Os Mistérios Da Morte e Da Reencarnação (AMORC, Português)
Os Mistérios Da Morte e Da Reencarnação (AMORC, Português)
Os Mistérios Da Morte e Da Reencarnação (AMORC, Português)
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S P / it/ ip pc ejca/n/M
Os Mistrios da Morte
e da Reencarnao
Philippe Deschamps
CO O RD E N AO E SUPERVISO
Charles Vega Parucker, F. R. C.
Grande Mestre
BIBLIOTECA RO SACRUZ
ORDEM ROSACRUZ, AM O RC
GRAN DE LO JA D A JU R ISD IO DE
LN G U A P O R T U G U E SA
\sfe DDFFUSION
V ROS1CRLC1ENNE
Chteau dOm onville
2 7 110 Le Tremblay
France
Os Mistrios da Morte
e da Reencarnao
In troduo........................................................................................................ 7
Culturas e religies ante os mistrios da m o rte...................................... 13
A alma im ortal?.......................................................................................... 87
Traduzida da verso francesa de setembro 1999
Reencarnao, uma das mais velhas teorias do m un do .............. ....... 137
Ia Edio em Lngua Portuguesa
setembro 2003
ISBN - 8 5 -3 17 -0 17 1-6
O contato com os m o rto s..........................................................................267
Todos os direitos reservados pela
ORDEM R O SACRUZ, AM O RC
GRAN DE LO JA D A JURISD IO
DE LN G U A P O R T U G U E SA
O destino da a lm a .......................................................................................339
C onclu so.....................................................................................................343
B ibliografia...................................................................................................351
Biblioteca R osacruz................................................................................... 355
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H alguns anos, grande parte dos livros editados sobre o
tema da morte ressaltava que esta havia se tornado assunto
tabu por excelncia nas sociedades modernas. Seus autores
explicavam que nossa sociedade do materialismo triunfante
exaltava a vida, a fora e a sade, que as pessoas en
fraquecidas ou deficientes eram afastadas dela, que os velhos
eram cada vez mais isolados em asilos e que morria-se cada
vez menos em casa e mais no hospital. Nos crculos mdicos
da poca, o doente era cercado de mil meios tcnicos cujo
nico objetivo consistia em perpetuar a vida. A morte no
era mais aceita, tornara-se sinnimo de fracasso; fracasso
para a vida, fracasso para o corpo mdico, e a ceifeira metia
medo.
Apesar de continuar vlido em muitos casos ou cir
cunstncias, hoje esse fato precisa ser diferenciado. Unidades
de tratamentos paliativos, para ajudar os doentes terminais,
foram criadas. Graas ao de mdicos e psiclogos de pases
anglo-saxes, depois de toda a Europa, a noo de acom
panhamento do paciente terminal veio luz do dia. As
experincias de morte iminente, relatadas por milhes de
testemunhos, obrigam nosso mundo a reconsiderar seu ponto
de vista sobre a morte ou, pelo menos, sobre suas fronteiras.
Regularmente, nos ltimos vinte anos, o assunto tem aparecido
nos jornais, por vias indiretas. E s lembrar-se dos debates sobre
a eutansia, das reflexes sobre o aumento da taxa de suicdios,
dos conflitos em torno do aborto, do surgimento dos
tratamentos paliativos...
(u i/ iiaj
e ze//tej
an te o) m htezioj d a m oiie
Ao se estudar as crenas dos povos em relao morte, ficase imediatamente espantado com a diversidade das atitudes.
No se morre na ndia como no Ocidente, e os ritos e
convices que cercam um falecimento mostram-se to
diferentes quanto a ndole de cada uma das naes que lhes
deram origem. Conhecer as prticas e as idias de um povo
sobre o assunto significa desvendar uma parte de sua alma.
Mas poderamos nos perguntar: Por que explorar um mosaico
de culturas para compreender o incompreensvel?
que, atravs da aparente multiplicidade, existe, parado
xalmente, certo nmero de pontos comuns que se repetem
como um leitm otif. "Onde hfum aa, h fo go , diz o provrbio
popular. Pode-se, portanto, apostar no seguinte: se vrias
tradies diferentes concordam num determinado nmero de
detalhes, ento, certamente elas refletem uma verdade sutil ou
uma corrente de pensamento subterrneo que as engloba todas.
Poderamos igualmente estabelecer um a priori que nos levaria
bem longe: mesmo as diferenas de crenas, como a
reencarnao dos orientais ou o Julgamento Final das religies
monotestas, longe de serem irreconciliveis, poderiam at ser
complementares. Uma passagem do Coro explica que cada
povo recebeu, em sua histria, um profeta enviado pela
Divindade. Se isso se mostrasse exato, ento as divergncias
entre as culturas corresponderiam no mais que a uma
diferena de acento, colocado em tal ou qual aspecto de um
O judasmo
Para abordar a concepo judaica da morte, til debruarse sobre os textos da Torah (a lei judaica) e do Antigo
Testamento. No obstante os israelitas de hoje aderirem
claramente noo da imortalidade da alma, nem sempre foi
assim de m aneira to clara. Alm disso, m uitas vezes
esquecemos que no existe apenas um judasm o, mas
judaismos, assim como tambm existem divises dentro do
cristianismo. Esse um dos motivos pelos quais devemos ter
prudncia ao analisarmos concepes religiosas. Conforme as
correntes ou os interlocutores, podemos nos defrontar com
diferentes sutilezas de idias.
Ao longo de toda a histria do povo judeu, a questo
da morte foi considerada secundria (conforme eles
mesmos confessam). O importante, dentro da comunidade
judaica, a vida, que deve ser aproveitada ao mximo:
segundo alguns judeus, o ser humano est na terra para
cumprir a lei divina e render graas ao Criador. Sua misso
cessa com a morte. Mesmo que hoje o pensamento judeu
im agine que a personalidade, aps a passagem, una-se
Alma Universal, os textos abordando a questo do alm
no sao tantos assim.
Alguns estudiosos, alis, explicam que os saduceus da poca
do Cristo (dos quais fazia parte o sacerdote Caifs) no
acreditavam na imortalidade da alma. Para eles, o ser humano
est na terra para cumprir os desgnios divinos e a morte pe
fim sua funo. O historiador judeu Flavius Josefo assim se
expressou, por volta de 50 d.C.: "A opinio dos saduceus de
que as almas m orrem com os corpos; que a nica coisa que som os
obrigados afa z er observar a lei, e que uma ao virtuosa jam ais
renunciar, sabiamente, queles que n-la ensinam .
de mortos. Pois quem quer que fa a isso uma abom inao para
Yahv...". Para Isaas, consultar os mortos uma absurdidade:
Se vos disserem: consultai os que invocam os m ortos e os que
predizem o futuro, os que provocam assobios e suspiros, respondei:
Um p ovo acaso no consultar seu D eus? D irigir-se- aos m ortos
em fa v o r dos vivos?". Tratava-se de uma posio lgica para
um povo cujas concepes acerca da imortalidade estavam
longe de serem claras.
O cristianismo
Para apresentar a posio do cristianismo, o melhor consiste
em citar o catecismo oficial da Igreja Catlica, que se exprime
sem ambigidade sobre a questo: A m o rte o fim da
peregrinao terrena do ser humano, do tem po da graa e da
m isericrdia que Deus lhe oferece para realizar sua vida terrena
segundo o desgnio divino e para decidir seu destino supremo.
Quando chega ao fim o curso suprem o de nossa vida terrena, no
voltam os mais a outras vidas terrenas. Os seres hum anos m orrem
som ente uma nica vez. No existe reencarnao aps a morte".
Segundo este ponto de vista a m orte a conseqncia do pecado
origin al". Antes desse famoso pecado, em bora o ser hum ano
possusse natureza mortal, Deus o destinara a no morrer. A morte,
portanto, era contrria aos desgnios de Deus criador, e entrou no
m undo com o conseqncia do pecado". E a essa frase acrescentase um comentrio que toma uma dimenso toda especial em
nossa poca moderna: A m orte corporal, da qual o ser hum ano
teria sido poupado se no tivesse pecado, , assim, seu ltim o
inim igo a ser vencido".
Assim, a originalidade da posio crist reside nessa idia
que alega que a morte no existia no estado de den. Ela foi a
O Isl e a morte
A concepo clssica da morte, entre os muulmanos, de
fato diametralmente oposta do mundo judeu. Enquanto esse
ltimo glorifica a vida, fazendo de sua suspenso uma fatalidade
decidida por Deus, o muulmano, sem chegar a louvar o suicdio,
v na morte um propsito desejvel. Os textos do Coro incitam
o combatente do Djihad, a Guerra Santa, a morrer por sua f:
E no digais, dos que so assassinados na senda de Al, que eles
esto mortos. Ao contrrio, eles esto vivos, mas vs sois inconscientes
disto. Coro 2,154. A eles, o paraso onde sero acolhidos: uNesse
dia, os com panheiros do jardim se deleitaro no trabalho, com suas
esposas purificadas (as huris de grandes olhos negros), sombra,
recostados em divs. L, no deleite a que aspiram ... tero por
morada jardins onde correm riachos. E os farem os fica r sob uma
copa sombrosa. E tero ju n to a si belas de olhos grandes (as huris),
de olhar casto, semelhante ao branco bem preservado do ovo. Faremos
circular entre eles uma taa de gua retirada de uma fo n te alva,
saborosa de b eber... , etc.
A compreenso da morte, pelo mundo muulmano, pode
ser comparada de Plato (o que, alis, provavelmente explica
a facilidade com que os sufis se assenhoraram das doutrinas
platnicas). O ser humano vive em exlio na terra, tendo perdido
o contato com Deus. Sua vida deve constituir um exemplo de
submisso Divindade (uma das interpretaes da palavra isl
submisso). Somente depois da morte, graas a uma
reconciliao, ele ter novamente acesso viso do Altssimo,
numa paz inefvel. Assim, a morte seria uma espcie de
libertao cheia de promessas para o muulmano. A ela,
sucede-se um julgamento no dia da retribuio. Existe aqui
uma visvel distino em relao ao cristianismo. A medida com
que o mortal julgado no pesa diretamente as virtudes que
Existem algumas crenas difundidas no mundo rabemuulmano. Por exemplo, a que explica que o morto, enterrado
conforme os preceitos do Coro, aguarda que Azrel (o anjo da
morte) venha conduzi-lo, pela mo direita ou pelos cabelos, at
o paraso de Al. Azrel tido tambm como aquele que separa
a alma do corpo daquele que acaba de morrer. Chegando ao seu
destino, dois anjos visitam o recm-chegado e o interrogam acerca
de questes relativas aos principais artigos de f do muulmano.
por isso que os vivos recitam, depois do enterro, certos textos
que lhe sugerem as respostas a serem dadas.
A atitude do moribundo pouco antes de sua partida muito
importante no isl. Vrias frases atribudas ao profeta referemse atitude necessria: "Que qualquer um de vs m on a som ente
tendo boa opinio de Deus. Lembrai aos vossos moribundos, em
seus ltim os m om entos /a frm u la da f]. Al o nico Deus.
Aquele cujas ltim as palavras fo rem Al o nico D eus ir para
o paraso.
Depois de morto, o corpo da pessoa lavado, em seguida
envolvido em trs peas de tecido, de preferncia branco.
Depois, enterrado sobre seu lado direito (nos pases rabes),
com o rosto voltado para a qibla (a meta), representada pela
Kaaba ou Pedra Negra de Meca. Preces para o morto podem
ento ser feitas, mesmo na ausncia do corpo.
claro que no isl, como em muitas outras religies, existem
correntes mais esotricas. Movimentos, como o sufismo, aceitam
de bom grado a doutrina das reencarnaes sucessivas. Um
pensamento atribudo a Maom possui informaes ricas de
implicaes: R ecebi do m en sageiro d e D eus dois tipos de
conhecim ento. Ensinei um deles, mas se eu houvesse lhes ensinado
O Egito antigo
Uma vez que as religies monotestas modernas foram
abordadas, convm agora nos debruarmos sobre as culturas
mais antigas, comeando pelo Egito antigo. O Egito foi um
dos principais beros da civilizao, embora no tenha sido o
nico. A Sumria e a ndia podem igualmente reivindicar uma
antiguidade e uma influncia fundamental. Alguns estudiosos
afirmaram que os prprios gregos teriam tirado sua inspirao
mitolgica nos grandes mitos do Egito antigo. Deve-se
reconhecer, alis, que alguns deuses gregos possuem prottipos
egpcios. O deus grego Hermes, por exemplo, tem seu
equivalente em seu primo prximo, o egpcio Toth, tanto que,
quando da helenizao do Egito, a partir do sculo 4 antes de
Jesus Cristo, os dois eram um s.
O Egito enfrentava a morte no sem um certo medo, mas
com a certeza da vitria. Isso constitui, de fato, a originalidade
dessa cultura. Grande parte das atividades polticas, sociais e
religiosas desse povo girava em torno do tema da morte. O
A Grcia antiga
As convices dos gregos acerca da morte desenvolveramse em duas, seno vrias etapas, cujo ponto de juno est
situado aproximadamente no sculo 5 a.C. Por volta de 1.450
a.C., a Grcia foi invadida por um povo ariano vindo dos
planaltos asiticos vizinhos ao mar Negro: os helenos. Desse
tronco comum, vieram os aqueus, os eolianos, depois os dricos.
Esses povos tinham em comum o culto dos ancestrais e do
fogo sagrado, que tambm encontrado entre seus primos, os
arianos da ndia vdica. Suas primeiras crenas eram que a
alma permanecia perto do corpo, aps a morte. Ela permanecia
ligada sepultura e nenhuma idia de um vasto mundo
subterrneo havia ainda germinado na mente deles. Os
ancestrais, chamados de dem nios pelos gregos, depois, lares,
penates ou m anes pelos romanos, tinham de ser nutridos por
seus descendentes. Alimentados no de forma simblica, mas
As Crenas Celtas
No obstante os celtas e seus druidas no terem colocado
por escrito suas doutrinas sobre a morte, suas idias eram
conhecidas por todos. A alma imortal, a vida humana continua
depois da morte, e a alma simplesmente muda de invlucro.
Os mortos vivem uma outra vida no corao de um universo
diferente, e tanto assim acreditavam nisto que, segundo os
romanos, os celtas levavam para os infernos ate regisUos de
com rcio e cobranas de dividas . Os celtas e os gauleses eram
famosos por seu desprezo pela morte, nenhum vazio se
assomando no horizonte de sua passagem na terra. Para eles, a
vida do outro lado do espelho era venturosa, sem inferno nem
purgatrio. O outro mundo correspondia a um universo
paralelo, o Sid, termo que significa paz. Situava-se simbo
licamente no extremo ocidente, numa ilha oceanica, la onde o
sol se pe. Mas imaginava-se tambm que a ilha estava situada
no norte do mundo, sendo a mtica Avalon, o Pas das Mas.
O paraso celta denominava-se TirNa Nog ou Terra da Eterna
Juventude. O Sid, mundo perfeito, era geralmente descrito em
termos que lembram o paraso dos muulmanos. Tudo nele
eternamente belo, venturoso, encantador, isento de doenas e
pecados. Nele, o leite, a cerveja e o hidromel correm livremente,
e jovens mulheres acolhem os que chegam. A barca de pedra
transporta os mortos, como o lendrio Rei Arthur. Elas os fazem
atravessar o oceano, fronteira misteriosa entre os dois mundos.
O Bardo Thdol
Seria possvel escrever um livro sobre o tema da morte sem
evocar, ainda que brevemente, o Bardo Thdol, traduzido
como Livro dos Mortos tibetano? Esse tesouro de texto foi
descoberto no sculo 14. o reflexo de um ensinamento mais
antigo, atribudo aos mestres do budismo chins presentes no
Tibete por volta do sculo 8. Trata-se de um livro cuja finalidade
ser lido ao ouvido do morto, a fim de gui-lo em seu priplo
atravs da morte. O objetivo declarado dessa tentativa visa
A ndia
Assim como na Grcia, as concepes indianas acerca da
morte evoluram ao longo da Histria. Os Vedas, textos dos
primeiros arianos, faziam pouqussima referncia ao tema.
Entretanto, sabemos que suas idias eram bastante parecidas
s do culto dos ancestrais. Mesmo hoje, as prticas relativas ao
uso do fogo sagrado continuam tradicionalmente em atividade.
Por ocasio do falecimento do Mahatma Gandhi, por exemplo,
a chama que acendeu sua pira funerria foi acesa no fogo do
seu prprio fogo. Mas as concepes mais elevadas da ndia
podem ser descobertas nos Upanishads, textos compostos entre
o sexto e o quarto sculo antes de Cristo. Mais prximo ainda
do pensamento indiano atual, o Bhagavad-Gita contm algumas
Crenas
e ritos africanos
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Na mente do pblico ocidental, a palavra reencarnao
muitas vezes remonta ao Oriente e seus misteriosos aromas.
No entanto, se correto constatar que mais de dois bilhes de
habitantes da terra so acalentados pelas doutrinas budistas
ou hindus, que ensinam a multiplicidade de existncias, nem
por isto m en os verdade que o resto d o planeta conhece ou
conheceu esse conceito desde a noite dos tempos. No prprio
continente europeu, muitos grupos o transmitiram secre
tamente.
Originalmente, a idia de reencarnao decorreu prova
velmente da observao 'dos fenmenos naturais, pelos
Antigos. No Livro dos Mortos dos egpcios, por exemplo, o
morto (que podia ser o fara) geralmente se identifica com
o deus-sol R. Na ndia, no Egito ou em qualquer outra
parte, que coisa melhor que o retorno dirio do Sol no
levante para dar ao ser humano a idia de um mesmo destino
sua alma? A reapario regular da vestimenta floral da
terra no representa a mais bela evocao do ciclo das
encarnaes? Mesmo a data do solstcio de inverno, que no
Hemisfrio Norte coincide com o N atal, marca o to
esperado triunfo anual do sol, em pleno corao da frieza e
das trevas invernis.
condio, segundo Er, valia a pena ser visto, pois era digno de
pena, ridculo e estranho. Na verdade, elas faziam suas escolhas,
na m aior parte do tem po, de acordo com os hbitos da vida
anterior.
E as escolhas quase sempre dependiam de suas atraes e
averses. Plato explica, alm disso, que o filsofo tinha mais
chances que os outros de escolher certo, devido ao discer
nimento adquirido. A escolha no se faz de maneira livre e
voluntria, pois o passado, para muitos, interfere nela, como
acontece na doutrina do carma.
Uma vez feita a escolha, as almas tinham de passar pelo
turbilho do fuso da necessidade, representado pela
configurao do astros, a fim de cumprirem o destino das
existncias escolhidas. Na verdade, Plato apresenta a
retribuio, a compensao ou a justia, de duas maneiras. A
primeira, na ocasio do julgamento da alma, que decide quanto
a sua permanncia no cu ou no Trtaro, por mil anos. A
segunda, em seqncia escolha no fortuita da vida futura.
E acrescenta: A responsabilidade daquele que escolhe; Deus
no o responsvel.
Um argumento importante, relativo reencarnao, e
geralmente evocado : se j vivemos vrias existncias, por que
no nos lembramos delas? A ausncia de recordao leva a
crer que a reencarnao constitui uma quimera. Entretanto,
longe de advogar contra ela, o esquecimento representa um
trunfo para a evoluo da personalidade humana. A primeira
explicao para a amnsia j foi evocada: mitolgica. Cada
alma que volta do outro mundo, segundo o gregos antigos,
banha-se nas guas do Letes, o rio do esquecimento. Mas o
yy /noite n a
/ lito iia o c/ en ial
A m orte a verdadeira meta fin a l de nossa vida; depois de alguns
anos, estou to fam iliarizado com essa verdade, essa maravilhosa
am iga do ser humano, que sua im agem no apenas nada tem de
assustadora, mas, ao contrrio, m esm o m u ito ca lm a n te e
confortadora."
W A. Mozart
<y? experincia
de nw ie /nmrnte
(9 aco/zipa/i/uv/u/i/o
c/e agorriza/iej
eu, que Jiunca fiq u ei d oen te?. Uma outra se recusa a ouvir a
verdade sobre seu estado. Embora no caiba a todo mundo
tornar-se psiclogo encarregado de desenredar situaes como
essas, o fato que ter uma compreenso do que est em vias
de acontecer pode ajudar a pessoa a viver esses acontecimentos.
A morte para todos, agonizante e familiares, uma espcie de
iniciao. Cada um sai dela mais ou menos duradouramente
transformado. Compreender ou conhecer as diferentes fases
dessa iniciao contribui para atenuar suas etapas de crise, e
at mesmo triunfar sobre elas. Seria prejudicial deixar
totalmente a cargo dos especialistas a questo da morte e do
acompanhamento. O conjunto da sociedade deve se sentir
implicado ou envolvido, sob pena de estagnar num estgio
infantil de desenvolvimento espiritual.
O segundo estgio que sucede a denegao manifesta-se
numa reao de clera. E o perodo em que se questiona Deus.
"Por que eu e no os outros? Por que ju sto a gora ?... A revolta
aumenta e cada um acaba levando sua parte. "Esses m dicos
que so incapazes d e m e cu ra r.. . ", a famlia que decididamente
no consegue entender nada da gravidade da situao, os
padres e todas as crenas inteis que de nada servem quando
se tem de dar o primeiro passo rumo ao desconhecido, esses
filhos que tomam uma atitude compassiva e escondem a
verdade, quando, na maioria das vezes, o doente sabe
perfeitamente onde que ele est...
E a recusa. No, eu no quero morrer, nem m e fa lem disso.
O prprio Deus pode ser incriminado e uma certa agressividade
em relao sociedade dos saudveis vem na seqncia. Na
verdade, cada indivduo reage nessa hora com sua psicologia e
sua histria particular. Alguns no se revoltam, enquanto outros
(9 ito
Ele (ou ela) partiu para sempre, no posso mais m e com unicar
nem rir com ele {ou com ela) com o antes. .. Ele (ou ela) no pode
mais m e consolar ou p reen ch er em m im uma insatisfao. Sua
presena deixou de ser, com o se todo um m undo desm oronasse...
Procuro minha respirao, ele (ou ela) deixou com o que um grande
vazio em mim, o vazio do am or insaciado. Ele (ou ela) podia ser
o am igo (ou a amiga), o pai (ou a me), o esposo (ou a esposa), o
filh o (ou a filha). Ouem quer ele (ou ela) fosse, a cum plicidade,
o lao afetivo, consciente ou no, parece rom pido p or essa partida.
Terei de m e habituar nova situao, reconstruir um m undo sem
sua presena patente, apesar de que ele (ou ela) form asse boa parte
de m eu prprio m undo interior.
A esse perodo de desordem interior, de habituao e de
readaptao vida, que tem de continuar apesar de tudo,
chamamos luto, do latim luctu, que significa dor ou aflio
pela morte de algum. Os povos da terra o expressam de formas
aparentemente muito diferentes, at radicalmente diferentes.
Mas, antes de mais nada, num livro decididamente vinculado
espiritualidade, convm explicar uma coisa fundamental. Se
consideramos o ser humano segundo sua dupla natureza,
exterior e interior, percebemos que o luto coisa unicamente
da primeira. Quem sente uma carncia relativa separao?
Quem no pode mais se comunicar? Quem, enfim, est, por
sua vez, sujeito morte e transformao? O ser exterior, fsico,
material, claro! Limitado s percepes dos cinco sentidos,
ele no consegue conceber outras formas de existncia. Privado
(9
contato com
oj
/t w z I o j
Vivi numa casa durante trs anos. Muito antes da minha chegada,
havia no m eu quarto uma presena. Barulhos nas paredes, armnos
habitados, todo m undo fech a va as portas instintivamente. Passos de
uma pessoa subindo escadas de madeira, quando, na verdade, elas
eram de cim ento coberto com tecido de tapete. D eslocamentos de
objetos... Cada manifestao importante precedia um acontecimento
marcante de nossa vida. Manifestao m uito fo r te antes da nossa
mudana, quando estvam osprocurando outra casa. Na ocasio da
assinatura do contrato da que tnhamos escolhido, tudo cessou. Mais
nenhum a presena fo i sentida, desde a assinatura at a mudana .
E que dizer da apario de fantasmas (fenmeno bem mais
raro do que nossos espectros poderiam nos levar a crer, e
percebidos somente por pessoas muito sensveis psi
quicamente)? A alma, por definio, corresponde a um
princpio totalmente abstrato, que no tem nada a ver com a
m atria. Dessa lei decorre que os ocultistas de vrias
civilizaes consideraram que deveria existir um mediador
sutil entre a alma e o corpo. Ele permitiria alma agir e, assim,
animar seu invlucro material, no curso de uma vida. Com a
morte, esse intermedirio, til unicamente durante a vida
material, no teria mais, portanto, nenhuma razo de ser.
Sendo um princpio composto, assim como o corpo fsico,
ele vai pouco a pouco se desagregando, para retornar matriz
de onde saiu. O fantasma, quando percebido (no com os
olhos, mas atravs de um sentido sutil), corresponde, ento,
simplesmente a uma concha vazia, a cuja existncia os
cabalistas fazem referncia, e que est em vias de de
composio (provavelmente mais lenta, alis, que a do corpo
fsico). Isso no tem nada a ver com a alma de um morto.
Em todos os casos de interveno com manifestaes
materiais (pancadas, aparies), eventualmente poderamos
(u u ic u e (f/i/ /o /o i
do /nedo da /nozte
Dizer que a Velha Dama da Foice amedronta constitui quase
uma obviedade. Quando sua evocao se torna realista, muitas
pessoas, confrontadas diretamente com sua prpria morte,
sentem necessidade de respirar mais profusamente, como que
para provarem a si mesmas que a vida as est animando e que
tudo nelas est funcionando bem. Como se a prpria idia da
m orte incitasse as clulas a inspirar mais profundamente essa
vida que circula atravs delas.
Parte do sofrimento sentido na perda de um ente querido
tem sua fonte no fato de que essa partida nos incita diretamente
a considerar, mais ou menos conscientemente, a nossa prpria
m o rte. N o entanto, a morte, segundo nossos prprios
contemporneos, no provocaria tanto medo assim. O que mais
inquieta o ser humano de hoje seria, sobretudo, todo o
sofrimento. Graas mudana de mentalidade e evoluo
dos tratamentos analgsicos, logo poderemos erradicar a maior
parte do espectro do sofrimento fsico, tornado intil. De fato,
por que continuar a aceitar suportar tormentos atrozes, desde
que a dor j tenha sido levada em considerao, como
advertncia?
Entretanto, sofrimento fsico ou no, para muitas pessoas vai
continuar existindo o medo de morrer e ir ao encontro ou do
nada ou de um outro mundo. Vejamos, ento, quais poderiam
ser as causas dessa angstia e quais seriam seus antdotos.
0 7 m ozie: co/npazae)
com o sono e o najc/neno
O sono e a morte
B em -aventurados os humildes, porque vero a D eus.
O Sermo da M ontanha, Evangelho de Mateus
contou que uma vez sonhou que ela era uma chaleira. Isso
significa que, num sonho, a pessoa se confronta com o self,
isto , um eu difuso que se estende a todas as coisas. No
momento da morte, segundo os dados tradicionais, o mesmo
fenmeno se produz. A conscincia do eu vinculada ao corpo
desaparece pouco a pouco, para dar lugar a um tipo de
conscincia nova, mais prxima da universalidade.
Outro elemento intrigante e rico de significado: a noo de
tempo, no sono e no sonho, desaparece ou se torna totalmente
relativo. O mesmo ocorre com a noo de espao. Se acordamos
algum que est sonhando e lhe pedimos para contar seu sonho
e estimar o tempo que ele durou, ele fica surpreso ao constatar
que sua aventura onrica, que parece ter se estendido por horas
a fio, na verdade, no durou mais que uns poucos minutos ou
mesmo segundos. A pessoa que sai de um coma profundo
geralmente no consegue determinar a durao do perodo
em que ela viveu inconsciente. Depois de uma boa noite de
sono, fcil avaliar as horas passadas nos braos de Morfeu,
sem olhar o relgio? E bem conhecido tambm o fato de que o
sonhador pode viajar instantaneamente de um ponto a outro
do planeta, como num filme de cinema. A lgica que o sonho
segue no tem nada a ver com a do nosso mundo diurno.
Como ficam os elementos de tempo e espao no fenmeno
da morte? Muita vezes, as pessoas fazem a seguinte pergunta:
admitindo-se a doutrina da reencarnao, quanto tempo o se
humano passa do outro lado? Invariavelmente, pode-se
responder: do ponto de vista da terra, vrios anos, conforme o
caso; mas, do ponto de vista do cu, essa pergunta no faz o
menor sentido. Um piscar de olhos ou uma eternidade so a
mesma coisa, pois, nesses domnios, o tempo e o espao so
O nascimento e a morte
H algum tempo, o escritor Arnaud Desjardins contou,
num de seus livros, que dedicou-se um dia a uma espcie de
sondagem. A pblicos orientais e ocidentais, ele dirigiu essa
(9 M lccto
As cifras falam: hoje h cada vez mais suicdios entre jovens
e aposentados. Esse aumento da autodestruio interroga nossa
sociedade, como o fez em todas as pocas. Plato j se
pronunciara sobre a questo, h dois mil e quinhentos anos. E
disse formalmente: o suicdio proibido. A originalidade de
sua posio, ou de sua ambigidade, est no fato de que ele
considerava o derradeiro fim do ser humano totalmente
desejvel. Segundo ele, a morte marca o fim de todas as iluses
e todos os apegos s paixes terrenas. Ainda assim, insistia em
que o ser humano no tem o direito de adiantar esse evento,
pelo suicdio.
De fato, nenhuma espiritualidade realmente vlida jamais
encorajou a autodestruio ou suicdio. O budismo, que leva
ao mais alto grau o respeito para com toda forma de vida,
ensina: "no m a t a r s Essa frase aplica-se, em primeiro lugar,
pessoa a quem ela se dirige. Essa recusa autodestruio
corresponde, na verdade, a uma atitude ecolgica. Isso implica
que a natureza, por intermdio de sua criatura humana,
cumpre uma funo de inteligncia e de conscincia mpares.
Eliminar-se significa frustrar a natureza da oportunidade de
realizar uma experincia por intermdio do fator humano. O
suicdio seria, portanto, anti-ecolgico.
Vale ressaltar aqui, todavia, que, em pleno sculo 21, os
velhos tabus e as atitudes de rejeio para com os suicidas e
suas famlias no podem mais estar em circulao. Antigamente,
a comunidade exclua as famlias dos que cometiam o ato
considerado abominvel e negava o enterro religioso aos
/ti6o/oj
c/a a//na e c/a //totfe
Algumas vezes, o emprego de smbolos mais eloqente
do que longos discursos. Eles permitem que as faculdades
inteligentes mais profundas do ser humano sejam mobilizadas
para uma compreenso do tema em questo, no mais ntimo
de seu corao. O smbolo desperta tambm a intuio,
mostrando a outra face das coisas, aquela diante da qual a razo
pura emudece. O ser humano imaginou uma multido de
representaes da morte. Apresentaremos aqui apenas algumas
delas.
4 - A Gruta
(9
(Soncuo
H um vivo p on to d e interrogao ante a vida em geral, mas
igualm ente em fa c e de todo ensinamento. Nunca aceite, a priori,
um conhecim ento; ponha-o em prtica, experimente, trabalhe com
ele e tire as concluses necessrias ao seu progresso. .. "
Essa reflexo Rosacruz pode se tornar uma fonte de
meditao para cada um.
O tema da morte geralmente objeto de excluso nas mentes
racionais, que consideram que nunca poderemos saber o que
ela representa realmente. Ningum nunca voltou para nos
contar o que viu l em cima (ou l em baixo), dizem, com ar
de sabedoria douta. No entanto, a experincia prova que uma
verdadeira pesquisa pode fornecer alguns indcios. As
experincias de morte iminente ensinam sobre os estados
vizinhos morte, o acompanhamento ajuda a compreender
aquilo por que passam os agonizantes. A possibilidade de
contato ou de influncia entre os vivos e os mortos sempre
evocada. Contudo, nada disso nos ensina
coisa alguma sobre a
S 6 / w < / ia / a
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su scita
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VROSICRUCIENNE