segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Perder Ou Ganhar, É Desporto!

O fenómeno das audiências televisivas, paradigma da guerra sem quartel e da falta de escrúpulos, não pára de me surpreender. Mundo louco, onde os agricultores, outrora jovens, que se esgadanhavam por jipes de alta cilindrada e montes no Alentejo, e hoje, mais sofisticados, preocupados com remessas de tomate e de milho virtuais, que nunca por sombra entrarão no circuito da cadeia alimentar ou cócegas farão no PIB, conquista-se velhos, velhinhas e desempregados com migalhas.

Impera a lei do menor esforço criativo e da esperteza saloia. Do evidentemente. Do óbvio que não seria de outra forma. Enterrados em dívidas até ao pescoço, enforcados e sem meios, a oportunidade surge ao virar de um botão. Pagam tudo. É uma beleza. Esmurrem os carros, excedam o limite de velocidade, comprem casas de um milhão, vão à Zara e comprem a loja toda. O génio da lâmpada está aí para vos ajudar. Com as audiências em troca. Muitas, de preferência. É que o povo é sereno e não desperdiça uma maravilha destas. E acha piada, claro.

Propõe-se, criativamente, um formato semelhante para acamados. Jogue e participe. Resolva as suas enfermidades connosco. Atire-se de cabeça à sua operação mais delicada. Pagamos tudo. De doenças do coração aos bicos de papagaio. Mas passe a palavra. Aqui, na televisão, não se fala de hipocrisia. O país vai bem e isto é só entretenimento. Puro e duro.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Este Post É Chato E Não Tem Piada Nenhuma!

Como ando com um elevado défice criativo, aproveito para, e ainda assim, tripticamente, como é meu hábito, regurgitar três ideias simples:

- Esta situação e estado de espírito custa, provoca mau humor e faz-me sentir pequenino, pequenino, pequenino. Pior, é saber que não é do frio e que não acabei de tomar um duche de água gelada. É mesmo bloqueio. Por isso agradeço, caso tenham conhecimento, que me digam onde se podem comprar comprimidos azuis para esta maleita.

- Não quero saber se o comando é Meo, teu, dele, dela, nosso, vosso, se é de todos, de ninguém ou mesmo de quem o apanhar. Se custa 50€, no mínimo, pede-se à gerência que os canais funcionem todos, e, muito importante, e se não for pedir muito, que funcionem a cores, e não a preto e branco. Obrigado.

- Juro que não faço por mal, simplesmente, dou por mim a descobrir estas coisas. Criar uma representação do furacão Katrina na nossa secretária, no trabalho, ligar o computador e abrir um documento em formato PDF com muitas letrinhas pequeninas e dizer “estou a ler as papeladas” – não esquecer de falar no plural – serve na perfeição como manobra de diversão de um bem mais verdadeiro “hoje, ainda não fiz a ponta de um corno”.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Os Queques Também Vão Ao McDonalds!

Já não me acontecia há alguns anos. Assim, do nada, tentaram assaltar-me! E que trauma. Que pilha de nervos. Que revolta. Em plena luz do dia, em plena via pública, à vista de todos, sem cautelas, sem medos, com a confiança de uma impunidade certa, apanharam-me e pregaram-me um susto para nunca mais esquecer. O tipo nem era muito mais alto do que eu. O que ainda podia ter-me levado a uma reacção de defesa pessoal, pondo em prática o meu golpe 666, a chamada manobra de diversão do vou mas é pirar-me daqui para fora. Mas gelei, por completo, e nem reagir consegui.

Dizem-me que foi melhor assim, e que optei pela atitude mais sensata. Mas se lhe tenho mostrado o telemóvel, a carteira, os cartões de crédito ou o livro dos cheques, sei que agora estava feito ao bife, e que o tipo tinha-me levado tudo. Ele nem se vestia de forma estranha. Enganava bem. Um pólo, uma calçonela de ganga bem passada, um sapatinho desportivo, lavado, rosto barbeado. Por isso, não me assustei logo.

A abordagem foi de mansinho, sem dar nas vistas. E a policia? Onde raio está a policia quando se precisa dela? Nada. Fiz-me de valente. Eu aguento contigo, pá, pensei. Tive uma boa noite de sono, estou descansado, preparado fisicamente. Aguento o combate, acreditei. Ele nem foi muito agressivo, disfarçou bem. Técnicas, digo eu. Mesmo assim, à traição, golpeou-me com a planta do T2. Este, começa nos 300 mil €, disse ele, o tom de voz implacável, de quem já anda nisto do mundo do crime há muitos anos, batidíssimo. Foi quando pensei que, afinal de contas, comparando com aquela situação, a sensação de levar uma facada nas costas, muito provavelmente, teria sido muito semelhante a estarem a fazer-me cócegas ou a darem-me banho com sais perfumados.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Chuck Wallberg VI

Dia. Não tinha por hábito chegar atrasado ao trabalho. Por norma, era disciplinado e meticuloso e prezava todos quantos, à sua semelhança, respeitavam os compromissos e os horários. Entrou à pressa, tentando dar pouco nas vistas. Fechou a porta do gabinete, sentou-se à secretária e consultou o email, ao computador. Estava nervoso. Por dentro, as ideias fervilhavam, descontroladas. Tinha objectivos que queria cumprir.
Assustou-se quando o telefone tocou. Não estava à espera e o pensamento, lá longe, como que o adormecera. Sim? perguntou. É o próprio, diga, afirmou. Sim, é dos casos mais complexos a que tenho assistido nos últimos tempos, disse. Diria mais, é critico, afirmou. Desligou o telefone e recostou-se na cadeira de napa, pensativo. Agora, teria de trabalhar a estratégia a seguir, dali para a frente.
Agarrou o auscultador do telefone, decidido. Pressionou as teclas necessárias. Primeiro um apito e depois uma voz. Estou, sim? interrogou. Ligaram-me há instantes, sei que querem falar comigo, posso saber qual é a urgência, questionou. Sim, sou o inspector da divisão de homicídios, disse. Chuck Wallberg, esse mesmo. Mas trate-me por Chuck, simplesmente.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Fritem Mais Batatas, Que A Bebedeira É Certa!

Também é assim que se vê que estamos a envelhecer. Outros vão envelhecendo à nossa volta. Amuou porque não lhe dou netos. Já lhe disse para comprar um gato, que não faz tanto barulho e é mais asseado. Ou então um cão, que até rebola e dá a pata. Ou mesmo um hamster, cujo risco de se meter na droga é praticamente nulo. Mas não, ao que parece, isso não conta na hora de colocar a cruzinha na lista do ser alguém.

Agora deu para crer que sou maricas. Porque eles andam em muitos sítios onde eu ando. Diz ela. Está tão bruta, que tive de lhe explicar que para a gente educada ser maricas é ter medo de aranhas, ou atravessar a rua fora da passadeira, ou ficar enojado por ter de lamber a bola de gelado que caiu em cima da mesa do restaurante. E está tão rabugenta, que nem percebe que pronunciar uma palavra monossilábica é bem mais simples. Para além de ser mais fino e semelhante aos vestidos pretos, sem comprometimentos.

Está visto que não lhe posso dizer que a malta no trabalho bebe minis ao pequeno-almoço e gin tónico à descrição, sempre que lhes apetece. Num instante, deixava de ser maricas para passar a ser trolha. E depois, tinha de lhe explicar que trolhas são gajos que rebentam com paredes, assobiam às gajas boas na rua e pensam que um bidé é uma sanita mais comprida. Não acredito que me dissesse, simpática, “estás feito num autêntico técnico de obras”. E vá-se lá conseguir comunicar, com gente que nunca levou com os pés.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Colecção Outono/Inverno (III)!

Continuam a fazer-me as vontadinhas todas...
- Black Rebel Motorcycle Club, 08 de Novembro, Aula Magna.

sábado, 4 de setembro de 2010

Quem Tem Boca Vai A Roma!


Ontem, de manhã, estive lá. No tribunal. À entrada, no jardim, fui barrado por repórteres de rádio. Quem é o senhor, porque é que vem assim vestido, de capuz e de óculos escuros? perguntaram. Sou músico, venho fazer o sound-check, para o concerto de logo à noite, respondi. Mas aqui é o tribunal, a sala de concertos fica ali, mais abaixo. Então vou ao tribunal apresentar queixa contra o meu manager, por não me ter dado as coordenadas correctas para o GPS. Ah, ok!

À entrada do edifício fui barrado por repórteres de televisão. Cercaram-me. Deram-me encontrões. Quem é o senhor, porque não quer ser reconhecido, quer dizer-nos o seu nome, qual é o seu envolvimento em todo o processo? Sou advogado! Assim vestido? Estagiário, sou advogado estagiário! Ah, ok.

Lá dentro, na sala de audiências, fui barrado por um funcionário do tribunal. Quem é o senhor, porque está assim vestido, quem lhe deu autorização para aqui estar? Sou vítima. Ah, ok. À saída, barrado pela polícia, não me queriam deixar sair. Quem é o senhor, porque está assim vestido, onde é que vai com tanta pressa? Sou um dos tipos que foi condenado a 7 anos de prisão. Ah, ok, bom fim-de-semana, disponha sempre.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Sonhar Acordado!

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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Colecção Outono/Inverno (II)!

Bem me queria parecer que o mês de Outubro traria surpresas destas...
- Placebo, 07 de Outubro, Coliseu de Lisboa.

Quem Disse Que Tenho Raciocínio Lento Para A Matemática?

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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Falar É Fácil!

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