Era um lugar igual a tantos outros onde nada acontecia. Ou se acontecia não se dizia.
A velha casa era isolada. O quarto ermo e frio.
Apenas se ouvia o barulho forte do vento que rugia.
Entrou nele uma mulher.
Longos cabelos negros, rosto anguloso, olhos cor de mel como os dos felinos.
O seu corpo esculpido a bisturi.
O seu nome, Celina. A sua paixão, seduzir.
Tinham-lhe falado na magia daquele lugar e daquele quarto onde os amores não aconteciam.
Olhou entorno e escolheu-o.
Mandou-o limpar, seria o seu covil.
Não tinha dono. Era livre.
Vinha para ali endeusar-se e seduzir.
Nada mais dava e nada mais exigia.
Todos os dias aumentava o seu séquito de admiradores e de inimigos sedentos do seu poder de mulher livre, selvagem e inacessível.
Quem perscrutasse as imediações podia ver outros olhos raivosos, à espera …
Naquele dia juntaram as forças e a maldade e decidiram o destino de Celina.
Não aceitavam que naquela cidade onde nada acontecia vivesse uma mulher assim, feiticeira.
Frios, calculistas, sedentos do seu sangue de sedutora, incendiaram lhe a casa.
Vinte anos depois o quarto continua forrado a cinzas.
Mal sabem que Celina _ corre livre pela selva.
Ela, ao Entorno
Ela tem magia, se veste de azul alegria,
Não se intimida, continua a buscar,
Mesmo sem ter energia.
Olha ao entorno, ela tudo vê, lê e crê,
Tudo parece igual, mas o desigual
Ela assim percebe, concebe.
Tenta ver algo de novo, Ela atenta,
Contempla detalhes, em busca,
Reconhece-se uma detenta.
Com Ela, vêm ao redor as belezas,
Vira-se encantada, admirada,
Não deseja realezas.
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Aviso aos amigos do blog:
Nossos poemas não estão para serem eleitos.
Somos amigas irmãs e não estamos competindo…
Pedimos a gentileza de não mencionarem uma e não a outra.
Muito agradecemos.
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Nossa sugestão musical : She - Elvis Costello
imagem: Kathrin Longhurst
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