Mostrando postagens com marcador yoga. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador yoga. Mostrar todas as postagens

domingo, 2 de outubro de 2016

UMA BOA SENSAÇÃO DE MIM MESMA


Quando comecei a praticar yoga, aos 16 anos, descobri uma sensação de pertencimento ao Universo. Isso foi mágico! A busca era sentir ser pertencente ao todo. A meta era buscar a sensação de unidade e encontro com tudo e todos. Busquei meditando anos a fio... Meditava, praticava samiami, yoga, Backti, Karma-yoga, jnani-yoga...e tudo que pudesse me conectar ainda mais fortemente com essa sensação preenchedora....

Não sei se tive sucesso, não sei se me tornei mais empática, talvez tenha me tornado mais impaciente com o que julgo sem importância... sei lá... não sei o que teria me tornado sem esse caminho que trilhei..... 

Mas, nesse anos de prática,  desenvolvi algo muito legal que foi a idéia de coletividade, a consciência das causas coletivas....aprendi a tirar o foco dos meus problemas pessoais, e ver "o todo" como muito mais importante.... as causas coletivas, ao invés das individuais. Buscando um significado maior para a existência....resolver problemas básicos do dia-a-dia parecia não fazer muito sentido, ou melhor dizendo, buscava uma vida que valesse a pena e que tivesse sentido.

Acho realmente que as lutas contra o racismo, homofobia, machismo são minhas causas e meus problemas. Penso até que poderia ter uma vida menos complicada, se não fosse tão complexa, mas pode também ser também que eu esteja me enganando esse tempo todo e tenha sempre pensado egoísticamente na minha "sensação de si mesmo", e esse tenha realmente sido minha meta todos os esses anos ... pode ser.... o que seria um autocentramento. 

Com a prática do Yoga e anos e anos de terapia, e estudo....a pergunta que sempre me acompanha é: "qual a minha sensação de mim mesma nesse momento?". Perceber como me sinto em relação a alguém, ou alguma situação ou problema, tem sido meu leme, e é isso que dá direção ao meu barco.... Essa sensação tem norteado meus movimentos, minhas escolhas, minhas decisões, meus "sims" e "nãos". Nem sempre elas me levam a favor da maré, muitas vezes sinto que remo contra ... o que há de se fazer? Se tenho uma boa sensação de mim mesma apesar do esforço ( as vezes solidão), de remar contra a maré, seguirei mesmo assim. Sigo.

Já percebi claramente como me arrependo quando me traio.... meus instintos não costumam falhar...minha voz interna...minha sensação de mim mesma não costuma falhar....

Acho que todo mundo sabe um pouco sobre o que estou falando...., mas se você ainda não escutou essa voz; se você ainda não se conectou com essa sensação ... pare um pouco e se escute.... é hora de ouvir o que vem de dentro. É hora de não mais se trair.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A BELEZA DO CORPO HUMANO



Adoro a estética do corpo humano. 

Adoro assistir provas esportivas, independente do esporte, para poder admirar a beleza dos corpos dos atletas. Adoro os corpos dos atletas e dos dançarinos. Simplesmente adoro. Posso passar o dia admirando pessoas exercitando seus corpos. Imagens em "slow motion" são as minhas preferidas.  Adoro descobrir o que é possível fazer com o nosso corpo. Penso que se alguém pode fazer algo com o corpo, em tese, todos nós poderíamos fazer o mesmo. Gosto principalmente dos atletas da natação e atletismo. Em dias de provas olímpicas praticamente não consigo sair da frente da TV. Adoro ver os músculos, a força, a graciosidade, o alongamento, a elasticidade, a capacidade e a plasticidade do corpo humano.

Me encanto com os corpos dos dançarinos. Adoro vê-los ensaiando e treinando exaustivamente seus movimentos. Adoro ver a execução das coreografias. Recentemente pude ver, nos EUA, um espetáculo da incrível coreógrafa brasileira Deborah Colker. Ela é o máximo. Seu grupo é estupendo. Suas coreografias nos proporcionam um show absurdo sobre o nosso poder corporal. Fantástico. Já tive também a chance de ver alguns espetáculos do Cirque Du Soleil. Nem preciso dizer que simplesmente adoro. Adoro a beleza do corpo humano. 


Um tempo atrás escrevi um post chamado  "Um bom lugar de morar" , em que falo sobre como adoro morar no meu corpo. Como adoro as sensações de prazer que ele me proporciona, e sobre como o yoga entrou na minha vida favorecendo a construção de uma relação muito saudável e consciente entre meu corpo e minha mente. Brinco muitas vezes sobre perder peso, digo que estou acima do peso (o que é uma verdade), mas na verdade, no meu íntimo isso não é um grande problema, pois mesmo bem acima do meu peso "normal", continuo com uma sensação muito boa de morar no meu corpo.




Tenho um problema em entender pessoas que abandonam seus corpos. Pessoas que não possuem uma atividade física. Pessoas gordas ou magras que se descuidam de seus corpos e se entregam ao "ferrugem" que provoca doenças e dores. Definitivamente acho uma pena isso. Acho um desperdício de algo incrível e sagrado. Acho uma pena pessoas esquecerem que precisam cuidar de seus corpos ou que não percebem a importância disso, ou mesmo aquelas que nunca sentiram o prazer de morar em seus corpos. Adoro a visão que o Yoga traz do corpo. O corpo sagrado, o templo sagrado que precisa ser bem cuidado e reverenciado como um veículo da nossa alma.


Estou falando sobre isso porque essa semana me envolvi em uma polêmica quando expus minha opinião sobre o corpo (horrendo, ao meu ver) de uma Rainha de Bateria do carnaval do RJ, chamada Gracyanne. Ela é o oposto de tudo que gosto na estética corporal. Apesar de adorar os músculos e a força dos atletas, ela consegue me causar um extremo desconforto. Para mim, ela conseguiu destruir o próprio corpo. Ela nem parece mais uma mulher. Ela é feia, bizarra e beira ao grotesco. Não consigo ver nenhuma beleza no corpo que ela construiu, nem consigo ver sinal de saúde. Não poderia fazer elogios ao corpo dela, porque o acho feio. Assim como acho feio toda a desproporcionalidade dos corpos das "mulheres frutas" que estão se proliferando no Brasil. Peitos imensos, bundas desproporcionais, coxas masculinas ... um festival de bizarrices ao meu ver. 

Gosto de músculos, mas gosto deles em um tamanho normal. Gosto de músculos que me lembram saúde, vitalidade, força. Não gosto da estética dos fisioculturistas. Não acho homens fortões sexy, muito pelo contrário, acho que eles ficam bregas, feios e desconfortáveis vestidos com tantos músculos. Penso que gosto de corpos harmônicos, sensuais e leves. Gosto de corpos vitalizados e não de muralhas duras.

Desculpem todos que apreciam essa estética que a Sra Gracyanne exibe, mas eu simplesmente acho o fim. 

quarta-feira, 18 de julho de 2012

ME ENSINA A MEDITAR?

Recebi esse pedido esses dias. Não foi a primeira vez que alguém me pediu isso. Aliás, esse é um pedido constante que recebo de várias pessoas, e provavelmente já escrevi sobre isso aqui, não lembro bem. 

Desde que comecei minha prática do yoga, quando tinha 16 anos (já se passaram 32 desde então), descobri que as pessoas desejam muito meditar, mas percebi também que elas querem isso em cima de uma fantasia do que seja meditação. Não sei exatamente o que as motiva, mas percebo pelo nível de ansiedade que sempre acompanha o pedido, que elas não estão bem. 

A meditação aparece como uma possível salvação dentro de um momento de confusão, de cansaço ou mesmo quando as pessoas se vêem sozinhas com seus problemas. 

A minha resposta sempre é a mesma: "Não se ensina a meditar, no máximo podemos ensinar a concentrar".

Mas tenham calma, vou explicar melhor, antes de vocês percam as esperanças com relação à meditação. Meditar é um acontecimento natural para uma pessoa que pratica a concentração. Na verdade, a prática deve ser da concentração, e a partir dela, naturalmente a mente, um dia, entraria no estado meditativo.

Quando alguém diz que vai para aula de meditação, na verdade está indo para alguma prática de concentração. Ela vai provavelmente concentrar em alguma imagem, ou na respiração, ou até mesmo em algum mantra, ou questão. Ela está se propondo a pensar, ou focar em algo. Ela está se propondo a concentrar em alguma coisa. 

Aprender a concentrar é o caminho. Ter uma mente concentrada é libertador. Uma mente focada é uma mente poderosa. Imagine você poder concentrar em algo que precisa fazer, com a força da sua vontade, apesar das interferências internas (sono, tristeza, fome, dor, cansaço) e das interferências externas (ruídos, calor, tempo). Aprender a concentrar e desenvolver a capacidade de concentração deveria ser uma das nossas maiores metas dentro do yoga e na vida, pelos menos foi o que mais o Yoga me ensinou. Aprendi que uma pessoa que tem capacidade de concentração desenvolvida, certamente é uma pessoa que consegue com muito mais facilidades alcançar seus objetivos, sejam eles quais forem. 

Então o que vem a ser Meditar? 
Encontrar esse estado de mente, uma mente que medita, é o resultado natural da concentração. A meditação se daria ao encontrarmos a vacuidade mental. Um espaço de tempo em que os pensamentos desaparecem e se encontra o vácuo, um vazio que é de absoluta paz e silêncio, um vazio que imediatamente é preenchido pela luz, pela sabedoria, pelo mundo espiritual, que nos levaria o passo seguinte que é o Samadhi, a sensação absoluta de integração com o universo. Esse estado não acontece pelo esforço, ao contrário da concentração, ele acontece pela entrega, pela total ausência de ansiedades, de buscas e de metas. Nada a pensar...o encontro com o Nada...o encontro com o Tudo.

No próximo post escreverei melhor sobre concentração e começarei a ensinar alguns exercícios. 
Escrevam, contem suas experiências com os exercícios de concentração que vocês praticam.
Aguardo.

Namastê

Ludmila Rohr

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

AO MESTRE COM CARINHO

Eu estava com 16 anos quando a conheci. Já se passaram 32 anos desde então. Buscava algo que fizesse sentido na minha vida. Eu era uma adolescente velha. Não tinha interesse algum em nada que as pessoas da minha idade tinham. A sensação era de ser uma E.T. Nada me atraía. Apesar de ser baiana, odiava carnaval e não era de festas, nem de multidão. Não suportava conversas que julgasse bobas e poucas coisas no meu mundo naquela época pareciam interessantes ou que valessem a pena para mim.

Havia lido algo sobre yoga e sobre a Índia. Entendi que queria muito conhecer aquilo. Queria para mim o mundo da meditação e do Yoga. Foi assim que a conheci. Ela era uma professora de yoga. Eu a amei desde o primeiro dia que a vi. Sua voz e sua energia me levaram a sentir algo que eu nunca havia sentido antes. Ela trouxe significado para minha vida e me levou a sentir que as coisas tinham um porquê. Eu senti que havia me reencontrado. Que eu havia encontrado minha alma e um caminho para minha espiritualidade se expressar.

Swami Shurimahananda não era uma pessoa comum. Ela era absurdamente forte e impactante. Tinha uma energia impressionante. Era impossível que ela passasse despercebida em qualquer lugar. As pessoas a amavam ou detestavam. Eu amei. Por muito tempo ela foi o meu mestre. Entendi que ela tinha muito a me ensinar e abri meu coração para aprender. Ela falava de Jesus apaixonadamente. Aprendi sobre Buda, Krishna, Babaji, Mahatma Gandhi, sobre os Mestres Yogues, sobre Kabala, Numerologia, Cristais, sobre os Chakras, percebo que aprendi tantas coisas que pude depois desenvolver e aplicar na minha vida que nem conseguiria listar. Entretanto consigo destacar que dentre tudo que vivenciei, o que aprendi de mais importante foi sem dúvida alguma sobre Karma Yoga, sobre o servir ao próximo, sobre voluntariado. Aprendi a amar o SERVIR. 

Por muitos anos fui voluntária no Plantão da Fraternidade, serviço fundado por ela. Atendíamos por telefone, 24 h por dia pessoas que buscavam carinho, conselhos e até mesmo aquelas que buscavam apenas serem ouvidas e sair da solidão. Amava isso. Amava ser plantonista. Amei muito. Servi e Amei muito. Como não ser grata a essa pessoa que me favoreceu isso? O Yoga e o Plantão da Fraternidade continuaram na minha vida até hoje, me tornei uma  Professora de Yoga e uma Psicóloga.

Ela tinha lindos e penetrantes olhos azuis que me acolheram tanto e por tantos anos. Ela celebrou meu casamento, viu meus filhos nascerem, foi testemunha da minha transformação de uma adolescente insatisfeita em uma adulta buscadora. 

Shurimaha não era uma pessoa fácil. Poderia fazer uma lista enorme de coisas que não gostava nela, mas não faria isso. Sou tão grata por tanto que recebi. Ela se foi desse mundo. Hoje só quero agradecer publicamente por tudo que ela me deu, e não foi pouco. Um mestre é aquele que ensina algo, e ela me ensinou. Tenho um histórico pessoal muito positivo e inesquecível com ela.

Um dia ela me deu um nome espiritual, me chamou Halina. As pessoas que me conhecem dessa época lembram disso. Amei esse nome. Ela me disse que Halina significava: "Aquela que dá sabor". Amei. Adorava ser Ludmila, que meu pai me deu ao nascer,  que significa "Amada pelo Povo" e amei ser chamada espiritualmente de Halina. Triste pensar que os dois se foram desse mundo quase que na mesma época. 

Ao saber do seu desencarne senti uma gratidão enorme no meu coração. Sou grata à vida por ter te encontrado e ter tido uma adolescência tão atípica que me fez a pessoa que sou hoje. Sou grata por ter vivido experiências tão fortes ao seu lado. Sou grata por por tantas coisas... que só posso dizer: 

Muito Obrigada Swami Shurimahananda por ter me entendido, respeitado e me amado até no momento que não consegui mais estar ao seu lado e te deixei.

Shanti....!

Halina


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

SEM RECEITAS....

 Hoje tive um grande insight! 
Adoro quando isso acontece. Sabe aquelas sacações absolutamente simples que só a meditação produz? 
Pois é...Como meditar pra mim é estar inteira e atenta no exato instante que está acontecendo, as vezes meus insights aparecem em momentos bem inusitados. Eles são absolutamente comuns nas minhas práticas do yoga, mas também acontecem assim, como hoje.

Estava cozinhando...resolvi preparar uma sopa para o jantar. Nada planejado...só o tempero básico estava definido (cebola+alho+azeite doce) ...no mais, fui simplesmente fazendo como quem brinca de comidinha...A maioria das mulheres brincaram de comidinha quando crianças. Lá em Salvador, na minha época, chamávamos de "cozinhado". Então, fui colocando coisas..abrindo a geladeira e pegando as coisas com a panela já no fogo...fervendo.."fazendo a medida que fazia", ou criando enquanto fazia...

Voces podem estar pensando, como ela pode ter um insight em uma situação tão comum? Bom...é preciso esclarecer aos que não acompanham esse blog, que até me mudar para os EUA, eu nunca havia cozinhado nada. Nem um arroz sequer. Aprendi aqui, por conta da mudança de realidade..., ou seja, essa não é uma situação tão comum assim, mas de toda forma, essa não é uma meditação sobre cozinha, só meu insight veio a partir daí.

Percebi que me divertia fazendo aquilo...em algum momento pensei, que se eu comentasse que havia feito uma comida deliciosa, que minhas amigas me pediriam a receita, pois isso já aconteceu outras vezes, e eu não as tenho. Daí vem minha grande (ou pequena) sacação a meu respeito. Não suporto receitas. Não suporto ter que lidar com "receitas" na Vida. Não suporto ter que fazer algo que tenho uma única forma de fazer, ou uma forma já pronta. 

Percebi que cozinho da mesma forma que dirijo. Não tenho medo de me perder, ou pelo menos não tenho mais. Sempre que estou em um país, ou cidade diferente, tenho a sensação de que posso me perder, porque irei me achar. E que me acharei melhor (tem um post aqui sobre isso "Me perdendo para me achar melhor"). Sempre penso que por mais "perdida" que eu esteja, sempre estarei em algum lugar, pois não existe, o "Lugar Nenhum".

Quando cozinho de forma livre...sem receitas..qual a chance que tenho de ERRAR? Nenhuma. O erro pressupõe que exista uma única forma CERTA, mas se ela não existe, qual a chance do erro? Zero. É claro que a comida pode não ficar agradável ao meu paladar..rs..., mas isso significa que errei? Não pra mim.

Fui uma aluna diferente nas universidades que fiz (fiz duas). Nunca tinha caderno..detestava anotações...adorava ler, mas detestava e nem conseguia decorar nada. Sempre tinha alguma opinião a respeito dos assuntos, porque refletia sobre eles, mas não sabia nada decorado. Nunca conseguia decorar uma fórmula de nada. Mas..contava histórias como ninguém e tinha um poder de saber o que era importante, o que eu devia valorizar nos assuntos...nunca perdia tempo estudando coisas sem importância.  Alguns colegas diziam que eu era sortuda, pois só caia nas provas aquilo que eu havia estudado, mas eu não acredito em sorte (só quando jogo baralho)...na verdade, eu sempre tive uma noção bem legal a respeito das prioridades. É claro que me ferrava com os professores babacas (eles são muitos), professores que temem o diferente, ou que exigem que os alunos decorem as partes dos livros, ao invés de que saibam discutir ou dissertar sobre elas. 

No mundo concreto, por conta dessa minha forma de ser, acabo precisando delegar muitas coisas. Sempre tive quem cuidasse da minha agenda, quem tomasse conta do meu dinheiro, quem me lembrasse de compromissos e datas e outras coisas que não esperam que minha alma tenha "vontade" de realizar. Sempre valorizei muito as pessoas que cuidaram e cuidam de mim. Sinto uma falta imensa de Ane Rose, minha secretária/amiga no Espaço Mahatma Gandhi, clínica fundada por mim em Salvador, ela sempre foi minha fiel escudeira. Sinto falta de Nil, que sempre cuidou da minha casa pra que eu pudesse trabalhar e estudar (tudo que eu amo fazer), e é claro que sem Judson, nunca conseguiria fazer tantas coisas porque ele sempre me bancou nas minhas "viagens criativas e desprovidas de receita"....com certeza as consequências dos "erros" que fui cometendo com esse meu jeito, foram bastante amortecidas por essas pessoas...

Meu insight não é a respeito de uma forma de viver...exatamente por que não gosto de receitas...O meu insight diz respeito a "minha forma de viver a minha vida" ou sobre como cada um tem seu jeito próprio de fazer as coisas...e que se ainda não o reconheceu, deve buscá-lo urgentemente, sob pena de parecer uma cópia de alguém que nem ele sabe quem é.

Somos nosso próprio mapa. Somos nosso próprio mestre. Somos nossa própria receita. Acho que é por isso que me identifico tanto com o tântrismo. Somos únicos, esse momento é único. Nenhuma receita conseguirá reproduzi-lo, portanto...vamos aproveitá-lo e viver cada momento como o único e do nosso jeito.

Já que estou no momento das frases, vou repetir uma que define o Tantrismo.

"O que existe aqui, existe lá. Se não existe aqui, é porque não existe em lugar nenhum."

Vivendo assim, qual a chance de errarmos? Nenhuma.*

Namastê

Ludmila Rohr

*Quem lê esse blog, sabe que quando falo que não existe chance de errar, não estou me referindo a não desagradar!!!
** Para os curiosos. A sopa ficou deliciosa! Nenhuma chance de reproduzi-la. Única. Finita. Assim como a vida! Só é possível aproveitá-la sabendo que nunca mais farei outra igual, praticando o desapego e o tântrismo. Momento único.




sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Os meus Mantras falam de mim! (A energia que me move)

 Hoje uma amiga me disse que eu tinha muita energia. Eu estava falando sobre os planos de trabalho e sobre os programas (shows, teatro) que pretendo fazer esse ano aqui nos EUA. Estava animadamente expondo minha excitação e tesão de viver e de fazer coisas novas!

Esse comentário causou em mim uma certeza e uma estranheza. Vamos lá. Vou refletir enquanto escrevo.

É verdade, tenho muita energia. Sempre acho que devo me envolver em mais coisas, sempre acho que poderia fazer mais coisas, sempre acho que as coisas são da minha conta, que tenho algo a dizer, a contribuir...normalmente não me eximo de dar uma opinião, de dizer o que penso, de me oferecer para fazer ou participar de alguma coisa. Entretanto, isso tem uma condição, não tenho essa energia toda incondicionalmente, preciso estar com tesão pelo que estou fazendo ou me envolvendo, do contrário sou a maior procrastinadora do mundo! 

Por isso mesmo o comentário dela me causa estranheza...Penso que a mesma energia que eu tenho, ela tem e todas as pessoas tem. A "energia" na verdade não é minha ou de alguém, é a própria energia da vida...a diferença é a forma como a movimentamos ou talvez a diferença seja que eu me permita excitar/afetar mais facilmente pelas coisas da vida. É verdade, me sinto aberta, disponível para que as coisas toquem minha alma, mobilizem meus pensamentos...meu coração! Dificilmente algo que aconteça ao meu redor simplesmente acontece, as coisas acontecem mas reverberam na minha alma..sou afetada...sou mobilizada...algo em mim se move quando a vida se move....o tempo inteiro!!! mas...e porque não seria assim com todo mundo?

Refletindo enquanto escrevo, penso que as pessoas se protegem muito da vida, por conta dos seus medos e das suas dores que deixaram cicatrizes, elas se protegem...evitam a vida...ou acham que não teriam nada a fazer, a contribuir, a dizer... Entendo isso como parte de um processo....se eu fui machucada, preciso de um tempo pra cuidar das feridas, mas não posso aceitar isso como uma identidade, como um caráter inflexível, como algo que não pode ser mudado. Por isso sou psicóloga, por isso antes de ser psicóloga sou professora de Yoga, porque acredito na plasticidade da nossa alma, assim como acredito na plasticidade do nosso corpo.

Acredito que as pessoas vão se fechando e endurecendo a alma, assim como fazem com o corpo. Cada dia que passa, a alma fica mais protegida e o corpo mais dolorido. A pessoa passa a acreditar que quanto menos ela se mover, menos dor vai sentir (alma e corpo), ela passa a acreditar que se ficar bem quietinha e imóvel a vida vai caminhar e ela vai sentir menos dores...menos sofrimento... triste ilusão.

A única coisa que realmente acontece é que o espaço vital dessa pessoa vai ficando cada vez menor, e ela vai ter cada vez menos possibilidades de se mover, de se expressar, de viver....e por consequência de mover cada vez menos, menos energia ela terá disponível. Até que ela passa a acreditar que é assim mesmo. A vida é assim. Ela apenas precisa cumprir suas obrigações. 

Triste. Muito mais triste do que qualquer um possa imaginar, porque como psicóloga percebo e sei, que basta o primeiro movimento, basta acreditar e começar a se mover...um movimento puxa o outro. A energia produzida por aquele movimento, alimenta o seguinte...e a pessoa pode entrar num giro interminável de muita energia em movimento! Que é sinônimo de prazer, excitação, alegria, poder..sinônimo da própria vida.

A chave pra tudo isso é o contato com o prazer. Já escrevi muito nesse blog sobre esse tema. Em vários posts falo sobre a minha visão tântrica da vida, sobre o quanto quero a vida inteira, que não quero nunca ser bege, que as coisas são da minha conta, sim! Voces, leitores novos, podem buscar pelos marcadores: felicidade, energia sexual, tântra, ou mesmo Ludmila Rohr (tão egóico isso!), mas...rs.. 

Quem acompanha meu blog desde o início sabe que ele nasceu em um momento de extrema dor. Abri e expus minha alma frágil e sofrida...e por isso mesmo me sentia forte e acompanhada. Senti muita dor, medo e tristeza, mas não lembro de mim infeliz ou sem energia, mesmo nos dias que eu chamava de dias "Não", que eram dias de recolhimento, de ficar quietinha e pequenininha..., mesmo nesses dias eu me sentia inteira e conectada com minha alma e meu corpo, sabia que era um momento, mas não me identificava com eles, vivia esses momentos, mas não me identificava com eles.

Tenho alguns mantras que me acompanham e já falei sobre vários aqui. Um deles é:

"Quanto maiores forem seus segredos, maior será sua prisão."

Outro muito querido é:

"Que tudo que for auspicioso permaneça comigo. O que não for auspicioso conectado comigo e com os meus, seja destruído."

Um bem tântrico, e que me lembra que a vida que existe é o hoje.

"O que existe aqui, existe lá. Se não existe aqui, não existe em lugar algum."


Tenho um mantra novo esse ano e quero compartilhar com todos que me acompanham aqui:

"Estou me afastando de tudo que me atrasa, me segura e me retém. Fui ser feliz, e não volto."
do incrível Caio F. Abreu.

Quem conhece meus mantras, conhece muito de mim e de como movimento minha energia!

Ludmila Rohr 

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Aos amigos que ainda vou conhecer...

Quase nunca faço orações na minha vida. Não tive esse hábito quando criança. Nunca soube rezar ou orar. Muito pelo contrário. Quando eu era criança, recordo que algumas vezes tentei fazer orações na hora de dormir (porque todos faziam), e sempre que eu tentava, eu tinha pesadelos. Sério. Eu achava que isso acontecia porque eu não era batizada, ou porque eu não tinha religião nenhuma, e até mesmo, porque meu pai era comunista. Ser filha de comunista, ex-preso político da ditadura, tinha um peso grande nos anos 70.

Com o meu mergulho no mundo do Yoga, mergulhei na minha espiritualidade e encontrei a possibilidade de fazer orações sem palavras, com as vibrações dos Mantras...O mantra OM era o meu companheiro..o som divino..o nome de Deus. Simplesmente entoava o OM..e meu coração e mente, diziam tudo que as palavras não conseguiam dizer.

Quando comecei a ministrar aulas de yoga, desenvolvi o ritual de no fim de cada aula, agradecer por toda a energia que havíamos movimentado, produzido e recebido naquela aula, e encerrava compartilhando essa energia com todos que dela precisassem, em toda parte do planeta. Mentalizava as pessoas que não sabiam amar, as pessoas que desistiram dos seus sonhos; mentalizava as crianças famintas de comida e amor, os adultos mau-humorados..Vibrava para todo o planeta e com muita gratidão para todas as pessoas que dedicavam a vida a cuidar do planeta, da natureza, das pessoas que sofrem injustiças...

Nas minhas orações  nunca peço nada, só agradeço. Parece que ainda não me sinto no direito de pedir nada, talvez porque nem saiba a quem estaria pedindo, pois minha definição a respeito de Deus, ainda é meio confusa, então só agradeço...é mais seguro. Talvez ainda tenha um certo medo dos pesadelos e de que, como dizem os indianos: "Cuidado com o que desejas, pois quando os Deuses querem se vingar, eles atendem!"

Em uma das minhas orações comuns, eu envio energia para os amigos que eu ainda irei fazer. Penso que no mundo..em todos os lugares, existem pessoas que eu ainda vou conhecer e que vão ser meus amigos. Penso e imagino tantas pessoas interessantes que existem por aí, e que eu ficaria muito encantada em conhecer. Vibro muito por essas pessoas, como se pedisse ao universo que as coloque em meu caminho, e que eu possa reconhecê-las..

Por isso, amo conhecer pessoas...por isso que quando conheço alguém interessante acho que foram as minhas orações que a trouxeram para a minha vida...e sou muito grata por isso!

Então..esse texto é uma homenagem a todas as pessoas que ainda conhecerei. É uma homenagem a aqueles que conheço virtualmente e que irei conhecer (quando o universo decidir) pessoalmente. Acredito no amor à distancia..acredito na amizade virtual...acredito que as afinidades ultrapassam os espaços, os tempos...e se encontram em algum momento. Quero manter minha mente aberta, meu coração bem disponível para receber cada pessoa que o Universo coloque na minha vida, pois tenho certeza que tenho muito a dar, e muito a receber!

Que venham os novos amigos!

Ludmila 



domingo, 24 de janeiro de 2010

Energia que não para!














Bom...sou capricorniana...acho que os que acompanham esse blog já sabem disso!

Adoro meu trabalho...Comecei a praticar Yoga aos 16 anos e nunca mais parei..aos 24 anos me tornei instrutora e nunca mais parei... Fiz grupos de respiração yogue por muitos anos (ainda os fazia antes de me mudar para os EUA)...amo demais esse trabalho. Fiz duas faculdades, uma de Nutrição e a segunda de Psicologia...sou Analista Bionergética (abordagem de psicoterapia), sou Terapeuta em Deep Memory Process (Vidas Passadas)....Trabalhei com Grupos de Mulheres e com o Círculo das Deusas. Estudei muito e ainda estudo muito...já levei dois grupos de pessoas à Índia e ao Nepal...sempre estou trabalhando...sempre estou produzindo algo...Me sinto muito feliz com isso! Realmente adoro trabalhar e sentir que meu trabalho é algo que ajuda as pessoas a se sentirem melhor...acho meu trabalho relevante e é assim que quero que minha vida seja: Uma Vida Relevante!

Não me sinto melhor do que ninguém, mas acho que sou tão grata e reverente à vida, que não consigo admitir uma vida para mim que não seja uma vida que eu possa honrar a cada instante a Energia Vital que meu corpo abriga!

Não consigo pensar em desperdiçar o "Poder" que tenho, e sei que tenho! Meu trabalho é movido por um imenso reconhecimento de Deus em mim, e de uma imensa gratidão pela vida e por minha mente, meu corpo e cada segundo que tenho disponível para viver!

Por isso não consigo ser "mais ou menos", não consigo ser "bege", não consigo procrastinar...não consigo perder tempo pensando no que as pessoas pensam de mim...ou algo parecido...quero a vida agora, quero muito, quero tudo....quero conhecer muitas pessoas, muitas coisas, muitos lugares...e tudo isso por que sou imensamente grata à Vida! Não posso vivê-la pela metade!

Essa noite eu não consegui dormir direito, pois esses dias tenho visto e sentido muita vontade de fazer coisas...estudar, conhecer pessoas, trabalhar, produzir, meditar...tenho pensado muito...minha vida interna tem sido muito intensa...observo cada pensamento com muita atenção..e penso muito...sinto que minha mente poderia gerar muitas idéias...e que eu poderia realizar cada uma delas! Me sinto fértil, viva e vitalizada...

Só que ontem à noite eu recebi um email de uma pessoa querida lá no Brasil....Manuela me falava da falta que faço no Espaço Mahatma Gandhi , que é minha clínica em Salvador (www.mahatmagandhi.com.br), e me perguntava porque eu não atendia meus clientes no Brasil por Skype? Uso Skype..converso muito...uso Twitter, Facebook, Orkut...tenho contato ativo com esses meios virtuais...esse meu blog pra mim é um trabalho...então pensei, porque não ampliar isso?

Ela não colocou uma pulga na minha orelha...ela simplesmente deu uma forma a um desejo que estava aqui vibrante, querendo nascer....ela me apontou para uma forma dessa idéia vir ao mundo. Vou colocá-la em prática.

Bom..então aos que possivelmente se interessem, quero dizer que: aqui em Houston trabalharei com Massagem Ayurvédica (indiana), Grupos de Respiração, Grupos de Mulheres (Círculo das Deusas), Tarô das Deusas, e em breve psicoterapia; e no Brasil, atenderei via Skype...o mais rápido possível colocarei agenda e regras de funcionamento na recepção do Mahatma.

Estou aqui...feliz...Todos dormem...mas por conta de toda essa energia, acordei cedo, ainda escuro fui pra academia do condomínio onde moro e andei muito...depois fiz 10 séries de Suryanamaskar e pedi a Deus que me iluminasse e me guiasse...

Estou aqui feliz, porque é assim que me sinto...iluminada e guiada por uma luz muito forte que agora faz minha mente brilhar e meu coração pulsar!


Namastê

Ludmila

P.S. Na foto com Manuela. Acho que ela vai amar isso!!!!!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Vivendo a noite escura... sem resistir....


Hoje parece um dia de sol, depois de uma longa noite escura!!!
Assim eu sinto!

Judson na segunda fez quimio, quase que não consegue fazer, por causa dos benditos leucócitos que ainda estavam abaixo do mínimo. Fez. Passou mal, quase desmaia, vomitou, e teve febre! A febre é um fantasma pra quem está em quimio...ela não pode acontecer...febre significa infecção...leucócitos baixos significa baixa imunidade...péssima combinação...dias difíceis...

Nada a ser feito!
Esperar com serenidade e sabedoria. Só temos que esperar...

Acredito que tudo que aprendi na vida até hoje, me preparou para momentos como esse. A não-resistência é um grande aprendizado. Simplesmente poder estar, onde devo estar. Deixar a minha mente e o meu coração onde é possível estar. Não brigar com isso.

Nesse momento, não a há nada a ser feito, a não ser esperar. Esperar a "noite escura" passar. Esperar com serenidade...e isso não significa, sem dor...mas com serenidade. Eu posso fazer isso.

Sei que posso fazer isso, porque o que tenho uma certeza inquestionável dentro do meu coração. É uma crença inabalável. Sei que as noites tem um tempo de durar. Elas, assim como tudo na vida, não são eternas. São impermanentes, são finitas. Então, basta esperar!

Outra crença inabalável na minha vida, e que me ajuda nessa espera, é que depois de cada "noite", tem um "dia de sol"...eu sei disso. Sei porque nunca perco o contato com esse "Sol interno"...ele é perene...brilha sempre...mesmo quando estamos na noite...ele só está no meu outro lado...esperando a vida virar de novo...

Sei que preciso estar com a minha mente e o meu coração, no mesmo lugar onde meu corpo está. Isso me protege das ansiedades tão comuns quando nos deslocamos de onde temos que estar... e nos repartimos..nos fragmentamos. Isso aprendi com o yoga e com a meditação.

Outra coisa que aprendi faz tempo, é que a mente precisa estar no único tempo que existe, e que é esse que vivemos. Não devo estar no futuro, nem no passado. As ansiedades nascem assim. O tempo é o presente.

Bom, nessas "noites escuras", preciso apenas estar inteira. Com os medos que surgem e desaparacem. Com a perdas e mudanças que precisam ser feitas. Desapegando daquilo que na arrogancia humana havia programado...e esperar....o dia virá...e enquanto não vem....que a noite seja uma energia feminina de transformação que me envolve...não lutarei contra ela.

Recebo a noite no meu corpo e alma....e me despeço dela....tá na hora do Sol brilhar outra vez!


Namastê

Ludmila

sábado, 6 de junho de 2009

Libertação é Felicidade!!!


Muitas pessoas certamente concordariam comigo, quando digo que a Felicidade não impôe condições para existir. Que para sermos felizes não precisamos de nada especificamente, e que por isso mesmo, nada concretamente poderia nos garantir felicidade.

Pessoas ricas podem ser felizes e infelizes, as pobres também, pessoas casadas, solteiras, com ou sem filhos, pessoas que sofreram perdas podem ser felizes, pessoas que nunca perderam nada nem ninguém podem ser felizes ou infelizes.

Quero deixar claro que não estou falando de "alegria" e muito menos sobre "Ausência de sofrimento". Felicidade não tem nada a ver com isso. Podemos esatr em sofrimento e até mesmo tristes e ao mesmo tempo sermos pessoas felizes.

Embora eu não consiga explicar a Felicidade, adoro olhar para esse sentimento com carinho e curiosidade, e gosto muito de pessoas felizes, é claro! É uma delícia estar ao lado delas, elas têm um brilho especial, são leves e adoram ver as outras pessoas felizes também. Elas exalam felicidade mesmo quando estão sofridas. Isso aparece em forma de confiança, de centramento, de serenidade, de sabedoria, de compreensão...muitas formas..

Uma caracteristica comum das pessoas felizes é a generosidade. Elas são generosas, nunca são econômicas naquilo que elas têm de melhor. Elas distribuem de forma generosa suas experiencias, seus sentimentos, seus saberes e seus poderes...elas simplesmente compartilham.

Elas também são destemidas. Não se sentem ameaçadas pelo outro, nem acham que alguém ou algo possa ameaçar sua felicidade, porque já sentiram que a felicidade que sentem não está atrelada a nada...então, nada pode ameaçá-la. Generosidade e destemor são características das pessoas felizes.

Aprendi com o Budismo que se queremos a Felicidade teremos que praticá-la, e que a Felicidade está amparada em 4 pilares: AMAR, SERVIR, DOAR e MEDITAR. Isso fez muito sentido pra mim, nunca mais esqueci. Realmente acredito que a prática do amor nos leva a um lugar de felicidade. O Amor liberta, o amor nos aproxima do outro, encurta as distancias. O amor compreende e aquece a vida. Isso é Bhakti Yoga. O Yoga do amor, da devoção. Ver Deus em tudo e em todos, ou melhor dizendo pra mim que ainda não compreendo bem Deus: Tudo e Todos são Deus.

O Servir e o Doar fazem parte do karma Yoga. O caminho que nos revela que temos muito a dar. essa descoberta trás como efeito colateral, a felicidade. Saber que tenho algo a dar, algo que alguém precisa...e realizar isso, trás paz e Felicidade. Isso é Karma Yoga. As pessoas que SERVEM e DOAM, não aquilo que lhes sobra (isso é importante, não é de restos que estou falando), mas aquilo que lhe é muito precioso, essas pessoas são felizes por isso.

E por fim o MEDITAR. A meditaçãqo que é o Raja Yoga, nos levaria par dentro de nós, não para aprendermos algo, mas para redescobrirmos algo. A meditação nos ajudaria a encontrar aquilo que sempre existiu dentro de nós, aquilo que sempre esteve ao nosso alcance, aquilo que de fato é o nosso estado básico, a vibração primeira da nossa alma.... a meditação nos levaria a refazer a conexão genuína com a Felicidade que existe dentro de nós, que sempre existiu e sempre existirá...a meditação nos faria sentir que em essência somos felizes, porque nada nos falta. Temos tudo que precisamos. Somos plenos e inteiros. Isso é Moksha, a LIBERTAÇÃO da sensação de carência, que nos impede de sermos felizes agora! Moksha é o que o yoga pretende nos fazer alcançar. Ser feliz agora, por que nada me falta!!!!

Namastê!

Ludmila


terça-feira, 31 de março de 2009

O Amor contagia!


No meu último post falei sobre a capacidade de sonhar, ou melhor, sobre a necessidade de sonhar! Sonhar é preciso. Assim como amar é preciso. Como viver ser sonhos e sem amor? Acho que a vida seria apenas suportável, dura demais, talvez nos sentíssimos áridos como num deserto, talvez, sem sonhos e sem amor, nos sentíssemos amargos, e não acreditássemos na vida, no poder transformador da vida. E na pior das hipóteses, sem sonhos e sem amor, a vida seria um fardo.

Acho então que Sonhar e Amar são as necessidades básicas da nossa alma, assim como respirar, se alimentar...para o nosso corpo. Nossa alma fenece, perde o brilho, murcha se não sonhamos e amamos. Podemos nos sentir meio vivos se não sonhamos e amamos.

O problema é que muitas pessoas confundem a necessidade básica de "amar", com a necessidade de "ser amado", e esperam com um coração fechado que alguém descubra a sua necessidade e lhes devotem algum amor, para só então, possam vir a amar. Essas pessoas esperam e aumentam suas dores com doses grandes de frustrações e de confirmações para a sua teoria. Eu sou assim, porque não sou amado.

No Backti Yoga aprendemos a amar. Esse é um caminho dentro do yoga que fala que só é possível caminharmos com a prática do amor. O amor pode e deve ser devocional. Aquele amor que simplesmente ama. Pode ser um amor por um Deus, mas deve ser amor pelo ser humano que são vistos pelo Backti como a face de Deus. Alguém que tem um amor devocional, não cobra e não espera, simplesmente ama, porque precisa disso, porque já entendeu que sua alma precisa disso. Que no fundo no fundo, quem ganha muito é quem ama. Entende que quando ama, já ganhou o que mais precisa, que é o efeito desse "amar".

Faço parte de uma comunidade de pessoas que fazem quimioterapia, eles aceitam parentes, terapeutas...etc....Sou parente e terapeuta, achei que ali era meu lugar e entre. Estar com outras pessoas, ouvir histórias de outras pessoas, saber das dores das outras pessoas, dá limite as nossas dores, nos sentimos acompanhados, e quando vemos, estamos amando! Estamos amando sem nem conhecer essas pessoas.

Leio todos os depoimentos todos os dias, me pego torcendo por cada uma daquelas pessoas, sofro quando algo dá errado, me alegro quando dá certo...elas fazem, parte do meu ciclo de amor expandido. Nem as conheço, e provavelmente nem irei conhecê-las, mas tenho uma amor profundo por cada uma delas. Algumas pessoas já sei o nome, já imagino suas conexões familiares, sei que estão começando ou terminando a quimio...sei que foram operadas ou não... sei quando estão sofridas e desanimadas e sei quando amanhecem animadas...tenho amor por elas. Algumas são esposas de pacientes com câncer, assim como eu; outras são filhos e filhas de alguém com câncer....uns falam muito em Deus, outros falam muito nos tratamentos....cada um no seu caminho, e ao mesmo tempo, todos juntos nesse caminho.

Obrigada pessoas que nem conheço...Obrigada por me provocarem tanto amor no coração. Posso deixar essa amor contagiar minha vida e todas as pessoas que circulam próximas a mim, e dessa forte estarei multiplicando essa energia e sentindo o poder contagiante de amar!

Namastê

Ludmila Rohr






quarta-feira, 18 de março de 2009

EU POSSO TAMBÉM!


Começou outra semana de quimio...nesse exato momento Judson está recebendo drogas na veia e ficará assim até sexta-feira. É impressionante como o tratamento que pode salvá-lo, causa imediatamente tanto desconforto e mal estar, e exatamente por isso temos que imediatamente iniciar um trabalho mental para receber o "desagradavel" com tranquilidade! Esse é um super trabalho! Penso que, se ele desenvolve resistencias ao tratamento, o mesmo será mais dificil ainda. Ao mesmo tempo, não desenvolver resistencia àquilo que nos causa desconforto é muito difícil...


Tenho uma fala que comumente repito para os meus alunos de yoga quando diante de uma postura um pouco mais complicada, eles reclamam dizendo: Poxa, mais é tão difícil! Eu digo: Viver é difícil! Não existe nada fácil! ....Nessa minha fala não existe nenhum tipo de pessimismo ou algo parecido, muito pelo contrário, essa minha forma de ver a vida sempre me colocou diante dos desafios de uma forma natural e com pouca resistencias e sem queixas e lamentações, porque acho muito natural a dificuldade da vida e de seus desafios...não acho que vai ser diferente nunca...temos momentos de descanso, mas pra quem caminha, não existe acomodação, e onde existe movimento, existe desafios...


Recebi de uma aluna querida, ela já fez isso antes, uma frase linda de Ariano Suassuna, ele diz: "...pois na dor também se vive, e pode-se viver com Alegria!". Obrigada Rita! Acredito nisso. Tenho vivido e experimentado isso. As alegrias estão presente, sinto-me uma pessoa feliz, grata, acolhida, acompanhada...


Tem outra coisam que sinto e percebo que por conta disso, faço parte de uma grupo seleto de pessoas. ADORO MEU TRABALHO! Adoro tudo que faço! Meu trabalho é um alimento precioso. Ele está diretamente relacionado com o meu prazer!! Acho muito especial ter um trabalho em que produzo minhas condições materiais de vida, mas que ao mesmo tempo me alimenta em outros níveis. Sair para trabalhar é um prazer, e vivo um momento profissional excelente, adoro trabalhar...simplesmente adoro! Adoro cada atendimento que faço, cada aula que dou. Sinto uma felicidade enorme e percebo como sou feliz por isso.


Quando comecei esse blog, algumas pessoas me perguntaram como seria me expor diante dos clientes. Como seria pra mim ou para os meus clientes saberem que eu sofro, ou que eu choro? Como seria para eles participarem desse momento tão doloroso e íntimo? Essa era a pergunta que me faziam. Eu pensava: Será que algum cliente ou aluno imaginou em algum momento que eu não sofresse ou não chorasse? Que tipo de pessoa eu seria se não chorasse ou não sofresse? Que tipo de terapeuta eu seria se não fosse uma pessoa que chora e sofre?


De fato isso nunca foi uma preocupação pra mim. Sou assim. Não consigo me imaginar presa a nenhum tipo de imagem, por conta do meu trabalho. Não sou alguém "Zen" por que sou professora de yoga, não sou alguém que não sofre...O yoga e a psicologia, mas sobretudo o Yoga, me deram a possibilidade de SER, livre de qualquer prisão...de ser quem eu sou...de viver minha dores e ser feliz ao mesmo tempo...porque aprendemos com o yoga a relaxar no esforço...isso o yoga me ensinou!


Aprendi também que os únicos demônios que existem são aqueles que moram dentro do meu coração, então não consigo vê-los fora de mim. Não consigo ver o câncer como um "demônio"...mas a forma como eu o vejo pode ser demoníaca...assustadora. Aprendi também que tudo que preciso, está dentro de mim...isso é libertador. Significa que nada me falta! e aprendi ainda que, se alguém conseguiu fazer uma coisa, isso significa que potencialmente todos poderiam conseguir fazer o mesmo. Se alguém escalou o Everest, eu poderia também. Se alguém enfrentou um determinadao desafio...eu posso também. Se alguém atravessou uma dor, eu posso também!


O que não nos falta na vida são os exemplos de pessoas que conseguiram, que venceram, que atravessaram sua dificuldades...e ainda temos exemplos daquelas que fizeram isso com alegria, com paz no coração, sem queixas... com amorosidade e com dignidade...Eu posso também!

Namastê!

Ludmila Rohr

quarta-feira, 11 de março de 2009

Sou forte....

Ontem senti cansaço...muito cansaço. Acho que quando Judson melhora, me dou ao luxo de me sentir cansada. Chorei muito. Chorei ouvindo música italiana no carro. Chorei ao pensar nos meus filhos. Chorei com saudade de ter alguém que cuidasse de mim...enfim, fiz um contato com minhas carências. Não é saudável negá-las. Tenho sido forte e corajosa, mas sou uma pessoa como outra qualquer. Tenho medos e carencias. É bem verdade que normalmente não mostro isso, por que acho que devo me organizar, que tenho instrumentos internos pra isso...aí eu respiro, medito, reflito...sinto meu corpo e de fato consigo me equilibrar, consigo me conectar com minhas forças, com minha coragem e com tudo que tenho dentro de mim que me sustenta nessas horas.

Algumas pessoas reclamam que sou forte demais, questionam isso. Me dizem que eu não mostro minhas fraquezas. Não acho isso. Sou forte mesmo e construi essa força ao longo dos anos e com muita prática de yoga, meditação e muita terapia. Me conheço bastante e também consigo me organizar internamente. Não me sinto desintegrada, ou desesperada. Não conheço isso, pois estou buscando manter a minha integração e lucidez todo tempo e sempre, independente da situação. Essa é a prática rotineira da minha vida nas mínimas coisas e nas máximas também. Isso é o que significa incluir a meditação e o yoga na vida, e não só em alguns momentos da vida. Realmente acredito nisso, acredito na minha prática pessoal. Acredito porque sinto que funciona, não porque está escrito em algum lugar.

Mas não tem sido fácil. Conto com amigas queridas com quem posso chorar. Conto com minha mãe e meu pai, com quem eu evito chorar para não preocupá-los, mas eles me conhecem muito e me ajudam mesmo sem eu pedir. Conto com minhas irmãs. Conto com tantas pessoas. Mas certa ou errada, eu sempre achei que tinha que contar comigo mesma, esse foi o meu aprendizado. Não suporto o lugar da vítima. Lembrei que em uma situação em um treinamento na minha formação como Analista Bioenergética, vivi um enfrentamento com uma pessoa que hoje é uma amiga muito querida, mas na época, ela reclamava da minha força, daquilo que ela chamava de excesso de energia, dizia que se sentia ameaçada pelo meu jeito de ser que ela julgava muito duro...enfim, ela chorava muito e eu não. Todos do grupo a acolheram e a mim, não. Lembro de ter dito pra ela e para o grupo, que preferia o lugar de algóz que ela estava me colocando, do que o lugar horroroso de vítima que ela estava se colocando, mesmo me sentindo só e dolorida com as acusações públicas, falei isso. Claro que fiquei mais sozinha ainda. Parece que as pessoas tem mais facilidade de acolher aqueles que se fragilizam e dificuldade em ver que os que não se fragilizam também sentem.

Bom...não sou mais tão dura assim. Hoje já choro e consigo mostrar minha alma feminina. Haja vista tantas manifestações amorosas que recebo o tempo todo de várias formas. Isso pode significar que eu estou mais exposta na minha vulnerabilidade humana. Mas ainda acho que tenho que dar conta da minha vida. Já entendi em terapia e nas minhas buscas que tenho orgulho da minha força, isso é bom ou ruim? Não sei. Provavelmente bom e ruim ao mesmo tempo. Devo mudar isso? Não sei também. Mas sei que essa é a minha forma de estar na vida.

Namastê!

Ludmila Rohr
P.S. Yoga! aquilo que faz com que eu experimente no corpo as voltas que a vida dá.


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Yoga....o meu caminho!


Ontem foi meu primeiro dia em Salvador depois que retornamos de SP. Adoro isso aqui! mas na verdade, o que gosto mesmo é de tudo que faço. Adoro meu trabalho. Adoro minha rotina, sou uma pessoa que adora acordar e saber que terei o meu dia diante de mim.

Ontem dei minha primeira aula de yoga desde que me despedi dos alunos avisando que iria pra SP acompanhar meu marido. E eu quero muito falar sobre isso. Comecei a fazer yoga com 16 anos, (tenho 45 agora). Eu já era apaixonada pelo yoga, mesmo sem conhecer, dizia que queria fazer yoga, mesmo sem saber do que se tratava. O Yoga entrou na minha vida e nunca mais saiu. Praticava muito, estudava muito (muito mais que hoje), lia os textos sagrados, fazia praticas duas vêzes ao dia, meditações diárias...enfim, mergulhei com meu corpo e minha alma nesse universo que trouxe sentido a minha existência.

A Hatha-yoga me colocou diante da possibilidade de um corpo saudável..um corpo feliz. E de fato, tenho uma relação muito boa com meu corpo, ele me dá prazer, não tenho histórias na minha vida de dores no meu corpo. Claro que já fiquei doente e certamente ainda ficarei, mas meu corpo, produz muito mais prazer do que dor. Ele é um lugar muito agradável de se morar. Vejo pessoas reclamando de dores, pessoas saudáveis, inclusive que malham, que correm...eu normalmente não tenho dores....acho realmente que o meu corpo tem sido um bom lugar para morar.

Quando descobri a respiração, descobri o prazer simples de respirar, e o quanto a respiração me conectava com o meu corpo, mas o quanto que através da respiração eu conseguia alterar meus estados mentais. A respiração se tornou o meu grande remédio e companheira. Respiro conscientemente em todas as situações que preciso estar mais inteira, mais forte, mais calma, mais centrada....mais aberta....a respiração me leva pra dentro de mim, a lugares profundos, mas também me coloca aberta para o mundo, para as pessoas...sou muito grata ao yoga, por ter me apresentado esse instrumento valioso.

Bom...ontem reencontrei meus alunos....voltei pra minha sala de aula... e comprovo o quanto amo o que faço...o quanto o yoga me faz bem. A prática corporal do yoga organiza o meu corpo, me sinto leve e feliz, mas enche o meu coração de muito amor....é...sinto um amor imenso quando pratico yoga, sinto que sou uma pessoa melhor (do que de fato sou), me conecto com aquilo que é sagrado em mim...e fico muito feliz!

O outro lado lindo do yoga são os alunos, eu sou muito apaixonada por eles...vejo a busca, a confrontação com as dificuldades, os corpos que aos poucos vão desenferrujando, a felicidade em conseguir fazer algo que não conseguiam antes, uns são fiés, persistentes, permanecem anos após anos, já incluiram o yoga em suas vidas, outros são flutuantes, vem e vão, somem e novamente aparecem....mesmo assim os adoro, fico imensamente feliz quanto vejo um ex-aluno retornar!

Ontem dei minha primeira aula de yoga depois que retornei e quero hoje agradecer aos alunos que lá estavam. Obrigado...obrigado por me acompanharem nessa viagem de auto-organização, nesse processo de nutrição da minha alma. E o melhor de tudo isso, é me dar conta de que esse é o meu trabalho!!!! Sou tão grata a vida, porque penso que sou uma pessoa abençoada, que pode trabalhar com aquilo não só que ama, mas com aquilo que cuida de mim, que me faz uma pessoa melhor, que me alimenta....

Uma vêz um professor de psicologia me falou que iria chegar a hora em que eu teria que escolher entre a psicologia e o yoga, eu achei aquele comentário meio bobo, por que em nenhum momento uma prática concorre com a outra, muito pelo contrário. O fato de ser prof de yoga sempre me fez uma terapeuta melhor. O fato de meditar e cuidar de mim e dos meus alunos em vários níveis, sempre me possibilitou uma visão mais ampla da psicologia. Amo tudo que faço, amo a psicologia, o consultório, mas o yoga é a minha vida. Se esse professor tivesse razão, se eu tivesse que escolher, a escolha já estava feita, pois o yoga com certeza foi escolhido pelo meu espírito milênios atrás. Nessa vida eu só o reencontrei!

Namastê!

Ludmila Rohr


terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Buda...Mahatma...fazer o que deve ser feito!


Muitos amigos escrevem querendo notícias de Judson, outros escrevem nos enviando dicas de livros legais pra ler, outros ainda nos mandam receitas de ervas e chás..etc.. Acho isso tão lindo! Criei uma pasta com essas informações, todas as dicas e livros... e vou passando pra ele...ele vai escolhendo. Nesse momento ele lê um livro chamado "Anticancer", e está gostando muito. Disse que esse livro vai ajudá-lo a mudar a alimentação e alguns hábitos e atitudes. Fico feliz.
Acredito do poder da nossa mente e da respiração. Sou uma professora de yoga, e realmente tenho essa experiencia. Poderia escrever muito sobre experiencias com a respiração e a meditação. Na verdade não está certo dizer que acredito nessas coisas, "Eu Sei". Uma vez perguntaram a Jung se ele acreditava em Deus, ele respondeu: "Eu não acredito, eu sei". Bom, eu sei do poder da meditação e da respiração.
Digo a Judson que o momento de tomar os remédios ou a quimio, é o momento de grandes meditações. Que ele deve visualizar esses medicamentos, sem rejeitá-los, entrando no seu corpo como energias luminosas e se espalhanso felizes por cada uma das suas células, e que essas células recebem abertas essa energia generosa que vem dos medicamentos; Digo pra ele que quando faz a inalação, que ele deve respirar aquele medicamento como se respirasse o sopro de Deus. que Deus está soprando em suas narinas algo muito sagrado que está entrando nos seus pulmões e curando-o; que a quimio quando goteja nas suas veias deve ser recebida como quem recebe uma seiva generosa e cheia de amor e energia curadora. Digo pra ele que a atitude mental dele pode dar um colorido todo especial a tudo que os médicos fazem. Que receber um remédio achando que é divino, faz uma diferença enorme de recebê-lo rejeitando-os, ou vendo-os como veneno.
Ne verdade essa atitude mental é a diferença na vida! A vida que temos é essa! Como disse ontem, não somos especiais, somos pessoas que vivem uma vida igual a de muitas outras pessoas, mas quando nos rendemos ao sagrado, a nossa vida fica muito especial. Nunca tive muita atração para o mágico, por isso mesmo me identifico tanto com o Budismo. Buda falou de forma muito pragmática sobre como devemos viver para rompermos com a roda do Karma que nos leva a tanto sofrimento, e nos ensinou como viver o Dharma, ou a nossa natureza. Buda falou de passos, de Verdades, ele não falou de mágicas, nem de sermos protegidos, nem muito menos de que existe um Deus para nos proteger se formos bons e uma pra nos castigar se formos maus. A doença não é um castigo, mas o sofrimento é próprio da vida kármica.
Eu tenho uma amiga, que amo muito, e que deve estar lendo esse blog, embora não tenha me escrito. Inge é uma dinamarquesa, que é baiana de coração, ela sabe até sambar (melhor qu eu!), nós passávamos muito tempo refletindo sobre karma, Dharma, Iluminação....temas budistas...adorávamos filosofar...e ela dizia que queria a iluminação e eu, brincando dizia, que não queria não, que gostava muito da minha vida.....riamos muito dessas conversas, que eram grandes brincadeiras, mas que sempre nos levavam a estudar o que Buda dizia.
Bom...continuo amando profundamente os ensinamentos de Buda, eles não tem nada de mágico, eles são práticos, falam da nossa mente e como tudo pode mudar a partir da forma como olhamos as coisas...ele fala de um caminho do meio...um caminho possível, já que apesar de ensinar sobre o Caminho, ele diz que o caminho não existe, que é construido a cada passo, a cada momento, a cada escolha que fazemos. Podemos errar e acertar...não existe pecados...existe cadeia de consequencias e Dharma. Continuo sem querer a iluminação, mas quero ter atitudes iluminadas, quero uma mente clara e cheia de luz pra fazer as melhores escolhas...quero que a luz brilhe através dos meus olhos e das minhas palavras...e das minhas mãos...
Bom...hoje dei a minha primeira injeção...apliquei injeção na barriga de Judson...lembrei do Mahatma e das minhas conversas com Inge...O Mahatma achava que deveriamos desenvolver autonomia, deveriamos aprender a fazer tudo que precisamos, que isso era uma condição para a liberdade...hoje dei uma injeção...seguindo o Mahatma, fiz o que devia ser feito....depois dei uma choradinha básica, mas tudo bem.
Acho que voltamos pra casa hoje! Vamos ver!
Namastê!
Ludmila Rohr

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Sobre Coragem


Já tive nesses 20 anos em que ensino yoga, muitos alunos, uma quantidade tão grande que nem posso imaginar. Algumas pessoas vem fazer yoga esperando uma mágica, que o yoga dê um jeito nelas e em suas vidas, como se fosse um remédio, essas podem até descobrir em algum momento da prática que não é bem assim e assumirem as suas responsabilidades no processo; outras buscam uma atividade física inteligente e até descobrem que o yoga é muito mais que isso; e outras veem buscando um caminho..se reconhecem como um ser integral e buscam no yoga algo que possa ajudá-las nesse caminhar em direção ao auto conhecimento.

Tento gravar o nome de todos os alunos, as vêzes não consigo, mas me esforço muito pra isso, quero ver cada um como uma pessoa diferente, com seus corpos que revelam suas histórias, suas emoções....quero ver cada um individualmente. Infelizmente nem sempre consigo.

Preciso dizer que sinto um carinho muito grande por todos eles, pois eles me fazem uma pessoa muito melhor. Não suporto o lugar de "Mestre" e sempre dou um jeito de escapulir dessas projeções. Aprendo tanto em cada aula que dou, aprendo tanto com cada aluno que vem conversar comigo, como posso ser um mestre? Nesse lugar (de mestre) me sentiria uma charlatã, gosto do meu lugar de alguém que ensina yoga, mas que reconhece que sabe muito pouco ainda.

Alguns alunos chegam mais junto, se fazem presentes, participam da atividades extra-aula, opinam, fazem perguntas, se mostram, se implicam no caminho e uma forma mais explícita, não que os mais calados e silenciosos não estejam implicados também, mas é mais fácil pra mim reconhecer aqueles que se mostram mais, que buscam uma relação mais íntima, que se tornam amigos. esses ultrapassam a fronteira professor/aluno e se tornam pessoas tão queridas, tão amigas. Compartilham suas vidas, suas dúvidas...eles trocam de forma mais clara, dão e querem receber.

Rita é uma antiga e querida aluna de yoga e me mandou por email essa frase de Guimarães Rosa: "O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem." Adorei!

Falei outro dia sobre coragem. Me sinto uma pessoa muito corajosa, não me lembro de situações em que eu tenha ficado paralisada por causa do medo. Sinto medo é claro, mas a minha coragem é sempre maior que os meus medos. Em vários momentos da vida senti muito medo, mas a minha coragem estava lá ao meu lado, me conduzindo, movendo as minhas pernas, me dizendo que eu precisava fazer algo, ou que seria mais corajoso não fazer nada. De fato sou uma pessoa corajosa e não tenho nenhum problema em falar isso. Acho que todos que me conhecem diriam o mesmo de mim.

As vêzes sou até contra-fóbica, ou seja, uma situação de medo, eu me meto logo, faço o que tem que ser feito, pra nem dar tempo de deixar o medo crescer e tomar conta de mim. Já cuidei disso em terapia. às vêzes o medo me faz ter comportamentos meio insanos, como nos assaltos que sofri e que enfrentei os ladrões, como se eles não pudessem fazer nada comigo. Bom...devo dizer que a cada episódio desses eu passei depois algum tempo chorando na terapia, ou com amigos....

Tenho medo de altura, e só pude reconhecer isso há poucos anos atrás...eu sofria horrores, mas não sabia que tinha medo, um dia eu estava no alto de um trapézio de um circo, quando me dei conta de que tinha medo de altura e que não precisava me expor a esse medo se não quisesse. Afinal de contas eu não sou trapezista!!!Voces não podem imaginar o quanto isso foi transformador na minha vida. Desse dia em diante pude tranquilamente recusar todos os convites pra descer montanhas amarradas numa corda e coisas semelhantes..ufa....

Mas quero voltar à frase de Guimarães Rosa que Rita me mandou...ele fala sobre a vida, o vai e vem da vida, os altos e baixos, as mudanças de estação que a vida tem.....pra isso sou muito corajosa, sinto medo em alguns momentos, mas posso me considerar uma pessoa corajosa diante da vida. Acho que já andei bastante e vivi muitas coisas, e quero viver muitas ainda. Nunca achei que a vida devesse ser mansa, a vida é o que deve ser, e preciso ser corajosa pra não paralisar nos momentos que preciso me mover, mas preciso ser corajosa pra não deixar meu ego e vaidade se apossarem de mim naqueles momentos em que tudo sossega, pois nesses momentos temos muito o que fazer, mesmo que seja contemplar!

Obrigada meus alunos queridos, por achar que posso ensinar algo a voces e sem saber estão me ensinando tanto...Obrigada Rita, por Guimarães Rosa.

Om...Shanti....

Ludmila Rohr
P.S. Essa foto foi tirada em Delhi (Índia) no maior templo muçulmano de New Delhi. É lindo...voltaremos lá em 2010. Preparem -se!!!!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Só....mas nunca sozinha!


Bom....hoje foi um dia difícil...dei minha primeira aula de yoga depois que soube desse novo diagnóstico do meu marido. Então tive que compartilhar com meus alunos queridos esse meu momento. Em 2008, eles foram uma companhia constante, eles foram amorosos, solidários...choraram comigo quando soubemos do câncer, e se alegraram quando soubemos que o tumor havia desaparecido. Hoje tive que começar a contar que teremos que passar por isso outra vez.

Uma vêz ouvi um ditado (acho que chinês): "Quanto maiores forem os seus segredos, maior é a sua prisão", gostei tanto disso, teve tanto significado pra mim....Sinto que quando abro meu coração e exponho o que sinto, ou que estou passando, encontro apoio, ressonância...recebo muito....e mais ainda, me sinto livre!

Bom...sou professora de yoga, e desde sempre fujo de um rótulo muito comum, no imaginário de algumas pessoas, de que ser prof de yoga significa ser Zen (do senso comum), ou seja , alguém que está acima do bem e do mal. É muito comum, a associação dos professores de yoga com alguém que não se abala, professores de yoga cuidam do corpo e do espírito, as emoções ficam para os não praticantes. Uma vêz ouvi de alguém, que para um professor de yoga eu era muito alegre! uau! Fiquei pensando o que essa pessoa acharia de mim como prof de yoga, se me visse com raiva ou com mêdo?

Sou professora de yoga, e tento ensinar que devemos estar inteiros, e quanto mais livres dos condicionamentos melhor! Ser uma praticante do yoga me fez compreender que posso me desidentificar dos fatos, das sensações e das emoções. Eu não sou a dor, eu tenho uma dor. Eu não sou o mêdo, mas eu estou sentindo isso.

Quando penso dessa forma, não há espaço para o desespero, me mantenho livre, eu estou aqui...essa dor existe, mas EU estou aqui. Essa compreensão eu devo ao yoga. A prática constante, não só com o corpo, mas também com a alma, me permitem hoje sentir tudo que minha alma produz, ou que a vida me coloca diante, mas posso contemplar, apesar da dor, posso observar, perceber algo maior naquilo, algo que me faz crescer...que me ajuda a ser uma pessoa melhor.

É verdade que terei que falar com todos os meus alunos, clientes, amigos...e ver os meus sentimentos refeltidos no rosto de cada um, terei que ver expressões de frustração e de dor de cada um deles, por que sei que ninguém quer me ver passar por isso outra vêz, e eu muito menos. Mas....terei que viver todas as dores e prazeres que me cabem nesse momento.

Não me sinto só....a minha sensação é que estou completamente acompanhada, e isso me dá muito conforto, mas sei também que posso ficar só, que tenho o direito de ficar só, que tenho essa liberdade, que posso me permitir esses momentos que me ajudam a escutar meu mestre interno, escutar meu coração....nunca sozinha, mas só! Isso só é possível quando estou só, em contato íntimo com um lugar de muito silêncio e paz que sempre existe dentro de mim!

Namastê!

Ludmila