Quando comecei a praticar yoga, aos 16 anos, descobri uma sensação de pertencimento ao Universo. Isso foi mágico! A busca era sentir ser pertencente ao todo. A meta era buscar a sensação de unidade e encontro com tudo e todos. Busquei meditando anos a fio... Meditava, praticava samiami, yoga, Backti, Karma-yoga, jnani-yoga...e tudo que pudesse me conectar ainda mais fortemente com essa sensação preenchedora....
Não sei se tive sucesso, não sei se me tornei mais empática, talvez tenha me tornado mais impaciente com o que julgo sem importância... sei lá... não sei o que teria me tornado sem esse caminho que trilhei.....
Mas, nesse anos de prática, desenvolvi algo muito legal que foi a idéia de coletividade, a consciência das causas coletivas....aprendi a tirar o foco dos meus problemas pessoais, e ver "o todo" como muito mais importante.... as causas coletivas, ao invés das individuais. Buscando um significado maior para a existência....resolver problemas básicos do dia-a-dia parecia não fazer muito sentido, ou melhor dizendo, buscava uma vida que valesse a pena e que tivesse sentido.
Acho realmente que as lutas contra o racismo, homofobia, machismo são minhas causas e meus problemas. Penso até que poderia ter uma vida menos complicada, se não fosse tão complexa, mas pode também ser também que eu esteja me enganando esse tempo todo e tenha sempre pensado egoísticamente na minha "sensação de si mesmo", e esse tenha realmente sido minha meta todos os esses anos ... pode ser.... o que seria um autocentramento.
Com a prática do Yoga e anos e anos de terapia, e estudo....a pergunta que sempre me acompanha é: "qual a minha sensação de mim mesma nesse momento?". Perceber como me sinto em relação a alguém, ou alguma situação ou problema, tem sido meu leme, e é isso que dá direção ao meu barco.... Essa sensação tem norteado meus movimentos, minhas escolhas, minhas decisões, meus "sims" e "nãos". Nem sempre elas me levam a favor da maré, muitas vezes sinto que remo contra ... o que há de se fazer? Se tenho uma boa sensação de mim mesma apesar do esforço ( as vezes solidão), de remar contra a maré, seguirei mesmo assim. Sigo.
Já percebi claramente como me arrependo quando me traio.... meus instintos não costumam falhar...minha voz interna...minha sensação de mim mesma não costuma falhar....
Acho que todo mundo sabe um pouco sobre o que estou falando...., mas se você ainda não escutou essa voz; se você ainda não se conectou com essa sensação ... pare um pouco e se escute.... é hora de ouvir o que vem de dentro. É hora de não mais se trair.