Mostrando postagens com marcador velhice. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador velhice. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

COMO ENVELHECER BEM - ABRINDO O LEQUE


Tenho refletido muito sobre qual a melhor forma de envelhecer, mentalmente falando. As questões de saúde, atividades físicas e alimentação não serão abordadas aqui, sem querer com isso desmerecê-las, muito pelo contrário, mas apenas quero refletir como psicóloga e como mulher que já passou dos 50, que pretende caminhar de forma lúcida em direção a velhice. 

Percebo o preconceito quando o tema é tratado, as pessoas chegam a me perguntar se estou deprimida, ou com medo de envelhecer. Não estou deprimida, nem tenho medo de envelhecer. A velhice sempre me pareceu confortável e libertadora; mas tenho pânico da decrepitude mental, de me tornar uma velha congelada no tempo, presa a personagens que ficaram para trás, com defesas que perderam a utilidade, cheia de medos, desatualizada e repetindo com orgulho a mórbida frase que sempre vem acompanhada por muitas teias de aranhas: " sou do tempo que ...".  

Esse texto será o primeiro de uma série que se chamará: "Como Envelhecer Bem". Se vocês gostarem, compartilhem com outras pessoas maduras, que pretendem viver muito, e que não pretendem parar no tempo porque acreditam que a vida deve ser bem vivida, e cada fase deve ser celebrada. 

Observando pessoas depois dos 50 e que caminham para a velhice, me dei conta que os "Leques" comumente estão fechados, ou estão timidamente abertos. Chamo de "leque" os interesses, as habilidades, os conhecimentos. Pessoas chegam a essa fase da vida, fazendo bem algumas coisas, ou comumente, as mesmas coisas. Repetem com orgulho: " sempre fui assim!" , "Sempre fiz isso!", sempre isso, sempre aquilo... Nunca fiz assim! Nunca fui lá! Nunca experimentei isso! Muitos "sempres" e muitos "nuncas". Congelamento! 

Minha proposta para é: Vamos abrir esse leque?? 

Se nunca fez desse jeito, que tal experimentar fazer algo diferente? Se nunca provou aquilo, que tal provar? Que tal aprender caminhos novos? Que tal aprender coisas novas?? Que tal romper com o óbvio e fazer algo, ou de um jeito novo? 

Há quanto tempo você não aprende uma coisa nova??? Isso mesmo, APRENDER! Não se contente com o que você já sabe, aprenda algo novo!!! Estou falando de um idioma novo, que tal estudar espanhol?? Italiano??? mas pode ser também um penteado novo! Que tal mudar o seu estilo? Há quanto tempo não vai ao cinema? Lê um livro?? Que tal entrar em aulas de Dança? Aprender a costurar? Marcenaria? Pintura em madeira, louça, construir móveis, tapeçaria, cuidar de animais de rua, fazer uma faculdade??? 

Não entre no mérito da coisa em sim. Estudar crochê pra mim, teria o mesmo grau de dificuldade de cursar uma faculdade para algumas pessoas. Não interessa o que você pode incluir na sua vida, interessa é que você inclua!!! Curso de Mergulho? Aprender a cortar cabelos? Curso de Redação? Culinária, artesanato, jardinagem, moda, maquiagem, construir roteiros de viagem.... ler jornais, ler sobre culturas diferentes, estudar sobre pássaros, descobrir como criar galinhas, ou codornas, criar rosas, plantar temperos, estudar budismo, yoga, aprender a meditar....

ABRA O LEQUE!
Não faça sempre tudo igual! Aprenda algo novo a cada ano! 
Mantenha-se atualizado do mundo. Pertença a esse tempo! 

Os filhos cresceram? Ótimo!!! Agora é tempo pra você! 
Trabalhou muito e nunca teve tempo pra aprender a bordar? Agora é a hora!
Sempre quis ter um hobby, mas acha que era coisa de quem não tinha o que fazer?? Mude isso! Descubra o seu hobby, descubra o jeito de curtir a sua vida, e não infernizar a dos outros, ou viver a vida dos outros, ou esperar o tempo passar e as doenças chegarem.

Mantenha a mente aberta, flexível, capaz de aprender, de se rever, de se repensar, de duvidar de si mesmo, de abrir mãos dos "sempres" e dos "nuncas". A Mente precisa continuar a aprender, essa é a única forma de continuar jovem.







segunda-feira, 6 de julho de 2015

FAZENDO PLANOS PARA A VELHICE


Sou capricorniana, portanto penso no futuro, faço planos. Fazer planos e construir idéias é praticamente sinônimo de ser capricorniana. Pensar é um vício para mim, penso o tempo todo e faço planos. Alguns dão errado, não eram pra ser; outros dão certo, fico feliz. Outra coisa importante é que  sou pragmática, as coisas precisam ter uma função, precisam funcionar, se não funcionam, elas perdem a importância. Costumo me desfazer das coisas que não tem função, para mim, com muita facilidade. 

Estou escrevendo esse post no meu último dia de uma estada na França. Passei 10 dias no interior da França acompanhando meu marido que veio a trabalho. Ficamos numa cidade linda, chamada Grenoble. Passeamos muito em todo nosso tempo livre. Atravessamos várias cidades dos Alpes franceses, eu e ele.

Enquanto ele trabalhava, eu andava sem rumo ... mas sempre pensando... andava de lá pra cá, e daqui pra lá . Observava as pessoas, os detalhes das janelas das casas, as flores dos jardins, as crianças brincando nos parques, os ciclistas, as pessoas pegando sol nos gramados, os pássaros que vinham beber água nas inúmeras fontes da cidade e o sol que avançava as horas e teimava em não dar espaço para a noite, que só conseguia mostrar suas estrelas depois das 10 .... 

Amei cada minuto desses dez dias aqui na França, e me peguei pensando na velhice, em como eu quero vive-la. Pois é, a França me fez pensar na velhice. Fiz isso a minha vida inteira, como disse antes, faço planos. Posso olhar pra trás e ver o quanto que construi a partir de uma intenção clara, de desejos definidos e reconhecidos, de metas traçadas. É claro que muito da nossa vida, vem do imprevisto, do impensado, daquilo que não pudemos imaginar, mas acredito que até a forma e os instrumentos internos, necessários para lidar com os imprevistos, podem ser construidos. 

Descobri muito cedo que deveríamos saber o que queremos na vida, e que deveríamos buscar os instrumentos para alcançar isso. Acredito no esforço, acredito no poder da mente. Acredito na força da vontade quando ela é focada em objetivos claros, e acredito na resiliência para se reconstruir sempre que for preciso.

Não sei se viverei até a velhice, ninguém sabe, mas comecei a pensar nela e em como quero vivê-la. Meu trabalho não depende de juventude, muito pelo contrário, ser psicóloga tem ficado cada vez melhor na minha vida, com o passar dos anos. Consigo me ver trabalhando por muitos e muitos anos mais, contudo, não quero trabalhar tanto como fiz por quase toda a minha vida, quero trabalhar menos. Quero ter tempo para as coisas prazerosas que tenho descoberto com o tempo livre que tenho tido. Quero bordar, quero pintar .... descobri que quero aprender a pintar móveis e a construi-los tb, quero fazer cursos de culinária, e receber amigos em casa. 

Tudo que quero, pra minha velhice, é extremamente possível, nada muito complicado, e penso que tenho caminhado nessa direção. Com certeza terei que me desfazer de muitas coisas que perderão a função de existir, e me conhecendo, sei que isso não será difícil. Espero viver bastante para curti-la e o suficiente para apenas curti-la. Nossos filhos já cresceram, é possível que nos deem netos, e que eles venham nos visitar, e que nós possamos ser avós acolhedores. Mas por enquanto, o que tenho sou eu e ele. 

Nós dois juntos, isso já é por si só, o suficiente.