Biografia de São Francisco de Sales

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Biografia de São Francisco de Sales - Espiritualidade Salesiana

São Francisco de Sales é uma daquelas grandes figuras que irradiaram amor e fé
por onde passaram. Enriqueceu a Igreja e a humanidade com suas obras e com sua vida.
Mostra-se sempre atual porque a sua linguagem e seu testemunho é universal: o amor.
Neste primeiro capítulo apresentaremos sua vida e suas obras, a sua compreensão de vida
cristã como vida devota e a sua experiência pessoal do amor divino. A vida do autor do
Tratado do amor de Deus traz em si uma mensagem do amor divino. Esta mensagem está
expressa em palavras nas obras por ele compostas, bem como naquelas que surgiram
postumamente. É uma vida cristã, uma vida devota que se torna modelo para quem busca
a vivência do evangelho no meio do mundo, onde Deus o tem plantado. E tudo o que
compõe sua história está fundamentado em experiências do amor de Deus. Elas pautam
sua personalidade e o legado espiritual que nos deixou. Este capítulo inicial é mais
biográfico e descritivo, sem a pretensão de resumir a vida do nosso santo, mas sim, com
o intuito de facilitar a compreensão do seu Tratado.

Vida
Francisco Boaventura de Sales nasceu prematuramente numa quinta-feira, 21 de
agosto de 1567, no castelo de Sales, na Sabóia, hoje França (RAVIER, 2010, p. 19).
Primogênito de Francisco de Nouvelles e de Francisca de Sionnaz, ele um militar que
casou-se aos quarenta e três anos de idade e ela uma donzela que casou-se com apenas
quatorze anos, ambos pertencentes à nobreza. Recebeu este nome por causa dos padrinhos
de batismo: Francisco de la Fléchère e Boaventura de Chevron-Villette (RAVIER, 2010,
p. 20). O sobrenome Sales dado a Francisco advém do lugar onde morava sua família. O
pai usava o sobrenome de Boisy por ter sido a condição que sua sogra e tia exigira para
que o casal recebesse o dote das terras e castelos da família. Os “filhos de ambos, entre
os quais se encontrava o nosso Francisco, receberiam, porém o nome de Sales, pelo menos
até ao dia em que o senhor de Boisy lhes desse uma de suas terras” (RAVIER, 2010, p.
19). O frágil menino foi batizado no dia 28 de agosto de 1567, na Igreja Saint-Maurice
de Thorens (RAVIER, 2010, p. 20).
Durante seis anos Francisco permaneceu como filho único na casa de seus pais.
Acontece que alguns de seus irmãos faleceram ao nascer. Seu irmão Gallois nascerá
apenas nove anos depois (RAVIER, 2010, p. 22). Em 1573 o pai envia Francisco para
estudar no colégio de La Roche-sur-Fioron. Em 1575 muda para o Colégio de E.
Chappuis, de Annecy, onde recebe o Sacramento da Confirmação (RAVIER, 2010, p.
27). Em 20 de setembro de 1578 recebeu a tonsura e neste mesmo ano foi ao Colégio de
Clermont onde iniciou as “Humanioris litterare”. Permaneceu um decênio neste colégio,
dos onze aos vinte e um anos, tendo estudado gramática para obter o pleno domínio do
latim, o curso de humanidades, o curso de retórica, os curso de artes ou filosofia,
astronomia, cosmografia, história natural, matemática, música, grego e hebraico. Obtém
os títulos de bacharel em retórica e licenciatura e doutorado no curso de artes. Foi
classificado como “perfeito em filosofia” e “um, dos primeiros alunos na Universidade”
(BIANCO, 2011, p. 36-37). Além disso, “entre os 15 e 18 anos frequentou uma espécie
de academia de cavalaria, ou da nobreza, que compreende equitação, esgrima, ginástica
e dança” (BIANCO, 2011, p. 38).
De dezembro de 1586 a janeiro de 1587, Francisco tem sua grande crise
existencial. Ele se “julgava predestinado para a condenação pelo juízo infalível de Deus”
(RAVIER, 2010, p. 35). Os efeitos da crise do espírito envolvem também o corpo. Fica
doente e não quer mais comer nem consegue dormir. Pensava estar predestinado a não
ser salvo por Deus. Mas, “de repente, Francisco sozinho supera a crise da maneira mais
inesperada, aos pés de Maria” quando reza o Lembrai-vosna igreja dominicana de Santo
Estevão de Grès, diante da imagem da Virgem Negra de Paris e fica completamente
curado (BIANCO, 2011, p. 44-45).
Em 1588 termina seus estudos de humanidade e filosofia (RAVIER, 2010, p. 39).
Volta para Sabóia e viaja dali para Pádua. Iniciará os estudos em Direito, como deseja
seu pai. O senhor de Boisy designou o reverendo Déage para preceptor de Francisco e de
Gallois, que fora junto para estudar em outro colégio da cidade. Escondido do pai, mas
com a permissão de Déage, estudará Teologia (RAVIER, 2010, p. 43). Ao chegar em
Pádua toma como Diretor Espiritual o jesuíta Antônio Possevino “que lhe transmite o
gosto pela Escritura e o orienta ao estudo da mística” (BIANCO, 2011, p. 64). Sob sua
orientação Francisco lê oCombate Espiritual, do padre Scupoli, e redige para si
uma regra de vida que ficará conhecida como Regra de Pádua e mais tarde se tornará
o Diretório Espiritual[1]. No fim de 1590 fica doente. Está em perigo eminente de morte
e pede para que seu corpo seja entregue aos estudantes de medicina a fim de “ser útil pelo
menos depois da morte...” (BIANCO, 2011, p. 67), pensamento que revela a crise pela
qual estava passando. Em 5 de setembro de 1591 obtém o doutorado em Direito civil e
eclesiástico. Contava com vinte e quatro anos de idade.
Em fevereiro de 1592 Francisco retorna à Sabóia e se torna advogado no Senado
de Chambérry (24 de novembro). Aí encontra seu pai que logo lhe arranja um casamento.
Mas Francisco deseja o sacerdócio. Conversa com alguns influentes amigos e estes lhe
conseguem um cargo importantíssimo na diocese, fazendo disto um artifício para que o
senhor de Boisy aceitasse sua vocação (LAJEUNIE I, 1966, p. 201-202). Logo foi
nomeado senador no Senado de Chambérry. Recusou. Recebeu, então, uma nomeação de
Roma: Deão[2] da diocese de Genebra. Em 9 de maio de 1593 Francisco, sabendo desta
nomeação, vai ao pai contar-lhe de seu desejo de ser um homem da Igreja. Leva em
companhia Luís de Sales, seu primo sacerdote, e Francisco Deronis[3], além de contar
com a intervenção da senhora de Boisy, sua mãe. O pai resiste, mas é convencido[4].
Assim, em 12 de maio de 1593, se torna preboste do Capítulo de São Pedro de Genebra
(exilado em Annecy). Mas só será instalado depois de ordenado presbítero (LAJEUNIE
I, 1966, p. 202-204).
Em 09 de junho de 1593 recebeu as quatro ordens menores na catedral de Annecy.
No dia 11 recebeu o sub-diaconato. Em 24 de junho pronunciou seu primeiro sermão,
falando da santa Eucaristia na catedral de Annecy (RAVIER, 2010, p. 61). Em 18 de
setembro recebeu o diaconato e em 18 de dezembro do mesmo ano foi ordenado sacerdote
por Dom Claudio Granier, na catedral de Annecy. Três dias depois “cantou sua primeira
missa” (RAVIER, 2010, p. 62). Estava com vinte e seis anos de idade.
O duque da Sabóia, Charles-Emmanuel, desejava que esta região voltasse à fé
católica, muito mais por motivos políticos que piedosos (LAJEUNIE I, 1966, p.
239).[5] Pediu a Dom Granier que enviasse missionários para seu ducado. Este pede a
Francisco de Sales que, em 14 de setembro de 1594, vai catequisar o Chablais[6]. Tem
em companhia o primo Luís de Sales (LAJEUNIE I, 1966, p. 243). Serão quatro anos de
duro trabalho. Em 1595 começa as conversas familiares com os protestantes. Redigiu
algumas “Meditações”, as Controvérsias, fixando-as em lugares públicos ou metendo-as
por baixo das portas (LAJEUNIE I, 1966, p. 265)[7]. Em 1596 obtém os primeiros frutos
de sua missão com o início do movimento de conversões no Chablais. No dia 9 de abril
de 1597 Francisco e Luís de Sales tiveram um primeiro encontro com o sucessor de
Calvino, Théodore de Bèze. Travaram um bom diálogo que foi seguido de dois outros
encontros. Francisco desejava conduzi-lo à fé romana, o que não conseguiu, mas
conservou-se estimado por Bèze (LAJEUNIE I, 1966, p. 326-328).
Em outubro de 1598 é suprimido o culto protestante no Chablais[8] e, por
influência rígida de Francisco de Sales, são expulsos os ministros calvinista de Thonon
(LAJEUNIE I, 1966, p. 380). Depois disso, o preboste vai a Roma chegando ao findar de
dezembro. É recebido pelo papa Clemente VIII que, numa segunda audiência, no dia 22
de março de 1599, aplica-lhe o exame canônico habitual, obtendo o êxito de Francisco
nas trinta e cinco questões que a corte lhe dirigiu (RAVIER, 2010, p. 106).[9] É, então,
nomeado bispo titular de Nicópolis e coadjutor de Genebra (1599) (BIANCO, 2011, p.
130)[10]. Em maio de 1600 foi publicado A Defesa do Estandarte da Santa Cruz de Nosso
Senhor Jesus Cristo, o livro que Francisco tinha escrito em resposta a um antigo panfleto
do ministro de La Faye (um alto eclesiástico calvinista). Em 1601 (6 de abril) perde seu
pai. Em 19 de setembro faleceu seu bispo, Dom Cláudio de Granier. Agora terá que
assumir o cargo como pastor de Genebra-Annecy. Depois de um retiro de vinte dias e de
redigir uma regra de vida, “que é um pequeno tratado sobre o ideal sacerdotal segundo o
evangelho” (BIANCO, 2011, p. 149), em 8 de dezembro de 1602, na igreja de Thorens,
é sagrado bispo. Seis dias depois toma posse na catedral de Annecy (BIANCO, 2011, p.
150). Será um bispo reformador no espírito do Concílio de Trento. Vive como pobre[11],
reza, escreve[12], catequisa[13], confessa[14], reforma abadias e mosteiros
decadentes[15], visita as 450 paróquias, instrui o clero[16] e acolhe a todos sem distinção,
ouvindo e orientando como um bom pai. Conquista uma popularidade imensa. Continua
sempre pregando[17]. E numa destas pregações tomará contato com a baronesa Joana de
Chantal, “irmã de Monsenhor André Frémyot, o jovem arcebispo de Bourges, que
frequentemente recebia Francisco em sua casa” (VIDAL, 1978, p. 14).
Joana era uma mulher austera que procurava um bom diretor espiritual. Viúva aos
28 anos, sofrera muito com seus quatro filhos pequenos e com os maus tratos que recebera
na casa do sogro (VIDAL, 1978, p. 167). Teve um diretor espiritual escrupuloso que em
nada lhe ajudou (BIANCO, 2011, p. 198). Em 1604, quando foi à pregação quaresmal em
Dijon, encontrou-se com o bispo de Genebra, Francisco de Sales. Ela vê nele o diretor
espiritual que Deus escolhera. Desta amizade surgirá uma vasta literatura[18] e a Ordem
da Visitação de Santa Maria[19], fundada por ambos em 6 de junho de 1610. Antes disso,
em 1609, Francisco publica a Introdução à Vida Devota ou Filoteia.
Outro fato de grande importância na vida de Francisco foi a morte de sua mãe,
pouco antes da Visitação ser fundada. A senhora de Boisy faleceu em 1 de março de 1610.
Francisco herdara dela a personalidade e a devoção. Sua mãe era sempre um modelo de
vida cristã. Em 1616 publica o Tratado do Amor de Deus, obra que nos debruçaremos
neste trabalho. Desejoso de promover a cultura na sua diocese, “em 1606 Francisco
fundou em Annecy a Academia Florimontana, sociedade de doutos e literatos”
(BIANCO, 2011, p. 172).
Em 1618 Vicente de Paulo vem ouvir as pregações do Advento em Paris feitas
por Dom Francisco de Sales. Os dois conversam e se tornam grandes amigos. Em Paris
Francisco funda um mosteiro da Visitação e o confia ao jovem padre Vicente. Em 1622
o nomeia superior, ficando Vicente por mais de quarenta anos, até sua morte (BIANCO,
2011, p. 284). Em 1619 “travou relações com a abadessa de Port-Royal, Angélica
Arnaud. Visitou-a várias vezes no seu mosteiro e, ao deixar Paris, dirigiu-lhe cartas”
(VIDAL, 1978, p. 17). Angélica manifestou o desejo de ser Visitandina, mas não obteve
licença de Roma, sendo que Francisco considerou isso um desígnio de Deus. Esta
abadessa envolveu-se com o jansenismo. Seu estilo pessimista e rigoroso não se deixou
penetrar pela doutrina terna e mansa do bispo de Genebra. É uma das páginas tristes da
vida de Francisco (BIANCO, 2011, p. 285-289).
Nos últimos anos Francisco gastará todo o seu tempo em viagens
diplomáticas[20] em favor da Igreja e da Sabóia. Terá especial cuidado com a Visitação
e com sua diocese, sem negligenciar os pedidos da santa Igreja, que ora e outra lhe roga
favores. Com a nomeação e sagração de João Francisco (21 de janeiro de 1621), seu
irmão, como seu coadjutor, vê surgir o desejo de se tornar um ermitão e poder dedicar-se
à oração e a escrever (RAVIER, 2010, p. 254-256). Mas isto ficou só no desejo. Sua saúde
estava se debilitando. Sentiu-se cansado nas viagens e capítulos que, em nome da Igreja,
fazia e presidia.
Em 27 de dezembro de 1622, estando em Lyon, sentiu-se mal. Depois de um dia
exaustivo precisou ser posto na cama. Foi tomado por uma forte apoplexia ou acidente
vascular cerebral. Em torno da meia noite recebeu os sacramentos. No dia 28 de dezembro
de 1622, com pouco mais de cinquenta e cinco anos de idade e vinte anos como bispo e
príncipe de Genebra, por volta das 20 horas, veio a falecer (LAJEUNIE II, 1966, p. 449).
Em 29 de janeiro de 1623 são realizados seus funerais. Em 29 de abril de 1662 foi
beatificado em Annecy. Em 19 de abril de 1665 o papa Alexandre VII assina o decreto
de canonização e, em 19 de julho de 1877, Pio IX assina o decreto que lhe confere o título
de Doutor da Igreja, sendo que o Breve foi publicado em 16 de novembro de 1877
(LAJEUNIE II, 1966, p. 510). Em 1923 o Papa Pio XI o declarou Padroeiro dos jornalistas
e escritores católicos. Sua festa é celebrada em 24 de janeiro, quando foi definitivamente
sepultado em Annecy, em 1624[21].

Obras de São Francisco de Sales


São várias as obras do nosso santo. Encontram-se divididas em obras editadas por
ele mesmo, em edições póstumas parciais e em edições completas. Apresentamos
conforme Lajeunie o traz em San Francisco de Sales. El Hombre, el Pensamiento, la
Acción (1966, vol. I, p. 21-22), seguido de breve descrição.

Obras editadas por ele mesmo.


Simples Considerações sobre o Símbolo dos Apóstolos. 1597 ou 1598.
Reimpressa na Conférence accordée, Paris, 1598. Trata-se de uma pequena obra que
Francisco escreveu quando missionário no Chablais em vista de instruir as pessoas na fé
católica.
Defesa do Estandarte da Santa Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, Lyon, 1600.
Livro denso, escrito a pedido de Dom Granier em resposta ao libelo de La Faye (ministro
calvinista).
Breve Tratado da virtude da Cruz e modo de honrá-la (1597). Obra sem êxito
editorial, mas que lança muita luz sobre o debate do momento.
Orações fúnebres... de Philippe-Emmanuel de Lorraine, duc de Mercoeur, 1602.
Francisco foi escolhido para pronunciar a oração fúnebre de Lorraine de Philippe
Emanuel, duque de Mercoeur e Penthièvre, na igreja metropolitana de Notre-Dame em
Paris, em 27 de abril de 1602. A razão da escolha está na estreita relação de sua família
com o duque.
Constituições sinodais, Thonon, 1603. Trata-se de determinações em vista da
reforma eclesial proposta pelo Concílio de Trento e publicadas para a Diocese. Francisco
as refaz, pois Dom Granier já as tinha feito em 1582, no intuito de conduzir bem a diocese.
Ambos realizavam o Sínodo diocesano deliberante uma vez por ano com a exigência de
que os padres participassem e abertura para os leigos nas sessões públicas.
Aviso aos Confessores (continuação das Constituições). É um escrito dirigido
especialmente aos Confessores sobre o Sacramento da Penitência. Estava dentro do
esforço empregado nas Constituições sinodais.
Introdução à Vida Devota, Lyon, 1609. “É um verdadeiro e próprio tratado de
ascética, adaptado às pessoas que vivem no mundo” (BIANCO, 2011, p. 210). Filoteia é
o outro nome da obra. Significa amante ou enamorada de Deus. Por “antonomásia é Luísa
Duchastel, a senhora de Charmoisy, a quem Francisco dedica implicitamente o livro”
(BIANCO, p. 210), pois a obra nasceu de cartas,memórias espirituais, que Francisco lhe
escrevia na qualidade de seu diretor espiritual. Quando ela mostra este tesouro ao padre
jesuíta João Fourier, ele se admira e escreve ao bispo para que as publique. Francisco as
revisa e publica (BIANCO p. 209). A obra “foi impresso mais de quarenta vezes em vida
de seu autor” (VIDAL, 1978, p. 15).
Ritual sacramental, Lyon, 1614. Francisco compôs um ritual para a administração
de alguns sacramentos para sua diocese. Na época não havia rituais comuns para a Igreja
universal.
Tratado do Amor de Deus, Lyon, 1616. Esta é a obra que abordamos neste
trabalho.
Regra de Santo Agostinho e Constituições para as Irmãs religiosas da Visitação,
Lyon, 1619. Trata-se na Regra de Vida Religiosa Monacal escrita e entregue por ele à
Santa Joana de Chantal e às Irmãs da Visitação.
A De summa Trinitate et fide catholica, publicada em 1606 no Codez Favrianus,
aparecida com o nome de Favre. Trata-se de uma exposição sobre as principais heresias
calvinistas contra as quais terá de exercer a sua vigilância de legislador (RAVIER, 2010,
p. 82).
1.2.2 Edições póstumas parciais
Cartas, Lyon, 1626. Conjunto de Cartas que o santo endereçara a correspondentes
e que foram reunidas e publicadas. Hoje elas formam seis volumes das Obras
Completas e totalizam 2103 (BIANCO, 2011, p. 185).
Costumeiro e Diretório, Lyon, 1628. Regras de vida prática e espiritual para o
cotidiano das Irmãs da Visitação, que é publicado sobre orientação de Santa Joana de
Chantal e agregado às Constituições da Ordem.
Os verdadeiros Entretenimentos espirituais, Lyon, 1629. Em português, está
publicada sobre o título de Palestras Íntimas. Trata-se de palestras familiares que o bispo
dava às Visitandinas em Annecy. Elas se reuniam com ele e lhe faziam perguntas. Ele as
respondia de modo espontâneo, sendo que as Irmãs tomavam nota. Depois de sua morte
e de reunirem todas estas palestras, Santa Joana de Chantal e as Irmãs mandaram editar.
Controvérsias, 1870. Corpo de “Meditações” que Francisco escreve e fixa em
lugares públicos ou as mete por debaixo das portas a fim de instaurar um vasto diálogo
com os habitantes de Thonon. Em 1672, foram impressas numa edição que, infelizmente,
é cheia de erros. Em 1821 sai uma segunda edição ainda pior. Finalmente, em 1870
aparece uma edição correta” (BIANCO, 2011, p. 101).

Edições completas
Toulouse, Pierre Bosc et Aernaud Colombier, 1635; Paris, 1641; Paris, Sébastien
Huiré, 1652; Paris, Léonard, 1663, 1669, 1672 (contendo as Controvérsias), 1685.
Não existe edição completa no século XVIII. Herissant, em 1758, publica as
Cartas em seis volumes e os Opúsculos em quatro.
No século XIX, Obras Completas: Blaise, Paris, 1821; Viès, PARIS, 1856-1858;
Migne, 1861-1862.

A vida cristã como vida devota


Quando escreveu a Filoteia, disse Francisco: “Eu quero instruir e guiar os que
vivem nas cidades, no seio da família, na Corte e palácios dos grandes...” (IVD, 2004,
p.18). Surpreendeu, pois o título de sua obra rezava Introdução à vida devota. Matizava,
assim, um modo de compreender a vida de perfeição. Perfeição era o termo preferido
pelos mestres do espírito da época, uma vez que “devoção” soava antiquado (BIANCO,
2011, p. 214). Ele não teme usar o termo “devoção” ligando-o diretamente à vida cristã:
“Tu aspiras à devoção, queridíssima Filotéia, porque és cristã e sabes que é uma virtude
sumamente agradável à divina Majestade” (IVD, 2004, p. 27). Para Francisco o cristão é
devoto e “la devoción outra cosa no és que la llamada universal a la santidad”
(VIGUERA, 1990, p. 165). Ele a descrevia nestes termos:
A verdadeira devoção, Filotéia, pressupõe o Amor de Deus ou, melhor, ela mesma é o mais perfeito amor
a Deus. Esse amor chama-se graça, porque adereça a nossa alma e a torna bela aos olhos de Deus. Se nos
dá força e vigor para praticar o bem, assume o nome de caridade. E se nos faz praticar o bem freqüente,
pronta e cuidadosamente, chama-se devoção e atinge então ao maior grau de perfeição (IVD, 2004, p. 29).
A vida devota não é vida de devoções (BIANCO, 2011, p. 214), mas vivência
radical da fé.[22] É o amor de Deus, fervente e abnegado (LAJEUNIE II, 1966, p. 478).
Em termos pós Vaticano II diríamos, vivência da vocação batismal(LG 39). É essa
atenção amorosa para com a vontade de Deus, “numa palavra, a devoção não é nada mais
do que uma agilidade e uma viveza espiritual, da qual ou a caridade opera em nós, ou nós
mesmos, levados pela caridade, operamos todo o bem de que somos capazes” (IVD, 2004,
p. 30).
Usando uma analogia, típico de seu método, nosso santo diz que a caridade e a
devoção só se diferenciam entre si como a chama e o fogo (IVD, 2004, p. 31). E explica
que a caridade é um fogo espiritual. Uma vez bem aceso se chama devoção (IVD, 2004,
p. 31).
Não resta dúvida que “Francisco de Sales creia que la ‘devoción’ era necessária
para vivir ‘como verdadero Cristiano’ en el mundo’” (LAJEUNIE II, 1966, p. 246-247).
Seu mérito está em fazer seus contemporâneos entenderem
que la devoción no es sombría, ni triste, ni aburrida, que al contrario, es una fuente de alegría pues consiste
en “um cierto grado de excelente caridad que nos hace prontos, activos y diligentes para observar los
mandamientos de Dios y para hacer gustosamente todas las obras buenas que podamos” incluso las que no
están mandadas “sino solamente aconsejadas o inspiradas” (LAJEUNIE II, 1966, p. 246-247).
Sendo assim, a vida devota, a vida cristã, o chamado universal a santidade está ao
alcance de todos. Basta acomodar a prática da devoção à nossa saúde, às ocupações e
obrigações de cada um (IVD, 2004, p. 36). Francisco foi um vanguardista: “nascia assim
(com Francisco de Sales) aquele apelo aos leigos, aquele cuidado pela consagração das
coisas temporais e pela santificação do cotidiano, sobre as quais insistirão o Concílio
Vaticano II e a espiritualidade do nosso tempo” (BENTO XVI, 2011).[23]
Para compreender o Tratado é preciso levar isto em consideração. Para Francisco,
todos somos chamados a uma vida cristã autêntica e, a seu modo próprio, todos podemos
corresponder.
1.4 A experiência do amor divino
Ao falar da perfeição da vida cristã, da vida devota, Francisco pressupõe o amor
de Deus (IVD, 2004, p. 29). E ao escrever seu Tratado concede-lhe o título do Amor de
Deus. Os autores falam no conteúdo prático de suas obras[24]. Como descrever então a
experiência do amor divino?
A “contemplação da personalidade de Francisco de Sales nos leva
indefectivelmente à constatação de que o Amor de Deus está no centro do seu
pensamento, de sua vida de sua ação” (ALBUQUERQUE, 2013, p. 24). A grande e
primeira figura desse amor é sua jovem mãe, dotada de uma piedade alegre e de uma
disposição ao trabalho que imprimiram no menininho uma imagem amorosa de Deus
solícito e próximo, tanto que “la primeira frase que San Francisco de Sales recuerda haber
pronunciado em su niñez es ésta: ‘Dios y mi madre me amam mucho”’ (SALESMAN,
1990, p. 7). Em sua juventude, o episódio de sua cura na igreja dominicana de Santo
Estevão de Grès, diante da imagem da Virgem Negra de Paris, pode ser citado como
grande manifestação do amor divino (SALESMAN, 1990, p. 39).
Lajeunie (II, 1966, p. 311) diz que Francisco “es um enamorado: para eso nació,
está hecho para el amor y para el amor humano. Corazón sensible, tierno, apasionado,
‘corazón que se apega’ y que se apega tanto que teme apegarse demasiado y mal”. Dele
se afirma que “nunca foi surpreendido em falta de amor” (ALBUQUERQUE, 2013, p.
25).
Quanto ao amor a Deus ele crê que todos têm a inclinação natural de amar o
Senhor.[25] Mas vê em si mesmo a confirmação de sua certeza. Certa vez ele escreveu a
Santa Joana: “Não existe uma outra pessoa no mundo, eu acho, que ama tão cordial,
ternamente, e falando com plena confiança, de maneira mais amorosa do que eu; (...)
comprouve a Deus fazer assim o meu coração, porque me disseram que ame somente a
Deus e todas as almas por Deus” (RAVIER, 1982, p. 151). Sim, Francisco faz a
experiência do amor que tem dois braços: um abraça a Deus e outro o irmão (LAJEUNIE,
1983, p. 77). Sua vida comprova este movimento que o Tratado nos fará entender como
amor afetivo e efetivo.
Em uma de suas cartas escreve “Tudo grita nos ouvidos do nosso coração: Amor,
amor” (ALBUQUERQUE, 2013, p. 28). Mas Deus não força e nem o nosso amor deve
ser forçado. A partir de sua experiência, Francisco explica a quem se atormenta:
Pobres pessoas! Atormentam-se para encontrar a arte de amar a Deus e não sabem que a única arte consiste
em amá-lo. Pensam que é necessária certa destreza para adquirir este amor, e, no entanto, somente se
consegue mediante a simplicidade... não existe mais arte do que amar, quer dizer, praticar as coisas que
agradam a Deus, pois é o único meio de encontrar e conseguir este amor sagrado, sempre que esta prática
se leve a cabo com simplicidade, sem perturbar-se nem inquietar-se” (ALBUQUERQUE, 2013, p. 29)
Assim, a experiência do amor divino é natural e gratuita, pois Deus é amor e o ser
humano foi criado para o amor (ALBUQUERQUE, 2013, p. 26). Compreende, ainda, que
todos os mistérios da fé são mistérios de amor: a criação, a encarnação, a redenção, a nova
filiação divina, a Igreja, os sacramentos (COSTA JR., 2000, p. 56). Portanto, Francisco
de Sales “nos ensina que no grande desafio da nossa vida é olhar tudo a partir da ótica do
amor e viver manifestando o amor com o qual somos amados, escolhidos e criados”
(ALBUQUERQUE, 2013, p. 26).
[1] A Regra de Pádua é um programa de vida escrito e vivido pelo próprio Francisco no seu tempo de
estudante em Pádua. Ela guiava as ações de todo o dia e possui grande semelhança com os exercícios
espirituais que Santo Inácio de Loyola propunha. No ano depois da morte de São Francisco, Santa Joana
de Chantal (1572-1641) a usou, junto com umas poucas outras fontes, para criar o Diretório Espiritual,
adaptado para as Irmãs da Visitação. Padre Luís Brisson (1817-1908) o readaptou a seus dois
Institutos: Oblatos e Oblatas de São Francisco de Sales (1875). Para os Oblatos ele é o meio privilegiado
de adquirir o espírito de São Francisco de Sales (CONSTITUIÇÕES 14, 1989, p. 10).
[2] “Deão (decanus, “chefe de dez” monges ou clérigos) ou preboste (praepositus, (“posto à
frente”), indicado pelo papa, preside o cabido, celebra a missa se o bispo estiver ausente)”
(COSTA, 2014, p. 97).
[3] Cônego da catedral, “experto negociador de benefícios, y que tenia en Roma ‘muy buenas relaciones’”
(LAJEUNIE I, 1966, p. 201).
[4] “El Señor de Boisy se veía imposibilitado, por falta de dinero, de dar un buen cargo a su hijo, y resulto
que ese hijo estaba en posesión del primer cargo de la diócesis después del de Obispo” (LAJEUNIE I, 1966,
p. 201).
[5] Francisco de Sales faz grandes elogios a este duque no prefácio do Tratado (p.17).
[6] O Chablais é aquela região de dez léguas de cumprimento e cinco de largura, orlada a norte pelo lago
Léman e a sul pelos montes de Faucigny. Thonon, situada à beira do lago, assemelha-se a uma pequena
capital (RAVIER, 2010, p. 67).
[7] Deste método inovador advém seu título de Patrono dos jornalistas e escritores católicos (RAVIER,
2010, p. 75). “Depois de sua morte, os folhetos serão encontrados em perfeita ordem no castelo de La
Thuille e, em 1658, quando o Papa Alexandre VII proclamar Francisco beato, serão oferecidos ao próprio
papa. Este, proveniente da nobre família romana dos Chigi, passa-os a seus herdeiros. Em 1672 os
imprimirão com o título de Controvérsias numa edição que, infelizmente, é cheia de erros. Em 1821 sai
uma segunda edição ainda pior. Finalmente, em 1870 aparece uma edição correta” (BIANCO, 2011, p.
101).
[8] “Esta supresión fue pues, um acto formal del Príncipe únicamente. El decreto, debidamente sellado y
firmado por Boursier, tenia fuerza de ley en virtud de la Constituición. Suprimia de plumazo la libertad de
culto en el Chablais, aplicando las leyes del país” (LAJEUNIE I, 1966, p. 381).
[9] Clemente VII, diante dos eminentíssimos cardeais da cúria romana, depois do exame que preside
pessoalmente para conferir‐lhe o episcopado, desce do seu trono, o abraça, ajoelha‐se diante dele e
pronuncia estas memoráveis palavras: “É verdade que até agora nenhum dos que examinamos o fez de
forma tão satisfatória. Bebe da água de tua cisterna e dos caudais do teu poço. Derramem‐se para fora tuas
fontes e corram pelas praças as águas de teu rio”. (ALBUQUERQUE, 2007, p. 2).
[10] “Mas não quer ser chamado de bispo, não veste as insígnias episcopais, continua como simples
prepósito da catedral. Não aceitará a consagração episcopal, a não ser depois da morte do seu antecessor”
(BIANCO, 2011, p. 130-131).
[11] Para Francisco, “la gloria de un Obispo era caminar modestamente en seguimiento de Cristo pobre.
Para ello redujo todo lo posible su servidumbre; no tenia carroza, solamente dos criados, un cocinero, un
lacayo y muy al principio, un secretario; un mal sastre le hacia la ropa interior con sus viejas sotanas. Y sus
servidores deben reflejar su sencillez: ‘no usa ropa de seda pero la quiere muy limpia y arreglada’, no lleva
‘escarpines con las sandálias o suecos’ pero por la ciudad va siempre ‘con roquete y muceta’, igualmente
quiere que sus criados vayan vestidos con sensillez, ‘sin penachos, ni espada, ni trajes de colores brillantes,
ni cabelos largos, ni bigotes engomados’ (XXII, 111-115). Los muebles de Monseñor son ‘decentes y
conformes a su sencillez’; su mesa es ‘frugal pero abundante’ mejorada con algún ave cuando hay invitados.
Él, que antes de dejar todo por la Iglesia, usaba ‘medias de estambre tejidas a mano’ y ‘guantes perfumados’
y ‘papel dorado’ y ‘polvos’ (XIX, 89), ahora no emplea jamás ‘ni guantes ni manguitos’. Está contento de
no tener más que una casa de alquiller y ni siquiera ésa es la pobreza com que soñaba: ‘Me molesta mucho,
decia, no ser pobre; siempre he deseado serlo y ese deseo nunca se me há hecho realidade puesto que nunca
me há faltado nada’. Goza de una ornada suficiência, y es ésa la pobreza que conviene al Obispo y a sus
sacerdotes” (LAJEUNIE II, p. 30-31).
[12] “As cartas são para Francisco outro modo extraordinário para difundir a Palavra de Deus. Nos tempo
de atividades normais para o governo da diocese, segundo testemunhou seu secretario, ele escreve do
próprio punho, em média, 20 até 30 cartas por dia. Deve ter escrito pelo menos 4 mil” (BIANCO, 2011, p.
183).
[13] Preparou um Regulamento para o ensino do catecismo no qual insere as sugestões do Concílio de
Trento e sua própria experiência (BIANCO, 2011, p. 170). Nos domingos, ordena que os padres reservem
duas horas para dar catequese às crianças. Ele mesmo fará isso na catedral e nas visitas às paróquias
(BIANCO, 2011, p. 187).
[14] Redigiu “um Memorial para os Confessores, exuberante de conselhos hauridos de sua inesgotável
caridade pastoral” (BIANCO, 2011, p. 170).
[15] Sua diocese contava com 5 abadias, 6 priorados conventuais, 4 cartuxas, 5 conventos de mendicantes
(BIANCO, 2011, p. 173).
[16] Escreveu numa Exortação: “A ignorância é pior que a malícia... Exorto-os a estudar com afinco, para
que, sendo instruídos e de bom comportamento, sejam irrepreensíveis e estejam sempre prontos a responder
a quem lhes põe questões a respeito da fé” (BIANCO, 2011, p. 170).
[17] “O Concílio de Trento tinha advertido: ‘Pregar é o dever principal do bispo’. Francisco tomou-o a
sério. Ele define a si mesmo como pregador ‘franco e manco’, mas toda sua vida está aí a demonstrar o
contrário. Nos último anos, escreverá numa carta em italiano ter ‘pregado 3 ou 4 mil sermões’. Os que
chegaram até nós ocupam 4 dos 26 volumes de seus escritos” (BIANCO, 2011, p. 179).
[18] Em 18 anos Francisco escreveu mais de 300 cartas à Joana (BIANCO, 2011, p. 201). Ela respondia
sempre, mas, infelizmente, Chantal “destruiu quase todas as suas cartas dirigidas a Francisco” (RAVIER,
2010, p. 211).
[19] “Será ‘uma congregação de senhoras de grande virtude e qualidade. Elas se dedicarão a muitas obras
de caridade em favor dos pobres e dos doentes. É a seu serviço que essas almas benditas querem, em parte,
consagrar-se...’”, (BIANCO, 2011, p. 230). Mas a congregação é transformada em Ordem Monástica, com
votos solenes e com o compromisso da estrita clausura. As irmãs são proibidas de fazer visitas aos casebres
e cortiços. O breve pontifício data de 23 de abril de 1618 (BIANCO, 2011, p. 245). Quando da morte de
Francisco a Ordem “contará com 13 mosteiros, em 1641, na morte da madre Chantal, contará com
87” (BIANCO, 2011, p. 246).
[20] Foi sempre um homem político e esteve “encarregado de missões diplomáticas em nível europeu, e de
tarefas sociais de mediação e reconciliação” (BENTO XVI, 2011).
[21] Por 303 anos (1666-1969) foi observada no dia 29 de janeiro, uma data que ainda é observada
pelos vetero-católicos (CALENDARIUM ROMANUM, 1969, p. 115).
[22] “Por devoção se entendia a vida cristã vivida com seriedade, de maneira coerente e comprometida.
Como explicam seus estudiosos, em São Francisco de Sales, os termos santidade, perfeição cristã, perfeição
da caridade, devoção são sinônimos. É também o que se conclui do texto da exortação apostólica de João
Paulo II sobre os fieis leigos, ao falar da espiritualidade laical. Efetivamente, Francisco de Sales não
costuma usar a palavra espiritualidade. E, mesmo que fala de perfeição e de santidade, utiliza com
frequência e comumente o termo devoção para designar precisamente a perfeição da caridade. Neste
sentido, podemos falar da mensagem salesiana de santidade” (ALBUQUERQUE, 2013, p. 4).
[23] Efetivamente, foi o Concílio Vaticano II quem transmitiu esta mensagem, especialmente no capítulo
5 da Constituição Lumen Gentium, dedicado a explicar a “vocação universal à santidade na Igreja”. (...)
Com justiça, Paulo VI o chamou de precursor do Concílio Vaticano II e desejando impulsionar na Igreja os
frutos do Concílio, declara: “Nenhum melhor que Francisco de Sales, entre os recentes Doutores da Igreja,
soube, com profunda intuição de sua sagacidade, prever as deliberações do Concílio” (ALBUQUERQUE,
2013, p. 8).
[24] Abbe Jacques Leclerq (1957, p. 39) o chama de “apóstolo prático”.
[25] “Mais de vinte vezes o Santo Doutor repete no seu Tratado do amor de Deus que o homem tem uma
‘inclinação natural de amar Deus’” (ALBUQUERQUE, 2013, p. 28).

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Postado há 14th June 2016 por Nildo Moura de Melo, OSFS

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