Transectos Lineares
Transectos Lineares
Transectos Lineares
FACULDADE DE VETERINRIA
COMISSO DE ESTGIOS
Porto Alegre
2010/1
PORTO ALEGRE
2010/1
CDD 619.4
Catalogao na fonte: Biblioteca da Faculdade de Veterinria da UFRGS
AGRADECIMENTOS
Muitas foram as pessoas com as quais convivi e com as quais aprendi muitas coisas.
estas pessoas, dedico meus agradecimentos.
Ao Professor Andr Silva Carissimi, pela orientao, apoio e observaes durante a
Juliane Nunes Hallal Cabral, pela amizade e pelo incentivo e indicao para a
s amigas que dividiram a casa comigo em Tef: Fernanda Paim, Cissa, Mari e Gab.
Se, na verdade, no estou no mundo para simplesmente a ele me adaptar, mas para
A cada mil pessoas que permanecem em silncio, cem gritam, mas somente uma busca
ativamente uma soluo.
Charles de Gaulle
RESUMO
O Brasil apresenta a maior diversidade de mamferos entre os pases ocidentais e a
maior parte desta parcela est localizada na Amaznia. Levantamentos sobre diversidade,
compilao completa sobre densidade, riqueza e distribuio geogrfica dos mamferos que
ocorrem nesta regio, mas estima-se que haja grande diversidade de espcies, com alguns
regio amaznica, na Amrica Central e na Mata Atlntica. Este o modelo que est sendo
seguido para a obteno de dados sobre densidade e abundncia de mamferos arborcolas em
diferentes hbitats da reserva Mamirau. Alm dos dados de densidade e abundncia, este
ABSTRACT
Brazil has the greatest diversity of mammals between Western countries and most of
this parcel is located in the Amazon. Surveys about diversity, abundance and density of
Brazilian mammals are scarce and incomplete. This poor knowledge hinders conservation
actions and management of wildlife. The most northern Amazonia, geographic region where
are inserted the Sustainable Development Reserves Aman and Mamirau is one of the areas
still poorly studied. There isnt a complete compilation of density, richness and geographic
distribution of mammals that occur in this region, but it is estimated that there is great
diversity of species, some endemic and undescribed species. The method of line transects is
among the most widely used in estimating the density of populations, especially in the Amazon
region, Central America and the Atlantic Forest. This is the model being followed to obtain
data about density and abundance of arboreal mammals in different habitats of the reserve
Mamirau. Besides the data density and abundance, this systematic survey, even to
preliminary data, the objective is to complement studies on ecology, diversity and
geographical distribution of the local mammals, so as to generate input for the revision of the
management plan this Unit of Conservation.
LISTA DE ILUSTRAES
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Figura 7
Figura 8
Figura 9
Figura 10
LISTA DE TABELAS
h
ICMBIO
IDSM
IUCN
km
km2
MCT
n
%
RDS
RDSs
RDSA
RDSM
S
SCM
SDS
SNUC
UNESCO
W
SUMRIO
1
2
2.1
2.1.1
INTRODUO............................................................................................
12
MAMFEROS..............................................................................................
14
LEVANTAMENTO
QUALITATIVO
QUANTITATIVO
DE
2.1.1.1
2.1.2
Coleta de dados..............................................................................................
2.1.3
Esforo amostral............................................................................................
2.1.4
3
3.1
Anlise de dados............................................................................................
ESTUDO DE CASO....................................................................................
Stios de Monitoramento Atravs de Transectos Lineares......................
3.1.1
3.1.1.1
A vrzea.........................................................................................................
3.1.1.2
3.1.1.3
A fauna da RDSM.........................................................................................
3.1.2
3.1.3
3.1.3.1
3.1.3.2
3.1.3.3
3.1.3.4
3.1.3.5
3.1.3.6
4
5
5.1
5.2
6
Cebus macrocephalus....................................................................................
Saimiri vanzolinii...........................................................................................
Nasua nasua...................................................................................................
Sciurus igniventris.........................................................................................
RESULTADOS PRELIMINARES............................................................
DISCUSSES..............................................................................................
REFERNCIAS................................................................................................................
14
16
16
17
17
18
20
20
20
22
23
26
27
28
30
30
31
32
33
33
35
39
39
41
44
45
12
1 INTRODUO
Os mamferos constituem um dos grupos que mais geram pesquisas em termos de
diversidade biolgica e os resultados destas pesquisas tm sido utilizados como subsdio para
aes relacionadas a estratgias de conservao.
reas cultivadas e urbanas, a poluio das guas e do ar, constituem as maiores ameaas aos
mamferos terrestres no Brasil. Alm disso, mamferos terrestres de grande e mdio porte
ainda sofrem a presso de caa, a despeito desta atividade ser considerada ilegal no pas (Lei
N 5.197/67).
Amaznia (FONSECA, et al., 1999; VOSS; EMMONS, 1996). Existem diversas iniciativas
de organizaes governamentais e no-governamentais para a conservao da mastofauna.
CHIARELLO, 1999; CULLEN JR., et al., 2000; HEIDUCK, 2002). A maioria dos registros
de ocorrncias de mamferos na Amaznia brasileira resultante de coletas realizadas em
poucas localidades ao longo dos principais rios e no entorno dos maiores centros urbanos da
regio (GEORGE, et al., 1988; VOOS; EMMONS, 1996; MARQUES-AGUIAR, et al.,
2002). A Amaznia mais setentrional, regio geogrfica onde esto inseridas a Reserva de
Desenvolvimento Sustentvel Mamirau (RDSM) e, principalmente, a Reserva de
Desenvolvimento Sustentvel Aman (RDSA), uma das reas ainda pouco estudadas.
13
2005). No existe uma compilao completa da riqueza e distribuio geogrfica das espcies
devido grande variao no tamanho corpreo, nos hbitos de vida e nas preferncias de
hbitat. O mtodo de Transectos Lineares (Line Transects) est entre os mais utilizados na
estimativa de densidade de populaes, principalmente na regio amaznica, na Amrica
Central (EISENBERG; THORINGTON, 1973; EISENBERG, et al., 1979; CHARLES-
DOMINIQUE, et al., 1981; GLANZ, 1982; JASON; EMMONS, 1990) e alguns casos na
Mata Atlntica (CULLEN, et al., 2000; CHIARELLO, 1999, 2000; SO BERNARDO;
GALETTI 2004; ARAJO, et al., 2008), seguindo o procedimento padro estabelecido para
estudos de mamferos diurnos de florestas tropicais. Este o modelo que est sendo seguido
diferentes hbitats da RDSM. Alm dos dados de densidade e abundncia, este levantamento
sistemtico auxilia estudos sobre ecologia, diversidade e distribuio geogrfica da
mastofauna local, de forma a gerar subsdios para o manejo desta Unidade de Conservao.
14
PERES, 1999; BUCKLAND, et al., 2001) est entre os mais utilizados na estimativa de
populaes, sendo empregado com sucesso em espcies vegetais, insetos, anfbios, rpteis,
aves, peixes e mamferos, tanto marinhos quanto terrestres. Em todos os casos, o princpio
o mesmo: o observador conduz o censo ao longo de uma srie de linhas ou trilhas
previamente selecionadas, procurando pelos animais ou pelos grupos de interesse.
Para cada indivduo observado, anota-se a distncia perpendicular entre ele e a trilha.
A deteco do animal fica mais difcil quanto mais distante estiver da linha, resultando em
menos observaes com o aumento da distncia e nem sempre todos os indivduos presentes
so detectados. No entanto, a contagem de todos os indivduos de uma rea quase
impraticvel. Por isso, necessrio selecionar amostras para o monitoramento, delimitando a
rea de abrangncia da vistoria em torno do transecto. Sendo assim, o ponto chave do mtodo
de Transectos Lineares est em encontrar um modelo ou uma funo de deteco. Depois,
utiliza-se esta funo para estimar a proporo de indivduos que no foram detectados
durante o censo e, a partir da, pode-se obter uma estimativa de densidade da populao de
interesse (CULLEN JR.; RUDRAN 2003).
A coleta de dados nos transectos deve ser feita com o auxlio de pessoas conhecedoras
e com experincia sobre a fauna local. Normalmente, assistentes das comunidades locais so
os mais indicados para este trabalho.
A identificao do animal baseada em uma observao clara e direta. Entretanto, em
vez identificada a espcie, estas observaes indiretas podem ser consideradas, desde que pelo
menos um indivduo seja visualizado e seja anotada corretamente a distncia perpendicular no
local onde observou-se o primeiro indcio da presena deste animal.
tarde, em um horrio padro. A hora de incio das atividades realizadas pela manh depender
da visibilidade, do clima e das condies de acesso s trilhas. O ideal iniciar a partir das
6:30 ou 7:00 horas. No perodo subsequente, o levantamento pode ser iniciado a partir das
13:00 horas. O trmino das atividades nos dois perodos dever ser realizado antes das 12:00
15
horas e antes de anoitecer (em torno das 18 horas), respectivamente (PERES, 1999; ROSSI, et
al., 2010). Paradas breves a cada 50 metros so recomendveis para uma melhor observao
do ambiente e audio dos rudos (CULLEN JR.; RUDRAN 2003).
ventos fortes. Os barulhos provocados por chuvas e ventos fortes muitas vezes impedem a
deteco de vocalizaes ou algum outro sinal sonoro, podendo levar a observaes diretas e
indiretas equivocadas. Aps um perodo de espera de no mximo 30 minutos, o censo poder
ser retomado caso o vento e a chuva cessem. Se a chuva persistir, aconselha-se encerrar a
sesso de levantamento.
Durante o trabalho de campo, todas as decises devem ser avaliadas sob a teoria do
mtodo DISTANCE, software mais utilizado para a anlise dos dados. Para que os dados
coletados durante os levantamentos feitos em transectos lineares sejam corretamente
analisados atravs do DISTANCE, necessrio seguir quatro premissas, em ordem
decrescente de importncia: (i) todos os animais na trilha devem ser observados; (ii) todos os
devem ser eventos independentes, isto , um animal ou um grupo de animais no pode ser
observado mais de uma vez durante o mesmo esforo amostral (BUCKLAND et. al 2001).
Constam no programa DISTANCE vrios modelos para as funes de deteco e ajustes
observadas no momento da anlise dos dados (CULLEN JR.; RUDRAN, 2003). Um cuidado
maior deve ser tomado com a medida das distncias mais prximas das trilhas, pois so estas
que possuem maior peso no momento do ajuste da funo de deteco. Erros ou estimativas
16
problemticos, uma vez que estas distncias tm menor influncia na escolha do melhor
modelo para ajuste nas distncias perpendiculares (BUCKLAND, et al., 1993).
bssola, deve-se manter a melhor direo possvel. Pequenos desvios provocados por troncos
cados ou outros obstculos no interferem nos princpios do mtodo, desde que a mesma
orientao da trilha seja retomada aps o desvio. O comprimento total da trilha deve ser
medido com trena. Para facilitar a localizao espacial dos avistamentos de animais, o ideal
realizar marcaes com fitas coloridas ou placas numeradas a cada 50 metros no transecto
(BURNHAM, et al., 1980; PERES, 1999; BUCKLAND, et al., 2001; CULLEN JR.;
RUDRAN, 2003).
Aps a preparao das trilhas, necessrio um tempo de descanso da rea de pelo
menos 24 horas, para que os animais voltem e distribuam-se normalmente na rea que foi
perturbada (CULLEN JR.; RUDRAN, 2003).
17
trabalhos que utilizam o mesmo mtodo. Uma das premissas que a caminhada durante a
km ou 1,5 km por hora, registrando os mamferos avistados (ROSSI, et al., 2010). O tempo
mximo gasto para a anotao dos dados em cada avistamento no dever ser muito maior do
que 10 minutos, na tentativa de evitar grandes variaes de tempo de censo entre os transectos
amostrados e entre pesquisadores (PERES, 1999).
Para os grupos de indivduos observados, faz-se o registro das seguintes informaes:
identificao do local (nome da trilha, da regio, etc.); data; horrio de incio; espcie
indivduos avistados; condies climticas; tipo fisionmico onde o mamfero foi avistado
(igap, vrzea alta, vrzea baixa, chavascal, etc.); observador(es); observaes; distncia
percorrida na trilha e horrio de trmino.
A amostragem deve ser realizada seguindo uma sequncia fixa de visita nas trilhas.
Aps o trmino da visita em todas as trilhas, essa mesma sequncia dever ser repetida. Tais
critrios devem ser seguidos para que seja respeitado o intervalo de dois dias de descanso
entre os percursos, no intuito de minimizar as alteraes ambientais e comportamentais dos
animais causadas pelos observadores durante o censo (BURNHAM, et al., 1980; FOSTER, et
al., 1996, PERES, 1999; BUCKLAND, et al., 2001; ROSSI, et al., 2010).
2.1.3 Esforo amostral
Cullen; Rudran (2003) recomendam um esforo mnimo de 80 km percorridos em
cada transecto, incluindo ida e volta em cada percurso ou 320 km somando os esforos de
todos os transectos (ida e volta). Peres (1999) recomenda um mnimo de 75 km percorridos
em cada transecto, considerando apenas a ida ou 150 km somados. Rossi (2010) cita 50 km
percorridos por trilha, considerando ida e volta ou 150 km em cada estao climtica (seca e
chuvosa). Apesar de algumas diferenas entre os autores quanto ao esforo a ser empregado,
18
BROCKELMAN; ALI, 1986; PERES, 1996, 1997b; BODMER, et al., 1997; ROSSI, et al.,
2010).
A abundncia relativa das espcies registradas expressa na forma de taxa de
expanso da srie de Fourier ou outros tipos de funes matemticas (CRAIN, et al., 1979;
DRUMMER; McDONALD, 1987; OTTO; POLLOCK, 1990; QUANG, 1991; BUCKLAND,
et al., 1993).
por meio da frequncia geral de avistamentos de cada espcie, de acordo com as distncias
entre animal e trilha (x). O valor w estimado plotando as frequncias e identificando a
observaes (n), o esforo amostral (L), o intervalo de confiana (CI) e a estimativa pontual
de densidade (D). A densidade animal estimada a partir da frmula D = n/2wL.
2.1.4 Anlise dos dados
At meados de 1995, os programas TRANSECT, TRANSAN, LINETRAN,
19
embora durante a coleta de dados nos transectos sejam coletadas informaes sobre vrias
espcies simultaneamente, a anlise individual para cada espcie. O programa DISTANCE
permite obter estimativas de densidade populacional acuradas, mesmo que parte dos objetos
de estudo no seja detectada (BUCKLAND, et al., 2001). O tamanho populacional das
espcies que apresentam maior abundncia tambm pode ser calculado, multiplicando-se a
densidade encontrada pela rea de mata vistoriada (ARAJO, et al., 2008).
anlise principal. Alm disso, o bom senso e o conhecimento da histria natural das espcies
estudadas serviro para descartar resultados irreais e errneos.
20
3 ESTUDO DE CASO
3.1 Stios de Monitoramento Atravs de Transectos Lineares
3.1.1 A Reserva de Desenvolvimento Sustentvel Mamirau
A RDSM foi a primeira unidade de conservao desta categoria implantada no Brasil.
Antes de ser transformada em RDS, a rea foi definida como Estao Ecolgica Mamirau a
partir de uma solicitao encaminhada em 1985 pelo pesquisador Jos Mrcio Ayres ao
secretrio especial de Meio Ambiente, Paulo Nogueira Neto, propondo a criao de uma
estao ecolgica totalmente constituda por vrzea, no intuito de proteger o macaco uacari
branco (Cacajao calvus calvus), espcie estudada por Ayres para seu doutorado. Conservando
a rea, o uacari branco poderia ter suas chances de sobrevivncia asseguradas, uma vez que
essa espcie estava ameaada de extino (IDSM, 2010). Assim, em 1990, o governo do
Estado do Amazonas decretou a rea como uma Estao Ecolgica Estadual, com 1.124.000
hectares, englobando todas as terras baixas de vrzea situadas no tringulo delimitado pelo
Auat-paran, rio Solimes e rio Japur (AYRES, 1993).
permanncia das populaes locais. Por isto, foi proposta a transformao da rea em RDS, o
que ocorreu com o decreto estadual n 2.411, de 1996. Para a sua implantao, foi
elaborado um Plano de Manejo com base no resultado de pesquisas sociais e biolgicas pelo
perodo de cinco anos (1991-1996). Nele constam as normas para uso sustentvel dos recursos
naturais, definidas com base nos resultados das pesquisas e das negociaes realizadas com as
populaes de moradores e usurios da Reserva e com as principais organizaes sociais
atuantes na rea.
Unidas para Educao, Cincia e Cultura). A Reserva Mamirau e a Reserva Aman, junto
com o Parque Nacional do Ja, formam o maior bloco de floresta tropical protegido do
21
mundo, totalizando aproximadamente 6 milhes de hectares (Figura 1). A sede do IDSM est
localizada no municpio de Tef (674 km de Manaus), Amazonas (IDSM, 2010).
100 km
Solimes que desgua no curso mdio do Japur. Para a execuo do projeto, esta grande rea
foi subdividida em duas partes: uma rea Focal, com cerca de um sexto da rea total (260.000
ha), e uma rea Subsidiria complementar. A rea Focal est separada da rea Subsidiria
pelo Paran do Aranapu, outro brao do rio Solimes que desgua no Japur (SCM, 1996)
(Figura 2). A maioria das pesquisas realizadas desenvolvida somente na rea Focal da
RSDM. Nesta regio, a densidade humana menor do que em muitas outras reas da
Amaznia: uma famlia em mdia para cada 950 hectares (AYRES, 1993).
22
3.1.1.1 A vrzea
A RDSM insere-se no ecossistema de vrzea, possuindo reas de floresta que
permanece alagada por, no mnimo, trs meses por ano. A vrzea definida como reas da
bacia amaznica inundada por guas brancas (PIRES 1973, 1985). A vrzea da rea focal da
RDSM de origem Holocnica, sendo percorrida por inmeros parans que ligam os rios
23
Ayres (1993) descreveu a vrzea de RDSM como composta por trs principais tipos de
vegetao: restinga alta, restinga baixa e chavascal. O principal fator de diferenciao destes
tipos de vegetao seria o relevo, que determina o tempo que cada ambiente fica anualmente
submerso.
foi estimado em oito meses por ano. So, em sua maioria, formaes abertas ou arbustivas. As
restingas alta e baixa so formaes florestais com conjuntos florsticos distintos, cujo tempo
mdio de inundao anual foi estimado em trs e cinco meses, respectivamente. Nas restingas
altas encontrada a maior diversidade de plantas arbreas e de animais na rea de vrzea de
Mamirau (AYRES, 1993; QUEIROZ, 1995; PERES, 1997b). Ayres (1993) estimou que a
porcentagem da restinga alta de 12% e da restinga baixa de 85%.
um dos stios brasileiros da Conveno Ramsar, das Naes Unidas, que protege reas
alagveis em todo o mundo (IDSM, 2010).
desta ocupao, a regio era habitada por diversos grupos indgenas, entre os quais os
24
Omgua predominavam. A populao amerndia foi, em sua maioria, dizimada pelas guerras e
doenas introduzidas com a colonizao e os indgenas remanescentes foram incorporados
sociedade colonial pelo processo de miscigenao induzido pelo governo portugus.
com base no sistema de aviamento. Uma relao comercial onde no havia a mediao do
dinheiro, e a troca de produtos extrativos por artigos manufaturados era baseada nos seus
respectivos valores monetrios, o aviamento tradicional envolvia tambm o crdito e relaes
pessoais de dominao baseadas na dvida. A decadncia do aviamento nos anos sessenta
papel poltico para as lideranas comunitrias. Existem ainda casas isoladas e ncleos
populacionais menores, no organizados segundo o modelo de comunidade, denominados
stios. A maior parte dos assentamentos da rea focal da reserva localiza-se s margens dos
rios Solimes e Japur, que limitam a rea focal, e do paran do Aranapu. Apenas algumas
casas isoladas localizam-se no interior da reserva (AYRES, 1993; SCM, 1996).
A sazonalidade do ambiente imprime um padro de ocupao humana caracterizado
pela mobilidade e pela curta durao dos assentamentos. Na vrzea os assentamentos tm uma
vida mdia de cerca de 40 anos, e alguns apresentam uma histria de vrios deslocamentos,
25
Unio, Aranapu, Barroso e Jarau (Figura 4). O centro urbano mais prximo Tef
(32057 S; 645437 W), a cerca de 50 km de distncia (SCM, 1996).
26
do que por uma diversidade elevada. Entre os vertebrados de mdio e grande porte da rea
Focal, apenas animais arborcolas ou capazes de nadar bem conseguem sobreviver na floresta
27
alagvel durante a cheia. Mamferos como a anta (Tapirus terrestris), o catitu (Tayassu
tajacu), a paca (Agouti paca) as cutias (Dasyprocta sp.) e os tatus (Dasypus e outros gneros)
no ocorrem na rea focal da RDSM por terem seus deslocamentos horizontais limitados
pelas cheias sazonais (SCM, 1996).
A fauna de mamferos de pequeno porte ainda pouco conhecida, exceto duas
espcies de primatas, Cacajao calvus calvus e Alouatta seniculus, que foram foco de
investigaes de longo prazo (AYRES 1985b,c, 1986a,b; AYRES; JOHNS, 1987; QUEIROZ
1995).
O conhecimento atual indica que duas espcies endmicas podem ser encontradas na
rea. Uma delas o uacari branco (Cacajao calvus calvus), endmico do mdio Solimes
(AYRES, 1986b; SILVA JNIOR; MARTINS, 1999). A outra o macaco de cheiro da
cabea preta (Saimiri vanzolinii), encontrado apenas na RDSM (AYRES, 1985b; PAIM,
2008).
3.1.2 reas de monitoramento atual
Aps alguns anos de coleta de dados fauna nas reservas Aman e Mamirau, a rea de
amostragem est sendo ampliada com a abertura de trilhas na RDSM e as informaes obtidas
bastante importante para a populao residente da reserva. Alm disso, este monitoramento
acrescenta informaes aos trabalhos em andamento, que comparam diversidade, densidade,
ecologia e padres de caa nas reservas Mamirau e Aman.
de transeco linear abrange reas dos setores Jarau e Mamirau, cobrindo as trs principais
formaes florestais de vrzea na reserva: restinga alta, restinga baixa e chavascal. Em cada
um destes setores, o esforo amostral est concentrado em trs trilhas: Formiga, Paracuba e
Chavascal
(Jarau);
Ona,
Maracaj
Jacar
(Mamirau).
Cada
trilha
possui
28
Figura 5 - Localizao das trilhas monitoradas nos setores Mamirau e Jarau na RDSM.
Fonte: IDSM, Geoprocessamento.
29
A lista de espcies sujeitas caa foi criada com base nas listas de fauna das Reservas
BODMER, 1999; NOVARO, et al., 2000; BODMER; PEZO, 1999; PEZZUTI, et al., 2004;
VALSECCHI, 2005), e nas entrevistas realizadas com caadores e comunitrios das duas
reservas (VALSECCHI, 2005).
A espcie Saimiri vanzolinii, endmico da RSDM, foi includa no monitoramento
porque, embora no haja registros de que esta seja alvo de caa (AYRES, 1985;
VALSECCHI, 2005), ela considerada vulnervel extino (IUCN, 2010) devido a alguns
fatores ecolgicos e perda da qualidade do hbitat por ao antrpica. S. vanzolinii ocupa a
menor rea de distribuio entre os primatas neotropicais e a maior poro de sua ocorrncia
localiza-se na rea Focal da RDSM, limitada pela foz do rio Japur (limites norte e leste), rio
Solimes (limite sul) e Paran do Jarau (possvel limite oeste de distribuio da espcie at o
momento) (AYRES, 1985; PAIM, 2008).
Tabela 1 - Espcies monitoradas nas trilhas dos setores Jarau, Liberdade e Mamirau da
RDSM.
ESPCIE
NOME POPULAR
Alouatta seniculus
Guariba
Saimiri vanzolinii
Sciurus igniventris
Uacari branco
Macaco prego
Quati
Macaco-de-cheiro da cabea preta
Quatipuru, esquilo
encontrado na regio, ela no foi includa na lista, pois o mtodo de transectos lineares no
30
rio Amazonas, estendendo-se pela regio mais setentrional da Amaznia brasileira, ao longo
dos rios Purus e Juru (NAPIER, 1976; WALLACE, et al., 1998).
musculatura cranial caractersticas para este fim (KINZEY, 1992). Existem duas espcies no
gnero que agrupam todas as formas conhecidas at ento (HERSHKOVITZ, 1987). Um
grupo caracterizado pelos uacaris calvos e o outro pelos uacaris pretos. Os primeiros so
membros da espcie Cacajao calvus enquanto Cacajao malanocephalus compreende os
demais. Segundo Hershkovitz (1987), o grupo calvus representado por quatro subespcies,
sendo elas C. calvus calvus, C. calvus rubicundus, C. calvus ucayalii e C. calvus novaesi. O
grupo C. calvus dependente de reas alagadas (AYRES, 1986; BARNETT; BRANDONJONES, 1997), distribuindo-se na vrzea de grandes rios.
31
C. calvus calvus uma das subespcies de primatas neotropicais que possui uma das
Amazonas (SILVA JR.; MARTINS, 1999). O limite de distribuio de Cacajao calvus calvus
na RDS Mamirau dado pelos Rios Solimes, Japur e o canal Auat-Paran (VIEIRA, et
al., 2008) (Figura 6).
os primatas, estendendo-se por toda a regio neotropical (EMMONS, 1990). No entanto, esta
distribuio ainda no est bem delineada. O gnero Cebus subdivide-se em dois subgneros:
32
Sapajus (macacos-prego) e Cebus (Caiarara). A classificao taxonmica utilizada no
presente trabalho segue SILVA JR. (2001), que considera C. macrocephalus como uma
espcie pertencente ao subgnero Sapajus, assim como C. nigritus, C. robustus, C. apella, C.
libidinosus, C. cay e C. xanthosternos.
Ayres. Conhecido como macaco de cheiro da cabea preta, este primata tem sua distribuio
geogrfica restrita rea Focal da RDSM, limitada pela foz do rio Japur (limites norte e
leste), rio Solimes (limite sul) e Paran do Jarau (provvel limite oeste de distribuio da
espcie at o momento) (AYRES, 1985; PAIM, 2008).
33
S. vanzolinii tambm ocorre em duas ilhas do rio Solimes, Capucho e Tarar,
localizadas entre a RDSM e o municpio de Tef. Possui hbitos diurnos e sociais, vivendo
em bandos numerosos de at 90 indivduos (AYRES, 1985; PAIM, 1998). A alimentao
basicamente onvora, incluindo frutos, folhas e insetos. Costumam viver em associao com
Cebus macrocephalus.
Vivem em reas de floresta, onde passam muito tempo sobre as rvores, geralmente formando
grupos de quatro a 20 indivduos que percorrem as matas procura de alimento. A
alimentao consiste em pequenas aves, ovos, insetos, frutas ou larvas presentes no solo
(EISENBERG, 1989; EISENBERG; REDFORD, 1999).
3.1.3.6 Sciurus igniventris
Conhecido como esquilo ou quatipuru (Figura 9), S. igniventris, pertencente famlia
Sciuridae, possui uma rea de distribuio que compreende a bacia amaznica, desde o oeste
34
do Rio Negro (Brasil, Venezuela, Colmbia e Equador) at o norte do Peru e rio Juru
(Brasil) (EMMONS; FEER, 1997).
Possui hbito diurno e solitrio, raramente sendo observados aos pares ou entre mais
35
4 RESULTADOS PRELIMINARES
Os resultados aqui apresentados so decorrentes do esforo amostral realizado durante
a etapa do monitoramento em transectos lineares realizada entre Janeiro e Maro de 2010 nos
setores Jarau e Mamirau. Durante este perodo, os dados obtidos foram insuficientes para
elevado nmero de observaes, pois os erros associados ao mtodo, assim como altos
populaes (CULLEN JR., et al., 2000). Nas estimativas de abundncia, foi contabilizado o
nmero de visualizaes, isto , quantos grupos foram avistados durante o perodo nos setores
Mamirau e Jarau.
abundncia da fauna da Reserva Mamirau em diferentes hbitats (vrzea alta, vrzea baixa e
chavascal), poder ser definida uma linha de base para o monitoramento no futuro, bem como
a definio de espcies que podem ser manejadas ou utilizadas como bioindicadoras de
impacto antrpico.
Est representado na Tabela 2 o cronograma de trabalho na RDSM, conforme setor e
trilha.
Tabela 2 - Nmero de dias trabalhados nas diferentes trilhas em cada ms.
SETOR
TRILHAS
Janeiro
Fevereiro
Maro
Maio
Jarau
Formiga
Paracuba
Chavascal
Ona
Maracaj
Jacar
4
3
3
3
3
3
1
1
3
2
2
1
-
5
3
4
-
Mamirau
O esforo amostral na RDSM durante o perodo entre Janeiro e Maio de 2010 para a
coleta de dados foi de 72,9 km percorridos na rea de estudo, sendo 29,65 km no setor
Mamirau e 43,25 km no setor Jarau (Tabela 3).
36
TRILHAS
COMPRIMENTO
(km)
Jarau
Formiga
Paracuba
Chavascal
Ona
Maracaj
Jacar
2,00
1,95
2,00
2,15
1,90
2,15
Mamirau
Total
ESFORO
AMOSTRAL
(km)
14,45
14,1
14,7
9,15
7,60
12,90
72,9
No setor Mamirau, foram obtidos 46 encontros visuais com primatas nas reas
amostradas. S. vanzolinii foi avistado com maior freqncia (24 encontros). C. calvus calvus
foi o primata menos avistado (3 encontros), no havendo nenhum avistamento desta espcie
na trilha do Maracaj (Tabela 4).
No setor Jarau, foram obtidos 86 encontros visuais com primatas nas reas
amostradas. C. macrocephalus foi avistado com maior freqncia (38 encontros). C. calvus
calvus tambm foi o primata menos avistado no Jarau (3 encontros). A tabela 5 apresenta os
valores de abundncia de cada espcie monitorada calculados a partir do esforo de
amostragem empregado em cada trilha e do esforo total empregado em cada setor. O valor
total de abundncia foi calculado a partir de A = TA x 10 km/EA, onde A a taxa de
Tabela 4 - Nmero de avistamentos por grupo de animais nos setores Mamirau e Jarau.
Espcies
A. seniculus
C. calvus calvus
C. macrocephalus
S. vanzolinii
N.nasua
S. igniventris
MAMIRAU
Ona
3
1
1
5
0
0
Maracaj
5
0
3
5
1
2
Jacar
2
2
5
14
0
1
Total
10
3
9
24
1
3
Formiga
JARAU
Paracuba
Chavascal
Total
6
2
16
8
4
9
7
1
11
10
0
0
3
0
11
11
3
4
16
3
38
29
7
13
37
Tabela 5 - Abundncia (avistamentos/10 km), por trilha e por setor, das espcies monitoradas
no Mamirau e no Jarau.
MAMIRAU
Espcies
A. seniculus
C. calvus calvus
C. macrocephalus
S. vanzolinii
N.nasua
S. igniventris
Ona
3,16
1,09
1,09
5,46
0
0
Maracaj
6,58
0
3,95
6,58
1,31
2,63
Jacar
1,55
1,55
3,88
10,85
0
0,78
Total
3,37
1,01
3,04
8,09
0,34
1,01
JARAU
Formiga
4,15
1,38
11,07
5,54
2,77
6,23
Paracuba
4,96
0,71
7,8
7,09
0
0
Chavascal
2,04
0
7,78
7,48
2,04
2,72
Total
3,70
0,69
8,79
6,71
1,62
3,01
No setor Jarau, a espcie de primata mais abundante foi C. macrocephalus (8,79 grupos/10
km). Os primatas corresponderam a 85% dos avistamentos (Figura 10).
Representatividade de avistamentos
de mamferos por ordem
10%
5%
Primates
Carnivora
Rodentia
85%
encontrados sempre solitrios, enquanto N. nasua era encontrado em grupos, tendo sido
registrado um indivduo solitrio apenas uma vez.
suficiente de avistamentos para as espcies. Este clculo feito a partir das distncias
38
perpendiculares das espcies em relao aos transectos, e segue os mesmos critrios das
estimativas de densidade.
39
5 DISCUSSES
5.1 Sobre os Resultados Preliminares
A variao na abundncia e na densidade em diferentes locais est relacionada s
Foi observado durante o monitoramento que quanto mais prximo trilha, maiores so
as chances da espcie ser detectada. mais fcil realizar a contagem total quando os animais
esto bastante agrupados ou em ocasies em que estes cruzam a trilha, possibilitando a
contagem completa dos indivduos (PERES, 1999). Os dados das contagens parciais podem
ser utilizados para estimativas de abundncia e densidade. Entretanto, para estimar o tamanho
mdio dos grupos observados s podem ser utilizados dados de contagens totais (CULLEN
JR.; RUDRAN, 2003).
Geralmente a atividade de recenseamento em florestas tropicais comprometida pela
dificuldade de deteco dos animais. Este fator refletido na contagem dos indivduos, pois
frequentemente so contadas apenas uma parte dos indivduos de um grupo (PERES, 1999;
CULLEN JR.; RUDRAN, 2003; MARSHAL, et al., 2008). Isto ocorre com espcies que
vivem em grupos muito grandes, como o caso de S. vanzolinii, que possuem grupos de at
ndices de erro (CULLEN JR.; RUDRAN, 2003). Estas correes no foram feitas devido
insuficincia de esforo amostral empregado nas reas at o momento. Por isso, os dados
apresentados no foram analisados estatisticamente. As estimativas de abundncia
apresentadas aqui podem no refletir adequadamente a realidade, mas atravs de comparaes
40
Os primatas representaram 85% dos avistamentos feitos nos dois setores. Isto pode ser
explicado pelo grande nmero de registros de S. vanzolinii, seguido por C. macrocephalus e
A. seniculus, totalizando 53, 47 e 26 avistamentos, respectivamente. Estas espcies
apresentam comportamentos e caractersticas ecolgicas que favorecem sua deteco, como,
por exemplo, as vocalizaes frequentes e os deslocamentos em grupos. Alm, disso,
costumam ocupar os estratos mdios e baixos da floresta (SILVA JR., 2001; GREGORIN,
2006).
A abundncia alta destas trs espcies de primatas poderia indicar que estas no so
uma das espcies de primatas mais procuradas como fonte de alimentao para as
comunidades ribeirinhas. Quanto s outras duas espcies de primatas, verificaram-se apenas
alguns relatos isolados quanto caa para subsistncia e alguns casos de captura destas para
criao como animais domsticos. Alm disso, estas espcies apresentam bastante
plasticidade ecolgica (WALLACE, et al., 1998; GREGORIN, 2006), adaptando-se
facilmente a diferentes hbitats e a condies extremas (cheia, seca, escassez de alimentos,
etc.), o que pode tambm explicar os maiores valores de abundncia encontrados.
positivamente com a densidade e o tamanho da rea ocupada pela espcie. Com isso, esperase que espcies que apresentem grandes agrupamentos e altas taxas de encontro ocorram em
densidades razoveis, assim como o contrrio tambm vlido (CULLEN JR.; RUDRAN,
2003).
As baixas taxas de avistamento para C. calvus calvus podem estar relacionadas
esforo amostral empregado foi restrito a apenas uma estao do ano (cheia), podendo
influenciar nos resultados. Houve uma diferena entre os registros feitos na primeira
temporada (entre Janeiro e Maro) e na segunda (Maio). Entre Janeiro e Maro, poca em que
as trilhas estavam secas, C. calvus calvus foi avistado, pelo menos uma vez por semana, tanto
no Mamirau quanto no Jarau. No ms de Maio, no se obteve nenhum registro desta
espcie. Este primata especialista em sementes imaturas e frutos verdes (AYRES, 1986b), e
a ausncia de avistamento da espcie pode ter relao com a diminuio de alimento na poca
da cheia nas reas vistoriadas, forando a migrao dos grupos para ambientes mais
favorveis sobrevivncia. Alm disso, a menor abundncia tambm est relacionada com a
41
captura desta espcie para a comercializao ilegal. Sua raridade eleva o seu valor de venda, o
que estimula esta prtica e resulta na diminuio gradativa das populaes de C. calvus
calvus, espcie considerada vulnervel pela lista vermelha da IUCN e pelo ICMBIO (2010).
das espcies (PEZZUTI, et al., 2004). No entanto, faz-se necessrio um maior esforo
amostral e outros tipos de investigao, como entrevistas com os comunitrios, para obteremse dados mais conclusivos sobre os tipos de explorao faunstica realizados na regio.
5.2 Sobre o Monitoramento e o Uso Sustentvel da Fauna
O manejo dos recursos naturais na RDSM permitido e regulamentado desde a
publicao do Plano de Manejo (SCM, 1996). No entanto, para garantir um manejo adequado,
42
1981; CHAPMAN, et al., 2000). No entanto, estes mtodos de contagens totais requerem
esforos amostrais impraticveis, especialmente em reas extensas. Na maioria dos casos,
amostragens utilizando transectos lineares o mtodo mais praticvel (MARSHALL, et al.,
2008) e este foi escolhido como uma das formas de monitoramento de fauna nas reservas
Aman e Mamirau por ser um dos mtodos mais consistentes entre os mtodos de estimativa
et al., 1993, 2001; BURNHAM, et al., 1980). No entanto, isto requer boa visibilidade e, de
preferncia, grupos habituados. No caso de transectos em florestas tropicais, a boa
visibilidade requerida praticamente impossvel. Por este motivo, para a coleta de dados nas
para a subsistncia e para a cultura das populaes humanas nas duas RDSs. No entanto,
no se sabe por quanto tempo esta suposta sustentabilidade teria vigncia. Assim, a
43
espcies caadas, mas tambm a aspectos biolgicos e culturais dos usurios da fauna
(VALSECCHI, 2005).
Segundo Bodmer et al. (1994), o uso sustentvel pode ser um amenizador da
44
6 CONCLUSES
O levantamento apresentado confirmou algumas informaes anteriores disponveis
ampliada para outros setores da RDSM, no intuito de gerar listas mais completas e menos
generalistas quanto densidade, ecologia e distribuio das espcies.
Novas propostas de uso sustentvel dos recursos de fauna esto em discusso nos
45
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