Retratos de uma memória flagelada pela saudade.
Folheio as páginas que o tempo não apagou,
Momentos únicos que passei contigo, em horas de autenticidade.
Sobra-me o vazio na penumbra da escuridão
Onde está o farol que no breu, me guiava a tua mão.
Acorrentado a uma alucinação que alimenta o meu ser,
Vivo a noite sem um amanhecer.
Prisioneiro de bebedeiras de tantas recordações
Jorrado no meu leito solto desabafos onde explicito as
minhas frustrações.
Sangro palavras ofuscadas numa solidão lancinante
Exaurido morro e vivo a cada instante.
Amordaço os desejos adiados, de palavras e atitudes
abortadas por falta de coragem
Paira diante dos meus olhos a silhueta da tua imagem.
Se eu pudesse voltar a traz, se eu pudesse ser o que não
fui, amava a cumplicidade que eu releguei, num pedaço de vida que tanto amei.
Agora sobra-me nas mãos retalhos de uma história inacabada
Desembainho a minha vida, já mais que moribunda, na ponta da
espada.
Ó capítulos de uma narrativa, manchada de covardia
enganadora e mentirosa
Esvaio-me nesta vida, cruel cega e raivosa.
Esta magoa cravada no meu peito, crucifica a minha dor
Procuro na noite gélida e vazia, pelo teu corpo enternecedor.
Verto lágrimas salgadas de amargura
Chamo por ti
Tenho saudades da tua ternura!
Autoflagelo-me por não ter sido o que quis
Trespassado pelo arrependimento
O tempo há-de ser o meu juiz.
Condena-me, dita a tua sentença de tempos idos que não
voltam mais
Aqui fico eu, com um rascunho de uma vida a morrer de
arrependimento, soluçando pelos nossos testemunhos intemporais!
DIOGO_MAR