quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Benefícios de Conversar

Conversar é uma arte. A maioria das pessoas não quer conversar, quer falar; e falar é debitar uma série de palavras superficiais e manter-se pela "rama", enquanto dura a interação, sendo que muitos nem sequer estão interessados em interagir, querem apenas falar de si, numa postura de monólogo permanente. 

Conversar é falar e ouvir o outro. E poucas pessoas o sabem fazer, alias, essas pessoas são raras; são tão especiais que quando encontro uma dessas fico de queixo caído a ouvi-las, maravilhada. É que normalmente essas pessoas são também muito sábias. 

Quando nós conversamos, realmente, ficamos expostos a pontos de vista diferentes, e conhecimentos que ainda não possuímos, e na troca de opiniões, e ideias, cada um sai mais enriquecido. Só temos de nos permitir ouvir algo diferente do eco. Conversar é trocar valores. 

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Os Galos

Via

Preocupa-me que o avançar dos prédios, urbanizando a nossa vila cada vez mais, seja proporcional ao desaparecimento de sinais rurais que me encantam, como o cantar dos galos, pela manhã. 

Há alguns anos ouvia muitos; um começava a cantar ao nascer do dia, e logo outros respondiam no mesmo tom. Notei há poucos dias que agora já só ouço um, até sei a quem pertence, e pensei que quando aquela senhora partir, o último galo também. Deus permita que tenha um vida longa, não somente pelo galo, como sobretudo por ela, é também um símbolo da ruralidade, da nossa localidade. 

Se eu pudesse, não hesitaria em adoptar algum, não sei como reagiriam os gatos e cadela, mas não seria isso o impedimento. Para já não tenho apoiantes à causa, porém não desisto, como não desisti dos outros antes. E já agora, galinhas, porque a solidão não é algo que eu queira impor a ninguém. Além disso, precisamos muito de galos, na Vila! Acho a questão, realmente, importante. 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

A "Perguntona" da Turma

A partir de uma dada altura a minha filha começou a comentar que ela era a única que fazia perguntas nas aulas, eu respondia que certamente os colegas também teriam dúvidas mas só ela tinha coragem para pedir mais explicações, e que assim eles também beneficiavam desse esclarecimento. Ela anuía, embora não ficando propriamente satisfeita, rematando algo contrariada: "Mas tenho que ser sempre eu!".

Já na Faculdade a questão voltou a levantar-se, continuava a ser a única, e constatava dizendo que os colegas também não estavam a perceber mas não se queriam expor. A conclusão derivava de conversas posteriores em que o confirmavam, e lhe diziam que ainda bem que ela tinha colocado a questão. Esta situação continuava a perturbá-la porque, frequentemente, pensava que ao expor dúvidas estava a dar a ideia de que não era inteligente o suficiente, nem sabia o suficiente, e eu tinha de voltar a reafirmar que era precisamente o contrário, só quem pensa e sabe pode ter dúvidas, e quer saber para além; e mais, só quem tem coragem de se expor o faz. Portanto, só motivos de que se orgulhar. 

É que, realmente, esta é a ideia que se forma, que quando o professor explica e toda a turma se mantém calada é sinal que a matéria foi muito bem explicada, logo, compreendida. Há professores que se satisfazem nesta dinâmica, contudo para mim é mau sinal. Se eu não obtivesse sinais de inquietação, na forma de dúvidas e opiniões críticas, ficaria preocupada. Porém, a maioria, tanto alunos como professores, parece preferir navegar em águas calmas. Que aborrecimento. 

Reflectindo sobre este assunto, também me ocorreu que esta forma de estar na escola reflecte a forma de estar na vida; os meus filhos foram sempre muito curiosos, sobre inúmeros assuntos, e nós, enquanto pais, sempre os incentivamos a ter essa atitude, da forma mais simples possível, que é responder com a maior das franquezas. Entre mim e o pai, de duas áreas distintas conseguíamos responder quase sempre, mas vezes houve em que me vi obrigada a pesquisar certos assuntos para lhes explicar, e dizia assumindo que não sabia, mas iria estudar a resposta. Portanto, em família, colocar questões e esperar respostas congruentes foi sempre um lugar seguro. Como não esperar que lá fora fosse assim também?! 

Como eu gostava que tanto a família como a escola fossem esses lugares seguros onde as crianças pudessem ser curiosas e inquisitivas livremente. Parece-me até que essa é a verdadeira base da educação, e que é uma pena passar-lhe tão ao lado. 

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Azevinho aos Molhos

Imprescindível na decoração desta época; via

A propósito dos comentários preocupados que li, sobre uma coroa que a Alice na Montanha fez, relativamente ao azevinho, fiquei a pensar que se houve realmente um tempo em que este arbusto esteve efectivamente em extinção, não me parece que seja actualmente o caso. Aliás, ser menos abundante do que outrora não significa que esteja em extinção. 

Nos meus passeios na natureza, como no Gerês, encontro azevinho em abundância, e nos jardins particulares é também bastante comum; nós temos uma árvore, que me foi oferecida há cerca de 10 anos, em vaso, e que passei para a terra onde ficou anos sem dar as bolinhas vermelhas que lhe emprestam aquela graça tão natalícia (chegaram até a dizer-me que nunca daria, porque era "macho"!), e o meu marido chegou a querer arrancá-lo, mas eu resisti, e o azevinho acabou por nos brindar com todo o seu esplendor!

Portanto, sem grandes cuidados passou a árvore que já ultrapassa o terraço em altura, o que me prova que é resistente o suficiente para ser cultivado por qualquer pessoa. Se essa estorinha da extinção vos fizer sentido a solução é fácil. Eu tenho azevinho para mim, para dar e vender, se muito bem me aprouver. 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Açorda de Cogumelos

Francamente... estava muito mais bonita ao "vivo". É  a máquina...😆


Apetecia-me açorda já há uns tempos, decidi fazer uma de cogumelos e ficou divinal! Tão simples. 

Açorda de cogumelos

Ingredientes:

4 fatias grossas de Pão de Rio Maior

6 cogumelos marrom e shitake

Meia cebola

50 gr de tomates-cereja

2 dente de alho picados

coentros frescos

Como Fazer:

Colocar o pão num recipiente com água a ferver, tapar, e deixar até amolecer.

Fazer um refogado com a cebola e azeite, quando estalar juntar o alho picadinho, envolver, juntar os tomates e deixar cozinhar até ficar um pouco desfeito. Juntar os cogumelos fatiados, misturar bem, deixar cozinhar mais 5 minutos. Espremer o pão, e juntá-lo ao preparado que continua ao lume, evolvendo tudo, temperar com sal e pimenta preta. Depois de retirar do fogão também se pode juntar um ovo, e envolver tudo. Coisa que não fiz desta vez. 

Servir com um fio de azeite, no meu caso um lago, e coentros na hora de servir. 



quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Conversa Gastronómica

A poucos dias de fazer 87 anos a minha mãe está a perder a audição, e todas as vezes que pede para lhe repetirmos o que dissemos justifica-se: "Ouço cada vez pior...". Serve este preâmbulo para explicar a resposta dela no domingo ao almoço, que nos fez rir muito, quando me perguntou que prato era o que eu e a Letícia comíamos ( ela e o Duarte comeram dourada do mar assada no forno, com batatinhas), e nós: Crepes de lentilhas coral, com tofu, e cogumelos pleurotus e shitake; - O quê? Ouvi tudo mas não percebi nada!