Universidade Federal Do Amazonas Faculdade de Ciências Agrárias Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal
Universidade Federal Do Amazonas Faculdade de Ciências Agrárias Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal
Universidade Federal Do Amazonas Faculdade de Ciências Agrárias Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal
Manaus - Amazonas
Maio – 2018
MAIARA DOS SANTOS FERREIRA
Manaus - Amazonas
Maio – 2018
MAIARA DOS SANTOS FERREIRA
Manaus - Amazonas
Maio – 2018
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Ficha catalográfica
Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos
pelo (a) autor (a).
Dedico
À Deus
Ofereço
AGRADECIMENTOS
Às amigas: Kaila de Assis Cerdeira, por cuidar de mim como uma irmã no momento
que eu mais precisei, Catarina Labourè Picanço e Sabrina Vergínia da Silva Hollerverger, as
quais me abrigaram sempre que precisei.
E, por último, mas não menos importante, aos babies buffaloes, (meus bezerros búfalos),
os quais foram instrumentos deste trabalho.
Figura 1. Consumo de matéria seca (CMS) em quilogramas por dia ao longo do período
de comparação de búfalos confinados suplementados ou não com leveduras vi
vas .....................................................................................................................37
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 13
2. OBJETIVOS ......................................................................................................................... 15
2.1. Objetivo Geral....................................................................................................................15
2.2. Objetivos Específicos.........................................................................................................15
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..............................................................................................16
3.1. Caracterização da criação de bubalinos..............................................................................16
3.2. Requerimentos nutricionais de bubalinos...........................................................................17
3.3. Eficiência digestiva de bubalinos.......................................................................................20
3.4. Probióticos..........................................................................................................................23
3.4.1. Leveduras........................................................................................................................23
3.4.2. Saccharomyces cerevisiae...............................................................................................24
3.4.3. Efeito e ação da Saccharomyces cerevisiae na nutrição de ruminantes..........................25
3.4.4. Efeito da suplementação de levedura em bubalinos.........................................................29
4. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................. 31
4.1.Análise estatística................................................................................................................34
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 35
6. CONCLUSÕES.....................................................................................................................44
7. REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 45
Dissertação – Maiara dos Santos Ferreira 13
1. INTRODUÇÃO
As leveduras vivas são utilizadas na alimentação animal há mais de 60 anos, tendo seu
uso intensificado nos últimos anos. Estas são classificadas como organismos eucariontes
unicelulares do reino dos fungos. Existe mais de 500 espécies de leveduras catalogadas, dentre
elas a mais estudada em nutrição animal é a Saccharomyces cerevisiae, apresentando cerca de
2 terços, das 6.000 cepas, registradas (AA et al., 2006). As respostas observadas quanto à sua
utilização dependem da dosagem (nível de inclusão), cepa, dieta do animal, manejo alimentar
e características fisiológicas dos animais (NEWBOLD et al.; 1996; CHAUCHEYRAS-
DURAND et al.; 1997).
Apesar de haver inúmeros mecanismos de ação na tentativa de explicar seus efeitos no
desempenho de ruminantes, a ação de leveduras ainda não é clara o suficiente. Efeitos positivos
da suplementação com levedura viva sobre o ambiente ruminal, de modo geral, têm sido
atribuídos a mudanças na população microbiana, proporcionando aumento de bactérias
celulolíticas e bactérias consumidoras de ácido láctico (NEWBOLD et al., 1995;
CHAUCHEYRAS-DURAND; WALKERA; BACH, 2008), e também aumento na população
de protozoários no líquido ruminal (MIRANDA et al.,1996; CHUNG et al., 2011).
A suplementação com cepas específicas de leveduras vivas pode aumentar o consumo
de matéria seca (WOHLT et al., 1991; ERASMUS et al., 1992), a produção de leite
(WILLIAMS et al., 1991; PIVA et al., 1993), melhorar a colonização de partículas alimentares
no rúmen, acelerar o crescimento de bactérias celulolíticas e das utilizadoras de lactato
(CHAUCHEYRAS-DURAND; WALKER; BACH, 2008), estabilizar o pH ruminal (BACH et
al., 2007) e em digestibilidade da fibra (BITENCOURT et al., 2011), principalmente fibras de
baixa qualidade (GUEDES et al., 2008).
Chaucheyras- Durand et al. (2012), relatam que o principal fator benéfico de leveduras
vivas na digestibilidade fibra é a capacidade das células de levedura viva de reduzir o oxigênio
ruminal, fato esse que melhora o ambiente ruminal para outros microrganismos colonizarem e
realizarem a degradação de fibras. Desse modo, a adição de levedura viva estimula o
crescimento de bactérias que digerem carboidratos fibrosos no rúmen.
A maioria das pesquisas sobre a inclusão de leveduras vivas na dieta foram realizadas
em bovinos em crescimento e vacas em lactação. Muitos delas com resultados contraditórios
(WILLIAMS et al., 1991; WALLACE AND NEWBOLD, 1995; LESMEISTER et al., 2004;
BRUNO et al., 2009; BITENCOURT et al., 2011; SALVATI et al., 2015). Dentre os efeitos
Dissertação – Maiara dos Santos Ferreira 14
2. OBJETIVOS
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O búfalo (Bubalus bubalis) é uma das poucas espécies domésticas que não apresenta
tabelas bem estruturadas com as próprias exigências nutricionais, fato este que dificulta a
elaboração de dietas específicas para as diversas fases de produção que maximizem os
resultados produtivos.
Ao se tratar de requerimentos nutricionais de búfalos, as informações existentes na
literatura ainda são limitadas e muitas vezes desencontradas. As poucas referências disponíveis,
na maioria das vezes, acabam por basear-se em estudos realizados com bovinos
(BERNARDES, 2010). Grande parte de estudos a respeito da alimentação dos búfalos advém
de criações existentes em outros países, como a Itália (ZICARELLI, 2001), onde os animais
são criados em sistema intensivo, consumindo alimentos de alta qualidade nutricional, tendo
uma dieta composta com altos níveis de concentrados e volumosos à base de silagens de milho,
feno e azevém, e, através de estudos realizados na Ásia (PAUL; LAUL, 2010), onde a oferta
alimentar é muitas vezes a base de subprodutos agrícolas, entre os quais se destacam a palha de
arroz e trigo, e somente durante curtos períodos inclui-se os trevos nessa dieta (BERNARDES,
2010; BERNARDES, 2014). Atrelado a esse fato, os valores de exigências nutricionais podem
se apresentar de forma muito específica.
Os requisitos de nutrientes e consumo de matéria seca (CMS) de bubalinos, segundo
El-Nenaey et al. (1996) e Borghese et al. (2005), são influenciados diretamente por fatores:
Inerentes ao animal – idade, peso corporal e estado fisiológico (crescimento, gestação, lactação
etc.), e estado de saúde; Inerentes a dieta: alimentos utilizados na dieta e conteúdo nutricional
desses alimentos, estado físico, químico, qualidade higiênica e características de apresentação,
granulometria; e Inerentes ao ambiente: clima, temperatura, umidade do ar, horas de luz natural,
estresse, o sistema de alimentação e de água potável e higiene e estrutura do alojamento.
O CMS dos animais apresenta variação em relação ao teor de energia da dieta. O teor
de fibra de uma dieta pode alterar seu teor de energia e consequentemente consumo dos animais
através de limitação física e metabólica de consumo (ALLEN, 2000). Assim, as diferenças no
consumo individual dos alimentos refletem as variações na capacidade de uso desses alimentos,
sendo o consumo de matéria seca usualmente utilizado como consumo de energia bruta
(KEARL, 1982). Estudos indicaram que o CMS diário foi de 2.5-3.0% do peso corporal na
engorda de búfalos (STÅHL-HÖGBERG, 2003; ZICARELLI, 2004). Segundo LORENZONI
et al. (1986) o CMS para bezerros bubalinos é de aproximadamente 2,5% do PV. Ao comparar
Dissertação – Maiara dos Santos Ferreira 18
maturidade animal. Sendo assim, a manutenção do balanço de nitrogênio nos búfalos deve ser
proporcional à quantidade que permita o processo metabólico, a perda de fezes, crescimento,
produção e reprodução, devendo cada uma destas funções serem tratadas separadamente
(KEARL, 1982). Paengkoum et al. (2013), reportaram que a exigência de N para mantença de
búfalos em crescimento é de 0,75 g de N/kgPV0,75 (4,69 g de PB/kgPV0,75). Resultados
semelhantes a este tinham sido relatados em pesquisas anteriores (PAENGKOUM,2010;
TATSAPONG et al., 2010; TATSAPONG, 2009; PAUL; LAL, 2010; CHANTIRATIKUL et
al., 2009). Estudando a inclusão de níveis de PB nas dietas de búfalas em crescimento,
MACHADO et al., (2015) verificaram que o requerimento para mantença de búfalas em
crescimento nas condições brasileiras foi de 4,63 g PB/PV0,75 ou 0,74 g N/PV0,75.
Recentemente Prusty et al. (2016), ao avaliarem o efeito de níveis de proteína e energia
sobre a utilização dos nutrientes, encontraram por meio de equação de regressão exigências
diárias de PB para mantença de machos Murrah de 0,463 g/g GMD/kg PV0,75 e proteína
metabolizável igual a 3,95 g/kg PV0,75. Os autores ainda estimaram para mantença a exigência
de EM = 133,1 kcal g/kg PV0,75. Búfalos são capazes de utilizar de forma mais eficiente o
nitrogênio do que os bovinos, fazendo com que seus requerimentos proteicos para mantença
sejam menores.
Os búfalos sintetizam as vitaminas hidrossolúveis como B e C e vitaminas
lipossolúveis como a K, não havendo necessidade de suplementar. Entretanto, vitaminas A, D
e E devem ser obtidos externamente, pois não são sintetizadas no corpo, devendo assim serem
adicionadas à ração diária (FIEST, 1999; STÅHL-HÖGBERG, 2003). As vitaminas possuem
estreita relação com a vida reprodutiva dos bubalinos, como verificado por EZZO, (1995). O
fornecimento de 1000 UI de vitamina E, a partir de 30 a 60 dias pós-parto, já apresenta melhora
no desempenho reprodutivo (PANDA et al.; 2006).
Búfalos exigem pelo menos quinze minerais. Estes minerais são macrominerais como
cálcio (Ca), fósforo (P), magnésio (Mg), sódio (Na), cloro (Cl), potássio (K) e enxofre (S) e
microminerais como cobalto (Co), cobre (Cu), iodo (I), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdénio
(Mo), o selênio (SE) e zinco (Zn). O nível de suplementação de minerais para a ração deverá
ser definido com base na qualidade, quantidade e tipos de fibras (BULBUL, 2010). De acordo
com Kearl (1982), o sódio e o cloro são elementos essenciais na nutrição de búfalos, e podem
ser economicamente utilizados pela simples adição do sal comum na dieta. Os requerimentos
de Ca e P que são altamente dependentes da produção de leite, demandando 5,2 – 5,8 g de Ca
e 2,1 – 2,3 g de P para cada kg de leite produzido/dia (ZICARELLI, 1999). Durante a lactação,
Dissertação – Maiara dos Santos Ferreira 20
a relação Ca: P deve ser de 2:1, devido à grande perda de Ca por meio do leite (STÅHL-
HÖGBERG e LIND, 2003). Por falta de informações suficientes a respeito das exigências de
minerais para búfalos, com frequência, são adotadas as exigências descritas pelo NRC (2001)
para bovinos.
A distribuição geográfica e o longo tempo de evolução dos búfalos no mundo nos mais
diversos sistemas de manejo e alimentação influenciaram as características comportamentais,
fisiológicas e microbiológicas peculiares existentes em todo o trato digestório desses animais
(FRANZOLIN; ALVES, 2010).
Os bubalinos apresentam um trato gastrointestinal anatomicamente semelhante ao da
espécie bovina, mas com modificações no volume e proporção de cada segmento. O
comprimento total do trato digestivo dos búfalos tipo rio (2n=50) é de 60 metros
(BASTIANETTO; BARBOSA, 2009). Leao et al, (1985), Bastianetto; Barbosa, (2009) revelam
que o volume do complexo rúmen, retículo, é consideravelmente maior em relação aos bovinos,
onde o rúmen ocupa 88% do volume total do estômago. Esta característica lhes permite uma
maior capacidade de armazenamento ruminal até 10% a mais em relação a bovinos, já o omaso
e abomaso são menores em relação aos bovinos (LEAO et al., 1985; KENNEDY, 1995;
CALABRO et al., 2004, BASTIANETTO; BARBOSA, 2009). O intestino, mede em torno de
40 metros, e o ceco se apresenta em tamanho menor no búfalo (LEAO et al., 1985),
proporcionando maior taxa de passagem pós ruminal.
A frequência de movimentos ruminais nos búfalos é menor quando comparado aos
bovinos (BASTIANETTO; BARBOSA, 2009), o que determina uma lenta taxa de passagem
do alimento no rúmen (BARTOCCI et al., 1997; TERRAMOCCIA et al., 2000;
BASTIANETTO; BARBOSA, 2009; PAUL; LAL, 2010) com menor número de bolos
regurgitados por ruminação, maior tempo de retenção do alimento, maior ruminação
(KENNEDY, 1995; CALABRO et al., 2004) e maior ação da população microbiana sobre a
fibra alimentar que compõem as forragens (BASTIANETTO; BARBOSA, 2009).
A ingestão mais lenta, assim como a lenta taxa de passagem do alimento no rúmen,
promovem a atividade mastigatória mais eficiente, e, independentemente de seu estado
fisiológico, búfalos comem mais lentamente (PRADHAN; BHATIA; SANGWAN, 1997),
favorecendo a alta taxa de degradação da fração fibrosa no rúmen (JALALUDIN et al., 1992;
Dissertação – Maiara dos Santos Ferreira 21
SINGH et al., 1992; PUPPO; GRANDONI 1993; SETTINERI et al., 1993; FRANZOLIN;
DEHORIT, 1999). Bubalinos realizam a mastigação de forma demorada e intensa, exercendo
grande força sobre o alimento apreendido, promovendo maior fragmentação e exposição do
conteúdo celular vegetal, potencializando a ação microbiana enzimática. Isto é decorrente da
musculatura das bochechas (VEGA et al., 2010), mais desenvolvida que nos bovinos.
A população de determinadas espécies de bactérias no rúmen de búfalos tem sido
estudada, apresentando elevadas quantidades em diferentes condições de alimentação
(WANAPAT et al., 2000; PUPPO et al., 2002; WANAPAT; CHANTHAKHOUN, 2009).
Wanapat et al. (2000) estudaram a população microbiana no rúmen de bubalinos, e relataram
elevada população bacteriana (1,6 x108 células/mL), e elevada concentração de zoósporo de
fungos (7,30 x 106 células/mL). O número total de protozoários apresentou-se menor em búfalos
na maioria dos casos observados (FRANZOLIN; FRANZOLIN, 2000; WANAPAT et al.,
2000; WANAPAT, 2009; FRANZOLIN et al., 2010b). Bubalinos apresentaram maior
concentração de protozoários do gênero Diplodiniiae e menor do gênero Entodinium quando
foram alimentados com Panicum maximum (FRANZOLIN; DEHORIT,1999).
Wanapat; Pilajun (2009) observaram maior concentração da população de bactérias da
espécie Fibrobacter succinogenes que das espécies Ruminococus flavefacieus e Ruminococus
albus em búfalos do pântano recebendo dietas com duas fontes de energia e dois níveis de ureia
e Wanapat e Cherdthong, (2009) observaram o mesmo efeito em búfalos com dietas com quatro
níveis diferentes de relação volumoso: concentrado. A prevalência de bactérias produtoras de
gás é menor em búfalos (10%), o que significa uma menor produção de metano em búfalos
(SAINI; RAY, 1964; SEBASTIAN et al.,1970, RANJAN; KRISHNAMOHAN, 1977) e
consequentemente maior eficiência energética.
Os búfalos exibem um sistema digestivo contendo uma rica flora bacteriana,
apresentando alta capacidade de usar alimentos fibrosos (5 a 8%) maior que bovinos
(BASTIANETTO; BARBOSA, 2009), ou seja, maior atividade celulolítica (MUDGAL, 1988;
KENNEDY, 1995; TEWATIA; BHATIA, 1998; SEKERDEN, 2001; WANAPAT, 2001,
CALABRO et al., 2004). Isso representa maior capacidade fermentativa, que é resultado
adaptativo de anos de alimentação com dietas fibrosas e de baixa qualidade (SARWAR et al.,
2005). Esses animais possuem papilas ruminais mais desenvolvidas, aspecto que aumenta a
superfície de absorção dos produtos de fermentação ruminal (SIDENEY; LYFORD ,1993).
O pH ruminal de búfalos gira em torno de 6,28 e 6,78 (FRANZOLIN NETO et al.,
1990; SOUZA et al., 2000) quando búfalos são alimentados com dietas ricas em volumosos,
Dissertação – Maiara dos Santos Ferreira 22
podendo apresentar variação em função da alimentação oferecida ao animal. Alves et al. (2009)
observaram pH médio de 6,70 em búfalos recebendo níveis crescentes de milho na dieta,
variando de 0 a 49%, demonstrando um bom efeito tampão existente no rúmen. Esses mesmos
autores relataram que o pH no rúmen de bubalinos geralmente alcança o nível mais baixo entre
duas a seis horas após a alimentação, dependendo da natureza da dieta e da rapidez com que ela
é ingerida. O alto valor de pH ruminal em bubalinos é em decorrência da secreção salivar mais
intensa, maior poder tampão da saliva que flui para o rúmen (SIVKOVA et al., 1997). Esse pH
ruminal, próximo a neutralidade proporciona um ambiente ruminal adequado para o
desenvolvimento de bactérias celulolíticas.
As concentrações de ácidos graxos voláteis (ácidos acético, propiônico e butírico),
nitrogênio amoniacal, nitrogênio bacteriano e certos eletrólitos, como o potássio e cálcio,
apresentaram-se maiores no liquido ruminal de búfalos que no de bovinos submetidos à mesma
dieta na maioria dos estudos (TANDON et al.,1972; LUDRI; RAZDAN, 1982; PUNIA;
SHARMA, 1988; FRANZOLIN, 1994; FRANZOLIN, 2002). A maioria dos estudos
indicaram que a retenção de nitrogênio é maior em búfalos do que em bovinos no mesmo
nível de ingestão de N e de energia (SEBASTIAN et al., 1970; RANJHAN;
KRISHNAMOHAN, 1977; KENNEDY et al., 1992; HAYASHI et al., (2005).
Kurar e Mudgal, (1981), Kennedy et al. (1992), Souza et al. (2000) verificaram que
bubalinos apresentam melhor balanço de N, principalmente, quando estes foram alimentados
com dieta de qualidade inferior, indicando uma maior taxa de reciclagem de nitrogênio no
rúmen, sugerindo uma maior eficiência na utilização de nitrogênio. Segundo esses autores, os
bubalinos exigem menor quantidade de proteína para manutenção devido à baixa perda de
nitrogênio endógeno.
A produção de nitrogênio amoniacal no rúmen de búfalos depende principalmente da
quantidade e qualidade da proteína ingerida pelo animal associadas à disponibilidade de energia
da dieta e do tempo após a alimentação. Dessa forma, ampla variação tem sido determinada em
bubalinos nos mais diversos sistemas de alimentação. Valores ao redor de 7 mg/100 mL até
acima de 33 mg/100 mL foram relatados (MISRA; RANHOTRA, 1969; WANAPAT; PIMPA,
1999; MAEDA et al., 2007; ALVES et al., 2009). O pico da concentração de amônia no líquido
ruminal de búfalos tem sido observado de duas horas até 3,42 horas após o fornecimento da
dieta (SOUZA et al., 2000; MAEDA et al. 2007; ALVES et al., 2009). A concentração mínima
de N-NH3 para não limitar a síntese microbiana, observada por SATTER; SLYTER (1974), foi
de 5 mg/100 mL de líquido ruminal.
Dissertação – Maiara dos Santos Ferreira 23
3.4. Probióticos
3.4.1. Leveduras
Leveduras são organismos eucariotos unicelulares do reino dos fungos que fermentam
carboidratos e se reproduzem por brotamento ou esporulação (SANTOS; GRECO, 2012).
Inicialmente, a utilização de leveduras vivas na nutrição animal foi voltada exclusivamente para
suínos. O primeiro relato da utilização de levedura como suplemento alimentar para bovinos
data de 1925, em um experimento para aumentar a produção de leite, ofertando cerca de 25 g
de levedura por quilograma de leite produzido diariamente. Os autores do referido experimento
não constataram aumento da produção do leite (ECKLES; WILLIAMS, 1925). Desde então,
vários estudos têm sido realizados na busca de resultados positivos, que ainda é motivo de
discussão sobre os efeitos. O efeito da levedura parece estar mais relacionado ao tipo cepa
utilizada (NEWBOLD et al.; 1996; CHAUCHEYRAS-DURAND et al.; 1997). Atualmente,
Dissertação – Maiara dos Santos Ferreira 24
existem mais de 2000 cepas registradas no Instituto Louis Pasteur (França) para as mais diversas
funções (FRANÇA; RIGO, 2011).
Comumente, os produtos comerciais contendo leveduras podem apresentar sua
composição uma concentração superior de leveduras vivas em relação às mortas, ou mesmo
apresentar-se numa combinada mistura de proporções diferente de leveduras vivas e mortas
num meio de cultivo denominado de meio de cultura de leveduras (CHAUCHEYRAS-
DURAND, WALKER, BACH, 2008). Esse meio de cultura contém leveduras viáveis,
representando menor quantidade de células metabolicamente ativas em comparação com
produtos contendo leveduras vivas (LYNCH; MARTIN, 2002).
As culturas de leveduras têm a capacidade de alterar a fermentação ruminal,
principalmente pelo fornecimento de fatores estimulantes do crescimento e metabolismo
bacteriano (ácidos dicarboxílicos, principalmente o ácido málico) e pelo consumo do oxigênio
do ambiente ruminal (MARTIN; NISBET, 1992).
são os mecanismos de ação propostos para explicar os efeitos da sua adição à dieta de
ruminantes sobre a melhora do desempenho animal (SANTOS; GRECO, 2012).
Vários produtos à base de levedura S. cerevisiae suplementados na alimentação de
ruminantes têm mostrado impacto como aumentos na produção de leite, ingestão de alimentos
(LEHLOENYA et al., 2008; WILLIAMS et al.,1991), digestão, ganho de peso, valor de pH
ruminal (JOUANY et al., 1998; BACH et al., 2007; MARSOLA et al., 2010; MORAIS et al.,
2011) no ecossistema ruminal, concentração de ácidos graxos voláteis (KUMAR et al., 1994;
KUMAR et al., 1997; DENEV, 2006; SINGH et al., 2008; ULLAH, 2017; RABEEB, 2017),
pode provocar alterações na razão acetato/propionato (PIVA et al., 1993; ZEOULA et al.,
2008), aumentar o fluxo de proteína microbiana para o intestino delgado (ERASMUS et al.,
1992; WALLACE, 1992; KAMALAMMA et al., 1996) e ainda, sendo benéfica em condições
de estresse fisiológico, como no início da lactação ( DANN et al. 2000; WOHLT;
FINKELSTEIN; CHUNG, 1991), ou durante estresse térmico (BRUNO et al., 2009;
MOALLEM et al., 2009), reduzindo a temperatura retal de vacas leiteiras, atuando como um
mecanismo de ação sobre a função termorregulatória (SHWARTZ et al., 2009), e atuar com
resposta imune (FRANKLIN et al., 2005; GALVÃO et al., 2005).
Trabalhos publicados relatam efeitos benéficos da utilização de leveduras na nutrição
de ruminantes entre 7 e 8% (DAWSON, 2000), chegando até 8,4%, de aumentos em ganho de
peso e produção de leite, como relatado por Gunter (1989), em um experimento com vacas
leiteiras alimentadas com silagens de milho.
Segundo Santos e Greco (2012), o efeito das leveduras vivas é dado por alterações no
ambiente ruminal, modificando a população microbiana, promovendo o crescimento de
microrganismos celulolíticos e de consumidores de ácido lático. Estas últimas apresentam
efeito com a presença direta de S. cerevisiae no líquido ruminal (CHAUCHEYRAS et. al.,
1996). Efeito este preventivo à acidose ruminal (BERCHIELLI et al., 2011), pois, normalmente,
a acidose ruminal é desencadeada em pH abaixo de 5,8 (PLAIZIER et al., 2009) e associada ao
aumento de lactato, e, como a ação das leveduras estimula o crescimento de bactérias
utilizadoras de ácido lático, estas bactérias reduzem a produção de lactato até a sua conversão
a propionato, mudando as proporções de ácidos graxos de cadeia curta, diminuindo a produção
de metano. Desse modo, o seu uso pode ocasionar a estabilização do pH ruminal (NEWBOLD
et al., 1995; BACH et al., 2007) e, consequentemente, reduzindo a incidência de acidose
ruminal.
Dissertação – Maiara dos Santos Ferreira 27
observaram que o pH ruminal foi mais estável na ausência da levedura, dietas exclusivas em
forragens. Entretanto, Al Hibraim et al., (2010), utilizando leveduras vivas para suplementar
vacas leiteiras, não obtiveram influências sobre o pH médio e nem sobre a concentração de
ácido lático ruminal.
Estudos têm relacionado a suplementação de S. cerevisiae à estabilização do pH
ruminal, ou seja, prevenindo oscilações de pH ruminal, principalmente em ditas ricas em
concentrado (WALLACE, 1994). Enquanto que os efeitos de S. cerevisiae sobre o pH em dietas
contendo alta inclusão de forragem parecem ser mais discretos, uma vez que essas dietas não
promovem grandes oscilações de pH ao longo do dia (GUIMARÃES et al., 2015).
Ullah et al., (2017), utilizando diferentes níveis de cultura de levedura viva na dieta
de búfalos não reportaram aumento da ingestão de matéria seca, mas reportaram maior
digestibilidade de Matéria seca, Proteína Bruta, Fibra em detergente neutro e Fibra em
detergente ácido, com consequente aumento de microrganismos benéficos ao rúmen.
Outras pesquisas têm relacionado benefícios da suplementação de levedura no âmbito
fisiológico de búfalos, promovendo aumento significativo dos níveis dos hormônios T3 e T4,
que levam ao aumento de síntese de proteína corporal e de biossíntese de gordura (HABEEB,
2017). Esse autor relacionou melhoria na fertilidade, redução da incidência de retenção de
placenta, (ABDEL-KHALEK et al., 2009), maior taxa de concepção, refletindo em menor
intervalos entre partos, maior resposta imune, alta síntese de vitaminas do complexo B,
oligoelementos, melhorando o ganho de peso e utilização de alimentação.
Dissertação – Maiara dos Santos Ferreira 31
4. MATERIAL E MÉTODOS
A proteína bruta (PB) foi analisada por um destilador a vapor do tipo Micro Kjeldhal
(AOAC,1975), o extrato etéreo (EE) segundo o AOAC (1990), e as cinzas por incineração da
amostra a 550ºC por 8h. O teor de FDN foi analisado por um determinador de fibra TE-149
(Tecnal Equipamentos para Laboratórios, Piracicaba, SP), utilizando sulfito de sódio e amilase.
O peso vivo, o escore de condição corporal (ECC), o perímetro torácico e as alturas na
cernelha e na garupa dos bubalinos foram determinados nos dias 13 e 14 da padronização e a
cada sete dias da comparação. O ganho diário de peso foi calculado semanalmente no período
de comparação pela diferença entre os pares de determinações intervaladas de sete dias. O ECC
foi avaliado visualmente em escala de 1 a 5, sendo 1 representativo de magro e 5 de gordo
(WILDMAN et al., 1982), por três avaliadores independentes para obtenção da média por
animal.
Dissertação – Maiara dos Santos Ferreira 33
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
que os valores reportados na literatura. Ramalho et al., (2013) reportaram valores de perímetro
torácico de 194,90 cm em búfalos Mediterrâneo castrados e 190,10 inteiros. Carneiro (2008)
encontrou estimativa de média de perímetro torácico de 188,4 cm em búfalos Mediterrâneo com
maturidade fisiológica de primeira dentição.
El-Ashry et al., (2003), onde a concentração de ureia não foi significativamente afetada com
suplementação de levedura. De acordo com Guia (2000), a concentração de NUP, normalmente
situa-se entre 6 a 27 mg/ dL para ruminantes.
9,0
8,5
8,0
7,5
CMS, Kg/dia
7,0
6,5
6,0
5,5
5,0
4,5
4,0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38
Dias
Figura 1. Consumo de Matéria seca (CMS) em quilogramas por dia ao logo do período de
comparação de búfalos suplementados (-•-) ou não (-▪-) com leveduras vivas
Níveis de NUP entre 11 e 15 mg/dL foram relacionados às altas taxas de ganho para
bovinos em fase de recria, segundo Byers e Moxon (1980), citado por Hammond (1997). De
acordo com os mesmos autores, concentrações inferiores a 7 mg/dL indicaria uma deficiência
da proteína dietética em relação ao consumo de energia digestível. Oliveira et al. (2001)
consideraram que concentrações de NUP de 19 a 20mg/dL seriam indicativos de que os animais
não utilizam boa parte do nitrogênio consumido.
Normalmente, médias altas de NUP estão associadas a dietas com elevados níveis de
proteína degradável no rúmen, juntamente com a falta de quantidades de matéria orgânica
fermentável no rúmen. Todavia, quantidades mais elevadas de (Proteína não degradável no
rúmen) PNDR, assim como de (Proteína degradável no rúmen) PDR, podem gerar a mesma
condição, pois excessos de nitrogênio, tanto de origem ruminal como pós-ruminal, são
eliminados do organismo pelo mesmo processo de síntese hepática de ureia (ROSELER et al.,
1993).
Dissertação – Maiara dos Santos Ferreira 38
20
19
18
17
NUP, mg/dl
16
15
14
13
12
11
10
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Horas após a primeira alimentação
Figura 2. Nitrogênio uréico no plasma de búfalos confinados suplementados (-•-) ou não (-▪-)
com leveduras vivas.
Dissertação – Maiara dos Santos Ferreira 39
105
100
95
90
Glicose, mg/dl
85
80
75
70
65
60
55
50
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Horas após a primeira alimentação
Figura 3. Glicose plasmática de búfalos confinados suplementados (-•-) ou não (-▪-) com
leveduras vivas
Ashry et al., (2001b) e Reddy, (2014) não encontraram efeitos da suplementação de cinco
gramas de levedura sobre a digestibilidade de nutrientes – MS, MO, FDN, FDA- em búfalos.
No entanto, El- Ashry et al., (2001a) suplementando búfalas em lactação com cinco gramas de
levedura observaram melhora no coeficiente de digestibilidade de fibra bruta, matéria orgânica,
proteína bruta, extrato etéreo. A mesma tendência foi registrada para proteína bruta digestível.
Tabela 3. Digestibilidade aparente dos nutrientes no trato digestivo total de búfalos confinados
e suplementados ou não (controle) com leveduras vivas.
Levedura Controle EPM1 P
2
MS 54.3 58.3 1.29 0.05
MO 53.6 58.0 1.38 0.05
FDN 18.6 22.5 1.06 0.52
MOnFDN 35.08 35.5 3.30 0.93
EE 84.9 81.9 4.14 0.62
1
EPM= Erro Padrão da Média. 2 MS= Matéria seca. MO= matéria orgânica. FDN= Fibra em detergente neutro.
MOnFDN= Matéria orgânica não –FDN. EE-Extrato etéreo.
Srinivas Kumar et al. (2010) ao conduzirem um ensaio com 12 vitelos búfalos Murrah
suplementado com S. cerevisiae – cepa CNCM I - 1077 - 0,25 g/animal/dia, reportaram maior
digestibilidade da MS, EE e FDN (P<0,05), MO, PB, FB, FDA e FDN (P<0,05) que
aumentaram significativamente com a suplementação de levedura quando comparado com a
dieta controle. Em outro estudo, com 12 bubalinos Murrah, para estudar o efeito da
suplementação com cultura de levedura – S. cerevisiae (0,5 g/animal/dia - 1,5 x 108 UFC)
Srinivas Kumar et al., (2011), reportaram que a ingestão de matéria seca (kg/100 kg de peso
corporal), digestibilidade de PB, NDT, digestibilidade de nutrientes e frações de fibra bruta não
foram afetados pela suplementação de leveduras em comparação com a dieta controle. A
digestibilidade é afetada pela composição dos alimentos e da ração, preparo dos alimentos,
fatores dependentes dos animais, nível nutricional (MCDONAL et al., 1993, citado por
DUTRA et al., 1997) e fatores ambientais como estresse pelo calor, os quais limitam o consumo
voluntário para diminuição de calor endógeno.
Resultados encontrados na literatura reportam que a adição de 0,25 a 5g/animal/dia
promove melhorias na performance de bezerros búfalos (ZEOULA et al., 2008; SRINIVAS
KUMAR et al., 2010; ZEOULA et al., 2011; ZEOULA et al., 2014), levando a crer que a adição
de 10g/animal/dia (2x1010 UFC) de levedura (S. cerevisiae) pode ter sido elevada, o que pode
limitar o consumo, reduzir a digestibilidade de nutrientes e, consequentemente afetar o ganho
Dissertação – Maiara dos Santos Ferreira 41
de peso diário. Segundo, Zeoula et al. (2008), o uso de leveduras na alimentação de ruminantes
tem sido cogitado em pequenas quantidades como aditivo.
O desempenho dos búfalos suplementados ou não com leveduras vivas estão
apresentados na tabela 4. Não houve diferença no peso vivo inicial (PVI), mostrando que os
animais foram adequadamente blocados. O peso vivo final (PVF), rendimento de carcaça (%)
e peso de carcaça (kg) apresentaram aumentos numéricos, mas não estatisticamente
significativos.
O ganho de peso total dos búfalos não respondeu ao tratamento com a levedura. No
entanto, o ganho de peso diário apresentou uma tendência de redução (P=0.07) com a adição
de levedura em relação ao tratamento controle. Essa tendência de menor ganho de peso, pode
ser explicada devido à redução da digestibilidade da matéria orgânica (Tabela 3.). Respostas
relacionadas ao crescimento com a suplementação de levedura se apresentaram de forma
variada, desde nenhum efeito significativo no ganho médio diário até aumentos de mais de 20%
(HABEEB, SALEH, EL-TARABANY, 2017). Uma explicação plausível estaria na dose de
levedura fornecida, superior a maiorias dos trabalhos citados, a cepa utilizada, a dieta animal,
manejo alimentar e características fisiológicas dos animais (NEWBOLD et al.; 1996;
CHAUCHEYRAS-DURAND et al.; 1997) e, até mesmo estresse térmico, os quais podem ter
contribuído para a redução numérica do CMS, afetando o ganho diário de peso.
Panda et al., (1995) verificaram que o ganho médio diário de bezerros búfalos machos
que receberam uma dose 10g diária de levedura (S. cerevisiae) foi maior do que o controle
(478±40 vs 339±28 g). Malik e Bandla, (2010), ao suplementarem bezerros búfalos com S.
cerevisiae (3×109 UFC/ kg MS), obtiveram ganhos de peso corpóreo final de 4% e 12% em
Dissertação – Maiara dos Santos Ferreira 42
relação ao tratamento controle. EL Ashry et al. (2001b) verificaram que a adição de cultura de
levedura na dieta de bezerros búfalos aumentou, numericamente, de 678,4 a 744,6 g o ganho
diário de peso em um experimento, que se estendeu por 9 meses. Vale ressaltar que diferenças
em ganho de peso, embora pequenas, podem representar muito em grandes empreendimentos
de confinamento. Animais com maior ganho de peso são terminados mais rapidamente e
diminuem os custos com alimentação.
O rendimento de carcaça (%) e peso de carcaça (kg) dos búfalos (Tabela 4.)
apresentaram aumentos numéricos quando suplementados com levedura em relação ao
tratamento controle, muito embora não haja valor estatístico significativo para sustentá-los. De
acordo com Oliveira (2000), os búfalos são animais capazes de transformar grandes quantidades
de alimentos fibrosos em carne, apresentando um grande potencial para ganho de peso, boa
relação músculo: ossos e proporção adequada de gordura corporal e rendimento de carcaça. É
importante ressaltar que rendimento de carcaça de animais de diferentes raças bubalinas sofre
influência direta dos pesos da cabeça, couro e trato gastrointestinal (JORGE et al.,1997), o que
significa que os mais baixos rendimentos de carcaça verificados neste estudo, e de modo geral
nos bubalinos, é uma consequência, principalmente, dos maiores pesos de couro e cabeça,
apresentados por esses animais (JORGE, 1993).
O rendimento de carcaça de bubalinos apresenta variação de 49,2% a 54,3%, que é
considerado bom (JORGE et al., 1997c; MATTOS et al., 1997; MACEDO et al., 2000;
FRANZOLIN; SILVA, 2001; JORGE et al., 2002; JORGE et al., 2003; RODRIGUES et al.,
2003; VAZ et al., 2003; CALIXTO, 2004; JORGE et al., 2005) sendo que essa variação ocorre
devido às influências citadas anteriormente sobre o rendimento de carcaça. Jorge et al. (2003)
estudando diferentes raças de bubalinos, constataram diferenças de rendimento de carcaça entre
as raças, sendo que para a raça Murrah o rendimento foi de 53,1%, para a Jafarabadi de 54,4%
e para a Mediterrâneo 54,3%. Macedo et al. (2000) observaram rendimento de carcaça quente
de 50,81% para bubalinos Mediterrâneo não castrados e de 51,5% para bubalinos castrados
terminados em confinamento, enquanto que para animais em regime de pastagem os
rendimentos foram de 48,9% e 49,2% para não castrados e castrados, respectivamente.
Os rendimentos de carcaça encontrados nesse experimento foram de 44,5% e 43,5%
para levedura e tratamento controle respectivamente (Tabela 4.), evidenciando que o uso de
levedura não afetou os rendimentos de carcaça. No entanto, esses valores se apresentam
menores aos reportados em maior parte na literatura. Para Jorge; Andrighetto, (2005), ao se
abater animais de grupos genéticos que diferem quanto ao peso à maturidade, a um peso
Dissertação – Maiara dos Santos Ferreira 43
constante, os animais dos grupos genéticos de menor porte estarão com maior grau de
acabamento e este é um fator que afeta o rendimento de carcaça. Em outros casos, ocorre grande
variação entre pesos de animais e o efeito de raça confunde-se com o efeito que peso corporal
tem sobre o rendimento de carcaça (JORGE, 1999). O menor rendimento de carcaça de nosso
experimento pode ser explicado pela menor idade dos animais, em torno de 14 meses ao abate.
A suplementação com levedura aumentou numericamente o tempo gasto com
ruminação, porém apresentou uma redução no tempo gasto com ingestão (Tabela 5.), não
evidenciando efeito significativo na atividade mastigatória.
5. CONCLUSÕES
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