Apostila de Improvisação - Ademir Junior
Apostila de Improvisação - Ademir Junior
Apostila de Improvisação - Ademir Junior
• Escala Maior
• II-V-I
• Escala Diminuta
• Out Side
• Escala Pentatônica
• Superposição de Acordes
• Estilos
• Nota final
No nível básico será mostrado a parte teórica e o sistema de escalas usadas na improvisação.
O nível médio desenvolverá a pratica das escalas na música popular e o uso de playbacks nos quais o aluno terá
participação ativa e onde também será analisado toda forma de improvisação.
O nível avançado tem objetivo de desenvolver uma fina percepção por parte do músico de forma melódica, harmônica
e rítmica. Serão mostradas as mais diversas formas de desenvolvimento de solos e a liberdade dentro de cada estilo.
Estão contidos nessa a apostila os trabalhos de duas apostilas que desenvolvi entre 2005 e 2006.
Desejo a todos que amam a improvisação, que sejam ousados, pacientes, perseverantes, visionários,
determinados, inspirados e acima de tudo gratos ao nosso Deus que nos dá a capacidade de respirar,
nos movimentar, sentir, pensar e que também permite que tudo em nós funcione para o
aperfeiçoamento do dom que ele deu a cada um.
Que cada dia de estudo seja uma viagem ao planeta musica que está em cada um de nós.
Modo avançado
Ademir Júnior
Curso de improvisação
Modo avançado
Conteúdo
• Domínio de escalas
• Notas evidentes
• Sons modais
• Imagens musicais
• Estilo e Liberdade
Introdução:
Esse conteúdo é uma seqüência do nível técnico de improvisação que está no primeiro
volume.
Aqui a minha intenção não é técnica somente, mas de aguçar a criatividade e o bom
raciocínio de cada músico na improvisação.
A parte principal são os gráficos e o trabalho de imagens musicais, que para muitos
será de grande valia.
Passamos muito tempo pensando em notas e escalas, mais elas não são o foco final, e
por não enxergar muito a frente perdemos longos anos de estudo.
Deve-se ter um alvo maior para se fazer música. A música é ferramenta de linguagem
universal e humana e fala coisas que a retórica não fala. Chega aonde os recursos da
ciência ainda não chegaram. A música em si tem um poder muito grande sobre os
homens. Alegra, entristece, traz boas e más recordações, une povos, e muita das
vezes pode trazer guerra entre etnias e nações.
Tem o poder também de curar sentimentos, e em algumas vezes ferir sentimentos.
Como improvisador você tem uma oportunidade impar de fazer alguma coisa boa nesse
mundo. Se olhar dessa forma entenderá que não são apenas escalas e harmonias que
interessam, mas existem coisas mais profundas para si viver na música.
As ferramentas estão em suas mãos, você é o comunicador, prepare o vocabulário e as
intenções do coração, pois milhares de pessoas poderão ouvir a sua voz e tomar um
novo rumo em seus corações e em suas atitudes.
Fale pelo coração ao tocar! Pense, projete bons solos, e analise os que não foram tão
bons, o mundo da improvisação está de portas abertas para te mostrar coisas novas
também, coisas que não são apenas improvisos, mas virtudes espirituais que foram
permitidas para que você entendesse o verdadeiro sentido da vida.
Domínio de escalas
Escalas porque toda passagem melódica está inserida num contexto harmônico e para cada acorde existe
uma ou mais escalas para se tocar uma melodia.
Arpejos e intervalos porque as melodias são criadas com base neles e sem eles não é possível criar sons
ordenados.
Sendo assim tudo que se faz na improvisação é por meio dessas três ferramentas. Observe esse fraseado:
Nesse solo foi usado basicamente arpejos da escala maior. Arpejos menores e maiores e uma seqüência de
passagens que podemos notar que pertencem a alguma escala.
Nos compassos 8, 10, 27 e 32 veja que é usada uma escala de acordo com a harmonia do momento.
Nos compassos 33 e 34 é usado um arpejo para cada acorde.
No compasso 23 o acorde é de Db7M e ele faz um arpejo de Bbsus. Esse arpejo é o 6° grau de Db e pode
ser aplicado pois suas notas estão dentro da escala do acorde.
Existem músicas como essa acima que o músico deverá fazer uma boa ginástica de escalas e arpejos para
improvisar.
Nas músicas que exploram o II-V-I menor e maior e nas músicas modais a mudança de centro tonal é
comum, sendo assim não há como improvisar se não tiver um bom domínio de escalas.
Para cada centro tonal é usada uma escala. (Veja os exercícios para esse domínio na apostila numero 1)
Uma das escalas mais complexas para se estudar é a diminuta. Formada por 8 notas essa escala gera sons
não tão convencionais mas é de grande riqueza intervalar e harmônica.
Ela só tem dois graus. Um dominante e o outro diminuto. No dominante encontramos acordes maiores,
menores, meio diminutos, dominantes e menor e maior com 6.
Notas evidentes
Em toda harmonia existem notas que são comuns de acorde para acorde.
Se compararmos a escala de um acorde com outra veremos que normalmente existem notas evidentes ou
comuns entre as duas escalas.
São essas notas que facilitam o repouso nas passagens e a conexão de um acorde para o outro.
Funciona assim:
Dm7 C7M(#11)
F#
F C, D, E,
G, A, B
As notas que estão no meio pertencem tanto a escala do acorde de Dm7 quanto a escala do acorde de
C7M(#11). Na passagem do acorde essa seis notas estarão disponíveis para repouso ou para uso sem
preocupações. Vamos a outro exemplo:
Nesse exemplo o E, G, e A são evidentes em toda harmonia. Pode ser trabalhar essas três somente sem
usar outras. Veja:
A melodia ficou bem simples. Agora vamos à mesma harmonia com outro sentido de notas.
Note que apesar de aparecer outras notas, as notas evidentes aparecem em todas as passagens
propositadamente.
Isso só é possível por causa dos intervalos gerados na escala. Dá assim ao músico uma rica oportunidade
para improvisação e superposição de sons e acordes. Ex:
Cromatismo
É um ótimo tempero para o improviso. Tira a monotonia das notas certas dentro da escala e enriquece as
melodias.
2. O cromatismo deve ser feito observando ou se apoiando nas notas da escala do acorde.
3. Não há limites para criação no cromatismo, porém deve-se observar sempre o final de cada frase
para não acabar fora das notas da escala.
4. Uma boa pratica de cromatismo trará os melhores meios de se aplicar esse recurso tão eficiente.
Sons modais
Assim como em cada acorde existe uma nota característica, cada modo também tem sua nota
característica.
Nos acordes maiores e menores as notas principais são as terças.
O que diferencia o primeiro do quinto grau é a sétima.
Quando se toca música tonal o quarto grau do acorde de C7M é evitado, porém quando a música é
modal esse mesmo grau é evidenciado para caracterizar o modo Jônio.
O mais importante é usar essas notas e formar linhas melódicas em que elas sejam evidenciadas.
Pratica essas duas estruturas. A primeira nos modos jônio e lídio e a Segunda nos modos dórico e
frígio.
Gráficos de melodia, harmonia e ritmo
Cada músico tem características individuais na improvisação. Alguns trabalham mais melodias, outros
ritmo e outros harmonia.
Agora entramos numa área pouco observada pelos músicos quando estão improvisando. É comum
pensar em grande seqüência de semicolcheias ou em lindas melodias, ou até mesmo em divisões
rítmicas, porém trabalhar Ritmo, melodia e harmonia com equilíbrio num solo não é uma tarefa fácil.
Não se faz uma boa casa sem um plano de arquitetura. É preciso conhecer medidas, possibilidades,
o terreno e estruturas para construir uma boa casa. Um bom alicerce dá margem a uma bela casa.
Os adornos vêm somente no fim. Tudo é feito com paciência e cálculos para não se formar um
desastre.
Assim é na improvisação. Quanto melhor elaborado for o plano, melhor será o resultado.
Ai vai: Projete o solo antes dele acontecer. Não será fácil, mas se praticar muito poderá se obter
grandes resultados.
Plano horizontal
Podemos entender o gráfico de um solo de forma horizontal ou de forma vertical. No horizontal vemos
o que foi feito em todo solo como densidade sonora e clima obtido com os músicos que o
acompanham. Ex:
Talvez esse seja uma das formas mais praticadas pelos solistas. Característica de um solo quente e bem
elaborado. Lembre-se que tudo isso só é possível com o entrosamento dos músicos e a capacidade que
o solista tem de influenciar a cozinha que o acompanha.
Aqui o solista entrega num clima tranqüilo para o próximo.
Aqui o solista pega quente e continua no mesmo clima não decrescendo. É difícil manter o mesmo
clima sendo que não há como subir tanto. Esse tipo de solo é interessante, porém se o músico só usa
sempre esse gráfico acaba se tornando previsível para quem o escuta.
Mais comum para quem está começando a improvisar. Perde-se um pouco a pulsação do clima da
música e as idéias não se encaixam então o clima fica indefinido e o solo não decola. O fim também
fica indefinido e as vezes nem mesmo se sabe se o solo acabou.
Esse é o solo com mais desenho. É feito em cima de ricas melodias e silencio em vários momentos.
Muitas nuances e cores diferentes. Mostra rica criatividade na improvisação.
Por incrível que pareça o que mais fica gravado na mente do publico são esses gráficos. São eles
que trazem emoções e reflexões ao ouvinte. Quem é leigo mais aprecia música é levado por essas
nuances que ocorrem no decorrer dos solos. Quem não entende música não sabe decifrar acordes e
escalas, mas entendem por figuras impressas na mente os sentimentos que um solo pode gerar. Isso
é o resultado que importa.
Às vezes pode-se ter uma visão egoísta de satisfação própria quando se improvisa, mas não se pode
esquecer que a música é um instrumento de comunicação com o povo. Por isso somos
comunicadores de emoções, lembranças e outras questões da vida humana. Isso tudo vem com os
sons que geramos.
Pode ser uma visão pessoal, mas não vejo porque uma pessoa falar apenas para satisfazer a si
mesmo.
Na música podemos falar, chorar, reivindicar, trazer paz e causar guerra. Tudo isso porque ela é
um instrumento de comunicação. E isso se faz ao um publico que pode ser desde uma sala de aula
até varias nações.
Plano vertical
Esse fraseado tem maior riqueza harmônica e serve de estudo em varias áreas, mais na hora de um solo
essa grande seqüência de notas em um mesmo ritmo se torna sem sabor melódico e rítmico. Vemos
cromatismo e uma cachoeira de be-bop. Aplicado no momento certo é ótimo, porém se o músico se
acomoda a tocar somente assim acaba tornando o solo muito raso em variedades.
Lembre-se que tudo demais enjoa.
M H R
Creio ser mais nobre usar a moderação em tudo. Usar questões harmônicas não é tudo na
improvisação, creio fazer parte do aprendizado, mas não é o resultado final. O resultado final deve
ser a música no todo.
Fazer música é unir essas três partes e formar numa só.
Veremos agora um fraseado mais rítmico:
Aqui temos uma boa variação rítmica com acentos e divisões diversas.
No Brasil existe uma grande variedade rítmica em cada estilo. Se analisarmos as levadas e tocarmos os
baixos podemos aprender e muito como desenvolver o raciocínio rítmico.
É claro que também se torna chato improvisar apenas com evidências rítmicas.
Acho que não existe um solo que só se toque os ritmos do Brasil.
Vivemos hoje numa globalização que atinge até mesmo os sons musicais. É impossível não provar um
pouco de cada estilo e ritmo. Por isso vale apena um bom estudo de ritmos e divisões características de
estilos.
É interessante fazer estudos rítmicos com notas da escala de acorde. Ai vai algumas sugestões
As possibilidades são infinitas. Depende da criatividade de cada um.
Cada estilo musical tem sua levada característica. É vital que o músico desenvolva o solo nas
características de cada estilo, valorizando pausas e acentuações que servem de tempero para cada
estilo.
O ritmo é a base de cada música. Não existe música sem ritmo. Vivemos em ritmo constante, nos
movemos no tempo de forma rápida e lenta. Assim é na música. Usamos passagens lentas e rápidas
dentro de um ritmo constante e essa variação torna a música rica ou pobre.
Quanto maior variação rítmica mais riqueza se ouve, e se as divisões forem repetitivas o solo entra
num estado passivo de ritmo.
Gráficos rítmicos:
As curvas acima mostram um solo sempre rápido em divisões e notas. É limitado pois não há muita
variação.
Esse solo já tem mais divisões lentas. Não tem muita variação rítmica e assim fica como o outro solo.
Talvez tenha boas melodias mas desprovido de um melhor trabalho de ritmos.
Esse solo já tem todas as velocidades e trabalhos mais abstratos de divisões. Toca o lento e o rápido e
muda de um pro outro com naturalidade.
Wynton Marsalis, Miles Davis, John Scofield, Joshua Redman, Bob Mintzer e Herbie Hancock são
alguns dos músicos que exploram bem essa área. Seus solos sempre têm seqüências de passagens ricas
em ritmo. Isso torna o solo cada vez mais agradável e criativo.
A música brasileira é o modelo para lindas melodias. Em todos os estilos existem melodias bem
construídas. Desde simples até formas modernas.
Villa Lobos, Tom Jobim, Noel Rosa, Hermeto Paschoal, Egberto Gismonti, Chico Buarque, Caetano
Veloso, Gilberto Gil, Rosa Passos, Guinga, são alguns dos grandes nomes da música brasileira. São
compositores que deixaram marca registrada na criação de melodias. Suas composições trazem novos
padrões para a música mundial. Suas melodias são cantadas em todo o mundo e servem de referência
para o estudo de melodias.
Essa é uma harmonia e melodia tonal. A melodia sempre repousa em notas do acorde.
Já em melodias modais as notas nem sempre param em notas do acorde e sim em notas da escala.
Esses dois exemplos mostram como o músico pode desenvolver o senso melódico. Pode-se usar
tonalismo e modalismo para os solos.
Cada melodia criada deve ter um alvo. Quando isso acontece a interpretação de quem ouve quase
sempre é precisa quanto ao sentimento enviado na melodia. (Falaremos disso mais tarde).
É a melodia que faz o publico cantar e se recordar da música. Ela é o carro chefe, a vitrine de um
solo.
É importante aprender melodias, é como aprender histórias.
Duas coisas devem ser feitas: ouvir e criar.
Não se deve ter medo de brincar com melodias. Essa brincadeira leva o músico a ter segurança na
invenção de novas linhas. A imitação e lembrança na hora dos solos fazem parte também não só de
um aprendizado mais também de grandes solos.
Uma criança é influenciada pelo que ouve. Ela desenvolve por imitação e lá na frente usa seus
próprios meios, palavras e expressões para se comunicar. Assim também acontece no caminho da
improvisação.
Estudada cada parte a fundo o músico pode agora estudar unindo dois elementos da música.
Melodia + ritmo
Ritmo + harmonia
Melodia + harmonia
É claro que o ritmo sempre estará presente em qualquer situação e assim os outros, mas a dica e
desenvolve seqüências que evidenciam esses elementos.
Melodia + Ritmo
Célula melódica
Células rítmicas
Note que nas diversas divisões feitas aqui somente as quatro notas melódicas foram usadas.
Aqui temos uma economia de notas e uma fluência maior de ritmo, mas o que prevalece é a melodia
criada.
Cada grupo de 3 ou 4 notas deve ser estudado separadamente. No momento em que se toca, varias
células melódicas e rítmicas vão surgindo.
Essas células são impressas na mente e passam a fazer parte do vocabulário musical.
Célula melódica.
Células rítmicas
As possibilidades são infinitas. Depende do estilo e andamento que está sendo tocado.
Pesquise um pouco de afoxé, maracatu, samba e baião. Nas divisões básicas de cada ritmo já existe uma
grande possibilidade de trabalho a ser desenvolvido.
Dicas:
Cantar melodias conhecidas. O solfejo trabalha a percepção e desenvolve o senso melódico.
Mudar no solfejo e no instrumento a divisão de músicas populares.
Harmonia + Ritmo
Obedecendo a harmonia e usando a mesma célula rítmica o som fica mais complexo. É preciso atenção
nas mudanças de acordes e na escolha de escalas. O que fica mais exposto nesse caso é a célula rítmica
que se repete formando um poli ritmo, dando a sensação que em alguns momentos o ritmo está assim:
Célula rítmica.
Essa divisão tocada várias vezes acaba soando assim:
É claro que na hora de um solo não precisa estender tanto a divisão, mas o fato de usar em certa passagem
da um sabor rítmico e harmônico especial.
Melodia + Harmonia
O uso de melodias nos graus pares (tensões) trás um som muito especial. Desloca a melodia da posição
principal de repouso dando ênfase as tensões do acorde. Para isso é necessário o conhecimento de
superposição de acordes.
Essas são as principais estruturas para superposição de acordes.
Cada quadro representa as possibilidades de acorde sobre acorde.
Pode ser feito em arpejo ou com melodias.
Usaremos agora uma harmonia simples com as melodias deslocadas da posição normal.
Em G7 aparecem: A, F7M(#5).
Em C7M aparecem: D, B, Bsus.
Em A7 aparece: Eb7
Em D7M aparece: E
É importante usar essas melodias de forma bem visível. Normalmente os detalhes aparecem quando se
forma melodicamente outros acordes sobre a harmonia.
Veremos agora o meu solo na música Vitória na cruz que faz parte do meu segundo Cd.
Combinando os três elementos.
Ouvimos o solo como todo, mas ao analisar vemos que cada solo tem uma porção maior de um ou
outro elemento. Os grandes solistas combinam os três elementos de forma especial. Isso porque
simplesmente fazem música na improvisação!
É normal se escutar um músico com muita técnica ou informação que mostra riqueza harmônica,
outro várias melodias, mas quando isso fica isolado e aparece além do normal o solo fica sem
consistência.
Não falo de notas foras, nem de out site, nem de semicolcheias. Tudo isso são ingredientes necessários
para boas performances.
A música mostra esses três elementos. Pinturas musicais manifestam algo mais profundo.
O ritmo, a melodia, a harmonia se escondem, a música desaparece. A alma aflora!
Isso mesmo! A música se esconde atrás de um músico.
Lindas construções mostram a criatividade do arquiteto. Os quadros de Picasso mostram a sua pessoa
até os dias de hoje. As personalidades são conhecidas pelos seus feitos. Os feitos são secundários, os
personagens principais nem sempre aparecem ao vivo, mas se mostram nas artes, nos edifícios, nos
livros, nas pinturas e maravilhas, e até mesmo na natureza!
O publico come música como nunca. Mas o que eles procuram? Belas harmonias? Lindas melodias? Ou
ritmos festivos?
A música fala, além disso!
Para encontrarmos esse ponto de equilíbrio e de criatividade falaremos agora de algo que sempre nos
acompanha na música, mas nem sempre percebemos.
Imagens musicais
Tudo que se aprende na vida é guardado em nossa mente e nos condiciona a praticar. Na música podemos
aprender os sons por associação.
Dizemos que algum som é quente, frio, denso, suave, agitado, pesado ou leve. Todos esses nomes não são
sons, mas uma associação com os sons para se entender a linguagem inanimada da música. Isso mesmo!
Como a música não tem forma, só podemos entendê-la por formas já conhecidas.
Podemos trabalhar a principio com figuras simples e dar sons a elas. Ex:
1.
2.
3.
4.
Tente dar sons a essas figuras:
5.
6.
Na medida em que se trabalham figuras a criatividade se desprende das regras e se liga a imagem. A
mente quer associar o mais rápido possível o som à imagem.
Dada essa introdução vamos entender uma coisa:
Como pode associar sentimentos se as únicas informações que temos são acordes, divisões, escalas,
arpejos e efeitos?
Acontece que a única coisa que vem a mente são esses conhecimentos musicais e ai não passamos
muito mais do que arpejos, escalas e efeitos.
Fazemos música antes por que gostamos nos sentimos bem e vivemos dela em alguns casos. Mais
quando se faz música há um publico esperando o seu discurso. Eles querem ouvir o que tem a dizer.
Então você usa efeitos, escalas e arpejos para dizer algo maior que isso. Você fala de você e fala coisas
que as palavras não falam. Fala emoções!
Paixão
Ódio
Amor
Alegria
Depressão
Inveja
Tristeza
Amargura
Ansiedade
Motivação
Medo
Pavor
entre outras...
Se fossemos escrever a trilha de um filme teríamos que traduzir essas imagens para os sons. Tente
trabalhar isso agora.
Escolha o ritmo a harmonia e crie as melodias.
Numa trilha de cinema milhares de pessoas ouvem a idéia de um compositor e nem percebem. Mas se
tirar a musica o filme fica sem emoção. Quando improvisamos damos imagens ao ouvido e ao coração
de cada ouvinte.
Alguns músicos vão até o ouvido, outros chegam até o raciocínio e poucos chegam ao coração.
Menos ainda os que comovem uma platéia ou um povo. Esses acharam o caminho de usar a música
como veiculo de comunicação com o publico.
Não importa a quantidade de notas ou a dificuldade com que se toca, quem improvisa deve querer
falar, não se fala só a si mesmo e sim aos outros.
Sugiro algumas imagens que são comuns a todos nós. Pratique um pouco se lembrando de:
Perceba que pra cada imagem a sua mente teve uma reação. Isso pode ser traduzido pelos sons.
Imagens são infinitas. As primeiras foram apenas linhas retas e curvas. Essas não, elas trazem
emoções em nós mesmos e mostram um gráfico complexo em nossa mente. Pratique um pouco de cada
e verá uma liberdade diferente, desprovida de técnica e pensamentos, mas apenas livre para criar e
falar.
Estilos
Os estilos surgem assim como surgem os dialetos. Brasília é uma cidade que absorve culturas de todo país.
Roupa, gírias, sotaques e comidas. Na música não é diferente.
Cada país tem seus ritmos, e cada ritmo tem os seus sotaques, gírias e grifes.
Aprender a falar bem em cada ritmo gasta um tempo longo, é necessário ouvir não só a música
instrumental, mas os cantores daquele estilo.
A voz é o maior instrumento, então quando se ouve um cantor em determinado estilo você pode colher
rapidamente as figuras de uma cultura.
Existem melodias, harmonias e ritmos característicos em cada estilo. Por exemplo, no Baião temos essas
figuras:
Essa é uma das figuras rítmicas predominantes.
Mais se formos para o blues encontramos os mesmos acidentes e mais a 3m como nota característica.
Vários estilos absorveram essa escala que tem um som simples mais bem emotivo.
No meu disco “Vitória na cruz” na música Olhos no Espelho do João Alexandre coloquei como
contraponto varias melodias com a pentatônica. Vamos analisar duas delas.
Em F#sus usei a de B maior, e em F#7 usei a de C maior. O efeito é como se fosse um Outside embora
não seja, pois a pentatônica de C maior está dentro da escala de G menor melódica, cujo sétimo grau é o
F#7alt.
Essa é a ultima frase da música, uma simples pentatônica de B no seu próprio acorde mas tem um ótimo
efeito de final Jônio com um gráfico sonoro crescente num andamento bem veloz.
No blues não se usa 7M, porém na MPB não tem graça sem ela.
Um acorde maior com 6 cai bem nas músicas mineiras quando no primeiro grau. Mas de lá também vem
acordes Toninho Horta como 7M(#9,#11)
Já dizia Dizzy Gillespie: Na musica Brasileira, Americana e Cubana está o futuro da musica mundial.
Sem duvida não se vê tanta variedades e complexidades de ritmos, harmonias e melodias como se vê nas
músicas desses três países.
Cada instrumento tem uma particularidade com os estilos, e é necessário que cada músico aprenda a
diferenciar na hora de tocar cada o estilo.
Vibratos excessivos.
Tocar sax e guitarra pop quando a música é dos anos 60 para trás.
Tocar fraseado de be-bop quando está acompanhando uma cantora numa música pop.
Em fim, a lista não para ai, mas é apenas para mostrar que podemos estar dançando com o traje errado e
não perceber. Isso acontece quando o musico não estuda as variedades de estilo e sai tocando o que da na
cabeça ou o que acha que deve tocar.
O contrário de tocar um estilo ou frases no lugar errado é ter a liberdade de tocar qualquer frase de
qualquer estilo em qualquer lugar.
É um paradoxo!
Quando os estilos estão apurados qualquer um deles pode se cruzar em pequenas frases ou harmonias.
Uma boa sopa vem recheada de ingredientes, porém todos têm a medida certa. Essa é a diferença,
encontrar medidas certas para combinação de estilos.
Os estilos se encaixam
Tudo isso vem na hora da improvisação, se for usado com equilíbrio fica muito bom e criativo.
Ainda existem as melodias do erudito que estão sempre sendo lembradas pelos grandes solistas.
Melodias consagradas que vez por outra aparecem num pequeno espaço musical.
Os grandes músicos transitam por todos esses lugares musicais em segundos, e não se esqueçam que todos
três países têm origem da música afro. Ritmos e canções trazem culturas antigas ao nosso dia a dia
musical.
Final
Recebemos de graça as virtudes do criador para que através de nós seres humanos, a
natureza e os atributos daquele que era, é e que há de vir sejam conhecidos.
O homem é o melhor solo de Deus, pois foi criado a imagem e semelhança dele para
manifestar o caráter, a vontade, o intelecto e as emoções daquele que é antes e depois de
tudo, em quem não há sombra nem variação alguma, aquele que habita em luz inacessível, mas
que deixou toda glória e autoridade para viver a mesma vida que os homens viviam.
Sendo a vida teve fome, sendo o criador nasceu. Sendo fonte de águas vivas teve sede, sendo
o pão da vida teve fome, tendo todo poder foi morto numa cruz. Porém a morte não pode
segurá-lo, pois ele é a própria vida, e é doador de dons eternos para os homens.
Sustenta o universo como onipotente, Vê o sol abaixo do seu trono e olha por dentro de um
átomo como onipresente, conhece os pensamentos dos homens antes que a palavra saia de suas
bocas, pois é onisciente, conhece as trevas e com ele mora a luz, é justiça mais também
misericórdia, cura a alma abatida dos homens, lança fora o medo a dor e a ansiedade, assobia
e as aves mudam de direção, o Leão olha para ele esperando por sua presa, conhece cada
animal pelo nome pois foi ele quem os criou.
Aos seus pés os seres do mal se ajoelham, a terra treme quando ele fala por meio de trovões
e relâmpagos, os céus são o seu trono e a terra o estrado dos seus pés, além dele outro não
há, antes dele ninguém existiu, ele é o primeiro e o ultimo, e todas as coisas são dele, por ele
e para ele, nele nos movemos e existimos. Ele não está em todas as coisas, porém, todas as
coisas estão nele.
Mente nenhuma o sonda, mas ele sonda mente e corações. Não leva em consideração nossos
pecados, mas nos chama para sermos seus filhos, herdeiros de coisas eternas, não perecíveis
e que não podem ser roubadas, numa cidade onde o mal não existe porque será aniquilado,
onde não haverá lagrimas, dores ou sol para molestar, pois serão novos céus e nova terra.
Haverá restauração completa de todas as coisas, pois para sempre habitaremos com aquele
que é o caminho, a verdade e a vida: Jesus.
Ele é o amor de Deus para todo homem.
Ademir Júnior
Janeiro de 2007