Oduduwa

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ODUDUWA:

Oduduwa é um Orixá sobre o qual existe muita discordância dos adeptos do culto. Se
Oxalá representa o princípio masculino-ativo da criação, Oduduwa é a representação do
princípio feminino-passivo, do qual surge a vida após o processo de “fecundação”.

Oduduwa é um Orixá Funfun absolutamente diferente dos demais, embora semelhante


em essência, é feminina, sendo cultuada em diversas regiões como esposa de Oxalá,
embora seja, em princípio, sua irmã.

Uma grande controvérsia foi criada em torno deste Orixá colocando em dúvida não
somente o seu gênero, como também seu status no complexo teogônico desta religião.

Oduduwa um Orixá-Funfun feminino ou um ancestral masculino divinizado por seus


feitos notáveis?

Segundo determinadas correntes mais atreladas às explicações científicas que às


filosóficas, Oduduwa teria sido o fundador de Ifé, capital espiritual do povo Yoruba e
fundador da dinastia que deu origem à esta etnia.

Fonseca Júnior propõe para o nome de Oduduwa a seguinte análise etimológica: Odu-
(ti-o): recipiente auto-gerador; Da: Criador(a); Iwa: Existência: Oduduwa; O Ser
Criador da Existência Terrena.

É o mesmo autor que, em referência a Oduduwa (personagem histórico), apresenta a


seguinte teoria: “…presume-se que Oduduwa teria ido para a África a mando de
Olodumare (Jeovah), para redimir os descendentes de Caim (Hetentotes) que, a
semelhança de seu ancestral, carregavam o sinal da Besta na testa.
(Gen.4,cap.15/16)”. Mais adiante, Fonseca Jr. explica:

2 – Após o pacto semelhante ao que foi feito entre Deus e Abraão, Ninrod troca de
nome passando a chamar-se Oduduwa;

3 – Oduduwa (Ninrod), filho de Olodumare (Jeovah), parte para a terra prometida.


(Vide Gênesis, 12-1/2/3; Gen.17-4/5/6;

4 – Ninrod era descendente de Noé, neto de Cam (Camita) e filho de Cusi (kusi).
(Gen.10-8/9);

5 – Abrahão (ex-Abrão), descendente de Sem (Semita) e Oduduwa (ex-Ninrod),


descendente de Cam (Camita), eram parentes.“2
A explicação de Fonseca Júnior parece aumentar ainda mais a confusão que teria sido
gerada, segundo nos parece, num simples caso de homonímia verificado quando o
personagem histórico (masculino), fundador de Ile Ifé, resolveu adotar, quiçá por
determinação religiosa, o nome do Orixá (feminino) a quem é atribuída a “fundação” da
Terra em que habitamos. A tradição cuidou de alimentar a confusão, existindo ainda
hoje em Ile Ifé, um marco monolítico adornado de misteriosos sinais, denominado “Opá
Oraniyan” que acredita-se, demarque o local exato da fundação da Terra. O mesmo
monumento serve de túmulo a Oraniyan, rei dos yorubanos, bisneto de Oduduwa e pai
de Xangô e de Ajaká.

Pierre Verger toma posição diante da questão, afirmando ser Oduduwa …”um
personagem histórico, guerreiro terrível, invasor e vencedor dos Igbo, fundador da
cidade de Ile Ifé e pai de reis de diversas nações yorubas” .3

Segundo Verger, foi o Padre Baudin que primeiro classificou, em seu livro sobre
religiões de Porto Novo, Oduduwa como Orixá, sendo posteriormente seguido nesta
teoria por …”compiladores encabeçados pelo tenente-coronel A.E. Ellis… A obra de
Ellis foi o ponto de partida de uma série de livros escritos por autores que se copiaram
uns aos outros…”

Verger confessa comungar da opinião do Reverendo Bolaji Idowu quando este afirma
que “Oduduwa tornou-se objeto de culto após sua morte, estabelecido no âmbito do
culto dos ancestrais (e não das divindades)”.

Para reforçar ainda mais sua tese, o cientista continua: “A respeito de Oduduwa,
acumulou-se com o tempo, uma vasta documentação escrita, tida como erudita porque
é constituída de textos, a única valiosa aos olhos dos letrados, mesmo que estes textos
estejam inspirados por escritos anteriores, inexatos e contrários à verdade”. 4

O que o grande mestre francês esqueceu-se de citar seria talvez, a primeira pista
esclarecedora, quando o próprio Idowu, na mesma obra, relata que “Até mesmo em Ile
Ifé onde predominam os cultos às divindades masculinas, existe na liturgia, fortes
indícios de tratar-se de uma Deusa, uma Divindade Feminina. Em alguns pontos
esclarecedores desta liturgia, pode-se encontrar o termo “Iya Male” (Mãe das
Divindades ou Mãe Divina)… 5

…”Em Adó, Oduduwa é irrefutavelmente uma Deusa… e parte da liturgia começa


desta forma:

Iya dakun gba wa o; – Oh Mãe! nós suplicamos que nos libertes;

ki o to ni to mo; – olhai por nós, olhai por nossos filhos;

ogbebi l’Adó ! – Tu és aquela que te estabelecestes em Adó!” 6

O pequeno detalhe omitido é suficiente para concluirmos que existe na verdade, um


culto a um Orixá denominado Oduduwa e que este Orixá é feminino, o que vem a
coincidir com nossa opinião

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