Depois que cheguei do Brasil não tive tempo, nem energia ou inspiração pra isso. Sempre tenho a sensação, depois de uma viagem dessas, de que meu corpo chega, mas minha alma vem devagarinho...vai chegando aos poucos... Respeito isso.
Esses dias algumas pessoas começaram a me cobrar posts novos. De verdade não me sinto cobrada, nem tenho um impulso de escrever para atendê-las. Sei também que elas fazem isso com carinho, acho até bonitinho sentirem falta do meu blog. Agradeço e respondo que logo logo escreverei, mas espero meu tempo chegar...
Hoje fiquei com uma pequenininha vontade de escrever...parece que por uma fresta pequena e ainda estreita minha alma começa a se instalar em mim outra vez. Aos pouquinhos estou ficando inteira de novo.
A alma que encontra meu corpo nessa volta do Brasil é uma alma com algumas marcas e mais sensível. A alma de quem perdeu o pai adorado ( me despedi dele três posts atrás). A alma de quem não sabe como é o país que estará morando dentro de alguns mêses, a alma que sabe que em breve deixará para trás uma cidade que aprendeu a amar, amigos queridos que construiu ... A alma de quem se afastará geograficamente do segundo filho em breve, e terá que acostumar com os dois filhos longe...bem longe....
Tenho uma forma de lidar com as coisas que me parece interessante. Gosto de pensar no que vou aprender de novo. Gosto de pensar nos ganhos que terei ou tive me cada situação, mas não dá pra esquecer que tudo tem um preço. Não dá pra fazer de conta de que tudo são flores. Não sou assim, e nem conseguiria ser.
A próxima grande mudança na minha vida, que tudo indica que será para a Coréia do Sul, vai me colocar perto de vários países que tenho a maior curiosidade em conhecer, mas vai me deixar longe de muitas pessoas e coisas que amo. Estarei bem pertinho da China, Japão, Indonésia, Laos, Vietnan, Butão...enfim, tantos lugares que não conheço e sempre quis conhecer e estou excitada com isso.
Tenho a sensação clara de que vou porque tenho mais a ganhar do que a perder e, tentarei entender como afastamento e não como perda, aquilo que deixarei aqui quando for. Entendo que Houston e os amigos que fiz são uma expansão do meu território e das minhas conquistas e não como perdas que terei. Sinto que voltarei sempre que quiser e os verei de novo... bem diferente da perda do meu pai que não o verei mais quando voltar ao Brasil. Essa sim, uma perda de verdade.
Depois de lutar por dois anos ao lado do meu marido contra um câncer aprendi ainda mais a relativizar as dores e os problemas. Parece que muitas coisas perdem importância depois disso ou são redimensionadas. Depois da morte do meu pai, aprendi a relativizar as perdas. O que é realmente perda diante disso? Só as mães que perdem seus filhos continuam a me comover completamente sem que exista relativização possível na minha mente. As outras perdas que vejo amigos e pessoas queridas passarem, todas eles me deixam compassiva, mas não me provocam pena.
Bom...minha alma está fluindo....sem pressa vai chegando...
Obrigada a todos que me aguardaram e ainda aguardam...
.... estou chegando devagarinho....
Ludmila Rohr
Tenho a sensação clara de que vou porque tenho mais a ganhar do que a perder e, tentarei entender como afastamento e não como perda, aquilo que deixarei aqui quando for. Entendo que Houston e os amigos que fiz são uma expansão do meu território e das minhas conquistas e não como perdas que terei. Sinto que voltarei sempre que quiser e os verei de novo... bem diferente da perda do meu pai que não o verei mais quando voltar ao Brasil. Essa sim, uma perda de verdade.
Depois de lutar por dois anos ao lado do meu marido contra um câncer aprendi ainda mais a relativizar as dores e os problemas. Parece que muitas coisas perdem importância depois disso ou são redimensionadas. Depois da morte do meu pai, aprendi a relativizar as perdas. O que é realmente perda diante disso? Só as mães que perdem seus filhos continuam a me comover completamente sem que exista relativização possível na minha mente. As outras perdas que vejo amigos e pessoas queridas passarem, todas eles me deixam compassiva, mas não me provocam pena.
Bom...minha alma está fluindo....sem pressa vai chegando...
Obrigada a todos que me aguardaram e ainda aguardam...
.... estou chegando devagarinho....
Ludmila Rohr