Vivian Do Carmo Loch
Vivian Do Carmo Loch
Vivian Do Carmo Loch
São Luís
2013
IMPACTOS DO MANEJO DO BACURI (Platonia insignis Mart.) NA
ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO DE CERRADO STRICTO SENSU NA
RESERVA EXTRATIVISTA CHAPADA LIMPA, CHAPADINHA/MA
São Luís
2013
VIVIAN DO CARMO LOCH
Comissão Julgadora:
__________________________________________
Prof. Dra. Francisca Helena Muniz – UEMA
Orientadora
__________________________________________
Prof. Dra. Ariadne Enes Rocha – UEMA
__________________________________________
Prof. Dr. Claudio Urbano Bittencourt Pinheiro – UFMA
São Luís
2013
Para os extrativistas de bacuri da Resex Chapada Limpa
e do Baixo Parnaíba maranhense.
Para os meus pais.
Para Bruno.
AGRADECIMENTOS
A Deus, que se mostra sempre presente em minha vida. Ele que por Seu
Filho nos ensina a amar ao próximo como a nós mesmos; é também por Ele que
assumo o compromisso com os excluídos e explorados.
Aos meus pais, Ivo e Ronilda, que me permitiram chegar até aqui. Pelo
exemplo de pais, amigos, profissionais e de casal apaixonado. Toda a minha
gratidão e orgulho.
Aos meus irmãos, Rodolfo e Helmuth, por aprendermos e descobrirmos juntos
o mundo a nossa volta, pelas nossas diferenças que me fazem amá-los e protegê-
los ainda mais. Serão eternamente os meus bebês, e as pessoas a cujo lado eu
sempre estarei. Amor incondicional.
Ao Bruno, meu companheiro, que acredita em mim e no que eu acredito e me
dá forças para seguir quando elas me faltam.
Ao Programa de Pós-Graduação em Agroecologia pelo apoio financeiro com
recursos da Capes/MEC.
À professora Francisca, minha orientadora, que me ensinou como se faz
pesquisa, me acalmou nos momentos de desespero e passou segurança nos
momentos de dúvida. Agradeço pela orientação e paciência.
Às contribuições dos professores Doutores: Ariadne Enes Rocha, José
Ribamar Gusmão Araújo, Maria da Cruz Lima e Regis Hora, para a elaboração desta
dissertação.
Ao Núcleo Geoambiental da Uema, pelo apoio no processo de elaboração
dos mapas utilizados nos artigos.
Aos extrativistas da Chapada Limpa, pela oportunidade de convívio e
aprendizado. Em especial ao Chico Viana (ilustrador da cartilha sobre manejo
sustentável do bacuri) e ao Luis Tatu (mateiro, que me auxiliou nas atividades de
campo).
A todos e todas que comigo colaboraram, meus mais sinceros
agradecimentos.
De noite tu vives na tua palhoça,
de dia na roça de enxada na mão.
Julgando que Deus é um Pai vingativo,
não vês o motivo da tua pressão.
Patativa do Assaré
Antônio Gonçalves da Silva
LOCH, Vivian do Carmo. Impactos do manejo do bacuri (Platonia insignis Mart.) na
estrutura da vegetação de cerrado stricto sensu na Reserva Extrativista Chapada
Limpa, Chapadinha/MA. Dissertação (Mestrado em Agroecologia) – Universidadae
Estadual do Maranhão, São Luís, 2013.
RESUMO
ABSTRACT
The Extractive Reserve (Resex) Chapada Limpa was established in 2007 in order to
preserve the cerrado biodiversity and to protect traditional populations that have in
the extraction of bacuri one of their main sources of income. Knowledge on the
composition and structure of tree communities within the cerrado stricto sensu areas
of the Extractive Reserve (Resex) Chapada Limpa is incipient and it is necessary to
make better use the managed forest to provide expansion of opportunities for income
generation for the extractivist people. This study aimed phytosociologic
characterization of the areas where Platonia insignis Mart. Occurs. Additionally, to
understand how communities interact with environmental resources in the place they
live and how their management actions affect the Reserve conservation. To delimit
the sample we identified and georeferenced bacuri extraction areas, strategically
divided into four territories: Juçaral, Chapada Limpa I, Chapada Limpa II and
Chapada do Riachão. In the phytosociological study, the method used took plots of
20 x 50 m as the sample unit, randomly distributed, with 5 plots in each of the 4
areas, totaling 2 ha inventoried. All living plants with base diameter greater than 5 cm
(D > 5 cm) were measured. Then, we calculated the phytosociological parameters –
density, frequency, dominance and importance value. The diameters and heights of
trees of each sampled area were divided into classes. The diversity index was
calculated by the Shannon-Wiener measure (H’). Were listed in the areas studied a
total of 1090 living individuals in 52 species distributed among 21 families. Regarding
Percentage of Importance (PI), stand out the families Vochysiaceae (30.59%),
Fabaceae (24.47%), Clusiaceae (11.01%), Malpighiaceae (9.60%). The study
identified the species Platonia insignis, Qualea parviflora Mart., Vatairea macrocarpa
(Benth.) Ducke and Stryphnodendron coriaceum Benth. as the most important from
the ecological aspect. In the second part of the research, ethnobotanical
investigations were carried out. We defined that only the communities of the Reserve
where there is bacuri (Chapada Limpa I, Chapada Limpa II and Juçaral) would be
studied. All the extractivist workers from these communities were interviewed using
the snowball technique, totaling 34 interviewees. The questions were related to the
socioeconomic conditions, resources use and bacuri management. We used informal
conversations, semi-structured interviews and participant observation. We recorded
55 species cited as useful by families and most references were about bacuri,
janaúba (Himatanthus drasticus), babaçu (Attalea speciosa), mangaba-brava
(Lafoensia pacari), murici (Byrsonima sp), buriti (Mauritia flexuosa), candeia
(Plathymenia reticulata), juçara (Euterpe oleracea) e sucupira (Bowdichia
virgilioides). Other species were highlighted by the economic potential because of its
abundance in the study areas (barbatimão (Stryphnodendron coriaceum) and
janaúba). Bacuri, despite being offered only during four months of the year, is the
most economically important species for extractivist families. Half of the interviewees
claimed to collect among 51 to 100 fruits per day, resulting in a monthly increase of
R$ 750,00 in the family income. Bacuri is a very important species to the residents of
Resex Chapada Limpa and this is reflected in the way they manage the areas. We
suggest that the practice of collecting receive special care and we recommend the
development of strategies for conservation and sustainable harvesting.
REVISÃO DE LITERATURA
Figura 1 Cartograma apresentando a definição dos graus de importância
biológica das áreas e de insuficiência de informações do bioma
cerrado no Brasil ............................................................................. 17
Figura 2 Queimadas em áreas de bacurizais na Resex Chapada Limpa,
em setembro de 2012 ...................................................................... 19
Figura 3 Ilustração de consenso acerca do alcance da dispersão natural de
Platonia insignis Mart. no território nacional .................................... 22
ARTIGOS CIENTÍFICOS
ARTIGOS CIENTÍFICOS
1 INTRODUÇÃO ................................................................................ 14
2 REVISÃO DE LITERATURA .......................................................... 16
2.1 VEGETAÇÃO DE CERRADO ......................................................... 16
2.1.1 Fitossociologia em ambientes de cerrado stricto sensu .......... 19
2.2 O BACURI ....................................................................................... 21
2.2.1 Importância socioeconômica ....................................................... 23
2.3 DO EXTRATIVISMO PREDATÓRIO AO EXTRATIVISMO
SUSTENTÁVEL ............................................................................... 25
2.4 O SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA
NATUREZA ..................................................................................... 29
2.4.1 O caso da Reserva Extrativista Chapada Limpa ........................ 30
2.5 ETNOBOTÂNICA, ETNOECOLOGIA E AGROECOLOGIA ............ 31
REFERÊNCIAS ............................................................................... 34
3 IMPACTOS DO MANEJO DO BACURI (Platonia insignis Mart.)
NA ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO DE CERRADO STRICTO
SENSU NA RESERVA EXTRATIVISTA CHAPADA LIMPA,
CHAPADINHA/MA .......................................................................... 41
4 USO E MANEJO DE PLANTAS NA RESERVA EXTRATIVISTA
CHAPADA LIMPA, CHAPADINHA/MA, COM ÊNFASE NO
MANEJO DE BACURI (Platonia insignis Mart.) ........................... 67
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................ 85
ANEXOS ......................................................................................... 86
A – Decreto de criação da Reserva Extrativista Chapada Limpa ... 86
B – Código de Ética da Sociedade Internacional de Etnobiologia .. 88
C – Normas para publicação: Acta Botanica Brasilica .................... 91
D – Normas para publicação: Ethnobiology and Conservation ....... 95
E – Questionário aplicado nas entrevistas semi-estruturadas ........ 101
14
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DE LITERATURA
Figura 1 – Cartograma apresentando a definição dos graus de importância biológica das áreas e de
insuficiência de informações do bioma cerrado no Brasil. Fonte: BRASIL, 2007a.
2.2 O BACURI
Bacuri, palavra de origem tupi, cujo significado é “o que cai logo que
amadurece” (FONSECA, 1954 apud CARVALHO, 2007), pertence à família
Clusiaceae, gênero Platonia e epíteto específico insignis, onde Platonia é uma
homenagem ao filósofo Platão (CARVALHO, 2007) e insignis significa notável,
importante, insigne. O bacuri também é conhecido por outros nomes comuns,
dependendo da região, como bacuri-açu, bacurizeiro, bacuri-grande ou landirana.
Apesar dos autores concordarem quanto ao fato de que a origem de Platonia
insignis Mart. é amazônica e que o centro de dispersão é o estado do Pará, há
divergências quanto ao alcance da dispersão natural. Carvalho (2007) cita a
dispersão natural partindo do estado do Pará para o Acre, Amapá, Amazonas,
Roraima e Tocantins e em direção ao nordeste do Brasil, alcançando os cerrados e
chapadões do Maranhão e Piauí. Aguiar (2006) e Bezerra et al. (2005) acrescentam
Goiás e Mato Grosso. Menezes et al. (2010), apenas Mato Grosso (Figura 3).
Porém, Almeida et al. (2007), estudando a diversidade genética desta espécie
através de marcadores moleculares, afirmam que o centro de dispersão é o estado
do Maranhão, contrariando todas referências até agora.
Segundo Araújo et al. (2007), na região do Baixo Parnaíba maranhense, nos
municípios de Santa Quitéria, Brejo e Chapadinha, se supunha encontrar a maior
variabilidade de bacuri no Estado. Os autores alertam, porém, para sua erosão
genética com o avanço da fronteira agrícola da soja sobre estas áreas.
22
Legenda
Presença de
bacuri no
estado.
Figura 3 – Ilustração de consenso acerca do alcance da dispersão natural de Platonia insignis Mart.
no território nacional. Fonte: LOCH, V. C.
Do bacuri é possível utilizar quase todas as suas partes, sendo a polpa o seu
principal produto. O espesso mesocarpo (1,5 a 2,5 cm de espessura) garante
proteção aos frutos, que não são danificados com facilidade. A polpa mantém sua
qualidade para consumo direto por cinco a dez dias, a partir da queda do fruto
(AGUIAR, 2006).
24
Sua polpa macia, seu odor e sabor agradáveis o tornam um dos frutos mais
apreciados pelas populações locais. A polpa pode ser consumida in natura ou
através de sorvetes, cremes, sucos, compotas e geleias. Também da casca, que
possui odor e sabor parecidos, podem-se elaborar os mesmos subprodutos. O que
dificulta seu uso é a resina de difícil extração (MENEZES, 2010). Souza et al. (2007)
afirmam que a extração dessa resina seria interessante para utilizá-la como
flavorizante, já que também apresenta mesmo sabor e odor, substituindo assim a
“polpa pura ou diluída na fabricação de iogurtes”.
As sementes podem ser aproveitadas para extração do óleo, também
denominado de “banha de bacuri”, utilizado no tratamento de eczemas e do herpes,
remédio cicatrizante de ferimentos em animais e também como matéria-prima na
indústria de sabão (CARVALHO, 2008; SOUZA et al., 2007). Um projeto para a
produção do óleo do bacuri com foco na comercialização para o mercado europeu
(indústria cosmética e farmacêutica) está sendo implantado na Reserva Extrativista
Chapada Limpa pelo ICMBio. Mourão (1992) também cita como adubo e
alimentação animal o farelo resultante como subproduto do beneficiamento das
sementes.
Villachica e outros (1996) projetam que na densidade de 100 plantas/ha, a
provável produção de fruta seria de 20 a 25 t/ha, com 2,0 a 2,5 t de polpa e 5,0 a 6,2
t de sementes/ha (contendo 2,3 a 2,9 t de azeite).
A madeira é sempre citada como de primeira qualidade, sendo excelente para
uso na construção naval, construção civil e na fabricação de alguns tipos de móveis
domésticos ou industriais (BEZERRA et al., 2005).
Em linhas gerais, a maior parte dos bacurizais são estoques nativos. Os
provenientes de plantios geralmente são em áreas próximas das habitações, como
parte do quintal (FERREIRA, 2008). Isso demonstra suas limitações para atender
outros mercados que não os locais. Pesquisas relacionadas ao conhecimento e uso,
coleta, conservação e a própria caracterização do bacuri ainda são incipientes
(MENEZES, 2010).
Mais recentemente têm-se desenvolvido pesquisas relacionadas à
importância do manejo e domesticação, a citar Carvalho e Muller (2007), com
pesquisas relacionadas à propagação de bacurizeiros por sementes, mudas e porta-
enxertos; Araújo et al. (2007), que também estudam diferentes espécies como porta-
enxertos da mesma família do bacuri; e Ferreira (2008), que apresenta técnicas de
25
“sessenta gaia” (sessenta galhas). Conta-se que dessa árvore era possível coletar
milhares de frutos, de tão grande e frondosa (IBAMA, 2006).
Estão dentro dos limites da Reserva os seguintes povoados: Chapada Limpa
I, Chapada Limpa II, Prata, Chapada do Riachão, Juçaral, São Gabriel, Uncurana,
Santana, Saco, Califórnia e Jenipapo. Ademais, fazem parte da zona de
amortecimento da Resex os povoados: Brejo do Meio, Boca da Mata, Morada Nova,
Porco Magro, Santa Rita, São Martins, Estiva, Riachão, São Pedro, Severo e o
Projeto de Assentamento Rural (PA) Paiol (IBAMA, 2010).
A caça, extrativismo e agricultura de subsistência caracterizam o modo de
vida dos agricultores dessa região. Também era praticada a criação extensiva de
pequenos animais como suínos e caprinos, mas por ser considerada atividade de
alto impacto para o bioma, o plano de manejo somente permite a criação intensiva
desses animais, tornando a atividade inviável devido aos altos custos de
manutenção, considerada a capacidade econômica dos criadores locais (IBAMA,
2010).
REFERÊNCIAS
_____. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1º, incisos I,
II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm>. Acesso em: 10 set. 2011.
alterações; uso na produção familiar. São Luís: Uema, 2006. cap. 2, p. 53-69. (Série
Agroecologia, Uema, v. 1)
1
Programa de Pós-Graduação em Agroecologia, Universidade Estadual do Maranhão, Cidade Universitária
Paulo VI, s/n, Tirirical, São Luís, MA, 65054-970, Brasil.
2
Autora para correspondência: [email protected]
43
32 phytosociologic characterize areas where there is Platonia insignis Mart. in the Resex. The
33 used method takes plots of 20 x 50 m as the sample unit, randomly distributed, with 5 being
34 the number of parcels in each of the 4 areas, totaling 2 ha inventoried. All living plants with
35 base diameter greater than 5 cm (D > 5 cm) were measured. Then, we calculated the
36 phytosociological parameters – density, frequency, dominance and importance value. The
37 diameters and heights of trees of each sampled area were divided into classes. The diversity
38 index was calculated by the Shannon-Wiener measure (H’). Were listed in the areas studied a
39 total of 1090 living individuals in 52 species distributed among 21 families. Regarding
40 Percentage of Importance (PI), stand out the families Vochysiaceae (30.59%), Fabaceae
41 (24.47%), Clusiaceae (11.01%), Malpighiaceae (9.60%). The study identified the species
42 Platonia insignis, Qualea parviflora Mart., Vatairea macrocarpa (Benth.) Ducke and
43 Stryphnodendron coriaceum Benth. as the most important from the ecological aspect.
44 Keywords: Brazil, cerrado, phytosociology, Platonia insignis, Maranhão
44
45 Introdução
46 No estado do Maranhão, o cerrado ocupa 40% do território, estendendo-se da região
47 leste (Barreirinhas, Urbano Santos, Chapadinha e Vargem Grande) até a região sul (Balsas,
48 Riachão e Carolina) (Muniz 2006). Nessas áreas também se verifica o rápido crescimento da
49 produção em grande escala de grãos e celulose.
50 Em 1999, durante o seminário “Ações e áreas prioritárias para a conservação da
51 biodiversidade do Pantanal e do Cerrado”, foram definidas políticas concretas de conservação
52 do Bioma no País. O município de Chapadinha/MA foi classificado dentre as áreas definidas
53 com grau de importância biológica e insuficiência de informações, afirmando assim a
54 necessidade de pesquisas na região.
55 Como estratégia de preservação da biodiversidade e proteção de populações locais que
56 exploram principalmente o bacuri (Platonia insignis Mart.), foi criada em 2007 a Reserva
57 Extrativista (Resex) Chapada Limpa.
58 O conhecimento sobre a composição e a estrutura das comunidades arbóreas dentro de
59 suas áreas de cerrado stricto sensu é incipiente e se faz necessário para melhor
60 aproveitamento da floresta manejada e ampliação das possibilidades de geração de renda para
61 os extrativistas. Seu planejamento deve partir de um inventário florestal que estime
62 parâmetros como diversidade, freqüência e densidade, bem como seus valores ecológicos,
63 econômicos e sociais.
64 Para que seja possível avaliar os impactos antrópicos e planejar a adoção de técnicas
65 de manejo em comunidades vegetais, é importante o conhecimento da composição e estrutura
66 destas e de suas variações. O presente trabalho objetivou caracterizar fitossociologicamente
67 áreas de ocorrência de Platonia insignis na Resex Chapada Limpa.
68
69 Materiais e métodos
70 Caracterização da área de estudo
71 O município de Chapadinha/MA compreende uma área de 3.279,3 km² na mesorregião
72 do Leste Maranhense. Limita-se a norte com os municípios de São Benedito do Rio Preto e
73 Urbano Santos; a sul, com Afonso Cunha e Codó; a oeste, com Timbiras e Vargem Grande; e
74 a leste, com Mata Roma e Buriti. Sua sede localiza-se nas coordenadas geográficas 3º44’31’’
75 de latitude Sul e 43º21’36’’ de longitude Oeste. A população chapadinhense é de 73.281
76 habitantes, segundo dados do IBGE (2010), a taxa de pobreza é de 59,06% (IBGE 2003).
77 O principal rio de Chapadinha é o Munim, que tem os rios Iguará, Mocambo e Preto
78 como principais afluentes.
45
125
126 Figura 1. Localização das parcelas alocadas em áreas de ocorrência de bacuri na Resex Chapada Limpa,
127 Chapadinha/MA. Fonte: Nugeo, 2013.
128
129 Os tratamentos utilizados em campo, apresentados no mapa (Fig. 1), estão
130 especificados em tabela (Tab. 1).
131
47
177 Tabela 2. Composição florística das áreas de ocorrência de Platonia insignis na Resex Chapada Limpa
FAMÍLIA
Espécie – nome popular
ANACARDIACEAE
Anacardium humile A. St.-Hil. – cajuí
Astronium fraxinifolium Schott ex Spreng. – gonçalo alves
ANNONACEAE
Annona coriacea Mart. – araticum
Xylopia sp. – imbiriba
Duguetia sp. – ata
APOCYNACEAE
Himatanthus drasticus (Mart.) Plumel – janaúba
ARECACEAE
Syagrus cocoides Mart. – pati
Astrocaryum sp. – tucum
BIGNONIACEAE
Jacaranda copaia (Aubl.) D. Don – caraúba
BORAGINACEAE
Cordia bicolor A. DC. – jangada
CLUSIACEAE
Platonia insignis Mart. – bacuri
COMBRETACEAE
Terminalia glabrescens Mart. – mirindiba
Combretum mellifluum Eichler – farinha seca
DILLENIACEAE
Curatella americana L. – sambaíba/lixeira
FABACEAE
Dimorphandra mollis Benth. – fava danta
Dipteryx alata Vogel – garampara
Peltogyne maranhensis Huber ex Ducke – miolo de nêgo e miolo roxo
Chloroleucon tortum (Mart.) Pittier ex Barneby & J.W. Grimes – jurema
Parkia platycephala Benth. – fava de bolota
Dalbergia miscolobium Benth. – jacarandá
Copaifera martii Hayne – pau-d’olho
Enterolobium sp. – orelha de macaco
Vatairea macrocarpa (Benth.) Ducke – amargoso
Bowdichia virgilioides Kunth – sucupira
Bauhinia pulchella Benth. – mororó
Plathymenia reticulata Benth. – candeia
Stryphnodendron coriaceum Benth. – barbatimão
Sclerolobium paniculatum Vogel – pau-pombo
FLACOURTIACEAE
Casearia sylvestris Sw. – folha de carne
LAURACEAE
N.I.4 – Cravo
LECYTHIDACEAE
Couratari oblongifolia Ducke & R. Knuth – toari
Lecythis pisonis Cambess. – sapucaia
Lecythis chartacea O. Berg – sapucarana
LYTHRACEAE
Lafoensia pacari A. St.-Hil. – mangaba brava
MALPIGHIACEAE
Byrsonima sp. – Murici
Blepharocalyx salicifolius (Kunth) O. Berg – maria preta
50
FAMÍLIA
Espécie – nome popular
Psidium guyanense Pers. – guabiraba
MELASTOMATACEAE
Mouriri guianensis Aubl. – puçá
MYRTACEAE
Myrcia sp. – goiabinha da chapada
OCHNACEAE
Ouratea spectabilis (Mart. ex Engl.) Engl. – pau-mole
RUBIACEAE
Alibertia edulis (Rich.) A. Rich. ex DC. – marmelada
Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) K. Schum – jenipapo bravo
SAPINDACEAE
Talisia esculenta (A. St.-Hil.) Radlk. – pitomba brava
SAPOTACEAE
Pouteria sp. – pitomba de leite
VOCHYSIACEAE
Salvertia convallariodora A. St.-Hil. – folha larga
Qualea parviflora Mart. – pau-terra
N.I.1 – angerca
N.I.2 – violeta
N.I.3 – tamburil
N.I.5 – pimentinha
N.I.6 – cunduru
N.I.7 – capitão de campo
178
179
180 Figura 2. Curva espécie-área das amostras de vegetação na Resex Chapada Limpa.
51
181
182 Figura 3. Famílias em ordem decrescente de porcentagem de importância estrutural, na área da Chapada Limpa
183 I.
184
185 Figura 4. Famílias em ordem decrescente de porcentagem de importância estrutural, na área da Chapada Limpa
186 II.
52
187
188 Figura 5. Famílias em ordem decrescente de porcentagem de importância estrutural, na área de Juçaral.
189
190 Figura 6. Famílias em ordem decrescente de porcentagem de importância estrutural, na área de Chapada do
191 Riachão.
192
193 Dentre as famílias que apresentaram maior PI, Fabaceae, Vochysiaceae e
194 Malpighiaceae coincidem com a maioria das famílias encontradas em levantamentos
195 realizados no bioma cerrado (Assunção & Felfili 2004), enquanto Clusiaceae é representada
53
196 por Platonia insignis, elemento típico de regiões de cerrado norte-nordeste (Medeiros et al.
197 2008).
198 Quando comparada a Porcentagem de Importância das espécies (PI) entre as áreas,
199 verifica-se que Platonia insignis se destaca em todas. Em duas das quatro áreas (Juçaral e
200 Riachão), figura como espécie com maior PI (28,09 e 29,25 %, respectivamente); apresenta o
201 segundo maior PI na Chapada Limpa I (10,31 %); e sustenta a quarta posição na Chapada
202 Limpa II (7,65 %). As outras espécies que acompanham o bacuri em importância são: na
203 Chapada Limpa I, em ordem decrescente, Qualea parviflora (28,48 %), Stryphnodendron
204 coriaceum (8,92 %) e Vatairea macrocarpa (8,71 %); Vatairea macrocarpa (14,13 %),
205 Stryphnodendron coriaceum (11,58 %) e Qualea parviflora (10,58 %) foram as que se
206 destacaram na Chapada Limpa II; Qualea parviflora (7,14 %), Byrsonima sp. Rich. ex Kunth.
207 (6,09 %) e Stryphnodendron coriaceum (5,92 %), na Chapada do Juçaral; Qualea parviflora
208 (19,37 %), Stryphnodendron coriaceum (7,78 %) e Vatairea macrocarpa (6,82 %), na
209 Chapada do Riachão (Tab. 3).
210 Tabela 3. Parâmetros fitossociológicos das dez espécies com maior valor de importância nas áreas (Chapada
211 Limpa I, Chapada Limpa II, Juçaral e Riachão)
Espécie NI NA DR % DoR % FR % VI PI
Chapada Limpa I
Qualea parviflora 84 5 35,44 40,59 9,43 85,46 28,48
Platonia insignis 12 2 5,06 22,10 3,77 30,94 10,31
Stryphnodendron coriaceum 25 5 10,55 6,79 9,43 26,77 8,92
Vatairea macrocarpa 21 5 8,86 7,83 9,43 26,13 8,71
Byrsonima sp. 24 5 10,13 3,96 9,43 23,52 7,84
Ouratea spectabilis (Mart. ex 6,81
20 4 8,44 4,46 7,55 20,45
Engl.) Engl.
Bowdichia virgilioides Kunth 11 4 4,64 2,76 7,55 14,95 4,98
Plathymenia reticulata Benth. 8 3 3,38 3,44 5,66 12,48 4,16
Parkia platycephala Benth. 7 2 2,95 5,10 3,77 11,83 3,94
Myrcia sp. DC. 8 4 3,38 0,70 7,55 11,62 3,87
Sub-total (10 espécies) 220 - 92,83 97,73 73,6 264 88
Chapada Limpa II
Vatairea macrocarpa 61 5 18,71 16,93 6,76 42,39 14,13
Stryphnodendron coriaceum 53 5 16,26 11,75 6,76 34,76 11,58
Qualea parviflora 39 5 11,96 13,04 6,76 31,76 10,58
Platonia insignis 14 4 4,29 13,37 5,41 22,97 7,65
Myrcia sp. 25 4 7,67 1,84 5,41 14,92 4,97
Byrsonima sp. 18 5 5,52 1,83 6.76 14,10 4,7
Himatanthus drasticus (Mart.) 3,93
7 4 2,15 4,25 5.41 11,80
Plumel
Salvertia convallariodora A. St.- 3,81
11 3 3,37 4,01 4,05 11,44
Hil.
Sclerolobium paniculatum Vogel 11 1 3,37 6,56 1,35 11,29 3,76
Parkia platycephala 5 1 1,53 7,46 1,35 10,35 3,45
Sub-total (10 espécies) 244 - 74,83 81,04 37,09 206 68,6
54
Espécie NI NA DR % DoR % FR % VI PI
Juçaral
Platonia insignis 64 5 24,33 53,11 6,85 84,29 28,09
Qualea parviflora 18 4 6,84 9,10 5,48 21,42 7,14
Byrsonima sp. 26 5 9,89 1,55 6,85 18,28 6,09
Stryphnodendron coriaceum 19 5 7,22 3,70 6,85 17,78 5,92
Curatella americana L. 14 4 5,32 6,31 5,48 17,11 5,7
Vatairea macrocarpa 10 4 3,80 6,55 5,48 15,84 5,28
Bowdichia virgilioides 8 4 3,04 3,27 5,48 11,79 3,93
Syagrus oleracea (Mart.) Becc. 17 3 6,46 1,10 4,11 11,68 3,89
Xylopia sp. L. 13 4 4,94 0,57 5,48 11,00 3,66
Ouratea spectabilis 11 3 4,18 1,78 4,11 10,07 3,35
Sub-total (10 espécies) 200 - 76,02 87,04 56,2 219 73,1
Riachão
Platonia insignis 67 5 31,46 45,89 10,42 87,77 29,25
Qualea parviflora 42 5 19,72 27,99 10,42 58,12 19,37
Stryphnodendron coriaceum 21 4 9,86 5,17 8,33 23,36 7,78
Vatairea macrocarpa 14 4 6,57 5,56 8,33 20,47 6,82
Byrsonima sp. 14 4 6,57 1,77 8,33 16,67 5,55
Dalbergia miscolobium 10 3 4,69 4,46 6,25 15,40 5,13
Ouratea spectabilis 12 3 5,63 2,13 6,25 14,02 4,67
Bowdichia virgilioides 9 4 4,23 1,36 8,33 13,92 4,64
Himatanthus drasticus 6 3 2,82 2,01 6,25 11,07 3,69
Copaifera martii Hayne 3 3 1,41 0,66 6,25 8,32 2,77
Sub-total (10 espécies) 198 - 92,96 97 79,16 269,1 89,67
212 NI = número de indivíduos; NA = número na amostra; DR = densidade relativa; DoR = dominância relativa;
213 FR = frequência relativa; VI = valor de importância.
214
215 As quatro áreas inventariadas se apresentaram homogêneas, com elevada freqüência
216 de poucas espécies (Qualea parviflora, Platonia insignis, Stryphnodendron coriaceum e
217 Vatairea macrocarpa). Ecologicamente isso pode significar que um pequeno grupo de
218 espécies apresenta vantagens competitivas sobre as outras. Haridasan (2005) cita algumas
219 espécies, dentre as quais Qualea parviflora, como menos exigentes em nutrientes, por
220 apresentarem menos concentrações de nutrientes nas folhas. O autor alude ainda à capacidade
221 desta e de outras espécies da família Vochysiaceae de acumular alumínio, mecanismo para
222 superação das elevadas concentrações deste elemento nos solos do cerrado. Também
223 menciona como vantagem competitiva a capacidade de fixação de nitrogênio por espécies da
224 família Fabaceae.
225 A presença de número de indivíduos e espécies pode estar relacionada ainda com uma
226 condição física do solo ou topográfica. Felfili & Felfili (2001) afirmam que são necessárias
227 diferenças expressivas nas condições do relevo ou significativa distância entre as áreas para
228 que haja redução na similaridade.
55
229 Esses dados são confirmados através da curva espécie-área, onde, a partir da sexta
230 parcela (6 mil m² amostrados), o acréscimo de novas espécies começa a estabilizar,
231 alcançando 92,30% do total de espécies encontradas, concordando com o padrão conhecido
232 para o cerrado, segundo Assunção & Felfili (2004).
233 No que diz respeito à Densidade Relativa, na Chapada Limpa I os valores em ordem
234 decrescente foram Qualea parviflora (35,44%), Stryphnodendron coriaceum (10,55 %)
235 Byrsonima sp. (10,13 %) e Vatairea macrocarpa (8,86 %); na Chapada Limpa II, Vatairea
236 macrocarpa (18,71 %), Stryphnodendron coriaceum (16,26 %), Qualea parviflora (11,96 %)
237 e Myrcia sp (7,67 %). Nestas duas áreas, Platonia insignis aparece na sexta posição, não
238 apresentando valores que a destaquem das demais. Porém, nas áreas Juçaral e Riachão,
239 aparece como a espécie com maior densidade. No Juçaral, aparecem Platonia insignis
240 (24,33), Byrsonima sp. (9,89 %), Stryphnodendron coriaceum (7,22 %) e Qualea parviflora
241 (6,84 %), enquanto no Riachão são Platonia insignis (31,46 %), Qualea parviflora (19,72 %),
242 Stryphnodendron coriaceum (9,86 %) e Vatairea macrocarpa (6,57 %).
243 Homma et al. (2007) citam que bacurizeiros nas florestas amazônicas ocorrem em
244 baixa densidade em vegetação primária, geralmente com número inferior a um indivíduo por
245 hectare. Em florestas secundárias de terra firme, porém, a densidade é bem maior, chegando a
246 superar 200 indivíduos por hectare, devido a suas estratégias de reprodução sexuada e
247 assexuada. Esta alta densidade indica que algum tipo de manejo foi efetuado na área,
248 favorecendo o crescimento dos bacurizeiros. Pereira et al. (2007), em levantamento
249 fitossociológico na Floresta Nacional do Amapá, encontraram Densidade Relativa de 2,18%
250 de Platonia insignis em suas amostras, figurando entre as nove principais espécies das áreas.
251 Semelhante ao que ocorreu com os valores de Densidade repetiu-se quando avaliados
252 os valores de Frequência Relativa. Nas duas primeiras áreas, o bacuri não se destaca dentre as
253 demais espécies, mas nas duas últimas, é a espécie mais abundante. Assim, destacam-se
254 Qualea parviflora (9,43%), Stryphnodendron coriaceum (9,43%), Vatairea macrocarpa
255 (9,43%) e Byrsonima sp. (9,43%), na Chapada Limpa I; Vatairea macrocarpa (6,76%),
256 Stryphnodendron coriaceum (6,76%), Qualea parviflora (6,76%) e Byrsonima sp. (6,76%), na
257 Chapada Limpa II; Platonia insignis (6,85%), Byrsonima sp. (6,85%), Stryphnodendron
258 coriaceum (6,85%) e Qualea parviflora (5,48%), na Chapada do Juçaral; Platonia insignis
259 (10,42%), Qualea parviflora (10,42%), Stryphnodendron coriaceum (8,33%) e Vatairea
260 macrocarpa (8,33%), na Chapada do Riachão.
56
261 Linhares et al. (2011) encontraram alta frequência de Platonia insignis em ambientes
262 de ocorrência de Himatanthus, no município de Alcântara/MA, sendo a espécie mais
263 frequente dentre as demais (17,24%), seguida de Himatanthus drasticus (15,21%).
264 Quando comparada a Dominância Relativa entre as espécies, Platonia insignis
265 apresenta-se como a espécie mais importante na comunidade vegetal, por ser a segunda com
266 maior dominância nas Chapada Limpa I e II, e a primeira no Juçaral e Riachão. A dominância
267 relativa na Chapada Limpa I foi representada por Qualea parviflora (40,59%), Platonia
268 insignis (22,10%), Vatairea macrocarpa (7,83%) e Stryphnodendron coriaceum (6,79%); na
269 Chapada Limpa II, Vatairea macrocarpa (16,93%), Platonia insignis (13,37%), Qualea
270 parviflora (13,04%) e Stryphnodendron coriaceum (11,75%); no Juçaral, Platonia insignis
271 (53,11%), Qualea parviflora (9,10%), Vatairea macrocarpa (6,55%) e Curatella americana
272 (6,31%); no Riachão, Platonia insignis (45,89%), Qualea parviflora (27,99%), Vatairea
273 macrocarpa (5,56%) e Stryphnodendron coriaceum (5,17%).
274 Platonia insignis também se destaca nas áreas de ocorrência de Hancornia speciosa
275 Gomes em Morros/MA, segundo Silva et al. (2011), estando entre os primeiros valores nos
276 parâmetros fitossociológicos apresentados no povoado Recanto. Sua Dominância Relativa foi
277 de 8,72%, perdendo posição para Himatanthus sucuuba Spruce ex Müll. Arg. (26,80%),
278 Humiria balsamifera J. St.-Hil. (20,70%) e Anacardium occidentale L. (17,70%). No cerrado
279 stricto sensu do município de Carolina/MA, Platonia insignis aparece na sétima posição em
280 DoR, com 4,24%, enquanto a espécie que ocorre em primeiro lugar, Byrsonima crassa Nied.,
281 apresenta 12,71% (Medeiros et al. 2008).
282 Medeiros et al. (2008), Silva et al. (2011) e Linhares et al. (2011) trazem à tona a
283 importância do bacuri para a vegetação do estado maranhense, integrante da ecologia de
284 diversas comunidades vegetais.
285 A heterogeneidade florística das áreas foi expressa pelo uso do índice de diversidade
286 de Shannon-Wiener (H’), enquanto a distribuição e frequência das espécies foi medida através
287 da Equabilidade de Pielou (J’). Os valores de H’ e J’ foram 2,241 nats/indivíduo e 0,736, para
288 Chapada Limpa I, respectivamente; 2,836 nats/ind. e 0,785, para Chapada Limpa II; 2,801
289 nats/ind e 0,794, para Juçaral; e 2,195 nats/ind e 0,759, para Riachão (Tab. 4).
290 Tabela 4. Heterogeneidade florística, distribuição e frequência das espécies nas áreas amostradas
Área S H’ J’
Chapada Limpa I 21 2,241 0,736
Chapada Limpa II 37 2,836 0,785
Juçaral 34 2,801 0,794
Riachão 18 2,195 0,759
291 S = número de espécies; H’ = índice de diversidade de Shannon-Wiener; J’ = Equabilidade de Pielou.
57
292 Esses valores são considerados baixos quando comparados com outros estudos
293 realizados em diferentes áreas de cerrado stricto sensu e cerradão, porém as espécies são
294 relativamente igualmente abundantes. Solórzano et al. (2012), ao compararem parâmetros
295 estruturais e de diversidade de suas seis áreas de estudo com outras 27, em cerrado,
296 apresentam valores para o índice de Shannon que variam entre 2,92 e 4,00. Também Silva et
297 al. (2008) inventariaram uma área de cerradão no município de Urbano Santos/MA, limítrofe
298 com Chapadinha/MA, e a compararam com outras seis áreas de cerrado maranhenses. Os
299 valores variaram entre 2,89 e 3,97. Felfili et al. (2002) encontraram 3,69 para o índice de
300 Shannon em um cerrado stricto sensu, enquanto Medeiros et al. (2008) encontraram 3,04 para
301 a mesma fitofisionomia no município de Carolina/MA.
302 Foram feitas comparações com valores de diversidade de cerradão, pois Ribeiro &
303 Walter (2008) afirmam que floristicamente o cerradão compartilha grande quantidade de
304 espécies com o cerrado stricto sensu.
305 Conceição & Castro (2009) explicam que o índice de Shannon geralmente está entre
306 1,50 e 3,50, mas raramente ultrapassa 5,0, e que em levantamentos realizados no cerrado
307 stricto sensu os índices variaram entre 1,34 e 3,72.
308 Quando comparados os valores da Equabilidade de Pielou (J’), os dados obtidos não
309 diferem dos apresentados nos mesmos trabalhos, estando dentro da variação encontrada nos
310 cerrados do Maranhão.
311 O dendograma de similaridade obtido a partir de valores de Jaccard apresenta um
312 grupo de áreas mais semelhantes, formado pela Chapada Limpa I e Riachão, ao nível de fusão
313 0,500; destas com Juçaral, a altura de 0,427; e, por final, formando um terceiro grupo de
314 similaridade florística com a Chapada Limpa II (Fig. 7).
315 Para Mueller-Dombois & Ellenberg (1974), as áreas consideradas floristicamente
316 similares são as que apresentam índice de Jaccard superior a 0,25. Assim, constatou-se que a
317 similaridade florística entre as áreas foi elevada, o que pode estar relacionado ao fato de
318 serem parte da mesma área, houve divisão para efeito de uso e manejo por comunidades.
319
58
320
321 Figura 7. Dendograma de similaridade
ridade entre as áreas analisadas.
322
323 Observou-se
se que das 52 espécies encontradas, 11 são comuns nos quatro ambientes;
324 12 ocorreram somente no ambiente da Chapada Limpa II, são elas Duguetia sp., Cordia
325 tortum Enterolobium sp., Bauhinia pulchella, Casearia sylvestris,
bicolor, Chloroleucon tortum, sylvestris
326 N.I.4 - cravo, Psidium guyanense,
guyanense N.I.2 - violeta, N.I.3 - tamburi, N.I.5 - pimentinha, N.I.7
327 capitão de campo; 9 espécies foram exclusivas do Juçaral, Astronium fraxinifolium, Annona
328 coriacea, Xylopia sp., Astrocarium tucum,
tucu Dimorphandra mollis, Dipteryx alata,
alata Mouriri
329 guianensis, Talisia esculenta,, N.I.1 – angélica; 1 da Chapada Limpa I, Tocoyena formosa;
formosa e 1
330 do Riachão, Lecythis pisonis.
pisonis. O número de espécies comuns entre duas áreas foram: 2
331 espécies em Chapada Limpa II + Juçaral, 1 em Juçaral + Riachão, 1 em Chapada Limpa I + II,
332 2 em Chapada Limpa I + Juçaral e outras 2 em Chapada Limpa II + Riachão. Já as espécies
333 comuns em três áreas foram: 4 em Chapada Limpa II + Juçaral + Chapada Limpa I, 1 em
334 Chapada Limpa I + II + Riachão,
iachão, 1 em Chapada Limpa I + Riachão + Juçaral e 1 outra em
335 Chapada Limpa II + Juçaral + Riachão (Fig. 8).
336
59
Juçaral
9
5 1
Chapada 1 Riachão
Limpa II
4 11 1
1 1
12
1
Chapada Limpa I
337
338 Figura 8. Diagrama de Venn indicando o número de espécies exclusivas e comuns entre as áreas. Outros dois
339 grupos de similaridade não foram incluídos
incluídos na figura: Chapada Limpa I + Juçaral, com 2 espécies em comum, e
340 Chapada Limpa II + Riachão, com outras 2 espécies.
341
342 Os baixos valores encontrados na Resex Chapada Limpa para a heterogeneidade
343 florística são resultado, provavelmente, de degradação e extração seletiva de madeira,
344 ocorridas há décadas atrás (Brito 2008), e do manejo feito pelas comunidades, promovendo
345 queimadas controladas para limpeza das áreas de bacuri antes da floração, objetivando
346 facilitar a coleta dos frutos durante a safra. Isto se fundamenta no diagrama de Venn
347 apresentado, onde a área com maior diversidade de espécies (Chapada Limpa II) é aquela na
348 qual os extrativistas evitam o manejo com fogo. Já nas áreas com menor diversidade
349 (Chapada Limpa I e Riachão), os extrativistas afirmam
afirmam manipular com fogo a vegetação
350 nativa para extração do bacuri, onde, por sua vez, foram encontrados seus maiores
351 exemplares.
352 As análises fitossociológicas das áreas mostram que o bacuri se apresenta como
353 resistente ao fogo, o que não significa que seja
s benéfico para a planta. Platonia insignis pode
354 ter se desenvolvido bem nestas áreas amostradas por ter menos espécies competindo por
60
355 nutrientes e espaço, haja vista o cenário descrito anteriormente (degradação e extração
356 seletiva de madeira, associada a baixa resistência ao fogo de muitas espécies concorrentes).
357
358 Classes de altura e diâmetro das espécies amostradas
359 Analisando-se as classes de altura das espécies amostradas nas áreas, constatou-se que
360 as duas primeiras classes (1 < h < 3,9; e 3,9 < h < 6,8) concentram grande número de
361 indivíduos, com 289 e 390, respectivamente, o que corresponde a 62,29% dos indivíduos
362 amostrados, podendo estes serem considerados os portes dominantes (Fig. 9).
363 Dentre os indivíduos mais altos, pode-se destacar: Platonia insignis com 30 e 27 m,
364 presentes na área da Chapada Limpa I; com 25 m, no Juçaral e Riachão; e violeta (não
365 identificada), com 25 m na Chapada Limpa II.
366
367
368 Figura 9. Ponto médio das classes referente à altura das plantas amostradas.
369
370 Com relação ao diâmetro, verifica-se que a maior predominância de indivíduos
371 encontra-se na primeira classe (5 < D < 13,9), onde foram registrados 537 indivíduos,
372 correspondendo a 49,26% dos indivíduos amostrados (Fig. 10). O diâmetro médio nas áreas
373 foi de 14,78, na Chapada Limpa I; 14,76, na Chapada Limpa II; 18,07, no Juçaral; e 18,52, no
374 Riachão. A árvore com maior diâmetro registrado foi um exemplar de Platonia insignis com
375 86,9 cm, encontrada na Chapada Limpa I, mesmo indivíduo que apresentou maior altura.
376
61
377
378 Figura 10. Ponto médio das classes referente ao diâmetro das plantas amostradas.
379
380 Os gráficos de classes de altura e diâmetro das espécies amostradas, em formato de “J”
381 invertido, indicam que as comunidades estudadas têm capacidade auto-regenerativa, se não
382 forem intensamente perturbadas (Assunção & Felfili 2004). Isto indica capacidade de
383 recuperação com a adoção de um plano de manejo.
384 Ainda sobre esses números, Assunção & Felfili (2004) encontraram 59% de
385 indivíduos com diâmetros inferiores a 10 cm e altura menor que 4 m, apresentando também
386 gráfico em forma de “J” invertido, sugerindo a criação de uma unidade de conservação de uso
387 indireto, para preservação de sua diversidade de espécies.
388 Na Resex Chapada Limpa, este alto número de indivíduos nas primeiras classes indica
389 que as espécies vêm se regenerando em resposta à degradação ocorrida há décadas atrás e isto
390 pode ser uma mudança de comportamento em decorrência da criação da Reserva. Ming et al.
391 (2002) lembram que “só é possível uma efetiva conservação de recursos genéticos vegetais in
392 situ se houver a conservação da cultura do povo local, que maneja esses recursos”.
393
394 Classes de altura e diâmetro dos indivíduos de bacuri
395 Os diâmetros das árvores de bacuri variaram bastante entre as áreas. Enquanto na
396 Chapada Limpa I a classe onde se verificaram indivíduos com maior diâmetro foi 77 > D >
397 87, com 2 indivíduos, no Riachão foi 67 > D > 77, 1 indivíduo, em Juçaral foi 57 > D > 67, 3
62
398 indivíduos, e na Chapada Limpa II, 37 > D > 47, com 3 indivíduos. As classes com maior
399 ocorrência da espécie nas áreas foram as três primeiras (7 > D > 17; 17 > D > 27; e 27 > D >
400 37), com 35, 56 e 41 indivíduos, respectivamente, 84,07% do total das amostras. Na área da
401 Chapada Limpa I, foram encontrados os maiores indivíduos da espécie (2), com 77,06 cm e
402 86,90 cm de diâmetro, cada um (Fig. 11).
403
404
405 Figura 11. Ponto médio das classes referente ao diâmetro dos indivíduos de bacuri amostrados.
406
407 A altura das plantas de bacuri registrada nas áreas estudadas variou entre 4 e 30 m. As
408 primeiras classes (4 < h < 7,25; e 7,25 < h < 10,5) concentraram 54,77% dos indivíduos de
409 bacuri amostrados nas áreas de vegetação. Os indivíduos mais altos foram encontrados na
410 Chapada Limpa I, com 27 e 30 m, e no Juçaral e Riachão, com 25 m cada um. Os dois
411 exemplares mais altos foram também os maiores da espécie em diâmetro, com 77,06 e 86,90
412 cm, respectivamente. Esses tamanhos indicam plantas ancestrais e que merecem maiores
413 estudos (Fig. 12).
414
63
415
416 Figura 12. Ponto médio das classes referente à altura dos indivíduos de bacuri amostrados.
417
418 Conclusões
419 1. Embora divididas para efeito de uso, não há diferenças em composição de espécies nas
420 áreas.
421 2. O estudo identificou as espécies Platonia insignis, Qualea parviflora, Vatairea
422 macrocarpa e Stryphnodendron coriaceum como as mais importantes sob o aspecto
423 ecológico.
424 3. As classes de altura e diâmetro revelam distúrbio e regeneração.
425 4. A composição geral da vegetação é característica do cerrado norte/nordeste e inclui
426 elementos típicos como Platonia insignis, Parkia platycephala e Curatella americana.
427 5. Não há espécies secundárias dominantes, o que indica alterações ambientais.
428 6. A composição florística e parâmetros fitossociológicos são reflexos de manejos
429 adotados há algumas décadas.
430
64
431 Agradecimentos
432 As autoras expressam seus agradecimentos ao Programa de Pós-Graduação em Agroecologia
433 pelo apoio financeiro com recursos da Capes/MEC. À professora Dra. Ariadne Enes Rocha e
434 aos professores Drs. Claudio Urbano Bittencourt Pinheiro e José Ribamar Gusmão Araújo
435 pelas contribuições. Aos extrativistas da Reserva Extrativista Chapada Limpa pela
436 colaboração e compreensão da importância desta pesquisa.
437
438 Referências
439
440 APG (Angiosperm Phylogeny Group) II. 2003. An update of the Angiosperm Phylogeny
441 Group classification for the orders and families of flowering plants: APG II. Bot. J. Linnean
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447 Brito, A.C. 2008 (not published). A etnoecologia como instrumentos de avaliação sócio-
448 ambiental: o caso do processo de criação da Reserva Extrativista da Chapada Limpa,
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450 do Maranhão, São Luís, MA, Brazil.
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492 Ming, L.C.; Hidalgo, A.F.; Silva, S.M.P. 2002. A etnobotânica e a conservação dos recursos
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496 Mueller-Dombois & Ellenberg. 1974. Aims and methods of vegetation ecology. New York,
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498
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499 Muniz, F.H. 2006. A vegetação da região de transição entre a amazônia e o nordeste:
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502 São Luís, Uema.
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504 Pereira, L.A.; Sena, K.S.; Santos, M.R. & Costa Neto, S.V. 2007. Aspectos florísticos da
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517 Silva, L.P.V.; Araújo, J.R.G. & Rocha, A.E. 2011. Levantamento florístico e fitossociológico
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521
522 Solorzano, A.; Pinto, J.R.R.; Felfili, J.M. & Hay, J.D.V. 2012. Perfil florístico e estrutural do
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524 26(2): 328-341.
USO E MANEJO DE PLANTAS NA RESERVA EXTRATIVISTA CHAPADA LIMPA,
CHAPADINHA/MA, COM ÊNFASE NO MANEJO DE BACURI
(Platonia insignis Mart.)
Resumo
Abstract
The Extractive Reserve (Resex) Chapada Limpa was established in 2007 in order to
preserve the cerrado biodiversity and protect traditional populations that have in the
extraction of bacuri one of their main sources of income. This study aimed
understands how these communities interact with environmental resources in the
place they live and how their management actions affect the Reserve conservation.
In the methodology, we defined that only the communities of the Reserve where
there is bacuri (Chapada Limpa I, Chapada Limpa II and Juçaral) would be studied.
All the extractivist workers from these communities were interviewed using the
69
Introdução
Metodologia
Santa Rita, São Martins, Estiva, Riachão, São Pedro, Severo e o Projeto de
Assentamento Rural (PA) Paiol (Ibama, 2010).
A caça, o extrativismo e a agricultura de subsistência caracterizam o modo de
vida dos camponeses dessa região. Também era praticada a criação extensiva de
pequenos animais, como suínos e caprinos, antes da criação da Reserva, mas por
ser considerada atividade de alto impacto para o bioma, o Plano de Manejo, que
está em processo de aprovação, somente permite a criação intensiva desses
animais, tornando a atividade inviável devido aos altos custos de manutenção,
considerada a capacidade econômica dos criadores locais (Ibama, 2010).
O principal rio de Chapadinha é o Munim, que tem os rios Iguará, Mocambo e
Preto como principais afluentes. Os tipos de solos predominantes, de acordo com
Costa et al. (2011), são: latossolo, argissolo, plintossolo e planossolo. O clima é sub-
úmido, típico do nordeste do estado, e oscila entre 28 e 30 ºC. A estação chuvosa
ocorre entre janeiro e junho e a estiagem, de julho a dezembro (Brito, 2008).
A Resex é composta por duas unidades de paisagem com suas respectivas
fitofisionimias vegetais: as matas de terra firme, onde se encontram cerrado stricto
sensu (chapada limpa ou bacurizal), mata secundária (capoeira, babaçuais e
carrasco), cerradão e mata seca; já a outra unidade de paisagem é o brejo, onde se
encontram buritizais, juçarais e andirobais (Brito, 2008).
Investigação etnobotânica
Resultados e Discussão
Unidade de
Produto Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun
paisagem
Bacuri 2 30 34 34 15 1
Murici 1 1 1 12 22 10 1
Babaçu 31 31 32 33 33 32 32 31 31 31 31 31
Terra firme
Araticum 1 1
Pitomba de leite 2 3
Pequi 2 2 2
Buriti 4 11 13 15 9 5 5
Brejo Bacaba 5 3 2
Juçara 4 13 13 13 9 3
Jaca 2 2 2 1
Cultivadas Manga 1 4 5 5 2
Caju 2 6 5 2
Além dos fins alimentares, muitas plantas também são utilizadas para fins
medicinais, energéticos, artesanais, cinegéticos e lenhosos/madeiramento. Foram
registradas 55 espécies citadas como úteis para alguma destas categorias, dentre
74
Tabela 2. Espécies mais citadas como úteis (categoria de uso, parte usada e número de citações)
Nº de
Etnoespécie Espécie Categoria de uso Parte usada
citações
Janaúba Himatanthus drasticus Medicinal Leite e raiz 34
Bacuri Platonia insignis Uso múltiplo Fruto 34
Babaçu Attalea speciosa Uso múltiplo Fruto 33
Mangaba Lafoensia pacari Medicinal Casca 30
Murici Byrsonima sp. Alimentícia Fruto 23
Buriti Mauritia flexuosa Uso múltiplo Fruto 15
Candeia Plathymenia reticulata Medicinal/Madeireira Casca 13
Juçara Euterpe oleracea Alimentícia Fruto 13
Sucupira Bowdichia virgilioides Medicinal/Madeireira Casca 12
Jatobá Hymenaea stigonocarpa Medicinal Casca e resina 10
Aroeira Myracroduon urundeuva Medicinal Casca 8
Açoita-cavalo Luehea sp. Medicinal Casca 8
Chapada Chapada
Manejo Juçaral %
Limpa I Limpa II
Limpeza da área/Roçagem 8 12 58,82
Queima controlada 6 17,64
Não faz nada 2 6 23,52
O manejo com fogo também expõe divergências entre eles. Alguns acreditam
que as queimadas contribuem, enquanto outros afirmam que a prática prejudica a
produção de bacuri.
“Essas queimada que todo ano acontece, ninguém sabe quem é o
autor do fogo, nunca ninguém sabe. Agora, só que faz bem pra
chapada, se sê um fogo que entre controlado e que o bacuri ainda
não tem inflorado, faz bem pra saúde dele, mas só que tem tempo
que, como no ano passado, botaram um fogo que caboclo fez foi
destruir os bacurizeiro grandão.”
L., 40 anos, Chapada Limpa I
não significando que o fogo seja benéfico para a planta. Os extrativistas que afirmam
que a queimada aumenta a produtividade do bacuri baseiam-se na resposta
fisiológica da espécie ao fogo, que estimulada por substâncias químicas (etileno e
amônia) encontradas na fumaça e pelo aumento de nutrientes no solo, acelera o
amadurecimento dos frutos (Heringer, Jacques, 2001).
Mesmo os que acreditam no fogo como elemento importante na produção dos
bacurizeiros sabem que nas épocas em que inicia a floração, o fogo pode colocar a
safra a perder. No entanto, foram verificados casos de queimadas descontroladas
nas épocas de floração e frutificação (Figura 2), contrariando os manejos citados
pelos informantes, o que pode ser justificado pelo fato de o Nordeste estar passando
pela mais severa estiagem das últimas décadas. A falta de umidade, de chuvas e as
temperaturas elevadas tornam frequentes queimadas descontroladas, nem sempre
provocadas intencionalmente.
Figura 2. Bacurizeiro em estágio de frutificação (A) e fruto abortado (B) após queimada na Resex
Chapada Limpa. Fonte: Arquivo pessoal, Loch VC.
“Duns quatro anos pra cá, pra gente juntar um bacuri, vou te contar...
Porque tem gente demais.”
F., 44 anos, Chapada Limpa I
Esse número não difere muito dos apresentados por Homma et al. (2007b),
onde 60% coletam entre 51 e 300 frutos/dia. Convém observar que os coletores
entrevistados pelos autores eram proprietários das terras em que habitavam (44%
com áreas de até 10 ha, 22% com áreas de 11 a 20 ha, 16% com áreas de 21 a 30
81
Conclusões
Agradecimentos
Referências
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da pesquisa. In: Albuquerque UP, Lucena RFP, Cunha LVFC (orgs) Métodos e
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69-123.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
ANEXOS
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da
o
Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 18 da Lei n 9.985, de 18 de julho de 2000, e o que
o
consta do Processo n 02012.000103/2006-60,
DECRETA:
o
Art. 1 Fica criada a Reserva Extrativista Chapada Limpa, localizada no Município de
Chapadinha, Estado do Maranhão, com uma área aproximada de onze mil, novecentos e setenta e
um hectares e vinte e quatro ares, com base cartográfica elaborada a partir das folhas SA-23-Z-C,
SA-23-Z-D, SB-23-X-A e SB-23-X-B, na escala 1:250.000, publicadas pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE, com o seguinte memorial descritivo: partindo do Ponto 01, de
coordenadas geográficas aproximadas 43°30’53”W e 03°56’25”S, segue-se por uma reta de azimute
de 91°00’00” e distância aproximada de 2.005,31 metros até o Ponto 02, de c.g.a. 43°29’48”W e
03°56’26”S; deste, segue por uma reta de azimute de 161°55’27” e distância aproximada de 1.680,96
metros até o Ponto 03, de coordenadas geográficas 43°29’31”W e 03°57’18”S; deste, segue por uma
reta de azimute de 128°17’43” e distância aproximada de 3.178,88 metros até o Ponto 04, de c.g.a.
43°28’10”W e 03°58’22”S, que coincide com a margem esquerda do Riacho do Fole; deste, segue por
uma reta de azimute de 197°58’02” e distância aproximada de 2.614,50 metros até o Ponto 05, de
c.g.a. 43°28’36”W e 03°59’43”S; deste, segue por uma reta de azimute de 229°02’33” e distância
aproximada de 654,46 metros até o Ponto 06, de c.g.a. 43°28’52”W e 03°59’57”S; deste, segue por
uma reta de azimute de 184°13’22” e distância aproximada de 431,17 metros até o Ponto 07, de
c.g.a. 43°28’53”W e 04°00’11”S; deste, segue por uma reta de azimute de 243°43’04” e distância
aproximada de 413,29 metros até o Ponto 08, de c.g.a. 43°29’05”W e 04°00’17”S; deste, segue por
uma reta de azimute de 261°51’05” e distância aproximada de 4.924,47 metros até o Ponto 09, de
c.g.a. 43°31’43”W e 04°00’40”S; deste, segue por uma reta de azimute de 251°34’04” e distância
aproximada de 3.188,05 metros até o Ponto 10, de c.g.a. 43°33’21”W e 04°01’13”S; deste, segue por
uma reta de azimute de 301°59’42” e distância aproximada de 3.487,82 metros até o Ponto 11, de
c.g.a. 43°34’57”W e 04°00’13”S; deste, segue por uma reta de azimute de 006°11’05” e distância
aproximada de 5.529,18 metros até o Ponto 12, de coordenadas aproximadas 43°34’38”W e
03°57’14”S; deste, segue por uma reta de azimute de 321°30’28” e uma distância aproximada de
1.335,14 metros até o Ponto 13, de c.g.a. 43°35’05”W e 03°56’40”S; deste, segue por uma reta de
azimute de 350°35’02” e uma distância aproximada de 1.681,66 metros até o Ponto 14, de c.g.a.
43°35’14”W e 03°55’46”S; deste, segue por uma reta de azimute de 329°01’23” e uma distância
87
aproximada de 1.972,30 metros até o Ponto 15, de c.g.a. 43°35’47”W e 03°54’51”S; deste, segue por
uma reta de azimute de 082°11’19” e uma distância aproximada de 1.339,11 metros até o Ponto 16,
de c.g.a. 43°35’04”W e 03°54’45”S, que contorna o norte da área denominada “Chapada” até o ponto
24; deste, segue por uma reta de azimute de 037°40’30” e uma distância aproximada de 1.163,63
metros até o Ponto 17, de c.g.a. 43°34’41”W e 03°54’15”S; deste, segue por uma reta de azimute de
030°21’17” e uma distância aproximada de 1.102,08 metros até o Ponto 18, de c.g.a. 43°34’23”W e
03°53’44”S; deste, segue por uma reta de azimute de 069°37’03” e uma distância aproximada de
1.053,73 metros até o Ponto 19, de c.g.a. 43°33’51”W e 03°53’32”S; deste, segue por uma reta de
azimute de 031°53’58” e distância aproximada de 2.927,06 metros até o Ponto 20, de c.g.a.
43°33’01”W e 03°52’11”S; deste, segue por uma reta de azimute de 148°33’31” e distância
aproximada de 1.297,51 metros até o Ponto 21, de c.g.a. 43°32’39”W e 03°52’47”S; deste, segue por
uma reta de azimute de 170°35’20” e distância aproximada de 1.307,60 metros até o Ponto 22, de
c.g.a. 43°32’32”W e 03°53’29”S; deste, segue por uma reta de azimute de 194°11’36” e distância
aproximada de 1.393,54 metros até o Ponto 23, de c.g.a. 43°32’43”W e 03°54’13”S; deste, segue por
uma reta de azimute de 134°12’01” e distância aproximada de 1.589,29 metros até o Ponto 24, de
c.g.a. 43°32’06”W e 03°54’49”S; deste, segue por uma reta de azimute de 150°14’21” e distância
aproximada de 1.734,81 metros até o Ponto 25, de c.g.a. 43°31’38”W e 03°55’38”S; deste, segue por
uma reta de azimute de 136°13’13” e distância aproximada de 2.002,76 metros até o Ponto 01, início
deste memorial descritivo, totalizando um perímetro aproximado de cinqüenta mil e oito metros.
o
Art. 2 A Reserva Extrativista Chapada Limpa tem por objetivo proteger os meios de vida e
garantir a utilização e a conservação dos recursos naturais renováveis tradicionalmente utilizados
pela população extrativista residente na área de sua abrangência.
o
Art. 3 Caberá ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico
Mendes administrar a Reserva Extrativista Chapada Limpa, adotando as medidas necessárias para
o
sua implantação e controle, nos termos do art. 18 da Lei n 9.985, de 18 de julho de 2000,
providenciando o contrato de concessão de direito real de uso gratuito com a população tradicional
extrativista, e acompanhar o cumprimento das condições nele estipuladas, na forma da lei.
o
Art. 4 Ficam declarados de interesse social, para fins de desapropriação, na forma da Lei
o
n 4.132, de 10 de setembro de 1962, os imóveis rurais de legítimo domínio privado e suas
benfeitorias que vierem a ser identificados nos limites da Reserva Extrativista Chapada Limpa, para
os fins previstos no art. 18 da Lei nº 9.985, de 2000.
o
§ 1 O Instituto Chico Mendes fica autorizado a promover e executar as desapropriações de que
trata o caput deste artigo, podendo, para efeito de imissão na posse, alegar a urgência a que se
o
refere o art. 15 do Decreto-Lei n 3.365, de 21 de junho de 1941.
o
§ 2 A Procuradoria-Geral Federal, órgão da Advocacia-Geral da União, por intermédio de sua
unidade jurídica de execução junto ao Instituto Chico Mendes, fica autorizada a promover as medidas
administrativas e judiciais pertinentes, visando a declaração de nulidade de eventuais títulos de
propriedade e respectivos registros imobiliários considerados irregulares, incidentes na Reserva
Extrativista Chapada Limpa.
o
Art. 5 Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
o o
Brasília, 26 de setembro de 2007; 186 da Independência e 119 da República.
CÓDIGO DE CONDUTA
Propósitos
O propósito deste Código de Ética é: (i) proteger e/ou mitigar os efeitos adversos da
pesquisa e relacionar os dados etnobiológicos que podem romper ou privar de seus
direitos, as populações indígenas, sociedades tradicionais e comunidades locais, de
seus costumes e estilo de vida próprio; e (ii) prover um conjunto de linhas guias,
princípios, normas e políticas para governar a conduta dos etnobiólogos e todos os
membros da SIE engajados ou dispostos a engajar-se em pesquisas, compilações e
uso de conhecimento tradicional ou coleta de flora, fauna ou qualquer outro
elemento proveniente de terras ou territórios pertencentes a comunidades
tradicionais. Espera-se que este Código de Ética sirva para guiar cientistas,
negociantes, políticos e outros, buscando parcerias significativas com populações
indígenas, sociedades tradicionais e comunidades locais.
Princípios
INSTRUCTIONS TO AUTHORS
• Scope
• Instructions to authors of papers to be submitted to
the Acta Botanica Brasilica
Scope
5. The names of the authors should have only the first letter
capitalized, below the title, and justified to the right.
References to footnotes should be in Arabic numerals, after
the authors’ names, indicating the complete address and data
and information about the work (part of a thesis etc.), where
necessary, after the title. The footnote should be separated
from the main text by a horizontal line.
1. Terrestrial plants
2. Orbicular leaves, more than 10 cm diam.
………………………….……2. S. orbicularis
2. Sagittal leaves, less than 8 cm diam.
………………………………………..4. S. sagittalis
1. Aquatic plants
3. White flowers
………………………………………………………………1. S. albincans
3. Red flowers…………………………………………………………………3. S.
purpurea
- Bibliographic references
- Within the text: first author, then the date. eg. Silva (1997),
Silva & Santos (1997), Silvaet al. (1997) or Silva (1993;
1995), Santos (1995; 1997) or (Silva 1975; Santos 1996;
Oliveira 1997).
- At the end of the article: the initial letter in capitals, and left
justified; in alphabetical and chronological order of the
authors; the names of journals and book titles should be
written in bold and in full. Examples:
For more details consult the most recent issues of the journal
or the internet link:www.botanica.org.br. and also the on
line articles in www.scielo.br/abb.
All the content of the journal, except where otherwise noted, is licensed under a Creative
Commons License
ANEXO D – Normas
ormas para publicação:
publicação Ethnobiology and Conservation
GUIDELINES
Guide for Authors
1. General
Manuscripts may be submitted only in American or British English (never a combination of both). It is
important that authors check whether all files (manuscript, figures, tables, etc.) have been duly sent.
Authors are requested to submit the names and emails of 3-5 3 5 potential referees working outside their
home institution(s). Authors may also indicate referees they would prefer not to review the manuscript.
Such suggestions will be regarded as a guide only and the Editors are under no obligation to follow them.
An Editor-in-Chief
Chief will select the most appropriate Editor to manage peer-review
review of each manuscript, and
authors must request a particular Editor.
In case of acceptance, authors must pay a fee, which is fully reverted to hosting maintenance and
improvements of the journal. The publication fee is USD 200.
2. Nomenclatures, non-English
English names, units and abbreviations
The species names should follow the international standard codes (e.g., International Code of
Botanical Nomenclature, International Code of Zoological Nomenclature). Use italics for non-English
words in the text, except in proper names. Non-standard
Non standard or uncommon abbreviations should be avoided,
but if essential they must be defined upon their first mention. Only SI units should be used.
3. Ethical considerations
Investigations
tigations with human subjects must state in the Methods section that the research followed
the guidelines of the Declaration of Helsinki and Tokyo for humans, and was approved by the institutional
human experimentation committee or equivalent, and that informed
informed consent was obtained.
Studies using experimental animals must state in the Methods section that the research was conducted
in accordance with the internationally accepted principles for laboratory animal use. For cases of wild
species collected, the license number of the collection must be provided, as well as the name of the
agency that granted the approval.
96
The absence of information about the ethical procedures of the work may result in rejection of the
author’s paper by referees and/or editors.
The authors should cite the institutions where the collected biological material was deposited. Especially
in the case of plants, it is necessary to also refer to the number of the collector or number of deposit of
each specimen.
Chemical formulas should be sent as figures. Simple equations (one line), if possible, should be
typed in the text (In these cases, use the solidus “/” for small fractional terms). “Powers of e” are often
more conveniently denoted by exp. Already complex equations should be sent only as figures. Please, do
not embed in text Microsoft© Mathematics™ equations, Microsoft© Office™ 2007/2010 equations or any
other equation originating from text editor tools that you use.
6. Types of papers
6.1. Short communication (SC). This is a brief manuscript with a concise but independent report,
representing a significant contribution. SC is not a way of publishing preliminary results. A SC should
possess up to 5 pages (according to the paper template) and follow the same structure as a full paper. A
maximum of 3 illustrations (figures or tables) are allowed.
6.2. Original research article. This paper should include the following items: Title page (with
Abstract), Introduction, Material and Methods, Results and Discussion, Conclusions, Acknowledgments
and References.
6.3. Review. This work addresses a subject that is related to the scope this journal. The authors
are free to establish the subdivisions of the review paper.
6.4. Hypothesis. A hypothesis article should present an untested original hypothesis backed up
solely by a survey of previously published results rather than any new evidence. Hypothesis articles
should not be reviews and should not contain new data. A hypothesis should possess up to 3 pages
(including references) in the format of submission. A maximum of 3 illustrations (figures or tables) are
allowed.
7. Text formatting
The file formats acceptable for the main manuscript document are docx(Microsoft© Word™ 2007 or
higher) or doc format (compatible with all versions of the MS Word™ and most other text editors – e.g.,
OpenOffice, LibreOffice/BrOffice).
Title Page
Author names and affiliations – Provide full author names. The authors’ affiliations should be placed
immediately below the list of authors. Indicate all affiliations with a lower-case superscript number
immediately after the author's name and in front of the appropriate address. Affiliations must have the
full postal address and e-mail address. The corresponding author should be indicated with a superscript
asterisk (*) after his/her affiliation number
Abstract: Insert an abstract up to 250 words in title page. The abstract should contain brief information
that addresses the study, with emphasis on the main results. Three to five keywords should also be
given after the abstract.
Sections
The main sections of the manuscript should be: Introduction, Material and Methods, Results and
Discussion (combined or separated), Conclusions and References. The headings should be indicated in
bold. If subsections are necessary, they shall have their headings highlighted in italics. Acknowledgments
of people, grants, funds, etc. should be placed in a separate section before the reference list. The names
of funding organizations should be written in full.
The title page and the sections should follow the example of arrangement and organization as
demonstrated in the template.
Tables
Number tables consecutively in accordance with their appearance in the text (e.g., Table 1,… Table 2).
Tables should also have a title (above the table) that summarizes the whole table. A detailed legend may
then follow, but it should be concise.
Tables should be formatted using the 'Table object' in MS Word™ processing program or equivalent to
ensure that columns of data are kept aligned when the file is sent electronically for review. Columns and
rows of data should be made visibly distinct by ensuring that the borders of each cell display as black
lines. Commas should not be used in place of decimal points. Color and shading may not be used; parts
of the table can be highlighted using symbols or bold text, the meaning of which should be explained in a
table legend.
The tables should be inserted in the text with the respective indications and information.
Larger datasets or tables too wide for a landscape page can be uploaded separately as additional files.
Additional files will not be displayed in the final, laid-out PDF of the article, but a link will be provided to
the files as supplied by the author.
98
Figures
Number the illustrations according to their sequence in the text. Use a logical naming convention
for your artwork files (Ex: For Figure 1, the file name can be Figure 1.tif).
For color or grayscale photographs (halftones): Use TIFF format and minimum of 300 dpi.
In other types of images use at least 600 dpi and choose the tiff format.
The figures should be inserted in the text with the respective indications and information. In addition, we
ask authors to send the figures in separate files.
Additional Files
Additional files should also be indicated in the text in sequential order (Add file 1, 2, ...) and
should be submitted in separate files with logical names (e.g., Add file 1.mpg, 2.xls Add file, etc. ..)
Similar figures, captions or legends for additional files must be specified after the references.
References
Citation
Citations must be organized in alphabetical order. Cite references in the text by name and year in
parentheses. Cite only the first author followed by "et al." for studies with three or more authors.
Different citations should be separated by a semicolon. If a citation includes sources by the same author,
published in the same year, distinguishing letters from the references (a, b, c, etc.) are used, separated
by a comma but no space.
Examples:
While zootherapeutic practices have wide geographical distributions and deep cultural origins (Alves et al.
2010; Cooper 2008),
…including use for treatment of diseases in humans and animals (Albuquerque et al. 2007; Barboza et al.
2007; Vieira et al. 2009a,b,c).
"Personal communication" will not be accepted as a reference. Citation of a reference as "in press"
implies that the item has been accepted for publication.
Reference list
The list of references should only include works that are cited in the text (published or accepted for
publication). Personal communications and unpublished works should only be mentioned in the text.
References should be listed in alphabetical order, with the mention of all authors in each study.
Journal article
Albuquerque UP, Lucena RFP, Monteiro JM, Florentino ATN, Almeida CFCBR (2006)Evaluating Two
Quantitative Ethnobotanical Techniques. Ethnobotany Research & Applications 4:51-60
Alves RRN, Rosa IL (2007a) Zootherapy goes to town: The use of animal-based remedies in
urban areas of NE and N Brazil. Journal of Ethnopharmacology 113:541-555.
Alves RRN, Rosa IL (2007b) Zootherapeutic practices among fishing communities in North and
Northeast Brazil: A comparison. Journal of Ethnopharmacology 111: 82-103.
Article by DOI
Kretser HE, Johnson MF, Hickey LM, Zahler P, Bennett EL (2012) Wildlife trade products available to
U.S. military personnel serving abroad. Biodiversity and Conservation doi: 10.1007/s10531-012-
0232-3
Alves RRN, Souto WMS, Mourão JS (2010) A Etnozoologia no Brasil: Importância, Status atual e
Perspectivas. 1 ed. NUPEEA, Recife, PE, Brazil
Berg BL (2001) Qualitative research methods for the social sciences. 14 ed. Allyn & Bacon - A
Pearson Education Company, Boston, USA
Book chapter
Stearman AM (2000) A Pound of Flesh: Social Change and Modernization as Factors in Hunting
Sustainability Among Neotropical Indigenous Societies. In: Robinson JG, Bennett EL (eds) Hunting
for sustainability in tropical forests. 1 ed. Columbia University Press, New York, pp. 233-250
Pellens R, Garay I, Grandcolas P (2009) Biodiversity conservation and canagement in the Brazilian
Atlantic Forest: Every fragment must be considered. In: Kudrow NJ (ed) Conservation of Natural
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Web page
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Gravlee L (2002) The Uses and Limitations of Free Listing in Ethnographic Research.
[http://gravlee.org/ang6930/freelists.htm] Accessed 30 December 2010
Swensson J (2005) Bushmeat Trade in Techiman, Ghana, West Africa. Undergraduate thesis,
Uppsala University, Uppsala, Sweden
Editors-in-Chief
ISSN: 2238-4782
101
1. Entrevistado: ____________________________________________________________________
2. Local de nascimento: _____________________________________________________________
3. Há quanto tempo mora aqui? ______________________________________________________
4. Onde morava antes? (Povoado, município, origem) _____________________________________
5. No que trabalhava antes? ____________________
(1) Agricultura
(2) Pecuária
(3) Extrativismo
(4) Outros _____________________________
6. Identificação dos integrantes da família:
*Agricultor, assalariado rural permanente, assalariado rural temporário, assalariado urbano, do lar,
comerciante, estudante, aposentado, outros.
Características da propriedade
Integrantes Atividades
Homem
Mulher
Jovens
Crianças
Idosos
102
PRODUTO J F M A M J J A S O N D
ROÇADO
ARROZ
MANDIOCA
MILHO
FEIJÃO
MELÂNCIA
INHAME
MAXIXE ...
EXTRATIVISMO J F M A M J J A S O N D
PEQUI
BACURI
BURITI
JUÇARA
BABAÇU...
11. Gastos:
12. Mão de obra familiar é suficiente para executar o trabalho? ( ) Sim ( ) Não
16. Listagem das principais espécies botânicas da propriedade fornecida pelo proprietário:
Categoria: madeira alto valor comercial (MVC), madeira construção rural/baixo valor comercial (MCR), madeira para lenha
(ML), comercial(MA), alimentação humana (H), alimentação animal (A), Alimentação da fauna (F), ornamental (O),
medicinal (M), condimento (C), artesanato (AR).
Hábito: ARB=arbusto; ERVA=erva; PALM=palmeira; LIA=liana; ARV=árvore.
Partes usadas: CAS=casca; FLO=flor; FLH=folha; FRU=fruto; LAT=látex; PLT=planta inteira; RAI=raiz; SEM=semente;
FLO*=inflorescência.
Modo de preparo: BAN=banho; CHA= chá (infuso ou decocto); GAR=garrafada; NAT=in natura; LAM=lambedor;
SUM=sumo; TIN=tintura.
Subsistema “Bacuri”
Manejo de bacurizais