Ao Domingo, a minha rua é uma parvalheira. Tudo metido em casa, as famílias a verem muuuuita televisão, os putos com os polegares a trabalharem nas play-stations, muita roupinha a levar com o ferro a vapor, e, quando faz sol, muitas camisolas de alças à varanda, com os donos bronzeados lá dentro, a largarem suores de depois de almoço e a morderem uns tremocitos que não tarda vão à bejeca no Covas-Snack e Pastelaria, Lda. A Dona Visitação que mora mesmo em frente a mim põe-se à janela com o colarzinho de pérolas de usar ao domingo e ali fica horas seguidas a tomar nota na cabecinha de tudo o que é entra-sai aqui no prédio ao lado que segundo ela "aquilo é gente de valha-me-deus sem pingo de vergonha e deus-me-perdõe se eu estou a pecar". É por essas e por outras que eu não lhe conto da minha vidinha nem se sim nem se não nem se talvez que já me basta o olharzinho que ela me deitou quando uma vez perguntou se o aspirador funcionava. Mas também levou o troco "sim, senhora, dá-me conta de toda a sujidade e está ao dispor da porcaria das vizinhas."
Ora, mas então é assim:
A meio da tarde ouvi passos de cavalo. Nem queria acreditar e logo corri à janela. E logo logo fui buscar a máquina fotográfica. E logo logo já era tarde demais e do lindo cavalo que ali passava só apanhei esta posta. Uma treta, claro, mas mesmo assim venho aqui exibi-la. Para quê? Reparem bem, vá lá. Quantas caudas? Quantas patas? Contem. Qual Photoshop, qual nada! Eu sei lá mexer nessa ferramenta!
Desejo-vos uma nova semana plena de bonomia e de pensamentos positivos para obstaculizar à iminente degradação mundial da condição socio-económico-financeiro-político-ambiental. E bem hajam por me aturarem.