Com a ajuda de uma grande amiga (doutora ruivaça com uns caracóis lindos) o prevericador foi prontamente apendicectomizado sem dó nem piedade, mas o plano de férias ficou arruínado. É certo que ninguém me disse que não podia fazer snowboard com um buraco de 5cm na barriga preso com agrafos, mas isso pareceu-me tão desnecessário como dizer ao Edurado Mãos de Tesoura que, por muita comichão que tenha, deve evitar coçar os tomates.
Este ano felizmente não tive nada que me impedisse de ir surfar para a montanha. Por outro lado também não tive nada que me impedisse de me partir todo num salto mal calculado. O ombro direito ficou com qualquer coisa supra-espinal avariada, e o pulso com uma lesão com um nome estrangeiro. Tivesse eu 16 anos isto seria impressionante para as miúdas, mas aos 34 parece que é só estúpido...
Também houve momentos bons, naturalmente. Certo dia estava eu aos saltos com a prancha a tentar chegar ao declive de uma pista, quando levo com uma babe snowboarder em cima. A miúda não devia ter muita prática e estava a contar com o espaço livre que eu ocupei a subir a pequena elevação. Eu caí plano de costas no chão e ela caiu sentada em cima do meu peito. Era fofinha a moça. E bem disposta porque estava rir-se alarvemente do incidente. Mais à frente estava o meu amigo Samuel, que já se tinha posto ao telefone a relatar a ocorrência a não sei quem: - Olha! O Krippahl já levou com uma babe em cima e tá aqui a chegar com um sorriso de orelha a orelha.
Pois. Ele é Bárbara Guimarães, ele é chicas snowboarders... O sorriso só se desvaneceu quando reflecti melhor sobre a questão e percebi que só mesmo por acidente é que me caem miúdas em cima.
O resto das férias foi o normal numa estância de ski. Subir, descer, subir, descer, subir, descer, comer bocadillos, subir, descer, comer neve, subir, descer, comer anti-inflamatórios e analgésicos, subir, descer...
