A matter of sex and glamour
Depois do documentário da VH1 sobre o Império Playboy, fiquei com uma vontade tremenda de conhecer melhor esse mito (“Mas esta rapariga nunca mais vai ganhar juízo?”). Não há ninguém na superfície do planeta que nunca tenha ouvido falar da Playboy ou que nunca tenha tido contacto com um dos seus produtos. A Playboy assemelha-se, assim, a marcas como a Ferrari e todos nós queremos fazer parte desse mundo.
No outro dia, andava eu a navegar na Internet quando dei por mim num site dedicado a Hugh Hefner. Apercebi-me nessa altura do trunfo da Playboy. O seu fundador sempre foi um homem de gosto requintado e soube passar esse requinte para a sua criação. Enquanto todas as outras revistas se preocupam apenas com sexo, o produto de Hugh Hefner tem o cuidado de “vestir” (ou será que devo dizer despir?) toda a sua pornografia de uma espécie de glamour que cativa mais do que o sexo explícito, em si.
Ao contrário da concorrência, o resultado final fica longe de ser bruto ou grosseiro; em vez de chocar os mais sensíveis, acaba por seduzir pela sua Arte. E é de Arte que se trata, porque sexo é sexo, aqui e na China, e se não houvesse uma Arte por traz de tudo o que se faz, todos nós nos lembraríamos das capas da Penthouse (que, mesmo assim, acaba por seguir, em certos casos, um pouco a linha artística, digo eu…) com a mesma facilidade, o que não acontece.
Na papelaria onde vou, estas duas revistas encontram-se expostas lado a lado, mas uma ofusca a outra. A partir de hoje, sempre que estiverem numa papelaria reparem no número de pessoas que olha para a Penthouse e comparem com o número de pessoas que olha para a Playboy (ou tentem reparar primeiro na Penthouse, a ver se conseguem…).
E a superioridade da Playboy alastrou-se a todos os sectores da sociedade. Hoje podemos encontrar o coelhinho em qualquer lado: os habituais preservativos (mas aqui até se compreende), os pins, que trazemos na camisola, a mala, onde levamos para a faculdade tudo o que precisamos, e as camisolas que damos às nossas crianças (vi eu, numa loja em Santa Catarina e achei o máximo, afinal “é de pequenino que se torce o pepino”). O que vem a ser isto, então?
Nada mais do que uma forma de nos tornarmos também estrelas da Playboy. Já que nem todas podemos ser capas de revista, ao menos podemos andar por aí a fazer publicidade à marca e assim deixamos de ser “aquela que vimos na FNAC” para passarmos a ser “a da Playboy”. Já que nem todos podemos ir para a cama com as tipas da revista, ao menos podemos andar na rua com uma alusão a esse universo.
Consciente ou inconscientemente, todos gostamos de sexo (se estão a dizer que não, ou mentem, ou nunca experimentaram). A Playboy, no final das contas, acaba por ser um símbolo das sociedades modernas, de luxo, de estilo, da ilusão do desfrute, de pessoas que sabem o que querem e se orgulham disso…