Tenho uma fé lúcida. Aceito a dúvida como um sinal da fé. Se a fé fosse o sinal de uma certeza, seria fácil o caminho da eternidade. A fé é um ato radical que não se confina no quotidiano. É fácil se entregar à rotina ou aos rituais. O difícil é cultivar esse abandono ao poder do Espírito.
A escritora Flannery O’Connor disse que “Chega-se a uma razoável certeza a respeito do caminho a trilhar, mas é um percurso no escuro. Não conte que a fé tornará as coisas mais claras. Trata-se de confiança, não de certeza”.
O pensamento é um poderoso e precioso poder, mas é um horizonte não uma fundação. Não possui solidez para alicerçar a alma, mas alarga a visão. Amplia o nosso alcance mais do que o fixa. Amplifica o problema, sem resolvê-lo. Fé não é um asilo para os que tem preguiça de pensar.
Dostoiévski dizia que “Não é como criança que creio em Jesus Cristo e o confesso. Meus hosanas nasceram de uma fornalha de dúvidas”.
Frederick Buechner dizia que as “dúvidas são as formigas nas calças da fé. Mantêm-na acordadas e em movimento”.
Como disse o poeta Rainer Maria Rilke, é melhor viver com uma pergunta embaraçosa do que negar qualquer uma das realidades dentro dela.
Ao contrário de outros livros proféticos, Habacuque é mais uma oração do que uma profecia. O preocupado profeta ousa dialogar com Deus, enfrentando-o com perguntas que parecem desafiar o amor de Deus. Costurando perguntas difíceis e respostas divinas, o método foi denominado “rabínico” ou “socrático”, e foi usado por Jesus com muita eficiência (Mt. 24:42). A fé de Habacuque é tão profunda que ele pode expressar honestamente as suas dúvidas e ficar satisfeito quando o Senhor responde com novos apelos à fé.
Mesmo através da lente grossa do racionalismo e do materialismo, podemos exercitar o olhar da fé. O apóstolo Paulo alertou que o olhar de fé de Abraão foi considerado como justiça. O olhar o justificou.
O discurso de Deus para aquela família estéril é um convite ao abandono. Sair do presumível mundo das normas e segurança. A ordem é concisa e peremptória. Ela não se baseia na lei ou disciplina, mas na promessa. Partir é abandonar a esterilidade. A fé repousa na contradição: ficar em segurança é permanecer estéril, correr o risco é ter esperança. A fé implica em uma jornada rumo ao desconhecido. É preciso dar o primeiro passo, sem saber para onde estavam indo, quando chegariam lá ou como saber que já chegaram. A fé não é a posse do mapa, mas a viagem.
A jornada teve várias etapas. Eu gosto de pensar nisso. A fé como verbo ao invés de substantivo, um processo em vez de uma posse. Eu tenho a fé que meu amigo é meu amigo. É possível o engano. É possível que ele tenha outra intenção além da simples amizade. Mas as nossas conversas, os conselhos, o silêncio sem embaraço, me leva a crer na sua amizade. Eu não posso prová-la, mas a experimento.
Fé inclui dúvida. Paul Tillich dizia que a dúvida não é o oposto da fé, e sim um elemento.
Fé é caminhar, um passo de cada vez. Às vezes parece uma rodovia devidamente sinalizada, em outras, é uma trilha cheia de folhas, galhos e armadilhas. A fé é uma resposta a um convite.
Como filhos da modernidade, esse parece um conceito curioso. Estamos habituados a pensar em nossas próprias realizações, as nossas próprias agendas, os nossos próprios objetivos. A história de fé de Abraão é um lembrete útil de que não somos arquitetos da nossa própria vida ou do mundo. Nós somos herdeiros de uma promessa, e não pode haver promessa sem que haja um autor. A promessa de segurança, bem-estar, prosperidade e proeminência são dons a ser colhidos durante e ao fim da viagem. É o que torna a viagem sagrada e não apenas um vadiar através dos dias.
Crença centra-se em declarações. Fé implica em ação.
Thomas Merton falou da “possibilidade de um diálogo ininterrupto com Deus”. Um diálogo de amor e de escolha. Um diálogo de confiança e esperança. Um diálogo que permita soltar-se como um falcão nas correntes de ar.
A escritora Flannery O’Connor disse que “Chega-se a uma razoável certeza a respeito do caminho a trilhar, mas é um percurso no escuro. Não conte que a fé tornará as coisas mais claras. Trata-se de confiança, não de certeza”.
O pensamento é um poderoso e precioso poder, mas é um horizonte não uma fundação. Não possui solidez para alicerçar a alma, mas alarga a visão. Amplia o nosso alcance mais do que o fixa. Amplifica o problema, sem resolvê-lo. Fé não é um asilo para os que tem preguiça de pensar.
Dostoiévski dizia que “Não é como criança que creio em Jesus Cristo e o confesso. Meus hosanas nasceram de uma fornalha de dúvidas”.
Frederick Buechner dizia que as “dúvidas são as formigas nas calças da fé. Mantêm-na acordadas e em movimento”.
Como disse o poeta Rainer Maria Rilke, é melhor viver com uma pergunta embaraçosa do que negar qualquer uma das realidades dentro dela.
Ao contrário de outros livros proféticos, Habacuque é mais uma oração do que uma profecia. O preocupado profeta ousa dialogar com Deus, enfrentando-o com perguntas que parecem desafiar o amor de Deus. Costurando perguntas difíceis e respostas divinas, o método foi denominado “rabínico” ou “socrático”, e foi usado por Jesus com muita eficiência (Mt. 24:42). A fé de Habacuque é tão profunda que ele pode expressar honestamente as suas dúvidas e ficar satisfeito quando o Senhor responde com novos apelos à fé.
Mesmo através da lente grossa do racionalismo e do materialismo, podemos exercitar o olhar da fé. O apóstolo Paulo alertou que o olhar de fé de Abraão foi considerado como justiça. O olhar o justificou.
O discurso de Deus para aquela família estéril é um convite ao abandono. Sair do presumível mundo das normas e segurança. A ordem é concisa e peremptória. Ela não se baseia na lei ou disciplina, mas na promessa. Partir é abandonar a esterilidade. A fé repousa na contradição: ficar em segurança é permanecer estéril, correr o risco é ter esperança. A fé implica em uma jornada rumo ao desconhecido. É preciso dar o primeiro passo, sem saber para onde estavam indo, quando chegariam lá ou como saber que já chegaram. A fé não é a posse do mapa, mas a viagem.
A jornada teve várias etapas. Eu gosto de pensar nisso. A fé como verbo ao invés de substantivo, um processo em vez de uma posse. Eu tenho a fé que meu amigo é meu amigo. É possível o engano. É possível que ele tenha outra intenção além da simples amizade. Mas as nossas conversas, os conselhos, o silêncio sem embaraço, me leva a crer na sua amizade. Eu não posso prová-la, mas a experimento.
Fé inclui dúvida. Paul Tillich dizia que a dúvida não é o oposto da fé, e sim um elemento.
Fé é caminhar, um passo de cada vez. Às vezes parece uma rodovia devidamente sinalizada, em outras, é uma trilha cheia de folhas, galhos e armadilhas. A fé é uma resposta a um convite.
Como filhos da modernidade, esse parece um conceito curioso. Estamos habituados a pensar em nossas próprias realizações, as nossas próprias agendas, os nossos próprios objetivos. A história de fé de Abraão é um lembrete útil de que não somos arquitetos da nossa própria vida ou do mundo. Nós somos herdeiros de uma promessa, e não pode haver promessa sem que haja um autor. A promessa de segurança, bem-estar, prosperidade e proeminência são dons a ser colhidos durante e ao fim da viagem. É o que torna a viagem sagrada e não apenas um vadiar através dos dias.
Crença centra-se em declarações. Fé implica em ação.
Thomas Merton falou da “possibilidade de um diálogo ininterrupto com Deus”. Um diálogo de amor e de escolha. Um diálogo de confiança e esperança. Um diálogo que permita soltar-se como um falcão nas correntes de ar.
O antônimo de fé não é dúvida, mas medo.
(Trecho extraído do livro "A sobrevivência da fé" de Samuel Rezende)