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Os meandros da paixão
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Os meandros da paixão
E-book144 páginas1 hora

Os meandros da paixão

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Sobre este e-book

A paixão, os relacionamentos extraconjugais e o casamento são temas interligados que instigam os seres humanos desde os tempos remotos. A paixão apresenta como característica principal a experiência excessiva e é difícil de ser controlada pela razão. A paixão insere o indivíduo em uma vivência complexa e tem como característica elementar a ativação da criatividade e do desejo. Será que existem diferenças na vivencia da paixão entre os grupos com e sem relação extraconjugal no que se refere às suas características? Pessoas casadas que decidem viver uma relação extraconjugal apresentam comprometimento psíquico ou funcional? Estão os `infiéis´ (segundo as normas sociais de relacionamento monogâmico) comprometidos em termos de psicopatologia? Seriam os apaixonados pessoas impulsivas e em busca de novas sensações? A busca de completude e de satisfação se encontram presentes nos relacionamentos institucionalizados?
IdiomaPortuguês
Data de lançamento26 de nov. de 2020
ISBN9786586897630
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    Os meandros da paixão - Renata Runavicius Toledo

    Pedras no caminho? Eu guardo todas. Um dia vou construir um castelo.

    Fernando Pessoa.

    Não me mostrem o que esperam de mim porque vou seguir meu coração

    Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com seu amante

    Clarice Lispector.

    À minha doce filha Gabriela que me torna mais criativa a cada sorriso que esboça.

    AGRADECIMENTOS

    Aos meus pais Luis Carlos Toledo e Mara Elisa Runavicius, meu irmão Ricardo, meu marido Fábio Mardegan e minha filha Gabriela que se manifestaram como pilares essenciais das minhas angústias.

    Aos meus amigos que tanto colaboraram para o meu crescimento.

    À Ana Célia Calvo, revisora do trabalho, admirável exemplo de persistência e paixão pela vida.

    Aos indivíduos apaixonados.

    LISTA DE SIGLAS

    SUMÁRIO

    Capa

    Folha de Rosto

    Créditos

    1. APRESENTAÇÃO

    2. INTRODUÇÃO

    2.1 - Antropologia: Ser Humano Desejante e Faltante

    2.2 - Paixão.

    2.3 - Paixão Patológica

    2.4 - Amor

    2.5 - Amor Apaixonado ou Paixão Amorosa?

    2.6 - Teoria do Apego

    2.6.1 - John Bowlby

    2.6.2 - Louis Cozolino

    2.7 - Relações Conjugais e Extraconjugais

    2.8 - Da infidelidade

    2.8.1 - O estresse e os relacionamentos amorosos

    2.9 - A segunda metade da vida ou vida adulta

    3. RISCO E APAIXONAMENTO

    4. A PAIXÃO E AS RELAÇÕES EXTRACONJUGAIS: CONCEITOS NA PRÁTICA

    5. REFLEXÕES A RESPEITO DO BINÔMIO: PAIXÃO E RELAÇÕES EXTRACONJUGAIS

    6. CONCLUSÃO

    7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    8. APÊNDICE

    Landmarks

    Capa

    Folha de Rosto

    Página de Créditos

    Sumário

    Bibliografia

    1. APRESENTAÇÃO

    A ideia deste livro surgiu a partir do interesse pessoal em explorar o tema da paixão, visto por mim como um fenômeno saudável ao psiquismo. Pesquisas prévias, realizadas para elaboração de minha tese de doutorado, abordaram o tema, ora associando-o ao narcisismo primário, ora apontando aspectos patológicos do fenômeno.

    Seria a paixão um fenômeno que precede o amor?

    A paixão que pressupõe grande investimento afetivo no outro apresenta prevalência de pulsão de vida. As pessoas casadas vivendo uma relação extraconjugal foram avaliadas por meio de componentes importantes tais como: distresse, expressão de afetos, impulsividade, propensão ao risco e busca de sensações. O conceito de amor é apresentado para esclarecer que a paixão amorosa possui uma estrutura que se diferencia das demais modalidades de amor.

    Foi realizado um estudo comparativo entre pessoas casadas vivendo relação extraconjugal e pessoas casadas que não estão vivendo uma relação extraconjugal. Considera-se que o contrato de casamento interfere no apaixonamento.

    2. INTRODUÇÃO

    2.1 - Antropologia: Ser Humano Desejante e Faltante

    Desde seu nascimento, o homem carece da prioridade do outro em sua existência. Laplanche (1992) propõe esse confronto do infante com o mundo adulto que lhe envia mensagens impregnadas de significações sexuais inconscientes como uma situação antropológica fundamental de caráter universal, à qual todo ser humano deve se submeter para se converter em um ser pulsional.

    Torezan e Aguiar (2011) definem o sujeito da psicanálise como o sujeito do desejo, determinado pelo inconsciente, instigado pela falta, diferente do ser biológico e do homem de definição filosófica. A compreensão platônica de desejo relacionado diretamente à falta foi criticada por Comte-Sponville (2001) concluindo que para Platão o que não temos, o que não somos, o que nos falta, eis os objetos do desejo e do amor (p. 26).

    A busca da completude do ser humano é constante. No entanto, a permanência nesse estado de plenitude não é possível. Em O Banquete, de Platão (1964), Aristófanes relata que, nas origens da humanidade, Zeus decidiu dividir o Andrógino em duas metades, condenando-as a uma infindável caça em prol de capturar sua alma gêmea. No entanto, quando o encontro acontecia, a atração entre eles era imediata e desejavam restaurar a velha perfeição. Porém, a fusão era sempre momentânea e, assim, os encontros eram seguidos de desencontros.

    Em sua obra, Freud aprofundou sua compreensão de desejo em seus diversos textos. Em um artigo a respeito da psicologia do amor intitulado Sobre a mais geral degradação da vida amorosa (1912/2006), Freud afirma existir algo na natureza da pulsão sexual antagônica à realização da satisfação integral. A esse respeito, em Toten e Tabu (1914/1996a), o mesmo autor, ao considerar as relações do sujeito com o social, ressalta que a organização do desejo ocorre por meio do estabelecimento de fronteiras com o interdito.

    Na tentativa de compreender o desejo, alguns autores o relacionaram à fantasia. A respeito do binômio desejo/fantasia, Ferreira, N. P. (2004) afirma: O desejo, ao contrário do amor, faz parte da estrutura subjetiva. Em função da marca fundamental dessa estrutura, que é uma falta radical, o homem inventou o amor e seus mitos (p.12).

    Para Aulagnier (1984), as reflexões acerca do objeto do desejo nas relações de apaixonamento adquiriram a dimensão de um objeto de prazer e de necessidade. Nesse sentido, a autora observa que, nas relações passionais, o objeto do desejo para o Eu se converte numa fonte exclusiva de todo prazer e se transporta para o registro das necessidades. Portanto, o termo paixão define o vínculo que une o sujeito ao objeto do seu desejo; é uma exigência vital daquilo que preenche momentaneamente a falta existencial, considerando as necessidades e, na ausência dessas vivências, gera ansiedade e desejo de novas experiências.

    Em Mal-estar na Civilização, Freud (1996/1930) anuncia a dificuldade do homem de conviver em sociedade e atender seus desejos. Como consequência, ocorrem as transgressões e atitudes antissociais que tornam o homem inimigo da civilização. A respeito da complexidade dos desejos, Goethe (1992), em Afinidades eletivas, apresenta a ambiguidade do amor-desejo. Haddad (2011) relata a respeito dessa ambiguidade referida por Goethe como sendo a mediadora da natureza do homem que solicita e deseja, nomeada de imperativo moral, podendo constranger ou dignificar o homem, bem como a ânsia humana de reconhecimento amoroso.

    A respeito da ambiguidade do desejo, Jorge (2010) remete à ideia de que ao trair o outro, a pessoa não trai a si, permitindo um encontro consigo mesma que, além de colaborar para o desenvolvimento da capacidade de ficar só, abre espaço para relacionamentos psicológicos.

    2.2 - Paixão.

    A paixão apresenta como característica principal a experiência excessiva e é difícil de ser controlada pela razão. No dicionário francês Le Petit Robert (1992), Pathos é um termo oriundo do grego antigo que significa: sofrimento, paixão.

    A paixão, do latim passio, é proveniente dos termos gregos paskein e pathos. Pathos, na etimologia, tem o sentido de ser dominado por situações excessivas. Segundo Silva (2006), os gregos clássicos atribuíram relevância ao pathos, devido às paixões da alma se associarem ao bem-estar social e coletivo.

    Como todas as situações vitais, a paixão pode, narcisicamente, levar à vivência de perda do limite pessoal e relacional, e também instalar uma vivência de enlouquecimento, patológica.

    Pathos, segundo Berlinck (1997), não é associado somente ao sofrimento, mas também às palavras paixão e passividade. Então é possível pensar a paixão não apenas associando-a a uma inquietude que se impõe ao sujeito e o aprisiona, mas também a uma inquietude que é dominada pelo sujeito e o liberta.

    Em Ética a Nicomaco, Aristóteles define paixão (pathos) como ‘o que impulsiona o homem para a práxis ou

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