Falar de padrões educacionais é algo que nos levaria a uma
discussão infinita, isto porque a própria evolução da sociedade nos faz
repensar a cada dia qual o melhor modelo para ser adotado, já que cada caso é
um caso e não há métodos nem ciência exata para educar um filho, até porque
hoje o crescimento psicossomático é muito rápido, daí podemos evocar o velho
chavão popular que diz: (Que os filhos são o espelho dos Pais), então há muitos
Pais que ficam muito mal na fotografia!
Depois, choram baba e ranho, pelos maus ventos semeados.
Temos pena!
Se há exceções:
Sim, claro que sim.
Aqui, em circunstância alguma se coloca estrato social,
porque a educação, disciplina e exigência não se compram, nem se vendem, ministram-se
de forma gratuita e dedicada.
Daí o processo educacional ser um constante desafio aos Progenitores,
que devem ter engenho e arte, para evoluírem ao lado da criança, adolescente e
adulto, assente na máxima de respeito mutuo.
Não é com alheamento do dia-a-dia do filho, tendo o sofá e o
comando da TV por companhia, que os Pais conseguirão boa colheita.
É vital, a descodificação de todas as alterações
comportamentais.
O filho, tem desde cedo entender que no seu clã familiar, há
líderes, os seus Pais, eles é que lhe ditam a cartilha pela qual ele se vai ter
de reger e responsabilizar.
O filho terá de aprender a conviver com o lado positivo e
com o negativo.
De resto, o não, é tão ou mais pedagógico que o sim.
Uma criança que alcança algo tendo por base a birra, irá
sempre utilizá-la para obter os seus objetivos.
Já num patamar superior, troca a birra infantil, pela coação
psicológica para com os seus Pais, impondo-lhes prémios pelos objetivos que os
progenitores querem que eles alcancem.
Este é um caminho perigoso nada recomendável.
Educar e responsabilizar, não é comprar, ou aliciar.
Eles devem sentir, que estão a cumprir com a sua obrigação.
A criança está constantemente a testar os Pais, temos de
estar muito atentos, e nunca adotarmos dualidade de critérios, já que ela o irá
interpelar inteligentemente dizendo:
Mas no outro dia tu deste-me, compraste, fizeste!
Eles são a plateia mais exigente e atenta que nós adultos
podemos ter.
É nesta base, que um casal tem sempre que agir e falar em uníssono
perante o filho, bem como pedir aos avós, ou com a pessoa com quem ela fica
durante o dia, para estarem em perfeita sintonia, de outra forma a criança, vai
sentir dois pesos e duas medidas nos padrões educacionais, que não abonará nada
em seu favor, bem pelo contrário, deixando-a baralhada e até mesmo revoltada.
Deve-se ter um diálogo aberto, franco e leal com a criança.
Falar a mesma linguagem que ela, sem ter que recorrer aos
(Inhos e inhas).
A criança, deve desde cedo, familiarizar-se com um tipo de
linguagem correta.
Bem como sabermos estimulá-la a realização de tarefas,
felicitando-a pela sua execução, até mesmo que não esteja perfeita.
Devemos elogiá-la, e com docilidade corrigirmos os
pormenores que estejam menos bem, dizendo-lhe:
Na próxima, já vais fazer melhor!
Tu consegues!
Bom, eu acredito que educar, será a arte mais desafiante que
temos pela frente, já que o ser humano se encontra em mutação constante, fruto de
todo o tipo de influências e pressões, da sociedade moderna a que está sujeito,
mas certamente dos desafios mais arrojados e deliciosos.
Eu agradeço aos meus Pais, as palmadas que levei e os
castigos que me foram infligidos.
É o mesmo método que adoto para os meus filhos, hoje estamos
realizados e felizes e eles reconhecem o quanto foi pedagógica a minha exigência
e até mesmo intransigência ao longo dos patamares do seu crescimento.
Fizeram-se rapazes de caráter e personalidade muito forte, a
par da humildade e gostarem muito deles, tendo sempre os índices de autoestima
bem enraizados, e aprenderam a não chamar amigo a qualquer um, nem serem
influenciáveis.
Jamais me deixam ficar mal em qualquer local ou em casa de
alguém, fazendo birras.
Comem o que lhes poem no prato, aprenderam a contentarem-se
com o que eu acho que eles merecem e incuti-lhes o sentido da responsabilidade
e do sacrifício.
Nunca me pedem nada, é quando desperta em mim a inequívoca
vontade de os presentear, mas quando eu quero.
Não entro no jogo de recompensas, já que a obrigação deles é
estudar para almejar bons resultados, assim como eu trabalho todos os dias para
lhes proporcionar a melhor qualidade de vida possível.
Facilitismo nunca!
Este é um processo que deve ser adotado desde tenra idade,
de forma proporcional.
Nunca confundir educação com passividade, muito menos
libertinagem.
Nunca ser conivente do eu quero, eu tenho!
Nunca responder sim, porque sim, ou não porque não, isso é
uma postura ambígua e ridícula!
Deve haver sempre uma justificação que levou à tomada de tal
atitude.
Os progenitores, nunca devem adotar a frase feita para se
desculpabilizarem pelo fracasso educacional:
Dizendo: os tempos são outros!
Os tempos até que podem ser outros, mas a exigência e padrões
educacionais a par dos valores devem ser intocáveis.
Sou um Pai exemplar?
Certamente que não!
Errei algumas vezes?
Com certeza que sim.
Mas tive sempre a humildade de lhes pedir desculpa, até
porque sempre lhes disse que não sou perfeito.
Mas que pelo grau de satisfação obtido, voltaria a educar da
mesma forma, certamente que sim, ajustando-me num ou em outro ponto.
São admoestados com castigos?
Sim!
Levaram algumas palmadas?
É obvio que sim!
Agora sabem dizer, que preferiam a palmada na hora certa,
que o meu silêncio ensurdecedor e indiferença, que os eixava psicologicamente muito
apreensivos, tristes e preocupados, pensando que eu já não gostava deles.
Jamais em circunstancia alguma tiveram medo de mim, mas sim
respeito.
Sempre que me tecem elogios, dizendo que quando forem Pais
querem ser como eu, respondo-lhes dizendo: nunca queiras ser como eu, mas faz
tudo para seres melhor que eu.
Quando os filhos, já numa idade de adolescência, não abdicam
de serem acompanhados pelo Pai para todo o lado, é porque há uma salutar
cumplicidade e porque sempre soube interiorizar e marcar presença bem como
falar a mesma linguagem deles, não alimentei a postura de Patriarca altivo num
pedestal, nem cavei nenhum foço a separar-nos.
Os problemas deles são os meus, bem como os meus também são os
deles.
Se de mim fazem a sua Bandeira...
Eu deles faço a minha Pátria!
DIOGO_MAR