Carlaangelo, Santosjunior
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RESUMO
„A Injó Layó, omo ti efon farayó‟ é um trecho de um dos orikis mais tradicionais do candomblé da
Nação Efon, e significa „Dance para a felicidade, os filhos de Efon nasceram para a felicidade‟. O
candomblé é uma religião que tem em sua liturgia a música e a dança, e não é diferente com a nação
Efon, sobre a qual ainda não há muita bibliografia ou registros audiovisuais que possibilitem a
preservação de suas práticas rituais, tradições e manifestações artísticas. Assim sendo, este trabalho
tem por objetivo a preservação da memória Efon no Brasil, especialmente aquela relacionada ao Asé
Pantanal, hoje a sua mais antiga casa, localizada em Duque de Caxias, estado do Rio de Janeiro. A
metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica a fim de verificar o que já foi produzido sobre a
Nação Efon; entrevistas com a ialorixás responsável pelo terreiro; e o levantamento da legislação
vigente a fim de encontrar caminhos que contribuam para o cumprimento da lei e a salvaguarda do
patrimônio material e imaterial relacionado aos povos tradicionais de matriz africana.
Palavras-chave: Nação Efon; Candomblé; Patrimônio cultural; Asé Pantanal; Povos tradicionais de
matriz africana.
ABSTRACT
‘A Injó Layó, omo ti efon farayó’ is an excerpt from one of the most traditional orikis of the candomblé
from Efon Nation, and it means ‘Dance for happiness, Efon’s children were born for happiness’.
Candomblé is a religion that has music and dance in its liturgy, and it is not different with the Efon
nation, about which there is still not much bibliography or audiovisual records that allow the
preservation of their ritual practices, traditions and artistic manifestations. Therefore, this work aims to
preserve the Efon memory in Brazil, especially that one related to Asé Pantanal, today its oldest
house, located in Duque de Caxias, state of Rio de Janeiro. The methodology used was bibliographic
research in order to verify what has already been produced about the Efon Nation; interviews with the
ialorixá responsible for the terreiro; and the survey of current legislation in order to find ways that
contribute to compliance with the law and the safeguarding of material and immaterial heritage related
to traditional peoples of African origin.
Key words: Efon Nation; Candomblé; Cultural heritage; Asé Pantanal; Traditional peoples of African
origin.
INTRODUÇÃO
Esses negros escravizados não foram retirados de uma mesma e única região.
Entre as principais regiões fornecedoras desta mercadoria preciosa para os
europeus, estavam o que chamamos hoje de Moçambique, Angola, Nigéria,
Benin e Togo, cujos nomes não dão conta da enorme diversidade étnica e
cultural existente em seus territórios. Estas identidades foram, inclusive, forjadas
por generalizações do europeu sobre as culturas dos diversos grupos étnicos
africanos, como menciona Pierre Verger (2002) a respeito dos iorubás, cuja
terra, Yorubaland, abarca territórios entre os contemporâneos Estados da
Nigéria e de Benin. Nas palavras de Verger (ibid.: 15):
DESENVOLVIMENTO
Origens da Nação Efon, sua mitologia e sua trajetória no Brasil
„A Injó Layó, omo ti efon farayó‟ é um trecho de um dos orikis mais tradicionais do
candomblé da Nação Efon, e significa „Dance para a felicidade, os filhos de Efon
nasceram para a felicidade‟. O candomblé é uma religião que tem em sua liturgia a
música e a dança, e não é diferente com a nação Efon, sobre a qual ainda não há
muita bibliografia ou registros audiovisuais que possibilitem a preservação de suas
práticas rituais, tradições e manifestações artísticas. Efon, conforme registro oral da
Yalorisa Maria de Sangô (ANJOS, 2014), refere-se à “ilha de Efon”, segundo a
tradição oral contada por seu avô carnal e babalorisá Cristóvão de Ogun.
Poderíamos, nesse caso, atermo-nos à simbologia da ilha (CHASSEGUET-
SMIRGEL, 1991), talvez uma forma de enfatizar as distinções interétnicas existentes
na África e reproduzidas no Brasil.
[...] que Efon Alaaye é um dos mais antigos reinos iorubás cuja origem
remonta a Ile-Ifé, berço da civilização iorubá. Como a maioria das
comunidades iorubás, a cidade não foi poupada pelas guerras intestinas
entre grupos rivais do século XIX, das quais emergiu uma combalida mas
unida, forte e indivisível unidade política.
Figura 1: Divisão administrativa da Nigéria e Effon Alaiye/ Efon Alaaye. Na imagem de satélite, a linha
amarela corresponde a rodovias e a linha cinza aos limites entre os Estados de Osun, à esquerda, e
Ekiti, à direita.
Isso nos faz atentar para o fato de Efon ser reconhecido como pertencente ao grupo
iorubá, o que exige uma diferenciação entre Efon, o reino iorubá, e Fon, grupo étnico
geograficamente próximo e que, portanto, não pertence ao grupo iorubá. Biodun
Adediran (1994), ao apresentar um mapa da região ocidental da Iorubalândia, do
ano de 1889, mostra que fon é um grupo étnico que não se insere no grupo iorubá.
Os fon são um dos grupos étnicos identificados à nação jeje. Matory (2005: 23)
lembra que,
[...] na Bahia, a nação Jeje (cujo culto aos voduns a identifica aos falantes
de Ewè, Gèn, Ajá, e Fon vizinhos à Iorubalândia) é intimamente associada à
nação Quêto/Nagô. Os protocolos rituais, as músicas e a língua ritual das
nações Jeje e Quêto/Nagô estão tão profundamente intrincadas uma na
outra que etnógrafos locais as descrevem como complexo ritual „Jeje-Nagô”.
Renato da Silveira (2010: 458-62) o corrobora, ao assegurar que o primeiro terreiro
baiano de ketu sofreu muitas influências das tradições do grupo fon, especialmente
na língua. Outras influências apontadas pelo autor são as dos iorubá-tapá, dos aon
efan e dos ijexá. Interessa-nos pesquisar e tentar resgatar algumas des- sas
influências da nação Efon e do seu desenvolvimento em solo brasileiro. Ainda de
acordo com Silveira (ibid., 590),
[...] [s]egundo explicação do linguista Ayoh‟Omidire[,] em comunicação
pessoal, Efọn é pronunciado com um som nasal semelhante à pronúncia
francesa do termo vent, podendo ser transcrito tanto como Efon quanto
como Efan, que terminou sendo a opção baiana. [...] Para Tio Agnelo, Efan,
mais que uma cidade, é uma “filosofia do culto, como tem nagô, ijexá etc.”
Já encontrei também as variações Èfon e Effọn. Verger identifica Oxalufã
como sendo originário da cidade de Ifón, mais ao norte, às margens do rio
Erinlé (SILVEIRA, 2010: 590)
Citar esta nota de rodapé faz-se necessária porque Renato Silveira (ibid., 470)
afirma que “Oxalufã (Òrìsá Olúfọn), como seu nome indica, é o patrono da cidade de
Efan (Efọn)”. Além disso, cita ainda que Air José, do candomblé Ilê Odô Ogê, asse-
gura que “o culto baiano de Oxaguiã também veio da cidade de Efan”; já na
tradicionalíssima Casa Branca, o “Elemaxó Agnelo, sacerdote supremo do culto de
Oxaguiã” neste axé, garante que “a mãe da famosa Tia Massi era „aon Efan‟, „do
povo de Efan‟”. Ainda segundo este autor (ibid., 470-1),
[...] na Travessa Oloroke, [que] hoje [...] é a Travessa Antônio Costa, 17. Aí
Maria Bernarda da Paixão morreu, a Mãe Milu assumiu o posto. Matilde,
como a mãe pequena, já que Mãe Milu estava muito velha... ela era
descendente de escravo. Nessa época Mãe Milu já tinha quase cem anos,
quando a Maria Bernarda morreu. É que era escrava legítima mesmo [...]. aí
ficava a Mãe Milu, a Mãe Milu coordenando a parte interna dentro do Axé e
a Matilde mais nova, ficava [...] ela e meu avô, os três dividiram a casa.
Depois houve uma divergência entre a Matilde e meu avô, foi quando meu
avô [...] montou uma casa lá em Salvador. Na [rua] Ubaranas, [...] em
Salvador. No bairro de Amaralina (ANJOS, 2014).
Há a necessidade de elaborar a genealogia de forma minuciosa dos filhos de Efon,
desde o pioneiro Asé Oloroke, até os que se encontram em funcionamento hoje em
todo o Brasil. Cléo Martins e Roberval Marinho (2002: 36-7), ao escreverem sobre
Iroko, comentam sobre a existência do culto a este orixá no Axé Oloroquê,
[...] templo da nação de efã; foi fundado pela lendária Maria do Violão (filha
de Iroco), sucedida por Cristóvão de Ogum; o terreiro ainda hoje existe
graças aos esforços do Babalorixá Valdemiro de Xangô. O patrono da Casa
é o Orixá Oloroquê, cultuado pelos povos efã e ijexá, e que é o mesmo
Iroco dos terreiros ketu e Loco, dos jejes. É uma das mais antigas famílias-
de-santo brasileiras sob a proteção da árvore-orixá.
Até onde pudemos pesquisar, a casa em que ficava o Asé Oloroké está fechada e o
Iroko plantado morreu. A casa originária das tradições de efon já se perdeu sem que
sequer pudesse ter sido feito o inventário de seu patrimônio. Maria de Sángó
(ANJOS, 2014) relata que no Asé Oloroké, após a morte de Adebolui, Mãe Milu, ya
kekerê da casa, assumiria as funções juntamente com Cristóvão d‟Ogunjá e com
Matilde de Jagun, uma vez que era muito idosa. Devemos lembrar, ainda, que
Cristóvão casou-se com Celina, quarta na hierarquia d‟Oloroke.
Após desentendimentos com Matilde de Jagun, Cristovão d‟Ogunjá abre uma casa
Efon em Salvador, na rua Ubaranas, no bairro Amaralina, em Salvador. A primeira
iniciada nessa casa foi a filha de Cristóvão e Celina, chamada Arlinda, que, na real-
idade, não foi feita pelo pai e sim por Runhó Merotongi, do Zoogodô Bogum Malê
Rundó, ou Terreiro do Bogum, da nação jeje. Além de Arlinda, foram iniciados
Waldemiro Baiano, Maria d‟Oxalufã, Nilza d‟Oxum, Regina d‟Ogun, irmã de
Cristóvão, e Maria Alice d‟Oxaguiã. Por achar que estaria enfrentando seu Axé,
Babá Cristóvão decide migrar, e para em um primeiro momento em Aracaju,
seguindo depois para Duque de Caxias, Estado do Rio de Janeiro, onde funda o Ilê
Asé Ogun Anaueji Igbele ni Oman, conhecido como Asé Pantanal, em 1950.
Cabe ressaltar que esta é apenas uma das ramificações que o Efon assumiu. Em
São Paulo, o Efon se disseminou por conta do já citado Waldemiro Baiano, de
Alvinho d‟Omolu, também iniciado por Babá Cristóvão, e por Maria de Sangó,
herdeira deste no Asé Pantanal, mas que, por ter brigado com seu avô carnal e
babalorixá, foi morar em São Paulo e se ausentou do asé de Caxias por
aproximadamente treze anos. Não temos informações sólidas sobre a continuidade
do Efon em Salvador, mas trabalhos que realizam levantamentos sobre a
localização de axés pelo Brasil não o mencionam (MOTT & CERQUEIRA, 1998;
PRANDI, 2014; UFBA, 2014). Todavia, um dos axés apontados por Silveira (2010:
470-1) como pertencentes à nação Efon, o Ilê Odô Ogê, conhecido como Pilão de
Prata, consta como sendo de ketu, no Mapeamento dos Terreiros de Salvador, como
vemos na figura 2 (UFBA, 2014) a seguir.
Figura 2: Ilê Odô Ogê classificado como ketu no Mapeamento dos terreiros de Salvador.
[...] Oloke é a colina, tudo que é elevado e alto, a lava vulcânica também lhe
pertence e é a divindade de todas as montanhas da terra, sendo ainda a
força e o guardião de todos os orisá, é inseparável de Obatalá e muitas
vezes fala por sua boca, é por isto que quando se inicia um Osalá velho
deve-se por uma criança para criá-lo em virtude de Oloke ser um menino a
criança o representaria perante Obatalá na iniciação. Obatala e Olofin
moram ao lado de Oloke no alto da montanha. A arvore Ose (Baobá) é
também sua representação e seu arbusto de culto, pois a grandiosidade do
Baobá, sua altura, sua magnitude, a idade de até 6000 anos que pode viver,
sua solidez faz dela a árvore escolhida por Oloke para seu culto. No Brasil
por existirem poucos Baobá passou-se a cultuar Oloke ao pé da gameleira
branca que serve de culto também para Iroko, mas um orisá não tem nada
em haver com o outro e é bom lembrar que a arvore Iroko também não
existe no Brasil e a gameleira lhe foi adaptada para o culto da divindade
cujo verdadeiro nome é Oluwere, nome que poucos conhecem no Brasil,
onde o orisá tomou o nome da arvore onde é cultuado.
Paulo de Efon, entretanto, parece desconhecer ou intencionalmente omite as
árvores-orixá plantadas em Salvador e em Duque de Caxias. Sobre Iroco e a riqueza
de sua liturgia, danças e cantos, nos diz Martins e Marinho (ibid.: 49-52), que este
[...] é um orixá que pertence aos elementos terra, fogo e ar, o que o torna
bastante complexo. A árvore sagrada [...] é responsável pela „ligação e
separação‟ entre terra e céu [...]. Pelo „elemento terra‟, Iroco se identifica
com os Orixás Ogum, o pioneiro abridor dos caminhos; Obaluaiê, senhor
da saúde e das doenças; Oxossi, o caçador; e Ossâim, patrono das plantas
e seus mistérios, o curandeiro. [...] A ligação de Iroco com o „elemento ar‟
fica clara em sua relação com os espíritos e com os mistérios. Iansã, a
Senhora absoluta do ar, transporta os espíritos do Aiê para o Orum e
aquieta os espíritos-abicus, o que estabelece entre ela e Iroco uma forte
cumplicidade. Euá, a senhora das possibilidades, é considerada uma
feiticeira guerreira e destemida, que tem o dom de se tornar invisível; [...]
Iroco ainda é aparentado com os orixás da família de Obatalá [...]. A
identificação de Iroko com o „elemento fogo‟ é feita pelo tipo vigoroso de
seus filhos, por seu caráter apaixonado e sensual, o temperamento
turbulento, a agressividade, a capacidade de liderança e o gênio imperioso
e prepotente; sabemos o quanto Iroco é poderoso. Tudo isso o aproxima de
Xangô e mais uma vez de sua esposa Iansã, o aspecto feminino do fogo.
Sobre Oke, Olumide Lucas (1942: 111) informa que a descendência de Obatalá e
Odudua é formada por Aginju e Yemonja, que tiveram, por sua vez, um filho
chamado Orungan. Este teria tido uma relação incestuosa com a mãe, do qual
nasceram Olosa (lagoa), Olokun (mar), Dada (plantas comestíveis), Xangô (trovão),
Ogun (ferro e guerra), Oyá (Rio Níger), Osun (rio homônimo), Obá (rio homônimo),
Oko (agricultura), Oxossi (caçadores), Oke (montanhas) Ajê Saluga (riqueza),
Xapanã (varíola), Orun (deus-Sol) e Osu (deus-Lua). Sobre Oke, nos diz o autor
(ibid.: 175):
Tem ocorrido progressiva perda do seu reconhecimento como Efon, bastando para
isso consultar o mapeamento dos terreiros de Salvador elaborado pela UFBA (op.
cit.), mesma instituição a que pertence Renato da Silveira (op. cit.), pesquisador que
reconhece e cita a nação Efon em seu valioso livro. Nesse sentido, há que se
aprofundar o estudo e ampliar as pesquisas sobre a Nação Efon, a fim de que não
percamos seu patrimônio cultural. Além disso, devemos ressaltar que até mesmo
dentro da própria cultura negra de Asé, o Efon encontra-se ameaçado, pois são
poucos aqueles capazes de reconhecê-lo, e isso se explicita pela sua relegação às
notas de rodapé de estudos sobre o candomblé. Este trabalho insere-se em um
movimento de resgate e de valorização do patrimônio cultural (GRUNBERG, 2007),
representado pela nação Efon.
Desse modo, este trabalho tem por objetivo chamar a atenção dos pesquisadores e
da comunidade acadêmica para o fato de que não há apenas as nações ketu e jeje,
e que a política de tombamento das casas e de valorização dos saberes e fazeres
dos asés deve atentar para a diversidade presente no candomblé. Até hoje, foram
tombadas apenas nove terreiros, oito na Bahia e um no Maranhão – são eles: Casa
Branca do Engenho Velho; Axé Opô Afonjá; Ilê Iyá Omim Axé Iyamassé, mais
conhecido como Gantois; Ilê Maroiá Láji, conhecido como Alaketo; Bate-Folha; e Ilê
Axé Oxumarê – todos em Salvador. Na Bahia, foram reconhecidos ainda o Omo Ilê
Agboulá, em Itaparica e o Zogbodo Male Bogun Seja Unde, conhecido como Roça
do Ventura, em Cachoeira. Em São Luís, foi tombada a Casa das Minas Jêje
(Querebentã de Zomadonu) (IPHAN, 2014; UFMA.BR, 2018). Não há
reconhecimento federal do IPHAN de nenhuma casa em nenhuma outra cidade ou
estado, mesmo em locais de forte tradição cultural negra, como Rio de Janeiro ou
Recife. Não há, tampouco, o reconhecimento de qualquer asé da nação Efon.
Figura 3: Asé Pantanal inundado pela chuva; à esquerda Iroko ao fundo; à direita, o terreiro inundado
ao fundo.
Este conceito lhes é estranho, e não se aplica, no caso dos de matriz africana, aos
“valores civilizatórios e da cosmovisão trazidos para o país por africanos para cá
transladados durante o sistema escravista, o que possibilitou o contínuo civilizatório
africano no Brasil” (SEPPIR, 2013: 12), e tampouco aos territórios próprios constituí-
dos e “caracterizados pela vivência comunitária, pelo acolhimento e pela prestação
de serviços à comunidade” (loc. Cit.). Cabe nota que o IPHAN, na portaria 194/2016
(IP- HAN, 2016) confunde o estabelecido no plano específico para os povos de
matriz africana (SEPPIR, 2013) com o definido na política dos povos tradicionais
(BRASIL, 2007).
Desse modo, nossa pesquisa, que está apenas começando, insere-se nos objetivos
pretendidos tanto pelo Plano Setorial para as Culturas Populares quanto nas metas
estabelecidas no PNC. Estas metas preveem que em 2020 a cartografia “da
diversidade das expressões culturais em todo o território brasileiro” esteja “realizada”
e que a política “nacional de proteção e valorização dos conhecimentos e
expressões das culturas populares e tradicionais” esteja “implantada”. Cabe
ressaltar que esse levantamento tem sido executado, ainda que o trabalho esteja
longe de ser concluído. Nesse sentido, cabe atentar para as portarias do IPHAN de
2016 que fortalecem a política de patrimônio para os povos de matriz africana
(489/2015, 188/2016 e 194/2016) e para essa cartografia.
Por fim, devemos mencionar que há um levantamento realizado pelo IPHAN dos
ilês no Estado do Rio de Janeiro. Cabe verificar, portanto, de que forma há o
reconhecimento por este órgão da Nação Efon e do Asé Pantanal. Quando
indagamos a ialorixá responsável pela casa (ANJOS, 2014; 2017), foi relatado que
não havia sido realizada qualquer visita de órgão federal ou estadual no terreiro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste artigo, buscamos trazer informações sobre a Nação Efon, desde sua origem
em terras hoje pertencentes à Nigéria até o tombamento do Asé Pantanal pela
Prefeitura de Duque de Caxias. Identificamos com o software Google Earth duas
cidades com grafias distintas denominadas Efon Alaaye, origem de um antigo reino.
Da região de Ekiti, vieram aqueles que fundaram o Asé Oloroke em Salvador,
perdido com o tempo, local onde foi feito para o orixá Cristovão Lopes dos Anjos,
fundador do Asé Pantanal, atual ilê mais antigo em funcionamento da Nação Efon no
Brasil. Ao longo do tempo, muito dessa tradição se perdeu e urge uma política
federal de proteção ao patrimônio vinculado. Sua especificidade se relaciona ao
culto de Orunmilá, Oloke e Iroko.
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