Batalha de Poitiers
Batalha de Poitiers
Batalha de Poitiers
A Batalha de Poitiers, tambm conhecida como Batalha de Tours, travou-se entre o exrcito do Reino Franco, liderados por Carlos Martel prefeito do palcio de Paris, da dinastia Carolngia, governante de facto do reino e o exrcito do Califado de Crdoba, liderado por Abd-ar-Rahman, governante de Crdoba. Esta batalha citada como sendo o marco do final da expanso muulmana na Europa medieval. O exrcito franco postou-se junto a cidade de Tours, para sua defesa. O ataque muulmano foi rechaado, com a morte de seu comandante, junto a cidade de Poitiers.
Importncia
O emirado de Crdoba havia invadido anteriormente a Glia, tendo sido parado no seu avano mais ao norte na batalha de Toulouse, em 721. O heri do evento que menos celebrado foi Odo, o Grande, duque da Aquitnia, que no foi o progenitor de uma estirpe de reis nem patrono dos cronistas. Embora Odo tivesse derrotado os invasores muulmanos antes, quando eles retornaram as coisas estavam muito diferentes. A chegada nesse nterim de um novo emir de Crdoba, Abdul Rahman Al Ghafiqi, que trouxe com ele uma grande fora de cavaleiros rabes e berberes, dando incio grande invaso. Abdul Rahman Al Ghafiqi havia estado em Toulouse e as crnicas rabes deixam claro que ele se ops fortemente deciso do emir de no assegurar as defesas externas contra uma fora de socorro, o que permitiu a Odo e sua infantaria atacar sem piedade antes que a cavalaria islmica pudesse estar preparada. Abdul Rahman Al Ghafiqi no tinha a inteno de permitir outro desastre. Desta vez os cavaleiros islmicos estavam prontos para a batalha e os resultados foram terrveis para os aquitnios. Odo, o heri de Toulouse, foi duramente derrotado na invaso muulmana de 732, na batalha do rio Garone - onde os cronistas ocidentais declaram que "s Deus sabe o nmero de mortos" - e a cidade de Bordeaux foi saqueada. Odo fugiu ao encontro de Carlos em busca de ajuda, que por sua vez concordou em ir em seu resgate, desde que ele e sua casa fossem reconhecidos como seus soberanos - o que Odo fez oficialmente e de imediato. Assim, Odo desapareceu na histria enquanto Carlos Martel despontou. Pragmtico, Carlos formou o flanco direito de suas foras em Tours com seu antigo inimigo, Odo, e seus nobres aquitanianos. A batalha de Tours deu a Carlos o cognome "Martel", pela crueldade com que ele batia seus inimigos. Muitos historiadores, incluindo o grande historiador militar Sir Edward Creasy, acreditam que, tivesse ele fracassado em Tours, o Isl provavelmente teria invadido a Glia e talvez o restante da Europa crist ocidental. Edward Gibbon acredita claramente que os muulmanos teriam conquistado de Roma ao rio Reno e at mesmo a Inglaterra com facilidade, caso Carlos Martel no vencesse. Creasy diz que "a grande vitria obtida por Carlos Martel deteve decisivamente o avano rabe na conquista da Europa Ocidental, salvando a cristandade do Isl, [e] preservando as relquias da Antiguidade e as origens da civilizao moderna". Para Gibbon, o fato da cristandade depender dessa batalha ecoado por outros historiadores incluindo William E. Watson e era muito popular historiografia. Ficou um pouco fora de moda no sculo XX, quando historiadores como Bernard Lewis sustentaram que os rabes no tinham grandes
intenes em ocupar o norte da Frana. No obstante, muitos historiadores em tempos recentes tendem novamente a ver a batalha de Tours como um evento bastante significativo na histria da Europa e da cristandade. Atualmente, Matthew Bennett e seus co-autores de "Fighting Techniques of the Medieval World" ("Tcnicas de Ataque do Mundo Medieval"), publicado em 2005, argumenta que "poucas batalhas so lembradas depois de 1.000 anos depois de disputadas mas a Batalha de Poitiers (Tours) uma exceo. Carlos Martel fez retroceder uma invaso muulmana que se no fosse evitada, talvez tivesse conquistado a Glia". Michael Grant, autor de "History of Rome", d a Batalha de Tours tal importncia que ele a lista entre as principais datas histricas da era romana. Outro historiador contemporneo, William Watson, acredita que o fracasso de Martel em Tours teria sido um desastre, destruindo o que se tornaria a civilizao ocidental e, depois, o Renascimento. Obviamente todos os historiadores concordam que no restaria na Europa nenhum poder capaz de deter a expanso islmica se os francos falhassem. Enquanto algumas avaliaes atuais do impacto da batalha tm se afastado da posio extrema de Gibbon, muitos historiadores modernos tais como William Watson e Antonio Santosuosso geralmente apoiam o conceito de Tours como um evento histrico importante que favoreceu a civilizao ocidental e a Cristandade, apesar deste ltimo acreditar que as vitrias de Martel nas campanhas de 737 terem sido consideravelmente mais vitais.
Batalha
A Batalha de Tours ocorreu provavelmente em algum lugar entre Tours e Poitiers (da seu outro nome: Batalha de Poitiers). O exrcito franco, liderado por Carlos Martel, consistia principalmente de uma infantaria experiente, com algo entre 15 000 e 75 000 homens. Embora Carlos tivesse alguma cavalaria ele, no entanto, no possua estribos, de modo que os desmontou e aumentou a fora de suas falanges. Odo e a nobreza da Aquitnia tambm estavam geralmente na cavalaria, mas eles tambm desmontaram no princpio da batalha, como suporte s falanges. Respondendo invaso muulmana, os francos evitaram as antigas estradas romanas, na esperana de pegar os invasores de surpresa. Martel acreditava que era absolutamente essencial que ele no apenas pegasse os muulmanos de surpresa, mas que isso lhe permitisse escolher o campo onde a batalha seria disputada - preferencialmente uma elevao, plana e coberta de rvores onde os cavaleiros islmicos, j cansados de carregar as armaduras, seriam mais exigidos com uma subida. Depois, a floresta ajudaria os francos na sua formao defensiva por impedir parcialmente a habilidade dos cavaleiros muulmanos em fazer um ataque sem dificuldades. Das consideraes muulmanas da batalha, eles foram realmente tomados de surpresa ao encontrar uma grande fora de oposio ao seu esperado saque a Tours, e esperaram por seis dias, reconhecendo o inimigo e reunindo todos os seus exrcitos de ataque de forma que uma concentrao plena estava presente no campo de batalha. O emir Abdar-Rahman era um general competente que no gostou de desconhecer tudo e no gostou do esforo de subida contra um nmero desconhecido de inimigos que pareciam bem disciplinados e dispostos para a batalha. Mas o clima tambm era um fator. Os francos germnicos, em suas peles de lobo e urso, estavam mais acostumados ao frio,
melhor vestidos para isso e, apesar de no possurem tendas como as que os muulmanos possuam, estavam preparados para esperar tanto quanto fosse necessrio. No stimo dia, o exrcito muulmano, formado principalmente por cavaleiros berberes e rabes liderados por Abdul Rahman Al Ghafiqi, atacou. Durante a batalha, os francos derrotaram o exrcito islmico e seu emir foi morto. Enquanto as informaes ocidentais so incompletas, as rabes so bastante detalhadas descrevendo como os francos formaram um grande quadrado e lutaram uma brilhante batalha defensiva. Rahman duvidava antes da batalha que seus homens estivessem prontos para semelhante esforo e deveria t-los feito abandonar os saques que os atrasaram, mas, ao invs disto, decidiu confiar nos seus cavaleiros, que nunca o haviam decepcionado. De fato, era impensvel para uma infantaria daquela poca se opor a uma cavalaria blindada. Martel conseguiu convencer seus homens a permanecerem firmes contra uma fora que lhes parecia invencvel, uma grande quantidade de cavaleiros, que, alm disso, era provavelmente muito superior ao nmero de francos. Em uma das raras ocorrncias onde a infantaria medieval se levantou contra cargas de cavalaria, os disciplinados soldados francos resistiam aos assaltos mesmo que, de acordo com as fontes rabes, a cavalaria rabe vrias vezes rompesse as defesas francas. A cena descrita em uma traduo de uma descrio rabe da batalha: E no abalo da batalha os homens do norte pareciam um mar que no podia ser movido. Eles permaneciam com determinao, um junto do outro, numa formao que era como um castelo de gelo; e com grandes golpes de suas espadas derrubavam os rabes. Arrumados como um bando em torno de seu chefe, os austrasianos carregavam tudo diante deles. Suas incansveis mos guiavam suas espadas na direo do peito dos inimigos.
Ambas as descries concordam que os muulmanos romperam as defesas francas e estavam tentando matar Carlos Martel, cujos vassalos o rodearam e no foram vencidos, quando um estratagema que Carlos havia planejado antes da batalha causou consequncias alm das que ele imaginara. Tanto as fontes ocidentais como as islmicas da batalha afirmam que em algum momento durante o pice da luta, ainda indefinida, patrulheiros enviados por Martel ao campo muulmano comearam a libertar prisioneiros. Temendo a perda de suas pilhagens, uma grande poro do exrcito muulmano abandonou a batalha e retornou ao campo para proteger seus esplios. Na tentativa de parar o que parecia ser uma retirada, Abdul Rahman foi cercado e morto pelos francos e o que comeou como um ardil terminou como uma retirada real, com o exrcito muulmano fugindo do campo de batalha naquele dia. Os francos reuniram suas falanges, e descansaram no local por toda a noite, acreditando que a batalha seria retomada na manh seguinte. No dia seguinte, quando os muulmanos no reiniciaram a batalha, os francos temeram uma emboscada. Carlos inicialmente acreditou que os muulmanos estavam tentando atra-lo ao sop da colina e ao campo aberto, uma ttica que ele resistiria a todo custo. Foi apenas aps um reconhecimento abrangente do campo muulmano - que ambas as fontes citam ter sido apressadamente abandonado, deixando para trs at mesmo as
tendas, com as foras muulmanas voltando pennsula Ibrica levando consigo os esplios restantes que podiam carregar - que os soldados francos descobriram que os muulmanos haviam se retirado durante a noite. Como as crnicas rabes revelariam depois, os generais de diferentes partes do Califado, berberes, rabes, persas e muitos mais, foram incapazes de concordar em escolher um lder para substituir Abdul Rahman como emir, ou at mesmo concordar sobre a escolha de um comandante para o dia seguinte. Apenas o emir, Abdul Rahman, tinha a Fatwa do califa e, portanto, a autoridade absoluta sobre a fidelidade dos exrcitos. Com a sua morte e com as vrias nacionalidades e etnias presentes em um exrcito formado de homens de todo o Califado, propenses polticas, raciais e tnicas e personalidades importantes os influenciaram. A inabilidade dos briguentos generais para selecionar algum que liderasse resultou na retirada geral de um exrcito que talvez fosse capaz de retornar batalha e derrotar os francos. A habilidade de Carlos Martel teve em matar Abdul Rahman no pice da batalha, atravs de um engenhoso ardil cuidadosamente planejado para causar confuso, e seus anos gastos rigorosamente treinando seus homens, foram combinados para fazer o que parecia impossvel: os francos de Martel, na prtica uma infantaria sem armaduras, resistiu a uma grande cavalaria pesada com lanas de seis metros e a uma cavalaria ligeira com arco-e-flecha, sem a ajuda de arcos ou armas de fogo. Isto foi uma faanha de guerra quase sem precedentes na histria medieval, um feito que at mesmo as legies romanas com suas pesadas armaduras mostraram-se incapazes de realizar contra os partos, deixando a Carlos Martel o nico lugar na histria como salvador da Europa e um brilhante general em uma poca que no lembrada por suas lideranas.
Depois de Tours
Na dcada seguinte, Carlos liderou o exrcito franco contra os ducados orientais da Baviera e Alamnia, e os meridionais da Aquitnia e Provena. Ele tratou o progressivo conflito com os frsios e com os saxes no seu nordeste com algum sucesso, mas a conquista plena dos saxes e sua incorporao ao imprio franco esperaria pelo seu neto Carlos Magno, inicialmente porque Carlos Martel concentrou a maior parte de seus esforos contra a expanso muulmana. Ento, no lugar de se concentrar na conquista de seu leste, ele continuou a expandir a autoridade franca para oeste, negando ao Emirado de Crdoba apoiar um p na Europa a partir do Al-Andalus. Aps sua vitria em Tours, Martel continuou nas campanhas de 736 e 737 a combater outros exrcitos muulmanos a partir de bases na Glia aps eles novamente tentarem invadir a Europa a partir do Al-Andalus.