15 An Resp Livre Sist 2 Ordem
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15 An Resp Livre Sist 2 Ordem
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1 INTRODUO
Estudaremos, agora, a resposta livre de sistemas dinmicos de 2a ordem. Sero apresentados, tambm, alguns novos parmetros desse tipo de sistema. A resposta livre ser classificada, em funo de um desses parmetros, em quatro casos, sendo que em dois deles existe oscilao (vibrao) e nos outros dois a resposta livre no oscilatria.
Os resultados obtidos se aplicam aos demais sistemas dinmicos de 2a ordem, sejam eles eltricos, eletromecnicos, etc. No caso de resposta livre no existe excitao externa durante o movimento, de maneira que f(t) = 0. O movimento , ento, causado pelas condies iniciais x(o) = x0 (deslocamento inicial) e/ou x(0) = x 0 (velocidade inicial). Logo, a EDOL passa a ser (2) Dividindo a eq. (2) por m: (3) x(t) +
.. . .
..
Vamos definir, agora, alguns novos parmetros do sistema: Freqncia Natural A freqncia natural definida por (4) n = k m
onde a unidade SI o rad/s. Notemos que k/m o coeficiente da varivel dependente, x(t), da eq. (3). A n, expressa em rad/s, recebe o nome de freqncia angular natural ou freqncia circular
natural. No caso de se expressar esse parmetro em Hz, basta dividir n por 2, passando a ser chamado, simplesmente, de freqncia natural: (5) f n = 1 2 k m
Fisicamente, a freqncia natural dada pela eq. (5) corresponde quantidade de ciclos por segundo que o sistema apresenta quando em vibrao livre. Perodo Natural definido como o inverso da freqncia natural, sendo a sua unidade SI o s: (6) n = 1 m = 2 f k n
Conforme foi estudado na Apostila 5, quando o grau de liberdade x(t) do sistema mecnico est na vertical, existe a relao de equilbrio esttico mg = kest. Logo, para esse caso, fcil mostrar que os parmetros acima podem ser expressos, respectivamente, por (7) n = 1 2 g est g est est g
(8)
f n =
(9)
n = 2
onde g a acelerao da gravidade, em m/s2 e est o deslocamento esttico, definido anteriormente. Coeficiente de Amortecimento Crtico Trata-se de um parmetro fictcio. Todo sistema possui um coeficiente de amortecimento real, c, e um coeficiente de amortecimento crtico, ccr, definido como (10) ccr = 2mn = 2 km
O significado fsico de ccr ser melhor entendido mais adiante. Fator de Amortecimento (ou Razo de Amortecimento ou Relao de Amortecimento) definido como a relao entre o coeficiente de amortecimento real, c, e o coeficiente de amortecimento crtico, ccr: (11) = c/ccr Podemos ver facilmente que o fator de amortecimento adimensional. Levando em conta a eq. (10), temos
(12)
c 2mn
Na expresso do fator de amortecimento esto presentes os trs elementos bsicos do sistema mecnico: m, c e k (esse ltimo indiretamente, atravs da n ver eq. (4)). Portanto, o fator de amortecimento representativo de todo o sistema.
Da Teoria das Equaes Diferenciais, temos que a soluo de uma EDOL de 2a ordem homognea dada por (14) x(t) = Ae s1t + Be s2 t onde A e B so constantes a serem determinadas pelas condies iniciais do problema e s1 e s2 so as razes da equao caracterstica seguinte, associada EDOL (13): (15) As razes s1 e s2 so dadas por (16) s1,2 = (- 2 1 )n
2 s2 + 2ns + n =0
Evidentemente, os valores das razes s1 e s2 dependem do valor de , podendo as mesmas assumir valores reais ou complexos. Assim, de acordo com o valor de , temos 4 casos: I. II. III. IV. < 1, o que implica em duas razes complexas e conjugadas = 1, o que implica em duas razes reais e iguais > 1, o que implica em duas razes reais e diferentes = 0, o que implica em duas razes imaginrias puras conjugadas
4 CASO I:
Tambm conhecido como vibrao livre com amortecimento viscoso, o caso de maior interesse em engenharia, devido grande freqncia com que ocorre na prtica. Um exemplo clssico suspenso independente de um automvel, ilustrada na fig. 2:
Fig. 2 Tomando as transformadas de Laplace da eq. (13) e levando em conta as condies iniciais, temos: (s + 2n )x0 + x 0
2 s2 + 2n s + n .
(17)
X(s) =
O denominador da eq. (17) pode ser expresso como (18) onde (19) d = n 1 2
2 s2 + 2n s + n = (s + n)2 + 2 d
a chamada freqncia angular natural amortecida, em rad/s. A partir dessa nova propriedade, podemos tambm definir a freqncia natural amortecida, fd (em Hz) e o perodo natural amortecido, d, dados, respectivamente, por (20) f d = d n 1 2 = 2 2 1 2 = f n 1 2 d
(21)
d =
Expandindo a eq. (17) em fraes parciais (utilizando a eq. (18)) e voltando ao domnio do tempo, chegamos expresso da resposta livre
. n x0 + x 0 x0 cos dt + sen dt d
(22)
x(t) = e
n t
composta pelo produto de uma funo exponencial decrescente por uma funo harmnica. A funo harmnica claramente oscilatria (composio de senos e cossenos), ao passo que a exponencial
decrescente faz com que haja uma diminuio da amplitude da funo harmnica medida que o tempo cresce. Trata-se, portanto, de um movimento oscilatrio amortecido, logo, de uma vibrao livre amortecida. A representao grfica da eq. (22) est mostrada na fig. 3 (onde aparece o funil criado pela exponencial decrescente), para os seguintes dados: = 0,1 n = 5 rad/s x0 = 0
x 0 = 0,2 m/s
.
Fig. 3
5 CASO II:
Para obter a equao da resposta livre para esse caso, basta fazer = 1 na eq. (22): (23)
. x(t) = e n t x0 + (nx0 + x0 )t
composta pelo produto de uma exponencial decrescente por uma linha reta. Logo, no h oscilao, como ocorre no caso I. A fig. 4 ilustra a eq. (23) para = 1, n = 2 rad/s, posio inicial nula e alguns valores de velocidade inicial.
Fig. 4 Esse caso recebe o nome de movimento com amortecimento crtico exatamente pelo fato de se situar entre o movimento subamortecido, que vimos h pouco, e o movimento superamortecido, que
estudaremos a seguir. Uma caracterstica importante do movimento com amortecimento crtico que, alm de no apresentar vibrao, a volta ao repouso se d em um tempo mnimo. Isso recomenda esse tipo de movimento para certas aplicaes, tais como nos manipuladores robticos, onde desejvel que o movimento de um ponto ao outro se d sem vibrao (por questes de preciso) e num tempo mnimo (por questes de produtividade).
6 CASO III:
X(s) =
X(s) =
c1 c2 + s s1 s s2
onde s1 e s2 so as razes dadas pela eq. (16) e c1 e c2 so calculados aplicando as condies iniciais do problema. A soluo, por fim, dada por (25)
x(t) = c1e s1t + c2e s2 t
A fig. 5 representa o grfico da eq. (25), para = 1,4, n = 4 rad/s, posio inicial nula e alguns valores de velocidade inicial.
Fig. 5 Esse tipo de movimento recebe o nome de movimento superamortecido e no constitui uma vibrao, assim como no caso do movimento com amortecimento crtico. A diferena entre esses dois tipos de movimento est no tempo de retorno ao repouso: no caso do movimento com amortecimento crtico, esse tempo mnimo, enquanto que no caso superamortecido ele no o . Um exemplo clssico de movimento superamortecido a porta equipada com um conjunto mola-amortecedor, quando desejamos que a mesma, uma vez aberta, retorne posio de fechamento sem oscilar, no havendo necessidade que tal se d em um tempo mnimo.
7 CASO IV:
Embora no exista, na prtica, um sistema totalmente desprovido de amortecimento, algumas vezes o amortecimento to pequeno que podemos consider-lo nulo. Nesse caso, o movimento oscilatrio, sendo tambm chamado de vibrao livre sem amortecimento, ou, tambm, movimento harmnico. Exemplos clssicos so os sistemas pendulares, em que desprezado o atrito na articulao e o atrito com o ar. Para obtermos a resposta livre, basta fazer = 0 na eq. (22), chegando a x0 x(t) = x0 cos n t + sen n t n
.
(26)
Fig. 6
onde Xn a amplitude que ocorre no instante tn e Xn+1 a amplitude que ocorre um ciclo aps, ou seja, no instante tn+1, conforme ilustra a fig. 7:
Fig. 7 A curva da fig. 7 o grfico da equao da resposta livre de um sistema subamortecido, a qual, conforme j vimos, dada por:
. n x0 + x 0 x0 cos dt + sen dt d
(28)
x(t) = e
n t
Tendo em vista que a funo harmnica entre colchetes no contribui para o amortecimento (por ser harmnica), podemos aplicar a eq. (27) para os instantes tn e tn+1, considerando apenas a parte exponencial decrescente da eq.(28): e n tn = ln t e n n +1 Como tn+1 = tn + d, ento e n tn = ln t = ln e n d , logo e n ne n d (29) Por outro lado, sabemos que Levando na eq. (29), obtemos (30) = = nd d = 2/d = 2 / n 1 2 2 1 2
Obs.: no difcil mostrar que o decremento logartmico da amplitude tambm pode ser dado por (31) onde = 1 X0 ln n Xn
X0 a amplitude no incio do 1o ciclo e Xn amplitude do incio do n-simo ciclo (ver fig. 7).
EXERCCIOS
Considere o movimento oscilatrio amortecido, mostrado na figura e os seguintes dados: = 0,1 n = 5 rad/s Determinar: (a) freqncia natural, em Hz; (b) perodo natural, em s; (c) freqncia angular natural amortecida, em rad/s; (d) freqncia natural amortecida, em Hz; (e) perodo natural amortecido, em s; (b) 1,257 s (c) 4,97494 rad/s (c) 0,7918 Hz (e) 1,263 s
Achar: (a) Rigidez equivalente, em N/m; (b) Freqncia natural, em Hz; (c) Fator de amortecimento; (d) Tipo de resposta livre; (e) Modelo matemtico (equao diferencial); (f) Equao da resposta livre, sendo as condies iniciais dada por um deslocamento angular inicial (0) = 0,15 rad e velocidade inicial nula.
Um Engenheiro, num primeiro clculo aproximado, deseja estimar a rigidez de cada mola e o coeficiente de amortecimento de cada amortecedor a serem utilizados em uma suspenso independente de um automvel, composta de 4 molas e 4 amortecedores. Como hipteses simplificadoras, ele admite que: a massa do carro, estimada em 1500 kg, distribui-se igualmente pelas 4 rodas; o movimento da carroceria se d apenas na vertical (translao); a freqncia natural, por questes de conforto, deve ficar em torno de 1,5 Hz; a carroceria, quando deslocada da posio de equilbrio esttico, deve voltar mesma sem oscilar e num tempo mnimo.
Nessas condies, pedem-se: (a) rigidez de cada mola, em N/m; (b) coeficiente de amortecimento de cada amortecedor, em N.s/m.
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A figura mostra a suspenso dianteira independente de um automvel de massa total 1420 kg. As molas tm, cada uma, rigidez de 50 kN/m. Desprezando o amortecimento, calcular a freqncia natural das oscilaes verticais, em Hz. Considerar que o peso do carro se distribui igualmente pelas 4 rodas.
Resp.: 1,133 Hz
Uma massa de 25 kg est suspensa por uma mola de rigidez 2 N/mm, a qual, por sua vez, est suspensa na extremidade de uma viga de ao (E = 2.105 N/mm2) em balano, de comprimento 250 mm, largura 20 mm e espessura 3 mm. Determinar a freqncia natural do sistema.
Resp.: 0,97 Hz
Mostrar que o decremento logartmico da amplitude tambm pode ser dada por 1 X = ln o , onde X0 a amplitude no incio do primeiro ciclo e Xn a amplitude no incio do nn Xn simo ciclo. Soluo X0 X0 X1 X2 Xn 1 ... = = (e )n = en Xn X1 X2 X3 Xn ln X0 1 X = ln en = n = ln 0 Xn n Xn
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Um peso P, atuando estaticamente no centro de uma viga bi-apoiada, produz uma deformao de 2 mm na mesma. Vibrando em conjunto com um amortecedor, verifica-se que a amplitude no incio do dcimo ciclo metade da amplitude do incio do primeiro ciclo. Determinar: (a) Decremento logartmico da amplitude; (b) Fator de amortecimento; (c) Perodo da vibrao amortecida.
Resp.
(a) 0,0693;
(b) 0,011;
(c) 0,09 s.
Para um fator de amortecimento 0,2, qual a diferena percentual entre as freqncias naturais com e sem amortecimento?
Resp.: 2%
Qual a razo entre duas amplitudes consecutivas quaisquer quando o fator de amortecimento vale 0,5?
Resp.: 37,5:1
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Dada a figura com o registro da resposta livre de um sistema mecnico, determinar: (a) Decremento logartmico da amplitude; (b) Fator de amortecimento.
(b) 0,014
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Um dispositivo possui um fator de amortecimento viscoso ajustvel. Inicialmente, ele est regulado de tal modo que a razo entre duas amplitudes consecutivas quaisquer de 10:1. Se o fator de amortecimento do dispositivo for dobrado, qual ser a razo entre duas amplitudes consecutivas quaisquer?
Resp.: 387,5
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Um dispositivo de teste consiste de um cilindro pneumtico cujo pisto acelera um corpo at o mesmo atingir uma velocidade de 30m/s (pisto e corpo possuem, em conjunto, massa total 5 kg). Nesse instante, o conjunto desacelerado, ao se engajar com uma mola (rigidez 50000 N/m) e um amortecedor viscoso (coeficiente de amortecimento 1000 Ns/m). Determinar o mximo deslocamento experimentado pelo conjunto e o tempo que leva o conjunto para atingir esse deslocamento.