistncia atravs de um desses itens ou de uma
combinao deles.

Afirmativa 2: Falsa
Como a rea da base normalmente maior do que a soma das reas das laterais, prefervel
garantir-se o isolamento da base, embora bons coletores solares devam ter base e laterais
isoladas.

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

103

MDULO - SOLAR

5.5.2. Placas Absorvedoras Utilizadas na Fabricao de Coletores Solares


O processo de transferncia de calor da placa para os tubos de distribuio de gua est
representado no esquema da Figura 5.11, onde a placa se comporta como uma aleta de ponta
adiabtica (sem troca de calor). O desenvolvimento detalhado dessa teoria encontra-se nos livros
clssicos de transferncia de calor ou de energia solar, como Incropera [2002] e Duffie e
Beckman[1991].

Neste caso, diferentemente daqueles estudados anteriormente, deve-se buscar a maximizao da


transferncia de calor atravs da placa e dessa para a gua que escoa nos tubos de distribuio.
Por isso, a placa absorvedora preferencialmente de material metlico (cobre e alumnio) nos
coletores fechados, alm de receber tintas de cor negra e fosca ou superfcies seletivas.

Neste texto, a aplicao dos conceitos tericos envolvidos est restrita compreenso dos
parmetros de projeto e da escolha de materiais que otimizem o desempenho de coletores solares.
Rocha e Pereira [2001] propuseram os grficos mostrados na Figura 5.11 que correlacionam
diferentes parmetros de projeto de um coletor solar, classificao A do INMETRO, e que utilizam
tintas comerciais sobre a placa absorvedora.

Figura 5.11: Influncia dos parmetros de projeto - coletor solar tipo A

Estudo de Casos 5.7


Discuta as afirmativas a seguir, reconhecendo-as como VERDADEIRAS ou FALSAS. Justifique
sua resposta.

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

104

MDULO - SOLAR

Afirmativa 1
Com uma placa absorvedora com 0,50mm de espessura, pode-se fabricar um coletor A se
forem utilizados 9 tubos/m para a aleta de cobre e 11 tubos/m para a aleta de alumnio.
Afirmativa 2
Para o aumento da eficincia das aletas de um coletor solar recomendvel:
1a. Materiais de alta condutividade trmica, como cobre e alumnio
1b. Placas de maior espessura
1c. Maior nmero de tubos por metro linear de coletor solar a fim de se reduzir o espaamento
entre os mesmos.

Soluo:
Afirmativa 1: Falsa.
Essa uma afirmativa falsa em sua totalidade, mas rigorosamente pode-se dizer que ela
verdadeira para a placa de cobre e falsa para a de alumnio.
Retorne ao grfico da Figura 5.14a. Acompanhe a reta paralela ao eixo dos x, correspondente
ordenada de 0,50mm. A curva de cor vermelha, relativa ao cobre, corta a reta em 8,8 tubos/m.
Assim, se forem empregados 9 tubos/m tem-se uma das condies para se obter o coletor de
classificao A. Lembre-se que tal estudo no leva em conta eventuais restries que ocorrem
nos processos de fabricao na indstria.
Em relao aleta de alumnio, se a curva de cor azul for prolongada ela cortar a reta paralela
em torno de 12 tubos/m, no satisfazendo, assim, a condio de espessura mnima para 11
tubos/m.

Afirmativa 2: Verdadeira
Todas as afirmativas a, b e c esto corretas.
Na fabricao de coletores existem diversos fatores econmicos que precisam ser contemplados.
Assim, a busca pela melhor eficincia dos coletores deve ser sempre norteada pela relao
custo x benefcio da empresa. Conforme ser discutido frente, verifica-se que a melhoria do
processo de fixao da aleta aos tubos de distribuio de
gua tem promovido aumento de sua eficincia sem que haja necessidade de se aumentar a
espessura da placa absorvedora ou do nmero de tubos. O processo comumente adotado o de
soldagem por ultrassom. Outra opo se adotar as superfcies seletivas para reduo das
perdas ticas j estudadas.

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105

MDULO - SOLAR

Contato
Sistemas compostos podem apresentar uma queda de temperatura significativa entre as
interfaces dos diversos materiais empregados devido resistncia trmica de contato criada entre
tais materiais. Tal resistncia causada principalmente pelos efeitos da rugosidade das
superfcies em contato, como mostra a Figura 5.12.

Figura 5.12. Interface de contato entre duas superfcies

Normalmente, os pontos de contato entre as superfcies deixam folgas que so preenchidas por
ar. Dessa forma, a transferncia de calor efetiva entre tais superfcies torna-se um efeito
combinado de troca por conduo entre os materiais metlicos e de troca de calor por conduo
e/ou radiao atravs dos espaamentos criados.

A resistncia de contato pode ser reduzida por meio de:

aumento da presso da junta

menor rugosidade das superfcies

utilizao de um fluido interfacial com elevada condutividade trmica.

Na fabricao de coletores solares, a resistncia trmica de contato aparece na interface entre a


placa coletora e os tubos do coletor solar, como mostra a figura 5.13. O valor da resistncia afeta,
de modo significativo, o desempenho do coletor e depende do processo de fabricao.

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106

MDULO - SOLAR

Figura 5.13 .Fator de Contato entre a placa absorvedora e os tubos de distribuio


Fonte: Thermafin Manufacturing

Figura 5.14 .Exemplo de contato entre placa absorvedora e tubos de distribuio em coletores abertos polimricos
soldados
Fonte: prNP004448-2006

5.6. Eficincia Trmica de Coletores Solares

A eficincia trmica instantnea de coletores solares pode ser expressa segundo uma equao
linear na forma:

5.6

onde
a: parmetro relacionado ao produto (cp) e correspondente ao ponto onde a reta corta a
ordenada (eixo y)
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107

MDULO - SOLAR

b: termo dependente associado s perdas trmicas pelo topo, base e laterais do coletor
solar. Graficamente, corresponde inclinao da reta.

Tal equao pode ser representada pelas retas genricas mostradas na Figura 5.19, para 4
coletores solares fechados (A, B, C e D) e um coletor aberto E.

90,0

Eficincia Trmica (%)

80,0
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

(Tf,ent - Tamb )/G


Coletor A

Coletor B

Coletor C

Coletor D

Coletor E

Figura 5.15 Exemplo de eficincias trmicas instantneas de coletores solares fechados e abertos

Estudo de Casos 5.8


Com base no grfico da Figura 5.15, discuta as afirmativas a seguir, reconhecendo-as como
VERDADEIRAS ou FALSAS. Justifique sua resposta.
Afirmativa 1:
O coletor aberto E tem a maior perda de calor pelo topo, base e laterais.
Afirmativa 2:
O coletor aberto A tem a maior eficincia mdia dentre os coletores fechados
Afirmativa 3:
A perda trmica do coletor B maior do que a perda do coletor C, por isso sua eficincia mdia
superior.
Afirmativa 4:
Os coletores A e D possuem produtos placas absorvedora com tintas de mesma absortividade.
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108

MDULO - SOLAR

Afirmativa 5:
Quanto menor a temperatura da gua entrada do coletor solar maior a eficincia trmica dos
coletores solares.

Soluo :
Afirmativa 1: Verdadeira
Como as perdas trmicas podem ser avaliadas pela inclinao da reta genrica, a afirmativa
verdadeira. Os coletores abertos so recomendados para aplicao Piscina, pois operam
normalmente baixa temperatura, entre 26 e 32oC.

Afirmativa 2: Verdadeira

Para todos os valores da abscissa, a eficincia trmica do coletor A a maior dentre os coletores
fechados. Entretanto, para valores de x < 0,015, o coletor aberto tem maior eficincia trmica do
que o coletor A.
Afirmativa 3: Falsa

Como as retas para os coletores B e C so paralelas, espera-se que as perdas trmicas sejam
bastante similares. A eficincia trmica do coletor B superior do coletor C, pois sua reta parte
de um ponto mais alto da ordenada Y, relacionado ao produto (cp).
Afirmativa 4: Falsa
Os coletores A e D possuem valores similares do produto (cp) e no apenas da absortividade
das superfcies empregadas.
Afirmativa 5: Verdadeira

Uma avaliao breve da figura 5.15 mostra que quanto menor o valor da abscissa x maior a
eficincia trmica dos coletores solares. Assim, para valores conhecidos da temperatura
ambiente e da radiao solar incidente, o valor de x menor para menores temperaturas da
gua entrada do coletor solar.
No capitulo 7 ser apresentado, com detalhes, como se determina eficincia trmica de um coletor
solar e os demais ensaios que o coletor submetido para sua aprovao no Programa Brasileiro
de Etiquetagem.
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109

6
RESERVATRIOS TRMICOS E OS PRINCIPIOS DA
TRANSFERNCIA DE CALOR

Caractersticas Construtivas
Geometria e Forma de Operao
Balano de Energia

MDULO - SOLAR

INTRODUO

Nos Captulos 4 e 5 foram estudados os fenmenos relativos radiao solar e o coletores planos
fechados que compem o sub-sistema CAPTAO de uma instalao de aquecimento solar,
apresentado na Figura 1.8.

O Captulo 6 trata do sub-sistema ACUMULAO, cujo principal componente o reservatrio


trmico, tambm conhecido por tanque ou boiler. Esse ltimo, embora em ingls, foi adotado pelo
mercado brasileiro de aquecedores solares.

Devido ao carter intrinsecamente intermitente da radiao solar, que intercala dias e noites,
perodos ensolarados, chuvosos e nublados, em toda instalao solar deve-se prever uma fonte
complementar de energia, como eletricidade e gs, que garantir o aquecimento auxiliar nos
perodos sem a insolao mnima requerida ou mesmo quando ocorrer um aumento eventual do
consumo de gua quente.

6.1. Reservatrios Trmicos

Os reservatrios trmicos de acumulao da gua quente em instalaes de aquecimento solar


so dimensionados para garantirem a demanda diria de gua quente do consumidor final na
temperatura requerida pela aplicao.

Dessa forma, como ser visto no Capitulo 8, o

dimensionamento da instalao solar exigir a definio de uma relao entre volume de gua
armazenada, rea de coletores e fonte complementar de energia.

6.1.2.Caractersticas Construtivas dos Reservatrios Trmicos

Como mostrado na Figura 6.1, os reservatrios trmicos no mercado brasileiro so constitudos,


basicamente, por um corpo interno isolado termicamente, recoberto por uma proteo externa.

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112

MDULO - SOLAR

Figura 6.1. Componentes do reservatrio trmico

O corpo interno, por ficar em contato direto com a gua, geralmente fabricado com materiais
resistentes corroso, como cobre, ao inoxidvel e ao com tratamento vitrificado ou esmaltado.
Tambm so disponveis no mercado brasileiro reservatrios feitos em fibra de vidro, polipropileno
e polietileno de alta densidade.

Alm disso, seu corpo interno deve suportar as variaes de presso que porventura ocorram e
expanso da gua resultante do aumento da temperatura. Quanto maiores as presses de trabalho
previstas, maiores devero ser as espessuras da parede do corpo interno. Por exemplo, no
mercado brasileiro, essa espessura varia entre 0, 4 e 0,8mm para o ao inoxidvel, em valores
aproximados.

A funo do isolamento trmico minimizar a transferncia de calor da gua para o ambiente.


Desta forma, similarmente ao que acontece nas placas coletoras, o isolamento deve oferecer alta
resistncia passagem do calor. Geralmente, os materiais mais usados so o poliuretano
expandido, a l de vidro e a l de rocha.

Neste ponto, deve-se ressaltar que quanto menor o volume de gua armazenada no reservatrio
menor ser sua constante de tempo trmica. Tal fenmeno cria o seguinte critrio tcnico:
Reservatrios trmicos com volumes diferentes e isolados com o mesmo isolante devero usar
MAIORES ESPESSURAS PARA OS RESERVATRIOS DE MENOR VOLUME.

Para o poliuretano, de uso muito difundido no Brasil, a espessura normalmente empregada ,


aproximadamente, 50 mm para um tanque de 100 litros e 20 mm para um tanque de 1000 litros. O
poliuretano expandido confere ainda maior resistncia mecnica ao reservatrio, justificando,
assim, seu uso intensivo.
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113

MDULO - SOLAR

O corpo externo tem a finalidade de proteger o isolante de danos decorrentes de intempries,


transporte, instalao, etc. Nos reservatrios com corpo interno metlico, essa proteo
normalmente feita de chapas de alumnio, ao galvanizado ou ao carbono pintado, mostrados na
Figura 6.2.

Figura 6.2. Exemplos de proteo externa de reservatrios trmicos

No sistema de aquecimento auxiliar eltrico, uma ou mais resistncias eltricas blindadas so


inseridas no interior do corpo interno do tanque. O acionamento dessas resistncias pode ser
controlado automaticamente por meio de um termostato, ou, manualmente, pelo prprio usurio.
Detalhes desse controle so apresentados no Captulo 10.

6.1.3. Tipos de Reservatrios Trmicos


Os reservatrios trmicos podem ser classificados usualmente de duas maneiras:

Quanto ao seu posicionamento fsico os reservatrios so classificados em horizontal e vertical,


como mostrado na Figura 6.3.

(a) horizontais

(b) verticais
Figura 6.3. Reservatrios Trmicos.
Fonte: Agncia Energia
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114

MDULO - SOLAR

Quanto seu funcionamento: podem operar em desnvel ou em nvel com caixa de gua fria,
conforme apresentado na Figura 6.4. Reservatrios em desnvel operam sempre cheios, mas
os em nvel variam de acordo com o nvel da caixa de abastecimento. Reservatrios em nvel
so mais fceis de instalar sob o telhado, mas tem a desvantagem de poder falhar em casos
de falta de abastecimento de gua durante o dia. Nesses casos, o retorno de gua dos
coletores pode ficar acima do nvel da gua, o que provoca paralisao da circulao de
gua por termossifo.

(a) desnvel

(b) nvel
Figura 6.4. Funcionamento de reservatrios Trmicos.
Fonte: Soletrol

6.2. Balano de Energia no Tanque

Para o reservatrio no-estratificado ou completamente misturado, mostrado na Figura 6.5, que


contm uma massa (m) de gua temperatura uniforme (TRT), dependente do tempo (t). O
balano de energia no tanque estabelece que:

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115

MDULO - SOLAR

Figura 6.5. Transferncia de calor transiente em um reservatrio trmico no-estratificado

Considere:

qENT a taxa de energia transferida para o interior do reservatrio, proveniente dos coletores

solares

qSAIDA a taxa de energia transferida para fora do reservatrio que inclui a taxa de energia

associada gua quente consumida (qCONS) e taxa de perda de energia para o ambiente
(qPERDA), atravs do isolante trmico.

Assim, equao para o balano de energia no reservatrio trmico pode ser escrita na forma:
(6.1)
onde
cp: calor especfico presso constante da gua, nas aplicaes prticas
considerado constante e igual a 4,18kJ/kg oC.
Aplicando-se, novamente, o conceito de circuito trmico equivalente, a taxa de perda de energia
para o ambiente (qPERDA) pode ser escrita como:
(6.2)

sendo:
TVIZ : temperatura do ar na vizinhana do reservatrio trmico e que, em algumas
situaes prticas, no coincide com a temperatura ambiente.
RT: resistncia trmica total, correspondente resistncia associada passagem de
calor por conduo na parede dos corpos interno e externo (desprezvel para materiais metlicos)

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

116

MDULO - SOLAR

e no isolante do reservatrio e, tambm, perda de calor por conveco entre a proteo externa
e a vizinhana.
O inverso da resistncia trmica total conhecido como condutncia trmica global, sendo
representada pelo produto (UA)RT, ou seja:

(6.3)

Assim, a equao 6.2 pode ser rescrita como:


(6.4)

O valor da condutncia trmica global avaliado nos ensaios experimentais que compem o
Programa Brasileiro de Etiquetagem de Reservatrios Trmicos do INMETRO, apresentado no
Captulo 7.

Estudo de caso 6.1


Um reservatrio trmico contm 1000 kg de gua. Inicialmente sua temperatura igual a 30oC. A
temperatura da vizinhana 21oC e a condutncia trmica global, informada pelo fabricante, para
o reservatrio igual a 7,5W/oC.
As taxas instantneas de sada de energia para consumo e de entrada de energia no reservatrio
so, respectivamente, 3,1 kW e 9,2 kW. Qual a taxa inicial de variao da temperatura do
tanque?

Soluo
Considerando-se o calor especfico da gua cp = 4,18 kJ/kg oC e substituindo-se os valores
numricos apropriados na equao 6.1, tem-se:

ou seja:

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117

MDULO - SOLAR

como 1kW = 1kJoule/s, obtm-se:

que equivale a 5,2oC por hora.

Para determinar a temperatura do tanque como uma funo do tempo, a equao 6.1 deve ser
integrada no tempo. Como os dados de radiao so usualmente disponveis em base horria, o
intervalo de tempo mais comumente usado nessa integrao tambm para cada hora. O Estudo
de Caso 6.2 ilustra como o balano de energia no tanque pode ser usado para se obter a
temperatura do reservatrio trmico como funo do tempo.

Estudo de Caso 6.2


Um reservatrio trmico contm 1000 kg de gua. Inicialmente sua temperatura uniforme e
igual a 30oC e o perodo total de avaliao de 6 horas. A temperatura da vizinhana 21oC e
a condutncia trmica global, informada pelo fabricante, para o reservatrio igual a 7,5W/oC.
Os valores, integrados ao longo de 1 hora, da energia que vem dos coletores solares para ser
adicionada ao reservatrio e da energia sai pelo consumo de gua quente mostrada na tabela
a seguir:

Hora
qENT (MJ)

16

17

17

15

13

qCONS (MJ)

10

18

Calcule a temperatura da gua no reservatrio trmico ao final de cada hora.

Soluo:
Reescreva a equao 6.1 em forma de diferena finita, resolvendo-a para a temperatura do
reservatrio no fim de um incremento de tempo t =1 hora, ou seja:

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118

MDULO - SOLAR

onde os subscritos (final) e (incio) correspondem a cada intervalo de tempo


Integrando-se todas as taxas de transferncia de calor e a perda trmica do reservatrio para o
perodo de 1 hora tem-se:

onde a constante 3600 segundos que multiplica o fator (UA)RT decorrente da integrao no
intervalo de 1 hora.
As unidades de energia aps a integrao esto expressas em Joule e o calor especfico da gua
cp igual a 4180 J/kg oC. Lembre-se que 1MJ = 1000.000 Joule.

A evoluo dos valores obtidos para a temperatura ao final de cada intervalo de tempo est
mostrada tabela e grfico a seguir:

Como se explica a reduo da temperatura da gua no tanque ao final da sexta hora?


Constata-se que nessa hora a energia que sai em decorrncia do consumo de gua quente
superior energia que entra, associada gua proveniente dos coletores. Por isso, a energia da
gua armazenada ir diminuir.

Consideraes sobre a taxa de entrada de energia no reservatrio trmico

Como a energia transferida para o interior do reservatrio provm dos coletores solares, a
condio ideal seria aquela em que toda a energia gerada nos coletores fosse integralmente
transferida para o interior do reservatrio. Entretanto, em decorrncia das perdas de calor nas
tubulaes existentes entre o coletor e o reservatrio ocorrem perdas que precisam ser
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

119

MDULO - SOLAR

minimizadas. Para tal, recomenda-se que essas tubulaes sejam isoladas. Os isolamentos de
polietileno expandido com espessuras de 5mm e 10mm so os mais utilizados.

Outro fator relevante no processo de entrada de energia no tanque a estratificao da gua


armazenada. A formao de camadas (estratos) da gua dentro do reservatrio decorrente da
dependncia da densidade da gua com sua temperatura. A gua mais quente (menos densa)
tende a ocupar a parte superior do reservatrio enquanto a mais fria (menos densa) ocupar a
parte inferior.

O desempenho do sistema de aquecimento solar depende da temperatura da gua entrada do


coletor. Quanto mais baixa for esta temperatura, maior o desempenho final da instalao solar.
Desse modo, a estratificao do tanque beneficia o desempenho trmico do sistema de
aquecimento solar.

No balano de energia, o reservatrio foi considerado com temperatura uniforme (no


estratificado), mas, geralmente, ele apresenta algum grau de estratificao. A instalao do
reservatrio na posio vertical favorece o surgimento dessa estratificao e, por conseqncia, o
desempenho da instalao solar. No entanto, muitas vezes o projeto arquitetnico no comporta
tal configurao, adotando-se, ento, a posio horizontal.

Outro fato muito questionado por consumidores o tempo que gua permanece aquecida dentro
do reservatrio trmico. Adotando-se a mesma metodologia de clculo utilizada no estudo de caso
6.2, pode-se determinar qual ser a temperatura da gua no RT, aps um determinado perodo
sem que haja entrada de gua vinda dos coletores nem sada de gua para consumo.

Estudo de Caso 6.3


Um reservatrio trmico contm 1000 kg de gua. Ao final de um dia de sol sua temperatura
uniforme e igual a 50oC. Supondo que haver consumo de gua quente somente na manh do
outro dia qual ser a temperatura da gua as 7:00 hs ?
Para o clculo considere que o perodo total de avaliao est compreendido entre as 18:00 hs
e 7:00 hs do outro dia. A temperatura da vizinhana 21oC e a condutncia trmica global,
informada pelo fabricante, para o reservatrio igual a 7,5W/oC.

Soluo:
Reescreva a equao 6.1 em forma de diferena finita, resolvendo-a para a temperatura do
reservatrio no fim de um incremento de tempo t =1 hora, ou seja:
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

120

MDULO - SOLAR

onde os subscritos (final) e (incio) correspondem a cada intervalo de tempo


Integrando-se todas as taxas de transferncia de calor e a perda trmica do reservatrio para o
perodo de 1 hora tem-se:

onde a constante 3600 segundos que multiplica o fator (UA)RT decorrente da integrao no
intervalo de 1 hora.
A evoluo dos valores obtidos para a temperatura ao final de cada intervalo de tempo est
mostrada no grfico a seguir:

Variao da Temperatura no RT
50,50

Temperatura (C)
___

50,00
49,50
49,00
48,50
48,00
47,50
47,00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

00:00

01:00

02:00

03:00

04:00

05:00

06:00

07:00

TRT 50,00

49,81

49,63

49,44

49,26

49,08

48,90

48,72

48,54

48,36

48,18

48,01

47,83

47,66

Perodo (h)

Atravs do grfico acima apresentado, verifica-se uma queda de 2,34 C resultando em


temperatura final de 47,66 C a qual atenderia a de manda de banho do usurio. Vale lembrar que
a temperatura de banho de aproximadamente 40C.

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121

7
PBE PROGRAMA BRASILEIRO DE ETIQUETAGEM

Caractersticas Construtivas
Geometria e Forma de Operao
Balano de Energia

MDULO - SOLAR

INTRODUO
O Programa Brasileiro de Etiquetagem para Coletores Solares permite a criao de critrios
personalizados para comparar os diferentes modelos de coletores disponveis no mercado
nacional. Representa, pois, uma forma rpida e segura para a seleo do coletor solar que melhor
atenda s necessidades de gua quente a custos compatveis.

O elenco de ensaios experimentais, normalizados nacional e internacionalmente, foi avaliado e


definido pelo Grupo de Trabalho em Energia Solar, GT-SOL, coordenado pelo INMETRO. Esses
ensaios, discutidos sucintamente a seguir, fornecem ao consumidor final engenheiros, projetistas
e arquitetos, garantias sobre a durabilidade e desempenho trmico dos produtos ensaiados.

Para o consumidor leigo, os resultados do Programa esto sumarizados na forma de selo a

Etiqueta do INMETRO. Entretanto, para o projetista de instalaes solares so necessrias


informaes adicionais que constam, apenas, do Relatrio Final entregue a cada fabricante.
Vamos discutir detalhadamente estas questes.

7.1. Coletores Solares - Ensaios experimentais

Os ensaios experimentais foram divididos em duas etapas, conforme descrito a seguir.

1 Grupo Eficincia Trmica


1.1 - Eficincia trmica
1.2 a. - Ensaio de estanqueidade (Coletores fechados)
1.2 b. - Presso hidrosttica (Coletores abertos)
1.3. - Ensaio destrutivo
1.4. - Inspees

2 Grupo Ensaio Completo

Esse conjunto de ensaios bem mais rigoroso, uma vez que avalia uma srie de fatores
construtivos e de projeto do coletor alm de confirmar a eficincia previamente estabelecida nos
ensaios do grupo 1.

2.1 - Exposio no operacional


2.2 - Choque trmico
2.3 - Eficincia trmica instantnea
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

124

MDULO - SOLAR

2.4 - Fator de correo para o ngulo de incidncia


2.5 - Constante de tempo
2.6 - Presso hidrosttica
2.7 - Ensaio destrutivo
2.8 - Inspees
Exposio no-operacional

O coletor solar exposto ao Sol sem a passagem de gua em suas tubulaes durante 30 dias,
consecutivos ou no, em que a radiao solar diria exceda 17MJ/m2. O dia que apresenta esta
caracterstica denominado dia vlido. Normalmente, para que este perodo se complete, o coletor
permanece entre 45 e 60 dias em exposio, dependendo da poca do ano. A figura 7.1, a seguir,
mostra os coletores em exposio.

Figura 7.1. Bancadas de Exposio No-Operacional Green Solar

Choque Trmico
Durante o ensaio de Exposio no-operacional, so promovidos trs choques trmicos a cada
perodo de 10 dias vlidos completados. Para que se inicie o teste, necessrio que a radiao
solar instantnea no plano do coletor seja superior a 890 W/m2, durante um perodo mnimo de 1
hora. Observada esta condio, trs jatos de gua fria com vazo controlada so simultaneamente
direcionados para o vidro do coletor, conforme ilustra a figura 7.2.

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

125

MDULO - SOLAR

Figura 7.2. Choque Trmico e Estanqueidade

Esse ensaio leva o coletor a condies extremas, sendo um bom indicativo da qualidade dos
materiais usados e, principalmente, de sua vedao. Problemas de vedao, evidenciados na
figura 7.3, podem comprometer, de modo significativo, o desempenho trmico do coletor, assim
como seu tempo de vida til, que, em condies normais de operao, estimado pelos
fabricantes entre 15 e 20 anos.

Os fabricantes, cujos coletores apresentarem problemas como quebra de vidro ou infiltrao, so


imediatamente notificados. Neste caso, o ensaio interrompido e o coletor considerado
reprovado.

Figura 7.3. Problemas de Vedao

Presso Hidrosttica
Como os coletores solares so submetidos a condies operacionais bastante diversas, a presso
para este ensaio de 1,5 vezes o valor da presso mxima especificada pelo fabricante.
Entretanto, este valor no poder ser inferior a 20 mca (2 kgf/cm2) ou superior a 60 mca (6
kgf/cm2).
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

126

MDULO - SOLAR

Esse ensaio feito aps a Exposio no-operacional, sem incidncia de raios solares sobre o
coletor e com durao fixada em 15 minutos.

O coletor est em conformidade com a norma quando:

no ocorrer perda de presso durante o ensaio;

no houver evidncia de vazamento ou deteriorao das partes em contato direto com o fluido

(gua).

Etapa 1 e 2 - Inspees
Diariamente so feitas inspees visuais no coletor solar para detectar evidncias de problemas de
vedao, quebra ou qualquer outra avaria.

Constante de Tempo
Para atender exigncia de regime quase-permanente na operao dos coletores solares
nos ensaios do Grupo 2, devemos determinar a constante de tempo do coletor solar. Essa
constante definida como o tempo necessrio para que a diferena de temperatura entre a
gua sada e entrada do coletor (Tfs - Tfi ) seja reduzida a 36,8% de seu valor inicial, quando
a radiao solar incidente instantaneamente bloqueada. o que demonstra a figura 7.4.
40
Constante de Tempo = 54 segundos

36

Tfs
32

Tfe

28

24

20

30

60

90

120

Tempo(segundos)

Figura 7.4. Resultado de ensaio de constante de tempo

Os valores medidos da Constante de Tempo para os coletores ensaiados no PBE so muito


variados, compreendendo uma faixa entre 60 e 250 segundos. Esse valor altamente dependente

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

127

MDULO - SOLAR

dos materiais utilizados e suas respectivas espessuras, ou seja, da inrcia trmica do coletor
solar.

Eficincia Trmica Instantnea


Este conceito foi exaustivamente analisado ao longo dessa unidade. No PBE so adotadas as
equaes de eficincia trmica anteriormente discutidas.

Pela Primeira Lei da Termodinmica, temos:

m c p ( T fs - T fi )

(7.1)

G . A ext

Pelo Mtodo das Perdas, temos:

A transp
F R v p
A ext

F R U L (T fi - T amb
G

(7.2)

Para efetuarmos esses clculos, so feitas as seguintes medidas experimentais:

vazo mssica: m

temperatura da gua entrada do coletor: Tfi

temperatura da gua sada do coletor: Tfs

temperatura ambiente: Tamb

radiao solar instantnea: G

At o ano de 2004 estes ensaios experimentais no eram realizados sob condies climticas
controladas, dessa forma, as normas utilizadas fixam as seguintes exigncias:

i. ngulo de incidncia da radiao solar direta inferior a 30 ;


ii. taxa de energia solar incidente no plano do coletor superior a 630W/m2 ;
iii. vazo mssica igual a 0,02kg/s por m2 de rea externa do coletor (aplicao banho);
iv. velocidade do vento no plano mdio do coletor inferior a 4,5 m/s;
v. regime quase-permanente
Como conseqncia da condio i, o produto (cp) conhecido como produto (c p)n,
evidenciando a incidncia praticamente normal da radiao direta.
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

128

MDULO - SOLAR

Na figura 7.5, mostramos as curvas de eficincia trmica instantnea para vrios coletores
participantes da primeira fase do PBE.

90

80

Eficincia Trmica (%)

70

60

SRCC-1

50

SRCC-2

40

30

20

10

0
0 ,0 0 0

0 , 0 10

0 ,0 2 0

0 ,0 3 0

0 ,0 4 0

0 ,0 50

(Tfi - Tam b)/G

Figura 7.5 Curva de Eficincia Trmica Instantnea PBE

Simulador Solar
Inaugurado no dia 17 de dezembro de 2004 no Grupo de Estudos em Energia (GREEN),
localizado na Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais (PUC Minas), o primeiro Simulador
Solar da Amrica Latina entrou em operao no ano de 2005.
Desenvolvido na Alemanha, o simulador demandou investimentos da ordem de US$ 620 mil,
custeados pela Eletrobrs/PROCEL com verba do Banco Mundial (BIRD), por meio do GEF
(Fundo para o Meio Ambiente Mundial). A parceria faz parte do Projeto de Capacitao
Laboratorial coordenado pela ELETROBRS/PROCEL com o apoio do PNUD (Programa das
Naes Unidas para o Desenvolvimento) que objetiva capacitar laboratrios para etiquetagem e
concesso do Selo PROCEL de equipamentos. Com isso, criada a rede para dar suporte a Lei
de Eficincia Energtica (N 10.295/2001), que estabelece ndices mximos de consumo de
energia ou mnimos de eficincia energtica, priorizando os produtos do Programa Brasileiro de
Etiquetagem - PBE, coordenado pelo INMETRO com o apoio da ELETROBRS/PROCEL.
No ano de 2005, foram realizados 63 ensaios no simulador solar, sendo 26 destinados ao
acompanhamento da produo 2005, coordenado pelo INMETRO. Esse fato agilizou os ensaios
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129

MDULO - SOLAR

de modo a acabar com a fila de espera de coletores solares que, em mdia, atingia de 8 a 10
meses. Deve-se destacar que para os ensaios completos, a durao , ainda, de 2 a 3 meses
seguindo as normas adotadas pelo PBE, que so rgidas e exigem o envelhecimento prvio da
amostra a ser ensaiada sob determinadas condies climticas.

Figura 7.6 Fotos Simulador Solar PUC Minas/GREEN

Eficincia Energtica Mdia


Para clculo da eficincia mdia dos coletores, constante da Etiqueta do INMETRO, tomou-se o
valor da abscissa desse grfico igual a 0,02 e 0,005, respectivamente para coletores com
finalidade banho e piscina. Este valor foi adotado com base em medies realizadas em vrias
instalaes termossolares sob condies reais de operao.

Figura 7.7 Grfico de eficincia mdia de coletores solares

Fator de Correo para o ngulo de Incidncia - K

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130

MDULO - SOLAR

O principal objetivo deste ensaio quantificar a influncia do ngulo de incidncia da radiao


direta sobre a transmissividade do vidro, desde que a operao dos coletores solares extrapole a
faixa de ngulos de incidncia imposta no ensaio para determinao da curva de eficincia trmica
instantnea.

Este ensaio obedece as seguintes exigncias:


i. ngulo de incidncia da radiao solar direta variando entre 60 e 0;
ii. diferena entre as temperaturas da gua entrada do coletor e a do ambiente deve ser inferior
a 1C;
iii.

vazo mssica igual a 0,02kg/s por m2 de rea externa do coletor (aplicao banho);

iv.

velocidade do vento no plano mdio do coletor inferior a 4,5 m/s;

v.

regime quase-permanente.

O critrio ii tem como objetivo anular o segundo termo da equao 7.2, rescrevendo-a na forma:

A transp
A ext

{F

Rv p

(7.3)

onde o subscrito indica que os valores de eficincia trmica e do produto (c p) so


determinados para ngulos de incidncia entre 0 e 60.

Para coletores planos com cobertura transparente do tipo vidro liso comercial, o comportamento
fsico da curva de eficincia trmica em funo do ngulo de incidncia da radiao direta
apresentado na figura 7.8.

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131

MDULO - SOLAR

100

90

80

Eficincia Trmica (%)

70

60

50

40

30

20

10

0
0

10

20

30

40

50

60

70

80

Angulo de Incidncia da Radiao Direta

Figura 7.8 - Fator de Correo para o ngulo de Incidncia

Verificamos, ento, uma reduo mais acentuada da eficincia trmica dos coletores para ngulos
superiores a 50. Esses ngulos ocorrem no princpio da manh e final da tarde, desde que a
inclinao e orientao do coletor solar estejam otimizadas para a cidade em questo.

Definimos, ento, o Fator de Correo para o ngulo de Incidncia - K como a razo entre a
eficincia medida para um determinado ngulo e o valor mximo, obtido para = 0. Feitas as
simplificaes, podemos afirmar que:

K =

v p

v p

(7.4)

Para avaliar o comportamento do coletor ao longo do dia, tornamos linear a funo K na forma:

K = a + b
1
cos

(7.5)

Para os coletores ensaiados, o parmetro a igual unidade. A variao do parmetro b bastante


acentuada, compreendendo a faixa entre 0,055 e 0,222.

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

132

MDULO - SOLAR

O fator de correo para o ngulo de incidncia aplicado equao 7.5 corrige o valor da
eficincia trmica do coletor para ngulos de incidncia superiores a 30. Esta correlao ter
grande importncia no desenvolvimento do Modelo da Carta F, a ser estudado no seguinte.

Produo Mensal de Energia


Para o consumidor leigo, muito importante oferecer, na Etiqueta do INMETRO, informaes
sobre a produo mensal de energia para cada coletor ensaiado. Assim, o GTSOL definiu, como
referncia, o ms de setembro para a cidade de Belo Horizonte, considerando a inclinao dos
coletores igual a 25.

A informao sobre a produo mensal de energia til apenas para uma


comparao inicial entre os diversos produtos disponveis no mercado
nacional.
Conforme apresentado nas unidades anteriores, a economia real a ser
obtida por uma instalao de aquecimento solar depende:

1. da inclinao e orientao efetivas dos coletores solares;


2.da radiao solar incidente no plano dos coletores, na cidade em questo.

Portanto ao elaborar um projeto deve-se sempre refazer os clculos de


produo mensal de energia para as condies reais do projeto.

Metodologia para clculo da produo mensal de energia para o ms de referncia.

Passo 1 Determinar a radiao solar incidente no plano do coletor, em mdia horria para
o ms especificado.

Passo 2 Determinar a temperatura ambiente, em mdia horria.

Adotamos para isso o modelo recomendado pela ASHRAE, que possui como dados de entrada
apenas as temperaturas mxima (Tmax) e mnima (Tmin) para o ms em questo. Considerando que
a temperatura mxima s 14 horas, a equao proposta :

Tamb = Tmax

T T
15 (HS 14)
cos
+

2
2
180

(7.6)

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133

MDULO - SOLAR

onde:

T = Tmax Tmin

HS: hora solar

Passo 3 Determinar o ngulo de incidncia da radiao direta para a hora mdia do


perodo til de operao dos coletores solares.

Em Belo Horizonte, adotamos o intervalo entre 8 e 17 horas.

Passo 4 Atribuir valores temperatura da gua entrada dos coletores.

Esses valores so arbitrados e dependem, significativamente, do volume do reservatrio e do perfil


dirio de demanda de gua quente.

Passo 5 Determinar a eficincia trmica corrigida, em mdia horria.

Passo 6 Determinar a produo mensal de energia por coletor solar em mdia mensal.

Consideramos que a energia produzida pelo coletor solar durante uma hora, equivalente ao
produto de sua eficincia trmica pela energia incidente no plano do coletor neste mesmo perodo.
O valor horrio multiplicado por 30 para obteno da energia gerada durante um ms, em cada
intervalo de tempo. A soma dos valores horrios para as i horas do dia, com nvel satisfatrio de
radiao solar, fornece a produo mensal de energia. Em nosso caso, o ndice i varia de 1 a 9,
correspondente ao perodo entre 8 e 17 horas.

Assim, tem-se:
9

E mensal = 30 * (Idir + Idif) * 1h *


i =1

1
* Aext
1000

[kWh/ms]

(7.7)

A constante 1000 apenas para converso da unidade em kWh/ms, permitindo, assim, uma
melhor avaliao, por parte dos consumidores finais, da economia de energia a ser obtida com a
utilizao do aquecimento solar.

Veja, na figura 7.9, um modelo da Etiqueta do INMETRO.

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134

MDULO - SOLAR

Aplicao: BANHO
A > 77 kWh/ms.m
77 B > 71
71 C > 61
61 D > 51
51 E > 41

Aplicao: PISCINA
A > 95 kWh/ms.m
95 B > 87
87 C > 79
79 D > 71
71 E > 63

(1a): Etiqueta INMETRO

(1b): Faixas de Classificao

Figura 7.9 - A Etiqueta do INMETRO e faixas de classificao

Selo PROCEL de Eficincia Energtica

O SELO PROCEL, mostrado na figura 7.10, concedido anualmente


aos equipamentos que apresentam os melhores ndices de eficincia
energtica, normalmente caracterizados pela faixa A da Etiqueta
Nacional de Conservao de Energia ENCE, dentro de suas
respectivas categorias. O Selo PROCEL vem sendo concedido para
coletores solares desde 2000, sendo possvel identificar uma
expressiva melhora no desempenho dos coletores comercializados
no Brasil.
Figura 7.10 Selo PROCEL

Avaliao da evoluo temporal do valor mdio da Produo Mensal Especfica de Energia dos
coletores solares para aplicao banho etiquetados e com o Selo PROCEL demonstra uma
sensvel melhora dos produtos que receberam o Selo PROCEL, alm de um crescimento mais
acentuado dos coletores ensaiados em busca da classificao A.

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

135

MDULO - SOLAR

7.2. Reservatrios Trmicos - Ensaios experimentais

Em 1999, os reservatrios foram includos no Programa Brasileiro de Etiquetagem de Sistemas e


Equipamentos para Aquecimento Solar de gua. A relao atual dos ensaios, normas adotadas ou
procedimentos definidos pelo Regulamento Especfico do Programa (RESP/006 SOL), so
apresentados abaixo.

Marcaes e instrues

Tenso suportvel

Volume

Presso

Coeficientes de perda de calor

Corrente de fuga

Potncia absorvida

Resistncia ao calor e fogo

Resistncia ao enferrujamento

Os reservatrios no so classificados por faixas de desempenho trmico. Dessa forma, apenas


aqueles aprovados em todos os ensaios, recebem a etiqueta de aprovao do INMETRO.

No ensaio de marcaes e instrues e nos ensaios referentes ao desempenho e segurana


eltrica do tanque, a conformidade verificada de acordo com os mtodos de ensaios prescritos
nas normas adotadas. Para os ensaios de volume efetivo, presso hidrosttica e desempenho
trmico, os critrios de conformidade, estabelecidos pelo GT-SOL, so descritos a seguir.

No ensaio de volume efetivo, a conformidade verificada medindo-se a capacidade volumtrica


do tanque e comparando-a com a capacidade volumtrica nominal declarada pelo fabricante. O
tanque ser aprovado se a capacidade volumtrica medida no diferir da nominal por mais de 10
% e menos de 5 %.

No ensaio de presso hidrosttica, a conformidade verificada carregando o tanque com gua


fria e submetendo-o a uma presso 50% maior que a presso de operao declarada pelo
fabricante. Durante 15 minutos o tanque dever resistir presso aplicada sem que ocorra
vazamento da gua ou deformao permanente visvel.
No ensaio de desempenho trmico, a condutncia trmica global de perda de calor do tanque
medida indoor, conforme o mtodo de ensaio prescrito na norma ISO 9459 parte 2: item 9.9,
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136

MDULO - SOLAR

exceto que durante o perodo de resfriamento do tanque a velocidade do ar 0 m/s (condio de


conveco natural). Para estabelecer o critrio de conformidade numa linguagem adequada ao
consumidor, a perda especfica de energia diria (24 h) do tanque estimada para as seguintes
condies:
Temperatura inicial do tanque , Tr,i = 50 oC
Temperatura ambiente, Ta = 21oC
A perda especfica de energia diria multiplicada por 30 para obteno da perda especfica de
energia mensal. O tanque ser aprovado se a perda especfica de energia mensal estiver de
acordo com os valores apresentados na tabela 7.1.

Tabela 7.1 - Critrio de Aprovao no Ensaio de Desempenho Trmico

Volume nominal do tanque

Perda Especfica de Energia Mensal

(m3)

(kWh/ms.m3)

0,1

310

0,15

290

0,2

280

0,25

270

0,3

270

0,4

250

0,5

240

0,6

210

7.2.1. Ensaio de Desempenho Trmico

Consideremos o tanque da figura 7.9, contendo uma massa m de gua temperatura uniforme
(tanque completamente misturado) Tr, dependente do tempo. O balano de energia no tanque
estabelece que, a taxa de energia transferida para fora do tanque deve ser igual taxa de variao
da energia trmica armazenada dentro do tanque:

[(UA) (T
r

Ta' ) = mc p

dTr
dt

(7.8)

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

137

MDULO - SOLAR

A soluo da equao 7.8 para um intervalo de tempo t, no qual a temperatura do tanque varia de
Tr,i a T r,f,

Tr , f Ta'
(UA)r

exp
=
t

'

mc p

Tr ,i Ta

Tanque completamente
misturado, contendo uma massa
m de gua temperatura

(7.9)

Energia perdida
para o ambiente a
Ta

Tr

Figura 7.9 Transferncia de calor transiente em um tanque no estratificado.

A equao 7.9 usada para calcular a condutncia trmica global de perda de calor do tanque
atravs do seguinte procedimento:
O tanque carregado com gua temperatura uniforme Tr,i (> 60 oC) e deixado resfriar em um
ambiente com temperatura Ta, por um perodo de tempo t (compreendido entre 12 e 24 h), at a
temperatura uniforme Tr,f. A uniformizao da temperatura do tanque realizada com o auxlio de
uma bomba. Essas grandezas so medidas e inseridas na equao 7.9, extraindo assim o
coeficiente de perdas trmicas do equipamento.

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

138

MDULO - SOLAR

Estudo de Caso 7.1


Os dados apresentados abaixo foram obtidos no ensaio experimental de desempenho trmico
de um tanque com volume nominal de 400 litros. Determine a condutncia trmica global de
perda de calor do tanque.
Vefetivo
3

Tri

Trf

Ta

(m )

( C)

( C)

( C)

(s)

0,390

62,0

57,0

23,0

54000

Soluo
Calor especfico da gua, cp = 4180 J/kg.oC
Considerando a massa especfica da gua = 1000 kg/m3; a massa de gua contida no tanque

m = *V = 1000 * 0,390 = 390 kg


Substituindo os dados na equao 7.9:

Tr f Ta'
(UA)r

=
exp
t

'
mc

T
r ,i
a
p

57 23
(UA)r

=
exp
*
54000
62 23

390 * 4180

Resolvendo para a condutncia trmica global de perda de calor do tanque:

(UA)r

= 4,14 W / oC

Estudo de Caso 7.2


Estime a perda especfica de energia mensal do tanque do estudo de caso 7.1, para as
condies estabelecidas pelo GT-SOL.

Soluo
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139

MDULO - SOLAR

Substituindo na equao 7.9, a condutncia trmica de perda de calor obtida no exemplo 8.1, a
temperatura do tanque aps 24 h estimada para as condies estabelecidas pelo GT-SOL (Tr,i
= 50oC e Ta = 21oC)

Tr , f 21
4,14

=
exp

*
24
*
3600

390 * 4180

50

21

Resolvendo
Tr,f = 44,3 oC
A perda especfica de energia diria do tanque

Q perda
Vefetivo
Q perda
Vefetivo

= * c p * (Tr ,i Tr , f

= 1000 * 4180 * (50 44,3) = 23826kJ / dia / m 3 = 23,83kJ / dia / litro

Lembrando que 1 kJ = 1 kW.s e multiplicando por 30 (nmero de dias do ms), a perda


especfica de energia mensal do tanque

Q perda
Vefetivo

= 30 *

23,83
= 0,20 kWh ms / litro = 200 kWh / ms / m 3
3600

Portanto, de acordo com a tabela 7.1, o tanque foi aprovado no ensaio de desempenho trmico.

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

140

8
MTODOS DE DIMENSIONAMENTO

Determinao do Perfil de Consumo


Avaliao do Volume Armazenado
Determinao da rea Coletora

MDULO - SOLAR

INTRODUO
O dimensionamento adequado de um sistema de aquecimento solar (SAS) no uma tarefa
simples, exigindo o conhecimento prvio dos hbitos de consumo de gua quente pelos usurios
finais, com base em uma anlise criteriosa do tipo da construo que receber os coletores
solares, disponibilidade de radiao solar nas condies especficas da obra, fatores climticos
locais e desempenho trmico dos produtos, dentre outros.
Este captulo trata da avaliao da demanda de gua quente e da energia requerida para o
dimensionamento bsico do sistema (volume de gua armazenado e quantidade de coletores
solares necessrios). Tal dimensionamento muito importante para definio do desempenho
trmico de longo prazo da instalao solar e respectiva anlise econmica, a serem estudados
mais frente.
Para facilitar este estudo, detalha-se na Figura 8.1, o passo a passo do dimensionamento de
instalaes de aquecimento solar.
A visita tcnica, caracterizada como Passo 1 do Dimensionamento, evidencia a necessidade de se
identificar as expectativas do empreendedor ou usurio final quanto ao nvel de conforto e
economia a serem atingidos com uso do sistema de aquecimento solar atravs de questionrios,
pesquisa de hbitos, etc. Nessa oportunidade, feita tambm uma avaliao prvia dos locais
disponveis na obra para insero dos componentes de uma instalao solar.
Visita Tcnica

Demanda de
gua quente

Demanda de
energia

Radiao Solar
disponvel

Requisitos de
projeto

Questionrios
de visita

Normas
Tcnicas

Inclinao e
orientao do
coletor solar

Relao
Volume - rea

Estudo de
insero
preliminar

Histograma de
consumo

Frao solar

Medio e
verificao

Detalhamento
do estudo de
insero

Especificao
de produtos

Figura 8.1 - Fases para o correto dimensionamento de uma instalao de aquecimento solar

8.1. Demanda diria de gua quente

Para dimensionar a necessidade de gua quente dos usurios, caracterizada pelo volume dirio
de gua quente e temperatura de operao requerida, importante se ter conhecimento prvio de
padres de consumo para diferentes edificaes brasileiras, em funo das classes sociais e das
aplicaes finais para o setor residencial, industrial e de servios.

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

144

MDULO - SOLAR

O levantamento da demanda de gua quente feito com base em informaes gerais obtidas a
partir de:

Normas de Instalaes Prediais de gua Quente, como NB128 e NBR7198;

Pesquisa de hbitos dos usurios potenciais;

Observao, sensibilidade e bom senso;

Experincia.

GHISI [2005] sugere as faixas de temperaturas de operao mostradas na Tabela 8.1, enquanto
os volumes dirios de gua quente podem ser estimados com auxlio da Norma ABNT NB128,
cujos consumos especficos para diferentes aplicaes, esto mostrados na Tabela 8.2.
Tabela 8.1 - Temperaturas de operao indicadas para diferentes aplicaes

Edificao

Temperatura de operao Indicada

Lavanderias

75 C a 85 C

Cozinhas

60 C a 70 C

Uso pessoal e banhos

35 C a 50C
Fonte: Ghisi [2005]

Tabela 8.2 - Consumos especficos para diferentes aplicaes a temperatura de 60C

Edificao

Consumo

Alojamento Provisrio

24 per capita

Casa Popular ou Rural

36 per capita

Residncia

45 per capita

Apartamento

60 per capita

Quartel

45 per capita

Escola Internato

45 per capita

Hotel (s/ cozinha e s/ lavanderia)

36 por hspede

Hospital

125 por leito

Restaurante e similares

12 por refeio

Lavanderia

15 por kg roupa seca


Fonte: ABNT NB 128

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

145

MDULO - SOLAR

Entretanto, uma anlise simples dos valores apresentados nessa tabela nos leva a buscar
explicaes:

Por que o hspede de um hotel consumiria gua quente de modo similar ao morador de um

casa popular?

Por que o morador de um apartamento gastaria mais gua quente do que o de uma

residncia?
Por causa de tais paradoxos, que bom senso, observao crtica e conhecimento prvio da
aplicao e tipologia construtiva se tornam to importantes no dimensionamento da demanda
diria de gua quente.
Outra forma de dimensionamento pode ser desenvolvida com base na vazo e capacidade dos
equipamentos de uso final no setor residencial, alm do tempo e freqncia de sua utilizao. A
Tabela 8.3 apresenta valores tpicos para uso residencial.
Tabela 8.3 - Vazo de gua quente de equipamentos

Vazo total por pea

Peas de Utilizao

(litros/minuto)

Bid

3,6

Chuveiro

7,2*

Lavabo

7,2

Tanque (lavanderia)

18**

Pia cozinha

15

* Este nmero, por exemplo, bastante controvertido. No caso de casas populares onde so instalados chuveiros de
potncia at 4400W, a vazo do banho limitada pelo prprio equipamento em 3 litros/minuto.
** As mquinas de lavar roupas, assim como as lava-louas consomem quantidades pr-definidas de gua para cada
ciclo. Recomenda-se verificar com o fabricante do equipamento ou manual de instrues o volume e temperatura da
gua a ser utilizada.

Estudo de Casos 8.1: Comparao entre as diferentes formas de dimensionamento


Uma famlia, composta por 2 adultos e 2 adolescentes, reside em um apartamento em que o chuveiro eltrico ser
substitudo pelo aquecedor solar. Calcule a demanda diria de gua quente, considerando-se um banho dirio por
morador com durao aproximada de 10 minutos.
Soluo:
Pela Tabela 8.3, cada banho consome 72 litros por dia. Para os 4 moradores, a demanda diria de gua quente de
288 litros.
Pela Tabela 8.2, a demanda diria ser de 240 litros a 60C.

Diante dos valores to diferentes, como os apresentados no estudo de caso 8.1, torna-se visvel a
necessidade de uma avaliao criteriosa no dimensionamento do volume de gua quente a ser
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

146

MDULO - SOLAR

armazenado em uma instalao de aquecimento solar. Mais uma vez possvel concluir que o
dimensionamento deva ser exclusivo respeitando as particularidades de cada instalao voltandose sempre no conceito fundamental de dimensionamento:

Vtotal-pto = Qpto x tpto x Npto

8.1

Onde:
Vtotal-pto: volume total dimensionado por ponto;
Qpto: vazo no ponto de utilizao;
tpto: tempo de uso do ponto;
Npto: nmero de utilizaes dirias;

Alm do volume de gua quente consumido, importante conhecer em que perodos ocorre o
consumo do volume dimensionado, itso , o perfil de consumo da instalao. Por exemplo, nos
vestirios de uma determinada indstria, o consumo de gua quente estar intrinsecamente
associado ao horrio de troca de turnos dos seus funcionrios. Se nessa indstria, tem-se troca
de turno s 23:00h e s 7:00h da manh, toda a gua usada nos banhos dever ser gerada no dia
anterior e armazenada durante toda a noite.
No setor residencial, os horrios de banho so muito variveis, dependendo dos hbitos pessoais
e at mesmo do dia da semana.

Perfil do Consumo de gua Quente no Setor Residencial

No Brasil, tem-se, ainda, grande carncia de informaes sistematizadas sobre o perfil de


consumo de gua quente no setor residencial. Avaliaes preliminares realizadas pela CEMIG
indicam um perfil bastante concentrado de demanda de gua quente nas residncias onde seu uso
se restringe aplicao banho. De uma forma geral, afirma-se que 30 % do volume total
armazenado de gua quente so consumidos nas primeiras horas da manh e os 70% restantes
entre 17 e 21 horas. Fairey e Parker [2004] discutem vrios perfis de consumo para o Canad e
USA, onde bastante comum nas residncias, o consumo de gua quente na cozinha e lavanderia
tambm. Os perfis propostos pela ASHRAE e CEMIG esto exemplificados na Figura 8.2.

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

147

Frao do Consumo de gua


Quente

MDULO - SOLAR

0,16
0,14
0,12
0,10
0,08
0,06
0,04
0,02
0,00
1

8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Hora do dia
ASHRAE

CEMIG

Figura 8.2 Diferentes perfis dirios para consumo de gua quente

Nvel de conforto

Entende-se por nvel de conforto no uso da gua quente a relao entre vazes, tempo de
utilizao e temperatura. O nvel de conforto tem uma importante influencia sobre o consumo total
de gua quente em uma residncia. As vazes tpicas apresentadas por um chuveiro eltrico
ficam entre 3 e 6 litros por minuto. Duchas podem apresentar vazes muito maiores e registra-se
casos de vazes superiores as 30 litros por minuto. Em um momento no qual se fala em
desenvolvimento sustentvel a reduo do consumo de gua torna-se fundamental e por isto a
vazo recomendada para atingir-se um bom nvel de conforto deve situar-se entre 6 e 10 litros por
minuto. O tempo de banho o outro fator que determina o nvel de conforto e esta associado
tambm ao numero de banhos dirios. Segundo a Pesquisa de Eletrodomsticos e Hbitos de
Uso - 2005 (PPH) identificou-se que 65,4 % dos entrevistados declaram tomar banhos de at 10
minutos. Dessa forma, pode-se tomar como referencia nos dimensionamentos, um tempo de 6 a
10 minutos por banho. A tabela 8.4 outra referencia que pode ser utilizada e coloca lado a lado
os pontos de utilizao e o consumo dirio de gua quente.
Tabela 8.4 - Consumo mdio de gua quente por ponto de utilizao

Ponto de Utilizao

Consumo dirio a 40 oC

Ducha

70 a 90 litros/pessoa

Lavatrio

5 a 7 litros/pessoa

Bid

5 a 7 litros/pessoa

Cozinha

24 litros/pessoa

Banheira

30 a 50% do volume da banheira

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

148

MDULO - SOLAR

A seguir, esto apresentadas algumas planilhas para avaliao do consumo detalhado de gua
quente no setor residencial. Os valores mencionados em seu preenchimento so recomendados
nas Tabelas 8.2 e 8.3.
Entretanto, as planilhas automatizadas esto disponveis para que os valores possam ser
alterados de modo a atender as especificidades de cada famlia.

8.2. O Passo a Passo do Dimensionamento Detalhado

O preenchimento das tabelas a seguir auxilia o dimensionamento de uma instalao de


aquecimento solar. Para exemplificar o preenchimento das planilhas seguintes, foi escolhida a
famlia do Estudo de Caso 8.1.

Passo 1 Determine o nmero de moradores por residncia ou edificao:

4 moradores

1 empregado domstico

Passo 2 Identifique os pontos tpicos de consumo de gua quente requeridos pelo futuro
usurio do aquecimento solar na listagem apresentada a seguir:

Pontos de Utilizao

Sim

1. Chuveiro ducha
2. Banheira de hidromassagem
3. Lavabo
4. Ducha higinica
5. Pia de cozinha
6. Mquina lava-louas
7. Lavanderia

X
X
X
X
X
X
X

No

Nesse caso, o morador quis avaliar todo o potencial de uso do aquecimento solar em sua
residncia. Aps feito o levantamento inicial, estes pontos de consumo de gua quente sero
reavaliados para compatibilizar conforto, custo inicial e economia pretendida.

Passo 3 De acordo com a vazo de cada pea e nmero de pontos de consumo encontre o
volume dirio de gua quente:

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

149

MDULO - SOLAR

1. Chuveiro / ducha
1. Chuveiro - Ducha
Vazo da ducha (litros/minuto)
10,00

Vazo da ducha
(litros/minuto)
10,00

Nmero dirio de
banhos
4,00

Consumo dirio de gua


quente
400,00

Consumo mensal de gua


quente
12000,00

Obs. Em habitaes populares, a vazo dos chuveiros considerada de 3,0 litros por minuto.

2. Banheira de Hidromassagem
2. Banheira de hidromassagem
Capacidade da banheira (litros) Frequncia semanal de
uso
150,00
2,00

Consumo mensal de
gua quente
1200,00

Obs. Note que os clculos so feitos para valores mensais, porque normalmente a lavagem de roupa e o uso da
banheira de hidromassagem no so dirios.

3.Lavabo
3. Lavabo
Vazo da pia (litros/minuto)
4,00

Tempo estimado de uso


(minutos)
1,00

Frequncia diria de uso


12,00

Consumo dirio de gua


quente
48,00

Consumo mensal de gua


quente
1440,00

4. Ducha Higinica
4. Ducha higinica
Vazo da ducha (litros/minuto)
3,60

Tempo estimado de uso Frequncia diria de uso


(minutos)
3,00
4,00

Consumo dirio de gua


quente
43,20

Tempo estimado de uso


(minutos)
30,00

Consumo dirio de gua


quente
900,00

Consumo mensal de gua


quente
1296,00

5. Pia da Cozinha:
5. Pia da cozinha
Vazo da pia (litros/minuto)
15,00

Frequncia diria de uso


2,00

Consumo mensal de gua


quente
27000,00

6. Mquina de Lavar Loua


6. Mquina de lavar-loua
Consumo de gua quente
(litros/ciclo)
20,00

Frequncia semanal de
uso
5,00

Consumo semana de
gua quente
100,00

Consumo mensal de gua


quente
400,00

7. Lavanderia:
7. Lavanderia
Massa de roupa seca por
semana (kg)
24,00

Consumo de gua quente


por kg de roupa seca
12,00

Consumo semanal de
gua quente
288,00

Consumo mensal de gua


quente
1152,00

Os valores somados para todos os equipamentos e respectivas participaes percentuais so:

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

150

MDULO - SOLAR

Caso 1 - Consumo de gua quente


1. Chuveiro - Ducha
2. Banheira de hidromassagem
3. Lavabo
4. Ducha higinica
5. Pia da cozinha
6. Mquina de lavar-loua
7. Lavanderia
Total mensal
Total dirio - Caso 1

12000
1200
1440
1296
27000
400
1152

44488

26,97%
2,70%
3,24%
2,91%
60,69%
0,90%
2,59%
100,00%

1482,93

Constata-se que o uso de gua quente na pia da cozinha tem um peso importante no volume de
gua a ser armazenada, alm de encarecer significativamente o custo inicial da instalao de
aquecimento solar. Excluindo-se tal uso, o consumo dirio de gua quente bastante reduzido,
conforme mostrado na Caso 2 a seguir:

Caso 2 - Consumo de gua quente sem cozinha


1. Chuveiro - Ducha
12000
2. Banheira de hidromassagem
1200
3. Lavabo
1440
4. Ducha higinica
1296
5. Pia da cozinha
0
6. Mquina de lavar-loua
400
7. Lavanderia
1152
17488
Total mensal
Total dirio - Caso 1
582,93

68,62%
6,86%
8,23%
7,41%
0,00%
2,29%
6,59%
100,00%

Passo 4 Calcule a demanda diria de energia :

A energia necessria para aquecer este volume de gua ao final do ms (Lms), qualquer que seja
a forma de aquecimento escolhida dada pela 1 Lei da Termodinmica na forma:

Lms =

Vms cp (Tbanho Tamb )


[kWh/ms]
1000
3600

8.2

onde:

: densidade da gua, considerada igual a 1000kg/m

Vms : volume de gua quente requerido por ms, em litros


cp : calor especfico da gua a presso constante igual a 4,18 kJ/kgC
Tbanho e Tamb temperatura da gua quente para banho e a temperatura ambiente, respectivamente.

As constantes 1000 e 3600 da equao 8.2 so utilizadas para converso de unidades.

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

151

MDULO - SOLAR

Estudo de Caso 8.2


A conta de energia eltrica da famlia do exemplo apresentado indica um consumo mdio de
1100 kWh/ms.
Calcule a energia consumida por ms para aquecer a gua at 40C, se a temperatura
ambiente local igual a 20C:
Avalie a participao do aquecimento de gua no consumo mensal de energia da famlia.

Soluo:
O volume mensal ser arredondado para 18000 litros, correspondendo a um reservatrio trmico
de 600 litros (valor a ser aquecido por dia):

Passo 5 Calcule da rea coletora :

a. Clculo Simplificado da rea de Coletores

A rea total de coletores solares necessria para atender demanda de energia estimada pela
equao 8.2 definida pelas condies climticas de instalao dos coletores na obra e, claro,
pelas caractersticas operacionais e de projeto do modelo selecionado
Para um pr-dimensionamento rpido, o nmero de coletores e, conseqentemente, a rea
coletora total pode ser determinada a partir dos dados da Etiqueta do INMETRO, disponveis em
http://www.inmetro.gov.br/consumidor/pbe/PBE12.pdf.
A tabela a seguir extrada desse site mostra os critrios atuais de classificao do coletores
solares no Brasil.

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

152

MDULO - SOLAR

Tabela 8.5 Classificao de Coletores Solares Planos


CLASSES

NDICE BANHO/ACOPLADO

NDICE PISCINA

Pme > 77,0

Pme > 95,0

77,0 = Pme > 71,0

95,0 = Pme > 87,0

71,0 = Pme > 61,0

87,0 = Pme > 79,0

61,0 = Pme > 51,0

79,0 = Pme > 71,0

51,0 = Pme > 41,0

71,0 = Pme > 63,0

41,0 = Pme > 31,0

63,0 = Pme > 55,0

Pme = 31,0

Pme = 55,0

Fonte : INMETRO

Portanto, para dois coletores A e B, com produes mensais de energia da ordem de 80 e 72


kWh/ms por metro quadrado, respectivamente, o estudo de casos 8.2 exigiria a instalao de :
- 5,0 m2 do coletor A
- 5,8m2 do coletor B
ou seja, um acrscimo de 16,6% na rea coletora.
Cabe ressaltar que este dimensionamento apenas orientativo e portanto no deve ser adotado
como metodologia de projeto. O valor da produo de energia mensal do coletor solar expresso na
etiqueta do INMETRO s vlido para efeito comparativo entre produtos.

b. Clculo detalhado da rea de Coletores

O clculo detalhado da rea de coletores deve levar em considerao parmetros especficos do


local da instalao e do coletor solar utilizado.
A seguir apresenta-se um roteiro passo a passo para utilizar a planilha de dimensionamento.

1 Passo: Entre com os dados da localidade e instalao

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153

MDULO - SOLAR

PLANILHA DE CLCULO 01 - RADIAO

Dados de entrada
(Latitude)
(Inclinao)
(Azimutal Sup)
Altitude [km]
Emitncia da superfcie

Ms
Janeiro
Fevereiro
Maro
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro

Insolao
Total
189,8
195,5
215,1
228,9
237,1
240,1
256,5
255,6
210,1
190,5
181,7
165,1

-19,56
30
-179,99
0,85002
0,20

Todas as clulas em amarelo claro devem


ser preenchidas pelo usurio

Condies Climticas Locais - Dados INMET


Nmero de dias
Insolao
Temperatura
Temperatura
em cada ms
Diria
mdia (C)
mxima (C)
31
6,12
22,8
28,2
28
6,98
23,2
28,8
6,94
23,0
28,6
31
7,63
21,1
27,5
30
7,65
19,8
26,0
31
8,00
18,5
25,0
30
8,27
18,1
24,6
31
8,25
19,0
26,5
31
7,00
21,0
27,2
30
6,15
21,9
27,7
31
6,06
22,2
27,5
30
5,33
22,2
27,3
31

Emitncia de superfcie
Terra
0,04
Tijolo Vermelho
0,27
Concreto
0,22
Barro ou Argila
0,14
Sup.Const.Clara
0,60
Grama
0,20

Temperatura
mnima (C)
18,8
19,0
18,8
17,3
15,0
13,4
13,1
14,4
16,2
17,5
18,2
18,4

Somente os campos em amarelo devem ser preenchidos

2 Passo: Entre com os dados da localidade e instalao

PLANILHA DE CLCULO 02 - DIMENSIONAMENTO

1. Chuveiro - Ducha
Vazo da ducha (litros/minuto)
7,20

Vazo da ducha
(litros/minuto)
10,00

2. Banheira de hidromassagem
Capacidade da banheira (litros)
Frequncia semanal de
uso
150,00
2,00

3. Lavabo
Vazo da pia (litros/minuto)
4,00

4. Ducha higinica
Vazo da ducha (litros/minuto)
2,00

5. Pia da cozinha
Vazo da pia (litros/minuto)
4,00

Nmero dirio de
banhos
4,00

Consumo dirio de gua


quente
288,00

Consumo mensal de gua


quente
8640,00

Consumo dirio de gua


quente
0,00

Consumo mensal de gua


quente
0,00

Consumo dirio de gua


quente
0,00

Consumo mensal de gua


quente
0,00

Consumo dirio de gua


quente
0,00

Consumo mensal de gua


quente
0,00

Consumo mensal de
gua quente
1200,00

Tempo estimado de uso


(minutos)
0,00

Frequncia diria de uso

Tempo estimado de uso


(minutos)
0,00

Frequncia diria de uso

Tempo estimado de uso


(minutos)
0,00

Frequncia diria de uso

0,00

0,00

0,00

3 Passo: Insira o volume, temperaturas e caractersticas do coletor e encontre a frao


solar da instalao

O terceiro passo de uso da planilha ser a determinao da frao solar, isto , quanto seu
sistema de aquecimento solar vai lhe garantir, da sua demanda total, para aquecimento de gua.

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

154

MDULO - SOLAR

PLANILHA DE CLCULO 03 - CARTA-F

Dados de entrada
Volume do reservatrio
Temperatura de set-ut
Temperatura de banho
rea coletora
FrUL
Fr (ta)

Ms
Janeiro
Fevereiro
Maro
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro

400
50,5
40
6
7
0,9

Energia utilizada no aquecimento


Temperatura
Ni
Li (MJ)
ambiente (C)
31
22,8
1432,9
28
23,2
1275,5
31
23,0
1422,5
30
21,1
1471,8
31
19,8
1588,1
30
18,5
1601,9
31
18,1
1676,0
31
19,0
1629,4
30
21,0
1476,8
31
21,9
1479,4
30
22,2
1416,7
31
22,2
1463,9
Total
17934,9

Li (kWh)
398,0
354,3
395,1
408,8
441,1
445,0
465,6
452,6
410,2
411,0
393,5
406,6
4981,9

Controle
20556,6

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155

9
MTODO DA CARTACARTA-F

Metodologia de Clculo
baco de Determinao da Frao Solar

MDULO - SOLAR

CARTA F

Uma pergunta bastante freqente feita pelas pessoas que pretendem substituir o sistema de
aquecimento eltrico de gua pelo sistema solar : Afinal, qual ser a economia que terei em

minha conta mensal de energia eltrica?

A economia a ser atingida depende do padro de consumo de cada residncia: hbitos dos
moradores, eletrodomsticos usados, freqncia de sua utilizao e tarifas praticadas pela
concessionria de energia eltrica local.

Por exemplo, uma residncia da classe A onde se utiliza, de forma intensiva, gua quente em
duchas de elevada vazo, em banhos de longa durao, em banheiras de hidromassagem, na
cozinha e lavanderia a conta de energia eltrica ao final do ms bastante elevada. Entretanto
esse valor tambm decorrente do uso do ar condicionado em todos os quartos e salas, de
fornos eltricos e de microondas, de geladeiras e congeladores de diferentes portes, etc. Neste
caso, embora o consumo de gua quente seja alto, o impacto na conta mensal de energia eltrica
decorrente do aquecimento solar poder ser relativamente menor ao obtido em uma residncia da
classe D, que dispe apenas de uma televiso e geladeira pequena e cuja participao do
chuveiro na conta de energia muito mais significativa do que no primeiro caso.

De uma forma geral, pode-se afirmar que a substituio de sistemas convencionais de


aquecimento de gua por energia solar atende a uma dicotomia do mercado brasileiro: Conforto

versus Economia. Em determinadas classes sociais, busca-se intensivamente o maior conforto


propiciado pelo aquecimento solar central, enquanto que para a classe mdia e de baixa renda, a
economia obtida torna-se cada vez mais importante e decisiva.
Para a avaliao da economia de energia eltrica obtida com a utilizao do aquecimento solar,
nas condies especficas de cada obra, utiliza-se, internacionalmente, o Mtodo da Carta F. Este
mtodo avalia a contribuio da energia solar na demanda total de energia eltrica para
aquecimento de gua, conhecida como frao solar.

8.1. O Mtodo da Carta F


Este mtodo foi desenvolvido por Beckmann et al. [1977] com base na compilao e consolidao
dos resultados de vrias simulaes matemticas e avaliaes de condies operacionais reais
de instalaes de aquecimento solar. Ele permite avaliar o desempenho trmico dessas

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

158

MDULO - SOLAR

instalaes a mdio e longo prazo, a partir do conhecimento adquirido nos temas anteriores,
como:
curva de eficincia trmica instantnea
fator de correo do ngulo de incidncia - K
capacidade volumtrica do reservatrio trmico

A frao solar fi para um determinado ms do ano definida como a razo entre a energia suprida
pelo sistema de aquecimento solar (Qsolar) e a demanda mensal de energia (Li), calculada mediante
a equao 8.1, ou seja:

fi =

(8.1)

Q solar
Li

Beckman et al. [1977] propuseram dois parmetros adimensionais e empricos X e Y, a saber:

(8.2)

X=

A CFR UL (TREF Tamb )t


i
Li

Y=

(8.3)

A CFR ( c p ) HT N
Li

onde cada grandeza definida no quadro a seguir:


Grandeza

Definio

Unidade (SI)

AC

rea total de coletores solares

m2

FRUL

produto do fator de remoo e coeficiente global de


perdas trmicas do coletor solar, correspondente

W / m2 C

inclinao da curva de eficincia trmica


instantnea
TREF

temperatura de referncia, considerada constante

e igual a 100C

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

159

MDULO - SOLAR

Grandeza

Definio

Unidade (SI)

Tamb

temperatura ambiente mdia para o ms em

questo
t

durao do ms

Segundos

Li

demanda total de energia para aquecimento do

Joule

volume de gua (V), calculada pela equao


FR (cp)

produto do fator de remoo, transmissividade do


vidro e absortividade da tinta dos coletores, para

W / m2 C

ngulo mdio de incidncia da radiao direta **


HT

radiao solar diria em mdia mensal incidente

J/m

no plano do coletor por unidade de rea


Ni

nmero de dias do ms

** Duffie e Beckman [1991] recomendam, quando essa informao no estiver disponvel, adotar o valor de 0,96* FR
(cp)n, ou seja, 96% do valor medido experimentalmente durante os ensaios do PBE / INMETRO.

Avaliando-se cuidadosamente as equaes 8.1 e 8.2, constata-se que o parmetro X est


relacionado s perdas trmicas do coletor solar, enquanto o parmetro Y depende da energia solar
absorvida pela placa. Portanto, conclui-se que no dimensionamento de uma instalao de
aquecimento solar deve-se buscar valores de X cada vez menores, enquanto os valores de Y
devem ser sempre maximizados.
A determinao da frao solar f pode ser feita pelo baco da figura 8.4, apresentada a seguir, ou
da seguinte equao emprica, proposta por Klein:

f = 1,029 Y 0,065 X 0,245 Y 2 + 0,0018 X 2 + 0,0215 Y 3

(8.4)

A adoo deste modelo deve atender s restries mencionadas na tabela a seguir, citadas por
Duffie e Beckmann:

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

160

MDULO - SOLAR
Tabela 8.1 - Faixa de Parmetros de Projetos Usados no Desenvolvimento da Carta - F

0,6 <

()n

< 0,9

FRAC

< 120 m

<

2,1

<

UL

< 8,3 W/mC

30

<

< 90

83

<

(UA)h

< 667 W/C

A equao 8.4 pode ser representada graficamente na forma:

Frao Solar
3,50
f=0,9
3,00
f=0,8

2,50

f=0,7

2,00

f=0,6
f=0,5

1,50

f=0,4
f=0,3

1,00

f=0,2
f=0,1

0,50
0,00
0

10

12

14

16

18

Figura 8.4 - baco para Determinao da Frao Solar -

Fator de Correo Xc1


O Modelo da Carta-F foi desenvolvido considerando-se uma relao de 75 litros de gua quente
armazenada por m2 de rea coletora. Entretanto, para determinadas condies operacionais esta
relao no recomendada. Para o Brasil, devido nossa diversidade climtica tal relao no
adequada para todas as cidades.
Nesses casos, Duffie e Beckman [1991] propuseram uma correo no adimensional X, dado pela
equao :
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

161

MDULO - SOLAR

X c1

relao volume/re a
=X

75 l/m2

0 ,25

(8.5)

Fator de Correo Xc2


Esta segunda correo tambm se torna necessria pela diversidade da nossa situao frente
realidade americana, no que se refere necessidade de aquecimento de gua e do ambiente na
maioria das residncias. Quando o uso da energia solar restringe-se apenas ao aquecimento de
gua, Duffie e Beckman [1991] propuseram uma segunda correo ao adimensional X, na forma:

11,6 + 3.86Trede + 1.18Tf, min - 2,32T amb


X c 2 = X c1

100 - T amb

(8.6)

em que:
Trede : temperatura na qual a gua admitida da rede pblica;
Tf,min: temperatura mnima desejvel de gua quente.

Assim, a equao 8.4 deve ser recalculada para incluir as duas correes propostas.

Frao Solar Anual F


A frao solar anual F definida como a razo entre a soma das contribuies mensais do
aquecimento solar e a demanda anual de energia que seria necessria para fornecer o mesmo
nvel de conforto. dada pela equao:
12

F=

fL
i

i=1
12

(8.7)

i=1

Um exerccio completo e as planilhas automatizadas de clculo esto disponveis no material


complementar a este manual.

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

162

10
AQUECIMENTO AUXILIAR

Tipos de Sistemas
Dimensionamento
Controle e Acompanhamento

MDULO - SOLAR

INTRODUO
O aquecimento solar caracteriza-se por utilizar o sol como sendo uma fonte gratuita e infinita de
energia, que chega a Terra em diferentes intensidades, variando com o horrio do dia e regio do
planeta.

Seu uso capaz de proporcionar uma grande economia em insumos energticos, tanto com a
minimizao no consumo de eletricidade quanto na reduo da queima de combustveis fsseis
poluentes e no renovveis.

Porm, o sistema de aquecimento solar dependente da disponibilidade de radiao solar e, para


garantir gua quente aos usurios durante os perodos sem o recurso solar, utiliza os conceitos de
termoacumulao e aquecimento auxiliar. A termoacumlao, que nada mais que o uso reservatrios
trmicos est limitada por questes prticas e financeiras. Por exemplo, se o sistema tem de prover gua
quente mesmo aps vrios dias de chuva, no faz sentido instalar um reservatrio trmico enorme. Nesse
caso, o melhor usar uma fonte convencional de energia, atravs do aquecimento auxiliar.

Os sistemas auxiliares, como o prprio nome diz, vm em auxlio instalao principal quando
esta no capaz, por qualquer razo (falta de radiao solar mnima, consumo alm do estimado
e at sub-dimensionamento do sistema de aquecimento solar), de suprir com gua quente o
consumo dela requerido.

Um sistema no elimina o outro, ambos se complementam garantindo conforto, confiabilidade e


reduo do consumo de energia para aquecimento de gua.

10.1 Tipos de sistemas auxiliares

No aquecimento de gua para banho, a escolha do tipo de sistema de aquecimento auxiliar ao


solar depende de alguns fatores, pois cada projeto tem sua peculiaridade na definio das
prioridades, disponibilidades e interesses na escolha da fonte de energia auxiliar. Em geral, e mais
difundido no mercado, a escolha recai sobre a eletricidade devido disponibilidade, facilidade de
controle e baixo investimento inicial, mas outros sistemas tambm devem ser analisados como,
por exemplo, sistemas de aquecimento gs, bombas de calor, etc. Para aquecimento de piscinas,
os sistemas mais utilizados so os que utilizam bomba de calor e aquecimento a gs.

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

166

MDULO - SOLAR

10.1.1 Eltrico

Como apresentado anteriormente, a definio do tipo de aquecimento auxiliar determinado por


parmetros de projeto que envolvem, alm da adequao ao sistema, aspectos relativos a
operao e manuteno. Atualmente no Brasil, a maioria dos sistemas de aquecimento de
auxiliares ao solar para aplicaes de banho, so eltricos. Dentro desse contexto podemos dividir
os sistemas auxiliares eltricos em dois grupos:

a. Sistema auxiliar de acumulao

Esse tipo de sistema constitudo por uma ou mais resistncia eltricas acopladas ao corpo
interno do reservatrio e conectada a um termostato, cuja funo controlar o funcionamento da
resistncia eltrica.

Figura 10.1 Exemplos de resistncias eltricas em reservatrios trmicos


Fonte: acervo GREEN

As resistncias eltricas utilizadas em sistemas auxiliares de aquecimento solar so tubulares,


blindadas contendo um, dois ou mais elementos conforme as necessidades da instalao.

Figura 10.2 Exemplos de resistncias eltricas tubulares


Fonte: website asresistencias

Os termostatos, nos sistemas auxiliares de aquecimento solar, permitem o acionamento da


resistncia eltrica quando o mesmo identifica temperaturas abaixo das quais foram previamente
estabelecidas pelo usurio ou fabricante. Normalmente a temperatura de regulagem do termostato,
para sistemas de aquecimento solar, de 45C, gara ntindo, dessa forma, a manuteno da
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

167

MDULO - SOLAR

temperatura da gua armazenada no reservatrio dentro da faixa de consumo. Os termostatos


podem ser do tipo encosto ou imerso. Os termostatos de encosto so fixados na parede externa
do corpo interno do reservatrio. J o bulbo do termostato de imerso instalado em um poo.
Termostatos tambm so classificados como regulveis ou fixos. Isso diz respeito sua
temperatura de acionamento. A maior desvantagem de termostatos regulveis que muita gente
associa a temperatura de regulagem com potncia da resistncia. Assim, o usurio acha que
quanto maior a temperatura, mais rpido ser o aquecimento, levando a o um consumo de energia
desnecessrio.

Termostato de encosto regulvel

Termostato de imerso regulvel

Figura 10.3 Exemplos de termostatos


Fonte: website termotemp

b. Sistema auxiliar de passagem

Esse tipo de sistema constitudo por um aquecedor de passagem eltrico que fica ligado
diretamente ao ponto de consumo podendo ser, inclusive,o prprio chuveiro eltrico.

Sistema de aquecimento em srie com chuveiro

Aquecedor de passagem eltrico

eltrico (Adaptado Soletrol)


Figura 10.4 Aquecimento solar em srie com sistema auxiliar eltrico

O uso do chuveiro eltrico como sistema de aquecimento auxiliar vem sendo amplamente
difundido em residncias de interesse social pois, proporcionam

economias superiores aos

sistemas controlados por termostato, uma vez que o aquecimento auxiliar s entrar em ao no
momento do consumo da gua quente. Levantamentos realizados com usurios desses sistemas
identificaram que mesmo em meses mais frios ou dias nublados, a chave seletora de temperaturas
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

168

MDULO - SOLAR

do chuveiro eltrico colocada na posio vero ou morno (posio onde o consumo de


energia menor), deixando a cargo do usurio o controle da temperatura adequada para banho.
Alguns chuveiros possuem controle de potncia contnuo, o que permite mxima economia, pois
assim se utiliza apenas o complemento necessrio para atingir-se a temperatura desejada.

Figura 10.5 Chuveiro eltrico com controle de potncia


Fonte: www.thermosystem.com.br

10.1.2 Gs
O sistema de aquecimento auxiliar a gs vem sendo muito utilizado em residncias de luxo e em
instalaes de mdio e grande porte. Na instalao desse tipo de sistema importante seguir
todas as normas tcnicas de segurana, operao e instalao. Assim como no sistema auxiliar
eltrico pode-se dividir o sistema auxiliar a gs em duas categorias distintas a seguir detalhadas.

Figura 10.6. Aquecedores a gs de passagem


Fonte: website Bosch e Komeco

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

169

MDULO - SOLAR

a. Sistema auxiliar a gs de acumulao

Nessa interligao, as resistncias eltricas do reservatrio so substitudas por aquecedores de


passagem e o termostato, localizado no reservatrio trmico, comandar o funcionamento da
bomba, a qual ir circular a gua pelos aquecedores, quando identificar que a temperatura da
gua armazenada est abaixo da pr-estabelecida. Vale lembrar que para esse tipo de sistema
importante verificar se o aquecedor a gs est preparado para receber gua quente, uma vez que
ele ser gua pr-aquecida do reservatrio trmico.

Figura 10.7. Associao entre reservatrios trmicos e aquecedor de passagem

b. Sistema auxiliar a gs de passagem

Esse tipo de associao tambm possvel de ser realizado, todavia, o nmero de aquecedores
deve ser dimensionado para suprir a vazo mxima de consumo, pois devem fornecer gua
quente instantaneamente. Outro ponto importante a ser observado nesse tipo de instalao, alm
da verificao se o aquecedor est preparado para receber gua quente, se a presso da gua
que circula por ele ser suficiente para aciona-lo ou se ser necessria a instalao de um sistema
pressurizador.

Figura 10.8. Instalao em srie com a sada de consumo

A associao entre reservatrios trmicos e caldeiras ou geradoras de gua quente tambm pode ser feita, devendo ser
estudada, caso a caso, qual a melhor forma de interligao.
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

170

MDULO - SOLAR

10.1.3 Bomba de Calor

A bomba de calor, tambm chamada de trocador de calor, um equipamento de elevada eficincia


trmica e muito utilizada como sistema de aquecimento auxiliar ao aquecimento solar de piscina.

Figura 10.9. Bombas de calor


Fonte: website Heliotek e Sodramar

De forma simplificada, pode-se dizer que uma bomba de calor composta por cinco componentes
bsicos: ventilador, evaporador, compressor, condensador e vlvula de expanso.

Figura 10.10. Esquema de funcionamento de uma bomba de calor

comum, entre os fabricantes e revendedores desses equipamentos, o uso do termo COP,


quando se deseja comparar modelos diferentes de produtos. O COP, sigla utilizada para definir
Coeficiente de Performance, a relao entre a energia cedida a gua e a energia consumida
pela bomba de calor.
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

171

MDULO - SOLAR

COP =

Energia Cedida a gua da Piscina


Energia Consumida pela Bomba de Calor

(10.1)

Dessa forma, pode-se concluir que quanto maior o COP maior ser a eficincia do equipamento.
Por exemplo, se temos uma bomba de calor cujo COP igual a 3,5, equivale a dizer, de acordo
com a equao 10.1, que a bomba consumir 1 kW para produzir 3,5 kW e que ser melhor que
um equipamento com COP igual a 3.
O correto dimensionamento do sistema de aquecimento auxiliar de uma piscina, atravs de
bombas de calor, deve ser realizado analisando-se o balano de energia da instalao, o qual
ser detalhado no capitulo 14.

10.2 Dimensionamento

O dimensionamento do sistema de aquecimento auxiliar, de uma instalao de banho, deve


considerar o perfil de consumo dirio de gua quente, o tempo mximo para aquecimento da gua
que ser consumida em um determinado horrio e as demais particularidades de cada instalao.
A seguir apresenta-se um exemplo de dimensionamento de um sistema de aquecimento auxiliar
para um vestirio.

Estudo de Caso 10.1:

Dimensione o sistema de aquecimento auxiliar eltrico e a gs para o sistema de aquecimento


solar do vestirio de uma indstria com as seguintes caractersticas:
a. Nmero de banhos dirios : 50
b. Vazo dos chuveiros: 8 l/min
c. Tempo de banho: 5 min
d. Horrio dos banhos: 17:00 hs
e. Temperatura ambiente: 18C
f. Temperatura do banho 40C
1 Passo: Dimensionamento da demanda diria de gua quente

Utilizando-se a equao 8.1 tem-se:

Vtotal-pto = Qpto x tpto x Npto


Vtotal-pto = 8l/min x 5 min x 50
Vtotal-pto = 2000 litros

2 Passo: Dimensionamento da demanda diria de energia


Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

172

MDULO - SOLAR

Utilizando-se a equao 8.2 com valores dirios tem-se:

Ldirioo = 51,08 kWh/dia


3 Passo: Dimensionamento da potncia do sistema de aquecimento auxiliar

Como os banhos ocorrem s 17:00 hs, um tempo seguro para aquecimento da gua seria 3
horas antes do consumo. Dessa forma tem-se:

Potncia da resistncia = Ldirioo / 3 h


Potncia da resistncia = 17,03 kW

Dessa forma, o reservatrio trmico dever possuir um conjunto de resistncias eltricas com
esta potncia.
Se o sistema de aquecimento auxiliar fosse a gs os aquecedores de passagem deveriam
possuir:

1 kW = 860 kcal/h

Logo:

Potncia do sistema = 860 x 17,03


Potncia do sistema = 14.645,8 kcal/h

Observao:

Neste exemplo, o sistema de aquecimento auxiliar foi dimensionado para aquecer toda a gua
consumida no perodo de 3 horas, tendo em vista o atendimento de um pico de consumo.
Entretanto muito importante no deixar que o sistema auxiliar concorra com o aquecimento
solar, controlando o perodo de funcionamento das resistncias eltricas ou aquecedores a gs
com auxilio de um timer.

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

173

MDULO - SOLAR

10.3 Controle e acompanhamento


Como apresentado no exemplo 10.1 fundamental que no se permita que o sistema de
aquecimento auxiliar funcione e aquea a gua em perodos e dias de sol, o que eventualmente
poder ocorrer caso s sistema fique submetido apenas ao controle do termostato. No Brasil,
diversas residncias vem utilizando o controle manual do sistema de aquecimento auxiliar atravs
do disjuntor da resistncia eltrica, acionando-o somente em dias onde o consumo de gua quente
ser maior que o armazenado no reservatrio ou em dias nublados ou chuvosos. Esse tipo de
prtica, obviamente, exige familiaridade com o sistema, a qual adquirida atravs do
acompanhamento e conhecimento dos hbitos de consumo da residncia. Nos casos onde este
acompanhamento no possvel por motivos de desconhecimento ou conforto, pode-se utilizar um
timer para programao dos horrios onde o aquecimento auxiliar poder atuar.

Figura 10.11. Timer


Fonte: www.coel.com.br

Uma forma de controle e verificao do funcionamento do sistema de aquecimento solar o


acompanhamento mensal do nmero de horas de funcionamento da resistncias eltricas ou
da bomba do aquecedor a gs, atravs de um hormetro. Com o auxilio desse dispositivo e
dos hbitos de consumo dos usurios do sistema de aquecimento solar ser possvel definir
os horrios de funcionamento do sistema de aquecimento auxiliar e a melhor configurao
para seu sistema.

Figura 10.12. Hormetro


Fonte: www.coel.com.br

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

174

11
ANALISE DE VIABILIDADE ECONMICA

Conceitos Bsicos
Mtodos para Anlise de Viabilidade de Projetos

MDULO - SOLAR

INTRODUAO

A deciso quanto troca de equipamentos convencionais de aquecimento por energia solar ou


mesmo a instalao pura e simples deste, se constitui em um exemplo de utilizao de conceitos
de Anlise de Investimentos que um ramo da Matemtica Financeira, cuja maior preocupao
com o comportamento do capital no tempo.

A Anlise de Investimentos definida como o conjunto de tcnicas que permitem a comparao,

de uma maneira cientfica, entre os resultados de tomada de decises referentes a alternativas


diferentes.

Alm das tcnicas utilizadas, que sero posteriormente demonstradas, so vrios os aspectos a
serem observados no momento em que se faz necessria uma tomada de deciso, devendo se
considerar, ainda, que tal deciso envolve componentes financeiros e no-financeiros.

O primeiro aspecto a ser considerado diz respeito ao fato de que, quando h necessidade de se
decidir quanto utilizao de energia solar, no se pode trabalhar com uma alternativa nica.
Assim, caso se pense em substituio, deve-se analisar o ganho econmico-financeiro em relao
ao sistema anterior, enquanto se s se pensar em aquecimento, quando este no existia, tem-se
que pensar em termos de conforto, embora, sempre, no se possa dimension-lo, em termos
financeiros.

O segundo seria a preocupao em s se comparar alternativas homogneas. No caso de


substituio, por exemplo, de chuveiros eltricos por coletor solar, o volume e temperatura da gua
deveriam ser equalizados para que a comparao se torne justa.

Um outro aspecto, o terceiro, diz que apenas as diferenas de alternativas so relevantes. Desse
modo, se houver, por exemplo, troca de uma bomba de calor por coletores, o investimento na
bomba no seria considerado, nem na situao atual, tendo em vista que ela j foi adquirida e est
em funcionamento e no haveria necessidade de aquisio de outra para servir ainda como um
equipamento auxiliar, pois ela j existe.

O quarto aspecto a ser observado que as alternativas estudadas devem sempre considerar o
valor do capital no tempo, ou seja, valores nominalmente iguais em investimentos, custos
operacionais ou em reduo de gastos, porm ocorrendo em pocas distintas, na realidade,
so diferentes quando analisados sob a tica da matemtica financeira ou da anlise de
investimentos
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

177

MDULO - SOLAR

O quinto aspecto diz respeito a ser considerado o problema do capital escasso. Qualquer
alternativa que exija quantia superior aos recursos disponveis, sejam prprios ou de terceiros,
deve ser descartada.

O sexto ponto fala da necessidade de que decises separveis devem ser tratadas isoladamente.
Por exemplo, se uma empresa estiver analisando, simultaneamente, a troca de chuveiros eltricos
e de aquecimento industrial por energia solar, os dois projetos devem ser analisados
separadamente, pois um deles pode ser vivel e o outro no, mas em conjunto serem viveis.
Nesse caso, se optasse apenas pelo projeto que vivel, seu ganho seria maior.

O stimo aspecto recomenda que se atribua certo peso para aquelas previses que apresentam
determinado grau de incerteza. o que ocorre, por exemplo, com as estimativas das mdias de
temperatura e dos dias de chuva, quando se projeta a utilizao de coletores solar.

Uma outra situao que deve ser levada em considerao na elaborao de um projeto diz
respeito aos aspectos qualitativos no quantificveis em termos monetrios. Nesse caso, tem-se
os aspectos ambientais, como ocorre com a gerao de CO2, quando se utiliza o aquecimento
atravs de leo combustvel, diesel, GLP e gs natural

Finalmente, os dados econmicos e gerenciais so de extrema importncia na tomada de deciso.


Principalmente, para empresas, a vida til de determinados equipamentos pode no corresponder
aos prazos determinados por lei. Dessa forma, deve-se levar em conta, sempre, o prazo real alm
de se considerar o reinvestimento em equipamentos.

A Anlise de Investimentos, basicamente, utiliza quatro mtodos para determinao da viabilidade


ou no de algumas decises.

Esses mtodos so os clculos do VALOR PRESENTE LQUIDO (VPL), da TAXA INTERNA DE


RETORNO (TIR), do PAY BACK SIMPLES e do PAY BACK DESCONTADO.

11.1. Valor Presente Lquido (VPL)


O Valor Presente Lquido (VPL) descapitaliza os desembolsos e economias ao longo do tempo de
durao do projeto para o tempo atual, utilizando-se a seguinte frmula:

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

178

MDULO - SOLAR

FV1

FV2

FV3

__

FVn

VPL = ----------- + ----------- + ----------- + ...... + ---------(1 + i)

(1 + i)

(1 + i)

(1 + i)

(11.1)

Onde:
VPL : valor atual
FV : valor de um desembolso ou de um ganho no futuro
i : taxa de juros mensal (da poupana ou de qualquer outra aplicao pertinente)
n : prazo (expresso em meses)

O projeto ser vivel se o VPL for positivo.

11.2. Taxa Interna de Retorno (TIR)


A Taxa Interna de Retorno (TIR) que corresponde a uma taxa mensal que anula o Fluxo de Caixa,
determinando a real rentabilidade gerada pelo projeto, ou seja:

0=

E0
(1 + i)

E1
(1 + i)

E2
(1 + i)

+K+

En
(1 + i) n

(11.2)

Onde:
E: corresponde aos eventos (entradas ou sadas de recursos) que ocorrem ao longo do
projeto.

O projeto ser vivel caso a TIR seja superior taxa de atratividade i desejada.

11.3. Pay-back
O Pay Back calculado de duas maneiras:
O Pay Back Simples tem o defeito de no considerar o valor do capital no tempo, mostrando
apenas o momento em que, atravs de valores nominais, acontece o retorno do investimento
inicial.

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

179

MDULO - SOLAR

O Pay Back Descontado j considera o valor do capital no tempo, pois descapitaliza cada parcela
ao longo do projeto da mesma forma que a utilizada no VPL, mostrando o momento exato em que
acontece o retorno do investimento inicial agora em termos reais.

Em ambos os casos, o projeto s ser vivel se o prazo de retorno do investimento se der dentro
do perodo previsto, normalmente a vida til do equipamento.

Para efeito didtico, apresentaremos a anlise de investimento de um sistema utilizando a planilha


de clculos presente no material complementar deste livro texto.

Estudo de caso 11.1


Para um edifcio residencial, tem-se os seguintes dados:

Localidade: Belo Horizonte MG

Temperatura mdia: 21o C

Nmero de apartamentos: 16

Nmero de moradores por apartamento: 3

Tempo mdio de banho: 10 minutos

Vazo mdia das duchas: 8 litros/minuto

gua quente nos lavatrios: sim

gua quente na cozinha: sim

Volume armazenado: 5.000 litros

Sistema de aquecimento auxiliar: resistncias eltricas

Custo do kwh: R$ 0,55

Custo estimado da instalao: R$ 40.000,00

Vida til dos equipamentos: 15 anos

Custo anual de manuteno da instalao: 2% ao ano

Frao solar mdia da instalao: 65%

Para deciso quanto aquisio do equipamento levaremos em conta duas situaes:


1a) Pagamento vista do equipamento,

Considerando-se a perda financeira da aplicao do investimento de acordo com uma taxa de


poupana de 0,75% (custo de oportunidade) ao ms
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

180

MDULO - SOLAR

ANLISE DA VIABILIDADE ECONMICA - INSTALAO DE AQUECIMENTO SOLAR


RESIDNCIAS E SISTEMAS DE GRANDE PORTE

Dados de Consumo

Dados Financeiros

TIPO DE CLIENTE

Taxa de Aumento - Energia Eltrica - Ano 2

6,00%
6,00%

N Pessoas por unidade

3,0

Taxa de Aumento - Energia Eltrica - Ano 3

N de unidades

16

Taxa de Aumento - Energia Eltrica - Ano 4

6,00%

48,0

Taxa de Aumento - Energia Eltrica - Ano 5

6,00%

N total de pessoas

112,00

Taxa de Aumento - Energia Eltrica - Ano 6

6,00%

Demanda Diria AQ (litros)

Consumo mdio por usurio (litros)

5.376,00

Taxa de Aumento - Energia Eltrica - Ano 7

6,00%

Volume Reservatrio (litros)

5.000,00

Taxa de Aumento - Energia Eltrica - Ano 8

6,00%

21

Taxa de Aumento - Energia Eltrica - Ano 9

6,00%

Taxa de Aumento - Energia Eltrica - Ano 10

6,00%

Taxa de Aumento - Energia Eltrica - Ano 11

6,00%

Taxa de Aumento - Energia Eltrica - Ano 12

6,00%

Temperatura Amb. Local (C)


Demanda Energia Mensal (kWh)

4.494,34

Dados da Instalao Solar


Frao Solar

0,650

Perdas no reservatrio (kWh/ms/litro)

0,15

Consumo Mensal de EE (kWh) - solar + perdas


% de Economia
Economia Mensal de EE (kWh)
Economia Anual de EE (kWh)
Preo da Instalao Solar

1.808,97
59,75%

Taxa de Aumento - Energia Eltrica - Ano 13

6,00%

Taxa de Aumento - Energia Eltrica - Ano 14

6,00%

Taxa de Aumento - Energia Eltrica - Ano 15

6,00%

Preo do kWh

R$ 0,55

Economia Mensal de EE (R$)

1.476,95

2.685,37

Economia Anual de EE (R$)

17.723,41

32.224,39

Gasto Mensal de EE -aquecimento gua (R$)

994,93

R$ 40.000,00

Valor Total do Investimento

R$ 40.000,00

Estudo da Viabilidade Econmica

R$ 0,00

Valor do Desembolso Inicial

R$ 40.000,00

Custo de Negociao e Parceria

R$ 0,00

Valor do Financiamento Total

Custo do Projeto de Engenharia

R$ 0,00

Taxa mensal de financiamento

1,50%

Custos Adicionais de Instalao

R$ 0,00

Custo de oportunidade (Aplicaes)

0,75%

Valor Total do Investimento


Manuteno (% do investimento)

R$ 0,00

R$ 40.000,00

N de Prestaes Mensais

2,00%

Valor da Prestao Mensal

R$ 0,00

Figura 11.1 Dados de Entrada Situao 1

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

181

MDULO - SOLAR

RETORNO DE INVESTIMENTO EM INSTALAES SOLARES


RESIDNCIAS E SISTEMAS DE GRANDE PORTE
Perodo
(meses)
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30

Demanda
Energia
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$

Instalao
Solar
R$ 40.000,00
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60

2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.777,41
2.777,41
2.777,41
2.777,41
2.777,41
2.777,41

Nominal
R$ (40.000,00)
R$
1.410,28
R$
1.410,28
R$
1.410,28
R$
1.410,28
R$
1.410,28
R$
1.410,28
R$
1.410,28
R$
1.410,28
R$
1.410,28
R$
1.410,28
R$
1.410,28
R$
1.410,28
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.715,81
R$
1.715,81
R$
1.715,81
R$
1.715,81
R$
1.715,81
R$
1.715,81

Diferena
Atual
R$ (40.000,00)
R$ 1.399,79
R$ 1.389,37
R$ 1.379,02
R$ 1.368,76
R$ 1.358,57
R$ 1.348,45
R$ 1.338,42
R$ 1.328,45
R$ 1.318,56
R$ 1.308,75
R$ 1.299,01
R$ 1.289,34
R$ 1.414,32
R$ 1.403,79
R$ 1.393,34
R$ 1.382,97
R$ 1.372,68
R$ 1.362,46
R$ 1.352,32
R$ 1.342,25
R$ 1.332,26
R$ 1.322,34
R$ 1.312,50
R$ 1.302,72
R$ 1.423,45
R$ 1.412,86
R$ 1.402,34
R$ 1.391,90
R$ 1.381,54
R$ 1.371,25

R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$

Acumulada
(40.000,00)
(38.589,72)
(37.179,43)
(35.769,15)
(34.358,86)
(32.948,58)
(31.538,29)
(30.128,01)
(28.717,72)
(27.307,44)
(25.897,15)
(24.486,87)
(23.076,59)
(21.517,99)
(19.959,39)
(18.400,79)
(16.842,20)
(15.283,60)
(13.725,00)
(12.166,40)
(10.607,81)
(9.049,21)
(7.490,61)
(5.932,01)
(4.373,41)
(2.657,61)
(941,80)
774,01
2.489,82
4.205,63
5.921,44

Figura 11.2 Fluxo de Caixa Situao 1

Verifica-se que o perodo onde a diferena no fluxo de caixa se torna positiva significa que ocorreu
o retorno do investimento.
TIR

3,39% a.m.
49,19% a.a.

VPL

R$

Pay-back descontado

459.338,14
27 meses

Figura 11.3 Resultados Situao 1

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

182

MDULO - SOLAR

2a) Financiamento de 50% do equipamento, com uma taxa de juros mensal de 1,5% .

ANLISE DA VIABILIDADE ECONMICA - INSTALAO DE AQUECIMENTO SOLAR


RESIDNCIAS E SISTEMAS DE GRANDE PORTE

Dados de Consumo

Dados Financeiros

TIPO DE CLIENTE

Taxa de Aumento - Energia Eltrica - Ano 2

6,00%

N Pessoas por unidade

3,0

Taxa de Aumento - Energia Eltrica - Ano 3

6,00%

N de unidades

16

Taxa de Aumento - Energia Eltrica - Ano 4

6,00%
6,00%

N total de pessoas

48,0

Taxa de Aumento - Energia Eltrica - Ano 5

112,00

Taxa de Aumento - Energia Eltrica - Ano 6

6,00%

Demanda Diria AQ (litros)

5.376,00

Taxa de Aumento - Energia Eltrica - Ano 7

6,00%

Volume Reservatrio (litros)

5.000,00

Taxa de Aumento - Energia Eltrica - Ano 8

6,00%

21

Taxa de Aumento - Energia Eltrica - Ano 9

6,00%

Taxa de Aumento - Energia Eltrica - Ano 10

6,00%

Taxa de Aumento - Energia Eltrica - Ano 11

6,00%

Taxa de Aumento - Energia Eltrica - Ano 12

6,00%

Taxa de Aumento - Energia Eltrica - Ano 13

6,00%

0,650

Taxa de Aumento - Energia Eltrica - Ano 14

6,00%

0,15

Taxa de Aumento - Energia Eltrica - Ano 15

Consumo mdio por usurio (litros)

Temperatura Amb. Local (C)


Demanda Energia Mensal (kWh)

4.494,34

Dados da Instalao Solar


Frao Solar
Perdas no reservatrio (kWh/ms/litro)
Consumo Mensal de EE (kWh) - solar + perdas
% de Economia
Economia Mensal de EE (kWh)
Economia Anual de EE (kW h)
Preo da Instalao Solar

1.808,97
59,75%
2.685,37
32.224,39
R$ 40.000,00

6,00%

Preo do kW h

R$ 0,55

Economia Mensal de EE (R$)

1.476,95

Economia Anual de EE (R$)

17.723,41

Gasto Mensal de EE -aquecimento gua (R$)

994,93

Valor Total do Investimento

R$ 40.000,00

Estudo da Viabilidade Econmica

R$ 0,00

Valor do Desembolso Inicial

R$ 20.000,00

Custo de Negociao e Parceria

R$ 0,00

Valor do Financiamento Total

R$ 20.000,00

Custo do Projeto de Engenharia

R$ 0,00

Taxa mensal de financiamento

1,50%

Custos Adicionais de Instalao

R$ 0,00

Custo de oportunidade (Aplicaes)

0,75%

Valor Total do Investimento


Manuteno (% do investimento)

R$ 40.000,00

N de Prestaes Mensais

12

2,00%

Valor da Prestao Mensal

R$ 1.833,60

Figura 11.4 Dados de Entrada Situao 2

Caso haja um aumento no custo de oportunidade ou na taxa de financiamento, haver uma


ampliao no prazo de retorno.

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

183

MDULO - SOLAR

RETORNO DE INVESTIMENTO EM INSTALAES SOLARES


RESIDNCIAS E SISTEMAS DE GRANDE PORTE
Perodo
(meses)
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30

Demanda
Energia
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$

Instalao
Solar
R$ 20.000,00
R$ 2.895,20
R$ 2.895,20
R$ 2.895,20
R$ 2.895,20
R$ 2.895,20
R$ 2.895,20
R$ 2.895,20
R$ 2.895,20
R$ 2.895,20
R$ 2.895,20
R$ 2.895,20
R$ 2.895,20
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60
R$ 1.061,60

2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.471,88
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.620,20
2.777,41
2.777,41
2.777,41
2.777,41
2.777,41
2.777,41

Nominal
R$ (20.000,00)
R$
(423,32)
R$
(423,32)
R$
(423,32)
R$
(423,32)
R$
(423,32)
R$
(423,32)
R$
(423,32)
R$
(423,32)
R$
(423,32)
R$
(423,32)
R$
(423,32)
R$
(423,32)
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.558,60
R$
1.715,81
R$
1.715,81
R$
1.715,81
R$
1.715,81
R$
1.715,81
R$
1.715,81

Diferena
Atual
R$ (20.000,00)
R$
(420,16)
R$
(417,04)
R$
(413,93)
R$
(410,85)
R$
(407,79)
R$
(404,76)
R$
(401,74)
R$
(398,75)
R$
(395,78)
R$
(392,84)
R$
(389,91)
R$
(387,01)
R$ 1.414,32
R$ 1.403,79
R$ 1.393,34
R$ 1.382,97
R$ 1.372,68
R$ 1.362,46
R$ 1.352,32
R$ 1.342,25
R$ 1.332,26
R$ 1.322,34
R$ 1.312,50
R$ 1.302,72
R$ 1.423,45
R$ 1.412,86
R$ 1.402,34
R$ 1.391,90
R$ 1.381,54
R$ 1.371,25

R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$

Acumulada
(20.000,00)
(20.423,32)
(20.846,63)
(21.269,95)
(21.693,26)
(22.116,58)
(22.539,89)
(22.963,21)
(23.386,52)
(23.809,84)
(24.233,15)
(24.656,47)
(25.079,78)
(23.521,19)
(21.962,59)
(20.403,99)
(18.845,39)
(17.286,80)
(15.728,20)
(14.169,60)
(12.611,00)
(11.052,41)
(9.493,81)
(7.935,21)
(6.376,61)
(4.660,80)
(2.944,99)
(1.229,18)
486,62
2.202,43
3.918,24

Figura 11.5 Fluxo de Caixa Situao 2

TIR

3,69% a.m.
54,55% a.a.

VPL

R$

Pay-back descontado

457.334,94
28 meses

Figura 11.6 Resultados Situao 2

Verifica-se que mesmo com financiamento de 50% do valor total da instalao o prazo de retorno
do investimento no aumenta significativamente. Este fato pode ser explicado atravs do fluxo de
caixa da instalao, uma vez que a economia gerada com o uso do aquecimento solar possibilita o
pagamento das prestaes amortizando mais rapidamente o investimento realizado.

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

184

12
INSTALAES DE PEQUENO PORTE

Termossifo
Princpios de Funcionamento
Desafios e Solues de Instalao
Circulao Forada

MDULO - SOLAR

CIRCULAO NATURAL (TERMOSSIFO)

INTRODUO

Mais de 90% dos sistemas de aquecimento solar no Brasil so sistemas termossifo, que oferecem
ao consumidor baixo custo, eficincia e confiabilidade. Como apresentado anteriormente, em
relao circulao da gua, vale lembrar que, dividimos os sistemas de aquecimento solar em
duas categorias. Nos sistemas bombeados, uma moto-bomba responsvel pela circulao da
gua, que sai do reservatrio trmico (RT), passa pelos coletores e volta para o reservatrio. J
nos sistemas por termossifo, essa circulao ocorre de maneira natural.

Alm disso, um sistema operando com base no princpio do termossifo pode ser do tipo integrado,
acoplado (ou compacto) ou convencional. A fig. 12.1 mostra um desenho de um sistema integrado,
parte de uma das primeiras patentes relacionadas a um aquecedor solar, obtida por Clarence
Kemp, em 1891, nos Estados Unidos. Esse sistema era formado por trs tanques cilndricos
colocados dentro de uma caixa de madeira e com uma cobertura de vidro.

Figura 12.1. Sistema integrado patenteado nos Estados Unidos, em 1891, por Clarence Kemp.

Em um sistema integrado o reservatrio e o coletor constituem a mesma pea, sofrendo com a


elevada perda de calor noite, e, por causa disso, foi desenvolvido o sistema convencional, com a
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

187

MDULO - SOLAR

separao entre coletores e reservatrios. A Figura 12.2 mostra um desenho extrado da primeira
patente norte-americana com essa configurao, de 1910, onde pode-se observar distintamente o
reservatrio trmico e o coletor.

Figura 12.2. Sistema Night and Day patenteado em 1910 pelo norte-americano William Bailey. Esse foi o
primeiro sistema com a configurao convencional de reservatrio e coletores separados.

Desde ento, essa tem sido a configurao bsica dos sistemas de aquecimento solar por
termossifo. Uma pequena variao desses sistemas deu origem ao que chamamos de sistemas
compactos ou acoplados. Nesse caso, apesar de haver a separao fsica entre reservatrio e
coletores, os componentes ficam muito prximos e so, muitas vezes, comercializados como um
pacote ou mono-bloco. A figura 12.4 mostra alguns exemplos de sistemas compactos.

(foto: acervo Soletrol)

(fonte: website Unipac)

Figura 12.4 Sistemas de aquecimento solar compactos (ou acoplados).

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

188

MDULO - SOLAR

O presente captulo no detalha a instalao de sistemas compactos ou acoplados, j que o


procedimento trata-se de uma simplificao do que ser apresentado para os sistemas
convencionais.

Apesar das instalaes solares de pequeno porte por termossifo serem relativamente simples,
existem alguns complicadores. Primeiro, dificilmente uma equipe de engenharia estar envolvida
no projeto e execuo da instalao. Normalmente, ou um tcnico (que pode ser o prprio
instalador) ou o vendedor ser o responsvel pelo levantamento de dados e definio de
parmetros em relao instalao, como dimensionamento e posicionamento dos componentes.
Segundo, na hora de realizar a instalao, mais cuidados devem ser observados no termossifo do
que em uma instalao bombeada. Mas se instalado de modo apropriado, o sistema termossifo
praticamente imune a falhas de circulao.

Assim, fica claro que o treinamento e a capacitao desses profissionais so to importantes para
o sucesso das instalaes quanto aquisio de um bom aquecedor solar.

12.1.1. Princpios de Funcionamento


Apesar de parecer um tanto quanto mgica forma como o sistema naturalmente promove a
circulao da gua, o princpio do termossifo bastante simples. Tudo comea com a mudana
da densidade da gua que ocorre quando h uma variao na sua temperatura. Para temperaturas
acima de 4oC, medida que a temperatura da gua aumenta, a sua densidade diminui.
1000

densidade (kg/m )

995
990
985
980
975
970
965
960
10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

temperatura ( C)
Figura 12.5. Variao da densidade da gua em relao ao aumento da temperatura.

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

189

MDULO - SOLAR

Isso quer dizer que medida que a gua aquecida, ela fica mais "leve" em relao gua mais
fria. Por isso, em um reservatrio trmico, a gua quente est sempre na parte mais alta. Na
verdade, a gua quente est flutuando sobre a gua mais fria, assim como uma bia cheia de ar
flutua sobre a gua porque o ar dentro dela menos denso do que a gua.

Agora vamos imaginar uma instalao hidrulica como a da figura 12.6.

Figura 12.6 Instalao hidrulica em U com colunas mesma temperatura.

A presso exercida pelas colunas de gua A e B, que esto paradas, sobre o ponto C chamada
de presso esttica. A frmula para a presso esttica manomtrica1 diz que a presso exercida
igual acelerao da gravidade versus a densidade do fluido (no caso, gua) versus a altura da
coluna, ou seja:

P=densgh

(12.1)

Onde:
P: a presso manomtrica esttica em pascals
dens: a densidade do fluido em kg/m3
g: a acelerao da gravidade (aproximadamente 9,8 m/s2)
h: altura da coluna em metros.

Se ento consideramos as presses exercidas pelas colunas A e B, podemos ver que elas so
iguais, pois as densidades so as mesmas e a altura h tambm a mesma. Nessas condies, as
duas colunas continuam em equilbrio e com a mesma altura.

A presso manomtrica a presso exercida pela coluna descontando-se a presso atmosfrica. Se


levarmos em conta a presso atmosfrica, temos o que chamamos de presso absoluta.
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

190

MDULO - SOLAR

Vamos imaginar agora que comeamos a fornecer energia para a coluna A, como na Fig.12.7.

Figura 12.7 Coluna A recebendo energia para aquecimento.

A gua no interior da coluna A comear a se aquecer. Porm, como se pode notar no grfico da
Fig. 12.6, se gua est mais aquecida, a sua densidade diminui. Ao observar a equao h1, notase que ao diminuir a densidade da gua, reduz-se a presso que a coluna exerce. Isso quer dizer
que a diminuio da densidade leva a uma reduo da presso da coluna A. Como a temperatura
da coluna B no mudou, surge uma diferena de presso. A
coluna A agora exerce menor presso e assim empurrada pela coluna B, at que uma nova
situao de equilbrio seja estabelecida (Fig.12.8).

Figura 12.8. Diferena de altura nas colunas gerada pelo aquecimento da coluna A.

Se agora incluirmos um reservatrio e fizermos um circuito fechado, como na Fig. 12.9, o efeito
causar um fluxo contnuo da gua no sentido do reservatrio para a coluna B e depois para a
coluna A, onde a gua aquecida e empurrada de volta para o reservatrio. E exatamente assim
que um aquecedor solar por termossifo funciona.

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

191

MDULO - SOLAR

Figura 12.9. Circulao por termossifo em um circuito fechado

O efeito termossifo em circuitos hidrulicos no usado apenas por sistemas de aquecimento


solar. Existem muitas outras aplicaes na engenharia trmica que se utilizam dessa diferena de
densidade para gerar a circulao do fluido no transporte de calor. Por exemplo, os sistemas de
resfriamento de reatores nucleares utilizam esse mesmo fenmeno para evitar o seu
superaquecimento. Outro exemplo acontece nos
aquecedores de gua lenha, tambm chamados de serpentina. Nesse caso, a gua aquecida
dentro da serpentina no fogo lenha, e flui para um tanque que fica acima do fogo.
Visto o princpio bsico de funcionamento, pode-se ento realizar alguns clculos bsicos para
melhor compreenso do fenmeno aplicado aos sistemas de aquecimento solar. Imagine que
temos um sistema como o da Fig. 12.10

Figura 12.10. Sistema de aquecimento solar operando em circuito por termossifo.

Imagine que toda a gua no reservatrio e na tubulao do trecho 1 est a 20oC e que a gua no
trecho 2 e nos coletores est a 40oC. Podemos ver que temos aqui de novo as colunas A e B.
Usando a equao h1 e sabendo que a altura h igual a 2,0 metros e a acelerao da gravidade
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

192

MDULO - SOLAR

igual aproximadamente a 9,8 m/s2, podemos calcular a presso manomtrica exercida por cada
coluna no ponto mais baixo do sistema (C). Falta saber a densidade da gua a 20 oC e a 40oC.
Olhando no grfico da Fig. 11.6 podemos ver que as densidades valem aproximadamente 998 e
983 kg/m3, respectivamente para a gua a 20 oC e a 40oC. Ento temos:

COLUNA A (gua quente)

COLUNA B (gua fria)

Pquente = densq x g x h = 983 x 9,8 x 2 = 19.267

pascal
Pfria = densf x g x h = 998 x 9,8 x 2 = 19.561

pascal

A diferena de presso ento igual a

19.561 - 19.267 = 294 pascal


Isso o equivalente a cerca de 30 mm2 de coluna de gua. Isso mesmo, milmetros! Ou seja, uma
pequena motobomba pode produzir facilmente 2 ou 3 metros de coluna de gua de presso
manomtrica, ou cerca de 100 vezes o valor que encontramos. Pode-se concluir ento que a fora
motriz do termossifo pequena. Pequena, mas suficiente para promover uma boa circulao em
um sistema bem instalado. Para isso, basta respeitar as limitaes e desafios do termossifo.

Estudo de Caso 12.1.


Um instalador deseja aumentar a fora que a coluna de gua fria exerce na circulao de um
sistema termossifo. Para isso, ele prope o aumento da coluna de gua fria em 1,0 m.
Chamaremos essa extenso da coluna de h1. Qual o efeito do aumento na fora motriz do
termossifo?

Inicialmente, fixa-se um ponto, aqui denominado de C no local mais baixo do sistema. A presso
exercida pela coluna de gua fria :

Pf = densf x g x h + densf x g x h1 = densf x g x (h+h1)

A presso exercida pela coluna do lado da gua quente :

1 mm H2O ( a 20 C) igual a aproximadamente 9,78 pascal.


Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

193

MDULO - SOLAR

Pq = densq x g x h + densf x g x h1
A diferena de presso ser:
Pf -Pq =(densf x g x h+densf x g x h1) - (densq x g x h+densf x g x h1)
Pf -Pq = densf x g x h - densq x g x h
Como se pode notar, essa alternativa no resulta no aumento da fora motriz do termossifo.

12.1.2. Os trs desafios do termossifo


a. Perda de Carga no Sistema

J foi demonstrado que a fora motriz do termossifo pequena. Isso quer dizer que, desejandose um fluxo de gua adequado durante um dia normal e operao do sistema, no se pode usar
tubos de dimetro muito pequeno, nem trechos de tubulao muito longos e/ou com excesso de
curvas e conexes. Normalmente usa-se tubos de 22 mm (3/4") em instalaes de at 8 m2 e 28

mm para instalaes acima disso, at um limite de 12 m2.

Essa regra se refere tubulao do sistema de aquecimento solar e no da


tubulao de distribuio de gua quente na casa.

Mas ateno:

Acima de 12 m2, a soluo dividir o sistema em dois ou mais sistemas separados. Mas claro
que, se o sistema for muito grande, digamos com 400 m2, no se deve instalar um grande nmero
de pequenos sistemas. O melhor nesse caso fazer uma nica instalao bombeada.

No existe uma frmula mgica para o dimensionamento da tubulao de um sistema termossifo,


pois o sistema ainda ter fluxo de gua mesmo que a perda de presso (perda de carga) na
tubulao seja alta. A diferena que o termossifo passa a operar a temperaturas cada vez mais
altas, para compensar a perda de presso. Isso porque a nica forma do sistema aumentar a sua
fora motriz aumentando a temperatura da gua no coletor, o que aumenta a diferena de
densidade entre a gua fria e a gua quente e, por conseqncia, aumenta a fora motriz. Mas a
eficincia dos coletores e de todo o sistema cai com o aumento da temperatura. Um sistema
operando normalmente trabalha com uma diferena de temperatura de cerca de 10 a 15oC entre a
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

194

MDULO - SOLAR

entrada e sada dos coletores. Diferenas de temperaturas de at 20oC no trazem grandes


problemas na eficincia do sistema, mas acima disso j comea a haver considervel prejuzo. Se

a diferena de temperatura na entrada e na sada do coletor for 35oC ou maior, pode-se


concluir que existe um problema de circulao no sistema.

Um sintoma desse tipo de problema um sistema que, ao final do dia, sem que a gua tenha sido
usada durante o perodo, apresenta uma pequena quantidade de gua muito quente no
topo do RT enquanto o resto gua fria. Isso quer dizer que o sistema circula pouca gua a uma
temperatura muito alta. E isso acontece por causa de um ou mais dos seguintes motivos: o
dimetro da tubulao muito pequeno, h muitas curvas na interligao coletores/reservatrio
trmico, os trechos retos so muito longos, h algum bloqueio na tubulao.

Para evitar-se problemas, deve-se seguir algumas regras prticas no dimensionamento das
tubulaes. Para isso pode-se usar o conceito de comprimento equivalente de tubulao. A idia
calcular as conexes como equivalentes de trechos de tubos retos. Nos anexos deste manual
apresenta-se uma tabela com os comprimentos equivalentes para tubulaes de diferentes
dimetros (No termossifo normalmente utilizam-se tubos de 22mm e 28mm)
Na tabela, pode-se observar que um cotovelo de 90o e 22 mm possui um comprimento equivalente
a 1,2 metro, isso quer dizer que essa conexo produz a mesma perda de carga que um trecho reto
com 1,2 m de comprimento. Assim, "convertem-se" as conexes em trechos retos.

Estudo de Caso 12.2.


Clculo de comprimento equivalente

Em uma instalao, deseja-se calcular o comprimento equivalente das conexes e o comprimento


equivalente total. As conexes so as seguintes: 04 cotovelos de 90o /22 mm, 02 Curvas de
45o/22 mm, 02 registros de gaveta abertos/22 mm e 15 metros de tubos retos/22 mm

Observando-se a tabela 12.1, pode-se calcular:

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

195

MDULO - SOLAR

Quantidade

Comprimento
equivalente p/ pea

Comprimento
equivalente total

1,2

4,8

0,5

Registro Gaveta

0,2

0,4

Trechos retos

15 m

15

Pea
Cotovelo 90o
Curva 45

Conclui-se ento que o comprimento equivalente em trechos retos de tubos de 22 mm dessa


instalao seria 21,2 m.

Falta saber qual seria o mximo recomendado em termos de comprimento equivalente para
diferentes instalaes. As tabelas 12.2 e 12.3 mostram esses valores mximos recomendados, de
acordo com o volume a ser aquecido diariamente e tambm a altura entre o topo dos coletores e o
fundo do reservatrio (que chamaremos de agora em diante apenas de distncia topo/fundo).
Essas tabelas foram desenvolvidas baseadas em coletores com inclinao de 18o e dados para a
cidade de So Paulo (SP). Adotou-se um mximo geral de 25 metros de comprimento equivalente,
pois em sistemas com tubulaes muito longas a eficincia ser prejudicada por causa de perdas
de calor na tubulao, mesmo que haja um bom fluxo de gua. A rigor, deveria haver uma
recomendao diferente para cada local, pois a circulao promovida pelo termossifo depende da
quantidade de radiao solar disponvel e outras condies climticas. Contudo, fcil perceber
que isso no seria nada prtico. possvel que um sistema atenda s necessidades de gua
quente, mesmo que instalado fora das recomendaes apresentadas. A diferena que a
eficincia do sistema pode acabar extremamente prejudicada, e o que est sendo feito com 6 m2,
por exemplo, poderia ser feito com apenas 4 m2.
Tabela 12.2. Comprimentos Equivalentes Mximos para Instalaes com Coletores de 2 m x 1 m.

Distncia Topo/Fundo (metros)


Volume
Dirio de
gua Quente
(litros)

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

Dimetro da tubulao de interligao (mm)


22

28

22

28

200

25

Comprimento Max. Equivalente na Interligao RT/COLETORES/RT (metros)


25
25
25
25
25
25
25
25

22

28

22

28

22

28

25

300

24

25

25

25

25

25

25

25

25

25

400

17

25

20

25

23

25

25

25

25

25

500

13

25

15

25

18

25

20

25

22

25

600

10

25

12

25

14

25

16

25

18

25

700

NR

23

10

25

12

25

13

25

15

25

800

NR

19

NR

22

NR

25

11

25

12

25

1000

NR

11

NR

14

NR

17

NR

20

NR

23

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

196

MDULO - SOLAR
Tabela 12.3. Comprimentos Equivalentes Mximos para Instalaes com Coletores de 1 m x 1 m.

Distncia Topo/Fundo (metros)


Volume
Dirio de
gua Quente
(litros)

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

Dimetro da tubulao de interligao (mm)


22

28

22

28

22

28

22

28

22

28

200

25

Comprimento Max. Equivalente na Interligao RT/COLETORES/RT (metros)


25
25
25
25
25
25
25
25

25

300

19

25

22

25

25

25

25

25

25

25

400

14

25

16

25

19

25

22

25

24

25

500

10

25

12

25

15

25

17

25

19

25

600

NR

22

NR

25

12

25

13

25

15

25

700

NR

17

NR

21

NR

25

11

25

12

25

800

NR

13

NR

17

NR

20

NR

24

10

25

1000

NR

NR

NR

10

NR

13

NR

16

NR

19

- As tabelas acima foram desenvolvidas para sistemas com isolamento


trmico

_mnimo de 10 mm de polietileno expandido (elumaflex)

na tubulao.
- Os comprimentos no so comprimentos reais e sim comprimentos
equivalentes.
- Nr = no recomendado

Por exemplo, um sistema de 500 litros, com distncia topo/fundo de 10 cm e operando com
coletores 2 x 1 , deve ter um comprimento equivalente mximo total de 13 metros em tubos 22mm.
Uma instalao, mesmo em condies favorveis, teria pelos menos 2 cotovelos de 90o, dois
cotovelos de 45o e dois registros de gaveta ou esfera abertos. S a teramos um comprimento
equivalente de 3,9 m para 22 mm.
Resta-nos, ento, um comprimento mximo de 9,1 metros para os trechos retos. Com certeza
possvel fazer essa instalao, a no ser que a distncia entre os coletores e o RT seja grande
demais.

E vale lembrar tambm que o uso de muitos cotovelos, para desviar de peas do telhado ou
pilares, ou simplesmente porque o instalador faz um trabalho mal feito, rapidamente reduz o
comprimento de trechos retos que sobra. Afinal de contas, cada cotovelo de 90o usa 1,2 m do
total permitido.

Por ltimo, importante observar que podemos trocar trechos de 22 mm por 28 mm para reduzir a
perda de carga total. Para uma mesma vazo, em regime turbulento, um tubo de 28 mm leva a
uma perda de carga cerca de 3,0 vezes menor que um tubo de 22 mm. Assim, se no houver
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

197

MDULO - SOLAR

como os coletores ficarem mais prximos do RT, e se o comprimento equivalente total estiver
"estourado", pode-se usar esse artifcio. Mas preciso contar as conexes de 28 mm
apropriadamente, de acordo com a tabela 11.1. Aps somarem-se as conexes e trechos retos de
28 mm, divide-se o valor final por 3,0 para "converter" o resultado para 22 mm. Vejamos um
exemplo.

Estudo de Caso 12.3.

Uso de trechos 22 e 28 mm para reduo de perda de carga

Uma instalao possui 16 metros de trechos retos, 4 cotovelos de 90o, 4 cotovelos de 45o e dois
registros de gaveta abertos. E todas as peas tm 22 mm. Com medo de que a perda de carga
total seja excessiva, o projetista decide trocar a tubulao de alimentao entre o RT e as placas
por tubos e conexes de 28 mm. Qual seria o comprimento equivalente final em tubos de 22 mm
considerando-se que o trecho de alimentao tem 9 m de tubos retos, 2 cotovelos de 90o, 2
cotovelos de 45o e um registro gaveta?

Primeiro, calcula-se o comprimento equivalente antes da troca para tubos de 28 mm.

Quantidade

Comprimento eq. p/
pea

Comprimento eq. total

1,2

4,8

0,5

Registro Gaveta

0,2

0,4

Trechos retos

16 m

16

Pea
Cotovelo 90o
Curva 45

Se somente peas de 22 mm fossem utilizadas, ter-se-ia um comprimento equivalente de tubos


retos de 22 mm igual a 23,2 m.
A seguir, calcula-se o comprimento equivalente do trecho de alimentao que queremos
converter para 28 mm.

Quantidade

Comprimento eq. p/
pea

Comprimento eq. total

1,5

Curva 45

0,7

1,4

Registro Gaveta

0,3

0,3

Trechos retos

09 m

Pea
Cotovelo 90o
o

O comprimento equivalente em 28 mm dessa parte seria ento de 13,7 m.


E para converter esse valor para 22 mm, temos:
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198

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13,7
=4,6 m de comprimento equivalente de 22 mm.
3,0
Agora, soma-se o que sobrou de peas de 22 mm, ou seja, o retorno dos coletores para o RT.
Quantidade

Comprimento eq. p/
pea

Comprimento eq. total

1,2

2,4

0,5

Registro Gaveta

0,2

0,2

Trechos retos

07 m

Pea
Cotovelo 90o
o

Curva 45

O total do trecho em 22 mm agora de 10,6 m. Somando esse nmero aos trechos de 28 mm (j


convertidos em equivalentes de 22 mm), tem-se um total geral de 10,6 + 4,6 = 15,2 m. Esse valor
bem menor do que os 23,2 m que apenas os tubos e conexes de 22 mm fossem utilizados.

Mas ateno: a tcnica de usar trechos de 28 mm no lugar de tubos de 22 mm vlida contanto


que se observem dois quesitos importantes:

- o ideal fazer a troca dando preferncia para a tubulao de alimentao dos coletores, onde a
gua est mais fria. Isso porque os tubos de 28 mm perdem mais calor do que os tubos de 22
mm;

- na tubulao de 28 mm o isolamento trmico, que j muito importante na tubulao de 22 mm,


ainda mais importante. Se a instalao ficar sem o isolamento, provvel que os benefcios
sejam anulados, por causa da perda de calor na tubulao.

b. Sifes e Acmulo de Ar na Tubulao

Alm de no poder ter um comprimento equivalente muito alto, o termossifo tambm no pode ter
pontos onde ar e/ou vapor de gua podem ficar presos, pois o sistema no tem fora para
empurrar bolhas, que podem crescer a ponto de interromper a circulao dentro dos tubos. E isso
explica porque algumas vezes a instalao funciona por alguns dias e depois pra. Nesses casos,
o mais comum chamar o instalador para fazer a manuteno. Ele chega, remove o ar do sistema,
e por alguns dias tudo funciona perfeitamente At que a instalao volte a "travar"! E isso acontece
porque a bolha se forma lentamente, at crescer o
bastante para interromper o fluxo por completo. A nica soluo nesse caso eliminar o ponto de
acmulo de bolhas, e que muitas vezes no to visvel quanto os da figura 12.11.

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199

MDULO - SOLAR

Figura 12.11. Exemplo de sifonamento que causam a interrupo do fluxo em sistemas termossifo.

Mesmo que no haja entrada de ar diretamente no sistema, sempre haver acumlo nesses
pontos, pois a prpria gua possui um pouco de ar dissolvido. Ou seja, a prpria gua traz ar
para esses pontos de sifonamento. Teoricamente, se houver um respiro ou eliminador de ar nesse
ponto, a instalao pode operar sem problemas, mesmo com o ponto de sifonamento, porque o ar
no ficaria retido. Muitas vezes o instalador no percebe que h um sifo, e o melhor mesmo
sempre conferir os trechos da instalao com um pequeno nvel

Nem sempre um sifo nos tubos pra a circulao. Se houver para aonde o ar sair (sempre para
cima!), no haver acmulo. A figura 12.12 mostra um sistema que traz um sifo na alimentao.
Mas ali no h problema algum de circulao, porque qualquer bolha de ar voltaria para o RT ou
subiria pelos coletores para, mais uma vez, chegar ao RT, de onde esse ar seria expelido atravs
do respiro (ou suspiro).

Figura 12.12. Exemplo de sifo que no causa acmulo de bolhas

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200

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c. A Distncia Topo/Fundo (Tp)

Dois dos mais importantes cuidados na instalao por termossifo j foram vistos. Resta agora
analisar uma instalao tpica, com algumas de suas dimenses caractersticas. comum que as
recomendaes bsicas nas instalaes por termossifo sejam dadas em relao a essas
medidas.

Figura 12.13. Instalao por termossifo com medidas principais

A primeira medida a altura entre a caixa d'gua e o reservatrio. Essa distncia determina a
presso de trabalho do RT e dos coletores. Aumentando-se essa altura, aumenta-se a presso nos
coletores. Entretanto, em relao circulao do termossifo, nada muda, pois a presso ser
aplicada nas duas colunas (figura 13.9) e o efeito se anularia. Portanto, essa altura tem
importncia apenas na definio da presso de trabalho do reservatrio e na forma como fazemos
a ligao hidrulica caixa dgua-RT. Em termos do termossifo, nada muda!
Enquanto a distncia entre a caixa d'gua e o RT no afeta o rendimento do termossifo, a
distncia topo/fundo (TP) de muita importncia. Essa distncia ajuda na circulao do sistema,
pois, quanto maior seu comprimento, maior ser o comprimento das colunas de gua quente e
gua fria. Quanto maior as colunas, maior a fora gerada na circulao do termossifo. Por isso,
pode-se observar na tabela 12.2 que quanto maior for essa distncia, maior ser o comprimento
equivalente mximo de tubulao permitido.
Porm, claro que quanto maior for essa distncia, maior ser tambm a perda de calor, pois mais
longo ser o caminho da gua. Alm disso, a instalao vai ficar mais cara, pelo simples fato de
que mais tubos sero usados.
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201

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A distncia TP no apenas ajuda a circulao da gua como tambm tem papel crucial no combate
ao que se chama de circulao inversa, que a circulao de gua pelos coletores no perodo
noturno e que leva ao resfriamento da gua. Ela resultado do mesmo fenmeno que promove a
circulao durante o dia. noite, os coletores se esfriam, assim como esfria a gua contida em seu
interior. A gua mais fria provoca um diferencial de presso no sentido inverso, provocando uma
circulao no sentido contrrio e que resulta, em ltima instncia, no resfriamento da gua que
estava no reservatrio. Na maioria dos casos, esse efeito muito pequeno, e justamente porque
as instalaes preservam a distncia TP em valores corretos.
Um pesquisador australiano, Graham Morrison3, realizou estudos para analisar o efeito da
distncia TP no volume de gua recirculado em um sistema com consumo dirio de 200 litros. Ele
observou que, se a distncia TP fosse nula, a gua se resfriaria a uma taxa de cerca de 1 litro por
hora - o que levaria a perdas de cerca de 8% da energia coletada em um reservatrio de 200 litros
durante uma noite. Mas com uma distncia topo/fundo igual a 10 cm, o fluxo reverso caa para a
metade. J com 20 cm de distncia, o fluxo se reduzia para apenas 0,3 litro por hora. Ou seja, a
altura correta entre o topo dos coletores e o fundo do reservatrio no s garante boa circulao
durante o dia como tambm bloqueia a circulao reversa durante a noite. E o ideal manter essa
altura entre 25 e 30 cm.
Existe um teste simples para verificar se uma instalao est sofrendo de circulao reversa em
excesso. Basta acompanhar a temperatura da gua na tubulao de retorno dos coletores para o
RT logo que o sol se pr. Se a gua estiver quente e no houver mais sol, pode-se concluir que a
gua quente presente nesse trecho na verdade gua que est retornando do RT em direo aos
coletores, onde ser esfriada. E a soluo para o problema aumentar a altura topo/fundo.
Muitas vezes, a primeira idia na cabea das pessoas sobre como combater a circulao inversa
colocar uma vlvula de reteno na tubulao, impedindo o fluxo reverso. Mas a deve-se lembrar
que o termossifo um fenmeno fraco, e que a presso gerada durante o dia no seria suficiente
para abrir uma vlvula de reteno comum. Ou em outras palavras, o sistema simplesmente no
funcionaria.

Por ltimo, necessrio ressaltar que o isolamento das tubulaes no apenas evita as perdas de
calor como tambm ajuda na circulao do termossifo. Sem o isolamento, na medida em que o
calor perdido na tubulao de retorno dos coletores para o RT, a gua fica mais densa (mais
"pesada") e diminui a diferena de presso entre a coluna fria e a coluna quente, o que prejudica a
circulao.
3

Morrison, G.L., Reverse circulation in termosyphon solar water heaters, Solar Energy, vol. 36,
num. 4, pg. 377-379, 1986.
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202

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12.1.3. Solues nas Instalaes em Termossifo

O termossifo um sistema extremamente confivel, se as recomendaes bsicas apresentadas


anteriormente forem seguidas. Mas a realidade que no muito fcil achar um telhado com
altura suficiente para abrigar coletores, reservatrio(s) e caixa d'gua.

Por exemplo, pode-se avaliar o caso de uma instalao convencional (figura 12.14). Se o coletor
tiver 2 m de comprimento e estiver instalado sobre um telhado com 30% de declividade (ou cerca
de 17o de inclinao), a projeo vertical desse coletor ser cerca de 60 cm. Se a distncia
topo/fundo for de 20 cm, RT tiver um dimetro de 60 cm, o desnvel entre o fundo da ciaxa e o topo
do reservatrio for 20cm e a altura da caixa d'gua for 50 cm, a altura total ser 60+20+60+20+50
= 210 cm (2,1 metros).

Figura 12.14. Dimenses em uma instalao convencional por termossifo tpica (vista lateral).

Na prtica, poucos so os telhados que possuem dimenses suficientes para uma instalao como
essa, mas existem algumas alternativas para driblar o problema.

Uso de mini-coletores ou coletores invertidos:

A primeira alternativa para a reduo da altura total do sistema diminuir o comprimento do


coletor. Existem coletores menores, chamados mini-coletores, e que, em geral, possuem cerca de
1,0 m de comprimento por 1,0 m de largura. No exemplo acima, a troca por mini-coletores levaria a
uma reduo de 30 cm na altura total necessria.

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203

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J os coletores invertidos partem do mesmo princpio, mas possuem uma largura maior que a do
mini-coletor. E aqui bom lembrar que o coletor invertido no somente um coletor que foi
"tombado", pois a sua serpentina tem de ser adaptada para ficar na direo correta do fluxo de
gua, com os pequenos tubos de ascenso sempre para cima. E h mais um detalhe: essa
soluo possui os inconvenientes de aumentar a distncia percorrida pela tubulao na instalao
e de reduzir a fora motriz do termossifo. Por exemplo, para 8 m2 de coletores de 2 x 1m, a
largura da bateria seria de 4 m. Com coletores de 1 x 2 m, a largura total salta para 8 metros. E no
caso de instalaes maiores, como as de 1.000 litros, a aplicao dessa alternativa fica bastante
difcil, pois quase sempre o comprimento total da tubulao de interligao dos coletores
ultrapassar os valores mximos recomendados.

Figura 12.15 Instalao com mini-coletores ( esquerda) e com coletores invertidos ( direita).
(fotos: acervo Soletrol).

Figura 12.16 Instalao de mini coletores em longa bateria (fotos: acervo Soletrol)

Uso de torres:

As torres so solues arquitetnicas para a falta de altura do telhado. Essa opo simples e
relativamente barata, mas possui um maior impacto em termos da esttica da construo. Por
outro lado, muitas vezes a torre j est prevista no projeto arquitetnico ou h um desejo dos
proprietrios em faz-la, para aumentar a presso de trabalho da rede hidrulica da residncia.
A torre pode ser feita para receber apenas a caixa dgua ou pode abrigar tambm o reservatrio
trmico. Mas quando for tecnicamente possvel, o melhor us-la somente para a caixa dgua,
pois assim tem-se liberdade para alocar o reservatrio trmico mais prximo dos coletores,
enquanto a torre fica mais baixa.
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204

MDULO - SOLAR

O ponto negativo dessa soluo o potencial para formao de sombra sobre os coletores, e por
isso que a posio da torre em relao aos coletores deve ser bem avaliada antes da sua
construo.

Figura 12.17 - Instalaes com torre.


(Fotos: acervo Soletrol)

Uso de reservatrios em nvel ou hbridos:

Outra soluo para reduzir a altura total do termossifo o emprego de um reservatrio trmico
em nvel. Nesse caso, no lugar da caixa dgua estar acima do RT, os dois componentes podem
ser instalados no mesmo nvel, e sem a necessidade de que eles estejam prximos, lado a lado.

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205

MDULO - SOLAR

Figura 12.18 Caixa dgua e RT. Instalao convencional

Figura 12.19 Caixa dgua e RT. Instalao em nvel

O inconveniente, porm, que existe a possibilidade de mau funcionamento em regies onde


ocorre falta de abastecimento de gua durante o dia. E a, se houver consumo de gua quente
durante o dia, no haver reposio, e o nvel da gua no RT cair. E a partir do momento em que
o nvel da gua cai abaixo do ponto de retorno da gua quente proveniente dos coletores, a gua
pra de circular no sistema. Alm disso, a instalao hidrulica entre o RT e a caixa dgua exige
alguns cuidados adicionais.

12.2. Circulao Forada


Nesse modelo de instalao, a fora motriz do sistema realizada pela ao de uma moto-bomba
e recomenda-se sua utilizao em sistemas de mdio e grande porte ou quando os parmetros
para instalao do termossifo no so satisfeitos.

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206

MDULO - SOLAR

12.2.1. Princpios de Funcionamento


O sistema de aquecimento solar por circulao forada se difere do sistema termossifo pois alm
dos coletores, reservatrios e tubulaes de interligao ainda possui uma moto-bomba, um
controlador diferencial de temperatura ou sistema de comando similar e um quadro de comando.

Por no necessitar de respeitar as alturas topo/fundo e demais particularidades de uma instalao


em termossifo o sistema por circulao forada funciona basicamente pela ao de dois
equipamentos: moto-bomba e controlador diferencial de temperatura.
A moto-bomba dimensionada para fornecer ao fluido uma energia capaz de vencer as perdas de
carga impostas por tubulaes, conexes e demais acessrios existentes entre reservatrio e
coletor. J o controlador diferencial de temperatura tem como funo comandar a moto-bomba
permitindo seu acionamento quando a diferena de temperatura registrada entre o sensor
1,localizado no coletor, e o sensor 2 localizado no reservatrio, superior a 5C e o
desacionamento quando esse diferencial de 2C. Ca be ressaltar que tais valores so apenas
orientativos, devendo ser definidos conforme a configurao do sistema.

Fig 12.20. Instalao tpica de uma sistema em circulao forada

Como apresentado anteriormente veremos este tipo de instalao com mais detalhes nos prximos
captulos que iro tratar exclusivamente de sistemas com circulao forada.

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207

13
INSTALAES DE MDIO E GRANDE PORTE

Circulao Forada
Etapas do Projeto Executivo
Associao entre Coletores e Reservatrios
Equilbrio Hidrulico

MDULO - SOLAR

INTRODUO
O aquecimento solar, alm de oferecer diversos benefcios sociais e ambientais, pode
proporcionar, ao usurio, uma economia em termos financeiros significativa. Hoje, graas ao
programa nacional de certificao de coletores e reservatrios trmicos, busca incessante por
qualidade e avano tecnolgico dos fabricantes e a um movimento organizado entre empresas do
setor, o aquecimento solar conquistou credibilidade no segmento de mdio e grande porte e, cada
vez mais, vem sendo adotado em hotis, motis, indstrias, hospitais, escolas, edifcios
residenciais, clubes, academias, dentre outros, como soluo definitiva para aquecimento de gua
para banho.

Conforme apresentado nos captulos anteriores, o uso de matrias-primas de qualidade, como o


cobre, ao inoxidvel, alumnio e polmeros especiais, pode proporcionar uma vida til prolongada
aos equipamentos, no sendo, porm, suficiente para garantir o funcionamento de um sistema de
aquecimento solar. Para tanto, devem ser observados fatores de igual importncia, tais como
projeto, instalao e manuteno, visando alcanar a almejada economia de energia e financeira.

Um sistema de aquecimento solar de mdio porte (SAS MP) e grande porte (SAS GP) podem
ser caracterizados como instalaes com grau significativo de exigncia tcnica por agregarem
inmeras variveis, que no somente se restringem correta instalao de coletores solares e
reservatrios trmicos.

Neste captulo sero abordados os temas referentes etapa inicial de implantao de um sistema
de aquecimento solar, correspondente s fases de projeto, planejamento e infra-estrutura de
instalaes de mdio e grande porte.

Um projeto e aquecimento solar caracterizado como uma obra de engenharia, portanto, deve ser
registrado no CREA (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) e elaborado por
profissional tecnicamente capacitado e habilitado.

13.1. Organograma de implantao de um SAS-MP/GP


O organograma apresentado abaixo descreve, passo a passo, as etapas de um projeto de
implantao de um SAS-MP/GP. As fases de planejamento e projeto executivo, as quais sero
enfatizadas neste captulo, esto compreendidas entre as etapas 1 e 4 e sero detalhadas a
seguir.
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

211

MDULO - SOLAR

Fig 13.1. Organograma de implantao de uma SAS-MP/GP

13.2. Projeto Executivo


Projetar um sistema de aquecimento solar, como o prprio nome diz, significa reproduzir o sistema
que ser instalado, determinando suas necessidades e particularidades, assim como ocorre
quando se pretende construir um edifcio ou uma casa. Um projeto executivo de aquecimento solar
deve respeitar as normas tcnicas aplicveis, conter a especificao de todos os equipamentos e
acessrios hidrulicos necessrios, alm das informaes para perfeita compreenso do instalador
hidrulico.
Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

212

MDULO - SOLAR

A elaborao de um projeto executivo de aquecimento solar pode ser subdividida nas seguintes
etapas:

Reservatrio trmico: projeto detalhado e associao hidrulica;

Coletores solares: definio do modelo e forma de integrao obra;

Hidrulica: dimensionamento de tubulaes, conexes, bombas e demais acessrios;

Comando e controle: definio do sistema de comando, carga e monitorao da instalao;

13.2.1. Reservatrio trmico

Interligao Hidrulica - Reservatrios Trmicos

Instalaes de mdio e grande porte demandam o armazenamento de grandes volumes de gua


quente, o que normalmente no ocorre em um s reservatrio trmico. Assim, existem
basicamente duas maneiras de se associar reservatrios trmicos em uma instalao. So elas:

a. Associao em Paralelo

Esse tipo de associao recomendvel para a interligao de um nmero pequeno de


reservatrios, pois grandes associaes em paralelo podem se tornar inviveis tcnica e
economicamente, conforme demonstrado abaixo.

Figura 13.2. Associao em paralelo de dois


reservatrios trmicos

Fig 13.3. Associao em paralelo de trs


reservatrios trmicos

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213

MDULO - SOLAR

Para a associao apresentada na Figura 13.2 tem-se:

Por se tratar de uma associao em paralelo, as temperaturas T1 e T2 devem ser iguais. Para que
isso ocorra, os trechos de tubulao para interligao hidrulica entre os reservatrios trmicos
devem obedecer aos seguintes parmetros: a1 = a2; b1 = b2; c1 = c2 e d1 = d2. Essa igualdade entre
os trechos de tubulao garantir uma equalizao do fluxo de entrada e sada de gua dos
reservatrios trmicos e consequentemente o equilbrio hidrulico entre os mesmos.

Para a associao apresentada na Figura 13.3 tem-se:

Da mesma forma que no caso anterior, as temperaturas T1, T2 e T3 devem ser equivalentes,
assim como as distncias entre os trechos de tubulao devem permanecer idnticas para que se
garanta o equilbrio hidrulico entre os reservatrios.

Como se pode observar, o nmero de conexes hidrulicas, tubulaes e a dificuldade de


montagem se acentuam medida que se aumenta o nmero de reservatrios associados. Por
esse motivo, interligaes em paralelo so utilizadas somente em casos muito especficos.

b. Associao em Srie

Esse tipo de associao a mais utilizada na interligao de reservatrios de mdio e grande


porte por favorecer a estratificao trmica da gua e pela facilidade de instalao. Entretanto,
para o correto funcionamento de uma instalao com tal configurao, alguns cuidados devem ser
observados:

Fig 13.4. Associao em srie de dois reservatrios trmicos

Os dimetros das tubulaes K1, K2 e K3 devem ser iguais, garantindo que o fluxo de entrada

de gua no reservatrio seja igual ao de sada e vice-versa.

Os dimetros das tubulaes K1, K2 e K3 devem ser dimensionas de forma que atendam o

pico de consumo da instalao.

A sada de gua para os coletores dever ser feita do reservatrio 1 (reservatrio mais frio) e o

retorno no reservatrio 2 (reservatrio mais quente).


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214

MDULO - SOLAR

c. Associao entre reservatrio trmico e sistema de pressurizao

Em instalaes onde a vazo da gua nos pontos de consumo no satisfatria, utiliza-se um


sistema para aumentar a presso de trabalho da rede de distribuio hidrulica. Este, obvimente,
um sistema mais complexo de ser instalado e demanda uma srie de cuidados para que funcione
corretamente e no traga nenhum dano instalao. Os pricipais aspectos a ser observados so:

Deve-se verificar se o reservatrio trmico suportar a presso fornecida pelo pressurizador;

As redes de distribuio hidrulica de gua fria e quente devem ser pressurizadas igualmente,

evitando-se assim diferenas de presso e consequentemente dificuldades na mistura da gua nos


pontos de consumo.

No permitido o uso de respiro, devendo-se instalar um conjunto de vlvulas para sistemas

de alta presso.

Verificar sempre as especificaes de instalao fornecidas pelo fabricante do equipamento.

Deve-se estudar o uso de vasos de expanso conforme especificaes do fabricante.

Figura 13.7- Associao entre reservatrio trmico e sistema de pressurizao

13.2.2. Coletores Solares


De posse do nmero de coletores necessrios instalao, deve-se determinar a forma como eles
sero integrados obra. Para tanto, torna-se necessrio saber qual a orientao e inclinao dos
coletores, a forma como sero associados e fixados, se existem sombras entre baterias, dentre
outras particularidades que sero apresentadas a seguir.
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215

MDULO - SOLAR

a. Geometria

Os coletores solares utilizados em obras de mdio e grande porte, geralmente, so os mesmos


utilizados em obras residenciais. Entretanto, alguns fabricantes produzem coletores com reas
superiores as comerciais e com caractersticas construtivas diferenciadas, para situaes especiais
de fornecimento e instalao.

Assim como os reservatrios trmicos, os coletores solares tambm podem ser verticais ou
horizontais. Cabe ao projetista determinar que geometria de coletores ser mais adequada
instalao.

Figura 13.8 - Coletor vertical

Figura 13.9 - Coletor horizontal

b. Orientao e inclinao

Conforme j apresentado em captulos anteriores, a orientao e inclinao dos coletores solares


devem ser determinadas de forma que eles possam captar ao mximo a radiao solar disponvel.

Orientao
Assim como em qualquer instalao de aquecimento solar, os coletores devem ficar orientados
para o norte geogrfico e permitindo-se desvios de at 30 para leste ou oeste, sem a necessidade
de compensao de rea coletora.

Inclinao
Como visto no captulo 5, a inclinao dos coletores determinada a partir da localidade onde os
mesmos sero instalados. Esse valor calculado atravs do valor, em mdulo, da latitude + 10.
Vale lembrar que o ngulo encontrado atravs dessa equao privilegia os meses de inverno,
cabendo uma anlise da demandada de gua quente da instalao ao longo do ano, para definio
do ngulo que ir proporcionar o melhor rendimento ao sistema.

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216

MDULO - SOLAR

c. Suporte Metlico

A perfeita adequao dos coletores solares em instalaes de mdio e grande porte normalmente
ocorre atravs do uso de suportes metlicos, garantindo assim a orientao e inclinao
desejveis para maior captao de energia do sistema.
Ao definir um modelo de suporte que se adeque aos coletores e rea disponvel para instalao,
deve-se atentar para os seguintes aspectos:

Verificar se a estrutura do local onde sero instalados suportar o peso total do conjunto

(suportes metlicos, coletores solares e acessrios hidralicos);

O suporte dever suportar as cargas de vento da localidade onde ele ser instalado,

Ser resistente a intempries e corroso;

Ser de fcil montagem;

Seguir as especificaes de montagem dos coletores fornecidas pelo fabricante.

Figura 13.10 - Suporte metlico

Nas fotos anteriores podemos ver os pilaretes de concreto construdos para apoiar os suportes
metlicos. A construo dos mesmos de grande importncia pois evita interrupes na manta de
impermeabilizao da laje.

d. Sombreamento e distncia entre baterias de coletores

Fixados os valores de orientao e inclinao dos coletores solares, importante verificar qual a
distncia mnima entre as baterias de coletores para evitar ou minimizar o sombreamento que
poder ocorrer entre as mesmas ou em razo de outros obstculos como construes vizinhas,

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217

MDULO - SOLAR

rvores e etc. O valor da distncia horizontal entre uma fila de coletores ou algum obstculo de
altura h poder ser determinado, de forma simplificada atravs da seguinte equao:

d=hxk;

(14.1)

Tabela 13.1 Fator k


Latitude ( )

-5

- 10

- 15

- 20

- 25

- 30

- 35

0,541

0,433

0,541

0,659

0,793

0,946

1,126

1,347

1,625

Figura 13.11 - Distncia mnima entre coletores

A distncia ideal entre baterias deve considerar, alm dos efeitos do sombreamento, um espao
suficiente para que se realizem manutenes e limpeza dos coletores.

Vale lembrar que esta equao apenas orientativa, e a anlise de distncias entre baterias deve
ser criteriosamente desenvolvida para cada projeto.

e. Associao entre baterias

A eficincia de uma srie de coletores est diretamente ligada forma como eles so associados.
A associao entre baterias um dos passos mais importantes de uma instalao de aquecimento
solar, pois a ela est relacionada a temperatura que se pretende atingir, a vazo de operao do
sistema e consequentemente o dimensionamento das tubulaes e demais acessrios.

As associaes entre as baterias de coletores podem ser em srie, em paralelo ou srie-paralelo


(mista); sendo a terceira a mais utilizada por permitir maior nmero de configuraes.

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218

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e.1. Associao em Paralelo


Na associao em paralelo, o acrscimo de temperatura proporcionado ao fludo circulante o
mesmo, motivo pelo qual, a temperatura de sada do fluido da bateria 1 (T1) igual a temperatura
de sada do fluido da bateria 2 (T2).

Figura 13.12 - Associao em paralelo de uma bateria de 5 coletores solares

T2

T1

Figura 13.13 - Associao em paralelo de duas baterias de 5 coletores solares

e.2. Associao em Srie

Na interligao em srie, a temperatura do fluido de entrada de uma bateria igual a temperatura


do fluido de sada da bateria anterior.

Figura 13.14 - Associao em srie de duas baterias de 4 coletores solares

e.3. Associao em Srie-Paralelo (Mista)


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219

MDULO - SOLAR

o tipo de associao mais utilizado em obras de mdio e grande porte, pois quando h limitaes
de rea fsica para instalao dos coletores, deve-se combinar os dois modelos de associao
(srie e paralelo) para que se consiga alocar o nmero de coletores necessrios instalao.

Figura 13.15 - Associao mista: trs baterias em paralelo combinada com duas baterias em srie

13.2.3. Hidrulica
As instalaes hidrulicas de aquecimento solar se dividem entre circuito primrio, compreendido
entre o reservatrio trmico e os coletores, e secundrio, correspondente ao circuito hidrulico
situado entre o reservatrio e os pontos de consumo.

Figura 13.16 - Instalao hidrulica de um sistema de aquecimento solar

a. Fluido de trabalho
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220

MDULO - SOLAR

O fluido de trabalho no circuito primrio ,na grande maioria dos casos, a gua que circula
diretamente pelo interior dos coletores. Deve-se sempre verificar a composio fsico-qumico e a
temperatura de operao da gua para identificar sua compatibilidade com os materiais da
instalao por onde ir circular.

Em algumas instalaes pode-se utilizar fludos trmicos sendo, o aquecimento realizado de forma
indireta por meio de trocadores de calor.
b. Equilbrio hidrulico

A eficincia de uma bateria de coletores, como visto anteriormente est relacionada sua
associao e vazo do fluido de trabalho. Dessa forma, adota-se o principio do retorno invertido,
com o objetivo de equalizar a vazo entre as baterias de coletores. Esse princpio permite
equilibrar hidraulicamente a instalao, de forma que a perda de carga no percurso do fluido de
trabalho seja sempre a mesma, independente da bateria de coletores pela qual ele circule.

Os dimetros dos os trechos de tubulaes devero ser dimensionados de acordo com a vazo
que neles circula. O correto dimensionamento do dimetro das tubulaes poder reduzir
sensivelmente os custos da instalao.

Nas ilustraes a seguir, pode-se observar a forma correta de interligao entre baterias de
coletores utilizando-se o princpio do retorno invertido, onde todos os trechos (em vermelho), entre
os pontos A e B, possuem a mesma distncia e a forma incorreta, onde o fluido percorrer
distncias diferentes em cada bateria que ele circule.

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221

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Figura 13.17 Equilbrio hidrulico de baterias de coletores

c. Vazo do fludo de trabalho

O valor da vazo total de operao (Qo) do circuito primrio calculado em funo da associao
das baterias de coletores solares. Quando no definido pelo fabricante, recomenda-se adotar, para
o clculo, o valor da vazo de teste de eficincia dos coletores solares para banho (72 litros por
hora por m)*, devendo-se ainda determinar a rea til (Au

bateira

) da(s) bateria(s) de coletores

interligados em paralelo que recebe o fluido de trabalho diretamente da bomba hidrulica;

Au bateria = N de coletores x A u coletor x N de filas de coletores

(13.2)

Figura 13.18 - Clculo da rea til da bateria de coletores


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222

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Estudo de caso 13.1


Considerando a interligao hidrulica abaixo e a rea til de cada coletor igual a 1,63 m. Qual
ser a vazo de operao (Qo)do sistema ?

Au bateria = 4 x 1,63m x 1 = 6,52 m


Qo = Au bateirax 72 l/h.m
Qo = 6,52 m x 72 l/h.m
Qo = 469,4 litros/hora

Estudo de caso 13.2:


Considerando a interligao hidrulica abaixo e a rea til de cada coletor igual a 2m. Qual ser
a vazo de operao (Qo)do sistema ?

Au bateria = 5 x 2m x 2 = 20 m
Qo = Au bateira x 72 l/h.m
Qo = 20 m x 72 l/h.m
Qo = 1440 l/h

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223

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Estudo de caso 13.3:

Considerando a interligao hidrulica abaixo e cada coletor solar com rea de 2m. Qual ser a
vazo de operao (Qo)do sistema ?

Au bateria = 4 x 2m x 3 = 24 m
Qo = Au bateria x 72 l/h.m
Qo = 24 m x 72 l/h.m
Qo = 1728 l/h

d. Tubulaes

As tubulaes utilizadas em instalaes solares podem ser de cobre, ao galvanizado ou outro


material que suporte as presses e temperaturas de operao do sistema. Atualmente, as
tubulaes em cobre so as mais utilizadas por serem de fcil instalao, resistir a intempries e
altas temperaturas, atenderem bem as necessidades requeridas por uma instalao solar e ainda
apresentarem um custo-benefcio razovel. Os tubos em cobre utilizados em instalaes de
aquecimento solar so da Classe E, com dimetros que variam entre 15 e 104 mm.
De acordo com a norma NBR 5626-98, a velocidade mxima da gua nas tubulaes no deve
ultrapassar 3 m/s. A tabela abaixo apresenta as vazes mximas permitidas para os dimetros
comerciais de tubulaes em cobre.

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224

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Tabela 13.2. Vazes mximas em tubos de cobre
Dimetro

Velocidades mximas

Vazes mximas

(mm)

(pol)

m/s

l/hora

15
22

1/2
3/4

1,6
1,95

720
2.160

28
35

1
1.1/4

2,25
2,50

4.320
9.000

42

1.1/2

2,50

14.400

54
66

2
2.1/2

2,50
2,50

20.520
32.040

79

2,50

43.200

104

2,50

64.800

e. Bomba Hidrulica

As bombas hidrulicas utilizadas em instalaes de mdio e grande porte, usualmente, so do tipo


centrfuga com rotor em bronze, ao inoxidvel, ou outro material que suporte a temperatura e as
propriedades fsico-quimicas do fluido que ser bombeado.

Figura 13.19 - Bomba hidrulica

Em instalaes de maior porte, recomenda-se a instalao de uma bomba reserva, garantindo


assim o funcionamento ininterrupto do sistema em caso de manuteno ou defeito da bomba
principal.

e.1 Dimensionamento

A escolha da bomba hidrulica ideal e a determinao do ponto de funcionamento da instalao


so definidas pela vazo de operao da instalao e as perdas de carga do sistema.

Para determinao das perdas de carga totais de um sistema de aquecimento solar deve-se adotar
os seguintes passos:

Calcula-se a perda de carga de tubulaes e acessrios hidrulicos na suco da bomba (Ha);

Calcula-se a perda de carga de tubulaes e acessrios hidrulicos no recalque da bomba (Hr);

Calcula-se a perda de carga nos coletores (Hc);

Soma-se Ha, Hr e Hc e encontra-se a altura manomtrica (HMAN) da instalao.


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225

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Estudo de caso 13.4:


Calcule a bomba hidrulica para a instalao abaixo proposta considerando tubulaes em cobre,
24 coletores com rea til de 2m:

O primeiro passo a ser adotado esboar a instalao em uma representao isomtrica,


identificando todas as cotas e conexes hidrulicas.

Clculo da Vazo de operao (Qo)

Au baterias = 4 x 2m x 3 = 24 m
Qo = Au baterias x 72 l/h.m
Qo = 24 m x 72 l/h.m
Qo = 1728 l/h ou 1,73 m/h

Definio do dimetro da tubulao de interligao entre reservatrio trmico e coletores


Conforme Tabela 13.2, para vazo de 1728 l/h adota-se a tubulao de 22 mm
Suponha-se que na instalao proposta tivssemos as conexes e acessrios nas quantidades e
dimenses apresentadas a seguir.
Clculo da altura de suco (Ha)

- Altura esttica de suco (ha) (bomba acima da caixa dgua)

0,0 m

- Comprimento real de tubulao (distncia bomba/ reservatrio) ( A )

3,0 m

- Comprimento equivalente (ver anexo 1) ( B )


1 Sada de borda
11 cotovelos 90
1 registro gaveta
1 entrada de borda
Total (A) + (B)

0,9 m
13,2 m
0,2 m
1,0 m
18,3 m

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Conforme baco de Fair-Whipple-Hsiao (Anexo
2) para:

Vazo = 0,48 l/s (1728 l/h) e Dimetro = 3/4 obtm-se:


Perda de carga unitria (Ju) = 0,15 m/m e velocidade de 1,5 m/s

226

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13.2.4 Isolamento trmico

As tubulaes, conexes, registros e vlvulas de uma instalao por onde circulem fluidos com
temperaturas superiores a 40 C devem ser isoladas termicamente. O isolamento de tubulaes
externas, que estejam submetidas aos efeitos dos raios ultravioletas e intempries, deve ser
protegido com material que suporte as condies as quais ser submetido, garantindo assim, uma
vida prolongada ao isolamento.

Figura 13.20 - Isolamento trmico interno

Figura 13.21 - Isolamento trmico com proteo UV

As espessuras mnimas recomendadas para isolamento de tubulaes em cobre, com polietileno


expandido (condutividade trmica de 0,035 kcal/mhC ), esto apresentadas na tabela 13.3.
Tabela 13.3 Espessura de isolamento

Isolamento Trmico - Polietileno Expandido


Dimetro da tubulao
(mm)

Espessura do Isolamento
(mm)

D 22

22 > D 66

10

D > 66

20

Cabe ressaltar que a tabela acima apenas orientativa, devendo, a espessura do isolamento, ser
determinada de acordo com o local da instalao e caractersticas do isolamento.

13.2.5 Sistema de proteo anticongelamento

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227

MDULO - SOLAR

Por no receber radiao solar durante a noite, o fludo de trabalho permanece estagnado e,
portanto, exposto s condies climticas do local da instalao. Em regies com risco de geadas,
so utilizados sistemas de proteo, com o intuito de evitar danos ao sistema.

Para identificar a necessidade do uso de protees anticongelamento, deve-se avaliar o histrico


das condies climatolgicas da regio. Havendo registros de temperaturas prximas a 5C, ser
indispensvel a utilizao de algum tipo de sistema de proteo anticongelamento.

Os sistemas anticongelamento mais utilizados so:

Recirculao da gua esse sistema far circular, atravs de uma bomba hidrulica, a gua do

reservatrio trmico quando a temperatura do sensor, localizado nos coletores solares, acusar
valores prximos a 5 C.

Vlvula eltrica de drenagem atravs de uma vlvula eltrica dotada de um termostato, a

gua existente nos coletores drenada quando a temperatura nos coletores atinge valores
prximos a 5 C.

Fluido anticongelamento por meio da mistura de gua e um liquido anticongelante, cria-se

uma soluo que reduz a temperatura de congelamento do fluido de trabalho. Para que o sistema
funcione corretamente, alm da instalao de um trocador de calor necessrio verificar se a
soluo encontra-se nas propores ideais definidas pelo fabricante do fluido e se no ir
comprometer os acessrios da instalao.

13.2.6 Temperaturas

Uma instalao de aquecimento solar deve ser projetada para suportar uma ampla variao de
temperaturas, que vo desde as que apresentam risco de congelamento at aquelas prximas a
de ebulio da gua.

As diversas maneiras de proteo do sistema contra os riscos de congelamento j foram


abordadas no item anterior. No entanto, deve-se ressaltar que temperaturas elevadas tambm
podem prejudicar a durabilidade de acessrios e equipamentos instalados.

As altas temperaturas so verificadas nos casos de superdimensionamento da instalao onde a


rea coletora e o volume armazenado so muito superiores necessidade real de consumo.

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228

MDULO - SOLAR

Em tais hipteses, para evitar danos a instalao de aquecimento solar, importante a utilizao
de materiais e equipamentos que suportem a temperatura de operao sistema, bem como o uso
de protees que no permitam, por exemplo, o funcionamento da bomba de circulao quando o
sistema alcanar temperaturas prximas de ebulio da gua.

13.2.7 Presso
Da mesma forma que o reservatrio trmico e os coletores solares, as tubulaes e acessrios
hidrulicos devem ser dimensionados para suportar presses 1,5 vez superiores s quais sero
submetidas durante o funcionamento do sistema de aquecimento solar.

13.2.8 Quadro de comando


O quadro de comando de uma instalao solar tem a funo de controlar todos os equipamentos
eltricos e eletrnicos da instalao e , na maioria dos casos, composto por:

Controlador diferencial de temperatura: responsvel pelo comando de operao da bomba de

circulao dos coletores;

Chaves seletoras: responsveis pelo acionamento manual ou automtico da bomba de

circulao dos coletores e demais equipamentos;

Disjuntores, contatores e rels de sobrecarga: possuem a funo de proteo e acionamento

do sistema;

Controles para o sistema de apoio.

O quadro de comando pode ainda conter alguns equipamentos para controle e acompanhamento
do rendimento da instalao, tais como: hormetro, programador horrio, medidores de radiao
solar, medidores de vazo, sensores de temperatura auxiliares, hidrmetros e etc.

13.2.9 Aquecimento Indireto


Nos casos em que no possvel implantar um sistema de aquecimento solar convencional,
como em alguns casos de processos industriais, aquecimento de ambientes, proteo
anticongelamento contendo fluidos especiais, dentre outros, utiliza-se o sistema de
aquecimento indireto atravs do uso de trocadores de calor.

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229

MDULO - SOLAR

Figura 13.22. Representao esquemtica de um sistema de aquecimento solar com trocador de calor

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230

14
INSTALAO, MANUTENO
MANUTENO E SEGURANA

Interpretao do Projeto Executivo


Armazenamento e Transporte de Equipamentos
EPIs e Ferramentas
Acessrios
Manuteno Preventiva e Corretiva

MDULO - SOLAR

INTRODUO

Um sistema de aquecimento solar, para alcanar os benefcios esperados, baseia-se em algumas


diretrizes: projeto executivo, instalao e manuteno. Nesse contexto o instalador hidrulico
possui um papel fundamental, pois cabe a ele seguir o projeto idealizado pelo projetista
identificando possveis interferncias e modificaes durante a implantao e, atravs de uma
instalao de qualidade, minimizar manutenes corretivas.

Neste capitulo sero abordados os temas referentes etapa de instalao e manuteno de um


sistema de aquecimento solar para uso sanitrio. Vale ressaltar que grande parte do que ser
abordado nesse capitulo diz respeito a instalaes de mdio e grande porte e que no se aplica
sistemas compactos.
O instalador dever seguir rigorosamente o projeto executivo da instalao, devendo sempre
comunicar ao projetista caso haja a necessidade de modificaes no projeto original.

14.1 Interpretao do projeto executivo

Para definio dos prximos passos do planejamento de instalao do sistema de aquecimento


solar, necessrio interpretar o projeto executivo que dentre outras informaes dever conter:

Fluxograma de funcionamento;

Localizao de equipamentos;

Arranjos de coletores solares e reservatrios trmicos;

Isomtrico de instalao do(s) reservatrio(s) trmico(s);

Bases de fixao dos suportes metlicos e dos reservatrios trmicos;

Detalhamento de suportes metlicos

Cortes;

Possveis interferncias com a edificao existente ou em construo;

Traado da tubulao;

Lista de materiais eltricos e hidrulicos;

Detalhamento do sistema de controle e monitorao;

Acessrios e indicao de montagem;

Demais informaes necessrias para perfeita interpretao e instalao do sistema;

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234

MDULO - SOLAR

a. Fluxograma de funcionamento

O fluxograma da instalao deve apresentar, de forma esquemtica, com se dar o funcionamento


da instalao, sem se preocupar com escalas e dimenses reais dos equipamentos.

Figura 14.1. Fluxograma de uma instalao solar

b. Localizao dos coletores e reservatrios em planta

Por meio desta representao grfica determina-se a localizao dos reservatrios trmicos, os
coletores solares e demais equipamentos na construo.

Figura 14.2. Localizao de coletores, reservatrios e interligao hidrulica em planta

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235

MDULO - SOLAR

c. Isomtricos

As representaes isomtricas so utilizadas para descrever partes da instalao que seriam


difceis de se representar ou que exijam grau de detalhamento maior, como o caso dos
reservatrios trmicos e seus acessrios.

Figura 14.3. Isomtrico reservatrio trmico

d. Cortes

Os cortes, assim como a representao isomtrica auxiliam na complementao de informaes e


interpretao do projeto.

Figura 14.4. Corte Coletores solares

Figura 14.5. Corte Reservatrio trmico

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236

MDULO - SOLAR

14.2 Armazenamento e transporte dos equipamentos


a. Coletores solares

importante que os coletores sejam armazenados na vertical, seguindo as determinaes do


fabricante, em local coberto e protegido de intempries.
Em caso de armazenamento externo deve-se proteg-los contra chuva para que os mesmos no
se danifiquem antes de serem instalados.
Com relao ao transporte dos coletores solares, o mesmo deve ser realizado preferencialmente
por duas pessoas, segurando-se nas extremidades da caixa do coletor, de modo a evitar tores
nos equipamentos.

b. Reservatrios trmicos

Os reservatrios trmicos devem ser armazenados em local protegido de intempries e com suas
entradas e sadas vedadas, at o momento da instalao, impedindo a entrada de folhas ou
objetos que possam afetar o funcionamento do sistema.

O transporte dos reservatrios trmicos deve ser executado atravs de seus olhais ou alas de
transporte seguindo as recomendaes do fabricante e nunca pelas tubulaes.

14.3 Definio da equipe de instalao


Para definio do nmero de instaladores que sero necessrios para implantao de um sistema
de aquecimento solar preciso observar o grau de dificuldade e em quanto tempo se pretende
concluir a instalao. Atravs do projeto executivo possvel determinar a quantidade de
instaladores e o tempo de execuo da implantao do SAS.
Recomenda-se que uma instalao solar seja executada por no mnimo dois instaladores,
capacitados, garantido assim agilidade e segurana na implantao do sistema.

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237

MDULO - SOLAR

14.4 EPIs e Ferramentas


Para minimizar o risco de acidentes durante a instalao imprescindvel que sejam seguidas
todas as normas pertinentes atividade que ser realizada

A seguir esto relacionados alguns EPIs, ferramentas e acessrios necessrios para realizao de
uma instalao de aquecimento solar .

14.4.1. EPI Equipamento de Proteo Individual

Cada instalador deve portar:

Uniforme;

Capacete com jugular;

Bota com solado antiderrapante;

Cinturo de segurana para trabalhos em altura;

culos com lentes em policarbonato incolor;

Luvas;

culos com lentes em policarbonato verde para trabalhos sob o sol;

Figura 14.6 - Smbolos de EPI

14.4.2. Ferramentas

Para correta instalao de equipamentos e acessrios importante a utilizao de ferramentas


adequadas, que garantam maior agilidade e segurana instalao. Pode-se verificar abaixo
algumas das ferramentas essenciais para instalao de um sistema de aquecimento solar.

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238

MDULO - SOLAR

Chave de grifo;

Maarico;

Conjunto de chaves de fenda e philips;

Inclinmetro

Alicate;

Trena;

Serrote;

Bssola;

Martelo;

Furadeira eltrica;

Corta tubos (cobre);

Extenso eltrica;

Lixa;

Multmetro;

14.5 Acessrios de uma Instalao de Aquecimento Solar

a. Bomba hidrulica

Quando o sistema de aquecimento solar no pode operar em termossifo utiliza-se uma bomba
hidrulica cujo objetivo promover a circulao do fluido de trabalho entre os coletores e o
reservatrio trmico.
As bombas hidrulicas utilizadas em sistemas de aquecimento solar devem possuir algumas
caractersticas especiais para que operem de forma segura e duradoura.

As bombas hidrulicas basicamente se dividem em duas partes:


Motor eltrico

Corpo hidrulico

Figura 14.7 - Bomba hidrulica


(fonte:www.schneider.ind.br)

Corpo hidrulico: o corpo hidrulico abriga o rotor o qual pode ser fabricado em ferro fundido, ao
inoxidvel, bronze, polmero ou outro material, devendo ser especificado conforme as
caractersticas fsico qumicas e temperatura do fluido que ser bombeado.
Motor eltrico: acoplado ao corpo hidrulico responsvel pelo acionamento do rotor sendo
dimensionado conforme a potncia necessria para vencer as perdas de carga e desnveis da
instalao. Vale ressaltar que para trabalhar com gua quente as bombas precisam ter o rotor em
bronze ou ao inox e vedao em Viton ou EPDM.

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239

MDULO - SOLAR

b. Controlador diferencial de temperatura

Os controladores diferenciais de temperatura so responsveis


pelo controle do sistema de aquecimento solar permitindo
configuraes para acionar e desacionar a bomba hidrulica.
(fonte: Fullgauge)

c. Termostato

Termostatos

so

dispositivos

que

permitem

abertura

ou

fechamento de um circuito eltrico conforme um ajuste pr-definido


de temperatura. Estes dispositivos so muito utilizados em
reservatrios trmicos para acionamento de resistncias eltricas e
anis de recirculao para prumadas de gua quente. Esses
equipamentos podem ser regulveis, como apresentado na foto, ou
de temperatura fixa.

d. Fluxostato

O Fluxostato um dispositivo que permite a abertura ou fechamento


de um circuito eltrico quando ele acusa a existncia ou no de fluxo
de algum tipo de fluido na tubulao onde ele foi instalado. Este
dispositivo utilizado em anis de recirculao para prumadas de
gua quente e normalmente aplicado em conjunto ao termostato.

e. Sensores de temperatura

Os sensores de temperatura so instrumentos utilizados para


medio de temperatura. Em sistemas de aquecimento solar so
aplicados para comando e registro da temperatura de operao do
sistema, podendo ser de diversos tipos, como por exemplo:
termopares, PT100, PT500 dentre outros.

(fonte: Fullgauge)

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240

MDULO - SOLAR

f. Manmetro

O manmetro um instrumento utilizado para mediao de presso.


Usualmente estes equipamentos so utilizados em instalaes de
aquecimento solar de grande porte com objetivo de acompanhar e auxiliar
nas regulagens de operao do sistema.

g. Vlvulas e registros

Vlvulas so dispositivos utilizados para controle, bloqueio, manuteno e desvio de fluxo do fluido
circulante de uma instalao hidrulica. Em um SAS, as vlvulas mais utilizadas so:

Registro Globo (Vlvula de regulagem)


Os registros globo so utilizados para controle e regulagem da vazo de fluidos.

Fonte:website docol /website mipel


Figura 14.8 - Registro globo

Registro Gaveta (Vlvula de bloqueio)


O registro de gaveta tem a funo bloquear a passagem do fluido, devendo funcionar totalmente
abertos ou totalmente fechados.

Fonte:website deca /website mipel


Figura 14.9 - Registro gaveta

Registro Esfera (Vlvula de bloqueio)


O registro esfera tambm tem a funo de bloqueio passagem do fluido, devendo funcionar
totalmente aberto ou totalmente fechado.

Fonte:website docol / website tigre /website mipel


Fig 14.10 -Registro esfera
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241

MDULO - SOLAR

Vlvula de reteno
Esse tipo de vlvula permite o fluxo do liquido em uma s direo podendo ser instalada na vertical
ou horizontal de acordo com as especificaes da vlvula.

Fonte:website docol
Figura 14.11 - Vlvula de reteno

Vlvula eliminadora de ar (Vlvula ventosa)


Esse tipo de vlvula responsvel por permitir a sada de ar do sistema.

Fonte:website genovalvulas
Figura 14.12 - Vlvula eliminadora de ar

Vlvula quebra-vcuo

Tal vlvula responsvel por permitir a entrada de ar no sistema.

Fonte:website silgonvalvulas

Figura 14.13 - Vlvula quebra-vcuo

Vlvula de segurana

Esse modelo de vlvula responsvel por proteger o sistema contra presses superiores s
dimensionadas para sua operao.

Fonte:website drava
Figura 14.14 Vlvula de segurana

14.6 Suportes para coletores solares


Quando a orientao, inclinao ou posio de coletores solares no satisfatria para o
funcionamento do sistema, necessria a utilizao de suportes, com o objetivo de corrigir esses
desvios.

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242

MDULO - SOLAR

De posse do projeto dos suportes, suas especificaes devem ser rigorosamente seguidas, de
forma a garantir sua correta fixao estrutura do telhado ou s bases construdas especialmente
para sua instalao.

A base dos suportes dos coletores dever ser confeccionada em concreto ou outro material que
suporte o peso dos coletores, as cargas de vento e as intempries a que o sistema ser
submetido. Deve-se ainda atentar para os seguintes itens na confeco das bases:

A distncia entre as bases deve ser calculada de forma que o suporte nela instalado no

submeta o coletor solar a flexes superiores s permitidas pelo fabricante.

Os parafusos de fixao dos suportes nas bases devem ser galvanizados ou protegidos contra

corroso.

As bases devem prever canais para escoamento da gua da chuva.

Quando os suportes metlicos forem instalados diretamente na laje, necessrio

impermeabilizar o local onde forem fixados.

Quando os suportes metlicos forem instalados sobre telhados, as telhas perfuradas devero

ser impermeabilizadas.
Os suportes e suas respectivas bases de fixao devero ser projetados por profissional
tecnicamente habilitado

14.7 Instalao do(s) reservatrio(s) trmico(s)

Na instalao dos reservatrios deve-se considerar:


Na alimentao de gua fria do reservatrio deve-se sempre instalar um sifo ou vlvula de
reteno* evitando o retorno de gua quente para a caixa dgua, efeito denominado termossifo

tubular.

* Ateno: conforme a norma NBR 7198, vedado o uso de vlvulas de reteno no ramal de

alimentao de gua fria por gravidade do reservatrio trmico, quando o mesmo no possuir
respiro.

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243

MDULO - SOLAR

Figura 14.15 - Sifo

A alimentao de gua fria do reservatrio deve conter no mnimo, 150 cm de tubulao

anterior ao sifo em cobre ou material que suporte temperatura do sistema.

Figura 14.16 -Tubulao de alimentao

O reservatrio deve possuir registros gaveta ou esfera em suas entradas e sadas;

A alimentao de gua fria do reservatrio, vinda da caixa dgua, deve ser exclusiva no

permitindo derivaes para outros pontos;

A sada para o dreno deve ser conectada a uma tubulao de esgoto ou destinada a local

apropriado;

Quando for utilizado conjunto de vlvulas para SAS de alta presso, a rea logo abaixo do

conjunto deve ser devidamente impermeabilizada evitando infiltraes na edificao ou desaguar


em um ralo cuja tubulao suporte temperaturas elevadas.

As interligaes das entradas e sadas de um reservatrio trmico horizontal convencional

devem seguir as configuraes apresentadas na figura a seguir promovendo a circulao de toda


a gua do reservatrio.

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244

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Figura 14.17 - Conexes bsicas de um reservatrio trmico

14.8 Instalao dos coletores solares

A interligao hidrulica dos coletores poder ser executada em srie ou paralelo de acordo com
o que for definido no projeto da instalao. Alm de seguir as configuraes de projeto, no
momento da instalao dos coletores, deve-se atentar para os seguintes itens:
a. As conexes entre coletores podem ser executadas com luvas soldadas ou luvas de unio, as

quais facilitam futuras manutenes e substituio de coletores;

b. Deve-se instalar um registro gaveta ou esfera na parte inferior da bateria para dreno dos

coletores.

c. Em associaes superiores a duas baterias de coletores interligadas em srie recomenda-se a

instalao de uma vlvula eliminadora de ar na sada da ltima bateria de coletores.

Figura 14.18 - Localizao da vlvula eliminadora de ar

d. A instalao dos coletores deve prever fcil acesso para limpeza e manuteno.

e. Em instalaes que operam em termossifo, recomenda-se a instalao da bateria de

coletores com um pequeno aclive, entre 2% e 3%, no sentido da sada da gua quente, evitandose sifes provocados por desnveis no telhado ou erro na instalao.

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245

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14.9 Instalao de sensores e quadro de comando


14.9.1 Instalao de sensores

Em sistemas cuja circulao forada, a bomba hidrulica comandada por um controlador


diferencial de temperatura o qual compara as temperaturas entre os sensores 1 e 2 localizados no
topo do ultimo coletor da bateria e na base do reservatrio respectivamente.

Figura 14.19 - Posicionamento de sensores

Conforme apresentado no capitulo anterior, geralmente, a bomba hidrulica acionada quando o


a diferena de temperatura entre o sensor 1 e 2 igual ou superior a 5C* e desligada quando
igual ou inferior a 2C*. Cabe ressaltar que esta t emperatura apenas orientativa devendo a
mesma ser especificada no projeto da instalao.

Alguns controladores possuem um terceiro sensor, normalmente instalado na sada de consumo


do reservatrio e que, alm de fornecer a temperatura da gua na sada de consumo, tem a
funo de bloquear o funcionamento da bomba, mesmo que o diferencial entre os sensores 1 e 2
seja igual ou superior a 5C, quando a temperatura registrada por ele atingir o valores elevados (o
qual deve ser ajustado previamente). A essa temperatura da-se o nome de temperatura de
superaquecimento.

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246

MDULO - SOLAR

Figura 14.20 - Instalao de sensores

Os sensores podem ser fixados diretamente na tubulao, quando a mesma for de cobre, ou
instalado em poos termomtricos. Aps sua instalao os mesmos devem ser isolados
termicamente.
14.9.2 Quadro de comando

O quadro de comando deve ser instalado em um local prximo ao SAS protegido de intempries e
de fcil acesso, para possveis verificaes de temperatura ou operao do sistema.

.
Fonte: acervo Green
Figura 15.21 Quadro de comando Vista Interna

O projeto executivo dever prever a localizao do quadro de comando na edificao.

14.10 Instalao do sistema de aquecimento auxiliar

a. Resistncia eltrica

As resistncias eltricas devem possuir disjuntores especficos para seu acionamento;

Os cabos de energia devem ser conduzidos do quadro de comando a resistncia eltrica do

reservatrio atravs de eletrodutos;

A resistncia eltrica deve ser aterrada eletricamente;

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247

MDULO - SOLAR

Deve-se conferir a impedncia das resistncias eltricas antes de acionar o quadro de

comando a fim de evitar curtos-circuitos;

b. Aquecedor de passagem a gs

Deve-se verificar se as peas e anis de vedao da entrada de gua no aquecedor suportam

a alimentao com gua aquecida;

Os cabos de energia devem ser conduzidos do quadro de comando ao aquecedor de

passagem atravs de eletrodutos;

Os aquecedores de passagem no devem ser instalados em locais confinados;

Deve-se seguir rigorosamente as normas tcnicas aplicveis e as especificaes de instalao

fornecidas pelo fabricante;

14.11 Interligao entre reservatrio e ponto de consumo


Este manual aborda apenas os aspectos referentes ao circuito primrio de uma instalao de
aquecimento solar, entretanto cabe observar alguns detalhes importantes na interligao entre o
reservatrio e a tubulao de consumo de gua quente.

Figura 14.24 - Instalao hidrulica de um sistema de aquecimento solar

a. O dimetro da tubulao de sada de consumo do reservatrio deve ser igual ou superior ao

de distribuio de gua quente para os pontos de consumo;


b. A tubulao de distribuio de gua quente dever ser isolada termicamente;
c. A tubulao de distribuio hidrulica para os pontos de consumo deve estar sempre na

descendente, evitando-se a formao de sifes, que podem prejudicar a vazo nos pontos de
consumo.
d. A prumada de gua fria da descarga dever ser exclusiva. No deve-se instalar ramais para o

registro de gua fria do chuveiro e para ducha higinica. Start-up do sistema

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248

MDULO - SOLAR

14.12 Testes e incio de operao do sistema


A operao de start-up ou posta em marcha da instalao muito importante, pois, atravs dela o
sistema de aquecimento solar submetido a testes, sendo possvel verificar se o sistema
funcionar conforme projetado.
a. Enchimento do sistema

Deve-se encher lentamente o sistema, preferencialmente da parte mais baixa para o topo evitando
a formao de bolsas de ar no circuito hidrulico.
b. Teste de estanqueidade

Os circuitos hidrulicos devem ser testados com presso 1,5 vez, superior presso de operao
da instalao com objetivo de identificar possveis vazamentos. As vlvulas de segurana, quando
existentes, devem ser instaladas aps o teste de estanqueidade, pois as mesmas operam em
presso nominal inferior a de teste.
Nesta etapa importante acionar manualmente todas as vlvulas ventosas para retirada completa
do ar do sistema.

c. Teste de sensores e acessrios

Sensores, bomba hidrulica, vlvula de segurana e demais acessrios devem ser testados
simulando-se condies de operao do sistema e verificando seu comportamento.

14.12

Acabamento

Depois de realizados todos os testes na instalao inicia-se a etapa de acabamento e finalizao


da obra. Essa etapa consiste em:
a. Isolamento trmico de toda a tubulao da instalao, lembradose que as tubulaes

expostas a radiao solar e intempries devem possuir algum tipo de elemento protetor (alumnio
corrugado, fita aluminizada, etc.).
b. Verificar se todas as tubulaes esto bem fixadas e sem formao de sifes no seu percurso;
c. Verificar se todos os cabos eltricos esto devidamente encapados e conduzidos atravs de

eletrodutos;
d. Verificar a existncia de alguma obstruo na sada do conjunto de vlvulas de seguraa.

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249

MDULO - SOLAR

14.13 Treinamento e entrega do manual de operao


Nesta etapa, o instalador dever ensinar ao responsvel pelo recebimento da instalao como
operar o sistema, apresentado a localizao de acessrios, quadro de comando e demais
componentes. Cabe tambm ao instalador fornecer, quando aplicvel, o projeto executivo as built,
a anotao de responsabilidade tcnica (ART), os certificados de garantia e demais
documentaes pertinentes ao sistema.

14.14 Manuteno
A manuteno de um sistema de aquecimento solar, quando corretamente instalado, bem
simples. A seguir apresentam-se as principais aes de manuteno aplicveis a um sistema de
aquecimento solar.
14.14.1 Manuteno preventiva
Mensal

Lavagem dos coletores com gua e sabo neutro no perodo da manh;

Verificar a vedao dos coletores;

Verificar o funcionamento do sistema de anticongelamento, caso existente;

Verificar o funcionamento dos sensores de temperatura e as configuraes do controlador

diferencial de temperatura;

Verificar a regulagem do termostato;

Semestral

Verificar estado do isolamento trmico;

Verificar e colocar em funcionamento o conjunto de vlvulas;

Conferir as vedaes da bomba hidrulica e a estanqueidade do sistema;

Anual

Realizar a drenagem do sistema para limpeza;

Verificar a existncia de formao de corroso em algum item do sistema;

Verificar o estado de funcionamento do sistema auxiliar.

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250

MDULO - SOLAR

14.14.2 Manuteno corretiva


PROBLEMA

CHECAR

CAUSA PROVVEL

SOLUO

Coletores

Coletores danificados

Substituir

Registros

Registros do reservatrio fechados


ou danificados

Abrir registros

Inclinao das
tubulaes

Ar no circuito hidrulico

Retirar o ar do circuito

Tubulao de
distribuio

Vazamento

Localizar o vazamento e reparar

Desconfigurado

Reconfigurar

Descontinuidae do cabeamento

Checar o cabeamento e reparar

Sensores danificados

Substituir

Bomba danificada

Reparar ou susbtituir

Resistncias queimadas

Substituir

Termostato danificado

Substituir

Termostato desregulado

Regular

Controlador diferencial
de temperatura

Falta gua quente

Bomba hidrulica

Aquecedor auxiliar
(eltrico)

Aquecedor auxiliar
(gs)

Usurios
Aquecedor auxiliar

gua muito quente

Limpar e abrir o orifcio

Vlvula piloto defeituosa

Substituir

Termostato de acioanmento
defeituoso
Ajuste imprprio da chama piloto
de gs

Reparar
Reajustar

Checar a dimensionamento do
sistema
Ponto de ajuste do termostato muito Reduzir a temperatura de ajuste
alto
do termostato
Consumo excessivo

Sensor de temperatura

Calibrao imprpria

Dimensionamento

Sistema superdimensioando

Checar dimensionamento

gua quente no esta sendo


utilizada

Escoar parte da gua quente


para reduzir a temperatura do
reservatrio

Vedao defeituosa

Substituir

Vlvula em operao

Checar condies de
funcionamento

Tubulao rompida devido a


congelamento

Reparar ou substituir.

Tubulao defeituosa

Reparar ou substituir.

Usurios

gua sai pelo telhado

Sujeira no orifcio do piloto

Vlvula eliminadora de
ar
Vlvula
anticongelamento
Tubulao do coletor

Checar; recalibrar e substituir

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251

15
AQUECIMENTO SOLAR DE PISCINA

Aspectos Construtivos
Instalao Hidrulica
Balano de Energia
Projeto
Instalao
Manuteno Preventiva e Corretiva

MDULO - SOLAR

INTRODUO
A aplicao da energia solar trmica em aquecimento de piscinas vem crescendo de forma
consistente e significativa em todo Brasil. Diante dessa realidade, a necessidade de profissionais
qualificados passa ser fundamental para o desenvolvimento de todos os nveis da cadeia
produtiva: certificao, fabricao, vendas, projeto e instalao. Para que isto ocorra, necessrio
que o profissional da rea esteja atualizado quanto aos produtos oferecidos pelo mercado, critrios
de qualidade, diferenciais tecnolgicos e metodologias de projeto e instalao

Um sistema de aquecimento solar para piscina pode ser divido basicamente em quatro
subsistemas distribudos da seguinte forma:

Figura 15.1 - Subsistemas de uma instalao solar de piscina

15.1. Subsistema de captao

O subsistema de captao corresponde ao conjunto de coletores solares e sua interligao


hidrulica sendo o coletor o componente ativo de todo sistema de aquecimento solar para piscinas.
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254

MDULO - SOLAR

O coletor solar tem a funo de absorver a radiao solar incidente e transferi-la para a gua da
piscina no momento em que esta passa pelo coletor solar. Durante este processo, naturalmente
ocorrem perdas de energia cuja intensidade varia em funo do tipo de projeto construtivo,
caractersticas e aplicao de cada coletor solar.

15.1.1. Tipos de coletores

Atualmente, no mercado brasileiro, utilizam-se dois tipos distintos de coletores para o aquecimento
de piscina.

a. Coletores planos fechados

Semelhantes aos coletores utilizados no aquecimento de gua para banho, podem atingir
temperaturas de at 60C. Esses coletores podem ser metlicos ou polimricos, entretanto para
serem utilizados no aquecimento de piscinas so submetidos a testes de eficincia especficos
para essa aplicao.

b. Coletores planos abertos

Esse modelo de coletor recomendado para aplicaes cuja temperatura mxima de utilizao
de 35C, sendo, por essa razo, normalmente fabric ado em polmeros, no isolados termicamente
alm de no possurem nenhum tipo de cobertura, constituindo-se apenas de placa absorvedora e
tubos.

15.1.2. Critrios para seleo de um coletor solar para aquecimento de piscina

Ao selecionar qual o modelo de coletor mais adequado para um projeto de aquecimento de piscina
alguns fatores devem ser observados:

a. Propriedades mecnicas

Quando h restrio de rea, orientao e ngulo de inclinao desfavorveis para instalao do


sistema, normalmente utilizam-se coletores rgidos, podendo ser abertos ou fechados, desde que
quando apoiados em suportes metlicos no se deformem e no tenham sua estrutura
comprometida.

Rede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

255

MDULO - SOLAR

b. Tratamento qumico da gua

Esse item fundamental para verificao da compatibilidade qumica entre os materiais


empregados na construo do coletor e o tratamento qumico da piscina, pois tal parmetro ser
preponderante na escolha de um coletor metlico ou em polmero.

Deve-se verificar com o fabricante do coletor solar quais as restries de operao do


equipamento.

c. Presso de trabalho

Ao se dimensionar a bomba para circulao da gua pelos coletores deve-se verificar qual a
presso de operao do sistema e assim definir qual o modelo de coletor suportar as presses
impostas pela bomba sem apresentar nenhum tipo de deformao ou vazamento.

Os valores de presso mxima de operao dos coletores so fornecidos pelo fabricante.

d. Tratamento da superfcie

Por serem equipamentos que trabalham essencialmente expostos a radiao solar, todos os
modelos de coletores, sejam eles abertos ou fechados, metlicos ou polimricos, devem possuir
tratamento qumico em sua superfcie absorvedora, garantindo maior vida til e a eficincia
projetada do equipamento. Em coletores metlicos, a placa absorvedora recebe uma camada de
tinta, a qual deve suportar as elevadas temperaturas de operao, as dilataes e contraes do
metal e a radiao solar incidente. J os coletores feitos em polmeros, recebem, em sua
composio qumica, elementos que o protegem contra a ao dos raios ultravioleta (anti-UV)
permitindo assim que suas caractersticas construtivas sejam mantidas.

e. Isolamento trmico

A necessidade de utilizao de coletores fechados que possuam isolamento trmico, est


associada s condies climatolgicas da regio onde sero instalados. Em regies frias ou com
incidncia de ventos fortes, opta-se pelo uso de coletores fechados com o objetivo de minimizar as
perdas convectivas do coletor garantindo assim maior eficincia em uma rea menor de captao.

15.2. Subsistema de acumulao - Piscina

Analogamente ao sistema de aquecimento solar de banho, composto por coletores solares e


reservatrio trmico, o sistema de aquecimento solar de piscinas tambm possui seu reservatrio

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256

MDULO - SOLAR

representado pela piscina. Atualmente possvel se encontrar piscinas em diferentes formatos e


materiais; sendo os mais tradicionais em alvenaria, vinil e fibra de vidro.

Fonte:website solazerpiscinas
Fonte: website engevilr
Fonte: website sibrape

Figura 15.2 - Alvenaria

Figura 15.3 - Vinil

Figura 15.4 - Fibra de vidro

Para determinao do nmero de coletores necessrios para se atingir a temperatura desejada na


piscina alm das condies climatolgicas necessrio observar os seguintes aspectos
detalhados a seguir.

15.2.1. rea da piscina


Para determinao da rea total da piscina associa-se o formato da piscina com uma ou mais
figuras geomtricas de rea conhecida, isto :

= 3,1416

A= a x a

A=bxh

A=bxh/2

A = x d/4

Figura 15.5- Quadrado

Figura 15.6 - Retngulo

Figura 15.7 - Tringulo

Figura 15.8 - Circunferncia

Estudo de Caso 15.1.


Calcule a rea aproximada da piscina apresentada abaixo:

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257

MDULO - SOLAR

O primeiro passo para se determinar a rea de piscinas com formatos irregulares subdividi-la
em duas ou mais figuras geomtricas de rea conhecida. Sendo assim tem-se:

rea do retngulo 1:

rea do tringulo 2:

rea da circunferncia 3:

A1 = b x h

A2 = (b x h)/2

A2 = x d /4

A1 = 4 m x 2 m

A2 = 1,3m x 1m / 2

A2 = 3,1416 x 3 /4

A1 = 8,00 m

A2 = 0,65 m

A2 = 7,07 m

Logo, a rea total ser a soma das reas de A1, A2 e A3.


rea da piscina = 8,00 + 0,65 + 7,07 = 15,72 m

Para determinao do volume basta multiplicar a rea total encontrada pela profundidade mdia
da piscina.

15.2.2. Tipo de piscina


Como apresentado anteriormente, observa-se que existem diversos tipos de piscina, no que tange
aos materiais empregados em sua construo, mas que pouco afetam no dimensionamento do
sistema de aquecimento solar. Entretanto existe um dos aspectos construtivos de uma piscina,
denominado envelope construtivo, que muito influencia na determinao da rea coletora para
aquecimento da piscina.
Pode-se classificar as piscinas de trs formas quanto a seu envelope construtivo.

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258

MDULO - SOLAR

a. Piscinas abertas

Esse tipo de piscina caracteriza-se por no possuir


nenhum tipo de cobertura, o que favorece o ganho direto
de radiao incidente na superfcie da piscina.

Figura 15.9 Piscina aberta

Fonte: website sibrape

b. Piscinas abertas e cobertas

Esse o pior tipo de piscina para aquecimento, pois no


permite a incidncia da radiao solar na superfcie da
gua, porm permite que o ar circule sobre a piscina,
aumentando as perdas por evaporao e conveco.
Figura 15.10 Piscina aberta e coberta

c.

Piscinas fechadas

Este tipo de piscina favorvel para o sistema de


aquecimento solar, pois apesar de no permitir ganhos
diretos de radiao tambm no permite que a velocidade
do ar circulante sobre a piscina seja intensa, o que
minimizar sensivelmente as perdas por evaporao da
Figura 15.11 Piscina fechada

piscina.

Fonte: website sibrape

15.2.3. Temperaturas de funcionamento de uma piscina

Um fator determinante no dimensionamento de um sistema de aquecimento solar para piscina a


definio da temperatura da gua de acordo com a aplicao de seu uso. A temperatura de
utilizao da piscina tem grande influncia no dimensionamento da rea coletora ideal e, ao
contrrio do que muitos pensam, a relao entre temperatura de uso e Relao de rea no
linear. Elevar em 1C a temperatura de uma piscina requer uma quantidade de energia muito
maior do que se imagina, conforme pode ser visto no grfico a seguir.

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259

MDULO - SOLAR

Relao de rea x Aumento da Temperatura


1,4

1,2

rea coletora/rea da piscina

0,8

0,6

0,4

0,2

0
26

27

28

29

30

31

32

33

Temperatura [C]

Figura 15.12 Relao de rea coletora x aumento da temperatura

Em funo disso, preciso muito cuidado no momento de elevar a temperatura de utilizao da


piscina de forma a no correr o risco de frustrar o usurio. A seguir so feitas algumas sugestes:

Piscinas de treinamento: 26 C;

Piscinas de clubes: 28C a 30C;

Piscinas residenciais e academias: 30C a 32C;

Piscinas de fisioterapia e SPAs: 32 C.

Uso da Capa Trmica


O uso da capa trmica em piscinas uma medida efetiva de
conservao de energia, reduo de custo operacional e tem
relao direta com o dimensionamento da rea coletora.
A capa trmica tem a funo de conservar a temperatura da
piscina na medida em que as perdas por evaporao (cerca
Figura 15.13 Capa trmica

de 70% das perdas trmicas da piscina) so reduzidas

Alm disso, a reduo da taxa de evaporao implica na reduo da quantidade de produtos


qumicos utilizados no tratamento da piscina. O grfico a seguir ilustra bem o impacto do uso da
capa trmica. Atualmente existem diversos modelos de capas trmicas no mercado, sendo
mais utilizadas as do tipo plstico bolha com proteo anti-UV.

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260

MDULO - SOLAR

15.2.4. Detalhes construtivos

Uma das maiores dificuldades na insero de um sistema de aquecimento solar para piscina
esto relacionadas s questes hidrulicas que sero discutidas a seguir. Contudo, importante
que durante a construo da piscina as tubulaes de ralo de fundo e bocais de retorno estejam
corretamente dimensionadas para receber o sistema de aquecimento solar.

a. Dispositivos de suco e retorno

Em piscinas ainda em fase de projeto possvel prever bocais independentes para suco e
retorno do sistema de aquecimento solar.

Conforme a norma NBR 10339/1998, deve-se:

Acrescentar um bocal de retorno para cada 50m de superfcie de gua ou um bocal para cada

50 m de gua, devendo-se sempre optar pela maior quantidade obtida, sendo o mnimo de dois.

Dispor os bocais levando-se em conta o esquema de circulao da gua na piscina,

concentrandose o maior nmero de bocais nas regies mais rasas ou onde haja tendncia de
estagnao da gua.

Instalar os bocais de retorno entre 30 cm e 50 cm do nvel da gua.

Figura 15.14 - Exemplos de localizao de dispositivos de suco e retorno

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261

MDULO - SOLAR

b. Tubulao independente:

Alm de prever ralo de fundo e bocais de retorno para o sistema de filtragem, a piscina
construda com ralo de fundo e bocais de retorno especficos e devidamente dimensionados para
o sistema de aquecimento solar. Esta a medida mais correta a ser tomada em piscinas
comerciais de grande porte, onde o sistema de aquecimento solar ser implantado de forma
totalmente independente do sistema de filtragem.

c. Tubulao dependente:

O ralo de fundo e bocais de retorno previsto para o sistema de filtragem da piscina ser
aproveitado pelo sistema de aquecimento solar. Esta situao muito comum em se tratando de
piscinas residenciais de pequeno porte, conforme ilustra a figura 19. Contudo, fundamental que
a tubulao dimensionada para a vazo de filtragem (ralo de fundo e bocais de retorno) tambm
seja compatvel com a vazo do sistema de aquecimento solar, pois a filtragem e o aquecimento
da piscina acontecem ao mesmo tempo e utilizando-se da mesma bomba hidrulica. Existem
tambm os casos de piscinas em que as bombas hidrulicas de filtragem e aquecimento solar
sero independentes. Nestes casos, fundamental que a tubulao dimensionada seja
compatvel com a vazo praticada pelo sistema de filtragem e aquecimento solar ao mesmo
tempo. Este segundo caso muito comum em piscinas comerciais de grande porte onde no foi
previsto tubulao independente para o sistema solar.

15.3. Subsistema de circulao e comando

O subsistema de circulao e comando corresponde aos equipamentos responsveis pela


circulao nos coletores e os demais componentes para controle e comando do sistema.

15.3.1. O Circuito Hidrulico

O circuito hidrulico o meio de interligao entre o coletor solar e a piscina. Esta interligao
pode de ser feita de vrias maneiras, em funo das dificuldades que a instalao oferece para
insero do sistema de aquecimento solar. So eles:

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262

MDULO - SOLAR

a. Bomba Hidrulica:

Neste tipo de aplicao, no h possibilidade de instalao do sistema solar por circulao natural
ou termossifo. Toda instalao bombeada (circulao forada), visto que as perdas de carga
so maiores e, normalmente os coletores ficam posicionados acima da piscina. Em sistemas de
aquecimento solar residencial (pequeno porte), comum usar a prpria bomba hidrulica de
filtragem para circulao de gua nos coletores solares. Em sistemas de aquecimento solar
comercial (grande porte) geralmente utilizada uma bomba hidrulica independente e exclusiva
para circulao de gua nos coletores solares. importante que a bomba seja dotada de pr-filtro
ou que este possa ser adaptado ao circuito hidrulico, pois reduz a chance de entupimento dos
coletores. Para dimensionar a bomba hidrulica preciso calcular a altura manomtrica da
instalao e a vazo de projeto dos coletores.

Pr-filtro
Motor eltrico

Figura 15.15 Moto bomba com pr-filtro acoplado

Fonte: website Sodramar

b. Tubulao:

O PVC marrom resiste a temperaturas prximas de 40C sem sofrer deformaes, atxico e
resistente a intempries, portanto o tipo de tubulao mais utilizada em instalaes de
aquecimento solar para piscinas com coletor solar plano aberto polimrico. Devido faixa de
temperatura de operao, no h necessidade de isolamento trmico. Em uma instalao de
aquecimento solar, a tubulao dividida em: tubulao de alimentao, interligao e retorno
dos coletores. Na tabela 15.1 esto especificadas as vazes mximas praticadas nas tubulaes
de PVC respeitando a velocidade mxima de 2,5 m/s. A experincia prtica mostra que vazes
cuja velocidade excede 2,5 m/s passam a gerar srios problemas de vibrao ao longo da
tubulao, portanto importante que os limites apresentados na tabela 2 sejam respeitados.

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263

MDULO - SOLAR

Dimetro PVC

Vazo Mxima

Vazo Mxima

(mm)

(m/h)

(l/min)

20

2,04

34,05

25

3,30

54,97

32

5,46

91,05

40

8,76

145,97

50

13,68

228,08

60

20,16

335,94

75

31,35

522,55

85

40,40

673,32

110

67,61

1126,83

Tabela 15.1 Vazes mximas recomendadas para tubulao de PVC.

15.3.2. Dreno automtico (Drain-back)


Em sistemas de aquecimento solar de piscina, geralmente configura-se o sistema de tal forma que,
ao desligar, permita que a gua existente nos coletores retorne para a piscina deixando-os vazios
e conseqentemente protegidos contra os efeitos do congelamento. Contudo, esta drenagem
somente possvel atravs do uso das vlvulas quebra vcuo que, como o prprio nome j diz,
evitam a formao de vcuo dentro do coletor solar permitindo a entrada de ar durante a drenagem
do sistema.

Em instalaes onde a configurao do sistema no permite que esse processo ocorra


naturalmente, recomenda-se a instalao de registros nos coletores ou em seu circuito hidrulico
possibilitando que essa operao seja realizada manualmente no perodo de inverno ou em
pocas do ano susceptveis a geadas.

A situao apresentada anteriormente vlida somente para coletores abertos cujas tubulaes
no suportam a expanso ocasionada pelo congelamento da gua em seu interior. Quando se
utilizam coletores fechados na instalao o processo inverso, isto , criam-se atravs de sifes e
dispositivos hidrulicos, maneiras de fazer com que os coletores permaneam cheios no momento
em que a bomba hidrulica desligar. Em tal caso a proteo anticongelamento realizada pelo
controlador diferencial de temperatura que acionar a bomba hidrulica, fazendo circular a gua da
piscina nos coletores, casos os mesmos atinjam temperaturas prximas s de congelamento.

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264

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15.3.3. Fluido de trabalho


O fluido de trabalho mais utilizado em sistemas de aquecimento solar de piscina a gua. Cabe
ressaltar que a forma de tratamento da piscina e os agentes qumicos nela utilizados, para garantir
as condies de higiene e segurana aos usurios, devem ser analisados a fim de se verificar
alguma restrio com os materiais utilizados nos coletores solares.

Quando, por algum motivo, exista uma incompatibilidade entre o tratamento da piscina e o coletor
solar pode-se optar pelo uso de fluidos trmicos, aquecendo-se a gua da piscina de forma indireta
atravs de trocadores de calor.

15.4.

Aquecimento auxiliar

O sistema de aquecimento solar, quando dimensionado corretamente, pode suprir a maior parte da
demanda de energia para o aquecimento de uma piscina. Contudo, nos meses de inverno ou
perodos prolongados de chuva, o sistema de aquecimento solar no ser capaz de atingir a
temperatura desejada da gua, sendo necessrio, portanto, um sistema de aquecimento auxiliar
com objetivo de complementar a energia no fornecida pelos coletores. Os sistemas de
aquecimento solar mais comumente utilizados so:
Tabela 15.2 Tipos de sistemas auxiliares mais utilizados com suas respectivas fontes de energia

Tipo

Fonte de energia

Bomba de calor

Eltrico

Aquecedores de passagem

GLP, GN, Eltrico

Geradoras de gua quente

GLP, Diesel, Lenha

A implantao de um sistema de aquecimento auxiliar necessria quando a manuteno da


temperatura da gua constante indispensvel, como o caso de clubes, academias, piscinas de
tratamento mdico e etc.

Em piscinas residenciais, normalmente o usurio abre mo do aquecimento auxiliar por no ter o


hbito de utilizar a piscina nos meses mais frios, por uma questo de economia no custo
operacional da piscina ou como medida de reduo do investimento inicial.

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265

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a. Bomba de calor

A bomba de calor um equipamento eltrico que alia alta eficincia trmica a um consumo
reduzido de energia. Este equipamento vem sendo amplamente utilizado como apoio a sistema de
aquecimento solar, pois alm das caractersticas apresentadas anteriormente so de fcil
instalao.
Em uma instalao solar convencional de aquecimento de piscinas, a bomba de calor interligada
em srie ao sistema e instalada na tubulao de retorno para a piscina conforme apresentado
esquematicamente abaixo.

Figura 15.16 - Associao de uma bomba de calor ao sistema de aquecimento auxiliar

Deve-se verificar com o fabricante da bomba de calor as especificaes de instalao do


equipamento.
b. Aquecedores de passagem

Estes aquecedores, quando utilizados para apoio ao aquecimento solar de piscina so interligados
em srie ao sistema.
c. Geradoras de gua quente

Assim como a bomba de calor o uso de geradoras de gua quente ou caldeiras como
complemento ao sistema de aquecimento solar tambm muito comum. As caldeiras, em geral,
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so interligadas em srie ao sistema de aquecimento solar e devem seguir rigorosamente as


especificaes de instalao do fabricante e as normas pertinentes a sua implantao.

15.5. Balano de energia de uma piscina

A rea superficial e volume da piscina tero grande utilidade no dimensionamento do sistema de


aquecimento solar, dependendo do mtodo a ser utilizado. Os dois mtodos mais conhecidos so:

Mtodo do Clculo de Potncia: comumente utilizado entre as alternativas convencionais de

aquecimento de piscina (aquecedores a gs, diesel, eltrico, lenha, etc.) consiste em dimensionar
a potncia e quantidade de aquecedores a serem utilizados a partir do levantamento do volume de
gua a ser aquecida, ganho de temperatura e tempo desejvel para que o aquecimento ocorra.
Este mtodo de dimensionamento muito pouco usual em sistemas de aquecimento solar de
piscina, pois parte da premissa de que o tempo necessrio para que ocorra o ganho de
temperatura na piscina seja o mnimo possvel. Para isso, o sistema solar dimensionado
necessitar ter elevada potncia, grande rea coletora e, obviamente, um alto custo de
investimento. Neste mtodo o clculo do volume da piscina tem maior importncia que a rea
superficial.

Mtodo da Reposio das Perdas Trmicas: mais adequado mtodo de dimensionamento de

sistemas de aquecimento solar para piscinas. Consiste basicamente em dimensionar uma rea
coletora com potncia tal capaz de produzir energia suficiente para, diariamente, repor as perdas
trmicas da piscina aquecida. Para chegar ao dimensionamento da quantidade ideal de coletores
solares feito um balano energtico, relacionando as perdas e ganhos de energia trmica na
piscina. Neste mtodo o clculo da rea superficial da piscina tem maior importncia que o volume,
visto que a maior parte das perdas de energia de uma piscina acontece pela sua superfcie,
conforme poder ser visto a diante.

15.5.1. Perdas de energia

Figura 15.17. Perdas de energia em uma piscina

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Perda por Evaporao: responsvel por 60% a 70% da perda trmica de uma piscina

aquecida. Consiste da passagem da gua, localizada na superfcie da piscina, do estado liquido


para o estado gasoso. o principal mecanismo de perda de calor de uma piscina e tem relao
direta com a velocidade do vento, temperatura ambiente e umidade relativa do ar. Ateno
especial dada velocidade do vento que diretamente proporcional a perda por evaporao e,
conseqentemente tem importncia relevante no dimensionamento da rea coletora.

Perda por Conveco: ocorre quando h movimentao de correntes de ar sob a superfcie

da piscina. A camada de ar frio que se desloca sob a superfcie da piscina aquecida pelo contato
com a camada superficial de gua e em seguida da lugar a outra camada de ar frio. A perda por
conveco tambm diretamente proporcional velocidade do vento e pode representar at 20%
das perdas trmicas. Dobra-se a perda por conveco quando dobra-se a velocidade do vento.

Perda por Radiao: as piscinas irradiam energia trmica diretamente para o cu. Este outro

importante mecanismo de perda trmica e pode exceder 10% da perda de energia trmica total de
uma piscina aquecida.

Perda por Conduo: ocorre atravs da transferncia de calor entre a gua da piscina

enterrada e o solo ou concreto que circunda as suas laterais e fundo. O solo seco e o concreto so
relativamente bons isolantes trmicos, o que faz com que a perda trmica por conduo seja muito
pequena. No caso de piscinas desenterradas, a perda por conduo maior, no entanto ainda
assim, muito pequena se comparada aos outros mecanismos de perda de energia, no
ultrapassando, na maioria dos casos 5%.

15.5.2. Ganhos de energia

Figura 15.18. Ganhos de energia em uma piscina

Ganho Direto de Energia: consiste no ganho direto proporcionado pela radiao solar que

incide diretamente sob a superfcie da gua da piscina. Estima-se que cerca de 75% desta energia
absorvida e 25% refletida pela piscina.
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Ganho do Aquecimento Solar: consiste na energia solar absorvida pelos coletores solares,

transformada em energia trmica e transferida para a gua da piscina. Existem diferentes


alternativas de coletores solares que podem ser utilizados para esta aplicao, conforme j foi
discutido no item 15.1.1.

Ganho do Aquecimento Auxiliar: utilizado para complementar o aquecimento em situaes

onde o baixo nvel de radiao solar incidente no permite que o sistema de aquecimento solar
atenda a demanda energtica da piscina. As alternativas mais comuns so: bombas de calor
(eltrico), aquecedores de passagem a gs (GLP ou gs natural) e geradoras de gua quente
(GLP, diesel ou lenha).

15.5.3. Balano de Energia

Aps ter definido os mecanismos de perda e ganho de energia trmica da piscina, necessrio
realizar o balano de energia, cujo objetivo quantificar a energia que o sistema de aquecimento
solar dever repor diariamente piscina. Para isso, sabemos que:

Perda de Energia na Piscina = Perda Evaporao + Perda Conveco +Perda

(15.1)

Radiao + Perda Conduo


e;

Ganho de Energia na Piscina = Ganho Direto + Ganho Aq. Solar


+ Ganho Aq. Auxiliar

(15.2)

Para que haja um balano de energia, parte-se do principio que:

Perdas de Energia na Piscina Ganhos de Energia na Piscina = 0

(15.3)

Logo;

Ganhos de Energia na Piscina = Perdas de Energia na Piscina

(15.4)

Isolando, na equao 15.2, o ganho de energia proveniente do aquecimento solar, tem-se:

Ganho Direto + Ganho Aq. Solar + Ganho Aq. Auxiliar =


Perdas de Energia na Piscina

(15.5)

Da;
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Ganho Aq. Solar = Perdas de Energia na Piscina Ganho Direto


Ganho Aq. Auxiliar

(15.6)

15.6. Projeto de um sistema de aquecimento solar para piscina

Em um projeto de aquecimento solar de piscina so reunidos conceitos de grande importncia das


reas de engenharia trmica e hidrulica que so fundamentais para retirar do coletor solar o
mximo de eficincia possvel. Neste mdulo, sero abordados os mtodos para agrupamento de
coletores, interligao entre agrupamentos, dimensionamento de tubulao, interligao com a
casa de mquinas e aquecimento auxiliar. Tudo isso, dando nfase aos pontos de maior relevncia
de cada etapa do processo.

O Projeto e sua Importncia

O projeto tem grande importncia na cadeia produtiva do aquecedor solar, pois garante uma
correta instalao, reduz custo em funo da soluo otimizada, facilita o planejamento da
execuo da instalao e permite retirar o mximo de rendimento possvel do coletor solar. Em
funo disso, importante ressaltar que os sistemas de aquecimento solar podem ser classificados
como:

a. Sistema de Aquecimento Solar de Pequeno Porte:

Refere-se ao aquecimento de piscinas pequenas, residenciais e infantis onde a rea coletora


utilizada e complexidade de instalao so menores. Normalmente no h necessidade de projeto
hidrulico em funo da simplicidade de instalao.
b. Sistemas de Aquecimento Solar de Grande Porte:

Refere-se ao aquecimento de piscinas grandes, muito comum em clubes e academias onde


sempre necessria a elaborao de um projeto executivo em funo da grande rea coletora e
maior complexidade de instalao.

15.6.1. Organograma de implantao de um SAS-Piscina

O organograma apresentado abaixo descreve, passo a passo, as etapas de um projeto de


implantao de um SAS-Piscina. A fase de instalao est compreendida entre as etapas 5 e 10,
que sero detalhadas a seguir.

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Fig 15.19. Organograma de implantao de uma SAS-Piscina

15.6.2. A Visita Tcnica ao local da instalao


A primeira medida a ser tomada para elaborao de um projeto de sistema de aquecimento solar,
conhecer o local de instalao do equipamento. Durante esta visita tcnica, existem algumas
informaes de grande importncia a serem levantadas. So elas:

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a. Local de Instalao dos Coletores: de nada adianta dimensionar corretamente um sistema de

aquecimento solar, se no h espao disponvel para instalao do equipamento. Portanto,


fundamental subir no telhado e verificar se o espao suficiente para acomodao do nmero de
coletores dimensionados. Esta anlise tambm pode ser feita atravs dos projetos de construo
da obra, contudo importante salientar que nem sempre a prtica condiz com o que est em
projeto, sobretudo em obras mais antigas. Sendo assim, sempre mais seguro verificar o espao
disponvel in loco. Alm disso, importante analisar o tipo e a resistncia estrutural do local onde
sero instalados os coletores. Como j foi dito a orientao do telhado em relao ao norte
geogrfico, inclinao e sombreamento so trs fatores de grande relevncia que tambm devem
ser verificados para que se possa retirar do coletor solar o mximo de eficincia.

b. Distncia entre Coletores e Casa de Mquinas: fundamental para o dimensionamento da

bomba hidrulica, pois quanto maior for a distncia, mais potente dever ser a bomba e maior
sero as perdas trmicas de temperatura na tubulao. Em termos prticos, no h uma limitao
muito bem definida quanto a distncia mxima entre coletores e casa de mquinas. Contudo,
prudente redobrar os cuidados em instalaes onde a distncia ultrapassa os 100 metros.

c. Casa de Mquinas: quando se tem a oportunidade de participar do projeto da casa de

mquinas, a insero do aquecedor solar fica bastante simples. No entanto, infelizmente no


esta a realidade que se encontra na prtica. Na maioria dos casos, a piscina e casa de mquinas
j esto prontas e no foram preparadas para receber o aquecimento solar, e assim acabam por
se tornarem os pontos de maior complexidade de uma instalao de aquecimento solar. Em funo
disso, de fundamental importncia verificar, na visita tcnica, o dimetro da tubulao
proveniente do(s) ralo(s) de fundo da piscina, dimetro da tubulao de alimentao dos bocais de
retorno, potncia da bomba hidrulica de filtragem, tempo de filtragem e possveis locais por onde
a tubulao de alimentao e retorno dos coletores poder passar. Todas estas informaes
tambm sero levantadas pelo lado do sistema de aquecimento solar e, para que a insero na
casa de mquina seja tecnicamente possvel, dever haver compatibilidade entre as informaes.

d. Alimentao Eltrica: como j foi dito, todo sistema de aquecimento solar bombeado,

portanto importante verificar o tipo de alimentao eltrica da obra para que o quadro de
comando eltrico seja projetado de forma compatvel.

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15.6.3. Distribuio Hidrulica dos Coletores


Em um projeto de distribuio hidrulica dos coletores necessrio, primeiramente, definir a
interligao hidrulica entre os coletores e, posteriormente, definir a interligao hidrulica entre
agrupamentos ou baterias de coletores. Para isso, existem critrios e observaes que devero ser
levados em considerao.

a. Interligao Hidrulica entre Coletores Solares

A interligao entre coletores bastante simples e prtica, contudo no deve ser feita sem
critrios. Ou seja, para cada projeto de coletor solar, h sempre um limite mximo de coletores que
podem ser interligados entre si e esta informao deve ser sempre divulgada pelo fabricante do
coletor solar.

A preocupao em limitar a quantidade de coletores interligados em paralelo em uma mesma


bateria est relacionada com os aspectos hidrulicos da instalao. O coletor solar de piscina foi
projetado para garantir uma distribuio hidrulica homognea entre os tubos de elevao, e esta
caracterstica tambm deve ser mantida quando se trata de baterias de coletores. A gua, como
qualquer outro fluido, sempre procura o trajeto mais simples para escoar. A experincia prtica
mostra que em baterias de coletores muito extensas a gua no preenche totalmente os coletores
do centro da bateria, dando preferncia por passar direto pela tubulao mestre.

Este fenmeno, com certeza pode comprometer o desempenho do sistema de aquecimento solar.
Portanto, fundamental que o fabricante do coletor solar de piscinas disponibilize em seu material
tcnico o nmero mximo de coletores permitido por bateria, pois est informao de grande
importncia na elaborao de projetos e instalao.

c. Interligao Hidrulica entre Bateria de Coletores

O recurso de interligao hidrulica entre baterias de coletores usado exatamente quando o


nmero de coletores dimensionados extrapola o limite mximo de coletores por baterias
especificadas pelo fabricante, ou quando o espao disponvel no permite que os coletores sejam
instados em uma nica bateria. Independente da forma como as baterias de coletores sero
interligadas, importante que sempre sejam dividas em baterias iguais em paralelo, ou seja,

com o mesmo nmero de coletores. Desta forma fica garantido que a vazo de trabalho ser a
mesma em todas elas e, consequentemente, a eficincia trmica da instalao ser maior. Nestes
casos, as baterias de coletores podem ser interligadas entre si, das seguintes formas:
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Interligao em Srie:

A tubulao de alimentao conectada apenas em uma das baterias, que por sua vez
conectada a bateria seguinte at que a ltima bateria seja conectada a tubulao de retorno. Note
na figura abaixo, que a interligao entre baterias feita de forma a conectar a sada de gua
quente de uma bateria entrada de gua fria da bateria seguinte. Alm disso, a vlvula quebra
vcuo instalada apenas na tubulao de retorno, na ltima bateria da srie.

Figura 15.20 Interligao entre baterias em srie.

Esta modalidade de interligao hidrulica de baterias a mais utilizada em projetos e

instalaes por permitir considervel otimizao no dimensionamento da tubulao e bomba


hidrulica. Isto ocorre porque, para clculo de vazo s importa a rea coletora da primeira bateria,
pois ela a nica conectada a tubulao de alimentao. Sendo assim adota-se a mesma
metodologia de clculo empregada para coletores de banho discutidas anteriormente.

Com isso fica fcil entender que em uma instalao solar com 2 baterias em srie, a rea coletora

de interesse, para clculo de vazo, reduzida metade. Da mesma forma que em uma
instalao solar com 3 baterias em srie, a rea coletora de interesse, para clculo de vazo,
reduzida um tero.

No entanto, existem critrios para interligar as baterias de coletores em srie. Estes critrios esto
relacionados com o a eficincia trmica da instalao. sabido que, quanto maior a temperatura
de entrada no coletor solar, menor a sua eficincia trmica. Com as baterias de coletores no
diferente. medida que a interligao de baterias em srie comea ficar muito extensa, as ltimas
baterias comeam a perde eficincia trmica, visto que so alimentadas pelas baterias anteriores
com a gua j aquecida.

Em funo disto, recomendvel interligar no mximo 3 baterias em srie, de forma a no atingir


a saturao trmica das baterias de coletores solares e garantir uma boa eficincia trmica em
todas elas.

Interligao em Paralelo:
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A tubulao de alimentao e retorno conectada em todas as baterias ao mesmo tempo. A


vlvula quebra vcuo instada aps unio das baterias e sempre no ponto mais alto da instalao.
Veja a seguir.

Figura 15.21- Interligao entre baterias em paralelo.

Esta modalidade de instalao muito utilizada em sistemas residenciais e neste caso a rea

coletora de interesse para clculo de vazo igual a rea coletora total.

Contudo, tambm h critrios para a sua utilizao. Estes critrios esto relacionados ao aspecto
hidrulico da instalao. A experincia prtica mostra que, interligao de baterias de coletores
em paralelo onde utilizado um extenso nmero de ramais de alimentao, h uma grande
dificuldade em manter a uniformidade ou constncia da vazo em todas as baterias de coletores.
Com isso as baterias das extremidades so favorecidas e as do centro prejudicadas.

O desequilbrio hidrulico provocado pelo excesso de baterias em paralelo compromete a


eficincia trmica da instalao solar. Em funo disso, recomenda-se trabalhar com no mximo 3

baterias em paralelo e assim por diante.

Interligao Mista:

Muito utilizada em projetos de sistemas de aquecimento solar de piscinas de grande porte. Como o
prprio nome j diz, trata-se de um misto entre as duas modalidades discutidas acima: srie e
paralelo. Geralmente, a interligao entre baterias , primeiramente, explorada ao mximo na
modalidade em srie e, esgotado as possibilidades, dar-se incio ao estudo de possibilidades de
interligaes em paralelo.

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275

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15.6.4. Outros Aspectos Importantes na Distribuio Hidrulica dos Coletores


Solares e Baterias de Coletores Solares

Alm do que j foi discutido, importante alertar para alguns pontos que podem fazer a diferena
entre um sistema de aquecimento solar eficiente e um sistema de aquecimento solar eficaz. So
eles:

a. Equilbrio Hidrulico entre Alimentao e Retorno:

Os coletores ou baterias de coletores devem ser instalados de forma a garantir equilbrio hidrulico
entre eles, ou seja, o circuito hidrulico no pode gerar preferncia e com isso, desequilibrar
hidraulicamente o sistema.

Como j dito, a gua sempre busca o trajeto de menor esforo para o seu escoamento, em funo
disso cabe ao circuito hidrulico a funo de garantir que a gua alimente todos os coletores ou
baterias de coletores uniformemente.

b. Drenagem dos Coletores Solares:

O circuito hidrulico deve ser projetado de forma que permita a drenagem dos coletores e
tubulao quando a bomba hidrulica desarmada. A drenagem do sistema solar importante por
que evita o superaquecimento da gua, o que pode comprometer a tubulao de PVC. Alm disso,
uma forma de prolongar a vida til dos coletores solares, visto que boa parte deles no foram
projetados para suportar presso esttica. Cabe ressaltar que para coletores fechados a gua
deve permanecer nos coletores.

c. Simplicidade no circuito hidrulico na tubulao:

O circuito hidrulico deve ser o mais simplificado possvel, de forma a reduzir as perdas de carga
do sistema. Alm disso, o trajeto mais longo do circuito hidrulico deve ser conectado a tubulao
de alimentao, ficando para o retorno dos coletores o trajeto mais curto, cujo objetivo reduzir as
perdas trmicas do sistema.

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15.6.5. A Distribuio Hidrulica da Casa de Mquinas

O projeto hidrulico de insero do sistema solar na casa de mquinas simples, desde que este
seja previsto ainda na etapa de projeto e construo da piscina. O que torna a casa de mquina
complexa e a tarefa de projetar a insero do sistema solar quando este no foi previsto na
construo da piscina.

15.6.5.1. Alimentao e Retorno dos Coletores Solares

A tubulao de alimentao e retorno dos coletores pode ser inserida na casa de mquinas de
varias formas, cada uma delas adequada uma situao especfica. As alternativas mais comuns
so:

a. Utilizando a Bomba de Filtragem:

Alternativa mais comum de insero do sistema solar na casa de mquinas. recomendvel para
instalaes de pequeno porte (piscinas residenciais, infantis, etc) onde o tempo de filtragem
menor que 8 horas e a vazo e presso de trabalho so baixas, de forma que o risco de danos no
filtro muito pequeno. Neste tipo de instalao a mesma bomba hidrulica alimenta o sistema de
filtragem e de aquecimento solar ao mesmo tempo. Veja a figura a seguir.

Fig 15.22. Interligao utilizando-se a mesma bomba da filtragem

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Conforme pode ser visto anteriormente, instalada uma vlvula de reteno logo aps o filtro, cuja
funo evitar golpe de arete no rotor da bomba, no momento em que ela desarma. Alm disso,
a vlvula de reteno tem a funo de evitar retorno de gua para dentro do filtro, provocando
retrolavagem, durante a drenagem do sistema solar. O registro entre os tubos de alimentao e
retorno dos coletores deve ficar sempre fechado obrigando a gua passar pelos coletores antes de
retornar para a piscina. O by-pass tenha a funo de permitir a drenagem dos coletores,
geralmente feito com tubulao de 20mm PVC .

Em instalaes deste tipo, fundamental verificar se a tubulao de ralo de fundo, potncia da


bomba hidrulica e vazo de filtragem so compatveis com o sistema de aquecimento solar.

b.

Bomba de Circulao Independente:

Aplicada em sistemas de aquecimento solar de grande porte, onde o tempo de filtragem maior
que 8 horas e inferior a 16 horas. Normalmente nestes casos, a tubulao proveniente do ralo de
fundo no capaz de atender s vazes do sistema de filtragem e do sistema solar ao mesmo
tempo. Sendo assim, a prioridade de acionamento durante o dia do aquecimento solar, ficando a
filtragem para ser feita durante a noite. Veja a figura a seguir

Fig 15.23. Interligao utilizando-se bombas independentes

Neste tipo de casa de mquinas instalada uma vlvula de reteno no recalque da bomba
hidrulica do sistema solar, cuja funo evitar golpe de arete, no momento em que ela

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desarma. Alm disso, outra vlvula de reteno instalada aps o filtro e tem a funo de evitar
retorno de gua, provocando retrolavagem, durante a drenagem do sistema solar.
Em instalaes deste tipo, fundamental verificar se a tubulao de ralo de fundo compatvel
com a vazo necessria ao sistema de aquecimento solar.

Contudo, existem ainda casas de mquinas cujo regime de filtragem da piscina no para, ou seja,
dura 24 horas por dia. Naturalmente que casos como estes so mais complexos e exigem, alm
de uma bomba hidrulica independente, um nvel de automatizao muito maior, uma equipe
tcnica experiente, especializada e originalidade em solues de engenharia.

15.6.5.2. Dimensionamento da Bomba Hidrulica e Tubulao

Para dimensionamento da bomba hidrulica e tubulao do sistema de aquecimento solar


necessrio, primeiramente, calcular a vazo de projeto com base na equao abaixo ou
recomendaes do fabricante:
Vazo de Projeto = 252litros/h/m2 x rea Coletora de Interesse

Onde a rea coletora de interesse faz referncia ao conceito de interligao hidrulica entre
baterias de coletores em srie e paralelo. Com base nesta equao possvel calcular a vazo de
projeto na alimentao, interligao e retorno dos coletores.

A partir desta informao, possvel especificar toda tubulao do circuito hidrulico. Para isto
basta verificar na tabela de vazes mximas qual a tubulao mais adequada para cada trecho do
sistema hidrulico.

Quanto ao dimensionamento da bomba hidrulica. Uma vez calculado a vazo de trabalho,


necessrio calcular a altura manomtrica do circuito hidrulico, definir um fornecedor para a bomba
e, atravs de consulta ao catlogo tcnico (curva da bomba) especificar a mais adequada.

O dimensionamento da bomba hidrulica para uma piscina segue a mesma metodologia de


dimensionamento apresentada para o sistema de aquecimento solar de banho.

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279

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15.6.5.3. Interligao Hidrulica do Sistema de Aquecimento Solar

A interligao entre sistema de aquecimento solar e auxiliar pode ser feito de vrias formas e
depende das condies de instalao, perfil de utilizao da piscina e criatividade da equipe
tcnica em encontrar solues. Segue as formas mais comuns de interligao:

d.

Utilizando a Tubulao de Retorno da Filtragem:

Aplicvel em caso de sistema de aquecimento solar de pequeno porte, onde a presso e vazo de
trabalho so baixas. A interligao do aquecimento auxiliar, normalmente, acontece na tubulao
de retorno da filtragem, aps o retorno de gua quente dos coletores. Desta forma a gua da
piscina somente passa pelo sistema de aquecimento auxiliar aps ter passado pelo sistema solar.
Ou seja, a preferncia para aquecimento da piscina sempre ser do aquecedor solar. Caso a
incidncia de radiao solar seja insuficiente, um termostato acionar o aquecimento auxiliar, que
far o complemento da temperatura. Caso haja necessidade de uso do aquecimento auxiliar
durante a noite, os registros de alimentao e retorno do sistema solar devero ser fechados e a
bomba hidrulica dever trabalhar no modo manual.

e.

Utilizando Bomba Hidrulica Independente:

Em casos onde o cliente exige maior nvel de conforto na operacionalizao do sistema ou mesmo
em casos onde o sistema de aquecimento auxiliar acionado por pressostato, como por exemplo,
os aquecedores de passagem a gs, usam-se uma bomba exclusiva para o sistema de
aquecimento auxiliar, succionando gua da tubulao proveniente do ralo de fundo.

Neste caso, o sistema de aquecimento auxiliar poder ser acionado a qualquer hora, sem
necessidade de manipulao de registros. Contudo, fundamental verificar se a tubulao de ralo
de fundo compatvel com a soma das vazes da bomba de filtragem e bomba do aquecimento
auxiliar.

importante ressaltar que estas so as solues mais comuns para insero do aquecimento
auxiliar no circuito hidrulico do sistema solar, contudo no so as nicas.

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15.6.5.4. Especificao do Quadro de Comando Eltrico

Existem, no mercado, diversas alternativas de quadros de comando eltrico para automatizao da


bomba hidrulica de circulao de gua no sistema de aquecimento solar de piscinas, no entanto a
funo bsica de todos eles a mesma e seguem o mesmo princpio de funcionamento.

Normalmente, todos eles, possuem um controlador diferencial de temperatura dotado de dois

sensores de temperatura. Um dos sensores instalado nos coletores e o outro na tubulao


proveniente do ralo de fundo da piscina, prximo bomba. Atravs da diferena de temperatura
entre os dois sensores, ou seja, atravs da diferena de temperatura entre os coletores e a gua
da piscina, o controlador diferencial de temperatura gerencia o funcionamento da bomba hidrulica,
que promove ou no a circulao de gua nos coletores. Desta forma, o sistema solar torna-se
inteligente, acionando a circulao de gua entre os coletores sempre que houver boa incidncia
de radiao solar. Alm disso, o controlador diferencial de temperatura (a maioria deles) dar ao
usurio a opo de ajuste da temperatura de aquecimento desejvel na piscina, interrompendo o
funcionamento do sistema assim que esta temperatura atingida.
O sensor de temperatura dos coletores , geralmente, fixado no prprio coletor solar ou em um dos
grampos de fixao do mesmo.

Quanto ao sensor de temperatura da piscina, este fixado na tubulao de ralo de fundo atravs
de um poo metlico (lato, ao inox ou cobre), conforme a figura abaixo.

Figura 15.24 Posicionamento de Sensores

Normalmente, os cabos dos sensores so curtos e devido a isto, necessrio que sejam feito
extenses. No entanto, o tipo de fiao usada nas extenses pode varia em funo do tipo de
sensor e recomendaes do fabricante do quadro de comando eltrico.
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A opo de programao de diferencial de temperatura recomendada para automatizao da


bomba hidrulica a seguinte:

 Diferencial de temperatura entre coletores solares e piscina para armar a bomba hidrulica de
circulao: de 4 C a 3,5C.

 Diferencial de temperatura entre coletores solares e piscina para desarmar a bomba hidrulica
de circulao: de 2 C a 1,5C.

importante ressaltar que esta a descrio simples do funcionamento da principal funo de um


quadro de comando para aquecimento de piscina. No entanto, este quadro pode ganhar
sofisticao na medida em que o sistema de aquecimento comea ganhar complexidade e
necessitar de solues tcnicas especficas.

15.7. Instalao, Segurana e Manuteno de Sistemas de Aquecimento Solar PISCINAS

A instalao de um sistema de aquecimento solar de piscina relativamente simples de ser


executada. Contudo, fundamental que a equipe de instaladores tenha passado por um
treinamento tcnico e esteja consciente quanto s questes relacionadas segurana. Neste
mdulo sero abordados os pontos de maior relevncia no processo de instalao de um sistema
de aquecimento solar, cuidados com a segurana, manuteno e solues para os principais
problemas.

15.7.1. Processos Prvios ao Incio da Instalao

Este o momento em que a equipe tcnica deve planejar a execuo da instalao de


aquecimento solar. Geralmente este planejamento comea com um estudo detalhado do projeto
executivo e seguido de uma visita tcnica ao local da obra, onde todos os pontos j analisados na
etapa de projeto sero analisados novamente, s que agora com o objetivo de
levantar os recursos que sero necessrios execuo do servio. Para isto, segue abaixo uma
relao de observaes que devem ser levadas em considerao nesta etapa. So elas:

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a. Segurana em primeiro lugar. Antes de qualquer coisa importante certificar-se de que o local

onde ocorrer a instalao seguro, e em seguida, levantar o tipo de EPI (equipamento de


proteo individual) que ser necessrio para garantir a proteo da equipe tcnica.
b. A facilidade de acesso ao local de instalao dos coletores solares muito importante. Caso

haja dificuldades, importante prever a construo de andaimes e/ou passarelas de acesso.


c. Conhea o local de instalao dos coletores solares. Verifique se haver necessidade de

construo de suporte metlico e/ou analise as alternativas para fixao dos coletores.
d. Apesar de j ter sido verificado na etapa de projeto, importante assegurar-se de que o local

no apresenta problemas quanto a sombreamento e que a orientao e inclinao do local esto


adequadas.
e. Conhea o trajeto entre a casa de mquinas e o local de instalao dos coletores solares e

analise as alternativas de fixao da tubulao de alimentao e retorno e os possveis obstculos,


ao longo do trajeto, que devero ser contornados.
f.

Conhea a casa de mquinas, espao disponvel para trabalhar e dificuldades para insero do

sistema solar.
g. Verifique se a relao de material hidrulica, acessrios e ferramentas esto completas. A falta

de um destes itens pode implicar na paralisao da obra, atraso no prazo de entrega e perda de
tempo.

No h uma regra pr-definida que prioriza etapas no planejamento de execuo de instalao de


um sistema aquecimento solar. Apesar disso, comum que as instalaes iniciem pelos coletores
solares, passando pela tubulao de alimentao e retorno dos coletores e finalizando na casa de
mquinas.

15.7.2. Fixao dos Coletores Solares

Finalizada a etapa de instalao hidrulica dos coletores solares, importante que, antes de dar
incio prxima etapa do processo, seja feito a fixao dos mesmos. Com isso, o equipamento no
corre o risco de ser levado por ventanias ou tempestades.

Alguns coletores solares disponveis no mercado j saem de fbrica com os pontos de fixao
definidos em sua prpria estrutura.
Para fixao dos coletores solares recomenda-se utilizar arames de cobre ou ao galvanizado,
abraadeiras ou fitas perfuradas de ao galvanizado. Alm disso, importante ressaltar que os
coletores solares de plstico possuem alto coeficiente de dilatao e, em funo disso recomendaRede Brasil de Capacitao em Aquecimento Solar

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se que a fixao seja feita somente no tubo mestre superior, de forma a deixar o tubo mestre
inferior livre para a dilatao do material.

A fixao mal feita dos coletores solares pode causar a formao do que chamamos de barrigas
nas baterias de coletores e causar inmeros problemas de vazamento na interligao hidrulica.
Em funo disso, a fixao deve ser feita, no mnimo, em trs pontos (extremidades e centro) dos
coletores. Para isso, pode ser feito uso de uma rgua de alumnio para facilitar o alinhamento da
tubulao mestre.

15.8. Colocando em Marcha a Instalao

Finalizado a instalao, importante que seja feita uma inspeo geral na obra antes de dar o
servio por encerrado. Segue a baixo os principais pontos que devem ser vistoriados:

a. Verifique e os registros e vlvulas esto regulados e instalados corretamente, conforme orienta o

projeto executivo.
b. Verifique se a interligao hidrulica entre coletores e entre baterias de coletores esta correta e

sem riscos de vazamento.


c. Verifique se o sistema de drenagem foi instalado corretamente.
d. Verifique se todo o circuito hidrulico est colado e sem risco de vazamento.
e. Verifique se todos os coletores solares esto corretamente fixados.
f. Verifique se as vlvulas quebra vcuo foram instaladas corretamente e se apresentam algum tipo

de problema.
g. Verifique se os sensores de temperatura foram instalados corretamente e se as extenses dos

mesmos foram bem feitas.


h. Verifique se o quadro de comando eltrico foi instalado corretamente e se a alimentao eltrica

da obra compatvel com o quadro.


i. Verifique se a programao do controlador diferencial de temperatura est correta.

15.9.Manuteno
A manuteno de um sistema de aquecimento solar extremamente simples, basicamente
preventiva e fundamental para o bom funcionamento do equipamento. Existem algumas
recomendaes que so especficas de cada fabricante de aquecedor solar, porm, independente
disto recomendvel que o procedimento de inspeo apresentado acima seja repetido a cada 6
meses. Normalmente, as revendas especializadas em aquecimento solar possuem equipe tcnica
treinada para este tipo de prestao de servio que, de preferncia, deve ficar agendado desde a
entrega da obra.
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15.9.1.

Problemas Causas e Solues

A tabela abaixo apresenta os principais problemas, causas e solues em instalaes de


aquecimento solar de piscinas.

Problema
Vazamento

Local

Causa

Na tubulao Colagem do PVC mal feita

Nos painis

Ao
Refazer a colagem.

Falta de aperto

Apertar as conexes.

Abraadeiras mal

Recoloca-las limpando os sulcos e verificando

colocadas/conectadas

a colocao perfeita
do anel de vedao.

No tubo mestre Defeito e fabricao

Entrar em contato com o fabricante.

Nos tubos de Defeito e fabricao

Entrar em contato com o fabricante.

elevao
A gua no

Piscina

Quadro de comando desligadoLigar o quadro

aquece
Registros fora da posio

Instalar os registros conforme foram


projetado.

Sombreamento

Verificar poda das rvores


Verificar local ideal para instalao

Pouca vazo de gua

Verificar pr filtro.
Verificar filtro.
Verificar bomba.
Verificar obstruo no ralo de fundo da
piscina.
Verificar entupimento nos painis.

Falta de energia

Verificar disjuntores.

Falta da capa trmica

Colocar capa trmica.

Tubos cheios Alimentao dos Registro do By pass fechado Abri by pass de drenagem.
de gua com
sistema
desligado

painis
Vlvula quebra vcuo travada Retir-la e fazer uma limpeza.
entupida
Registros fechados

Abrir registros conforme projeto.

Retornos da piscina fechados. Abrir os retornos conforme projeto.

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16
ANEXOS

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ANEXO I Perdas de carga localizadas comprimento equivalente em metros de tubo de PVC

rgido ou cobre

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ANEXO II baco de Fair-Whipple-Hsiao para tubulaes de cobre e plstico

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