Para quem acha que eu sempre fui careca, está aqui a prova de que em tempos fui o (in)feliz proprietário de uma farta cabeleira.
Eu sou o puto pequenino da esquerda com cabelo à coninha, o da direita é o meu irmão Ludi.
A minha mãe todos os anos conta-me a história de como eu era o bébé mais lindo da maternidade, o que me leva a pensar que dar à luz afecta profundamente a visão.
Se na verdade era mesmo o mais lindo, e partindo do princípio de que a minha mãe não estava a halucinar sob o efeito das anestesias, então ela deve ter dado à luz num hospital veterinário e ninguém lhe disse. Comparado com os bébézinhos quadrúpedes, os com casca, os com asas e os com escamas, uma bolinha de carne toda roxa cheia de veias era certamente um Adónis em ponto pequeno.
Mas a vida é mesmo assim. Quiz o destino que eu fosse o mais lindo numa idade em que ainda achava que a pila era um resto mal cortado do cordão umbilical. Quando descobri para que servia já era tarde demais, já não era o mais lindo.