Psicologia Positiva
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- Nota: 5 de 5 estrelas5/5Didático, prático e eficaz para leigos e graduados. Me auxiliou muito na jornada contra a ansiedade e a depressão.
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Psicologia Positiva - Evandro Borges
PREFÁCIO
Quando você tem amor por uma profissão, quando descobre nela sua vocação, quando você acredita que seu trabalho pode influenciar positivamente a vida de outras pessoas e, quando as pessoas depositam em você confiança, você descobre verdadeiramente um sentido maior pelo qual a vida deve ser digna de ser vivida. Esse é o maior retorno que um profissional do campo das ciências humanas pode ter. E no momento em que escrevo este livro, o Brasil passa por um processo de resseção econômica nunca antes visto na história moderna do país. Por um instante questiono a mim mesmo sobre os motivos pelos quais escrevo e quem irá comprar livros em um momento econômico tão difícil como este. Deste ponto em diante, meus motivos para continuar escrevendo são claros, trata-se de uma realização pessoal, de um objetivo, algo maior que eu, algo que me faz feliz de uma forma plena. E tudo começou com um pequeno projeto, um curso de introdução à psicologia positiva gratuito, que lancei em meados de 2015 na plataforma virtual www.positivapsicologiacom.br. Para a minha surpresa, recebi mais de 50 inscritos na primeira semana. Hoje tenho centenas de alunos inscritos e centenas deles já concluíram o curso, com direito a certificado de 40 horas. Em seguida comecei a lançar as bases para um curso de certificação em psicologia positiva aplicada. Para isso, precisei recorrer a cursos nos Estados Unidos e Canadá, o que me proporcionou uma base sólida em PP. Enquanto eu compunha os módulos do curso e as apostilas, eis que senti uma certa dificuldade em encontrar livros ou artigos em português, embora este cenário esteja mudando graças ao empenho de diversos profissionais e pesquisadores cada vez mais engajados no tema, tanto no Brasil quanto em boa parte da América Latina. E como os cinco pilares fundamentais da psicologia positiva baseiam-se no Modelo PERMA, que abordaremos no Cap. 5 deste livro, dei início ao projeto Série Positiva Psicologia, abordando os cinco pilares em 5 volumes de livros diferentes, todos em andamento até o presente momento. Devo esclarecer, de antemão, que ao contrário do que afirmam os críticos, o tema central da psicologia positiva não é a felicidade, mas o bem-estar. O conceito de felicidade é subjetivo e não pode ser aplicado a todos, uma vez que cada indivíduo possui sua própria percepção de mundo. E cada vez mais eu me convenço de que a felicidade plena não se resume a um estado de humor sempre alegre. O filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard, ao refletir sobre a felicidade, compreendeu metaforicamente que ela seria uma porta que somente poderia se abrir para fora, e que qualquer um que tentasse forçá-la no sentido contrário acabaria por fechá-la ainda mais
¹. De fato, nós podemos encontrar motivos para sermos felizes dentro de nós mesmos, mas a porta que se abre para fora é a mesma porta de entrada e saída. Isso significa que nós podemos transmitir e absorver felicidade ao abrirmos a porta. A alegria é passageira e o humor oscila repentinamente. Você pode acordar extremamente feliz e ir dormir extremamente triste. A conclusão de tudo isso é de que é possível encontrar a felicidade plena nas pessoas e até mesmo nas coisas exteriores. Somos parte de uma coletividade e nos conectamos uns com os outros constantemente, da mesma forma que nos conectamos com o mundo à nossa volta. No entanto, é necessário que nossa existência faça sentido nesse mundo. Deve haver uma causa exterior, um significado, um propósito. E talvez esse seja o motivo pelo qual muitas pessoas passem por crises existenciais que causam angústia e fazem-nas sentirem-se insignificantes. A angústia é sofrimento sem sentido, como bem definiu o psicólogo Viktor Frankl
². A felicidade plena, a meu ver, é um estado mental que depende de fatores internos e externos, como relacionamentos positivos que agreguem emoções positivas, como alegria, coragem, motivação, inspiração, sentimento de ser acolhido e amparado, dentre outros. Por outro lado, também depende de sentido no viver, de sentir-se realizado e estar engajado, envolvido e comprometido com algo que nos faça perder a noção do tempo. É como alguém que ama jogar xadrez e consegue ficar envolvido em uma partida durante horas, ou como um atleta de alto rendimento que consegue correr 20 km, totalmente concentrado. Ambos buscam realização, ambos têm um propósito. E quando nos isolamos, quando não encontramos sentido e realização ou não estamos engajados em algo, a mente parece ser inundada por pensamentos aleatórios que podem causar insônia, ansiedade e até mesmo depressão. Não há furacão mais devastador do que uma crise existencial. E muitas pessoas encontram-se no olho de um furacão nesse exato momento, sem saberem o que fazer, sem terem a quem recorrer enquanto suas vidas desmoronam. Talvez tenham receio de procurar ajuda psicológica e serem diagnosticadas como neuróticas ou psicóticas. E eu quero vos dizer que, ao contrário do que muitos imaginam, crises existenciais são extremamente positivas. E é através delas que paramos para refletir, mudamos nossas atitudes com relação a nós mesmos, ao mundo e às pessoas. Nós podemos reconstruir nossas vidas do zero quando tudo desmoronar. O ser humano possui forças indomáveis para superar adversidades. E essa é a mudança de perspectiva, explorar as forças humanas. Essa é a psicologia que eu desejo para o futuro, uma psicologia mais humana, com evidências científicas que comprovem seus efeitos, focada nas potencialidades das pessoas. Estar engajado neste livro, neste projeto e no objetivo de contribuir com o avanço da psicologia positiva no Brasil é o que me faz feliz e realizado. É difícil descrever tamanha experiência, mas é como se o tempo parasse, como se eu estivesse conectado com cada um de vocês, em um diálogo com uma linguagem acessível e que possibilite uma leitura agradável. Eu gostaria de agradecê-lo pela aquisição do livro, de coração. E desejo a você uma excelente leitura.
Capítulo 1
Uma mudança de perspectiva na psicologia
Independente de qualquer corrente teórica, metodológica ou prática, a psicologia visa, desde seus primórdios, emancipar o homem, torná-lo independente, livre para fazer suas escolhas, para pensar e agir por conta própria, um ser pujante, autônomo e dotado de senso crítico, consciência e razão. Qualquer coisa que fuja a esse direito fundamental estabelecido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos contraria a psicologia
³. A psicologia do homem inválido, doente, vítima de sua eterna infância traumática, do homem que tenta, em vão, superar seu passado ao mesmo tempo em que tem nas mãos a oportunidade de viver o presente e recomeçar do zero, parece estar mudando de perspectiva. O mundo evolui, tudo evolui. E o homem evolui constantemente.
Na década de 90 os primeiros telefones celulares eram o que havia de mais avançado no campo das telecomunicações, hoje eles são obsoletos. Há centenas de novos modelos de aparelhos com funções das mais diversas possíveis. Da mesma forma, os automóveis também evoluíram, os computadores, os livros, os discos, as artes, o pensamento, a medicina, a robótica, a mecatrônica, os aparelhos de TV, os condicionadores de ar, a moda, as cidades e uma inúmera série de outras coisas. O homem torna possível a evolução das coisas por meio de sua própria evolução. E de certa forma, a evolução das coisas permite que o homem evolua, se adapte, aprenda, explore, descubra, refaça, reinvente, aprimore, aperfeiçoe, improvise, pense, repense, escolha, decida, desista, insista, persista. O homem torna possível a evolução das coisas que cria e as coisas tornam possível a evolução do homem. É uma via de mão dupla. A mente humana está em constante evolução. As perspectivas mudam. Não somos os mesmo de 10 ou 20 anos atrás. Ocorre que a evolução das coisas são fruto de adaptações que se aperfeiçoam na medida em que o pensamento evolui, mas temos nas mãos o poder de escolha, sobre como utilizar o conhecimento acumulado. Governos podem optar por investimentos em ciências que tragam benefícios à população, como no desenvolvimento de vacinas que previnam epidemias, prevenção e promoção de saúde, educação, dentre outras, mas também podem investir maciçamente em programas nucleares e desenvolvimento de mísseis capazes de exterminar centenas de milhares de pessoas.
As convicções que eu tinha há 10 anos atrás são totalmente diferentes das que eu tenho hoje. E talvez eu mude de ideia daqui para amanhã. Isso, a meu ver, é libertador. E como aspirante a cientista, tenho me pautado pelas descobertas da ciência. E sou incapaz de fechar os olhos para o esforço e tamanha dedicação da comunidade acadêmica e científica ao redor do mundo. A psicologia, no meu ponto de vista, vem perdendo muito de sua identidade original, principalmente na América Latina. E digo isso porque a psicologia moderna nasceu em um laboratório, em Leipzing, com Wundt, um filósofo que se abriu para a ideia de uma psicologia experimental. Wundt, além de filósofo, estudou medicina, fisiologia, química, anatomia e física. O fato é que, apesar das limitações da época, Wundt ousou constituir a psicologia como uma nova área da ciência objetiva e experimental independente, tornando-a distinta da filosofia. Foi um gênio, um gênio a seu tempo e com suas limitações. Mas a ciência sempre será um ponto de interrogação. E muitos outros vieram após ele e o refutaram. E isso é ciência, é uma reticência atrás da outra. E isso é simplesmente o combustível da ciência. E qualquer um que se arrisque a adentrar no campo das ciências deve estar disposto a abrir mão de suas convicções pessoais, ideológicas e políticas. Não é o que eu tenho percebido atualmente. Não há diálogo entre