A estrada e a poetisa
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Sobre este e-book
Nas poesias, a autora fala de cidades que habitam sua vida, do universo que as preenche e do universo que há dentro das pessoas e dos sentimentos, por vezes contraditórios, que vivenciamos até sem notar.
Mas a estrada também simboliza mudança, peito aberto, vento no rosto. As novas verdades que se nos descortinam diariamente. As antigas verdades que ficam pelo caminho. Ser leve como as folhas ao vento. É por isso que a estrada é infinita: a gente nunca chega ao destino, porque a vida é justamente o caminhar. Manter os olhos aptos a se surpreenderem é tão poderoso quanto o oxigênio.
A experiência da leitura de cada poesia é algo completo, pleno, pois torna-se inteiro ao unir o sentimento que vem de cada um de nós com o que o mundo oferece.
Reconhecer o valor dos detalhes não é simples nem clichê, é das coisas mais difíceis de conseguir, um exercício permanente. Alessandra faz isso com esmero e naturalidade. Sua poesia vai além da forma, encanta pela serenidade que transmite e pela determinação que evoca. Nossa função é apenas viajar com a poetisa e reconhecer a poesia da vida, a poesia da estrada.
Estrada e poetisa são parceiras em harmonia para narrar histórias e extravasar sentimentos. É disso que o mundo é feito, afinal.
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A estrada e a poetisa - Alessandra Terribili
estrada.
SUMÁRIO
Prefácio
A estrada e a poetisa
Retrato
Raiz
São Paulo
A Vila Matilde
Céu de Brasília
A volta
Lado a lado
O mar
Oferenda para Iemanjá
O sono das filhas de Iara
Adargas
A mágoa
Não acredita não, Teresa
Você
Das memórias que faltam
Casou-se
De tudo o que não tem que ser
Porões
Pode ir
Homem sentado sobre a cama com violão (tinta sobre papel)
Amanhã
Palavra
Noel vive
O flautista
Vlucht
O que você deixou
Olhar e ver
Anoitecer
O buraco e a estrela
Uma vida inteira
Sonho
Fato
Cheia
A música
Perspectiva
Distração
A dor da pele
Insolúvel
O sol num quintal
Léo e Verônica
Princípio de adeus
A sina inexata
Grávida
Prefácio
Corre, menina.
Corre até a perna cansar,
até o pulmão aguentar,
até onde a vista alcançar,
até onde o peito não doer.
Corre, guria.
Corre até aquela curva
e faz a volta.
Que nossos tempos sempre foram curtos
e nossas histórias querem durar pra sempre.
Cristina Charão
A estrada e a poetisa
A estrada é minha noiva.
Não posso esperar mais que isso,
Não posso contrariar quem eu sou.
Deixo-me guiar por estrelas sopradas
Por ventos que cantam a estrada,
Em laços recém-desatados,
Em caminhos recém-descobertos.
Porque se eu paro, não fico
Ou fico ali em aberto.
Tentei cantar, escrever, discursar.
E se nada disso fiz bem,
As palavras, carrego comigo
E elas me levam também.
Tentei ouvir e falar
Fingi ser alguém e ninguém
Assisti ao desabrochar
De gentes, canções e poréns.
Mas nunca lhes pude colher,
Pois na ânsia de achar meu lugar
É que pude perceber:
Só a estrada é que me tem.
Despertei paixões,
Algumas me despertaram.
Algumas me mataram.
Mas sempre revivi no amor da estrada.
Consolando-me nos alvoreceres,
Para todo dia ver o sol ir embora.