Elevador 16
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Sobre este e-book
Cientistas descobrem um planeta vermelho em rota de colisão com a Terra.
Depois de muito pânico nos quatro cantos do mundo, os astrônomos asseguram que o planeta passaria a uma distância segura e todos ficam tranquilos acreditando que nada iria acontecer...
Mas não podiam estar mais enganados.
No dia em que o planeta estaria mais visível a olho nu, enquanto todo o mundo se preparava para observar o fenômeno, um grupo seguia para um compromisso chato: fazer hora extra num sábado, pois todos os projetos estavam muito atrasados.
Na hora do almoço, 16 pessoas entram no elevador... mas ele para entre dois andares.
As comunicações não funcionam, nem alarmes ou celulares, ninguém aparece para ajudar. E eles não sabem que, em todo o mundo, algo muito estranho aconteceu. Em poucos segundos, 10 pessoas caem num surto coletivo, como que desmaiadas. Entre o desespero e tentativas de busca por ajuda, um deles começa a abrir os olhos. Mas eram olhos vazios, olhos do mal...
Este livro conta uma história que ocorre no exato momento em que o nosso mundo se transforma. Traz personagens que vivem o intenso evento cósmico que mudaria a Terra para sempre.
Leia, comente, discuta, conheça uma história paralela da série As Crônicas dos Mortos. O primeiro dos cinco livros é O Vale dos Mortos.
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Elevador 16 - Rodrigo de Oliveira
RODRIGO DE OLIVEIRA
As crônicas dos mortos
ELEVADOR 16
logo_capa_faro.jpgSUMÁRIO
Capa
Rosto
Elevador 16
O Vale dos Mortos
[Amostra] Capítulo 1 — O fenômeno
O Autor
Créditos
ELEVADOR 16
gato.jpgMARIANA OLHAVA impacientemente para o pequeno teste de farmácia em suas mãos, aguardando o veredicto que poderia mudar radicalmente a sua vida. Ela só não estava certa de qual tipo de mudança seria aquela, se para melhor ou para muito pior.
Os minutos se arrastavam. Será que aquilo estava certo? Talvez ela tivesse feito algo errado; afinal de contas, era a primeira vez na vida que usava um teste de gravidez.
Seu corpo, nos últimos dias, vinha dando sinais de que algo estava diferente. Enjoos matinais, cansaço excessivo, nervos à flor da pele. Tudo muito estranho. Porém, como enfrentava uma rotina de trabalho muitíssimo estressante, Mariana concluiu que aquilo poderia ser a origem dos distúrbios. Até mesmo o súbito ganho de peso teria como explicação a alimentação desequilibrada das últimas semanas.
Todavia, com o atraso de vários dias de sua menstruação, começou a desconfiar do verdadeiro motivo de tudo aquilo.
Ela e Raul haviam tomado todos os cuidados? Sabia que não. Sobretudo em sua última reconciliação, depois de mais um rompimento. Eles foram para a cama algumas vezes sem nenhuma precaução, cegos pelo entusiasmo e desejo.
Mariana hesitou muito em tirar a dúvida, então entendeu que a atitude apenas prolongava a angústia. A menstruação estava atrasada quase um mês, e os sintomas de uma possível gravidez não paravam de surgir. Ou estaria doente. De todo modo, uma vez feito o teste, só lhe restava aguardar alguns segundos pelo resultado. Torcia para que desse negativo.
Quando as duas barras vermelhas surgiram no meio do pequeno objeto que mais lembrava um termômetro, seus olhos se encherem de lágrimas. Mas não eram de alegria...
* * *
Mariana demorou quase trinta minutos para sair do banheiro da empresa na qual trabalhava. Estava arrasada e precisava se recompor. Não queria voltar à mesa chorando. E, acima de tudo, não queria que Raul, que trabalhava na mesma sala, percebesse algo.
Aquele era mais um dia comum numa empresa de desenvolvimento de sistemas em São Paulo. A equipe, composta por jovens analistas e programadores, trabalhava intensamente num importante projeto que já estava atrasado. Por isso, todos tiveram de abrir mão de seus dias de descanso e se encontravam ali, trabalhando em pleno sábado, no dia 14 de julho de 2018.
A empresa funcionava num gigantesco prédio de escritórios na avenida Berrini, zona sul de São Paulo. Era um edifício moderno, todo revestido de placas de vidro interligadas por hastes de aço. Por encontrar-se espremido entre várias outras construções, causava nos funcionários a sensação de trabalharem num labirinto de vidro e aço que os impedia de enxergar a avenida.
Os setores ficavam num imenso espaço aberto com várias divisórias baixas de cor bege, alinhadas lado a lado, além de diversas salas de reunião e gabinetes dos chefes de setor.
Estavam todos tão atarefados que quase ninguém se lembrava de que aquela era uma data importante. Enfim o dia mais aguardado dos últimos anos chegara. O dia em que Absinto, o Planeta Vermelho, estaria no seu ponto mais próximo da Terra, produzindo um espetáculo visual sem precedentes.
O gigantesco planeta, descoberto pelos astrônomos no ano anterior, pusera toda a humanidade em pânico. Em todos os países, milhões de pessoas foram para as ruas, certas de que a aproximação do misterioso corpo celeste iria destruir a Terra, visto que Absinto tinha mais de vinte vezes o tamanho do nosso planeta.
Os cientistas, no entanto, descobriram que ele não representava uma ameaça — passaria a uma distância bastante segura da Terra. Assim, o susto se transformou em festa e cidadãos de todas as idades e classes sociais ao redor do globo se prepararam para observar com detalhes o gigantesco visitante cósmico.
Para aquela equipe, entretanto, nada daquilo importava. Estavam todos cansados após várias noites maldormidas. Os funcionários se mostravam impacientes e irritadiços e os conflitos não paravam de acontecer. Tratava-se de um grupo de cerca de vinte pessoas, além de mais uns dez funcionários de outras áreas, todos fazendo hora extra em pleno sábado.
E dentre toda aquela gente que não dava a mínima para o Absinto, Mariana era a mais indiferente. Para ela havia questões muito mais relevantes que a passagem de um fenômeno da Natureza.
Aos vinte e quatro anos, ela não se sentia preparada para ser mãe. Aliás, Mariana nem queria ser mãe. Não naquele momento. Não daquele pai.
Mariana Fernandes era uma mulher muito bonita, com cabelo castanho-claro liso, olhos verdes e pele branca com pequenas sardas que lhe conferiam um ar doce e angelical. Ela possuía um corpo belo também, entretanto, sem ser excessivamente sexy.
Era uma competente analista de testes, com olho clínico e perfil detalhista. E agora ela sabia que estava encrencada.
Apesar de maior de idade, Mariana ainda morava com os pais. Achava-se em um momento de crescimento na carreira. Acabara de comprar seu carro e começava a investir cada vez mais em si mesma. O que ganhava mal dava para pagar a prestação do automóvel e seus cursos; como, então, iria manter uma criança?
E Mariana sabia que seu pai ficaria furioso. Ele era um oficial militar muito rígido, que jamais aceitaria um neto gerado fora do casamento, e trataria a filha como uma completa irresponsável.
Ela se jogou em sua cadeira, exausta. Sentia-se esgotada fisicamente pelo excesso de trabalho, e agora também pelo problema gigantesco que tinha em mãos.
Torcia para que ninguém tentasse puxar conversa com ela; era tudo o que não queria. E o simples fato de pensar em ficar sozinha foi suficiente para que suas duas melhores amigas na empresa se materializassem ao seu lado, como num passe de mágica.
— E aí, tudo bom? Pronta para mais um sábado trabalhando? — perguntou Mayara, uma jovem de vinte e poucos anos. Ela era pequena e de ascendência japonesa. Seus óculos lhe conferiam uma aparência de nerd.
— Só espero que não falte café, senão eu não vou aguentar ficar o dia inteiro aqui — Joana arrematou.
Joana era muito magra e alta, com cabelo castanho-escuro e liso. De salto alto, como estava naquele momento, ela era maior que quase todos os homens da empresa. Era também a melhor amiga de Mariana.
— Sinceramente eu só queria estar na minha casa neste momento — Mariana afirmou, sincera, sem querer revelar as verdadeiras razões do seu desânimo, apesar de gostar de Mayara e da