A Chave de Jacob Boehme
A Chave de Jacob Boehme
A Chave de Jacob Boehme
De
Jacob Boehme
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A Chave de Jacob Boehme
Introdução
Jacob Böehme (1575 - 1624), "O Teósofo Alemão" cuja vida criativa abarcou o
período Rosacruciano; foi um místico cujo discernimento muito contribuiu para
estabelecer uma interpretação espiritual da alquimia. Embora tenha sido um sapateiro
sem instrução, Böehme possuía um alto grau de percepção mística dos mundos
espirituais e para expressar suas experiências interiores decidiu revesti-las de termos
alquímicos. Böehme teve uma profunda influência sobre idéias teológicas e esotéricas,
particularmente entre o fim do século XVII e início do século XVIII, contudo, o seu
sistema esotérico-filosófico da teologia continua inspirando a muitos nos dias atuais.
"Um dia enquanto tomava conta da oficina de seu mestre, um misterioso estranho
entrou. Embora parecesse ser possuidor de nada mais do que alguns pequenos objetos
mundanos, mostrava-se ser o mais sábio e nobre em dote espiritual. O estranho
perguntou o preço de um par de sapatos, mas o jovem Böehme não se atreveu a
estipular um preço com receio de desagradar seu mestre. O estranho insistiu e Böehme
finalmente estabeleceu um valor que considerava ser tudo que seu mestre possivelmente
esperaria obter pelos sapatos. O estranho os comprou imediatamente e partiu. A uma
pequena distância o misterioso estranho parou e gritou em alta voz "Jacob, Jacob, venha
para fora". Com surpresa e espanto, Böehme saiu da casa. O estranho homem fixou seus
olhos nos grandes olhos do rapaz que brilhavam e pareciam cheios de luz divina. O
estranho pegou a mão direita do menino e dirigiu-se a ele dizendo: "Jacob, tu és
pequeno, mas serás grande, e te tornarás um outro homem, tão grande que o mundo irá
admirar. Contudo seja piedoso, tema a Deus e reverencie sua Palavra. Leia
atenciosamente as Santas Escrituras, onde terás conforto e instrução, pois deves
enfrentar muita miséria, privações e perseguições, mas sejas corajoso e perseveres, pois
Deus te ama e tem misericórdia de ti". Profundamente impressionado pela profecia,
Böehme tornou ainda mais intensa sua busca pela verdade. Finalmente o seu trabalho
foi recompensado. Por sete dias ele permaneceu numa condição misteriosa, período em
que os mistérios do mundo invisível lhe foram revelados".
A vida de Böehme foi altamente influenciada por dois Pastores Luteranos em Gorlitz.
O primeiro, Martin Möller, foi um homem notável, de vasto saber e de inclinações
místicas, que organizou dentro de sua paróquia um pequeno grupo, "Conventículo dos
Reais Servos de Deus", que tinha Böehme como membro. Parecia ser uma espécie de
grupo místico de meditação trabalhando no espírito da tradição mística Cristã; e Möller,
por meio de sua forte personalidade, foi capaz de dar continuidade a este grupo dentro
da esfera da ortodoxia Luterana. Sob sua tutela, Böehme adquiriu confiança em suas
próprias percepções espirituais e com o tempo começou a escrever, de início somente
para seu próprio aperfeiçoamento, o seu primeiro volume "A Aurora Nascente" foi
completado em 1612. Cópias desta obra circularam sem a permissão de Böehme e
afrontou o novo Pastor de Gorlitz, Gregory Richter, que havia então substituído Möller.
Richter era de uma disposição totalmente oposta a Möller, sendo limitado, ortodoxo e
temeroso de qualquer coisa que não estava de acordo com os ensinamentos Luteranos.
Ele denunciou Böehme como um herético e incitou tamanha corrente de oposição na
paróquia que Böehme foi temporariamente banido da cidade. Böehme teve que
prometer parar de escrever e, de fato, nos sete anos seguintes, trabalhou apenas
internamente com suas percepções. Contudo, mais tarde entrou para um círculo de
alquimistas Paracelsianos tendo como membro mais proeminente, Balthasar Walter que
havia viajado mugito, inclusive visitado a Grécia, Síria e Egito. Walter que era médico
do Príncipe de Anhalt, tinha muitos contatos entre pessoas importantes, tanto assim, que
ele estava ativamente envolvido no movimento Rosacruciano. Ele encorajou
constantemente Böehme a escrever e o inspirou apresentando-lhe idéias das tradições
esotéricas da Alquimia e da Cabala, que espelhavam as experiências internas de
Böehme e o habilitou a criar uma linguagem que as desse forma. De 1619 até sua morte,
Böehme trabalhou para escrever seus vastos volumes:
Mysterium Magnum
Também durante este período, Böehme correspondeu-se com contatos feitos por
intermédio de Balthasar Walter, e sua reputação espalhou-se através destas cartas.
Alguns de seus escritos circularam, de forma privada, entre seus amigos, enquanto que
suas publicações tiveram que esperar a morte de Böehme, uma vez que o Pastor Richter
ainda via Böehme como um perigoso herético na sua paróquia e os amigos altamente
posicionados de Böehme não poderiam preservá-lo do fanatismo deste pastor.
Esta distância existia no início do século XVII como uma semente que cresceu até o
nascimento de uma química puramente materialista no século XVIII. Böehme, contudo
extraiu de ambas, experiências místicas internas, e das experiências práticas dos
alquimistas daquela época (é preciso lembrar que por intermédio de Balthasar Walter,
Böehme esteve ativamente envolvido num círculo de alquimistas Paracelsianos
praticantes). Se formos sensíveis, poderemos notar em seus escritos os dois caminhos
que unem prática e teoria, assim como os dois caminhos que as separam em dois
campos distintos. Böehme trabalhou para encarnar a Alma Alquímica, e suas obras são
documentos profundos de um Esoterismo Protestante que coloca a idéia do
desenvolvimento interior perpendicularmente sobre a alma do indivíduo. Neste
Esoterismo Protestante, encontrava-se a tarefa do indivíduo de trabalhar para purificar e
exaltar as forças da sua própria alma se quisesse alcançar a plenitude da obra.
Em seus volumes ele revela um Cristianismo esotérico que com certeza mantém
alguma conecção direta com a corrente esotérica do Rosacrucianismo que estava sendo
desenvolvida contemporaneamente com Böehme.
Como apêndice para esta edição de Willian Law encontram-se as "Ilustrações dos
Princípios Ocultos de Jacob Böehme" de Dionysius Freher, que através de uma série de
treze figuras emblemáticas, oculta o quadro Boehmista da Criação. Aqui podemos
observar as várias emanações da Divindade participando na formação do reino da terra.
Este complemento contém a figura do Cristianismo Cósmico, mostrando a descida do
Ser Crístico à esfera humana e a realização de Sua tarefa nesta esfera.
Acreditamos que por trazer estas duas pequenas obras para a observação dos
estudantes do esoterismo de hoje, devemos ter-lhes dado a oportunidade de
aproximarem-se de uma compreensão do vasto sistema da filosofia esotérica que emana
do discernimento místico de Jacob Böehme.
CLAVIS
ou
Prefácio
Está escrito, o Homem Natural não recebe as Coisas do Espírito, nem o Mistério do
Reino de Deus, são Insensatez para ele e nem pode conhecê-los: portanto advirto e
exorto ao cristão amante dos mistérios, se pretende ler, estudar, pesquisar e
compreender estes Escritos Elevados, que não os leia apenas externamente, com uma
intensa especulação e meditação, pois se assim o fizer, permanecerá somente no terreno
imaginário exterior, e não obterá mais do que uma falsificação colorida de tais
mistérios.
A própria Razão do homem, sem a Luz de Deus, não pode entrar na Região dos
Mistérios, é impossível, pois sua razão, estando isolada, permite que seu entendimento
seja cada vez mais elevado e sutil, porém não o deixa perceber mais do que a sua
própria Sombra refletida num Espelho.
O Cristo disse "Sem mim tu não podes fazer nada", e ele é a Luz do Mundo e a Vida
do Homem.
Se não houver um propósito, para que Deus revele a Si mesmo e seus mistérios a ele,
tendo com este Homem um só Espírito e uma única Vontade, se o Homem não se
submeter sinceramente a Ele, a ponto de que o Espírito de Deus possa fazer com o
Homem e pelo Homem aquilo que quiser, e que Deus seja seu Conhecimento, Vontade
e Ação, este homem ainda não serve para tal Conhecimento e Compreensão.
Há muitos que aspiram aos Mistérios e aos Conhecimentos Ocultos, apenas para serem
respeitados e altamente estimados pelo mundo, para seu benefício e proveito próprio,
mas eles não atingem o Plano onde o Espírito penetra em todas as Coisas, como está
escrito, mesmo as coisas mais profundas de Deus.
A Vontade deve ser totalmente resignada, onde o próprio Deus penetre e atue;
Vontade que continuamente se rompe em Deus, em uma Humildade resignada e
permissível, buscando nada além de sua Região de Origem Eterna. Deve-se auxiliar o
Próximo com aquilo que obtiver, só assim o Homem poderá atingir tais Regiões.
Mas se ao ler tais Escritos, ainda não os compreender, não deve prontamente jogá-los
fora e pensar que é impossível compreendê-los, ao contrário, deve voltar sua mente para
Deus, suplicar sua Graça e Compreensão, ler outra vez, e então perceberá mais e mais
até ser atraído pelo poder de Deus para o mais profundo de si mesmo, e assim adentrar
ao Campo sobrenatural e supersensorial, ou seja, na Eterna Unidade de Deus, onde
deverá ouvir as eficazes e impronunciáveis Palavras de Deus que deverão trazê-lo de
volta e para fora novamente, pela Emanação Divina, à mais densa e desprezível matéria
da Terra e novamente de volta para o interior, para Deus, e então o Espírito de Deus
penetrará todas as Coisas, com ele e por ele, então o Homem estará diretamente tocado
e dirigido por Deus.
Uma vez que os amantes dos mistérios desejam uma Clavis, ou Chave de meus
Escritos, estou pronto e desejoso em satisfazê-los, e irei registrar uma curta Descrição
do Plano daquelas extraordinárias Palavras, algumas das quais são extraídas da Natureza
e da Percepção (Sentimento, Razão, Compreensão, Sabedoria e Inteligência) e outras
são as Palavras dos notáveis mestres, as quais eu investiguei de acordo com a percepção
e as considerei justas e apropriadas.
A razão irá falhar, quando ver termos pagãos e palavras usadas na explicação das
Coisas Naturais; supostamente deveríamos usar somente Frases das Escrituras (ou
palavras emprestadas da Bíblia); mas tais Palavras não irão se aplicar ou se ajustar
sempre à fundamental Explicação das Propriedades da Natureza, nem o Homem pode
expressar o Plano da Natureza com elas; além disso, os Sábios Pagãos e Judeus
esconderam o profundo Plano da Natureza sob tais Palavras por terem compreendido
bem que este Conhecimento não é para todos, mas pertence somente àqueles que Deus,
pela Natureza, escolheu para isso.
Mas ninguém precisa se desanimar diante disto, pois quando Deus revela seus
mistérios a algum homem, Ele também lhe dá uma Mente e uma Capacidade para
expressá-los, uma vez que Deus sabe o que é mais necessário e proveitoso em todas as
épocas. Sobre o estabelecimento das diferentes línguas e opiniões sobre o verdadeiro
Plano, os Homens não devem pensar que isto ocorreu por acaso, e que é produzido pela
Razão Humana.
As revelações das Coisas Divinas estão abertas pelo Plano Interno do Mundo
Espiritual e transformada em formas visíveis, da mesma forma que o Criador irá
manifestá-las.
Irei escrever nada mais do que uma pequena descrição da Manifestação Divina;
resumir o mais que eu possa, e explicar as notáveis palavras para uma melhor
compreensão de nossos livros; e ainda registrar aqui o teor daqueles Escritos, ou um
exemplo, ou uma Epítome deles por consideração e ajuda aos iniciantes: maiores
explicações sobre isto serão encontradas nos outros livros.
Jacob Böehme
A CHAVE
ou
principais e Expressões.
Moisés disse: "O Senhor nosso Deus é senão um único Deus". Em outra parte é dito:
"Dele, por Ele e Nele estão todas as coisas", e ainda: "Não sou eu, homem, que
preenche todas as coisas?" e mais, "Através de sua Palavra todas as coisas são feitas";
contudo pode-se dizer que Ele é a Origem de todas as coisas: Ele é a Eterna Imensurável
Unidade.
Por exemplo, quando penso o que poderia existir no lugar deste mundo se os quatro
Elementos, o estrelado Firmamento e a Natureza propriamente dita pudessem perecer e
deixassem de existir, e assim não mais se encontrasse nenhuma Natureza ou Criatura,
acredito que permaneceria esta Unidade eterna, da qual a Natureza e a Criatura
receberam sua Origem.
Da mesma forma, quando penso comigo mesmo o que existe a centenas de milhares de
milhas, acima do estrelado Firmamento, ou o que se encontra naquele lugar onde não há
Criaturas, acredito que a Eterna Imutável Unidade esteja lá, Unidade que é somente o
Bem, da qual não há nada, nem antes, nem depois, da qual não se pode acrescentar ou
retirar nada, nem mesmo de onde esta unidade pudesse ter sua Origem: Não há espaço,
tempo ou superfície, mas somente o Deus Eterno, ou aquele Único Bem, que um
homem não pode expressar.
A Santa Escritura mostra-nos que este único Deus é triplo, isto é, uma única Essência
tripla, tendo três formas de atuação, e ainda sendo senão uma única Essência, como
pode ser visto na emanação do Poder e Virtude, presentes em todas as coisas, mas
especialmente representadas pelo Fogo, Luz e Éter, que são três diferentes formas de
atuação, e ainda assim dentro de um único fundamento e substância.
Assim como o Fogo a Luz e o Éter, surgem da vela (embora a vela não seja nenhum
dos três, mas a causa deles), da mesma forma a Unidade Eterna é a causa e o
fundamento da Trindade Eterna, que se manifesta a partir da Unidade, e gera-se a si
mesmo, Primeiro em Desejo ou Vontade, Segundo em Prazer ou Satisfação, Terceiro
em Ação ou Expansão.
O Prazer ou a Satisfação, é o Filho que a Vontade quer ou deseja, ou seja, seu Amor e
Satisfação, como pode ser visto no Batismo de Nosso Senhor Jesus Cristo, quando o Pai
testemunhou dizendo: "Tu és meu Filho bem-amado, eu hoje te gerei!".
Deste modo, há três tipos de atuação na Unidade Eterna a saber: a Unidade é a própria
vontade e desejo; a Satisfação é a substância atuante da vontade e um Eterno êxtase de
perceptibilidade na vontade; e o Espírito Santo é o procedimento do Poder: a similitude
que pode ser notada numa planta.
A Santa Escritura diz: "Deus fez todas as coisas por intermédio de seu Verbo Eterno",
e ainda: "Este Verbo é Deus" (João - 1), o que compreendemos assim:
O Verbo nada mais é do que a vontade exalada do Poder e da Virtude, uma variedade
distinguida do Poder em múltiplos Poderes; uma distribuição e um fluxo da Unidade por
onde surge o conhecimento.
Uma única substância, onde não há variação ou divisão, que é somente única, não
pode conter conhecimento, e se houvesse seria uma única coisa, ela mesma; mas se a
Unidade se parte, então a vontade divisível entra na multiplicidade e variedade, tal
separação ocorre por si mesma. Ainda porque a Unidade não pode ser dividida e partida
separadamente, contudo a separação existe e permanece na vontade exalada da Unidade;
a separação da respiração origina a variedade diferenciada, pela qual a Vontade Eterna
juntamente com a Satisfação e o Procedimento, penetram no conhecimento ou
compreensão de infinitas formas, isto é, numa atuação perceptível e eterna,
conhecimento sensual dos poderes, onde na divisão ou separação da vontade, um
sentido ou forma da vontade sempre vê, sente, prova, cheira e ouve a outra. Isto não é
outra coisa senão que uma atuação sensual, ou seja, o grande jubiloso laço do amor e o
mais amável ser eterno único.
Cada Letra neste Nome anuncia-nos uma virtude e uma atuação peculiar, ou seja, uma
forma (aspecto) do poder atuante.
Este Nome nada mais é do que a articulação ou expressão da atuação tripla da Santa
Trindade na unidade de Deus. Uma leitura complementar poderá ser encontrada na
explicação da tabela (quadro) dos três princípios da manifestação Divina.
Ela é o verdadeiro caos divino, onde todas as coisas repousam; é a Imaginação Divina,
onde as Idéias dos Anjos e das Almas têm sido vistas em Forma e Semelhança Divina
pela Eternidade, ainda que até então não como criaturas, mas em imagem, assim como
quando um homem observa sua face em um Espelho: portanto a Idéia Angelical e
humana fluiu da sabedoria, e foi formada em uma Imagem, como disse Moisés, "Deus
criou o Homem à sua Imagem", ou seja, ele criou o corpo, e soprou no seu interior o
sopro da Emanação Divina, do Conhecimento Divino, de todos os Três Princípios da
Manifestação Divina.
Pelo Mysterium Magnum surge a natureza eterna. Duas substâncias e vontades são
sempre compreendidas como parte do Mysterium Magnum: a primeira substância é a
unidade de Deus, ou seja, a Virtude e o Poder Divino, a Sabedoria fluída.
A segunda substância é a vontade separável, que surge através do Verbo vivo e claro;
ela não tem sua base na unidade, mas na mobilidade da emanação e respiração, que se
transformam em uma vontade, em um Desejo para a Natureza, em qualidades tanto
quanto o fogo e a luz: no fogo, se compreende a Vida Natural, e na luz, a Vida Santa, ou
uma manifestação da unidade, pela qual esta unidade se torna um Fogo-Amor, ou Luz.
Esta etapa é chamada Mysterium Magnum, ou um Caos, pois o bem e o mal surgem
dele, a Luz e as Trevas, Vida e Morte, Alegria e Tristeza, Salvação e Condenação.
Esta é a região das Almas, Anjos e de toda Criatura Eterna, tanto boa quanto má; é a
região do céu e do inferno, também do mundo visível e de tudo que nele se encontra,
pois lá tudo repousa, em uma única região, assim como uma imagem repousa escondida
em um pedaço de madeira antes do artesão esculpi-la e modelá-la.
Não podemos dizer que o mundo espiritual tenha tido algum começo, mas foi
manifestado da Eternidade fora deste Caos; a Luz brilhou da Eternidade na escuridão, e
a escuridão não a compreendeu; como o dia e a noite estão um no outro, e são dois,
ainda que um.
Devo escrever claramente, como se tivesse um começo, para uma melhor consideração
e apreensão da região da manifestação Divina, e para melhor se distinguir a Natureza da
Divindade e também para uma melhor compreensão, de onde vem o bem e o mal e o
que é o Ser dos Seres.
Sete Propriedades.
Assim como a mente eterna imagina na eterna sabedoria de Deus no Poder Divino e a
transforma em idéia, a natureza cria em propriedade.
A Primeira Propriedade.
A primeira Propriedade é o Desejo que causa e produz aspereza, agudeza, dureza, frio
e substância.
A Segunda Propriedade.
A Terceira Propriedade.
A Quarta Propriedade.
A Quinta Propriedade.
A quinta Propriedade é a Luz cuja Virtude do Amor, juntamente com a Unidade, atua
na substância Natural.
A Sexta Propriedade.
A Sétima Propriedade.
A sétima Propriedade é o Objeto, ou o teor das outras seis Propriedades, na qual elas
atuam, como a Vida atua na Matéria, e estas sete Propriedades são certa e
verdadeiramente chamadas de Região ou Ponto da Natureza, onde as Propriedades
permanecem em uma única região.
A Primeira SUBSTÂNCIA nas
Sete Propriedades.
A Segunda SUBSTÂNCIA.
E deste modo a unidade Eterna se produz por sua Emanação e separação dentro da
Natureza pois a unidade precisa ter um objeto no qual possa se manifestar; amar e ser
novamente amada por algo, pois assim poderá haver uma percepção ou uma vontade e
atuação sensível.
A Primeira Propriedade.
No começo do mundo, o sal, pedras, ossos e todo este tipo de coisas foram produzidos
por esta agudez.
A Segunda Propriedade.
Assim, compreendemos que o Desejo é a região de algo e que este algo possivelmente
sai do nada, cremos também que o Desejo tenha sido o início deste mundo, por seu
intermédio Deus transformou todas as coisas em ser e substância, pois foi pelo Desejo
que Deus disse, Faça-se. O Desejo é o FIAT, Que produziu algo, naquilo que nada era
além de Espírito; o FIAT produziu o Mysterium Magnum, que é espiritual, visível e
substancial, como podemos ver pelos Elementos, Estrelas, e outras Criaturas.
A Terceira Propriedade.
Esta sensação é a causa do Fogo, e também da mente e dos sentidos, pois por seu
intermédio a própria vontade natural se faz volátil e busca o repouso. Deste modo, a
separação da vontade sai de si mesma e se rompe através das Propriedades, surgindo o
sabor, uma vez que uma Propriedade prova e sente a outra.
A Quarta Propriedade.
Aqui, surgem dois Princípios Eternos, as trevas, onde residem a aspereza, a agudez, a
dor e o sentimento do poder e da virtude da unidade na Luz. Sobre isto a Escritura diz
que Deus, ou a Unidade Eterna, reside na Luz da qual ninguém pode aproximar-se.
A Eterna unidade de Deus manifesta-se na Luz, através do Fogo Espiritual, e esta Luz
é chamada de Poder Supremo, sendo Deus ou a Unidade Supernatural seu poder e sua
virtude.
O espírito deste Fogo recebe uma insígnia (ou virtude) para brilhar desde a unidade,
do contrário esta região ígnea não seria mais do que um desejo doloroso, ansioso,
horrível e atormentado; o mesmo ocorre quando a vontade se rompe da unidade e vai
viver de acordo com seu próprio desejo, como fizeram os anjos decaídos (Demônios), e
como ainda fazem as almas errantes.
É nesta vontade ígnea da natureza Eterna que permanece a alma do Homem, e também
os Anjos, esta é a região e o centro deles. Portanto, se alguma alma se rompe da Luz e
do Amor de Deus e entra no seu próprio desejo natural, então a região desta propriedade
escura e dolorosa nela se manifesta, como se pode verificar em Lúcifer.
O que quer que se imagine possui uma essência, na Criatura, fora da criatura em todo
lugar, pois a Criatura nada mais é do que uma Imagem e uma Aparência do separável e
variado poder, e virtude do Ser universal.
Desta Forma, no Fogo e na Luz consiste a Vida de todas as coisas, isto é, a vontade de
todas as coisas que as impede de serem insensíveis vegetais ou racionais; todas as coisas
assim como o fogo tem a sua região que tanto pode ser da região eterna, como a Alma,
ou da região temporária como as coisas do Astral Elementar, pois o Eterno é um fogo e
o temporário é outro, como veremos mais adiante.
A Quinta Propriedade.
"O Reino de Deus está em você" e Paulo: "Vós sois o templo do Espírito Santo, que
habita em ti", este é o lugar da Divina habitação e revelação.
A Alma também vem a ser condenada quando a vontade ígnea se rompe do Amor e da
Unidade de Deus e entra na sua própria Propriedade Natural, ou seja, em suas
Propriedades Demoníacas; o que será tratado mais adiante.
Um exemplo ou comparação desta região pode ser observado numa vela acesa, onde
as Propriedades residem uma na outra e podemos encontrar o Fogo, o Azeite, a Luz, o
Ar e a Água do Ar, todos os quatro Elementos que anteriormente permaneciam em uma
única região aí se encontram manifestados; eles pertencem a região eterna, pois a
substância temporal flui do Eterno tendo, conseqüentemente, a mesma qualidade mas
com a diferença de que uma é eterna e a outra transitória, uma é espiritual e a outra
corpórea.
Esta tripla manifestação está de acordo com a Trindade, pois o centro onde está, é o
Deus único, de acordo com sua manifestação; o ígneo e flamejante espírito do amor é a
energia ascendente; a suavidade que procede do Amor é a energia descendente; no meio
há o centro da circunferência, que é o Pai, ou o Deus Completo, de acordo com sua
manifestação. Sendo isto conhecido na manifestação Divina, também o é na Natureza
Eterna, de acordo com as propriedades da Natureza pois esta nada mais é do que uma
semelhança deste processo.
O Mercúrio Ígneo é uma água seca, que deu origem aos metais e pedras, mas o
Mercúrio partido ou dividido, produziu a água úmida, pela Mortificação no Fogo; e a
compressão produziu a total crueza na Terra, que é um puro Mercúrio Salítrico
Saturnino.
A Sexta Propriedade.
A sexta Propriedade da Natureza Eterna, é o som, ruído, voz ou compreensão, pois
quando o fogo clareia, todas as Propriedades juntas emitem som. O fogo é a boca da
Essência, a Luz é o espírito, e o som é a compreensão pela qual todas as Propriedades
compreendem umas as outras.
A Sétima Propriedade.
Embora elas atuem de maneira diferente, ainda há aqui uma única substância, cujo
poder-virtude é chamado tintura (sabor) ou um primaveril, crescente, penetrante e santo
gérmen.
Não que as sete Propriedades são a Tintura, mas sim seu corpo; o Poder-Virtude do
Fogo e da Luz, é a Tintura no corpo substancial, mas as sete Propriedades são a
substância que a Tintura penetra e santifica, de acordo com o poder-virtude da
manifestação Divina. Como a Tintura é uma Propriedade da Natureza, é também a
substância do desejo atrativo de todas as propriedades.
Observe que a primeira e a sétima Propriedades sempre são contadas como uma, da
mesma forma que a segunda, a sexta, a terceira e a quinta, sendo a quarta somente um
marco divisor ou uma fronteira, pois segundo a manifestação da Trindade de Deus, não
há mais do que três Propriedades da Natureza. A primeira é o Desejo que pertence ao
Deus Pai, ainda que seja somente um espírito, mas na sétima Propriedade, o Desejo é
substancial. A segunda é o Poder-virtude Divino, e pertence ao Deus filho, na segunda
propriedade é somente um espírito, mas na sexta Propriedade é um Poder-Virtude
substancial. A terceira pertence ao Espírito Santo, no início da terceira Propriedade é
somente um espírito ígneo, mas na quinta Propriedade é a manifestação do grande
Amor.
Bem, estas são as sete Propriedades em uma única região, e todas as sete são
igualmente Eternas, sem começo; nenhuma delas pode ser contada como a primeira,
segunda, terceira, quarta, quinta, sexta ou última, pois são igualmente Eternas, sem
princípio e possuem um princípio Eterno da unidade de Deus.
uma similitude
uma vela.
disto é a Luz de
uma vela.
consumidor. misericordioso.
O Terceiro Princípio.
O Mundo dos quatro Elementos, produzido a partir dos dois Mundos interiores, e é um
espelho deles, onde Luz e Trevas, Bem e o Mal estão misturados, não é Eterno, mas tem
um Princípio e um Fim.
Moisés disse "Deus criou o Céu e a Terra, e todas as criaturas em seis dias, e
descansou no sétimo dia, e também ordenou que se guardasse repouso".
A compreensão permanece oculta e secreta nestas palavras: não poderia Ele ter feito
toda sua obra em um dia? Nós não podemos afirmar sequer que existiu algum dia antes
da existência do Sol, pois no fundo há não mais que um só dia (em todos). Mas a
compreensão permanece oculta nestas palavras, Moisés compreendeu por cada dia de
operação, a Criação ou Manifestação das sete Propriedades, pois disse: "No princípio
Deus criou o Céu e a Terra".
Quando tal operação foi feita, Deus disse "Que haja a Luz", então o Interno impeliu-se
através do Céu Ígneo, surgindo assim, um brilhante poder e virtude no Mercúrio Ígneo,
e esta foi a Luz da Natureza externa nas Propriedades, onde consiste a vida vegetal.
O Segundo Dia.
Esta separação foi feita em todas as coisas com a finalidade de que o Mercúrio Ígneo
desejasse e almejasse o Mercúrio aquoso, e vice-versa. Deste modo, existiria entre eles
um Desejo de Amor, na Luz da Natureza, surgindo a Conjunção. Contudo, o Mercúrio
Ígneo, ou o verbo emanado separou a si mesmo, de acordo com a natureza ígnea e
aquosa da Luz, e desta forma surge a qualidade masculina e feminina em todas as
coisas, tanto em Animais como Vegetais.
O Terceiro Dia.
O Quarto Dia.
No quarto dia de operação, o Mercúrio Ígneo manifestou seu fruto, ou seja, a Quinta-
Essência, um poder e virtude da vida, maior do que aquele dos quatro Elementos, ainda
que seja encontrado nos Elementos. É desta substância que são feitas as estrelas.
Pelo fato da compressão do Desejo ter trazido a terra para dentro de uma Massa, a
compressão também a adentrou, assim o Mercúrio Ígneo foi impelido para o exterior
pela Compressão, circundando o espaço deste mundo por Estrelas e pelo Céu estrelado.
O Quinto Dia.
O Sexto Dia.
No sexto dia de operação, Deus criou o homem, pois no sexto dia a compreensão da
Vida se desdobrou fora do Mercúrio Ígneo, isto é, fora da Região Interna.
Deus o criou à sua semelhança usando todos os três Princípios e o fez uma Imagem;
Deus soprou no seu interior a compreensão do Mercúrio Ígneo, de acordo com as
Regiões Interna e Externa, ou seja, segundo o tempo e a eternidade, tornando-o assim
uma alma de compreensão viva. Nesta região da alma, a manifestação da Santidade
Divina em movimento (o Verbo de Deus vivo e emanado) e a Idéia de conhecimento
Eterno, foram conhecidas da Eternidade na Sabedoria Divina como um agente ou Forma
da Imaginação Divina.
Esta Região Divina brotou e transpassou a alma e o corpo do homem e este era seu
verdadeiro Paraíso, perdido pelo pecado, quando a região do mundo das trevas, com o
falso desejo, obteve a supremacia e dominou no homem.
O Sétimo Dia.
"No sétimo dia, Deus descansou de todas as obras que havia feito", disse Moisés,
ainda que Deus não necessite de nenhum repouso, pois ele é feito da Eternidade, e nada
mais é do que um mero Poder e Virtude atuante. Contudo, o sentido e compreensão
permanece ocultos na Palavra, já que Moisés disse que Ele ordenou que descansássemos
no sétimo dia.
O sétimo dia foi o verdadeiro Paraíso, o que deve ser compreendido espiritualmente
como a Tintura do Poder e Virtude Divino, que é um temperamento. Este transpassa
todas as Propriedades e é formado na sétima ou na substância de todas as outras.
O Paraíso estava na terra e no homem, pois o mal estava oculto assim como a noite
está oculta no dia, do mesmo modo, a fúria da natureza também estava oculta no
primeiro Princípio, até a queda do homem, quando então a atuação Divina, com a
Tintura refugiaram-se em seu próprio Princípio ou na região interna do mundo de luz. A
ira surgiu nas alturas e predominou. Esta é a maldição, quando é dito "Deus amaldiçoou
a Terra", pois sua maldição parte e recai de sua operação, da mesma forma que quando
a virtude e o Poder de Deus atuam em algo em conjunto com a Vida e o espírito deste
algo e posteriormente afasta-se com sua operação. A partir de então aquele algo estará
amaldiçoado pois opera segundo sua própria vontade e não segundo a Vontade de Deus.
Ainda que os homens não tenham encontrado uma causa para isto no mundo exterior,
ou descoberto em que região isto provavelmente ocorra, a razão diz que Deus assim o
fez, e assim continua sendo. De fato, isto é verdade, mas a razão não conhece o Criador,
que assim cria sem cessar, ou seja, o verdadeiro Archaeus, ou Separador, que é uma
Emanação do mundo Invisível ou a palavra de Deus emanada. Por esta palavra quero
dizer e compreendo o Mercúrio Ígneo do verbo, pois o que o mundo invisível é, numa
operação espiritual, onde Luz e Trevas estão uma na outra, ainda que uma não
compreenda a outra, isto é o mundo visível numa operação substancial. Quaisquer
poderes e virtudes do verbo emanado, devem ser compreendidos no mundo Espiritual e
Interno; o mesmo serve para o mundo visível, nas Estrelas e Elementos ou ainda em
outro Princípio de uma natureza mais santa.
O Spiritus Mundi esta oculto nos quatro elementos, como a Alma no corpo, e nada
mais é do que um poder atuante e imanente, que procede do Sol e das Estrelas; ele
reside onde sua obra é espiritual, encerrado pelos quatro elementos.
Chamo este movimento interno de Mercúrio Ígneo, no espírito deste mundo, pois este
é o que movimenta todas as coisas, o separador dos poderes e virtudes, um formador de
todas as formas, uma região de vida externa como o Movimento e a Sensibilidade.
Os quatro Elementos também residem nesta região, de onde não há nada separado ou
diferente. Os quatro Elementos são apenas a manifestação desta região espiritual; o
espírito reside e opera neles.
A terra é a emanação mais densa deste espírito sutil; em seguida vem a Água, o Ar e o
Fogo. Todos procedem de uma única região, ou seja, do Spiritus Mundi, que tem sua
raiz no mundo interior.
Todo o mundo visível é uma mera região seminal atuante. Todas as coisas tem uma
inclinação e aspiração em relação à outra, o mais elevado sobre o menos elevado e vice-
versa, pois estão separados um do outro. Nesta ânsia eles se abraçam no desejo.
Pelo o que devemos saber sobre a terra, que está sempre ávida das estrelas (da
influência e virtude das estrelas) e sobre o Spiritus Mundi, ávido do espírito de onde no
princípio teve sua origem, não há repouso para esta ânsia. A ânsia da terra consome
corpos, de onde o espírito possa mais uma vez ser separado da condição elementar
expressa, e retornar novamente para o seu Archaeus.
Contudo, o homem, que é tão nobre em imagem e tem sua região no Tempo e na
Eternidade, deve refletir muito bem sobre si mesmo e não lançar-se precipitado e
cegamente em busca de seu lugar de origem longe de si mesmo, sendo que ele está
consigo mesmo, embora coberto com a espessura dos Elementos e pela luta entre eles.
Agora, quando a luta entre os Elementos cessar, pela morte do corpo espesso, então o
Homem Espiritual se manifestará. Ele pode nascer na Luz e para a Luz ou nas Trevas e
para as Trevas; Uma das duas exerce a influência e tem o domínio sobre ele; o Homem
Espiritual tem sua existência na eternidade, seja fundamentada no Amor ou na Ira de
Deus. O homem visível externo não é agora a Imagem de Deus, nada mais é do que uma
Imagem do Archaeus, ou seja uma casa (ou casca) do Homem Espiritual onde este
Homem Espiritual cresce, como o ouro na pedra espessa, e uma planta na terra
selvagem. Como diz a Escritura "Assim como temos um corpo natural temos também
um corpo espiritual: tal como é o natural também é o espiritual".
O corpo espesso externo dos quatro Elementos não vai herdar o Reino de Deus, mas
herdará sim aquele que nasceu do Elemento, ou seja, da manifestação e atuação divina.
Certamente este herdeiro não é o corpo de carne e da vontade do homem, mas aquele
formado pelo Archaeus celeste neste Corpo espesso que é sua casa, ferramenta e
instrumento. Quando a crosta for retirada, aparecerá a razão de sermos chamados, aqui,
de homens, ainda que alguns de nós não passamos de bestas, e mais ainda, alguns de
longe são piores do que bestas.
Devemos refletir corretamente sobre o que é o espírito do mundo externo. É uma casca
de casa, um instrumento do mundo Espiritual Interior que nele está oculto, que atua
através dele e assim se manifesta em Forma e Imagem.
Deste modo, a razão humana nada mais é do que a casa da verdadeira compreensão do
conhecimento divino. Ninguém deve confiar demais em sua razão e na inteligência
aguçada, pois isto nada mais é que a constelação das estrelas externas, que seduzem o
homem ao invés de levá-lo à unidade de Deus.
A razão deve se submeter completamente a Deus, para que o Archaeus possa ser
revelado e para que isto atue e atraia uma verdadeira região de compreensão espiritual,
uniforme com Deus, onde o Espírito de Deus será revelado e trará a compreensão até
Deus e então, nesta região, "O espírito investiga todas as coisas, mesmo as mais
profundas coisas de Deus" como disse São Paulo.
Penso ser bom expor isto a seguir, de maneira breve, para maiores considerações por
parte dos amantes dos mistérios.
manifestação divina.
Estes Poderes e Virtudes separáveis transformam-se num poder de recepção para sua
própria perceptibilidade; e da perceptibilidade surge a própria vontade e o desejo; esta
vontade é a região da Natureza Eterna que invade com o desejo, as Propriedades tão
longe quanto o Fogo.
No desejo está a origem das trevas; no Fogo a unidade eterna se manifesta com a Luz,
na Natureza Ígnea. Os anjos e as almas têm sua origem nesta propriedade ígnea e na
propriedade da Luz, que é a divina manifestação.
A atuação Eterna Interna está oculta no mundo visível, está em todas as coisas, através
de todas as coisas e ainda não é compreendida pelo próprio poder das coisas; os poderes
e virtudes externos são passivos e a casa onde o interno atua.
Todas as outras criaturas mundanas nada mais são do que uma substância do mundo
exterior, exceto o homem, criado tanto do tempo como da Eternidade, do Ser de todos
os Seres, e feito uma imagem da manifestação divina.
A manifestação Eterna da Luz Divina é chamada o Reino dos Céus, e a Morada dos
santos Anjos e Almas. A Escuridão Ígnea é chamada de Inferno, ou Ira de Deus, onde
reside o diabo, juntamente com as almas condenadas.
Neste mundo, o céu e o inferno estão presentes em todo lugar, mas de acordo com a
região interna.
Internamente, a atuação divina está manifestada nas crianças de Deus; mas no que é
maligno manifesta-se a atuação das trevas dolorosas.
O Paraíso Eterno está oculto neste mundo, na região interna, mas se manifesta no
interior do homem, onde opera o poder e a Virtude de Deus.
Neste mundo só irão perecer os quatro Elementos juntamente com o céu estrelado e as
criaturas terrenas, ou seja, a vida grosseira e exterior de todas as coisas.
O poder e a virtude interna de toda substância permanece eternamente.
Mysterium Magnum.
A palavra Ciência não é tomada por mim da mesma forma que os homens
compreendem a palavra Scientia da Língua Latina como em outras Línguas; pois toda
palavra em sua impressão, formação e expressão, fornece a verdadeira compreensão
sobre o que uma determinada coisa é de tal forma denominada.
Ainda que se entenda por Ciência uma compreensão, não há uma percepção, mas uma
causa da percepção. Desta forma, quando a compreensão se imprime na mente,
necessariamente deve ter havido em primeiro lugar uma causa que deu origem a mente
por onde flui a compreensão até a sua contemplação. Depois disto podemos dizer que
esta Ciência é a Raiz da Mente Ígnea, e é em poucas palavras, a raiz de todos os
"Princípios Espirituais"; é a região de onde surge a vida.
Não poderia dar à Ciência um nome melhor. Este produz uma completa harmonia e
concordância nos sentidos, pois a Ciência é a causa pela qual a profunda vontade divina
se compacta e se imprime na natureza, para a separável (variada), inteligível e
perceptível vida da compreensão e distinção; na impressão da Ciência, por onde a
vontade a atrai para si, surge a vida natural, e o verbo de toda a vida original.
FIM
UMA ILUSTRAÇÃO
DOS
PRINCÍPIOS OCULTOS
DE
EM TREZE FIGURAS
Deus, sem qualquer Natureza ou Criatura. O Verbo Informe na Trindade sem qualquer
Natureza. (Vid. et N.B. Mysterium Magnum, IV3).
A Trindade Imanifesta, ou melhor, aquele Ser Trino e Insondável, que não pode ser
Objeto de qualquer compreensão criada.
II
O Triângulo na Natureza.
A Roda da Natureza.
O Primeiro Princípio.
A Geração da Cruz.
A Marca Distintiva que permanece no meio, entre três e três, ocasionada pela primeira
terrível Ruptura (feita na primeira áspera e grosseira Solidez) no Mundo de Trevas e
pela segunda prazerosa Ruptura (feita na segunda suave, aquosa ou conquistada
Solidez) no Mundo da Luz; resultando em cada um o que é capaz, ou seja, Vigor, Força,
terror, etc., na primeira e Luz, Esplendor, Brilho e Glória na segunda.
IV
O Segundo Princípio.
A Trindade manifestada e que somente agora pode ser Objeto de uma Compreensão
criada.
Sabedoria. Tintura.
Esta quinta Figura representa agora, que aquela grande Residência Real ou a Divina
Habitação da Glória, do Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espirito Santo, foi
imediatamente suprida com inumeráveis habitantes. Todos são chamas Gloriosas do
Fogo, Crianças de Deus, Espíritos Representativos, divididos em três Hierarquias (cada
qual uma Extensão onde nenhum Limite pode ser percebido, embora não sejam
infinitas) de acordo com o Santo Número três. Mas nós sabemos os Nomes de apenas
duas delas, que são Michael e Uriel, porque apenas estas duas, com todos os seus
Exércitos, mantiveram suas Habitações na Luz.
VI
Aqui, um daqueles Hierarcas, porque não dizer o mais glorioso de todos, pois foi o
Representante Criado de Deus, o Filho, que comete uma Alta Traição.
Rebela-se, deixa-se entrevar, sua magnífica Vontade-Espírito por uma falsa Magia e
sem qualquer Motivo, fora de seu próprio Centro, tenta alcançar as alturas, acima de
Deus e de todos os Exércitos do Céu, para ser ele mesmo Tudo em Tudo; contudo, ele é
detido, precipitado e cai através do Fogo das Trevas eternas, onde é um poderoso
Príncipe de sua própria Legião. Na Realidade ele não passa de um pobre Prisioneiro, e
um infame Executor da Ira de Deus; e agora pode ser questionado: "Por qual arte caístes
do Céu, Oh! Lúcifer, Filho da Manhã?". A esta questão é dada uma profunda prolixa,
distinta e a mais particular e circunstancial resposta, na Aurora, para a sua confusão e
vergonha eterna, por ele escondida e coberta desde o Princípio do Mundo.
VII
Quando Lúcifer pela sua Rebelião levou toda a Extensão de seu Reino a tal desolada
condição descrita por Moisés, como sendo vazia e desprovida de Forma, e as Trevas
cobriram a Face da Profundidade, toda aquela Região foi simplesmente tirada de seu
Domínio, e transformada numa condição temporária que não podia mais ser de nenhum
uso para ele. Quando isto foi completamente estabelecido, no período de Seis Dias, de
acordo com os Seis Espíritos Ativos da Natureza eterna, houve a necessidade de um
Príncipe e Soberano e ao invés de Lúcifer que havia abandonado sua Habitação na Luz,
foi criado Adão à Imagem e Semelhança de Deus, uma Epítome ou Compedium de todo
o Universo, pelo Verbum Fiat, que era o Verbo Eterno, em conjunção com a primeira
Fonte-Espírito Adstringente da Natureza Eterna.
VIII
Este ADÃO, embora tenha sido, de fato, criado num Estado de Inocência, Pureza,
Integridade e Perfeição, ainda não podia ocupar aquele Topo de Perfeição para o qual
havia sido designado e que poderia ter alcançado se tivesse resistido à sua Prova que foi
de absoluta Necessidade. Três coisas foram apresentadas a Adão, e embora estas
encontravam-se com ele numa mesma Temperatura, elas não existiam sem ele pois,
Lúcifer havia provocado uma Ruptura.
Estas três coisas eram (1) acima dele a Sophia, chamada (mal ii. 14) sua companhia e
a Esposa de sua Juventude. (2) SATÃ, aquela Raiz incriada das trevas no Primórdio
Princípio da Natureza eterna. (3) O ESPÍRITO DESTE MUNDO. E aqui reside a Esfera
da necessidade da TENTAÇÃO DE ADÃO.
Nestas considerações, o Demoníaco ainda não surgiu, embora não esteja muito longe;
também não surgiu a árvore do Conhecimento do Bem e do Mal porque esta não foi
senão uma conseqüência necessária da vacilação de Adão e de sua conduta traiçoeira
em relação à Esposa de sua Juventude.
IX
Aqui está o pobre Adão realmente caído de toda sua prévia Felicidade e Glória. Ele
perdeu tudo o que era bom e desejável tanto em si mesmo como ao seu redor. Ele
permanece como morto na mais remota Extremidade do Espírito deste Mundo. A
SOPHIA o abandonou, ou melhor ele tendo uma conduta traiçoeira a abandonou, e o
Santo Laço do casamento-Pacto que havia entre eles foi dissolvido: Ele está todo sobre
as trevas, e permanece até mesmo sob a Terra sobre a qual havia que dominar: Todas as
Estrelas lançam suas Influências sobre ele, das quais as melhores nada mais são do que
a Morte e o Veneno para aquela Vida para a qual foi criado. Adão nada mais podia
esperar além do exato momento de ser completamente lançado e tragado no Ventre de
Satã. Este era seu Estado e Condição após sua Transgressão e antes de ouvir o Verbo da
Graça da Libertação, "Que a Semente da Mulher esmague a Cabeça da Serpente".
X
Aqui Adão, enriquecido em seu Coração pelo Verbo da Graça, cujo Nome é Jesus,
eleva-se novamente, a ponto de permanecer acima do Globo Terrestre, na Base do
Triângulo Ígneo .´. que é um perfeito Emblema de sua própria Alma e o Santo Nome
Jesus permanece sobre ele no Topo do Triângulo aquoso `.´ . Estes dois Triângulos que
com a Queda de Adão se separam, tocam-se novamente, embora (neste Início) em um
só Ponto; o Desejo da Alma pode precipitar em si mesma o `.´ e aquele Santo Nome
pode precipitar em si mesmo cada vez mais o .´. até ambos formarem um completo * , a
qualidade mais significativa em todo o Universo, pois só então a Obra de Regeneração e
Reunião com a SOPHIA será absorvida. Embora, durante esta Vida mortal, tal Perfeição
do Homem como um todo não possa ser concluída, ela está sendo realizada na Parte
interior e qualquer coisa que pareça ser uma Obstrução (até mesmo um Pecado não
Expiado) devem, por esta finalidade, TRABALHAR JUNTOS PARA O BEM DE
AQUELES QUE AMAM DEUS. Louvado seja sua Santa Trindade, Santo, Nome
Santo, neste Tempo e através de toda Extensão e Duração da Eternidade.
XI
Aqui, ADÃO, no mesmo Lugar que antes, aparece novamente, mas em União com
Cristo, que se refere à Pessoa de Jesus Cristo, ou do Segundo Adão na nossa
Humanidade sobre a Terra. Ele nos mostra a absoluta Necessidade de sua Santa
Encarnação e imaculado Sacrifício por todo Gênero Humano sem o qual, a grande Obra
da nossa Regeneração e Reunião com a SOPHIA não poderia estar sendo elevada à
Perfeição. Em sua encarnação ele trouxe novamente para a humanidade, aquela
significativa Qualidade, que o Primeiro Adão havia perdido. Esta Qualidade estava em
princípio, em sua própria Pessoa Humana, embora não tenha sido visível, enquanto era,
sobre a Terra, um Homem como nós em todas as coisas, exceto em Pecados.
Conseqüentemente, Ele, mesmo sozinho, era capaz e suficiente para Morrer por nós,
matar a morte com sua própria morte, quebrar em sua Passagem a Armadilha e Ferroada
de Satã, penetrar em seu Território de trevas, esmagar a Cabeça da Serpente e ascender
às alturas para tomar posse de seu Trono, fazendo-se cumprir a profecia de Miqueías
2:13, que Lutero traduziu: Es Wird ein Durchbrecher fur ihnen Herauf fahien" Aria
Montanus, Ascendit Effractar: A Vulgata, Pandens iter ante eos: e o Inglês. O
Transgressor surgiu antes deles.
XII
Ainda há uma vasta Diferença entre as Almas no que se refere a suas Partidas deste
mundo e esta Diferença depende completamente do real Estado e condição daquela
significante Qualidade, mencionada anteriormente; pois as Almas que alcançaram esta
Qualidade de Perfeição nesta Vida, ou em outras Palavras, aquelas que aqui fixaram a
Substancialidade Celeste de Jesus Cristo, não encontra nenhum Obstáculo em sua
Passagem. Aquelas em que tal Qualidade é mais ou menos imperfeita, depara-se com
mais ou menos Impedimentos; e aquelas que, de fato não tem nem um pouco desta
Qualidade, não pode ir mais além do que aquela Região, que de forma mais significativa
é chamada de Triângulo na Natureza.
Do mesmo modo, todos os seus Agentes, nesta Hierarquia, superam todos os Anjos
Santos neste ponto, pois são Imagens de DEUS, (Como manifestado em todos os três
Princípios) enquanto que os Anjos Santos são apenas as Imagens destes Agentes, assim
como DEUS estava manifestado em dois deles. Por esta razão, tais agentes também são
distinguidos dos Anjos por esta Qualidade peculiar * que não é construída por
Especulação humana, mas está escrita no Livro da Natureza pelo Dedo de Deus; Isto
indica claramente não só a Criação deste terceiro Princípio em seis Dias, mas também a
queda e o divórcio da Reunião de Adão com a Divina Virgem SOPHIA.
Para aqueles que, neste mundo, estão mais para Animais do que para Homens (apesar
de suas formas exteriores) nada há para ser dito sobre estas coisas, pois elas são
Espirituais e desta forma devem ser discernidas.