Curso de Improvisação Piano

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Curso

De
Improvisação

Ademir Júnior

1
Curso de improvisação

Modo avançado

Conteúdo

• Domínio de escalas

• Notas evidentes

• Sons modais

• Gráficos de melodia, harmonia e ritmo.

• Gráficos: Horizontal e Vertical

• Superposição de acordes e escalas

• Imagens musicais

• Estilo e Liberdade

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Introdução:

Esse conteúdo é uma seqüência do nível técnico de improvisação que está no


primeiro volume.
Aqui a minha intenção não é técnica somente, mas de aguçar a criatividade e o
bom raciocínio de cada músico na improvisação.
A parte principal são os gráficos e o trabalho de imagens musicais, que para
muitos será de grande valia.
Passamos muito tempo pensando em notas e escalas, mais elas não são o foco
final, e por não enxergar muito a frente perdemos longos anos de estudo.
Deve-se ter um alvo maior para se fazer música. A música é ferramenta de
linguagem universal e humana e fala coisas que a retórica não fala. Chega aonde
os recursos da ciência ainda não chegaram. A música em si tem um poder muito
grande sobre os homens. Alegra, entristece, traz boas e más recordações, une
povos, e muita das vezes pode trazer guerra entre etnias e nações.
Tem o poder também de curar sentimentos, e em algumas vezes ferir
sentimentos.
Como improvisador você tem uma oportunidade impar de fazer alguma coisa boa
nesse mundo. Se olhar dessa forma entenderá que não são apenas escalas e
harmonias que interessam, mas existem coisas mais profundas para si viver na
música.
As ferramentas estão em suas mãos, você é o comunicador, prepare o
vocabulário e as intenções do coração, pois milhares de pessoas poderão ouvir a
sua voz e tomar um novo rumo em seus corações e em suas atitudes.
Fale pelo coração ao tocar! Pense, projete bons solos, e analise os que não
foram tão bons, o mundo da improvisação está de portas abertas para te
mostrar coisas novas também, coisas que não são apenas improvisos, mas
virtudes espirituais que foram permitidas para que você entendesse o verdadeiro
sentido da vida.

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Domínio de escalas

Tudo que se faz na improvisação é por meio de escalas, arpejos e intervalos.

Escalas porque toda passagem melódica está inserida num contexto harmônico e para cada acorde
existe uma ou mais escalas para se tocar uma melodia.

Arpejos e intervalos porque as melodias são criadas com base neles e sem eles não é possível criar
sons ordenados.

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Sendo assim tudo que se faz na improvisação é por meio dessas três ferramentas. Observe esse
fraseado:

Nesse solo foi usado basicamente arpejos da escala maior. Arpejos menores e maiores e uma
seqüência de passagens que podemos notar que pertencem a alguma escala.
Nos compassos 8, 10, 27 e 32 veja que é usada uma escala de acordo com a harmonia do
momento.
Nos compassos 33 e 34 é usado um arpejo para cada acorde.
No compasso 23 o acorde é de Db7M e ele faz um arpejo de Bbsus. Esse arpejo é o 6° grau de Db
e pode ser aplicado pois suas notas estão dentro da escala do acorde.
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Existem músicas como essa acima que o músico deverá fazer uma boa ginástica de escalas e
arpejos para improvisar.

Nas músicas que exploram o II-V-I menor e maior e nas músicas modais a mudança de centro
tonal é comum, sendo assim não há como improvisar se não tiver um bom domínio de escalas.

Veja o exemplo a seguir:

Para cada centro tonal é usada uma escala. (Veja os exercícios para esse domínio na apostila
numero 1)

Uma das escalas mais complexas para se estudar é a diminuta. Formada por 8 notas essa escala
gera sons não tão convencionais mas é de grande riqueza intervalar e harmônica.

Ela só tem dois graus. Um dominante e o outro diminuto. No dominante encontramos acordes
maiores, menores, meio diminutos, dominantes e menor e maior com 6.

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Notas evidentes

Em toda harmonia existem notas que são comuns de acorde para acorde.
Se compararmos a escala de um acorde com outra veremos que normalmente existem notas
evidentes ou comuns entre as duas escalas.

São essas notas que facilitam o repouso nas passagens e a conexão de um acorde para o outro.

Funciona assim:

Dm7 C7M(#11)

F#
F C, D, E,
G, A, B

As notas que estão no meio pertencem tanto a escala do acorde de Dm7 quanto a escala do acorde
de C7M(#11). Na passagem do acorde essa seis notas estarão disponíveis para repouso ou para uso
sem preocupações. Vamos a outro exemplo:

Nesse exemplo o E, G, e A são evidentes em toda harmonia. Pode ser trabalhar essas três somente
sem usar outras. Veja:

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A melodia ficou bem simples. Agora vamos à mesma harmonia com outro sentido de notas.

Note que apesar de aparecer outras notas, as notas evidentes aparecem em todas as passagens
propositadamente.

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Isso só é possível por causa dos intervalos gerados na escala. Dá assim ao músico uma rica
oportunidade para improvisação e superposição de sons e acordes. Ex:

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Cromatismo

É um ótimo tempero para o improviso. Tira a monotonia das notas certas dentro da escala e
enriquece as melodias.

1. Toda nota tem sua sensível.

2. O cromatismo deve ser feito observando ou se apoiando nas notas da escala do acorde.

3. Não há limites para criação no cromatismo, porém deve-se observar sempre o final de cada
frase para não acabar fora das notas da escala.

4. Uma boa pratica de cromatismo trará os melhores meios de se aplicar esse recurso tão
eficiente.

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Sons modais

Assim como em cada acorde existe uma nota característica, cada modo também tem sua nota
característica.
Nos acordes maiores e menores as notas principais são as terças.
O que diferencia o primeiro do quinto grau é a sétima.
Quando se toca música tonal o quarto grau do acorde de C7M é evitado, porém quando a
música é modal esse mesmo grau é evidenciado para caracterizar o modo Jônio.

Veremos agora as notas principais de cada modo.

O mais importante é usar essas notas e formar linhas melódicas em que elas sejam
evidenciadas.
Pratica essas duas estruturas. A primeira nos modos jônio e lídio e a Segunda nos modos
dórico e frígio.

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Gráficos de melodia, harmonia e ritmo

Cada músico tem características individuais na improvisação. Alguns trabalham mais


melodias, outros ritmo e outros harmonia.

Agora entramos numa área pouco observada pelos músicos quando estão improvisando. É
comum pensar em grande seqüência de semicolcheias ou em lindas melodias, ou até mesmo
em divisões rítmicas, porém trabalhar Ritmo, melodia e harmonia com equilíbrio num solo não
é uma tarefa fácil.

Os solos são criados dentro da mente e não no momento em que se toca.


Todo conhecimento deve ser projetado e filtrado para se obter um bom solo. Por isso quanto
mais domínio no instrumento e na mente maior será a possibilidade e o conforto para criar um
solo.

Não se faz uma boa casa sem um plano de arquitetura. É preciso conhecer medidas,
possibilidades, o terreno e estruturas para construir uma boa casa. Um bom alicerce dá
margem a uma bela casa. Os adornos vêm somente no fim. Tudo é feito com paciência e
cálculos para não se formar um desastre.

Assim é na improvisação. Quanto melhor elaborado for o plano, melhor será o resultado.

Ai vai um desafio: Muitos tocam e depois analisam o solo.


“ há esse não foi muito bom!” ou “ Não esperava que ficaria tão legal!”.

Ai vai: Projete o solo antes dele acontecer. Não será fácil, mas se praticar muito poderá se
obter grandes resultados.

Plano horizontal

Podemos entender o gráfico de um solo de forma horizontal ou de forma vertical. No


horizontal vemos o que foi feito em todo solo como densidade sonora e clima obtido com os
músicos que o acompanham. Ex:

Talvez esse seja uma das formas mais praticadas pelos solistas. Característica de um solo
quente e bem elaborado. Lembre-se que tudo isso só é possível com o entrosamento dos
músicos e a capacidade que o solista tem de influenciar a cozinha que o acompanha.
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Aqui o solista entrega num clima tranqüilo para o próximo.

Aqui o solista pega quente e continua no mesmo clima não decrescendo. É difícil manter o
mesmo clima sendo que não há como subir tanto. Esse tipo de solo é interessante, porém se o
músico só usa sempre esse gráfico acaba se tornando previsível para quem o escuta.

Mais comum para quem está começando a improvisar. Perde-se um pouco a pulsação do clima
da música e as idéias não se encaixam então o clima fica indefinido e o solo não decola. O fim
também fica indefinido e as vezes nem mesmo se sabe se o solo acabou.

Esse é o solo com mais desenho. É feito em cima de ricas melodias e silencio em vários
momentos. Muitas nuances e cores diferentes. Mostra rica criatividade na improvisação.

Por incrível que pareça o que mais fica gravado na mente do publico são esses gráficos. São
eles que trazem emoções e reflexões ao ouvinte. Quem é leigo mais aprecia música é levado
por essas nuances que ocorrem no decorrer dos solos. Quem não entende música não sabe
decifrar acordes e escalas, mas entendem por figuras impressas na mente os sentimentos
que um solo pode gerar. Isso é o resultado que importa.
Às vezes pode-se ter uma visão egoísta de satisfação própria quando se improvisa, mas não
se pode esquecer que a música é um instrumento de comunicação com o povo. Por isso
somos comunicadores de emoções, lembranças e outras questões da vida humana. Isso tudo
vem com os sons que geramos.
Pode ser uma visão pessoal, mas não vejo porque uma pessoa falar apenas para satisfazer a
si mesmo.

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Na música podemos falar, chorar, reivindicar, trazer paz e causar guerra. Tudo isso porque
ela é um instrumento de comunicação. E isso se faz ao um publico que pode ser desde uma
sala de aula até varias nações.
Plano vertical

Aqui está a parte mais complexa da analise e aprendizado na improvisação.


Conseguir unir variedades rítmicas, harmônicas e melódicas é construir um verdadeiro solo.

Analise esse fraseado:

Esse fraseado tem maior riqueza harmônica e serve de estudo em varias áreas, mais na hora de
um solo essa grande seqüência de notas em um mesmo ritmo se torna sem sabor melódico e
rítmico. Vemos cromatismo e uma cachoeira de be-bop. Aplicado no momento certo é ótimo,
porém se o músico se acomoda a tocar somente assim acaba tornando o solo muito raso em
variedades.
Lembre-se que tudo demais enjoa.

M H R

Esse gráfico mostra que o fraseado teve mais força harmônica.

É comum quando se desenvolve um raciocínio harmônico se evidenciar as passagens de


escalas e tocar mais notas dissonantes. Usar #11 e 9 num acorde lídio ou pentatônicas em
acordes alterados mostra um ótimo entendimento harmônico. Mas lembre-se, isso não é tudo!

Creio ser mais nobre usar a moderação em tudo. Usar questões harmônicas não é tudo na
improvisação, creio fazer parte do aprendizado, mas não é o resultado final. O resultado
final deve ser a música no todo.
Fazer música é unir essas três partes e formar numa só.

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Veremos agora um fraseado mais rítmico:

Aqui temos uma boa variação rítmica com acentos e divisões diversas.
No Brasil existe uma grande variedade rítmica em cada estilo. Se analisarmos as levadas e
tocarmos os baixos podemos aprender e muito como desenvolver o raciocínio rítmico.
É claro que também se torna chato improvisar apenas com evidências rítmicas.
Acho que não existe um solo que só se toque os ritmos do Brasil.
Vivemos hoje numa globalização que atinge até mesmo os sons musicais. É impossível não
provar um pouco de cada estilo e ritmo. Por isso vale apena um bom estudo de ritmos e
divisões características de estilos.
É interessante fazer estudos rítmicos com notas da escala de acorde. Ai vai algumas sugestões

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As possibilidades são infinitas. Depende da criatividade de cada um.

Cada estilo musical tem sua levada característica. É vital que o músico desenvolva o solo nas
características de cada estilo, valorizando pausas e acentuações que servem de tempero para
cada estilo.
O ritmo é a base de cada música. Não existe música sem ritmo. Vivemos em ritmo constante,
nos movemos no tempo de forma rápida e lenta. Assim é na música. Usamos passagens lentas
e rápidas dentro de um ritmo constante e essa variação torna a música rica ou pobre.
Quanto maior variação rítmica mais riqueza se ouve, e se as divisões forem repetitivas o solo
entra num estado passivo de ritmo.

Gráficos rítmicos:

Tempo total do solo

As curvas acima mostram um solo sempre rápido em divisões e notas. É limitado pois não há
muita variação.

Esse solo já tem mais divisões lentas. Não tem muita variação rítmica e assim fica como o
outro solo. Talvez tenha boas melodias mas desprovido de um melhor trabalho de ritmos.

Esse solo já tem todas as velocidades e trabalhos mais abstratos de divisões. Toca o lento e o
rápido e muda de um pro outro com naturalidade.

Wynton Marsalis, Miles Davis, John Scofield, Joshua Redman, Bob Mintzer e Herbie
Hancock são alguns dos músicos que exploram bem essa área. Seus solos sempre têm
seqüências de passagens ricas em ritmo. Isso torna o solo cada vez mais agradável e criativo.

A música brasileira é o modelo para lindas melodias. Em todos os estilos existem melodias bem
construídas. Desde simples até formas modernas.

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Villa Lobos, Tom Jobim, Noel Rosa, Hermeto Paschoal, Egberto Gismonti, Chico Buarque,
Caetano Veloso, Gilberto Gil, Rosa Passos, Guinga, são alguns dos grandes nomes da música
brasileira. São compositores que deixaram marca registrada na criação de melodias. Suas
composições trazem novos padrões para a música mundial. Suas melodias são cantadas em
todo o mundo e servem de referência para o estudo de melodias.

Melodia tonal e modal.

Na melodia tonal a evidência está nas notas principais do acorde. Ex

Essa é uma harmonia e melodia tonal. A melodia sempre repousa em notas do acorde.

Já em melodias modais as notas nem sempre param em notas do acorde e sim em notas da
escala.

Esses dois exemplos mostram como o músico pode desenvolver o senso melódico. Pode-se
usar tonalismo e modalismo para os solos.
Cada melodia criada deve ter um alvo. Quando isso acontece a interpretação de quem ouve
quase sempre é precisa quanto ao sentimento enviado na melodia. (Falaremos disso mais
tarde).
É a melodia que faz o publico cantar e se recordar da música. Ela é o carro chefe, a vitrine
de um solo.
É importante aprender melodias, é como aprender histórias.
Duas coisas devem ser feitas: ouvir e criar.
Não se deve ter medo de brincar com melodias. Essa brincadeira leva o músico a ter
segurança na invenção de novas linhas. A imitação e lembrança na hora dos solos fazem
parte também não só de um aprendizado mais também de grandes solos.
Uma criança é influenciada pelo que ouve. Ela desenvolve por imitação e lá na frente usa
seus próprios meios, palavras e expressões para se comunicar. Assim também acontece no
caminho da improvisação.

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Fundindo ritmo, harmonia e melodia.

Estudada cada parte a fundo o músico pode agora estudar unindo dois elementos da música.

Melodia + ritmo

Ritmo + harmonia

Melodia + harmonia

É claro que o ritmo sempre estará presente em qualquer situação e assim os outros, mas a dica
e desenvolve seqüências que evidenciam esses elementos.

Melodia + Ritmo

Célula melódica

Células rítmicas

Note que nas diversas divisões feitas aqui somente as quatro notas melódicas foram
usadas.

Aqui temos uma economia de notas e uma fluência maior de ritmo, mas o que prevalece é a
melodia criada.

Pode se usar grupos de 2, 3, 4, 5 ou mais notas.

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Ai vai algumas dicas com 3 e 4 notas

Cada grupo de 3 ou 4 notas deve ser estudado separadamente. No momento em que se toca,
varias células melódicas e rítmicas vão surgindo.

Essas células são impressas na mente e passam a fazer parte do vocabulário musical.

Comece a trabalhar com melodias lentas e tranqüilas. Veja o exemplo:

Célula melódica.

Células rítmicas

As possibilidades são infinitas. Depende do estilo e andamento que está sendo tocado.

Os ritmos brasileiros nos dão essa possibilidade.

Pesquise um pouco de afoxé, maracatu, samba e baião. Nas divisões básicas de cada ritmo já existe
uma grande possibilidade de trabalho a ser desenvolvido.

Dicas:
Cantar melodias conhecidas. O solfejo trabalha a percepção e desenvolve o senso melódico.
Mudar no solfejo e no instrumento a divisão de músicas populares.

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Harmonia + Ritmo

Agora usaremos o ritmo mais o encaixaremos no contexto harmônico.

Vamos usar a seguinte harmonia.

Usaremos divisões simples e depois mais complexas.

Se repetir demais fica enjoativo, mas a titulo de estudo é necessário para encaixar o ritmo na parte
harmônica. Vamos ao segundo exemplo.

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Obedecendo a harmonia e usando a mesma célula rítmica o som fica mais complexo. É preciso
atenção nas mudanças de acordes e na escolha de escalas. O que fica mais exposto nesse caso é a
célula rítmica que se repete formando um poli ritmo, dando a sensação que em alguns momentos o
ritmo está assim:

Vamos a mais um exemplo.

Célula rítmica.

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Essa divisão tocada várias vezes acaba soando assim:

É claro que na hora de um solo não precisa estender tanto a divisão, mas o fato de usar em certa
passagem da um sabor rítmico e harmônico especial.

Melodia + Harmonia

A intenção aqui é reforçar o sentido harmônico com melodias.

O uso de melodias nos graus pares (tensões) trás um som muito especial. Desloca a melodia da
posição principal de repouso dando ênfase as tensões do acorde. Para isso é necessário o
conhecimento de superposição de acordes.

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Essas são as principais estruturas para superposição de acordes.
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Cada quadro representa as possibilidades de acorde sobre acorde.
Pode ser feito em arpejo ou com melodias.

Usaremos agora uma harmonia simples com as melodias deslocadas da posição normal.

Em G7 aparecem: A, F7M(#5).
Em C7M aparecem: D, B, Bsus.
Em A7 aparece: Eb7
Em D7M aparece: E

É importante usar essas melodias de forma bem visível. Normalmente os detalhes aparecem
quando se forma melodicamente outros acordes sobre a harmonia.

Veremos agora o meu solo na música Vitória na cruz que faz parte do meu segundo Cd.

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Combinando os três elementos.

Finalmente podemos falar sobre o plano vertical de forma completa.

Ouvimos o solo como todo, mas ao analisar vemos que cada solo tem uma porção maior de um
ou outro elemento. Os grandes solistas combinam os três elementos de forma especial. Isso
porque simplesmente fazem música na improvisação!
É normal se escutar um músico com muita técnica ou informação que mostra riqueza
harmônica, outro várias melodias, mas quando isso fica isolado e aparece além do normal o
solo fica sem consistência.
Não falo de notas foras, nem de out site, nem de semicolcheias. Tudo isso são ingredientes
necessários para boas performances.
A música mostra esses três elementos. Pinturas musicais manifestam algo mais profundo.
O ritmo, a melodia, a harmonia se escondem, a música desaparece. A alma aflora!
Isso mesmo! A música se esconde atrás de um músico.
Lindas construções mostram a criatividade do arquiteto. Os quadros de Picasso mostram a sua
pessoa até os dias de hoje. As personalidades são conhecidas pelos seus feitos. Os feitos são
secundários, os personagens principais nem sempre aparecem ao vivo, mas se mostram nas
artes, nos edifícios, nos livros, nas pinturas e maravilhas, e até mesmo na natureza!

O publico come música como nunca. Mas o que eles procuram? Belas harmonias? Lindas
melodias? Ou ritmos festivos?
A música fala, além disso!

É preciso entender que improvisar é se comunicar.


Falamos pelos sons! A personalidade de John Coltrane está impressa em sua música. Sua história
de vida escrita nos livros também é encontrada em suas canções.

Para encontrarmos esse ponto de equilíbrio e de criatividade falaremos agora de algo que sempre
nos acompanha na música, mas nem sempre percebemos.

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Imagens musicais
Tudo que se aprende na vida é guardado em nossa mente e nos condiciona a praticar. Na música
podemos aprender os sons por associação.
Dizemos que algum som é quente, frio, denso, suave, agitado, pesado ou leve. Todos esses nomes
não são sons, mas uma associação com os sons para se entender a linguagem inanimada da música.
Isso mesmo! Como a música não tem forma, só podemos entendê-la por formas já conhecidas.
Podemos trabalhar a principio com figuras simples e dar sons a elas. Ex:

1.

2.

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3.

4.

32
Tente dar sons a essas figuras:

5.

6.

Quanto mais abstrata for a figura ou a idéia também será no som.

Na medida em que se trabalham figuras a criatividade se desprende das regras e se liga a


imagem. A mente quer associar o mais rápido possível o som à imagem.

Dada essa introdução vamos entender uma coisa:

Como pode associar sentimentos se as únicas informações que temos são acordes, divisões,
escalas, arpejos e efeitos?
Acontece que a única coisa que vem a mente são esses conhecimentos musicais e ai não
passamos muito mais do que arpejos, escalas e efeitos.

Fazemos música antes por que gostamos nos sentimos bem e vivemos dela em alguns casos.
Mais quando se faz música há um publico esperando o seu discurso. Eles querem ouvir o que
tem a dizer. Então você usa efeitos, escalas e arpejos para dizer algo maior que isso. Você fala
de você e fala coisas que as palavras não falam. Fala emoções!

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Quantas emoções existem numa pessoa ou numa nação?

Paixão
Ódio
Amor
Alegria
Depressão
Inveja
Tristeza
Amargura
Ansiedade
Motivação
Medo
Pavor
entre outras...

Se fossemos escrever a trilha de um filme teríamos que traduzir essas imagens para os sons.
Tente trabalhar isso agora.
Escolha o ritmo a harmonia e crie as melodias.
Numa trilha de cinema milhares de pessoas ouvem a idéia de um compositor e nem percebem.
Mas se tirar a musica o filme fica sem emoção. Quando improvisamos damos imagens ao
ouvido e ao coração de cada ouvinte.

Alguns músicos vão até o ouvido, outros chegam até o raciocínio e poucos chegam ao coração.
Menos ainda os que comovem uma platéia ou um povo. Esses acharam o caminho de usar a
música como veiculo de comunicação com o publico.

Não importa a quantidade de notas ou a dificuldade com que se toca, quem improvisa deve
querer falar, não se fala só a si mesmo e sim aos outros.

Sugiro algumas imagens que são comuns a todos nós. Pratique um pouco se lembrando de:

 Crianças abandonadas nas ruas


 O trânsito de São Paulo as 18:00h
 Violência
 Doenças, pestes e fome em todo mundo.
 Guerra, bombas e pânico entre os habitantes

Por outro lado:


 Praias água de coco e férias.
 Uma brisa suave em seu lar,
 Uma criança que te ama muito corre aos seus braços
 Paz

Perceba que pra cada imagem a sua mente teve uma reação. Isso pode ser traduzido pelos sons.

Imagens são infinitas. As primeiras foram apenas linhas retas e curvas. Essas não, elas trazem
emoções em nós mesmos e mostram um gráfico complexo em nossa mente. Pratique um pouco

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de cada e verá uma liberdade diferente, desprovida de técnica e pensamentos, mas apenas livre
para criar e falar.

Estilos

Estilo é como roupa, para cada ocasião se usa uma.

Os estilos surgem assim como surgem os dialetos. Brasília é uma cidade que absorve culturas de
todo país. Roupa, gírias, sotaques e comidas. Na música não é diferente.
Cada país tem seus ritmos, e cada ritmo tem os seus sotaques, gírias e grifes.

Aprender a falar bem em cada ritmo gasta um tempo longo, é necessário ouvir não só a música
instrumental, mas os cantores daquele estilo.
A voz é o maior instrumento, então quando se ouve um cantor em determinado estilo você pode
colher rapidamente as figuras de uma cultura.

Existem melodias, harmonias e ritmos característicos em cada estilo. Por exemplo, no Baião temos
essas figuras:

Essa é uma das figuras rítmicas predominantes.

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Essa é a famosa escala nordestina ou Lídio b7.

Mais se formos para o blues encontramos os mesmos acidentes e mais a 3m como nota
característica.

Com essas notas se faz todo o lamento e canto do blues.

Já para o be-bop a escala e fraseado é:

Veremos agora o solo completo do Michael Brecker em Giant Steps.


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Esse solo tem a característica do Post-Bop. O Post-bop tem a mesma linguagem do be-bop, porém
as frases são mais modernas. John Coltrane foi seu principal músico. Michael Brecker é
característico do Jazz contemporâneo que veio com a fusão do jazz na década de 70.

A escala mais simples e popular do século XX é a pentatônica.

Vários estilos absorveram essa escala que tem um som simples mais bem emotivo.

Em quase todos os estilos pode se usar essa escala. Do Japão:

Até o Velho Oeste:

No meu disco “Vitória na cruz” na música Olhos no Espelho do João Alexandre coloquei como
contraponto varias melodias com a pentatônica. Vamos analisar duas delas.

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Em F#sus usei a de B maior, e em F#7 usei a de C maior. O efeito é como se fosse um Outside
embora não seja, pois a pentatônica de C maior está dentro da escala de G menor melódica, cujo
sétimo grau é o F#7alt.

Essa é a ultima frase da música, uma simples pentatônica de B no seu próprio acorde mas tem um
ótimo efeito de final Jônio com um gráfico sonoro crescente num andamento bem veloz.

No blues não se usa 7M, porém na MPB não tem graça sem ela.

Um acorde maior com 6 cai bem nas músicas mineiras quando no primeiro grau. Mas de lá
também vem acordes Toninho Horta como 7M(#9,#11)

Já dizia Dizzy Gillespie: Na musica Brasileira, Americana e Cubana está o futuro da musica
mundial.

Sem duvida não se vê tanta variedades e complexidades de ritmos, harmonias e melodias como se
vê nas músicas desses três países.

Cada instrumento tem uma particularidade com os estilos, e é necessário que cada músico aprenda
a diferenciar na hora de tocar cada o estilo.

Ficar atento nos tempos fortes, características de harmonia, e melodias conhecidas.


Tudo isso dará uma macro visão musical e um vocabulário mais refinado a cada músico

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Existem vícios que devem ser observados e como:

 Vibratos excessivos.

 Emissão de notas com muita barriga.

 Alterações na harmonia quando a música é apenas dançante.

 Grande quantidade de informações pelos bateristas e baixistas em baladas.

 Solar, se emocionar e esquecer da harmonia.

 Excesso de pedal dos baixistas.

 Baixistas tocarem o 2 e o 4 apenas quando o baterista já está no swing.

 Tocar sax e guitarra pop quando a música é dos anos 60 para trás.

 Tocar fraseado de be-bop quando está acompanhando uma cantora numa música pop.

 Escalas blues quando os acordes são com 7M

Em fim, a lista não para ai, mas é apenas para mostrar que podemos estar dançando com o traje
errado e não perceber. Isso acontece quando o musico não estuda as variedades de estilo e sai
tocando o que da na cabeça ou o que acha que deve tocar.

“A minha liberdade vem do estilo” Branford Marsalis

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Liberdade

O contrário de tocar um estilo ou frases no lugar errado é ter a liberdade de tocar qualquer frase de
qualquer estilo em qualquer lugar.

É um paradoxo!

Quando os estilos estão apurados qualquer um deles pode se cruzar em pequenas frases ou
harmonias.

Uma boa sopa vem recheada de ingredientes, porém todos têm a medida certa. Essa é a diferença,
encontrar medidas certas para combinação de estilos.

Os estilos se encaixam

Cuba Brasil EUA


Melodia Canções MPB Standards,
Harmonia Latin Bossa e Samba, Choro, Jazz, Blues
Salsa, Mambo, Baião, Maracatu, Frevo, Xote, Bossa, Funk, Soul, Rock,
Ritmo Rumba Samba Swing,

Tudo isso vem na hora da improvisação, se for usado com equilíbrio fica muito bom e criativo.

Ainda existem as melodias do erudito que estão sempre sendo lembradas pelos grandes solistas.
Melodias consagradas que vez por outra aparecem num pequeno espaço musical.

Os grandes músicos transitam por todos esses lugares musicais em segundos, e não se esqueçam
que todos três países têm origem da música afro. Ritmos e canções trazem culturas antigas ao
nosso dia a dia musical.

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Final

Improvisar é ser livre.


É criar.
É falar pelos sons.
É viver.
Tudo que existe foi criado e manifesta a natureza de quem criou.

Recebemos de graça as virtudes do criador para que através de nós seres humanos, a
natureza e os atributos daquele que era, é e que há de vir sejam conhecidos.
O homem é o melhor solo de Deus, pois foi criado a imagem e semelhança dele para
manifestar o caráter, a vontade, o intelecto e as emoções daquele que é antes e depois
de tudo, em quem não há sombra nem variação alguma, aquele que habita em luz
inacessível, mas que deixou toda glória e autoridade para viver a mesma vida que os
homens viviam.
Sendo a vida teve fome, sendo o criador nasceu. Sendo fonte de águas vivas teve sede,
sendo o pão da vida teve fome, tendo todo poder foi morto numa cruz. Porém a morte
não pode segurá-lo, pois ele é a própria vida, e é doador de dons eternos para os
homens.
Sustenta o universo como onipotente, Vê o sol abaixo do seu trono e olha por dentro de
um átomo como onipresente, conhece os pensamentos dos homens antes que a palavra
saia de suas bocas, pois é onisciente, conhece as trevas e com ele mora a luz, é justiça
mais também misericórdia, cura a alma abatida dos homens, lança fora o medo a dor e
a ansiedade, assobia e as aves mudam de direção, o Leão olha para ele esperando por
sua presa, conhece cada animal pelo nome pois foi ele quem os criou.
Aos seus pés os seres do mal se ajoelham, a terra treme quando ele fala por meio de
trovões e relâmpagos, os céus são o seu trono e a terra o estrado dos seus pés, além
dele outro não há, antes dele ninguém existiu, ele é o primeiro e o ultimo, e todas as
coisas são dele, por ele e para ele, nele nos movemos e existimos. Ele não está em
todas as coisas, porém, todas as coisas estão nele.
Mente nenhuma o sonda, mas ele sonda mente e corações. Não leva em consideração
nossos pecados, mas nos chama para sermos seus filhos, herdeiros de coisas eternas,
não perecíveis e que não podem ser roubadas, numa cidade onde o mal não existe porque
será aniquilado, onde não haverá lagrimas, dores ou sol para molestar, pois serão novos
céus e nova terra. Haverá restauração completa de todas as coisas, pois para sempre
habitaremos com aquele que é o caminho, a verdade e a vida: Jesus.
Ele é o amor de Deus para todo homem.

Ademir Júnior
Janeiro de 2006

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